Quarta-feira
6 Janeiro 2010
Profissionais do sector
fazem balanço do ano
que passou e antecipam
o que aí vem
2 • Público Imobiliário • Quarta-feira 6 Janeiro 2010
Abertura
O PÚBLICO
Imobiliário faz,
nesta primeira
edição de 2010,
um balanço do
Manuel Puig, director-geral da Jones Lang LaSalle, diz que 2009
ano que passou
foi um “ano desafiante” e que “será prematuro antecipar uma retoma
e perspectiva
do mercado imobiliário” em 2010
os 12 meses que
tencionam aproveitar um conjunto
Rui Pedro Lopes
se seguem no
de oportunidades de compra que
PÚBLICO Imobiliário – Que
antes não estavam disponíveis
calendário. Várias balanço faz do ano 2009?
no mercado. No mercado de
Manuel Puig – Em termos gerais,
escritórios a quebra da actividade
personalidades
foi um ano desafiante, que exigiu
das empresas que constituem a
repensar a estratégia e uma
procura de espaços, afectará as
ligadas ao
adaptação às novas circunstâncias
taxas de absorção, mantendo-se
do mercado. Falamos de um
em níveis muito semelhantes aos
mercado
mercado onde a maior parte dos
verificados este ano, com uma
players sentiu as dificuldades
estabilização dos níveis de rendas
provocadas pelo clima de recessão
praticados, embora possa sentirimobiliário
económica que afectou praticamente
se algum reajustamento em baixa
totalidade dos sectores da
durante o primeiro semestre. No
nacional deixam aeconomia,
com o resultante
mercado de retalho, poderão sentirsentimento de maior cautela nas
se alguns sinais de retoma, embora
aqui as suas
decisões e um maior controlo de
muito modestos. Uma vez que se
Entre outras consequências,
sente uma maior determinação
impressões sobre custos.
destacam-se a retracção da
entre os lojistas – que reagiram de
na maior parte dos sectores, excepto
a nível dos ocupantes, a
forma imediata à retracção que se
dos nossos clientes, que, na grande
o comportamento procura
no mercado de investimento, onde,
descida importante do volume de
verificou no consumo e conseguiram
maioria, sentiu dificuldades neste
embora, de uma forma modesta,
investimento aplicado pelos FII, que
adaptar os seus negócios às novas
período de crise. Por outro lado,
do sector, e das
se manterá o ritmo de crescimento
registaram dificuldades de liquidez
circunstâncias – em retomarem os
desenvolvemos um maior esforço
iniciado no segundo semestre deste
e financiamento; além do facto dos
seus planos de expansão. Mas o
para conseguir obter o mesmo nível
empresas que
ano, provocado pela reabertura
promotores terem colocado em
sentimento dominante continuará
de resultados que conseguiríamos
das linhas de financiamento para
by um número significativo de
a ser de prudência com as rendas a
em circunstâncias normais de
lideram, durante stand
os investidores imobiliários, com o
projectos.
manterem-se nos níveis praticados
mercado. Por isso mesmo, esta crise
consequente aumento da liquidez,
durante este ano e com o poder
De que forma é que a actual
económica que afectou o imobiliário
o ano passado
o que permitirá concretizar um
de negociação ainda do lado dos
crise financeira e económica têm
não pode ser encarada como um
volume significativamente superior
retalhistas. A modificação dos
acondicionado a actividade da
factor negativo na sua totalidade:
e antecipam as
sua empresa?
hábitos de consumo e das estratégias
interferiu com todos os players e essa de operações às realizadas em
2009. Há factores animadores
Por um lado, ao nível da readaptação reacção trouxe novas oportunidades
de compra dos consumidores
como o regresso dos investidores
levará a que os promotores tentem
com a implementação de novas
principais linhas dos serviços prestados pelos
internacionais e o aumento das
diferentes departamentos às novas
desenvolver conjuntos comerciais
formas de actuação.
subscrições de alguns fundos
circunstâncias de mercado, tentando Quais são as expectativas que têm
mais apelativos e adequados à nova
orientadoras do
imobiliários portugueses que
ir ao encontro das necessidades
realidade de mercado.
para 2010?
