UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
RODRIGO DA SILVA LIMA
ANÁLISE DE FATORES MOTIVACIONAIS EM INICIANTES À PRÁTICA DE
MUSCULAÇÃO EM ACADEMIA
Florianópolis, 2012.
1
RODRIGO DA SILVA LIMA
ANÁLISE DE FATORES MOTIVACIONAIS EM INICIANTES À PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO
EM ACADEMIA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial
à obtenção do grau de Bacharel
em
Educação
Física
da
Universidade Federal de Santa
Catarina.
Professor
Orientador:
Takase, Dr.
Emilio
Florianópolis, 2012.
2
RODRIGO DA SILVA LIMA
ANÁLISE DE FATORES MOTIVACIONAIS EM INICIANTES À PRÁTICA DE
MUSCULAÇÃO EM ACADEMIA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado como requisito parcial para
obtenção do Título de Bacharel em Educação Física da Universidade Federal de Santa
Catarina, e aprovado em sua forma final pela disciplina TCC 2.
Florianópolis, 04 de Julho de 2012.
Banca Examinadora
________________________
Prof.ª Cintia de La Rocha, Dr.ª.
Membro Examinador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Mario Luiz Couto Barroso, Ms.
Membro Examinador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Rodrigo Ferreira da Rosa
Membro Examinador
Universidade do Estado de Santa Catarina
________________________
Prof. Emilio Takase, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
3
“How happy is the blameless vestal’s lot, the world forgetting, and by the world forgot: Eternal
Sunshine of the Spotless Mind, each prayer is accepted, each wish resign’d.”
Alexander Pope
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AGRADECIMENTOS
Não consigo imaginar uma maneira melhor do que começar os meus agradecimentos do
que agradecendo a Deus, por ter me dado a oportunidade de ganhar dinheiro pra comprar
café/energético/vodka para que eu conseguisse finalmente terminar o meu TCC. Aqueles que
não me conhecem e estão lendo este agradecimento, ele é real, acredite. Deus, que sempre me
deu as coisas mais valiosas (não estas que eu citei anteriormente), como a minha família,
amigos maravilhosos, me deu a chance de experimentar todas as sensações que essa jornada
universitária pode me dar. Portanto, muito obrigado Deus, por tudo que me foi proporcionado.
Olhando para trás, no dia 07 de Agosto de 2007, quando eu deixei os meus pais na
rodoviária, rumo a 12 horas de viagens as quais eu nem consegui dormir (dois dramins não
funcionaram), eu só consigo pensar em quão feliz eu estou por tê-los deixado. Eu, que sempre
fui dono demais das minhas certezas, e que pensava que era uma folha solta correndo a gosto
do vento. Pensava. Vi-me indefeso, e nunca senti tanta a falta do meu porto seguro quanto nos
meus primeiros 20 dias florianopolitanos. Muito obrigado a vocês, meus irmãos, que são a
própria tradução da palavra, e me ligaram para rir, chorar, apenas dizer que amava, e me dar
àquela força quando eu achava que não fosse conseguir. Foi por vocês dois, cada dia em que
eu tive que superar a minha vontade de sumir no mundo, e eu os amo incondicionalmente. Aos
meus pais, que queriam sempre poder ter feito mais e mais por mim. Não se preocupem, vocês
o fizeram, aliás, sempre o fizeram, mesmo quando eu imaturo achava que não. Obrigado pela
educação que me foi dada, por não terem me faltado com as lições valiosas de vida, mesmo
quando eu achava que vocês eram apenas adultos cruéis. Eu cresci e vi que ser adulto é um
saco. Obrigado por me amarem mesmo quando eu era um adolescente insuportável.
Aos meus amigos queridos, primeiro os de Campinas, onde passei a maior parte da
minha vida. Não houve um dia aqui em Florianópolis o qual eu não senti saudade de vocês.
Vocês me conhecem, e sabem que nostalgia é a minha palavra no dicionário, e apesar de
sempre tentar praticar o desapego, é impossível me desapegar daqueles que eu considero “the
days of our lives”. Não dá pra colocar o nome de todos vocês aqui, mas vocês sabem quem
são, e o tamanho do meu amor por cada um de vocês. Gostaria de agradecer um especial, que
fez parte da minha jornada duplamente, em Campinas e em Florianópolis - Sir Rafael de
Queiroz Oliveira – meu amigo mais antigo, meu irmão que a vida me deu, tão irmão, que já
houve briga, já houve festa, já houve choro, já houve (muita) ressaca, quase homicídio e ainda
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assim estamos aqui, há mais de 10 anos. Obrigado por sempre me forçar a ser um ser humano
melhor, por me oferecer o seu ombro quando a vida foi uma vadia comigo, pelas melhores
festas com menos de 10 reais no bolso, por me apresentar a “Terra do Nunca” chamada
Unicamp, e por sempre, sempre me acolher no seu coração, mesmo há 780 km de distância.
