2013.1
AGRICULTURA ORGÂNICA
Prof.ª Samilla Joana
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Agricultura
Orgânica
Fonte: google
AGRICULTURA ORGÂNICA: UM POUCO DE HISTÓRIA
Sem utilizar fertilizantes sintéticos, a agricultura orgânica busca manter a estrutura e produtividade do solo,
trabalhando em harmonia com a natureza.
O principal ponto de partida para que a agricultura orgânica fosse uma das mais difundidas
vertentes alternativas de produção foi a obra do pesquisador inglês Sir. Albert Howard. Seu sistema partia
basicamente do reconhecimento de que o fator essencial para a eliminação das doenças em plantas e
animais era a fertilidade do solo. A agricultura orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de
fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a
alimentação animal, compostos sinteticamente. Sempre que possível baseia-se no uso de estercos animais,
rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Busca
manter a estrutura e produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza.
A obra do pesquisador inglês Sir. Albert Howard foi o principal ponto de partida para uma das mais
difundidas vertentes alternativas de produção, a agricultura orgânica. Entre 1925 e 1930, Horward dirigiu,
em Indore, Índia, um instituto de pesquisas de plantas, onde realizou vários estudos sobre compostagem e
adubação orgânica, publicando posteriormente obras relevantes do setor.
Processo“Indore”
Em 1905, Horward começou a trabalhar na estação experimental de Pusa, na Índia, e observou que
os camponeses hindus não utilizavam fertilizantes químicos, mas empregavam diferentes métodos para
reciclar os materiais orgânicos. Howard percebera, também, que os animais utilizados para tração não
apresentavam doenças, ao contrário dos animais da estação experimental, onde eram empregados vários
métodos de controle sanitário. Intrigado, Howard decidiu montar um experimento de trinta hectares, sob
orientação dos camponeses nativos e, em 1919, declarou que já sabia como cultivar as lavouras sem utilizar
insumos químicos. Seu sistema partia do reconhecimento de que o fator essencial para a eliminação das
doenças em plantas e animais era a fertilidade do solo. Para atingir seu objetivo ele criou o processo
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“Indore” de compostagem, desenvolvido entre 1924 e 1931, pelo qual os resíduos da fazenda eram
transformados em húmus, que, aplicado ao solo em época conveniente, restaurava a fertilidade por um
processo biológico natural.
Em suas obras, além de ressaltar a importância da utilização da matéria orgânica nos processos
produtivos, Howard mostra que o solo não deve ser entendido apenas como um conjunto de
substâncias, pois nele ocorre uma série de processos vivos e dinâmicos essenciais à saúde das plantas.
Seguindo essa mesma linha, Lady E. Balfour fundou a SoilAssociation, que ajudou a difundir as idéias de
Howard na Inglaterra e em outros países de língua inglesa. Em 1943, Lady Balfour publicou The Living
Soil (O solo vivo), reforçando a importância dos processos biológicos no solo.
A recepção do trabalho de Howard junto a seus colegas ingleses foi péssima, tendo sido ele
inclusive hostilizado em uma palestra proferida na Universidade de Cambridge, em 1935, quando
regressava do
Oriente, afinal suas propostas eram totalmente contrárias à visão “quimista” que
predominava no meio agronômico. A obra de Howard só foi aceita por um grupo reduzido de dissidentes
do padrão predominante, dentre os quais destaca-se o norte-americano Jerome Irving Rodale, que passou
a popularizar suas idéias nos EstadosUnidos.
Na prática
Em 1940, J. I. Rodale adquiriu uma fazenda no estado da Pensilvânia, EUA e, motivado pela
convicção de que os alimentos produzidos organicamente são preferíveis para a saúde humana, passou a
praticar os ensinamentos de Howard. Em 1948, publicou o livro The Organic Front. Entusiasmado, Rodale
decidiu lançar a revista OrganicGardeningandFarm (OG&F), que foi um fracasso nas vendas. Em 1960,
passou a administração da editora Rodale Press para o filho, Robert, que, apesar dos prejuízos, continuou
publicando
a OG&F.
Na década de 60 surgiu a “terceira onda preservacionista-conservacionista” do século XX, lançando
o atual ambientalismo a partir da grande publicidade obtida por manifestações em defesa de reservas
florestais norte-americanas, mobilizando uma nova geração de ativistas. Novas questões entraram na
pauta das tradicionais entidades conservacionistas, principalmente o perigo dos pesticidas para a flora e a
fauna, atingindo grandes contingentes de consumidores, que passaram a preocupar-se com a qualidade
nutritiva dos alimentos. Com isso, as vendas da OrganicGardeningandFarm começaram a subir e, em 1971,
foram vendidos 700.000 exemplares. Parte dos ganhos da publicação passaram a ser investidos em
pesquisas e experimentos na fazenda orgânica dos Rodale que, em pouco tempo, tornou-se um dos
principais centros de referência e de divulgação dessa vertente alternativa.
Critérios
No final da década de 70, três estados norte-americanos (Oregan, Maine e Califórnia) definiram
claramente os critérios para a agricultura orgânica, com o intuito de regulamentar a rotulagem dos
alimentos que tivessem essa procedência. De acordo com a Lei de Alimentos Orgânicos da Califórnia (The
Califórnia OrganicFoodsAct), de 1979, esses alimentos devem atender os seguintes requisitos:
- Serem produzidos, colhidos, distribuídos, armazenadas, processados e embalados sem aplicação de
fertilizantes,
pesticidas
ou
reguladores
de
crescimento
sinteticamente
compostos;
- No caso de culturas perenes, nenhum fertilizante, pesticida ou regulador de crescimento sinteticamente
composto deverá ser aplicado na área onde o produto for cultivado num período de doze meses antes do
aparecimento dos botões florais e durante todo o seu período de crescimento e colheita;
- No caso de culturas anuais e bianuais, nenhum fertilizante, pesticida ou regulador de crescimento
sinteticamente composto deverá ser aplicado na área onde o produto for cultivado num período de doze
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meses antes da semeadura ou transplante e durante todo o período de seu crescimento e colheita.
Nos anos 80, a noção de agricultura orgânica já apresentava um campo conceitual e operacional mais
preciso e, em 1984, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reconheceu sua
importância formulando a seguinte definição: “A agricultura orgânica é um sistema de produção que evita
ou exclui amplamente o uso de fertilizantes, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos para a
alimentação animal compostos sinteticamente. Tanto quanto possível, os sistemas de agricultura orgânica
baseiam-se na rotação de culturas, estercos animais, leguminosos, adubação verde, lixo orgânico vindo de
fora da fazenda, cultivo mecânico, minerais naturais e aspectos de controle biológico de pragas para
manter a estrutura e produtividade do solo, fornecer nutrientes para as plantas e controlar insetos, ervas
daninhas e outras pregas”.
Atualmente os orgânicos estão presentes nas gôndolas das grandes redes de supermercados.
Autor: Eduardo Ehlers
PRODUÇÃO E MERCADO NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE PRODUTOS ORGÂNICOS
Antes de tratar inteiramente das questões do mercado doméstico de produtos orgânicos, abordamse as possíveis causas que levaram ao aumento da demanda por esses produtos. Podem-se avaliar cinco
razões para o aumento dessa demanda. A primeira é que esta tenha partido dos próprios consumidores,
preocupados com a sua saúde ou com o risco da ingestão de alimentos que contenham resíduos de
agrotóxicos. Essa informação é reforçada por uma pesquisa de opinião realizada junto a consumidores de
produtos orgânicos na cidade de São Paulo, que teve como uma de suas conclusões a seguinte: “o motivo
determinante das opções dos consumidores que estão reorientando seu consumo para os produtos
orgânicos não é, primordialmente, a preocupação com a preservação do meio ambiente, que aparece
apenas em quinto lugar, mas sim a prudência com a saúde” (Cerveira & Castro, 1999, p.12).
A segunda razão é que a demanda tenha se gerado do movimento ambientalista organizado,
representado por várias ONGs preocupadas com a conservação do meio ambiente, tendo algumas delas
atuado na certificação e na abertura de espaços para a comercialização de produtos orgânicos pelos
agricultores, o que cooperou para induzir demanda entre os consumidores. A terceira seria resultado da
influência de seitas religiosas, como a Igreja Messiânica, que defendem o equilíbrio espiritual do homem
por meio da ingestão de alimentos saudáveis e produzidos em harmonia com a natureza. A quarta razão
para o ampliação da demanda por produtos orgânicos teria como raiz os grupos organizados desfavoráveis
ao domínio da agricultura moderna por grandes corporações transnacionais; esses grupos teriam exercido
influência entre consumidores, valendo-se de diferentes meios de comunicação e mecanismos de
influência junto à opinião pública. E o quinto motivo seria decorrência da utilização de ferramentas de
“marketing” pelas grandes redes de supermercados, por influência dos países desenvolvidos, que teriam
induzido demandas por produtos orgânicos em definidos grupos de consumidores. É complexo identificar
quais dessas causas foram mais proeminentes no aumento do mercado de produtos orgânicos no país e,
portanto, é mais sensato supor que houve uma combinação delas, não se descartando, porém, que em
algumas localidades ou regiões possa ter havido maior influência de umas do que de outras.
PRODUÇÃO E MERCADO NACIONAIS
De modo recente, há mais de 50 produtos agrícolas orgânicos certificados, in natura ou
processados, no país, podendo ser mencionados os seguintes: açaí, acerola, açúcar, aguardente, algodão,
amaranto bovinos, cacau, café, caju, castanha de caju, chá, citrus, coco, ervas medicinais, goiabada,
guaraná em pó, hortaliças (várias), hortaliças processadas, laticínios (gado de leite), madeira, mamão,
manga, maracujá, mel, milho, morango, óleo de babaçu, pimentão, soja, suco de laranja, suínos, tecidos,
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tomate, trigo, urucum e uva-passa. O valor da produção orgânica brasileira, em 1999, foi de US$ 150
milhões, pressupondo que em 2000 ele tenha chegado entre US$ 195 - 200 milhões, conforme o
International Trade Center, de Genebra – Suíça, e o Instituto Biodinâmico - IBD (Produtos, 2000; Alimentos,
2000; Mercado, 2000). O desenvolvimento da produção da agricultura orgânica no país foi de 50% em 2000
em relação ao ano precedente (Mercado, 2000). Essa ampliação é crescente, porquanto, segundo a
Associação de Agricultura Orgânica – AAO – o aumento no consumo desses produtos, no Estado de SP e RJ,
foi de 10% em 1997, 24%em 1998 e de 30% em 1999. Estima-se que a área ocupada com agricultura
orgânica em todo o país seja de apenas 100.000 ha, mas se for analisado que, em 1990, a área era de tão
somente mil hectares, o acrescentamento da área na última década foi de 9.900%. É importante registrar,
também, que a desenvolvimento recente da área plantada tem sido muito rápida: os projetos
acompanhados pelo Instituto Biodinâmico, que é o maior órgão de certificação do país, registraram em
2000 um aumento de cerca de 100% da área em relação a 1999, ou seja, a área acresceu de 30 mil ha em
janeiro para 61 mil ha em agosto (Brasil, 2000).
Conforme a AAO, 70% da produção nacional de alimentos orgânicos concentram-se nos Estados de
São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul (Vendas, 2000). Presentemente, 60
lojas dos supermercados Pão de Açúcar e 16 do Extra, no Rio de Janeiro e São Paulo, comercializam
produtos orgânicos, os quais concebem 3% das 40 mil toneladas de hortaliças, frutas e legumes distribuídas
diariamente pela rede e são responsáveis por 5% do faturamento nesse segmento (Mercados, 2000). Nas
lojas das redes de supermercados Pão de Açúcar, Extra e Sé, as vendas de alimentos orgânicos duplicaram
no ultimo ano. No Rio de Janeiro, em 1999, os preços dos produtos orgânicos nos supermercados
apresentaram variação muito grande (de 5% a 168% a mais), quando confrontados aos similares
convencionais. O menor diferencial de preço desses produtos foi encontrado nas feiras livres: 30% a mais,
em média, em relação aos produtos convencionais (Lisboa, 2000b).