Para 2010 será prematuro antecipar
que poderá vir
uma retoma do mercado imobiliário
a ser 2010. Para
já, uma coisa é
certa – as opiniões “Para a Viva In 2009 foi um ano para semear”
divergem entre os
Quais são as expectativas que têm
Durante o ano de 2009 fomos
diversos agentes. Pedro Farinha
para 2010?
confrontados com duas realidades:
“Crise económica trouxe
novas oportunidades”
PÚBLICO Imobiliário – Que
balanço faz do ano de 2009?
Lucília Cruz Pinto – Foi o primeiro
ano da Viva In Portugal e por essa
razão seria sempre um ano difícil e
um grande desafio. Antevíamos as
normais dificuldades de início de
actividade e a conjuntura conturbada
não nos poupou, porém, sentimos
o estímulo de ao estar a trabalhar
em contra ciclo fortalecermos a
imagem da empresa e das relações
com o mercado. O sector que
trabalhamos foi afectado e continua
em grande contenção, pois depende
da recuperação económica e de
confiança dos países mais ricos
da Europa que tradicionalmente
investem neste mercado de 2.ª
habitação em Portugal.
De que forma é que a actual
crise financeira e económica tem
condicionado a actividade da sua
empresa?
Em primeiro lugar, lançar e
implementar uma nova ferramenta
de promoção de Portugal como
destino de investimento em 2.ª
habitação, utilizando como principal
meio uma plataforma Web; e em
segundo lugar, reinventarmo-nos
a cada momento com iniciativas
diferenciadas de fácil disseminação
no universo web de forma a
atingirmos os objectivos traçados
antes da crise acontecer. Foi um ano
de grande esforço comercial com
resultados modestos. Diria que para
a Viva In foi um ano para semear,
com a convicção de que o trabalho
realizado e que continuamos
empenhadamente a desenvolver
possa trazer benefícios para os
nossos associados, a empresa e para
o sector.
Relativamente à Viva In, a
expectativa é a de continuidade
do trabalho desenvolvido durante
2009 com algumas novidades no
que diz respeito aos serviços que
oferecemos aos nossos clientes,
nomeadamente através de uma
parceria internacional que nos
permitirá contribuir para uma
maior competitividade dos nossos
promotores e respectivos produtos
no mercado global. Esperamos que
2010 seja um ano de consolidação
desta nova realidade, isto é, que
quem está no mercado possa
crescer de forma sustentada. No
nosso sector importa a retoma da
confiança no sistema financeiro,
mesmo assumindo a “redução dos
níveis de rentabilidade do sector
para valores mais normais”, como
declarou o Governador do Banco de
Portugal.
Público Imobiliário • Quarta-feira 6 Janeiro 2010 • 3
Mercados
Fogos em Coimbra com valores
de 1.436 €/m2
Os dados estatísticos Confidencial
Imobiliário/LardoceLar.com revelam
que a região do Centro, detinha cerca
de 65 mil alojamentos em stock final no
2º trimestre de 2009. Os alojamentos
usados dominam a oferta imobiliária
desta região, representando 52% do total de fogos disponíveis. Uma das características, que se destaca da análise
do mercado habitacional desta região,
consiste na grande dispersão da oferta
pelos diversos concelhos que a compõem. Coimbra e Condeixa-a-Nova têm
12% da oferta total da região.
Os fogos novos na região Centro
têm um valor médio de 1.142 €/m2, no
segmento de mercado de alojamentos
usados o valor médio não ultrapassa
980 €/m2. Neste caso a excepção é re-
presentada por Condeixa-a-Nova, que
concentra, aproximadamente, 10% da
oferta de usados da região Centro com
um valor médio em oferta de 1.315 €/
m2. A oferta de alojamentos novos em
Coimbra representa 53% do mercado
imobiliário no conjunto do concelho.
Os andares dominam a oferta, constituindo 75% da composição do mercado
habitacional, com os andares novos a
representarem mais de metade dessa
oferta.
O valor médio da oferta no concelho
de Coimbra, no 2º trimestre de 2009,
foi de 1.436 €/m2. Analisando os valores
por segmentos de mercado, verifica-se
que nos fogos novos o valor médio atingiu 1.544 €/m2, enquanto que nos alojamentos usados esse valor foi de 1.315
Mercado Habitacional Continente · Valor Médio/m2 da Oferta
€/m2. Os andares T4 ou superiores são
aqueles que atingem valores mais elevados, sendo seguidos pelos andares T1
ou inferiores, que em ambos os casos
estão acima de 1.800 €/m2.