Aos meus amigos que esta ilha me deu, não pude ser mais agradecido. Primeiro os da
faculdade, que também são muitos, mesmo aqueles que não foram exatamente da minha
turma. Porém existe uma, que foi a que me aguentou por quatro anos sem reclamar, você Maria
Isabel, obrigado por sempre puxar minha orelha, confiar, torcer, revisar nossos trabalhos, e
nunca, nunca me decepcionar enquanto ser humano. Amo-te “nega”. Gostaria de agradecer ao
curso de Design Gráfico, que aparentemente possui as pessoas mais amadas que estudam ou
já estudaram na UFSC. Kako, Kallani, Tarik, e tantos outros, nem posso mensurar o quanto
pensei em aprender usar o InDesign só para entender o que vocês falavam. Tia Gica, obrigado
pelas noites alucinantes de rock, por ser meu eterno par de valsas, e por me dar o CD que mais
tocou na historia do meu discman hypster. Pedro, obrigado por me proporcionar a chance de se
festejar mesmo quando a vida tinha tudo pra me deixar para baixo. Sem você eu acho que teria
enlouquecido completamente.
Aos meus amigos da AASUFSC, que por dois anos me acolheram e me ensinaram
grande parte do que sei como futuro profissional de Ed. Física, em especial Klaymara, por ser
minha mãe em tempo integral. Aos meus amigos da equipe de Voleibol Masculino da UFSC, os
quais já sinto saudade e eu nem joguei meu último campeonato com vocês, em especial
Mauricio Reck, por ser a “cola” que gruda o papo sério com as risadas dentro de quadra, e
Cassiel, pelos incontáveis papos durante os campeonatos. Meus amigos da Cia Grito de Teatro,
que é a minha segunda casa, aquela que eu vou deixar para trás quando finalmente for embora
daqui. Maria Luisa, Gabriella, Marina e Julia Darela; às duas primeiras, obrigado por serem
sempre incondicionalmente amorosas com o meu humor matinal, e às duas últimas, por
partilharem da minha insanidade, lágrimas e paixão por aquilo que se faz. Obrigado a todos por
me ensinarem tudo que eu sei desta arte linda que eu escolhi para viver.
Obrigado vida, por ter me ensinado tanto neste espaço de tempo. Por ter me dado nas
mãos a oportunidade de ter riscado um sonho da lista, quando muitos morrem sem ter
conseguido ao menos tentar. Fui feliz aqui Florianópolis, muito obrigado.
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RESUMO
LIMA, Rodrigo da Silva. Análise de fatores motivacionais em iniciantes à prática de
musculação em academia. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Educação Física).
Curso de Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.
O objetivo central deste estudo foi verificar entre as seis dimensões motivacionais (Controle de
Estresse, Saúde, Sociabilidade, Competitividade, Estética e Prazer) quais as que mais motivam
iniciantes à prática de musculação como prática regular de Atividade Física e/ou Esportivas.
Aplicou-se o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física, o IMPRAF-54
(BALBINOTTI ; BARBOSA, 2008). A amostra foi composta por 47 indivíduos iniciantes à prática
de musculação na academia AASSUFSC (Associação Atlética dos Servidores da UFSC).
Constatou-se que com relação a variável Sexo, a dimensão que mais motiva os indivíduos é a
Saúde, seguida das dimensões Prazer e Estética para homens, e Estética e Prazer paras
mulheres, sendo as dimensões Controle de Estresse, Sociabilização e Competitividade as
menos motivadoras. Com relação a variável Grupos de Idades (Adolescentes 18 – 20 anos,
Jovens Adultos 21 – 40 anos), a Saúde é a dimensão que mais motiva ambos os grupos,
seguida do Prazer, Estética e Controle do Estresse para o grupo de adolescentes, e Controle do
Estresse e Estética para o grupo de jovens adultos. As dimensões que menos motivaram os
dois grupos de idade, foram a Sociabilidade, e por último a Competitividade.
