OS POLÉMICOS NÚMEROS DA CRIMINALIDADE EM PORTUGAL (PJ com 63% de êxito na resolução de casos de homicídio) - O Governo anunciou que a participação da criminalidade violenta e grave diminuiu no ano passado, face a 2008, em 0,6 por cento. No entanto, há indicadores que parecem dar razão às diversas associações e sindicatos policiais, que não acreditam nesta diminuição. É que, de acordo com o documento, nos crimes classificados como contra as pessoas (homicídios, violações, raptos, sequestros, entre outros) e nos crimes designados por contra a vida em sociedade (condução sob o efeito de álcool, contrafacção e passagem de moeda e ainda o fogo posto, entre muito outros) também se verificaram aumentos. No primeiro caso, o acréscimo foi de 0,8 por cento (mais 740 participações), mas no segundo o aumento é bem mais significativo, atingindo os 11,1 por cento (de 47.010 participações passou-se para 52.214). A criminalidade violenta e grave, de acordo com os dados constantes do RASI, representou 5,8 por cento do total participado (PSP, GNR e PJ). Ao todo foram 24.163 as participações apresentadas, ou seja, apenas menos 154 do que em 2008, que foi o ano com mais queixas. Entre os crimes considerados violentos e graves assumem particular destaque o furto e roubo por esticão (5011 casos), o roubo na via pública (10.710 casos) e um item designado por outros roubos (3924 casos). No total, representam 81,3 por cento deste género de criminalidade, onde também se incluem 144 homicídios voluntários consumados, 536 situações de rapto, sequestro e tomada de reféns e 375 violações. O ano que passou ficou igualmente marcado por uma diminuição significativa das apreensões de droga. Considerando as mais comuns (haxixe, cocaína, heroína e ecstasy), conclui-se que em quase todas elas houve diminuição. A excepção foi a heroína. O haxixe, por exemplo, passou de mais de 61 toneladas em 2008 para pouco menos de 23 toneladas em 2009. Também os valores relativos à cocaína se cifram em quase metade do ano anterior (2679 quilos contra 4838), enquanto o ecstasy passou de 73.638 comprimidos apreendidos para apenas 8987. As apreensões de heroína subiram de modo significativo, facto que pode revelar uma nova rota de distribuição. Enquanto em 2008 foram detectados cerca de 68 quilos, no ano passado a quantidade passou para mais de 128 quilos. Mesmo havendo diminuição das apreensões, a verdade é que as detenções subiram em 18,7 por cento, passando de 4082 para 4847 pessoas. No ano passado, apreenderam-se 1539 armas em Portugal, o que deu uma média diária de quatro. No mesmo período foram assassinadas 144 pessoas (apenas menos uma do que em 2008). Destas, quase metade (49 por cento) foram vítimas de disparos. As estatísticas referem que a maior parte dos homicidas (81 por cento) são homens e que nos casos investigados (66 por cento) agiram sozinhos. Também mais de metade das vítimas (78 por cento) foram do sexo masculino. Os crimes em que se detectou parentesco entre o autor e a vítima correspondem a cerca de um terço do total. Depois das armas de fogo, surgem na lista como mais utilizados as armas brancas. São quase residuais as mortes causadas devido ao emprego da força física, da utilização de instrumentos de trabalho, venenos ou asfixia. A investigação dos homicídios é uma tarefa que está entregue à PJ. No ano que passou, esta polícia resolveu com êxito 63,65 por cento dos casos investigados; alguns deles já haviam transitado de anos anteriores. Não surpreende, por isso, que em 144 homicídios voluntários consumados tenha sido registado um número bem superior de detenções - 186. A utilização de armas de fogo é cada vez mais frequente na prática de crimes. O RASI diz que nos 93 roubos em ourivesarias registados, as pistolas, caçadeiras ou revólveres foram exibidos em 78,5 por cento das situações. Esta tendência também ficou vincada nos assaltos a postos de abastecimento, com 73,5 por cento das 337 ocorrências envolvendo armas.