A distribuição geográfica da oferta
habitacional no concelho pauta-se por
uma elevada concentração. A freguesia de Santo António dos Olivais detém
40% da oferta de fogos novos, que em
conjunto com Santa Clara, perfazem
mais de metade da oferta concelhia
do segmento de mercado de novos.
A freguesia de São Bartolomeu concentra 42% da oferta de fogos usados,
que acompanhado pela freguesia de
Santa Cruz, representam 55% da oferta
do segmento de fogos usados do concelho.
A Algarve
1 743 €
B AM Lisboa
1 643 €
C AM Porto
1 251 €
D Alentej0
1 224 €
E Centro
1 058 €
› 1 600 €
1 600 € ‹·› 1 200 €
1 200 € ‹·› 1 000 €
B
‹ 1 000 €
D
A
·
·
·
INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA
E DE RESEARCH, COBRINDO
PORTUGAL E ESPANHA
www.ci-iberica.com
·
·
96
—
·
·
·
·
·
·
·
·
· > 2006
· > 2007
· > 2008
· > 2009
Índice Confidencial Imobiliário (2005 = 100)
12%
8%
8%
4%
4%
0%
0%
-4%
-4%
·
104
100
12%
·
108
·
Infografia Confidencial Imobiliário
Fonte Ci/LardoceLar.com
Continente Por estado de uso (2005=100)
JFMAMJJASONDJFMAMJJASONDJFMAMJJASONDJFMAMJJAS
112
E
954 €
F Norte
2009: 2º Trimestre
Índice Confidencial Imobiliário
F
C
—
Taxa de Variação Homóloga
—
JFMAMJJASONDJFMAMJJASONDJFMAMJJASONDJFMAMJJAS
·
·
·
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·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
· > 2006
· > 2007
· > 2008
· > 2009
12%
8%
4%
Taxa de Variação Homóloga — Novos (2005 = 100)
—
0%
-4%
Taxa de Variação Homóloga — Usados
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4 • Público Imobiliário • Quarta-feira 6 Janeiro 2010
Opinião
Lei da mediação não pode ser incompatível com a mediação
O
Luís Lima
ante-projecto de diploma legal que reúne, num
único texto, os vários modelos das actividades
do sector é “incompatível” com a mediação imobiliária, por força, passe o trocadilho, do rol de
actividades consideradas incompatíveis com o exercício das
actividades de mediação e angariação imobiliárias.
As actividades mais atingidas são as de “avaliação
imobiliária”, as de “intermediação ou agenciamento
de contratos bancários, de crédito, financeiros ou
equiparados, ou de contratos de seguro” e “consultoria
ou aconselhamento sobre produtos bancários ou
financeiros”… Trocando por miúdos, a mediação
imobiliária ficaria impedida de dizer a quem a
procurasse para mediar a venda de um imóvel, o valor
que, supostamente, tal imóvel poderá valer no Mercado.
Isto apesar das legítimas e justas expectativas sobre
as alterações que iriam ser propostas nestas matérias,
expectativas que a mediação imobiliária acalenta,
tendo em conta o consensual entendimento quanto
ao âmbito da nossa actividade, que deverá contemplar
processos de assessoria à transmissão de direitos reais,
de qualidade e valor acrescentado, tais como a prestação
de serviços de agenciamento de crédito imobiliário,
nomeadamente, na área da habitação, a avaliação por
métodos diferenciados dos respectivos imóveis, entre
outros, que devem ser considerados indispensáveis à
boa conclusão da transacção imobiliária mediada, em
vez de incompatíveis com a mediação imobiliária.
Como tenho tido a oportunidade de sublinhar, a
proposta agora apresentada configura um retrocesso
inesperadíssimo e até injusto para um grupo de
empresários e de profissionais que se batem pela
dignificação da profissão, e se evidenciam na tarefa de
colocar esta actividade ao serviço da Economia Nacional
na defesa dos interesses do público consumidor.
Estou seguro que esta tentativa de inverter o
processo histórico, nasce da acção de forças de
pressão poderosas que teimam, apesar de legalmente
inexistentes, em negar o estatuto de maioridade que
a mediação imobiliária já alcançou, numa tentativa
desesperada para manter condições que lhes facilitem
a possibilidade de ensaiarem processos de mediação
ilícita.
A esperada e necessária revisão da legislação que
tutela a mediação imobiliária tem, pelo contrário, de
contemplar o salto qualitativo que o mercado requer
e para o qual a mediação imobiliária está já preparada e
não um retrocesso. A futura legislação sobre mediação
não pode ser incompatível com a mediação.