A PRÁTICA DA COMPOSTAGEM NO MANEJO SUSTENTÁVEL DE SOLOS
O composto, ou a compostagem, já vem sendo uma prática utilizada desde muito tempo, onde o(a)
agricultor(a) utiliza restos de produtos orgânicos, tanto de origem animal como vegetal, para incorporação
ao solo, objetivando melhorar suas capacidades físicas e químicas em busca de melhores produções.
Inicialmente a compostagem era preparada sem nenhum conhecimento técnico-metodológico. Partindo
desse conhecimento e de alguns estudos da época o fitopatologista inglês Albert Howard (1947) apud Kiehl
(1985) desenvolveu na Índia uma técnica de fabricação de fertilizante que os nativos utilizavam de maneira
empírica, de modo que essa técnica ficou conhecida no mundo inteiro como “método Indore”, muito
empregada em resíduos agrícolas.
No Brasil essa prática começa a ganhar espaço a partir do Instituto Agronômico de Campinas em
1888 com o incentivo aos produtores a produzirem os fertilizantes classificados como “estrumes nacionais”
em substituição aos fertilizantes minerais que eram todos importados. A partir de então surgem outros
trabalhos como a produção de matéria orgânica em fazendas de café; a ESALQ com o fomento do preparo
do composto, dentre outros (KIEHl, 1985). Por outro lado a agricultura convencional, que utiliza alto nível
tecnológico, sementes melhoradas, muito agrotóxicos e adubos sintéticos, dá sinais de exaustão em alguns
países e locais, mostrando sinais de insustentabilidade. Nas últimas décadas, segundo Gliessman (2000)
todos os países que adotaram a famosa “revolução verde”1 apresentaram declínio na taxa de crescimento
anual do setor agrícola. Paralelamente, a agricultura ecológica, agroecológica, orgânica, ou viável, vem
crescendo, teve um impulso em 1974 com a realização do 1º Congresso Internacional de Ecologia; com o
estabelecimento da base ecológica da sustentabilidade por alguns atores em 1984; de modo que
atualmente é “um agente para as mudanças sociais e ecológicas complexas que tenham necessidade de
ocorrer no futuro a fim de levar a agricultura para uma base verdadeiramente sustentável” (GLIESSMAN,
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2000). Esses movimentos de agricultura orgânica têm como base a utilização eficiente dos recursos, a
diversidade de cultivos , a preservação do meio ambiente e a participação ativa dos atores sociais
envolvidos na geração e difusão de tecnologias (RODDA et al., 2006). Dentre as práticas da agricultura
orgânica, verde, ecológica ou sustentável, tem-se a compostagem.
CONCEITOS
A palavra composto é originária do latim “compositu”, que significa um complexo de vários elementos
juntos. “É o processo de transformação de materiais grosseiros, como palhada e estrume, em materiais
orgânicos utilizáveis na agricultura” (SOUZA & REZENDE, 2006). É o processo de transformação de matéria
orgânica em húmus, gás carbônico, calor e água, através da ação dos microorganismos, responsável pela
ciclagem de nutrientes no solo, ocorrendo todo o tempo na natureza (NEGRÃO 2000, apud CÂMARA, 2001).
A metodologia consiste, de um modo geral, observar a relação Carbono/Nitrogênio da matéria prima
escolhida, realizar o processo em local adequado de acordo com a fermentação, controlar a umidade,
aeração, temperatura e demais fatores conforme o objetivo de utilização do composto.
MÉTODOS DE COMPOSTAGEM
São três os métodos de compostagem conforme Penteado (2000):
a) Compostagem aeróbia: É a compostagem comumente utilizada, caracterizando-se pela presença de ar
no interior da pilha, altas temperaturas decorrentes da liberação de gás carbônico, vapor de água e rápida
decomposição da matéria orgânica. Neste processo ocorre a eliminação de organismos e sementes
indesejáveis, mau odor e moscas.
b) Compostagem anaeróbia: Processo mais lento em comparação ao aeróbio ocorrendo sob menores
temperaturas e ausência de oxigênio devido à fermentação. Neste processo ocorre desprendimento de
gases como o metano e sulfídrico, que exalam mau cheiro, não há isenção de microrganismos e sementes
indesejadas.
c) Compostagem mista: A compostagem é submetida a uma fase aeróbia e outra anaeróbia.
PRINCÍPIOS DA COMPOSTAGEM
No início da decomposição predominam bactériase fungos mesófilos produtores de ácidos, o pH
situa em torno de 5,5; com a elevação da temperatura e na fase termófila a população dominante passa a
ser de actinomicetes, bactérias e fungos termófilos, há elevação da temperatura chegando até os 75 graus
Celsius. Após essa fase que dura em torno de até 90 dias, o composto passa a começar a perder calor,
retornando a fase mesófila e de maturação, onde a temperatura chega a até os 40 graus Celsius e pH 8,5
terminando com a fase criófila quando a temperatura do composto fica igual a ambiente. O período total
pode chegar até os 100 a 120 dias. (KIEHL, 1985; PEREIRA NETO, 1996 apud SOUZA & REZENDE, 2006). Dos
vários elementos necessários à decomposição no composto o carbono e o nitrogênio são os mais
importantes, sendo o carbono o mais requerido pelos microorganismos, em uma razão ideal de pelo menos
30/1 (carbono/nitrogênio); de modo que as leguminosas em média apresentam uma relação de 20/1 a
30/1, palhas e cereais de 50/1 a 200/1 e madeiras de 500/1 a 100/1 (SOUZA & REZENDE, 2006).
MONTAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO COMPOSTO
Alguns cuidados iniciais devem ser adotados no planejamento do local de montagem das pilhas
para compostagem. É interessante observar se o local é próximo da fonte ou que tenha disponibilidade de
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água, fácil acesso tanto para descarregar o material, para revirar o composto, como também para posterior
utilização. O ideal é que tenha um pouco de inclinação para facilitar a drenagem, protegido de ventos, da
insolação direta e de chuvas, pois quando o composto fica exposto diretamente aos agentes climáticos
poderá perder em até 50% seu poder nutritivo (PETEADO, 2000). Segundo Souza e Rezende (2006) o
rendimento médio do composto orgânico é de 250 kg de composto pronto para cada metro cúbico
empilhado e que são necessários aproximadamente 30 toneladas/ha do composto para cada ciclo de
produção de hortaliças orgânicas.Na Figura abaixo, tem-se umas pilhas de compostos da horta do grupo
formado por seis mulheres do Projeto de Assentamento Mulunguzinho, Mossoró/RN. Esse grupo formado
há mais de 6 anos vem comercializando hortaliças orgânicas no Espaço Xique-Xique de comercialização
solidária, onde semanalmente entregam 28 cestas de hortaliças orgânicas a alguns consumidores de
Mossoró.
O principal adubo utilizado na horta provém de compostos orgânicos, que são produzidos com
materiais vegetais de leucena, milho, sorgo, jitirana e restos de culturas da horta local, juntamente com
esterco bovino e caprino. Em média de 15 em 15 dias é feito um composto. Após o composto pronto, por
volta de 100 a 120 dias, incorpora-se ao solo, antes do plantio, na proporção de um carro de mão por
metro quadrado de canteiro. Há também como suplemento, em alguns momentos, a aplicação de
biofertilizante e urina de vaca.Na Figura 4, abaixo, pode-se observar também outros compostos que estão
sendo feito,horta da comunidade rural de Reforma Apodi/RN dos jovens do projeto juventude rural. Há
outros grupos no município de Apodi e em outros municípios da região Oeste Potiguar, cujas assessorias
técnicas têm o propósito de desenvolvimento sustentável junto aos grupos de homens, mulheres e jovens,
produtores(as) de hortaliças orgânicas, que recomendam e utilizam acompostagem como uma das
principais práticas de manejo e uso sustentável do solo, onde se observa quanto mais se maneja o solo com
adubação orgânica, maior é a resposta da cultura em produção como também com o passar do tempo o
solo cada vez mais fica mais fértil, poroso e há o retorno e povoamento com minhoca e outros organismos
vivos essenciais à manutenção da vida do solo.
Fonte: google
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Fonte google
O material para compostagem pode incluir diversos resíduos vegetais (palha, cascas, podas e
aparas, etc.) e também alguns resíduos de origem animal (restos de abatedouro, escamas de peixe,
etc.)misturados ao esterco oriundo das fezes animais. Quase todo material de origem animal ou vegetal
pode entrar na produção do composto. Contudo, existem alguns subprodutos que não devem ser
usados(madeira tratada com pesticidas ou verniz, couro,papel e esterco de animais alimentados em
pastagens que receberam herbicidas).A relação C:N da mistura deve ser de aproximadamente 30:1; se esta
razão for maior diminui-se o crescimento de microrganismos por falta de Nitrogênio ocasionando demora
na decomposição; por outro lado, se for menor, o excesso de nitrogênio acelera a decomposição mas faz
com que haja criação de áreas anaeróbicas ocasionando mau cheiro no composto (SOUZA &
REZENDE,2006). Na prática, a proporção dos componentes da mistura deve ficar em torno de 70% de
material fibroso e 30% de esterco. Uma regra simples é que a quantidade de material fibroso (palha) deve
ser 3vezes maior que a quantidade de esterco.São comuns as adições de termofosfato, pó de rocha, cinzas,
tortas, farinha de ossos, borra de café,dentre outros suplementos. A cinza é fonte de diversos nutrientes e
enriquece o composto, sobretudo em Potássio.
A primeira camada deve ser de material fibroso para diminuir a perda de nitrogênio para o solo.
Essa camada deve alcançar em torno 30 cm de altura. A segunda camada deve ser de material rico em
nitrogênio, com cerca de 10 cm de altura para manterá proporção. O esterco deve ser misturado a essa
segunda camada e o material de enriquecimento deve ser colocado sobre ela. A pilha assim formada deve
ser umedecida uniformemente. A combinação de material (palhas e restos culturais) podem ser colocadas
em camadas finas de 5 cm (MATOS &LIBERALINO FILHO, 2007). A sequência de camadas deve ser repetida,
sendo a última camada de material fibroso. Recomenda-se formar pilhas com cerca de 1,2 m de altura com
até 1,5m de largura.
Devem ser protegidas de insolação excessiva, do vento e, particularmente, de chuva. Recomendase ouso de local sombreado, bem como, uma cobertura de plástico, folhas de bananeira, palha de
carnaúba, folha coqueiro dentro outras, para cobrir a pilha nos primeiros 3 dias da compostagem ou
quando houver risco de chuvas fortes (RICCI et. al., 2006). O teor de umidade ideal é de cerca de 60%. Um
teste simples pode ser feito para avaliar a umidade da pilha. Apertar fortemente entre os dedos uma
amostra, sentindo-a úmida, porém sem que nenhum líquido escorra. Para Kiehl (1985) umidade entre 60 e
70%revolver a pilha a cada 2 dias; unidade entre 40 e 60% revolver a cada 3 dias. Quando bem arejada, a
decomposição da mistura é mais rápida.