Palavras-chave: Motivação, Musculação, Academia.
7
ABSTRACT
LIMA, Rodrigo da Silva. Analysis of motivational factors in beginners on the practice of
bodybuilding in gym. Final paper (Bachelor of Physical Education).Physical Education Course,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.
The central objective of this study was among the six motivational dimensions (Stress Control,
Health, Sociability, Competitiveness, Aesthetics and Amusement) which motivate more
individuals (beginners in practice weightlifting practice) to regular physical activity and / or
Sports. To this end, it was applied the Motivation Inventory to Practice Regular Physical Activity,
the IMPRAF-54 (BALBINOTTI; BARBOSA, 2008). The sample consisted of 47 individuals,
beginners in the practice of bodybuilding in the gym ASSUFSC (Associação Atlética dos
Servidores da UFSC). It was found that concerning to the variable sex, the dimension that most
motivates individuals is the Health, then the dimensions of Pleasure and Aesthetics for men, and
Aesthetics and Pleasure for women, and dimensions Stress Control, Socialization and
Competitiveness as the less motivating. Concerning the variable Groups of Ages (Adolescents
18-20 years, Young Adults 21-40 years), Health is the dimension that most motivates both
groups, followed by the Pleasure, Aesthetics and Stress Control for the group of teenagers, and
Stress Control and Aesthetics for the group of young adults. The dimensions that less motivate
both groups are the Sociability and at the end the Competitiveness.
Key Words: Motivation, Bodybuilding, Gym.
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1.1 - Objetivos........................................................................................................................... 13
1.1.1 - Objetivo geral................................................................................................................. 13
1.1.2 - Objetivos Específicos..................................................................................................... 14
1.2 - Justificativa ....................................................................................................................... 14
2 – REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 16
2.1- O Contexto da Motivação .................................................................................................. 16
2.2– Uma Introdução à “Teoria da Autodeterminação”.............................................................. 18
2.3 – Um breve histórico das Academias .................................................................................. 19
2.4– A Musculação ................................................................................................................... 21
2.5– A Motivação, “Teoria da Autodeterminação” e a Atividade Física ..................................... 23
3 – METODOLOGIA ................................................................................................................. 26
3.1 - Caracterização da Pesquisa ............................................................................................. 26
3.2 – População ........................................................................................................................ 26
3.3 – Amostra ........................................................................................................................... 27
3.4 - Coleta de Dados ............................................................................................................... 28
3.5 - Critérios de Inclusão ......................................................................................................... 28
3.6 – O Inventário IMPRAF-54 .................................................................................................. 29
3.7 – Fatores Motivacionais e as suas Interpretações............................................................... 29
3.7.1 – Controle de Estresse..................................................................................................... 30
3.7.2 – Saúde ........................................................................................................................... 30
3.7.3 – Sociabilidade................................................................................................................. 31
3.7.4 – Competitividade ............................................................................................................ 31
3.7.5 – Estética ......................................................................................................................... 31
4.7.6 – Prazer ........................................................................................................................... 32
3.8 – Análise dos dados............................................................................................................ 32
4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................................................... 33
4.1 – Análise das Médias com controle da variável “Sexo” ....................................................... 33
4.2 – Análise das Médias com controle da variável “Grupos de Idades” ................................... 40
9
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 50
7 - ANEXO E APÊNDICE ......................................................................................................... 56
Anexo 01 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. .................................................. 56
Apêndice 01 – Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física .................. 57
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Frequência de Sujeitos por subgrupos da amostra..........................................24
TABELA 2 – Descrição das dimensões controlando a variável “Sexo”...............................31
TABELA3 – Descrição das dimensões controlando a variável “Grupos de
Idades”........................................................................................................................................38
11
1 – INTRODUÇÃO
Existem, na vida das pessoas em geral, alguns elementos que são considerados
indissociáveis, ou seja, de necessidade consensual de cada indivíduo para que este tenha
plena sensação de bem-estar visando determinada área, seja ela sob fatores psicológicos,
físicos, socioambientais, políticos, de relacionamento, familiares, intrínsecos, extrínsecos, entre
tantos outros. Porém, para que determinados fatores sejam de fato realizados ou ao menos
colocados sob pauta, este indivíduo necessita do mínimo de empenho, um impulso mínimo de
esforço, vontade, querência para que este evento ocorra, este fator é um elemento que funciona
como agente modificador e é comumente chamado de: motivação (BRIÈRE; VALLERAND;
BLAIS; PELLETIER, 1995). A motivação funciona como um fator extremamente importante
para que haja quebra da “homeostasia” psicológica e determinado evento ocorra, seja ele qual
for. A própria origem da palavra motivação vem do latim - moveres, mover; mas
etimologicamente exposta e até em outras ciências humanas ela é tida como a condição do
organismo que influencia a direção (orientação para um objetivo) do comportamento
(RUDOLPH, 2003).
