Vulnerabilidade dos Aquíferos Caturrita e Passo das Tropas no
Munícipio de Santa Maria - RS
Rinaldo J. B. Pinheiro
UFSM, Santa Maria, Brasil, [email protected]
Andréa V. Nummer 2
UFSM, Santa Maria, Brasil, [email protected]
Ana Carla Rauber 3
UFSM, Santa Maria, Brasil, [email protected]
José Luiz Silvério da Silva 4
UFSM, Santa Maria, Brasil, [email protected]
RESUMO: O diagnóstico ambiental urbano visa subsidiar os municípios na tomada de decisão
perante a preservação dos recursos naturais. Especificamente este trabalho estuda o aspecto
ambiental urbano do meio físico. A área de estudo é a Carta das Unidades Geotécnicas de Maciel
Filho (1990) do município de Santa Maria, localizado na Depressão Central do Estado do Rio
Grande do Sul. A metodologia de pesquisa teve inicio com estudos de escritório através de
pesquisas pré-existentes; da aplicação de ferramentas de geoprocessamento com o uso do software
Spring 4.2 para a elaboração dos mapas temáticos e cartogramas; da identificação e caracterização
das unidades geotécnicas. O estudo do Índice vulnerabilidade natural dos aqüíferos pelo método
“GOD” de Foster e Hirata (1988) e Foster et al. (2003) com a utilização de dados de 36 poços. A
espacialização dos poços tubulares e dos locais dos ensaios de condutividade hidráulica na carta das
unidades geotécnicas. Avaliou-se a superfície potenciométrica associada aos cartogramas de
vulnerabilidade e aos pontos potenciais de contaminação através do programa SURFER 8.0
adotando-se o interpolador Krigagem matemática. Para o Índice de vulnerabilidade natural dos
aqüíferos obteve-se 4 classes (insignificante, baixa, média e alta). Do total de poços analisados 11
foram classificados de média a alta vulnerabilidade situados ao sul e norte da carta de unidades
geotécnicas de Santa Maria. Foram identificados 35 postos de combustíveis, 6 cemitérios e algumas
áreas de depósitos de lixo. A maioria das fontes potenciais de contaminação são pontuais e estão
inseridas em áreas bastante susceptíveis a poluição dos solos e dos aqüíferos. A metodologia
proposta apresentou-se viável e forneceu subsídios para o estudo do meio físico.
PALAVRAS-CHAVE: Vulnerabilidade, unidades geotécnicas, fontes de contaminação
1
INTRODUÇÃO
O conhecimento das características geotécnicas
e hidrogeológicas de uma determinada região
são de fundamental importância para a
execução de diagnósticos do meio físico,
principalmente em área urbanas, onde situam-se
as principais fontes potenciais de poluição, que
degradam os recursos naturais devido as
atividades antrópicas.
A contaminação de aqüíferos tem se tornado
um dos problemas mais preocupantes nas
questões de gestão dos recursos hídricos
subterrâneos, visto que são considerados
reservatórios estratégicos para a humanidade
(Cutrim e Campos, 2010).
Segundo Cutrim e Campos (2010) nos países
desenvolvidos para evitar a contaminação dos
aqüíferos são tomadas medidas preventivas,
pois uma vez contaminado, a recuperação pode
ser extremamente difícil e onerosa. No entanto,
para adotar medidas preventivas é necessário
conhecer a vulnerabilidade à contaminação do
aqüífero, o que torna a aplicação de métodos de
avaliação de vulnerabilidade uma prática
comum e de grande contribuição
Existem vários métodos para avaliar ou
mapear a vulnerabilidade natural de aqüíferos
quanto ao risco de contaminação. Dentre eles
destacam-se entre os mais utilizados o modelo
“DRASTIC” de Aller et al. (1985), que se
constitui num sistema padronizado a partir de
dados decodificados em planos de informações
e é um dos índices de vulnerabilidade mais
difundidos atualmente. Já o modelo “GOD” de
Foster e Hirata (1993) e Foster et al. (2002)
trata da vulnerabilidade geral.
Neste trabalho é aplicada a metodologia
GOD. Os principais aqüíferos na região são o
Caturrita e o Passo das Tropas.
2
sedimentação de arenitos eólicos foi seguido, no
inicio do Cretáceo, por extensa atividade
vulcânica relacionada à abertura do Atlântico
Sul, o que recobriu parcialmente essa seqüência
sedimentar
de
forma
transgressiva
inicialmente com derrames de lavas básicas e
posteriormente com lavas acidas (Sartori,
2009). As rochas vulcânicas formam derrames
sucessivos de lavas originados durante o
mesozóico que recobriu a Bacia Sedimentar
Intracratônica do Paraná. As rochas mais
antigas encontradas no município correspondem
a um pacote de rochas sedimentares Triássicas.
