música Não sabemos por quê, mas não temos dúvidas: a música faz-nos felizes Não conseguimos explicar uma música ou o que acontece quando a escutamos, porque a nossa resposta é emocional. A música faz parte de nós desde que a nossa memória coletiva se lembra, e há registos de instrumentos musicais com dezenas de milhares de anos, mas ninguém sabe ao certo por que gostamos tanto dela. E apesar de a neurociência lhe ter dedicado algum tempo de antena nos últimos anos, os investigadores ainda não descobriram o “centro musical” do cérebro. Pelo contrário, ao que tudo indica, e seguindo padrões comuns a muitos processos de ordem superior, as tarefas envolvidas no processamento e apreciação da música estão distribuídas por várias áreas do cérebro. Há estudos que mostram que, quando nos focamos na harmonia de uma peça musical, experimentamos um aumento de atividade nas áreas auditivas do lobo temporal direito. O lobo temporal é, assim, uma região-chave para a compreensão de certas características musicais, mas trabalha em estreita colaboração com áreas do lobo frontal, responsáveis por formar uma sintaxe (ou estrutura) musical com significado. Mas, para complicar ainda mais a questão e a busca, a nossa resposta à música é essencialmente emocional. Ela pode trazer-nos alegria ou tristeza, inspiração, motivação ou preguiça, pode aliviar o stress, realçar experiências, evocar memórias, e muito, muito mais. Apreciamo-la, amamo-la, e, de certa forma, precisamos dela. Mas por quê? Como todas as boas perguntas, esta também se decompõe em vários níveis. Já encontrámos resposta para alguns, mas não para todos. Emoções que a razão desconhece Gostamos de música porque ela nos faz sentir bem. E por que é que nos faz sentir bem? A resposta foi encontrada em 2001 pelos neurocientistas Anne Blood e Robert Zatorre, da McGill University, em Montreal: usando imagens de ressonância magnética, provaram que quando escutamos músicas de 47