Presidente da APEMIP
[email protected]
Onde poderemos ter uma “mãozinha”
C
Luís Mário
Nunes
erca de meio milhão de imóveis estarão no mercado de compra e venda, prevendo-se cerca de três
anos de actividade normal para que tal produto
seja escoado”.
Serão 500 mil? 300 mil imóveis? Na verdade, certezas
ninguém as terá, mas que existem, existem!
Muitos destes imóveis estarão no mercado à venda,
mas a preços que impossibilitam a….venda, facto que me
leva a concluir que estão à venda, mas não….para venda!
Hoje, com o valor actual dos indexantes associados ao
crédito habitação, sentimos que o consumidor português
se está, novamente, a voltar para a compra. No entanto,
focalizemo-nos! O problema não está na prestação, mas
sim no valor de entrada e nas exigências que as entidades
financeiras colocam na aprovação de um financiamento.
O problema não advém da capacidade geradora de
fluxos mensais para fazer face ao encargo, mas sim da
capacidade de ter ou não capital próprio para a entrada
inicial.
Os interessados continuam a ter que ir viver para
algum lado. Se não conseguem comprar, é necessário
poderem arrendar.
Esta mudança de atitude é urgente e irá “aquecer” o
mercado imobiliário.
O que ouvimos no mercado é que “quantos mais
imóveis tenha para arrendar, mais arrendarei. Há
escassez de oferta neste segmento!”.
Curioso! Comecei estas linhas dando a entender
vivermos excessos de oferta no sector imobiliário e
agora termino, partilhando que há um segmento deste
mercado que vive de escassez de oferta e/ou excesso de
procura.
Os comuns manuais de economia exigem-nos que
adequemos estas realidades e que nos profissionalizemos
naquilo que o mercado nos pede.
Esta profissionalização passa, em grande parte, por
serem criadas as condições de segurança e garantia do
cumprimento dos contratos de arrendamento. O NRAU
de 2006 deu passos importantes nesta credibilização,
permitindo que os proprietários reclamem a dívida após
3 meses. Mas todos sabemos quantos mais meses e/ou
anos terão que aguardar até terem o problema resolvido.
Senhor Primeiro-Ministro, agora que se debate com
o importante desafio de elaborar e apresentar um novo
Orçamento de Estado - talvez dos mais difíceis - o qual
terá que assentar em plataformas de entendimento
parlamentar, peço-lhe em nome do sector imobiliário:
Crie ou permita os mecanismos necessários a uma célere
resolução judicial dos eventuais incidentes com os
contratos de arrendamento.
Quem sabe, ”simplesmente” permitindo que
elementos da autoridade tenham capacidade
executória da acção de despejo dos não cumpridores,
possibilitando que, rapidamente, o imóvel passe a ser e
dar rendibilidade.
Por outro lado, ouvir o Sr Trichet dizer que a Banca
“apenas” aproveitou 60% dos fundos disponibilizados
pelos Estados para que as Instituições Financeiras
efectuassem a limpeza dos, então conhecidos como,
produtos tóxicos, acentuando que “os bancos europeus
devem acelerar o seu processo de recapitalização para
fazerem o que devem: emprestar dinheiro à economia”,
deixou-me triste.
Eu que sou um simples e pequeníssimo player de toda
a cadeia de valor do imobiliário, sinto-me desiludido a
ouvir tais afirmações. Fundamentalmente quando todos
temos presente o quanto é pertinente o apoio financeiro
da banca para garantir a transacção imobiliária.
Todos comentamos que a grande fatia do negócio
imobiliário carece do tradicional empréstimo à habitação
e todos sentidos diariamente o quanto os bancos estão
mais selectivos e exigentes. Custa-me e, acredito,
custará a muito boa gente ouvir esta tão importante
personalidade dizer que os bancos não estão a aproveitar
o que poderiam para ajudar à dinamização da economia
real.
Para além de muito mais exigente na decisão de
crédito, a Banca tende a pretender que o cliente
comprador partilhe o risco da operação, reduzindo,
paulatinamente, os valores emprestados face aos
valores de avaliação dos imóveis. Como disse de inicio…
“O problema não advém da capacidade geradora de
fluxos mensais para fazer face ao encargo, mas sim da
capacidade de ter ou não capital próprio para a entrada
inicial”.