ÁREA DE ESTUDO
Santa Maria encontra-se situada no centro
geográfico do Estado do Rio Grande do Sul,
com uma área de 1.780km2, e altitude média de
113m em relação ao nível do mar. Situa-se a
aproximadamente 290km da capital do estado
Porto Alegre, com 263.403 mil habitantes fixos
e 30.000 mil habitantes flutuantes, sendo que,
cerca de 95% desta população encontra-se na
zona urbana (Figura 1).
2.1
Geologia e Hidrogeologia
Santa Maria apresenta seu substrato formado
por rochas sedimentares, além de rochas de
origem vulcânica em menor quantidade. As
rochas sedimentares representam os vários
ciclos deposicionais em área continental, com
variações definidas pelas diferentes fáceis nas
seqüências de mesma idade e por trocas
climáticas nas seqüências de idades diferentes
(Oliveira, 2004). Esta sequência sedimentar está
representada por uma sequência de camadas
vermelhas depositadas em ambientes fluvial e
lacustre alternados. Após um longo período de
erosão continental (Jurássico), o ambiente
desértico estabelecido e iniciado com a
Figura 1. Localização do munícipio de Santa Maria
As unidades estratigráficas que interessam à
geologia local são as Formações: Sanga do
Cabral, Santa Maria, Caturrita, Botucatu e Serra
Geral. A Tabela 1 apresenta uma síntese da
história natural de Santa Maria, com as
litologias, condições hidrogeológicas e formas
do relevo (adaptado de Sartori, 2009).
Tabela 1. Síntese da história natural de Santa Maria (adaptado de Sartori, 2009)
Formação geológica
Litologia
Condições hidrogeológicas
Areia grossa, média e
Aqüífero contínuo, livre, de
Depósitos de Aluvião
fina. Cascalho na zona de grande extensão, vulnerável
encosta
a poluição
Conglomerado, arenito,
Aqüíferos irregulares, livres.
Terraços Fluviais e Patamares com silte e argila.
Poços de pequena
Depósitos de coluvião de
profundidade
encosta da serra.
Seqüência Derrames de vitófiro e
Aqüífero de fissura. Fontes
Ácida
granófiro, de coposição
nas zonas de fraturamento
Formação Serra Superior
riodacítica e riolítica.
horizontal, nas vertentes dos
Geral
morros
Seqüência Derrames de basalto e
Aqüífero, em zonas de
Básica
andesito tholeíticos.
fratura, constituindo fontes.
Inferior
Soleiras de diabásio
Arenito médio a fino
Não se comporta como
Formação Botucatu
eólico
aqüífero.
Formação Caturrita
Membro
Alemoa
Formação Santa
Maria
Membro
Passo das
Tropas
Formação Sanga do Cabral
Arenito médio a fino, com
camadas de siltito
argiloso, em direção ao
topo.
Siltito argiloso vermelho.
Maciço, com lentes
arenosas.
Arenito fino a médio,
conglomerático na base,
feldspático, com
intercalações de siltito e
pelito.
Arenito fino, com
intercalações de pelito e
siltito.
Segundo Sutili et al (2009) a análise da rede
de drenagem de Santa Maria permite identificar
duas peculiaridades. Uma delas é o fato de que
o município não é cortado por nenhum curso de
água digno de nota. O Vacacaí, maior rio
existente na região, não atravessa o território
municipal, delimitando apenas sua fronteira sul,
enquanto o Vacacaí-Mirim e o Arroio Cadena,
ambos situados integralmente na área do
município, não têm as características de um
grande rio.
2.2
Solos
O município de Santa Maria caracteriza-se por
apresentar significativa diversidade de solos.
Segundo Pedron et al. (2006), os argissolos,
planossolos, gleissolos e neossolos são os que
mais se destacam na região, tendo uma grande
Aqüífero contínuo livre
(5m3/h), bastante poluído.
Aquiclude impermeável
Aqüífero continuo livre (3,5
a 10m3/h) na área de
afloramento, e confinado
(30 a 60m3/h) para o norte.
Aquiclude com baixas
vazões (3m3/h)
Forma do relevo
Planícies aluviais dos
arroios e dos rios
Terraços de algumas
coxilhas e Patamares.
Topo de morro e
cerros.
Morros e topo de
morros
Parte média das
vertentes e morros
testemunhos
Coxilhas alongadas
mais altas do que as
da Formação Santa
Maria.