Com relação à atividade física, estudos mostram que esse empenho muitas vezes é
suprimido, principalmente por aspectos de opressão interna e de agentes externos que atuam
como determinantes (MARCELLINO, 2003). De acordo com Marcellino (2003) a motivação à
adesão à prática de exercícios quase sempre vem associada a percepção da imagem que a
pessoa tem sobre si. Ainda nesse aspecto Brière et al. (1995) apud Balbinotti (2008) citam que
a motivação intrínseca aparece sobre duas formas e funciona como fator determinante no
processo de adesão a qualquer atividade: a primeira tem relação com o prazer em realizar
determinada atividade, enquanto a segunda corrobora a hipótese da experimentação, e a partir
deste ponto entram em questão outros fatores que somente o indivíduo tem o poder de associálas em benefício próprio.
De acordo com Pelletier et al., (1999), enquanto operamos determinada situação sob o
fator de motivação positiva, tem-se que o resultado será sempre positivo, ao passo que se a
motivação for inibida por quaisquer que sejam os fatores inerentes ou não de cada indivíduo o
resultado final pode vir a ser prejudicado. Contudo as perguntas principais são: Quais são os
fatores que influenciam esta motivação por fazer determinada ação? O que determina a
12
desistência, a perda do interesse de um indivíduo em determinada atividade que outrora lhe era
prazerosa?
Sabe-se, como citado anteriormente, que existe uma ligação muito forte envolvendo as
motivações intrínseca e extrínseca que determinam não somente nesta situação proposta por
este estudo, mas em muitas outras áreas. Petherick e Weigand (2002 apud Balbinotti, 2008)
sugerem que a simples divisão entre motivação intrínseca e extrínseca pode gerar uma
dicotomia simplista entre as duas. Também é necessário que se diga que ser motivado
extrinsecamente não corresponde a um comportamento negativo. De acordo com Ryan et al.
(1997), os motivos extrínsecos possuem um grande grau de autonomia. Porém, motivos
intrínsecos possuem caráter fundamentalmente autodeterminável.
Como dito, os fatores além de opostos são extensos o suficiente para serem mais
discutidos a seguir. Autores como Brière (1995) e Ryan (2000) colocam diversas linhas de
pensamento que agem como importantes indicadores de motivação, elevação dela, a perda
dela, que faz com que indivíduos se estimulem ou se isolem de determinada situação.
Por todas estas questões envolvendo a motivação, as aspectos motivacionais de uma
maneira mais ampla, e em como ela se reflete na maneira como o indivíduo lida com as suas
escolhas, o presente estudo buscou através de um direcionamento, neste caso voltado para
musculação, analisar como os fatores motivacionais (que serão devidamente explicitados mais
adiante), influenciam na adesão a um programa de exercícios e entre eles quais são os que
mais motivam ou menos motivam estes indivíduos à pratica da musculação.
1.1 - Objetivos
1.1.1 - Objetivo geral
Identificar através de dimensões motivadoras específicas os fatores que levam o
indivíduo a prática da musculação, e entre estas, identificar quais as mais motivadoras à prática
da musculação em iniciantes.
13
1.1.2 - Objetivos Específicos

Verificar a ordem de importância dos fatores motivacionais à prática de atividade física
conforme os participantes do estudo;

Comparar os fatores motivacionais à prática de atividade física conforme o sexo;

Comparar os fatores motivacionais à prática de atividade física conforme a faixa etária.
