ID: 61746526
07-11-2015
Tiragem: 33573
Pág: 12
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 10,66 x 30,44 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
De visita à urgência
do Santo António, ministro
diz que aprendeu “com
os erros do passado”
Saúde
Alexandra Campos
Novo ministro da Saúde
lamenta que Catarina
Martins se esteja a
comportar como
“primeira-ministra”
Foi uma cena inesperada: uma doente que aguardava há horas deitada
numa maca num corredor foi beijada
pelo novo ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, que quis inteirarse do seu estado e conversou com
ela durante alguns minutos, fazendo parar a enorme comitiva que o
acompanhava numa visita ao Serviço de Urgência do hospital de Santo
António, no Porto.
Ainda não chegou o frio nem a epidemia de gripe, mas a urgência do
grande hospital do Porto já estava repleta de doentes em macas. Enquanto conferia com o administrador do
centro hospitalar os planos delineados para acudir a uma procura acima
do normal — “mais dez camas para
internamento a somar a outras sete e
ainda mais 36”, se isso for necessário
—, Leal da Costa reafirma o seu desejo de que este Inverno corra “tudo
bem” ou mesmo “muito melhor” do
que aconteceu no anterior. Se, além
das camas extras previstas, ainda se
verificar “uma necessidade extrema”, serão contratualizadas mais
com a Santa Casa da Misericórdia,
adianta.
“Fomos capazes de aprender com
os erros do passado”, admite o governante, que foi duramente criticado
quando em Abril (era então secretário de Estado adjunto do ministro
Paulo Macedo) comentou uma reportagem televisiva — que mostrava
15 serviços de urgência com doentes
em macas amontoados em espaços
reduzidos e com escassos profissionais de saúde —, considerando que
as imagens confirmavam a sua opinião de que estes serviços funcionam
muito bem.
A urgência do Santo António “tem
algumas dificuldades em termos de
retenção de doentes” como outras
têm, por serem “pequenas”, reconheceu ontem. Mas recordou que,
para o próximo Inverno, já foram
pensadas várias medidas, tudo para agilizar a resposta dos serviços e
evitar o caos verificado no Inverno
passado. Um exemplo: as administrações regionais de saúde têm instruções para alargar o horário de
atendimento dos centros de saúde.
Mas Leal da Costa quis aproveitar a
ocasião para deixar um apelo aos
portugueses: “Vão desejavelmente
ao médico de família”, de forma a
não criarem uma “pressão” desnecessária nas urgências hospitalares.
No final da visita, interpelado pelos
jornalistas, explicou por que motivo
foi retirado do programa do Governo
ontem apresentado no Parlamento
o processo de “devolução” de vários
hospitais às misericórdias, como o
Bloco de Esquerda reclamava, e porque se estabeleceu a meta de abrir
pelo menos 100 unidades de saúde
familiar, como o PS estipulava no seu
programa eleitoral. “Em qualquer
conversação que será necessário estabelecer com forças da oposição há
a necessidade de inteligentemente
estabelecermos compromissos”, enfatizou. E lamentou que a líder do
Bloco de Esquerda, Catarina Martins,
se esteja a comportar como se fosse
“primeira-ministra de um Governo
que não sabemos se vai acontecer”.
Mas isso, concluiu, é “um problema
do PS”.
NELSON GARRIDO
Leal da Costa visitou ontem as urgências do Santo António
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De visita à urgência do Santo António, ministro diz que aprendeu