Coxillhas, algumas
com ravinas e
voçorocas nas
vertentes
Coxilhas ao sul
Coxilhas no centrosul
variabilidade
nas
suas
características
mineralógicas, químicas, físicas e morfológicas.
No Rebordo do Planalto encontram-se os
neossolos nas áreas de relevo ondulado a
escarpado. No topo dos morros ocorrem
associações
de neossolos, cambissolos,
chernossolos e argissolos vermelhos. No terço
médio inferior do rebordo, predominam os
argissolos. Na Depressão Central, onde situa-se
grande parte da área urbana da cidade,
predominam nas áreas bem drenadas no terço
superior, das coxilhas sedimentates os
argissolos vermelho e vermelho-amarelo.
Nestas mesmas coxilhas, no terço inferior
aparecem os argissolos amarelos, acizentados e
Bruno-acinzentados. Nas várzeas fluviais
predominam os planossolos, em geral,
associados aos gleissolos e neossolos (Dalmolin
e Pedron, 2009).
3
MATERIAIS E MÉTODOS
Segundo Cutrim e Campos (2010), o método
GOD proposto por Foster et al. (2002) é
amplamente aplicado nos países da América
Latina em virtude do seu bom desempenho,
menor custo e maior facilidade de obtenção das
informações nele utilizadas.
A avaliação da vulnerabilidade da água
subterrânea através da metodologia GOD,
envolve três etapas, conforme Figura 2. Esta
figura representa um diagrama da combinação
de três valores atribuídos conforme a situação
de cada um dos parâmetros descritos.
O tipo de aqüífero (G) considera os tipos de
ocorrência de aqüífero (livre, semi-confinado e
confinado), e que cada um destes reflete o nível
de contanto do aqüífero com a superfície do
terreno. Portanto, o modo de ocorrência do
aqüífero tem uma forte correlação com o seu
grau de vulnerabilidade natural. Este parâmetro
avaliado na metodologia aos aqüíferos varia
entre zero (surgente) a 1,0 (não-confinado).
Sendo o valor 1,0 indicativo de maior risco de
contaminação. Neste trabalho este parâmetro foi
obtido com base na formação geológica onde
localiza-se cada poço e através da análise do
perfil litológico disponível dos poços
cadastrados no SIAGAS.
A litologia e o grau de consolidação da zona
vadosa ou camadas confinantes (O) tem a ver
com o solo e a litologia acima da zona saturada
do aqüífero. Este parâmetro tem a ver com o
tempo de deslocamento dos contaminantes e os
vários processos de atenuação. O solo
corresponde à parte da zona vadosa onde estão
localizadas as raízes das plantas. Cada tipo de
solo tem uma capacidade de atenuação (Cutrim
e Campos, 2010). Os tipos de solos na área de
estudo foram identificados através do mapa de
solos de Pedron et al (2006). A litologia situada
acima da zona saturada do aqupifero contribui
com a capacidade de atenuação desse meio. As
notas atribuídas a esse parâmetro variam de 0,4
a 1,0, sendo que 0,4 representa a situação de
menor risco de contaminação e 1,0 o maior
risco. Para atribuir a nota baseou-se no trabalho
de Maciel Filho (1990) e Sartori (2009) em suas
descrições litológicas.
As informações geológicas de subsuperfície
foram obtidas de descrições de perfis
geológicos da CPRM (1994) e atualizadas no
SIAGAS (2008). Também se considerou as
informações do Mapa Hidrogeológico da Folha
de Santa Maria (1:100.000) do ano de 1994 e do
Mapa Hidrogeológico do Estado CPRM (2006).
A profundidade da água no aqüífero (D) é o
ultimo parâmetro, que corresponde à
profundidade que o contaminante terá que
percorres para alcançar a zona saturada do
aqüífero (Cutrim e Campos, 2010). O valor do
nível estático foi obtido diretamente no cadastro
de usuários de poços subterrâneos SIAGAS
(2008), os poços que não apresentaram valores
de nível estático foram descartados. Foram
selecionados dentro da área de estudo 36 poços
tubulares, os quais apresentavam todos os
parâmetros necessários para a execução do
método GOD, cuja nota é atribuída de acordo
com o nível estático do poço, e confere valores
entre 0,6 e 1,0. Sendo 0,6 considerado como
menor risco de contaminação (>50m a distância
ao nível de água subterrânea ou ao teto do
aqüífero) e 0,9 maior risco de contaminação,
pois quanto mais raso menor é a espessura de
rochas para o contaminante atravessar, logo
maior a vulnerabilidade.