Também aqui, Sr Primeiro-Ministro, o Estado pode
e tem que dar uma ajuda. Se a Banca exige partilha do
risco, então porque não criar mecanismos nos quais
o próprio Estado se substitui ao comprador e assume,
juntamente com o Banco, parte do risco da operação.
Chame-lhe, um seguro, chame-lhe o que considerar mais
conveniente, mas apresente uma solução que permita
que o negócio imobiliário não fique pela……avaliação!
Estas duas “mãozinhas” irão, certamente, ajudar o
sector imobiliário; seja permitindo que investidores e
proprietários olhem para o sub-sector do arrendamento
como uma alternativa de rendibilidade e liquidez mensal,
seja dinamizando a compra e venda de imobiliário.
Director-Geral ComprarCasa – Rede Imobiliária da Apemip
Público Imobiliário • Quarta-feira 6 Janeiro 2010 • 5
Actualidade
E
20
o
ÓBIDOS
iv
us
l
xc
Design Resort, Leisure, Golf & SPA
(Bom Sucesso)
anos
Pedro Farinha
João Cunha,
administrador desta rede
imobiliária, mostrouse satisfeito com os
resultados alcançados e
está confiante para 2010
PÚBLICO Imobiliário – Que
balanço faz do ano de 2009?
João Cunha – Foi um ano muito
diferente de todos os outros e
durante o qual tivemos que adoptar
novos métodos de gestão para
fazer face a diversas mudanças na
economia e nos comportamentos de
consumo. Viveu-se um período de
retracção no que respeita à procura,
particularmente no segmento de
imóveis novos. A diminuição na
concessão de crédito à habitação,
fortemente gerada por falta de
liquidez na banca e fruto da grave
crise financeira mundial de 2008,
contribuiu para um menor volume
de transacções no mercado. No
entanto, a partir do 2.º trimestre
assistimos a uma realidade bastante
diferente. Tornou-se visível um
maior índice de confiança no
mercado em geral e a banca
voltou a definir como prioritário o
produto crédito à habitação. E se
acrescentarmos o facto de a taxas
de juro terem ficado aos mais baixos
níveis de sempre, ficámos perante
um clima propício a uma nova e
positiva dinâmica.
De que forma é que a actual
crise financeira e económica tem
condicionado a actividade da sua
empresa?
Inevitavelmente abrandámos o
nosso ritmo de crescimento e
tivemos que proceder a muitos
ajustes, redefinição de objectivos
e novas alocações de recursos.
No entanto, consideramos que a
Square tem conseguido manter uma
actividade sustentável, na medida
em que a rede tem assegurado um
crescimento de negócios na ordem
dos 30 por cento, estimando-se
encerrar o ano com mais de 1.700
transacções de imóveis. Para
estes resultados, muito contribuiu
o facto de o segundo semestre
se ter revelado mais dinâmico
em termos económicos e a rede
Square ter procedido a tempo às
adaptações necessárias a uma nova
realidade económica e social. Como
forma de reconhecimento desta
sustentabilidade, é de destacar o
facto de a Square ter sido a marca,
a operar em Portugal em sistema de
franchising, que registou a maior
subida no ranking do IIF (Instituto
de Informação em Franchising – 1.º
semestre 2009), com uma subida de
17 posições.
Quais são as expectativas que têm
para 2010?
Creio que o mercado imobiliário
vai assistir à consolidação
das tendências registadas nos
últimos tempos. O fenómeno do
arrendamento abrandou o seu ritmo
de crescimento mas demonstrou
o seu potencial no volume de
negócios da mediação imobiliária.
No que respeita à compra e venda
de imóveis estaremos perante
duas realidades bastante distintas:
o mercado de imóveis usados e
o mercado de imóveis novos. O
mercado de imóveis usados retomou
uma forte dinâmica nos últimos
meses, fundamentalmente pelo
facto de os produtos financeiros
actuais e os níveis das taxas de
juro estarem bastante atractivos.