1.2 - Justificativa
Devido ao crescente número de pessoas mobilizadas para as academias de ginástica,
estudos similares aos de Balbinotti e Capozzoli (2008), têm sido feitos para avaliar a motivação
que faz com que as pessoas se desloquem todos os dias para dentro de uma academia. Para
praticantes de longa data, a motivação está mais associada ao prazer, enquanto para iniciantes
quase sempre está associado com uma auto imagem que pode ou não estar ligada a uma baixa
auto estima. O presente estudo busca identificar os motivos que levam o indivíduo a prática da
musculação e qual a sua percepção de motivação intrínseca e extrínseca que pode auxiliá-lo ou
atrapalhá-lo no processo de adesão a um programa de exercícios físicos. Neste ponto deve-se
explicar que, aderir a um programa de atividade física, não significa apenas a praticar uma
determinada atividade aleatoriamente, e sim participar de um programa de exercícios
regularmente.
Avaliando as dimensões que serão apresentadas mais à frente, através do inventário
aplicado neste estudo, quais são os motivos que levam um indivíduo a pratica da musculação
nos dias de hoje? Contando que nem todas as pessoas possuem doenças, ou fazem parte das
faixas de risco de doenças associadas ao sedentarismo e/ou maus hábitos alimentares, o que
então as motiva a ir para as academias todos os dias? Estas perguntam iniciais denotam por si
que muitas perguntas relacionadas à motivação à prática de atividade física ainda precisam ser
respondidas, e, portanto, mais estudos e de uma maior abrangência, precisam ser realizados, já
que esta tese tem apenas um fragmento deste cenário tão extenso no Brasil e no mundo.
Acredita-se que com estudos desta natureza, questões envolvendo não somente a
adesão à prática da atividade física, mas também como os indivíduos se mantém praticando-a
por um tempo prolongado sejam respondidas, e que com estes resultados, possa-se
desenvolver metodologias adequadas envolvendo a linguagem da motivação, ou mesmo em
14
caráter mais prático, auxiliar empreendedores de academias de musculação a conhecer melhor
o perfil de seus alunos e através dele elaborar uma planejamento estratégico baseado em seus
anseios perante a prática da atividade física.
15
2 – REVISÃO DE LITERATURA
2.1- O Contexto da Motivação
A motivação em si é tida como um construto e se refere ao direcionamento momentâneo
do pensamento (este pode ser regulado então por motivos intrínsecos e/ou extrínsecos), da
atenção, e da ação visto pelo próprio indivíduo em questão como positivo (RUDOLPH, 2003).
Este direcionamento único age particularmente sobre o comportamento do mesmo e engloba
conceitos altamente complexos do ponto de vista psicológico como anseio, desejo, vontade,
esforço, sonho, esperança, superação, que podem influenciar os resultados da ação realizada
(RHEINBERG, 2000).
A motivação pode ser entendida como a partir de duas variáveis a principio parecidas,
mas que quando colocadas à luz da descrição aparecem bastante distintas que são: o impulso
e a atração. Assim sendo, o primeiro, o impulso, tido como a força intrínseca inicial e está
altamente envolvida com os instintos do indivíduo, e obviamente, é altamente complexo e único
para que se possa ser comumente explicado. Um exemplo clássico deste tipo de motivação é a
fome, que age fortemente no psicológico do individuo e pode causar sensações tanto
agradáveis, quanto altamente torturantes (no caso da abstenção da alimentação). A segunda, a
atração, tida, por exemplo, como uma forma de aprendizado, que pode ser entendida enquanto
em um estado futuro sob a forma de “querer ver, provar” e então o resultado final torna-se
irrelevante sob o aspecto do aprendizado, pois não importa qual seja este resultado (negativo
ou positivo), o indivíduo terá experienciado a sua força de atração. Maslow (1970), evidenciou
em seus estudos a motivação a partir de aspectos que para ele apareciam em forma piramidal
de acordo com as necessidades do indivíduo. Dentro de sua teoria motivacional, o psicólogo
desenvolveu uma hierarquia das necessidades que os homens buscam satisfazer. A
interpretação da pirâmide nos proporciona o código de sua teoria: Um ser humano tende a
satisfazer suas necessidades primárias (mais baixas na pirâmide de Maslow), antes de buscar
as do mais alto nível. Por exemplo, uma pessoa não procura ter satisfeitas suas necessidades
de segurança (por exemplo, evitar os perigos do ambiente) se não tem cobertas suas
necessidades fisiológicas, como comida, bebida, ar, etc. Embora este estudo não busque
estudar tão profundamente o âmago da questão motivacional, estas questões essenciais ao
tema podem trazer a luz do esclarecimento questões envolvidas em dimensões motivacionais
que vão além da simples constatação de seu significado simplista, podendo embasar de
16
maneira mais adequada o alicerce das teorias motivacionais, em como analisar determinado
comportamento, independente da natureza de seu estímulo, e identificando qual a sua reflexão
perante o tema central deste estudo.