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É importante que haja a mistura de resíduos pequenos com os grandes para favorecer a aeração e,
ao mesmo tempo, conservar o calor. A reviragem periódica é a melhor prática para garantir a aeração das
pilhas, a mistura dos componentes e, o mais importante, a exposição uniforme de todo o material às
reações e às altas temperaturas resultantes. A faixa ideal de temperatura é de 55 a 70o C pelo menos
durante 15 dias. Verifica-se a temperatura introduzindo um pedaço de ferro até o centro da pilha por
alguns minutos. Quando se retirar o pedaço de ferro se não for possível tocá-lo, significa que a temperatura
está excessivamente elevada. Neste caso, deve-se promover o revolvimento para baixar a temperatura. Se
a umidade do substrato for insuficiente, a pilha deve ser regada. Se a temperatura do pedaço de ferro for
suportável ao tato é sinal de que a decomposição transcorre normalmente e se estiver frio, depreende-se
que a decomposição está terminada ou que não está se processando (RICCI et.al., 2006). Um composto
está pronto para ser usado quando seu volume for aproximadamente 1/3 do volume original não sendo
possível identificar os componentes iniciais, molda-se facilmente nas mãos, cheiro tolerável agradável de
terra como se estivesse mofada.
BIOGEO
O Biogeo é fruto das experimentações do pesquisador Adoniel Amparo (Ambientalista, Professor,
Consultor em Agricultura Orgânica Sustentável com trabalhos na agricultura familiar junto ao MST/UNEB,
Universidade Estadual da Bahia), que buscava soluções para a área de fruticultura e acabou sendo
adaptada para melhor uso em Fervedouro.
-Mas o que é esse tal de Biogeo? É uma criação de microrganismos que quando colocados sobre a terra
devolvem a vida para ela e aceleram a decomposição do mato que foi roçado. Já nas folhas das plantas, o
Biogeo funciona como um revitalizante aumentando a sua capacidade de buscar nutrientes na terra. A
primeira família a utilizar o Biogeo na lavoura foi a do Sr. Rubens e da Dona Eli, que hoje já notam
diferenças: os frutos ficam mais vistosos, a terra fica com mais vida e umidade e as plantas crescem mais
rápido e mais sadias.
Preparo do Biogeo:
30% de esterco verde para 70% de água. Caso não tenha o esterco verde pode ser usado 20% de
capim de bucho de boi e 80% de água. Misturar bem.
Depois, acrescentar 10 a 20L de serra pilheira da mata (de preferência, tirar as folhas secas de cima
e pegar a terra gorda, úmida e com mofo) para 400L de Biogeo.
Assim que começar a fermentar, tratar com restos orgânicos (cascas de verduras, frutas, legumes
etc). Esses restos orgânicos não podem estar temperados;
Para que o pH não aumente muito é bom adicionar um pouco de laranja ou limão para controlar;
100g de farinha de rocha ou pó de pedra para cada 100L de Biogeo.
Alguns cuidados que devemos ter com o Biogeo:
O Biogeo quando é feito pela primeira vez fica pronto em torno de 45 dias, a melhor maneira de
saber se já está pronto são as moscas e marimbondos que começam a rodear a caixa. Além disso,
você pode ver a sua imagem refletindo na água como se fosse um espelho.
O Biogeo deve ser mexido todos os dias pelo menos três vezes. Mas quando vai ser utilizado no
outro dia, deve-se mexer apenas pela manhã e depois deixar em repouso durante o resto do dia
para que se possa tirar apenas a parte líquida que é a que será utilizado.
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Na lavoura o Biogeo deve ser aplicado nas horas mais frescas do dia, isso tanto para folha quanto
para solo. Se a lavoura estiver limpa não se deve usar o Biogeo.
Se a lavoura estiver florida não deve ser aplicado o Biogeo, pois os insetos que são responsáveis
pela polinização podem fugir.
A caixa contendo o Biogeo deve ser mantida sempre destampada e no sol.
Não é bom utilizar esterco ou capim de bucho de animais tratados com carrapaticida.
O Biogeo pode durar até mesmo anos e para mantê-lo vivo é preciso estar sempre cuidando dele
com restos de frutas e verduras, e acrescentando água.
Para pulverizar a terra coloca-se 18L de água e 2L de Biogeo. E para nas folhas 20L de água e 250mL
de Biogeo.
Uma dica super interessante é que sementes podem ser inoculadas com o Biogeo e assim
germinam muito mais rápido e fortes. Para a inoculação das sementes deve ser feito o seguinte processo:
deixar a semente de molho por 2 minutos (somente 2 minutos) no Biogeo puro. A quantidade de Biogeo
utilizada deve ser o suficiente para cobri-las. Em seguida colocar a farinha de rocha, ou pó de pedra,
misturando as sementes para que todas fiquem com mais ou menos a mesma quantidade da farinha ou pó.
Depois é só plantar! O Biogeo pode ser colocado na lavoura todo mês até que a vida retorne a terra,
ficando mais fofa, úmida e apareçam plantas espontâneas e bichos num ambiente semelhante ao da mata.
BIOFERTILIZANTES ECALDASALTERNATIVAS
Introdução:
Não é de hoje que o agricultor, principalmente o pequeno, vem testando e acumulando
conhecimento voltado para o controle alternativo de pragas e doenças que afetam a produtividade de suas
explorações. Vale considerar que para algumas delas as descobertas partiram da observação curiosa de que
sendo sempre isentas de sintomas de ataque de pragas e doenças, poderiam por conseguinte ter princípios
repelentes ou de choque úteis para composição de caldas de pulverização contra essas pragas e doenças.
Portanto, qualquer planta que dificilmente é afetada por pragas e/ou doenças podem ser consideradas
candidatas a entrarem no rol de testes e analises para fins de comprovação de eficiência no controle de
pragas e doenças e assim ampliar o receituário de caldas alternativas.
As caldas que serão apresentadas adiante foram selecionadas a partir de vivência práticas de
extensionistas, produtores e pesquisadores. Grande parte delas, além desse propósito, apresentam efeito
nutricional (efeito tônico) que muito colaboram para aumentar a resistência da planta frente a ataques de
pragas e doenças. Ainda que relativamente pouco pesquisadas por centros de pesquisas com os métodos
estatísticos, alguns pesquisadores já buscam essa linha de pesquisa. Para exemplificar essa atuação, são
apresentados no último item desse trabalho, 3 experimentos científicos, nos quais foram testadas cada
alternativa quanto a dosagens para determinação de níveis de controle, dando segurança maior ao
profissional quando recomendá-las.Esperamos que os centros de pesquisas intensifiquem essa linha de
pesquisa para determinar dosagens mais eficientes, intervalo de aplicação e quais pragas e doenças podem
ser eficientemente controladas. Para alcançar os objetivos do produtor, uma vez já que o consumidor além
de desejar produtos mais saudáveis também preferirá produtos apresentáveis (isentos danos por pragas e
doenças).
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Nas aplicações obedecer as seguintes recomendações:
•Testar algumas concentrações das caldas para situações novas(temperatura, umidade, fase da cultura,
variedade, etc.), para verificar a eficiência e a possível fitoxicicidade.
•Aplicar somente com o tempo fresco.
•Pulverizar de modo que as gotas cubram todas as partes da planta
• Manter a agitação da calda durante a aplicação.
• Não guardar a calda diluída para o dia seguinte.
• Uso obrigatório de equipamento de proteção individual (EPI).
• Lavar o equipamento após o uso (solução de limão ou vinagre 10%).
BIOFERTILIZANTES (SÓLIDOS E LÍQUIDOS)
Atuam melhorando as condições físicas, químicas, biológicas e, como tônicos na complementação
da nutrição da planta, na resistência das plantas frente ao ataque de pragas e doenças, bem como ação
repelente e/ou de choque para pragas e agentes causadores de doenças, bem como anti estresse e
promotores de mecanismos específicos (florescimento,enraizamento).
I. AGROBIO
Desenvolvido por pesquisadores da PESAGRO-RJ- Misturar bem misturados e deixados fermentar
por uma semana os seguintes produtos:200 litros de água + 100 litros de esterco bovino fresco + 20 litros
de leite de vaca ou soro de leite + 3 kg de melaço de cana-de-açúcar.- Durante as 7 semanas seguintes (a
cada 7 dias) deverão ser acrescentados os seguintes ingredientes:430 g de bórax ou ácido bórico + 570 g de
cinza de lenha + 850 g de cloreto de cálcio + 43 g de sulfato ferroso + 60 g de farinha de osso + 60 g de
farinha de carne + 143 g de termofosfato magnesiano (Yoorin Master) + 1,5kg de melaço + 30 g de
molibdato de sódio + 30 g de sulfato de cobalto + 43 g de sulfato de cobre + 86 g de sulfato de manganês +
143 g de sulfato de magnésio + 57 g de sulfato de zinco + 29 g de torta de mamona.Notas:a) Antes de
serem adicionados a primeira mistura, esses produtos deverão ser dissolvidos em um pouco de água.b) A
calda deve ser bem misturada duas vezes ao dia.- Nas quatro últimas semanas, adicionar:500 ml de urina
de vaca.- Após oito semanas, o volume deve ser completado com:500 litros de água- Coar.
USO:Tratamento de mudas: foliar a 2%.
Hortaliças folhosas:
Foliar a 4% após o transplante e uma semana depois (ou2 %, duas vezes/semana).
Hortaliças de fruto:
Foliar a 4%, semanalmente.
Fruteiras:
Foliar a 4%, em 5 pulverizações/ano, preferencialmente em períodos após a podas, colheitas e estresse
hídrico.
NOTAS:
-Nas pulverizações, molhar totalmente as folhas e ramos das plantas, chegando ao ponto de escorrimento,
para um maior contato do produto com a planta. -Validade do produto: 12 meses
II. ‘VAIRO’
Vairo dos Santos - EMATER-RJO esterco fresco é misturado em partes iguais com água pura, não clorada, e
colocado em uma bomba na plástica (200 litros ), deixando-se um espaço vazio de 15 a 20 centímetros no
seu interior. A bombo deve ficar hermeticamente vedada na qual adapta-se na sua tampa uma mangueira
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plástica fina. A outra extremidade da mangueira é mergulhada em uma garrafa com água para permitir a
saída do gás metano produzido no interior das bombas e ao mesmo tempo não permitir a entrada do
oxigênio. Deixar por aproximadamente 30 dias. O preparado deverá ser coado em uma peneira para
separar a parte sólida mais pesada, e depois filtrado em um pano ou uma tela fina. Para melhor eficiência
usá-lo imediatamente ou na primeira semana após seu preparo.Pode ser utilizado também no tratamento
de sementes sexuadas e selecionadas a nível de campo, para plantio. Neste caso, as sementes deverão ser
mergulhadas em biofertilizante líquido a 100% (puro) por um período de1 a 10 minutos, secas à sombra por
duas horas e plantadas em seguida. As sementes assim tratadas não deverão ser armazenadas, pois
poderão perdera sua capacidade de germinar e tornar-se inviáveis para o plantio.O mesmo tratamento
poderá ser utilizado em elementos de propagação vegetativa assim como: estacas, toletes, bulbos e
tubérculos, para plantio imediato, aumentando o enraizamento e viabilizando o seu uso em lavouras
comerciais.Na produção de mudas, poderá ser utilizado na rega de sacolas ou canteiros de germinação,
antes do plantio, para promover um expurgo do solo utilizado,possuindo um excelente efeito
bacteriostático quando aplicado puro.
A parte sólida do biofertilizante poderá ser usada como adubo de cova em plantios ou na formação
de compostagem. Dosagens: pulverização em até 30% (300 ml / litro de água), a intervalo 7 a15 dias.