Temos defendido que o valor dos
imóveis usados está equilibrado
no mercado nacional, no entanto
a contracção registada na procura
continuará a gerar naturalmente
algumas baixas de valor em casos
de maior urgência na concretização
da venda. Quanto aos imóveis novos
é notório que estão algo distantes
das necessidades do mercado,
na medida em que o factor preço
e a localização, por vezes pouco
atractiva, condicionam bastante a
sua competitividade comercial. De
um modo geral, há que tomar em
consideração que existe hoje um
fenómeno de procura um pouco
diferente daquele que caracterizou
o mercado imobiliário nos últimos
anos. À semelhança de quase todos
os actos de consumo/compra, o
cliente está hoje bastante mais
sensível para o chamado ‘good
value for money’, ou seja, sustenta
bastante mais as suas decisões com
base no valor real de mercado do
bem, em detrimento de outros
factores mais subjectivos. Sente-se
mesmo que a decisão é bastante
mais racional, as ‘decisões de
paixão’ diminuíram bastante. Esta é
uma excelente altura para aquisição
e em particular para projectos
de reabilitação urbana. Aliás, é
considerado um dos melhores
investimentos do momento pelo
efectivo retorno que gerará a médio
prazo. Os cenários económicos
de retracção são conhecidos
por proporcionarem excelentes
oportunidades para quem estiver
comprador. Vive-se efectivamente
um momento em que o comprador
tem mais poder negocial que em
momentos de expansão económica.
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6 • Público Imobiliário • Quarta-feira 6 Janeiro 2010
Actualidade
“2009 foi o ano mais difícil para o mundo
imobiliário dos tempos modernos”
Rui Pedro Lopes
Eric Van Leuven, directorgeral da Cushman &
Wakefield em Portugal,
considera que se verificou
“uma grande retracção
por parte dos utilizadores
do imobiliário”. 2010 não
será um ano fácil
PÚBLICO Imobiliário – Que
balanço faz do ano de 2009?
Eric Van Leuven – Foi o ano mais
difícil para o mundo imobiliário
dos tempos modernos! Verificouse uma grande retracção por parte
dos utilizadores do imobiliário,
nomeadamente na ocupação
de escritórios (para metade de
2008) e de lojas; curiosamente o
mercado industrial conheceu algum
aumento de actividade. Quanto ao
investimento, esteve totalmente
parado durante a primeira metade
do ano, mas realizaram-se algumas
operações desde então, embora
quase que exclusivamente entre
fundos portugueses. Os investidores
estrangeiros estiveram atentos e com
interesse especial em edifícios prime
(bem localizados, bem arrendados,
com contratos de longo prazo) mas
a escassez deste produto específico
fez com que tenham acabado por
não concretizar aquisições.
De que forma é que a actual crise
financeira e económica está a
condicionar a vossa actividade?
A rentabilidade da operação da
Cushman & Wakefield foi positiva
e semelhante à do ano passado. A
origem da receita é que se alterou,
na medida em que os departamentos
de prestação de serviços (avaliação,
gestão de imóveis, gestão de
projectos e research & consultoria –
menos vulneráveis à crise do que os
departamentos de transacções), são
já responsáveis por mais de metade
da nossa facturação. Sobretudo
em avaliações e gestão de imóveis
a Cushman & Wakefield ganhou
claramente quota de mercado. Por
outro lado, e em contra-ciclo, o
nosso departamento de escritórios
teve um dos seus melhores anos de
sempre (muito graças à colocação na
íntegra da Torre Oriente e algumas
outras operações de relevo), e a
equipa industrial obteve também
resultados muito positivos.
Quais são as expectativas que têm
para 2010?
No terceiro trimestre de 2009
parecia que os sinais da retoma se
começavam a consolidar mas os
recentes ‘casos’ Dubai, Grécia e o
problema geral da consolidação
das contas públicas da maioria
dos países europeus, reduziram
a esperança de uma recuperação
sustentada. Acresce no caso de
Portugal uma situação política
frágil e uma taxa de desemprego
que não pára de aumentar,
afectando a confiança de empresas
e consumidores. Tudo isto
reflecte-se de forma negativa na
actividade imobiliária. Por outro
lado, podemos encontrar alguma
consolação no facto de não haver
um grande excesso de oferta na
maioria dos sectores do imobiliário
para terciário, e que os valores se
têm mantido relativamente estáveis
ao longo dos últimos anos, pelo
que, não tendo havido um boom
de preços insustentáveis, não está
a haver uma queda de grandes
proporções, quando comparado
por exemplo com Espanha ou Reino
Unido.
“Acreditamos numa melhoria significativa
do desempenho dos mercados”
Rui Pedro Lopes
PÚBLICO Imobiliário – Que
balanço faz do ano de 2009?