Figura 1 – Hierarquia das Necessidades de Maslow de 1968. (HUITT, 2004).
Ambas podem ser entendidas como uma forma complementar do comportamento
humano como em um todo, e são ambas também altamente complexas para serem
resumidamente explicadas e elucidadas. Trazendo agora à alusão da atividade física, principal
tema desta tese, não se pode deixar de notar o quanto esses impulsos básicos são fortemente
influenciadores do ponto de vista da adesão e da própria manutenção da atividade física
(PETHERICK; WEINGAND, 2002), e quantos outros aspectos contidos nesta entrelinha são
peças importantíssimas no momento da decisão entre praticar ou não a atividade física, e/ou
manter-se dentro de um programa de exercícios.
17
2.2– Uma Introdução à “Teoria da Autodeterminação”
A princípio, como exemplo, tem-se a escola, um componente altamente influenciador,
formador de valores, opiniões e também de caráter, como um pilar em relação à “Teoria da
Autodeterminação”, a fim de esclarecer certos pontos com relação à teoria. Como dito
anteriormente, a escola funciona como um componente único na sociedade do ponto de vista
formador, e por isso para que haja crescimento (em todos os aspectos) de fato, necessita-se de
um impulso genuíno pela aprendizagem por parte dos alunos. Por isso, a motivação no contexto
escolar tem sido avaliada como um determinante crítico do nível e da qualidade da
aprendizagem e do desempenho (PAJARES; SCHRUNK, 2001). Muito deste conceito está
empregado a partir do chamado “hedonismo psicológico” que enquanto doutrina teórica teve
grande influência na psicologia da motivação, tendo que partes destas teorias utilizam-se do
princípio de que, a ação humana é sobretudo motivada pela busca ativa de situações positivas
(prazer) e pela aversão de situações negativas (dor). As teorias que afirmam que o ser humano
busca a homeostase, ou seja, o equilíbrio provocado pela resolução de tensões internas - como
é o caso das teorias das pulsões - são teorias hedonistas.
Assim sendo, pode-se afirmar que um estudante motivado condiz com um nível de
aprendizado e desempenho muito mais elevado do que em um estudante desmotivado (ou
amotivado, podendo superar previsões baseadas em suas habilidades e conhecimentos préestabelecidos. A partir deste pressuposto, surgem das revisões de Ryan & Deci (1985) as
determinantes de motivação a partir do contexto da psicologia comportamental, ainda muito
influenciados pelas teorias de White (1975) e deCharms (1984), trazendo a “Teoria da
Autodeterminação” sob subjacentes à motivação intrínseca do indivíduo, alusionando à teorias
que surgiram adiante, a partir de suas necessidades indissociáveis que são: a necessidade de
autonomia, a necessidade de competência e a necessidade de pertencer ou estabelecer
vínculos (RYAN & DECI, 2000).
A partir da contextualização estabelecida anteriormente surge então, sistematizada por
Ryan & Deci (2000), a “Teoria da Autodeterminação” que é vastamente aceita e empregada em
diversas áreas do conhecimento acadêmico: educação, saúde, administração de empresas,
ambientalismo, religião, política, bem como no esporte e atividade física. Esta teoria preconiza
18
que um sujeito pode ser motivado em diferentes níveis (intrínseca ou extrinsecamente), ou
ainda, ser amotivado durante a prática de qualquer atividade.
2.3 – Um breve histórico das Academias
Engana-se quem acha que as academias são um reflexo do hedonismo e busca pelo
culto ao corpo, tão comentado ao longo das últimas quatro décadas. Embora tenha muito a ver
com a relação estética do ser humano, há muito que as academia não são “apenas” para
construir um corpo perfeito (MORAES, 1999). Com relação a este conceito hedonista, se
buscada a origem etimológica da palavra “hedonismo”, esta vem do berço grego, dono de
muitas heranças existentes em nosso cotidiano atual, e é de lá também que surge a relação do
homem com o físico e o ambiente propício à prática da atividade física. Tem-se, historicamente,
que o início de um espaço específico à prática de atividade física remonta aos tempos de
Platão, famoso filósofo grego que viveu em torno de 387 a.C, que deu o nome ao espaço criado
de “Akademia”, em homenagem ao herói ateniense de nome Academus. Contudo, vale
ressaltar que o espaço criado pelo filósofo era imensamente mais amplo com relação ao
número de atividades e objetivos, já que não se “ensinava” apenas ao físico, mas também à
mente, e seus alunos tinham aulas de profundo conhecimento sobre o homem, universo,
matemática e também a saúde do corpo (DONADEL, 2002).