Para a obtenção do índice de vulnerabilidade
foi realizado o produto entre os três valores, ou
seja, G*O*D. Após esta fase, classificou-se o
índice de vulnerabilidade de acordo com as
classes de vulnerabilidades existentes na
metodologia, sendo elas: Insignificante (0,0 a
0,1); Baixa (0,1 a 0,3); Média (0,3 a 0,5); Alta
(0,5 a 0,7); Extrema (0,7 a 1,0).
As fontes potenciais de contaminação na área
de Santa Maria foram classificadas de acordo
com o método POSH (Pollutant Origin and its
Surcharge Hydraulically) de Foster et al.
(2002). O método classifica as fontes em três
níveis qualitativos de geração de carga
contaminante (reduzida, moderada e elevada).
Esta classficação leva em consideração o tipo
de atividade, sua capacidade geradora de
contaminante e a carga hidráulica associada.
Figura 2. Avaliação da vulnerabilidade, metodologia GOD (Foster et al., 2002)
4
RESULTADOS
A Figura 3 apresenta a espacialização dos 36
poços tubulares na carta de unidades
geotécnicas de Santa Maria.
Do total de poços cadastrados na área de
estudo 18 estão penetrantes na Formação Santa
Maria Membro Alemoa, 11 na Formação
Caturrita, 3 na Formação Santa Maria Passo das
Tropas, 2 na Formação Sanga do Cabral
(Rosário do Sul) e 2 em Basaltos e Diabásio
Serra Geral. A Formação Santa Maria é que
abrange maior superfície exposta dentro da área
de estudo, portanto, comporta o maior número
de poços.
Na área de estudo para o parâmetro grau de
confinamento (G), foram encontrados três tipos
de aqüíferos (confinados, semi-confinados e
livres).
Para aqüíferos semi-confinados é
atribuído um valor de G = 0,4; para aqüíferos
confinados este valor é G = 0,2 e o valor G = 1
para aqüíferos não confinados ou livres. Estes
valores foram atribuídos com base na formação
geológica penetrada por cada poço, e também
com base em alguns perfis de poços disponíveis
no SIAGAS. A maioria dos poços estudados
encontra-se em aqüíferos semi-confinados.
Estes
aqüíferos
apresentam
camadas
interdigitadas com composição argilosa-siltosa
de baixa permeabilidade e espessuras variáveis
em função dos paleoambientes deposicionais.
Os valores atribuídos para o substrato
litológico (O) foi obtido na análise de cada
poço estudado (ocorrência litológicas e grau de
consolidação da zona não saturada ou camadas
confinantes) com base na formação a qual estão
inseridos, e também em perfis de poços
disponíveis no SIAGAS. Observa-se que mais
de 50% dos poços foi atribuído para O = 0,65,
pois os mesmos apresentam frações tanto de
silte quanto de areia.
Para verificar a distância da superfície do
terreno ao nível da água subterrânea (D),
baseou-se na informação da altura do nível
estático dos poços cadastrados no SIAGAS.
Encontrou-se uma variação significativa da
altura do nível estático dos poços (<5m e
>50m), que ocasionou valores deste parâmetro
variando entre D = 0,6 e D = 0,9. Salienta-se
que quanto mais raso for o nível da água maior
é o risco de contaminação a partir de uma carga
imposta na superfície do terreno, portanto nota
mais elevada.
Figura 3. Espacialização dos poços tubulares e dos
ensaios de condutividade hidráulica (Rauber, 2009)
A determinação do índice de vulnerabilidade
foi obtida pela multiplicação destes 3
parâmetros. Os valores encontrados variaram
desde 0,07 a 0,63 (faixa de vulnerabilidade
insignificante a alta). Na área de estudo das 5
classes possíveis quanto ao grau de
vulnerabilidade
natural
dos
aqüíferos
apresentou 4 (Insignificante, Baixa, Média e
Alta). Não apresentando nenhum poço com
vulnerabilidade extrema.
A Figura 4 apresenta a espacialização das
classes de vulnerabilidade utilizando o
programa SURFER 8.0. Analisando-se esta
figura, nota-se que 15 poços estão inseridos na
classe de vulnerabilidade insignificante, 10
poços na classe alta e 11 poços na classe de
vulnerabilidade baixa. Ao comparar as classes
de vulnerabilidade natural dos aqüíferos com a
localização dos poços na carta das Unidades
Geotécnicas de Maciel Filho (1990),
confirmam-se as descrições geológicas e
hidrogeológicas da área de estudo.