III. “TINOCÃO”
Fernando Tinoco – EMATER-MG Adubação foliar, controle de pragas e doenças
Material a ser utilizado:
•Tambor de 200 litros;
•30 a 40 kg de esterco de curral (fresco);
•10 kg de esterco novo de galinha caipira (ou cama de frango);
•2 ou mais litros de leite integral ou 1 pote de leite fermentado(tipo Yagult);
•2 ou mais litros de garapa ou 1 kg de rapadura triturada;
•5 kg de cinza de madeira (fogão a lenha);
•1 a 2 kg de Termofosfato magnesiano, ou, 5 Kg fosfato natural;
•1 a 2 Kg de FTE-BR 12 (dividido em 3x)
•5 Kg de folhas trituradas de diversas plantas: Bougainville (da florroxa); Urtiga ou Cançanção; ramos de
Alecrim; Melão de São Caetano; Boldo nacional; Tomate “Orgânico”; alho; capuchinha, crotalaria, urucum,
mamona, etc.
Modo de fazer:
Colocar esterco fresco no tambor ou bomba de 200 litros e sobre esse é lançado os demais
ingredientes, lembrando que o FTE deverá ser colocado aos poucos, semanalmente, até completar a
dosagem recomendada. Pode-se substituí-lo por uma outra fonte de boro e de zinco. Adicionar água pura,
não clorada, até atingir o ponto 15 a 20 centímetros abaixo do nível máximo do tambor (espaço vazio de 15
a 20 cm de altura). Agitar bem ara uniformizar os ingredientes na água. A bombona deve ficar
hermeticamente vedada. Para tanto, fixa-se na sua tampa uma mangueira plástica fina. A outra
extremidade da mangueira é mergulhada em uma garrafa com água, para permitir a saída do gás produzido
no interior das bombas e ao mesmo tempo não permitir a entrada do oxigênio (processo anaeróbico).
Deixar assim até notar final da fase de fermentação (quando não se notar borbulhamento na garrafa de
água), o que geralmente se dá aproximadamente 35 dias após o inicio do processo. O material deverá ser
coado em uma peneira para separara parte sólida mais pesada, e depois filtrado em um pano ou uma tela
fina.
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Dosagem:
5% (via foliar) e, 30 a 50% (via solo), a cada 15 dias.Nota:Pode-se acrescentar na calda de pulverização o
Biopirol nas dosagens recomendadas desse produto.
•A parte sólida eliminada na filtragem do produto poderá ser utilizada como adubo nos canteiros ou covas.
•Pode-se preparar aerobicamente (com oxigênio, bombona aberta) desde que se agite diariamante, 2 a 3
vezes por dia, até os 15 primeiros dias de fermentação. Após os 15 dias, agitar uma vez ao dia.
IV. URINA DE VACA
Adubação foliar, controle de pragas e doenças componentes médios: nitrogênio; potássio; fósforo total;
cálcio; magnésio;enxofre; ferro; manganês; cobre; zinco; boro; sódio; e ph, 7,6.Colete meio litros de urina
de vaca e deixe por 8 a 10 dias em recipiente fechado (para transformação da uréia em amônia).Em
recipiente fechado a urina conserva suas propriedades até 12 meses.
Frutíferas : 5 % de urina (10 litros de água + 500 ml de urina).
Hortaliças :0,5 % para folhosas e 1 % nas demais.
Café: 5 % em 2 a 4 pulverizações/ano após a colheita, quando também se pode regar o tronco com
2 litros/planta da mistura a 5 %. Para o controle do Bicho Mineiro, pulverizar nas infestações com a diluição
de 15 % ( 3 litros /20 litros ); pode também ser utilizado para mudas, através da rega de 3litros em 97 litros
de água, e/ou pulverizando 500 ml litro em 20 litros de água.Para outras culturas, da família das Solanáceas
–tomate, pimentão, jiló,berinjela, batata inglesa e pimentas - utilizar apenas um copo comum para 20litros
de água.Tratamento de sementes, manivas de mandioca e toletes de cana: imersão dos mesmos antes do
plantio, durante um minuto na urina pura – concentração de 100%.
Urina de vaca enriquecida:
Dissolver 100 g de farinha de trigo em 1 litro de água. Dissolver 50 g desabão neutro em 1 litro de
água quente o sabão na água. Em seguida adicionarem 18 litros de água essas duas caldas previamente
coadas e finalmenteadicionar 200 ml de urina de vaca. Pulverizar molhando bem toda as folhasda lavoura
nas horas mais frescas do dia.
V. BIOGEO
Em um tambor de 200 litros, misturar:
•30 Kg de resto ruminal (proveniente de matadouro);
•20 a 30 Kg de esterco fresco de curral;
•+ ou – 10 Kg de folhas e restos vegetais (fls couve, beterraba, “mato”, etc.);
•5 a 10 litros de garapa (ou rapadura); Pode-se enriquecê-la com fosfato natural e pó de carvão.Misturar
todos os ingredientes e deixar fermentar por 20 a 30 dias,aerobicamente (com oxigênio), agitando
diariamente (2 a 3 vezes/dia).Dosagem: 5% (foliar) e, 30 a 50% (solo).
VI. COMPOSTO ORGÂNICO
Os restos de culturas e materiais produzidos apresentam composições mais ricas e equilibradas do
que as folhas e gramas, mais pobres em elementos. A produção de materiais orgânicos ainda possibilita a
vantagem da escolha dos materiais desejados pelo produtor. As gramíneas, geralmente apresentam-se
mais ricas em carbono e as leguminosas, com o conteúdo maior em nitrogênio
.
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MONTAGEM DAS PILHAS DE COMPOSTAGEM
O preparo do composto orgânico, para manter uma boa relação carbono/nitrogênio (em torno de
30/1), sugere-se uma mistura de 30 a 40%de esterco bovino com 70% a 60% de resíduos vegetais. Como os
estercos e resíduos vegetais, geralmente, contém menos de 1% de fósforo, devem ser corrigidos na hora da
compostagem com 3% de fosfato natural de 1%.A montagem das pilhas deve obedecer a seguinte
seqüência:
1. Distribuir uma camada de palha e/ou capim no solo com 20centímetros altura e 2 a 2,5 metros de
largura, podendo o comprimento variar de acordo com a quantidade de material a ser compostado (3 a 5
ou 6 metros) e molhar bem antes de colocar outros materiais em cima.
2. Misturar e umedecer os materiais a serem compostados:
•1 carrinho de esterco bovino
•3 carrinhos de resíduos vegetais (até 1\2 carrinho de folhas de mamona)
•400 gramas de fosfato natural (Araxá) ou termofosfato magnesiano
FARINHA DE OSSO
•400 gramas de cinzas
•200 gramas de sulfato duplo de potássio e magnésio
3. Formar a pilha com a mistura umedecida até 1,20 m a1,60m de altura.
4. Cobrir com palha seca a pilha pronta, para manter a umidade e a temperatura. O período de
compostagem depende das temperaturas e do tamanho das partículas dos materiais e da aeração. Caso
acrescentar microrganismos, ocorrerá aceleração na decomposição. Não necessita fazer reviragem.
•Partes pequenas, tipo capim picado, com temperaturas emtorno de 60ºC = 55 a 60 dias.
•Partes médias, com 15 a 20 cm, com temperaturas em torno de60ºC = 60 a 80 dias.
•Partes inteiras, com temperaturas até 60ºC = em torno de 90dias.
•Somente esterco bovino, com temperaturas de 60 a 70ºC = 30a 35 dias.
CALDA BORDALESA
Fungicida e também pode atuar como repelente de muitos insetos(vaquinhas, cochonilhas e
tripes)Mistura: 200 g de sulfato de cobre +200 g de cal virgem +20 litros de água.
MODO DE PREPARAR:
Coloque num recipiente de madeira ou plástico, contendo 10 litros d’água,200 g de sulfato de
cobre, bem moído, o qual deve ser colocado dentro de um saco de pano ralo, amarrado em uma vara
atravessada sobre o recipiente, de modo a apenas mergulhar na água. Geralmente após uma hora, o
sulfato de cobre estará todo dissolvido. Em outro recipiente, com capacidade superior a 20 litros, coloque
200 g de cal virgem, em pequenas quantidades, até formar uma pasta consistente. Em seguida, junta-se
água até completar 10 litros. Logo após despeje a calda contendo o sulfato de cobre sobre a calda
contendo a cal ou então em um terceiro recipiente de capacidade superior a20 litros, juntam-se as duas
soluções simultaneamente, sempre em pequena quantidade, agitando-se a mistura, enquanto vai sendo
preparada. Para verificar se a calda apresenta pH neutro (desejável), mergulhar na solução uma lâmina de
canivete bem limpa, durante meio minuto, e, ao retirá-la da solução, observar se houve formação de
ferrugem sobre a mesma, o que índica acidez. Se isso acontecer, juntar mais um pouco da solução de água
e cal, até que não mais se processe a reação.
A aplicação da calda deve ser feita no mesmo dia de seu preparo. Em plantas novas, deve ser usada
a metade da quantidade de sulfato de cobre e de cal virgem.- Pulverize preferencialmente em horários de
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temperatura amena. Se usar cal hidratada ao invés de cal virgem a dosagem deve ser 1,8 maior. A calda
bordalesa pode ser misturada com os inseticidas como o extrato de fumo, extrato de conferi e outros
culturas
Sulfato de cobre
Abobrinha, alface, caqui, 100
pepino, morango, chicória.
Couve, repolho
500
Cal virgem
100
60
500
60
Cucurbitácea
extratos. Casos especiais - dosagens para 20 litros de água.
CALDA VIÇOSA
Adubo foliar e fungicida20 L d’água + 100 g de Sulfato de cobre (em época propensas a maior
ocorrência de doenças fúngicas, essa dosagem poderá chegar a 200 g) + 50 gde Sulfato de zinco + 40 g de
ácido bórico + 120 g de Sulfato de Magnésio +80 g de ureia (*) + 110 g de Cal Hidratado.(*): Na agricultura
orgânica não é permitido o uso de uréia.
MODO DE PREPARAR:
Misture a quantidade especificada anteriormente de Sulfato de cobre +Sulfato de zinco + Sulfato de
magnésio + ácido bórico + Cloreto de potássio numa vasilha plástica contendo 10 litros. Numa vasilha de
capacidade mínima de 20 litros, coloque 10 L d’água adicione quantidade de cal hidratada especificada
anteriormente.- Despeje os 10 litros de água contendo os fertilizantes sobre os 10 litros contendo a cal
hidratada .NOTA: Na agricultura orgânica, não se permite utilizar o Cloreto de Potássio, devendo ser
substituído pelo Sulfato de Potássio. Não aplicar Calda Bordalesa e Viçosa em goiabeira quando os frutos
atingirem diâmetro superior a 2 cm.
(**) numa vasilha plástica contendo 10 litros. Numa vasilha de capacidade mínima de 20 litros, coloque 10 l
d’água e adicione quantidade de cal hidratada especificada anteriormente. Despeje os 10 litros de água
contendo os fertilizantes sobre os 10 litros contendo a cal hidratada .NOTA: Na agricultura orgânica, não se
permite utilizar o Cloreto de Potássio,devendo ser substituído pelo Sulfato de Potássio.Não aplicar Calda
Bordalesa e Viçosa em goiabeira quando os frutos atingirem diâmetro superior a 2 cm.
ÁGUA DE CINZA
Repelente de pulgão, lagartas, etc. Dissolver 2 Kg de cinza em 10 litro d’água. Agitar e depois deixar
descansarpor1 dia. Coar em saco de aniagem ou estopa para evitar entupimento do pulverizador ou
regador.