Ainda segundo Donadel (2002), o conceito que temos de academia vem de outra origem
etimológica, porém esta proveniente do latim, gymnasium, que apesar de ter possuído preceitos
parecidos com os de origem grega, hoje faz referência à palavra gym em inglês, que também
significa academia (a palavra pode ser usada para ginásios de práticas esportivas, e não
apenas de ginástica e musculação), mas agora basicamente para desenvolver-se fisicamente,
diferentemente de seus antecessores culturais.
O primeiro registro de uma academia voltada para a prática da musculação ocorre
quando o alemão conhecido como “Attila” criou em Bruxelas uma instituição destinada ao
ensino do fisiculturismo com auxílio de aparelhos em 1867, seguido do francês Edmond
Desbonnet, que iniciou um trabalho parecido na cidade de Lille, na França, no ano de 1885. No
Brasil pode-se dizer que o surgimento de espaços físicos voltados para prática de atividade
física, esteve intensamente envolvido com o surgimento de “clubes” nos grandes centros
urbanos, principalmente na década de 1950, quando a burguesia usufruía com frequência de
19
espaços privados onde estes se encontravam para praticar esportes, festas, entre outros.
Simultaneamente, e influenciados pelos clubes, ocorre o surgimento de locais onde se
praticavam halterofilismo na mesma época, porém estes espaços podiam ser frequentados
apenas por homens, sua única atividade era a musculação, e estes locais não possuíam o
nome ainda de “academia”. Somente na década de 1970, as academias receberam este nome,
para que se quebrasse o preconceito contra o halterofilismo e pudessem então ser também
frequentada por mulheres, impulsionadas pelo início do movimento da prática da ginástica
aeróbica e da ginástica localizada, como alternativa à pratica da musculação para as mulheres,
em voga nos EUA, e que começava a inserir-se no contexto brasileiro(CORRÊA; FERREIRA,
2009). Esta procura foi se acentuando ao longo das décadas de 1980 e 1990, com a criação de
diversos métodos, que iam aperfeiçoando-se à medida que o surgiam os problemas
relacionados aos traumas e lesões ósteo-articulares, resultados de estudos biomecânicos que
no passado ainda eram muito limitados. Assim, houve uma gradual automação dos métodos
iniciais de ginástica e musculação, melhorando-os e expandindo a sua prática cada vez mais
(MORAES, 1999).
Se anteriormente a busca pela prática da atividade física crescia exponencialmente,
pode-se se dizer que com o advento da tecnologia e do sedentarismo, a busca decresceu, mas
nunca a ponto de causar um impacto negativo neste tipo de estabelecimento. Segundo Costa
(2005), no Brasil, há cerca de vinte mil academias de ginástica, que sustentam cento e quarenta
mil empregos diretos e agregam 3,4 milhões de usuários, representando, aproximadamente, 2%
da população brasileira. Se o número soa pequeno em percentis, especula-se que com o
constante incentivo governamental dos programas de saúde, aliado aos estudos que indicam
um número exponencial de mortes causadas por maus hábitos alimentares e de sedentarismo,
espera-se que este número no mínimo duplique até o fim do ano de 2015. O atual mercado de
academias é dominado pelo EUA, onde cerca de 13% da população – 33 milhões de pessoas –
frequentavam estes estabelecimentos em 2000, o que é paradoxal, contando que a população
americana é a que mais sofre de obesidade no mundo, atualmente (WHO – World Health
Organization, 2009).
Colocando à parte os problemas relacionados apenas à saúde, podemos observar neste
breve histórico sobre as academias de ginástica e musculação, que estas têm diversos fatores
e objetivos que as envolvem, contextos estes que vão de acordo com os objetivos centrais
deste estudo.
20
2.4– A Musculação
Apesar de a motivação funcionar como fator determinante de qualquer tipo de atividade
física, conforme o pressuposto de Ryan e Deci (2000), é necessário que se faça uma breve
introdução ao histórico da prática da musculação, como é praticado, suas implicações
fisiológicas, objetivos do treino, entre outros, para que se possa atrelar a motivação a esta
prática específica que foi tema deste estudo.
