Modelação do Aqüífero Bauru em São José do Rio Preto – SP,
através do Método de Elementos Finitos
Edson Wendland
Departamento de Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São Carlos,
USP
Caixa Postal 359, São Carlos-SP, 13560-970
E-mail: [email protected]
Jefferson Nascimento de Oliveira
Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira,
UNESP
Alameda Bahia, 550, Ilha Solteira-SP, 15385-000
E-mail: [email protected]
A água subterrânea é de suma importância no
noroeste do Estado de São Paulo, principalmente
com relação ao abastecimento público, no qual
representa cerca de 70% do total do recurso hídrico
aduzido. Na área urbana da cidade de São José do
Rio Preto, com cerca de 360.000 habitantes, o
Sistema Aqüífero Bauru apresenta sinais de
exaustão, decorrente da super-explotação desse
recurso. A fim de se obter um maior conhecimento a
respeito do comportamento hidráulico do aqüífero,
foi construído um modelo computacional de fluxo.
Tendo em vista a complexidade da área de estudo,
caracterizada pela grande quantidade de poços de
produção (aproximadamente 600) e por interrelações existentes entre os fluxos de água
subterrânea e superficial, foi utilizado o pacote
computacional SICK 100, desenvolvido na School
of Civil Engineering da Ruhr-Universität Bochum
para a construção do modelo. Este programa é
baseado no Método de Elementos Finitos e permite
a simulação de modelos de fluxo de alta
complexidade sob plataforma LINUX. A área total
simulada no modelo foi de 227.8 km2, para a qual
foi gerada uma malha de 27970 elementos
contabilizando 17433 nós. O modelo base foi
ajustado por tentativas, a fim de adequar as entradas
do modelo aos possíveis resultados esperados, uma
vez que já se tinha um conhecimento prévio da
distribuição de cargas hidráulicas na região de
estudo. Nesse processo buscou-se calibrar o modelo
de forma determinística, fundamentando as decisões
em critérios de plausibilidade hidrogeológica.
A situação de São José do Rio Preto indica que o
sistema superficial (rios e lagos) é o principal
responsável pelo transporte do volume de água
necessário na região central da cidade. Em conseqüência,
o tempo de permanência da água no subsolo é muito
mais curto, não permitindo um processo completo de
purificação. A carga obtida numericamente variou de 560
m, nas cabeceiras, a 410 m, no centro da cidade, onde a
retirada de água subterrânea é intensa, em função da alta
concentração de poços. A proximidade dos poços resulta
em fenômeno de interferência de cones de rebaixamento.
Como conseqüência, a energia essencial para a elevação
da água é desnecessariamente alta. Os menores valores
apresentados para o potencial hidráulico calculado estão
na região situada entre os córregos Borá e Canela, faixa
compreendida entre as avenidas Alberto Andaló e Bady
Bassit. Neste caso, tais valores ocorreram devido à
exploração excessiva da água subterrânea. Os dois
córregos que atravessam a zona central da cidade, de
acordo com o SeMAE, encontram-se canalizados e
impermeabilizados em praticamente toda sua extensão.
Essa situação não permite a recarga do aqüífero através
do leito dos rios. Visando a elaboração de prognoses do
comportamento futuro do aqüífero, foram propostos dois
cenários extremos de stress, um com a redução da taxa de
recarga e o outro com a ampliação da área urbanizada.
Os resultados obtidos indicaram que haveria um colapso
na produção dos poços na região central da área
urbanizada. Consequentemente devem ser adotadas
políticas de conservação e monitoramento do recurso
hídrico subterrâneo, pelos órgãos oficiais para que se
possa garantir o abastecimento público.
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