FARINHA DE TRIGO
Controle de Pulgão: Pulverizar farinha de trigo na base de 200 g para 10 litros d’água
LEITE
O leite pode controlar várias doenças fúngicas (oidio, míldio e outras), ácaro, ovos de lagarta.
Diluição: 0,5 a 1 litro de leite + 10 litros de água. Pulverização semanal a quinzenal. O saco de algodão,
embebidos de leite serve como iscas atrativas para lesmas. Distribuir próximo ao canteiro ou as plantas.
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Nos períodos da manhã, inverter o saco ou estopa e matar mecanicamente as lesmas que se aninharam por
debaixo desse material.
BICARBONATO DE SÓDIO
Controle da doença Oídio, Penicilium: Pulverizar bicarbonato de sódio, na base de 100 g para 10
litros d’água. Controle de Bolor verde (em pós colheita): imersão dos frutos em calda na base de 100 litros
de água + 3 kg de Bicarbonato de sódio.
EXTRATO DE PLANTAS
Os extratos ou macerados de muitas plantas tem ação no controle de várias pragas e doenças,
dentre elas selecionamos as seguintes:
MACERADO DE SAMAMBAIA DO CAMPO
(Inseticida: controle de Pulgão, ácaro e cochonilha)Colocar 500 gramas de samambaia verde (ou 100 g seca)
picada em 1 litro d’água, ferver por 30 minutos e deixar descansar por 24 horas. Sem ferver a calda deverá
ficar em repouso por 8 dias. Para pulverizar, adicione 1 litro de macerado (coado) em 10 litros d’água.
ALHO:
Fungicida (mildio e ferrugens); inseticida (lagarta da maçã, pulgão, etc.)Macerar 100 g de alho e adiciona-lo
em 1 litro d’água. Deixar em repouso por24 horas. No momento da pulverização, coar e adicionar
essa calda em 10litros d’água
ALHO + PIMENTA DO REINO + SABÃO
Faz-se 2 preparados em separados: Numa garrafa colocar 1 litro de álcool + 100 g de pimenta do reino. Em
outra garrafa colocar 1 litro de álcool + 100 g de alho macerado. Deixar fechado numa garrafa durante 7
dias. No momento da aplicação diluir: 20litros de água + 200 ml da calda de pimenta do reino +100 ml da
calda de alho+ 50 gramas de sabão neutro (previamente dissolvido em 1 litro de água quente). Pulverizar
nas horas de temperatura amena do dia.
ALHO + SABÃO + ÓLEO (MINERAL OU VEGETAL)
Adicionar 20 ml de óleo mineral ou vegetal em 100 g de alho e deixa-los em repouso por 24 horas. Após
esse tempo adicionar 10 gramas de sabão neutro (previamente dissolvido em 500 ml de água quente). No
momento da pulverização, coar e adicionar essa calda em 10 litros d’água.
NORMAS E REGULAMENTAÇÃO DE PRODUTOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA
Fonte: MAPA / SPA / IICA
Os produtos avaliados no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica
receberão o selo de garantia.
Com o objetivo de oferecer garantias ao consumidor final, está em vigor o Decreto Presidencial nº.
6323, assinado no dia 28 de dezembro de 2007, que regulamenta a Lei nº. 10.831 e estabelece o Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. A partir desse sistema, os produtos avaliados recebem o
selo orgânico, que garante ao consumidor que o produto atende a uma série de normas, que devem ser
adotadas em todas as fases de produção. Entre essas normas, está a produção sem uso de agrotóxicos e de
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substâncias que possam causar mal à saúde, e que contribuam para a preservação do meio ambiente. A
certificação de produtos orgânicos é obrigatória, exceto para os produtos vendidos diretamente pelos
produtores em feiras. Além disso, o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica tornou
obrigatório o cadastramento dos produtores. Dessa forma, será possível identificar a origem dos alimentos
orgânicos em mercados e restaurantes.
O sistema é composto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), órgãos de
fiscalização dos Estados e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro), responsável pela autorização das empresas interessadas em atuar na certificação de orgânicos,
chamadas de Organismos de Avaliação da Conformidade (OAC).
-História
O Brasil possui uma legislação que dispõe sobre a agricultura orgânica desde dezembro de 2003. Ela
foi construída em torno de um consenso entre as tendências de formação de redes e as tendências
industriais.
Em 11 de junho de 2004, foi editada a Instrução Normativa nº. 016/04 para o registro dos produtos
orgânicos, o que incluía bebidas, insumos e matéria-prima de origem animal e vegetal – cereais e grãos, de
responsabilidade do MAPA.
A garantia da conformidade orgânica era assegurada por meio da Declaração de Conformidade do
Fornecedor, fornecida por alguma organização certificadora, ONGs de assistência técnica ou associações de
produtores.
-Mudanças
A regulamentação da Lei nº. 10.831 deverá modificar a comercialização e produção de orgânicos no Brasil.
O Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT), por exemplo, vai atuar abrindo editais para incentivar o
desenvolvimento em pesquisas de produtos, insumos e formas de trabalho para o segmento de orgânicos.
As novas regras estimularão o mercado interno, pois o governo investirá recursos em projetos que possam
melhorar a condição dos produtores no acesso à certificação e com isso, no acesso ao mercado. Já os
consumidores
terão
acesso
a
produtos
orgânicos
com
garantia
de
qualidade.
O QUE É A CERTIFICAÇÃO?
Um pouco da história
Em 1919, os franceses começaram a perder o mercado de vinho para os produtores da Califórnia,
nos Estados Unidos, e de outras regiões. Para recuperar o mercado, eles passaram a vender os seus vinhos
com um selo de indicação de origem; o selo indicava que “este vinho foi produzido em vinícola tradicional
francesa”. Isso criou uma relação de confiança entre os produtores e os consumidores, garantindo a estes a
procedência do vinho que compravam. Nascia aí uma das primeiras iniciativas de certificação no meio rural;
hoje, os vinhos franceses são uma referência mundial.
Desde então, muita água passou por debaixo da ponte, mas o fato é que a certificação tornou-se
uma ferramenta importante para comercialização de produtos, garantindo uma relação de confiança entre
produtores e consumidores, no sentido da qualidade e da procedência do produto. O consumidor quer ter
certeza de que o produto que está comprando possui as características que ele deseja – feito com
qualidade, orgânico, biodinâmico, ecosocial... – enfim, não quer comprar gato por lebre. E essa garantia
vem do processo de certificação.
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Certificando as propriedades rurais
Com o tempo, vários tipos de produtos apareceram no mercado: light, diet, não-transgênico,
alternativo, ecológico, orgânico, natural, sustentável etc. Surgiram então as Diretrizes, que são as regras do
jogo – “o que pode e o que não pode ser feito quando se deseja produzir um produto certificado”. Se o
objetivo é ter um produto natural, deve-se proceder desta e daquela forma. Se a pretensão é de um
produto orgânico, deve-se seguir as Dire-28 Certificação Orgânica e Eco-Social – IB Dtrizes de Produção
Orgânica e se for um produto Eco-Social. Quando o produtor faz a opção pelo Orgânico e começa a seguir
as Diretrizes Orgânicas, ele está em “Conversão”, ou seja, está deixando para trás o tempo em usava
veneno na lavoura, adubo químico, herbicida, mexia o solo várias vezes ao ano... E muitas outras práticas
que, no sistema orgânico, deixará de fazer. Em vez disso, aplicará outras técnicas que ajudarão a enriquecer
o solo, preservar o meio ambiente, proteger a saúde de todos.
Para marcar a mudança, quando sai de um sistema e entra no outro, o produtor se matricula numa
Certificadora, para ser inspecionado – visitado – por ela. O produtor preenche um formulário, onde diz o
que faz na propriedade, e assume o compromisso com a certificadora de cumprir as regras combinadas. A
Certificadora fará uma visita, chamada “visita de inspeção”, e verificará no local o que se produz e o que
usa de adubos e agroquímicos, além de orientar o produtor sobre as regras da produção orgânica.
A conquista do selo
Passado o “tempo de conversão1” , se as Diretrizes estiverem sendo cumpridas direitinho, a
propriedade recebe o “Certificado Anual”, e durante um ano os produtos podem ser vendidos como
“Orgânicos2” . Todo ano o Certificado vence e é preciso renová-lo. Para isso, um novo contrato é assinado e
a propriedade é novamente inspecionada.
CAPÍTULO 2: Produção Orgânica Certificada
A Agricultura Orgânica agora tem Lei própria...
Em 23 de dezembro de 2003, o Brasil ganhou a Lei Nacional dos Orgânicos, a Lei no 10.831, que
“Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências”. É um marco histórico no movimento
brasileiro de agricultura orgânica, pois até o momento todos os trabalhos no Brasil eram orientados
somente por normas e diretrizes internacionais. Como essas normas mudam conforme o país em que
foram feitas, a certificação no Brasil deixava todo mundo “desnorteado”, porque cada um seguia um rumo.
Era necessário uma regra igual para todos os produtores e certificadoras que atuam no Brasil. Diz a Lei
brasileira, em seus dois primeiros artigos:
Art. 1 Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas
específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito
à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e
ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável,
empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de
materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes,
em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e
comercialização, e a proteção do meio ambiente.
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1º A finalidade de um sistema de produção orgânico é:
I – a oferta de produtos saudáveis isentos de contaminantes intencionais;
II – a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a recomposição ou incremento da
diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de produção;
III – incrementar a atividade biológica do solo;
IV – promover um uso saudável do solo, da água e do ar, e reduzir ao mínimo todas as formas de
contaminação desses elementos que possam resultar das práticas agrícolas;
V – manter ou incrementar a fertilidade do solo a longo prazo;
VI – a reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o emprego de recursos nãorenováveis;
3. IFOAM (Federação Internacional), NOP-USDA (Estados Unidos), CEE2092/91 (Europa), JAS (Japão) e
outras.30 Certificação Orgânica e EcoSocial - IBD
VII – basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas organizados localmente;
VIII – incentivar a integração entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva e de consumo de produtos
orgânicos e a regionalização da produção e comércio desses produtos;
IX – manipular os produtos agrícolas com base no uso de métodos de elaboração cuidadosos, com o
propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas.
2º O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange os denominados:
ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo, biológico, agroecológicos, permacultura e outros que
atendam os princípios estabelecidos por esta Lei.
Orgânico IBD: aspectos gerais
A Norma (Diretriz) de Qualidade Orgânico IBD mostra as regras básicas para um produto ser
certificado como Orgânico IBD4, explica como deve ser feita a conversão das propriedades, os insumos que
podem e os que não podem ser usados na agricultura orgânica, como deve ser o rótulo dos produtos, as
condições para usar o selo e tudo mais que é necessário para uma produção orgânica. Fala sobre a
adubação orgânica, a importância da produção animal juntamente com a produção vegetal, o manejo
integrado para que propriedade funcione como um organismo agrícola, como deve ser feito o controle de
pragas e doenças. As Diretrizes mostram também os aspectos sociais e ambientais importantes dentro do
sistema orgânico de produção.
As normas do IBD explicam como devem ser usadas ou produzidas as sementes e mudas, mostram
as regras para a criação e para os produtos de origem animal, para processamento, armazenagem,
transporte e empacotamento da produção. Há diretrizes também para apicultura (mel), aqüicultura (peixe,
camarão etc), extrativismo (castanha, babaçu, palmito etc), cosméticos, têxteis (roupas, tecidos etc),
cogumelos, restaurantes e serviços de alimentação, entre outros.