Paulo Silva – 2009 foi um ano
extremamente difícil dadas as
restrições apresentadas aos agentes
económicos e a falta de confiança
dos operadores. Em praticamente
todos os segmentos do mercado
imobiliário registou-se uma
quebra dos níveis de actividade: o
mercado de escritórios apresentou
uma quebra que se situou em
aproximadamente 50 por cento,
o de investimento estima-se em
20 por cento, retalho e hotelaria
verificaram igualmente quebras,
escapando a esta regra o mercado
da Logística e Industrial, por força
de uma operação extraordinária
que por si só representou um takeup de 112.000 m². As características
(geográficas) periféricas do nosso
mercado, o enquadramento de
outros mercados (inglês, francês
e alemão) e a rigidez do nosso
mercado ao ajustamento das
novas condições, contribuíram
para a inexpressiva actividade
de operadores estrangeiros que
encontraram noutros mercados
as condições pretendidas para a
realização das suas intenções de
investimento.
De que forma é que a actual
crise financeira e económica tem
condicionado a actividade da sua
empresa?
A crise financeira e económica
instalou alguma inércia nas
empresas, que, por um lado,
conduziu a uma quebra nos
indicadores de mudança de
instalações, e por outro a um
trabalho de selecção de instalações
inconsequente na medida em
que mais não era que uma
auscultação às condições que
o mercado apresentava com o
objectivo de renegociar rendas. As
expectativas de encaixe por parte
dos proprietários, que tomavam
como pontos de referência
azimutes passados, em muitos
casos estiveram distantes das
dos potenciais ocupantes e/ou
compradores dos espaços, facto
que limitou significativamente a
conclusão de operações. Foi um ano
extremamente difícil de ultrapassar
pela discrepância entre o enorme
trabalho desenvolvido por toda a
equipa, qualitativo e quantitativo, e
os resultados alcançados.
Quais são as expectativas que têm
para 2010?
Acreditamos numa melhoria
significativa do desempenho
dos mercados, sustentada nos
negócios em pipeline que têm
vindo a ser construídos com forte
sustentabilidade nos últimos meses,
reforçados pela confiança acrescida
das entidades com quem temos
vindo a contactar.
Bouygues
Imobiliária
“atravessou ano
com alguma
serenidade”
Pedro Farinha
PÚBLICO Imobiliário – Que
balanço faz do ano de 2009?
Aniceto Viegas – O ano 2009
confirmou que a crise iniciada em
2007 alastrou-se rapidamente e teve
consequências profundas para todos
os segmentos do sector imobiliário.
A Bouygues Imobiliária atravessou
este ano com alguma serenidade
por ter uma dívida muito reduzida e
fruto da sua estratégia prudente em
termos de investimento, estratégia
esta que lhe garante actividade até
2011.
De que forma é que a actual
crise financeira e económica tem
condicionado a actividade da sua
empresa?
A actual crise financeira atingiu
todos os clientes da Bouygues
Imobiliária. Os investidores
institucionais do mercado
imobiliário tiveram que enfrentar
uma situação de fraca liquidez
e consequentemente não
foram capazes de investir. Os
utilizadores de escritórios, perante
a estabilidade económica e as
incertezas, preferiram não mudar
de instalações. Os utilizadores
de retalho abrandaram o seu
desenvolvimento devido à redução
do consumo e à evolução do poder
de compra. O modelo de negócio da
Bouygues Imobiliária permite-lhe
não padecer desta situação a curto
prazo no entanto uma questão se
coloca: qual é evolução dos preços
de arrendamento e de compra nos
próximos anos? Qual é a evolução
do nosso produto? O timing de
posicionamento é essencial e
actualmente ainda não é possível
afirmar peremptoriamente quando
será.
Quais são as expectativas que têm
para 2010?
Tudo indica que o pior da ‘tormenta’
já passou mas o ano 2010 será ainda
um ano difícil durante o qual se
espera os primeiros sinais tímidos
mas firmes de retoma. A Bouygues
Imobiliária levará a cabo o seu
plano de produção dos projectos em
curso o que nos permite viver com
serenidade este período. Teremos
também que iniciar, com cautela,
os investimentos necessários para
assegurar a nossa actividade após
2011.
Público Imobiliário • Quarta-feira 6 Janeiro 2010 • 7
Actualidade
RAR Imobiliária
pretende “continuar
a sua estratégia de
desenvolvimento”
Pedro Farinha
Objectivos definidos por
José António Teixeira,
presidente do Conselho
de Administração da
empresa. Balanço de 2009
é “positivo”
PÚBLICO Imobiliário – Que
balanço faz do ano de 2009?