Os poços localizados na classe de
vulnerabilidade
insignificante
apresentam
características conforme descritas na Formação
Santa Maria - Membro Alemoa, sendo a mesma
descrita como uma camada impermeável na
parte superior, composta por siltitos argilosos
maciços e arenitos argilosos. Devido aos
arenitos argilosos a formação também é
classificada como semipermeável em sua parte
inferior. Segundo Pinheiro et al (2011) os
resultados dos ensaios de condutividade
hidráulica nesta unidade geotécnica (SMA)
também confirmam as características de
material praticamente impermeável. Segundo
Maciel Filho (1990) esta unidade é considerada
um Aquiclude, isto é, reserva água, mas não
transmite (baixo coeficiente de permeabilidade).
Ao confrontar a classe de vulnerabilidade
alta demonstrada na Figura 4, com a carta de
unidade geotécnicas (Figura 3), percebe-se que
os poços inseridos que apresentam alta
vulnerabilidade estão em maior concentração na
Formação Caturrita (aquífero Caturrita), e em
menor proporção na Formação Santa Maria –
Passo das Tropas. A formação Caturrita
apresenta-se com um aquífero com camadas
semi-permeáveis e impermeáveis, e a formação
Santa Maria – Passo das Tropas com um
aqúifero livre e permeável, variando de acordo
com o material encontrado no depósito
sedimentar. Os poços localizados diretamente
sobre esta formação apresentam lençol livre, e
com uma ocorrência litológica que não
protegem o aquífero, tendo uma vulnerabilidade
elevada.
Os poços enquandrados na classe de
vulnerabilidade baixa foram encontrados em
várias formações, dentre elas: Caturrita, Santa
Maria (Alemoa e Passo das Tropas) e Sanga do
Cabral.
Figura 4. Cartograma do índice de vulnerabilidade natural dos aqüíferos com as principais fontes de contaminação
As fontes potenciais de contaminação
urbanas abordadas nesta pesquisa foram: 35
postos de combustíveis, 6 cemitérios e 4
depósitos de lixo. Salienta-se que existem
muitas outras fontes no município de Santa
Maria, mas optou-se pelo levantamento
somente destas três, pois são significativas na
área de estudo, e apresentam-se em maior
volume. Não se considerou os esgotos, os lavaà-jato, oficinas mecânicas e o distrito industrial
Analisando ainda o cartograma (Figura 4)
nota-e que 19 postos de combustiveis estão
localizados na classe de vulnerabiliade baixa, 8
posto na classe de vulnerabilidade média, 7
postos na classe de vulnerabiliade insignificante
e somente 1 na classe de vulnerabilidade alta.
Com relação aos 6 cemitérios instalados na
Folha de santa Maria, 4 estão sobre a Formação
Santa Maria membro Alemoa, portanto,
impermeável. Inserem-se nas classes de
vulnerabilidade insignificante e baixa, mas em
função da carga contaminante imposta, os
cemitérios podem representar risco de
degradação do meio ambiente.
Outra fonte de poluição existente no
município de Santa Maria são as áreas
clandestinas de depósitos de lixo. O município
de Santa Maria possui outras fontes de poluição
urbana, além daquelas apresentadas nesta
pesquisa. Sugere-se, portanto que sejam
realizadas pesquisas sobre as oficinas
mecânicas,
o
distrito
industrial,
e
principalmente saneamento básico (esgoto). Em
2004 no município apenas 30% dos esgotos
estavam ligados à rede coletora e eram tratados,
tendo o restante um destino incerto. Os
frigoríficos e os abatedouros, tanto de bovinos,
suínos e aves também merecem destaque, pois,
existem 17 estabelecimentos agroindustriais em
Santa Maria, alguns com esterqueiras com
diferentes graus de eficiência.
5
CONCLUSÕES
Neste trabalho, pode-se demonstrar, através dos
mapas temáticos apresentados, que o uso de
ferramentas de geoprocessamento, como os
sistemas de informações geográficas (SIGs)
tornaram-se uma ferramenta básica de
planejamento, facilitando a análise espacial de
dados e auxiliando na tomada de decisões.
O método “GOD” para a verificação do
índice de vulnerabilidade natural dos aqüíferos,
foi bastante eficiente, possibilitando a
verificação da vulnerabilidade em toda a área da
Folha de Santa Maria. A faixa de
vulnerabilidade variou de insignificante (0,07) a
alta (0,63). Observou-se no cartograma de
vulnerabilidade que a classe de vulnerabilidade
alta compreende a área da Formação Santa
Maria - Passo das Tropas, a qual é caracterizada
como permeável.
Assim conclui-se que os objetivos da
pesquisa foram atingidos obtendo-se uma
espacialização de vários parâmetros os quais
servirão de subsídios aos órgãos gestores
ambientais.
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Download

Vulnerabilidade dos Aquíferos Caturrita e Passo