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20
Passo a Passo rumo à Certificação Orgânica
O que o produtor deve fazer antes da PRIMEIRA INSPEÇÃO:
- Ele escolhe a área e os produtos da propriedade que quer certificar;
- Solicita à certificadora informações sobre os custos e as providências que deve tomar;
- Então, a Certificadora envia ao produtor o orçamento e a proposta de trabalho;
- Se o Produtor estiver de acordo, ele assina o contrato com certificadora;
- Depois, ele mostra o manejo orgânico que usa na propriedade, preenchendo um formulário da
certificadora.
Como é feita a INSPEÇÃO:
- Certificadora marca o dia da visita de inspeção;
- O inspetor visita a propriedade, para ver se o manejo está de acordo com as Diretrizes;
- O inspetor deixa com o produtor um resumo das conclusões da inspeção.
O que acontece DEPOIS DA INSPEÇÃO:
- O inspetor escreve o relatório da inspeção, mostrando os pontos fortes e o que pode melhorar no projeto
orgânico daquela propriedade;
- A Certificadora estuda o relatório da inspeção, orienta o produtor sobre os produtos e as áreas que serão
certificadas e, se for o caso, mostra o que deve ser mudado;
- O Produtor faz as mudanças necessárias e informa a certificadora;
- Assim que a propriedade estiver produzindo de acordo com as normas, a Certificadora emite o Certificado
Orgânico e o Produtor pode vender a sua produção com o selo “Orgânico”.
FERRAMENTAS PARA CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA – DOCUMENTOS BÁSICOS.
O produtor deve anotar, durante o ano, o que planejou e o que de fato realizou, com a lavoura ou
a criação. Esses dados devem ser guardados e apresentados à certificadora, sempre que ela solicitar. Veja
abaixo alguns exemplos de anotações que devem ser feitas:
- Plano de manejo da propriedade:
O produtor precisa planejar como cuidará de sua lavoura durante o ano e anotar esse plano no papel.
- Mapa ou croqui da propriedade:
É preciso ter um mapa ou desenho da propriedade, mostrando as áreas de lavoura, pasto, aguadas, mata,
rios, estradas, terreiros, galpões, residências e outras construções. Se não tiver um mapa, pode ser um
desenho feito à mão mesmo.
- Registros de compra de insumos:
Os insumos usados no ano agrícola devem ser anotados. Adubos, produtos para controle de pragas
e doenças e outros produtos permitidos para a produção orgânica, devem ser comprados com notas fiscais
ou recibos, que devem ser guardados pelo produtor.
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- Registro de aplicação de insumos (Diário agrícola):
Os tratos culturais também devem ser anotados. Por exemplo, se foi usada cama de frango
compostada, o produtor deve registrar: Aplicação de 20 litros de cama de frango compostada, em 21 de
setembro, nos canteiros de horta do talhão 3. O produtor deve guardar a nota fiscal ou recibo de compra
desse adubo. Se o produtor utilizar produto existente na propriedade, como esterco de gado, urina de vaca
etc, ele apenas anota a data de uso.
-Registro de venda de produtos orgânicos:
Quando a certificadora faz a inspeção anual, ela faz uma previsão ou verificação da produção a ser
vendida como orgânica, que fica registrada. Assim, a certificadora tem anotado que a propriedade “X”
possui 100 sacas de café orgânico em estoque. Sempre que o produtor fizer uma venda, o comprador vai
pedir o “Certificado do Produto”, e nessa hora o produtor solicita da certificadora um “Certificado de
Transação”, que garante que o seu produto é orgânico. Assim, a certificadora sabe quanto foi vendido e
quanto resta do produto orgânico.
- Registros de estoque de produtos orgânicos (se houver estocagem na propriedade):
O proprietário deve manter anotado o estoque de produtos orgânicos.
- Registros de beneficiamento de produtos orgânicos (se houver beneficiamento na propriedade).
Se houver beneficiamento do produto orgânico, esse procedimento deve ser registrado pelo
produtor. Por exemplo, lavagem e secagem de café, processamento de legumes para vender em
supermercados, descascamento de castanha, entre outros.
Certificação de Grupos de Produtores
A certificação de um grupo de produtores segue o mesmo roteiro, com a vantagem de se
inspecionar apenas uma parte de todos os produtores do grupo (amostragem), sempre que houver um
“Sistema de Controle Interno” aprovado pela certificadora. É um sistema de certificação mais econômico.
Os produtores que quiserem a certificação em grupo, devem prestar atenção aos seguintes pontos:
l Organização Social:
Os produtores devem se reunir em um grupo formalizado (Associação, Cooperativa etc.). Essa
etapa deve acontecer logo no início do processo de certificação.
l Sistema de Controle Interno:
Os agricultores em um grupo, geralmente têm realidades de produção diferentes. Cada um tem um
jeito de plantar e cuidar da roça, do apiário, da criação. Precisam se organizar para que todos os
participantes do grupo conheçam e apliquem as mesmas Diretrizes Orgânicas. Afinal, quem está sendo
certificado é o grupo e não as propriedades individuais. Para que esse sistema de certificação em grupo dê
certo, é preciso organizar um “Sistema de Controle Interno”. Isso não é difícil: são alguns produtores do
grupo, treinados pelo IBD, que orientam os outros produtores sobre a certificação, verificam se todos
cumprem as Diretrizes, através de visitas às propriedades, e anotam o que viram nessas visitas. Depois, a
certificadora examina essas anotações, para ver como está se desenvolvendo a produção orgânica naquele
grupo.
Antes de inspecionar o grupo (reunido em uma Associação ou Cooperativa), a certificadora verifica
se o Controle Interno está funcionando bem. Em caso positivo, apenas uma parte dos os produtores é
inspecionada.
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A Conquista do Certificado Orgânico
Para todo esforço há recompensa. Uma longa caminhada aconteceu,desde que o produtor, ou o
grupo, decidiu produzir “orgânico”: chamou a certificadora, se ajustou às regras de produção orgânica,
anotou tudo o que fez, foi inspecionado ... Ufa! E o Certificado? Aí ele chega ... A Certificadora entrega o
Certificado Orgânico Anual, que é usado pelo produtor ou pelo grupo, juntamente com o “selo orgânico”,
em suas vendas.
POLÍTICAS DE ESTÍMULO À AGRICULTURA ORGÂNICA
Medidas estimulam produção orgânica em países de baixa renda
Fundos de Desenvolvimento Internacional, ONGs e governos locais têm estimulado ações para
incentivar os mercados locais de produtos orgânicos em países de baixa renda, situados na América Latina
e no Caribe. Entre as iniciativas, destacam-se experiências com feiras orgânicas, o estabelecimento do
marco regulatório e a adoção de políticas agrícolas com enfoque orgânico e que respeitem o meio
ambiente. Essas medidas, que envolvem os setores público e privado, auxiliam a promoção da agricultura
sustentável nesses países. A escolha por feiras exclusivas de produtos orgânicos para estimular o mercado,
ao invés da venda desses produtos nas feiras convencionais, deve-se ao impacto visual, com a segurança de
que na feira só são vendidos produtos da agricultura orgânica, aumentando a credibilidade do consumidor
na origem dos produtos.
Além disso, essas feiras representam um espaço de trocas comerciais e de experiências.
No Peru, por exemplo, as BioFeiras são estimuladas como canais de comercialização e fonte de intercâmbio
de "saberes e sabores" desde a década de 90. Estas feiras são apoiadas pela Associação Nacional de
Produtores Ecológicos (Anpe) e pela Rede Agricultura Ecológica (RAE) desse país.
Marco Regulatório
Nos países de menor renda, o apoio governamental acontece por meio de financiamento para
participações em feiras internacionais e pelo estabelecimento do marco regulatório, como é o caso do
Brasil e da Argentina. Entre os países que apresentaram crescimento da área utilizada para produção
certificada de orgânicos, no período entre 2000 e 2004, destacam-se Argentina, Brasil, Uruguai e Chile.
Setor Privado
O setor privado apóia a produção de orgânicos por meio da conscientização dos consumidores
quanto aos benefícios e a natureza do produto orgânico, bem como pelo financiamento inicial de sistemas
de produção.Muitas vezes, essas iniciativas acontecem em parcerias com pequenos produtores, onde a
iniciativa privada cobre os custos da certificação de um produto específico. Recentemente, os agentes de
comercialização têm lançado linhas e marcas próprias de produtos orgânicos. No entanto, os preços
abusivos praticados no mercado interno pelos supermercados e indústrias, as exigências com relação à
freqüência, quantidade, qualidade visual e preço, pressionaram os agricultores familiares e pequenas
agroindústrias a procurarem outros canais de comercialização que não os supermercados.
Entre estes canais destacam-se a entrega de cestas a domicílio, pequeno varejo nas cidades do interior e o
comércio justo e solidário (fair trade).
Conservação da Natureza
Nos países localizados na América Latina e no Caribe há agentes que influenciam o crescimento do
enfoque orgânico e agroecológico, a partir de uma agenda de conservação da natureza.
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O objetivo principal desse grupo é manter a integridade da paisagem, dos habitats e da
biodiversidade, ao mesmo tempo em que assegura que as comunidades locais sejam capazes de manter ou
melhorar seu modo de vida. A Declaração de Vignola e os seus Planos de Ação marcaram o começo do que
pode vir a ser uma união de interesses entre os movimentos orgânicos internacionais e de conservação da
natureza. Esse documento incentivou o consumo de produtos orgânicos certificados de alta qualidade.
Outras medidas
Existem exemplos de países que apoiam a agricultura orgânica por meio de políticas de incentivo à
pesquisa e de serviços de extensão apropriados, como é o caso de Cuba. Argentina e Costa Rica criaram e
disponibilizaram uma infra-estrutura reguladora e promoveram oportunidades de exportação.
Créditos:
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA;
- Secretaria de Política Agrícola - SPA;
- Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - IICA
Série Agronegócios - Cadeia Produtiva de Produtos Orgânicos - Volume 5
Coordenadores: Antônio Márcio Buainain e Mário Otávio Batalha
Fonte: MAPA; SPA; IICA
*****
AGROECOLOGIA
1
Por Maria Thereza Pedroso , julho de 03
Uma das mais importantes inovações nas linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) apresentada no Plano de Safra da Agricultura Familiar foi o Pronaf
Agroecologia.
Essa linha “incentivará projetos seja para a produção agroecológica ou para a transição rumo a
uma agricultura sustentável. O governo estimulará o adequado manejo dos recursos naturais, agregando
renda e qualidade de vida aos agricultores familiares” (MDA, 2003). Esse fato motivou a disponibilização de
informações 2 sobre as premissas agroecológicas na página da assessoria. A sistematização dessas
informações foi elaborada a partir dos clássicos da agroecologia entre os meados das duas ultimas décadas.
A estratégia agroecológica aponta um caminho concreto para promoção de uma tecnologia ecológica e
adaptada para a pequena produção. Para produzir alimentos saudáveis, em terras sãs, a manutenção da
saúde do solo e da água deve ser a meta primordial do trabalho agrícola. Tal afirmação tem fundamento,
pois em uma floresta natural, a terra está coberta por uma vegetação espontânea. O desenvolvimento
aéreo das plantas é devolvido á superfície do solo onde é decomposto, incorporando-se ao mesmo. O
sistema radicular também contribuí na acumulação de matéria orgânica, bem como os restos de
quantidades incalculáveis de micro e macro organismos. As copas das árvores protegem a superfície do
solo contra o impacto das gotas de chuvas, do vento e da insolação. A natureza esponjosa e solta dos solos
propiciam uma máxima absorção de água. Os recursos hídricos, como o lençol freático, nascentes, rios e
riachos, estão também protegidos (PRIMAVESI, 1984 e WEID & ALMEIDA, 1997).
1
Assessora da liderança do PT na Câmara dos Deputados.