José António Teixeira – Apesar
da estagnação que se fez sentir
no mercado imobiliário devido à
conjuntura económica actual, para
a RAR Imobiliária o ano de 2009 foi
positivo, pois deveremos apresentar
resultados bastante acima dos
verificados no ano anterior. Dado
que já se começam a sentir alguns
sinais de retoma no mercado
imobiliário, embora ainda ténues,
iremos continuar a investir em novos
projectos e no desenvolvimento
daqueles que temos em curso, aonde
estamos a constatar novamente
grande receptividade por parte
do mercado, nomeadamente no
Edifício do Parque, em Matosinhos,
em que as vendas aumentaram
significativamente no último
trimestre.
De que forma é que a actual
crise financeira e económica tem
condicionado a actividade da sua
empresa?
Independentemente de se estar
a atravessar um período bastante
conturbado neste sector de
actividade, é óbvio que, mesmo em
situações conjunturais normais, o
mercado está, cada vez mais, em
constante mutação. Deste modo
tivemos de nos preparar para
fazer face a esta realidade que é
a de permanente instabilidade e
incerteza sobre o futuro. Para esse
efeito na RAR Imobiliária criamos
um gabinete de Inovação e Design,
o Design Factory, que baseia a sua
actividade no estudo das tendências
da forma de habitar, e suas
implicações na concepção do espaço
interior. Consiste numa investigação
aplicada à valorização dos novos
projectos da empresa, assim como
à prestação de um serviço de
design de interiores personalizado,
exclusivamente dedicado aos
clientes da RAR Imobiliária. O
Design Factory é assim uma fonte
potencial de oportunidades,
estimulando a inovação e a
criatividade em cada projecto
imobiliário. Este gabinete tem como
principais funções o estudo e análise
da evolução e/ou mutação do gosto
e novas tendências socioeconómicas
e culturais do nosso target, ou seja,
futuros lifestyles. Através desta
análise será possível identificar
novos conceitos do habitar e,
simultaneamente, investigar novos
conceitos do produto imobiliário,
que nos permitirão projectar
empreendimentos que, além de
inovadores e diferenciadores,
anteciparão as preferências do
mercado. Uma das outras funções
do Design Factory é assegurar a
pesquisa permanente de novos
materiais e equipamentos, bem
como a utilização/durabilidade/
manutenção dos mesmos. Para
ultrapassar as dificuldades dos
nossos clientes na obtenção de
crédito, celebrámos com uma
instituição financeira um protocolo
com condições de crédito à
habitação únicas no mercado e com
vantagens competitivas e exclusivas
para quem adquirir um apartamento
no empreendimento Edifício do
Parque em Matosinhos.
Quais são as expectativas que têm
para 2010?
Em termos dos projectos em
curso em 2010, a RAR Imobiliária
continuará com a comercialização
do empreendimento Monchique,
no Porto, bem como do Edifício
do Parque, em Matosinhos, que se
encontra em fase de construção.
Dentro das nossas previsões estão
também o arranque da construção e
comercialização do projecto S. José
de Ribamar em Oeiras e a obtenção
da aprovação do licenciamento do
projecto de S. Simão da Junqueira,
em Vila do Conde. Em 2010, a RAR
Imobiliária pretende continuar a sua
estratégia de desenvolvimento que
assenta na qualidade, inovação e
sustentabilidade dos seus projectos,
bem como num serviço de apoio aos
clientes totalmente personalizado
e competente. Na nossa opinião
serão estas linhas orientadoras da
nossa actividade que nos permitirão
criar valor para a empresa, para os
clientes e para a comunidade em
que estamos inseridos.
"O poder s— desgasta
aqueles que n‹o o tm."
Giulio Andreotti
êVEL
ÒA O N H O R
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Il Divo. Um filme envolvente e provocador sobre a vida e o poder de Giulio Andreotti.
Em ÒIl DivoÓ, o reconhecido realizador Paolo Sorrentino oferece-nos um retrato da vida atribulada,
e de certa forma espectacular, do pol’tico italiano Giulio Andreotti. Uma viagem aos seus tempos de
batalhas pol’ticas e dos mœltiplos processos judiciais. Uma vis‹o sat’rica mas comprometida, surrealista
mas, ao mesmo tempo, profunda. Um filme sobre poder. A n‹o perder.
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Profissionais do sector fazem balanço do ano que passou