As informações aqui expostas podem ser observadas na tese “Agricultura familiar sustentável: conceitos,
experiências e lições” (Pedroso, 2000).
2
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Na agricultura convencional, após a derrubada da mata e/ou queimada, as terras normalmente são
cultivadas sem considerar sua verdadeira aptidão agrícola, sem tomar as medidas necessárias de
conservação e manejo adequado, cultivando culturas em linhas espaçadas, utilizando sistemas de
exploração esgotadoras do solo, caracterizados pela excessiva movimentação, falta de cobertura e rotação
de culturas e eventualmente com queima de resíduos culturais. A terra nua é aterra sem proteção. A terra
desprotegida está sempre exposta ao sol e ao vento, que a ressecam. Quando vem a chuva forte e encontra
a terra desprotegida e ressecada, não penetra, passa por cima arrastando a matéria orgânica que fica em
sua superfície e o próprio solo (ocorrendo a erosão e a lixiviação). Os microorganismos e minhocas que
vivem na terra, responsáveis pela fertilidade natural dos solos, morrem, pois não sobrevivemem solos
quentes e sem umidade e matéria orgânica (PRIMAVESI, 1984).
Uma importante forma de proteger o solo e sua umidade e a matéria orgânica é fazer a cobertura
morta, que é a cobertura do solo com uma camada de material vegetal morto colocada por cima da terra.
Este material vegetal pode ser bagaço de cana, palha de milho, resto de grama, casca de arroz, palha de
feijão e folhas. A cobertura morta ajuda a manter a umidade do solo, não deixando o solo ficar ressecado,
nem deixa crescer muito mato (as famosas “ervas daninha”), protegendo a matéria orgânica do solo e
assim, quando chove a água penetra mais facilmente, diminuindo a possibilidade de ocorrer erosão. Com o
tempo, esta cobertura se decompõe, se transforma em nutrientes para o solo e aumenta a atividade
biológica do solo.Além da cobertura morta, o solo deve estar sempre coberto com plantações ou com
vegetação nativa, que pode ser chamada de cobertura viva. De preferência, com plantas que tenham
profundidades e formatos de raízes diferentes, formando uma rede protetora do solo. A cobertura viva
protege o solo da erosão de uma forma geral, e no caso das margens dos rios, evita que a terra
desbarranque para a água (KIEHL, 1985 e MONEGAT, 1991).
Outra importante preocupação é que as linhas de plantação, quaisquer que sejam, devem ser feitas
acompanhando as curvas de nível do terreno. A curva de nível é traçada cortando o sentido de maior
inclinação do terreno, no sentido contrário ao caminho da chuva, de maneira a impedir que a água da
chuva forme enxurrada, lavando a terra. Com os canteiros orientados pela curva de nível3, a água das
chuvas fica presa entre eles, e com ajuda da cobertura morta e viva, penetra no terreno.
Para um bom manejo ecológico do solo, é sempre necessário haver adubação com matéria
orgânica, que veio em última instância do solo, a ele retorna transformando-se em nutriente, o qual é
assimilado pelas plantas, completando assim, o CICLO DA VIDA. No solo, são encontrados milhares de
microorganismos vivos e pequenos animais, intimamente associados com a fração orgânica. A incorporação
de matéria orgânica ao solo intensifica a atividade biológica. Tal atividade é provocada por organismos que
vivem nos solos, que são agentes ativos da decomposição e podem ser classificados em microscópicos
(microflora - bactérias, fungos actinomicetose algas e micro fauna - protozoários, nematóides e infusórios)
e macroscópicos (formigas, minhocas, centopéias, aranhas, besourinhos, lesmas e caracóis). A natureza
predominante, o número, as espécies e o grau de atividade dos agentes ativos da decomposição são
conseqüência da qualidade e quantidade de materiais que servem de alimento, das condições físicas
(textura, estrutura e umidade) e químicas (quantidades de sais, nutrientes e pH) encontrados nos
solos(PRIMAVESI, 1984).
Para que a matéria orgânica possa fornecer nutrientes às plantas ela necessita sofrer um processo
de decomposição microbiológica, acompanhada da mineralização dos seus constituintes orgânicos. Ao se
decompor, gera compostos minerais assimiláveis pelas plantas. Por isso, ao incorporar resíduos de plantas
ou animais ao solo, se as condições de umidade e aeração forem favoráveis e houver a presença de
microorganismos, haverá decomposição. O resultado da intensa digestão da matéria orgânica é a liberação
3
Para marcar as curvas de nível, pode-se usar instrumentos simples e fáceis de fazer e trabalhar, como o "pé-de-galinha" e o nível de mangueira
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de elementos químicos que estarão disponíveis para as plantas. As plantas necessitam de elementos
químicos essenciais para sua "alimentação", subdivididos em macronutrientes e micronutrientes. Nem
todos os nutrientes, são obtidos do solo, pois hidrogênio(H) e o oxigênio(O) são do ar e da água. Todavia,
todos estão presentes na matéria orgânica, e tornam-se disponíveis a partir de sua decomposição
(PRIMAVESI, 1984; SIQUEIRA, 1993 e SIQUEIRA, 1994).
A incorporação da matéria orgânica ao solo tem outras importantes vantagens. Segundo KIEHL
(1985), um dos efeitos da matéria orgânica sobre as propriedades físicas do solo, é a redução do impacto
do peso de máquinas grandes, ou melhor, há uma diminuição do efeito da compactação, porque há uma
contribuição para a agregação e estruturação do solo4. A estruturação do solo, é importante para defendêlo contra a erosão, isto porque os agregados, tendo maior tamanho que as partículas que as constituem
(areia, silte e argila), são mais difíceis de serem arrastados pelas enxurradas. Com uma boa agregação no
solo e conseqüente estruturação, há uma relação equilibrada de drenagem, retenção da água e aeração,
pois o solo, possui microporos e macroporos. Nos macroporos, deve estar o ar (O2) e nos microporos, a
água. Desta forma, quando chove ou quando se irriga uma área, a água passa pelos macroporos e
permanece nos microporos. A água dos microporos é que é a água disponível para as plantas e que será
absorvida com os nutrientes que nelas estão (KIEHL, 1985; MARCOS, 1968 e MOZART, s/d).
Outro fator importante do uso da matéria orgânica, é que ela tem a capacidade de ser corretiva da
acidez e controladora da toxidez5. A matéria orgânica humificada contribui para o solo ácido ficar com o pH
mais favorável às plantas, possui também uma propriedade denominada poder tampão, que é a resistência
que uma substância possui contra uma mudança brusca de pH6.Além disso, a matéria orgânica eleva a
superfície específica do solo, ou seja, faz com que o solo adquira uma elevada superfície de exposição. Em
conseqüência, a capacidade de absorção de nutrientes e fornecimento destes às plantas é elevada, além do
aumento da capacidade de retenção de água (PRIMAVESI, s/d).
Com a adubação orgânica, há liberação dos nutrientes aos poucos, não em sua totalidade, pois
ficamalojados nos interstícios da matéria orgânica ainda em transformação e se desprendem pouco a
pouco. Esta liberação segue as diretrizes da mudança na composição química do adubo e obedecem às
necessidades imediatas das raízes. Além disto, os nutrientes não são sumariamente "lavados e carregados"
durante a irrigação, tendo, portanto a vantagem de fornecer o "alimento" das plantas bem dosado e por
mais tempo (KIEHL, 1985 e PRIMAVESI, 1980, 1984 e 1990).
A maioria dos agentes de decomposição está associada naturalmente à matéria orgânica e é
benéfica às plantas, exercendo importantes funções, como a decomposição de resíduos orgânicos e
transformações em nutrientes assimiláveis pelas plantas. A matéria orgânica no solo, favorece o equilíbrio
de microorganismos, e isto é muito importante, pois se houver um desequilíbrio a favor de um
microorganismo, este poderá ser patógeno e causar alguma doença na planta (ALTIERE, 1989).
Pode-se dizer, portanto, que a matéria orgânica atua diretamente na biologia do solo, constituindo
uma fonte de energia e de nutrientes para os organismos que participam de seu ciclo biológico, mantendo
o solo em estado de constante dinamismo e exercendo um importante papel na fertilidade e na
produtividade das terras. Indiretamente, a matéria orgânica atua positivamente no solo por seus efeitos
nas propriedades físicas, químicas e biológicas, melhorando as condições para a vida vegetal. Daí a
justificativa para sua classificação como melhoradora ou condicionadora do solo (RUELLAN, 1998).
4
A matéria orgânica tem função de agente cimentante entre os agregados.
Substância tóxica, é aquela capaz de causar danos às plantas, podendo chegar a causar sua morte. A toxidez pode ser causada p or elevada
5
concentração salina, como também por quantidades relativamente pequenas dos chamados metais pesados. O controle da toxidez, é
geralmente feito pela aplicação de fertilizantes orgânicos devido á propriedade do húmus em fixar, compl exar ou quelar esses elementos.
6
A acidez é um dos fatores que limitam a absorção de nutrientes como o fósforo e o potássio.
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Os produtores agroecológicos atualmente desejam a obtenção adequada de nitrogênio e a
manutenção de altos níveis de matéria orgânica no solo para garantir a máxima produtividade. Acreditam
que a quantidade de matéria orgânica no solo está altamente correlacionada à sua produtividade e ao
controle da erosão. Por isso, eles freqüentemente aplicam esterco e usam adubação verde7 e plantas para
cobertura com o intuito de manter a matéria orgânica do solo. São conclusões sobre o uso da matéria
orgânica por esses agricultores, que elas não agridem as raízes, e não se deixamlevar facilmente pela águas.
Mas é importante destacar que o uso da matéria orgânica na agricultura não é novidade. Desde o homem
primitivo, houve uma procura por terras ricas em matéria orgânica. No Antigo Egito, a terra mais disputada
era aquela situada as margens do Rio Nilo; em determinadas épocas do ano o rio transbordava, levando a
matéria orgânica em suas águas e depositando-as nas áreas inundadas.
Os fenícios no Oriente e os Incas no Ocidente, descobriram que plantando em terraços, impediam
as perdas de terras e matéria orgânica. Os índios Maias na América, ao plantar milho, colocavam um ou
mais peixes nas cova, oferecendo-os aos Deuses; com isso realizavam, uma adubação orgânica com matéria
prima de fácil decomposição e rica em nutrientes (principalmente o fósforo e o nitrogênio). No oriente,a
prática da adubação orgânica realizada pela restituição ao solo dos restos de cultura e pela incorporação de
estercos e camas animais, vem sendo realizada há muitos séculos. Na Velha Roma, os filósofos deixaram
escrito que algumas práticas agrícolas, tais como, "estercação", calagem, adubação verde, rotação de
culturas e cobertura morta eram comuns (KIEHL, 1985). Para que ocorra um equilíbrio no agroecossistema,
a diversificação e a interação de espécies animais e vegetais é de extrema importância, sendo que a
ausência de qualquer um de seus componentes pode acarretar um desequilíbrio ecológico. Uma outra
vantagem da diversificação é que ocorre a ciclagem de nutrientes entre as diferentes espécies, e o
conseqüente aproveitamento máximo dos recursos naturais. A diversificação de espécies em um
agroecossistema pode ser feita pela rotação e consórcio de culturas, barreiras vegetais, adubação verde,
integração da produção animal à vegetal e agrofloresta (DOVER, 1992).
A rotação de culturas consiste em um planejamento racional de plantações diversas, alterando a
distribuição no terreno em certa ordem e por determinado tempo. Por serem plantas diferentes, possuem
sistemas radiculares que penetram na terra em busca de água e nutrientes em diferentes profundidades de
horizontes, removendo-os (GLIESMAN, 1996a). O consórcio de culturas é o plantio de diferentes espécies
vegetais, simultaneamente sobre uma mesma área. Além da associação entre cultivos comerciais, o
consórcio pode ser feito também com leguminosas para adubo verde e cultivos comerciais. As plantas
podem interferir uma sobre as outras, seja de forma positiva, estimulando a velocidade de crescimento,
aumentando o tamanho e a qualidade dos frutos, e a resistência à pragas e doenças, ou negativa, inibindo
ou retardando o crescimento. Estas interferências ocorrem por meio da secreção das raízes, exsudação ou
decomposição das folhas, disputa das raízes por um mesmo nível de solo, ou disputa por luminosidade. O
consórcio de culturas pode contribuir no controle de pragas por meio do uso de plantas "iscas"8 preferidas
pelos insetos, que aí se concentrarão, facilitando seu extermínio. Ou, ainda, pelo plantio de vegetais
repelentes a determinados insetos, principalmente ervas aromáticas (ALTIERE, 1989 e GLIESMAN, 1996b).
O vento resseca o solo e pode quebrar as plantas, ou parte delas. Para proteger a plantação do
vento, além da cobertura do solo, faz-se barreiras com plantas vivas, normalmente de porte alto. Estas
barreiras são chamadas de quebra-vento, pois direcionam o vento para cima, não deixando passar rasteiro.
Pode-se fazer barreiras com árvores que servem como adubo verde e lenha (leucena, angico, acácia), com
7
A adubação verde é a incorporação, ao solo de matéria vegetal verde oriunda de plantas de diversas famílias, cultivadas para este fim.
Faz-se normalmente adubação verde com plantas leguminosas, gramíneas e crucíferas, porém as mais estudadas e utilizadas são as
leguminosas. A leguminosa ainda tem uma grande vantagem, elas facilmente se associam simbioticamente com bactérias conhecidas como
Rhizobhium (ou rizóbio), que absorvem o nitrogênio do ar e depois fixam-no ao solo.
8
Plantas iscas podem ser aquelas consideradas "daninhas", que são normalmente eliminadas pelos herbicidas ou retiradas pela capina.
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frutíferas (banana, goiaba, laranja) e com plantas que o gado pode se alimentar (guandu, cana-de-açucar,
leucena). Outras importantes vantagens da barreira vegetal é que ela pode ser uma barreira para
determinadas doenças de plantas e pragas e usada a sua "poda" para adubar a terra (em compostos e
cobertura
morta).
A adubação verde, além de fazer parte da diversificação de um agroecossitema, é um excelente
adubo, pois além de proteger o solo, pode ser a ele incorporado. Quando a adubação verde é feita com
leguminosas sua associação com bactérias do gênero Rhizobium, proporciona a fixação de nitrogênio do ar
no solo, reduzindo dramaticamente o consumo de adubo sintético nitrogenado, e por conseqüênciaa
poluição do solo e água (LEONARDOS, 1998). A integração da produção animal à vegetal em um
agroecossistema é fundamental, pois os restos vegetais podem alimentar os animais e seu esterco e urina
podem ser utilizados como adubo de alta qualidade. Mas a produção animal em sistema agroecológico
deve levar em conta algumas questões, tais como o não confinamento do gado, diversificação de ração, uso
de rações produzidas na propriedade sem hormônios e antibióticos, rotação de pastagens e medicina
veterinária preventiva e natural (PRIMAVESI, 1985 e VENEGAS, 1996).
Um outro manejo extremamente importante da agroecologia é a agrofloresta. Segundo Amador
(1999), os sistemas agroflorestais são formas de manejo da terra em que as espécies agrícolas e florestais
são plantadas e manejadas em associação, segundo os princípios da dinâmica natural dos ecossistemas.
Representam a interface entre a agricultura e a floresta, e otimizam a produção por meio da conservação
do potencial produtivo dos recursos naturais. Os princípios do manejo agroflorestal incluem o
conhecimento das características ecológicas e funcionais das espécies, a diversidade e a alta densidade de
plantas, a poda, a capina seletiva e a participação humana e animal na dinâmica das agroflorestas. São
sistemas regenerativos e análogos aos sistemas naturais, com grande potencial de aliar a conservação
ambiental à produção e viabilidade econômica, representando uma aproximação real do ideal da
sustentabilidade (AMADOR, 1999). Existe umcaminho para reduzir a população de organismos prejudiciais,
ao nível em que ela já não representa uma preocupação, nem é capaz de causar prejuízo. Este caminho é o
controle biológico, também simplesmente referido como biocontrole, que é o uso deliberado de
organismos benéficos (agentes) contra organismos prejudiciais (alvos). É, portanto, a disseminação de
inimigos naturais contra pragas ou ervas daninhas específicas. Insetos, bactérias, vírus, protozoários, fungos
nematóides, ácaros e insetos e até mesmo sapos e aves insetívoras podem ser utilizados no controle
biológico .
O controle biológico introduz um fator decisivo de mortalidade, capaz de fazer com que a
população de pragas retorne à sua situação primária, ou seja, em níveis populacionais não prejudiciais. Um
projeto de biocontrole não tem o objetivo de reintroduzir toda a complexidade e a diversidade do habitat
natural, mas sim introduzir um ou alguns agentes fundamentais que proporcionem alta mortalidade às
pragas específicas. O controle biológico clássico envolve essencialmente a pesquisa para identificar inimigos
naturais no seu ambiente nativo, onde eles estão exercendo uma pressão reguladora importante sobre a
praga. Estes inimigos naturais são coletados e enviados ao país ou região onde, na sua ausência, a praga se
dissemina de forma explosiva. Aí, então, existe o problema de não ser sustentável, pois está se importando
o inimigo natural. Além do custo, corre-se o risco de, ao se introduzir uma determinada espécie criar um
outro tipo de desequilíbrio.
A erradicação de uma praga é considerada ambiciosa e raramente é conseguida. Além disso, um
inimigo natural que eliminasse completamente a sua presa ficaria sem alimento, consequentemente,
também se extinguiria. É mais desejável reduzir a população da praga a números que não signifiquem uma
preocupação, permitindo que alguns indivíduos persistam para garantir a sobrevivência dos organismos
controladores. Assim, esses organismos mantêm a sua população e impedem que a praga volte a assumir
níveis prejudiciais. Quando o agroecossistema está em equilíbrio este tipo de condição acontece por que
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todas as populações de organismos, na natureza, sofrem restrições que impedem seu crescimento
ilimitado. Tais restrições podem acontecer por efeitos independentes do tamanho das populações sobre as
quais eles agem, ou seja, fatores independentes da densidade ou por fatores dependentes da densidade
(ALTIERE, 1989).
Nas comunidades naturais, existe uma rede de interações entre indivíduos de uma espécie (intraespecífica) e interespecífica. A competição intra-específica por recursos limitados de alimento e espaço
pode restringir uma população a um limite máximo de crescimento. Em comunidades naturais, tanto a
competição inter como intra-específicas desempenham papel regulador muito importante (PRIMAVESI,
1988 e LIEBMAN, 1997). Espécies diferentes, com necessidades semelhantes de recursos e pouco flexíveis,
vão revelar um grau mais elevado de competição, juntamente com a influência de inimigos naturais,
determinando o tamanho relativo das populações. Estas espécies que coexistem, cada uma com sua
própria história quanto à seleção natural, constituem as comunidades naturais. Dentro destas
comunidades, os tipos de espécies presentes e sua abundância são relativamente constantes de um ano
para outro.
Por outro lado quando o solo é arado e uma nova e única cultura é introduzida, o habitat é alterado
drasticamente. Novas condições são apresentadas a cada indivíduo e estas podem ser favoráveis ou não.
Muitas espécies de animais e plantas desaparecem, enquanto outras são instantaneamente estimuladas a
crescer por causa dos recursos abundantes e do espaço aberto. A ausência de inimigos naturais, e a
competição reduzida de indivíduos de outras espécies, permitem que esta nova população se expanda
rapidamente. Por exemplo, uma planta pode disseminar-se pelo solo, competindo com a cultura e este
comportamento a qualifica como erva daninha ou um animal que em outras circunstâncias seria inofensivo
aumenta em número drasticamente, tornando-se praga (PRIMAVESI, 1984).
A conservação de todos os inimigos naturais é essencial, principalmente quando são nativos. Por
isto é extremamente importante a adoção de métodos agrícolas que estimulem estes inimigos naturais,
assim como banir o uso de inseticidas. O mais interessante é que haja no agroecossistema um equilíbrio
entre as presas e os predadores para que o controle seja natural. Em certas ocasiões, um inimigo natural
nativo ou exótico aparece sem a influência do homem e este fator é eficaz para o controle de uma praga, a
este fenômeno se dá o nome decontrole biológico fortuito. Este tipo de controle acontece com muita
frequência, quando o agroecossistema está equilibrado (ALTIERE, 1989).
O manejo agroecológico favorece os processos naturais e as interações biológicas positivas,
possibilitando que a biodiversidade nos agroecossistemas subsidie a fertilidade dos solos, a proteção dos
cultivos contra enfermidades e pragas. Melhor dizendo, por meio de diversificação espacial e temporal do
sistema de produção e do manejo ecológico dos solos, sustenta-se em seu interior um equilíbrio e uma
"infra-estrutura ecológica" que otimiza sinergias entre os seus diferentes componentes, diminuindo a
necessidade do aporte de insumos externos. Por exemplo, se existe diversidade de insetos benéficos
(predadores e parasitóides) nos sistemas produtivos, será menor a possibilidade de desenvolvimento de
pragas, eliminando a necessidade de uso de inseticidas. Se o solo for biologicamente ativo, potencializa-se
sobremaneira o processo de ciclagem de nutrientes, minimizando a necessidade de fertilizantes sintéticos.
A tecnologia utilizada nos sistemas agroecológicosé multifuncional na medida em que promove efeitos
ecológicos positivos, tanto no que se refere à manutenção de bons níveis de produtividade quanto à
conservação dos recursos naturais, de forma a garantir a sua sustentabilidade ecológica (PETERSEN, 1999 e
REIJNTES, 1994).
A tecnologia agroecológica busca alternativas energéticas que não poluam, como por exemplo a
energia solar, a energia da força da água e do vento, pois tem um custo mais baixo (pelo menos, a médio e
longo prazos) e não polui. Desta forma, pode-se afirmar, que é uma agricultura que tem, a médio e longo
prazos, a capacidade de baixar custos. Além disso, as florestas, os rios e o lixo orgânico, no enfoque
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agroecológico, são encarados como úteis e necessários para a propriedade. As florestas são fornecedoras
de matéria prima (lenha, madeira e frutos), auxiliando também na manutenção do equilíbrio ecológico e
paisagístico. Os rios são fontes de água, peixes e lazer. O lixo orgânico pode ser transformado facilmente na
propriedade em adubo de alta qualidade. Os praticantes da agroecologia buscam ainda produzir sua
própria semente agroecológica (mais conhecida como semente orgânica), já que as comerciais, em sua
larga maioria são melhoradas geneticamente para somente obter alta produtividade com o uso de todos os
itens do "Pacote da Revolução Verde". Outro importante motivo de se produzir as próprias sementes, é a
independência que o agricultor ou sua forma organizativa adquire em relação às grandes empresas do
setor (SHIVA, 1991; BERTRAND, 1991; CASADO, 1997; ZAPATA, 1997 e SCHAFFER, s/d). A agroecologia não
só oferece produtos mais saudáveis e nutritivos, mas também não polui o meio ambiente, preservando os
recursos naturais e sendo claramente mais sustentável do que os sistemas convencionais.
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