Como dito no tópico anterior, a musculação sofreu enorme mudança nos últimos 50
anos no Brasil. O que no passado era tida como prática exclusiva para halterofilistas e/ou
fisiculturistas, e em sua totalidade homens, hoje a musculação atua como importante
ferramenta em busca de saúde, e tem a sua prática cada vez mais popularizada (FLECK;
FIGUEIRA, 2003). A musculação consiste em uma forma de exercício resistido no qual se tem
grande controle de variáveis como: carga, tempo de contração, velocidade, etc. Vale ressaltar
ainda que, variáveis como intensidade do exercício (se leve, moderada, ou intensa), atuam
como importante componente de versatilidade da prática da musculação, podendo esta, se
adequar às diferentes faixas etárias, e ser praticada de acordo com os mais diferentes objetivos
propostos pelos indivíduos que a praticam.
O músculo esquelético é o protagonista de todo o esquema envolvendo a prática da
musculação, e não somente ela, mas a prática da atividade física em geral. O músculo
esquelético é composto basicamente por dois tipos de fibras: as de contração rápida e as de
contração lenta. As fibras mais rápidas fadigam mais rapidamente com relação às fibras de
contração lenta, pois as primeiras utilizam-se de fontes anaeróbias de energia, tendo como
produto final o ácido lático, que é responsável pelo desconforto de fadiga nestas fibras, sendo
estas ideais para treinamentos de alta intensidade e curta duração, como no caso da
musculação (diferentemente das de contração lenta, ideais para provas de resistência, como
maratonas, por exemplo) (FLECK, 2002). Dentre todos os ganhos provenientes à prática da
musculação, o aumento de força seja talvez seja o benefício mais conhecido da musculação,
embora ela seja usada ainda apenas para quem busca saúde, como influenciador na perda de
massa adiposa no caso de obesos, aumento da densidade corporal em idosos, e até mesmo na
estética, uma das dimensões motivacionais analisadas neste estudo.
Com relação ao aumento de força, tanto homens quanto mulheres, possuem um
aumento semelhante de força quando submetidos a um programa de treinamento de
musculação, aumentando em ritmo bastante parecido o seu ganho de força máxima, mesmo
21
que em homens, por possuírem uma forma média maior do que nas mulheres, apresenta força
máxima superior (CURETON et al., 1988). Muito deste aumento de força ocorrido no início do
treinamento de força ocorre por meio das adaptações neurais (SALE, 1988), inerente a quem
pratica por determinado tempo qualquer atividade física.
Outra adaptação que ocorre devido ao treinamento com pesos é o aumento do volume
muscular, ou a chamada hipertrofia. A hipertrofia consiste no aumento da contração de proteína
contrátil no interior das fibras musculares, o que intensifica o desenvolvimento da força (FLECK;
FIGUEIRA, 2003). Esta adaptação resulta no aumento entre 20% e 45 %, podendo chegar até
mesmo a 50% (STARON et al, 1991), sendo este aumento idêntico em homens e mulheres
quando submetidos ao mesmo tipo de treinamento, e é um dos objetivos mais procurados
dentro das academias.
Com relação à perda de massa adiposa é bastante importante que se faça um adendo à
prática da musculação. O treinamento de musculação pode fazer parte de um programa de
controle de peso em longo prazo, contudo ele atuará apenas como ferramenta, e não como
componente decisivo, diferente do que muitos praticantes pensam. A musculação não possui
alto gasto calórico, o que é fundamental para quem deseja emagrecer, contudo, se aliada a
uma dieta balanceada, e ao fato de que quanto maior a área de secção muscular, maior a área
de gasto calórico basal, os ganhos com relação à perda de peso podem ser acentuados com a
prática da musculação (PIERS, 1998). Atrelado a este pressuposto, outro benefício diretamente
ligado a este tema é a autopercepção de imagem que o indivíduo tem, alterando a sua
percepção de aparência estética, que é também uma das dimensões abordadas neste estudo.
A composição corporal está intimamente ligada a esta questão, uma vez que possuir um corpo
magro e definido significa a perda de massa adiposa sobressalente e no ganho de volume
muscular (FECK; FIGUEIRA, 2003).
Para todos estes ganhos, a musculação exige acompanhamento específico por um
profissional de Educação Física, devidamente instruído, pois as relações de volume e
intensidade de treino alteram drasticamente os resultados obtidos com relação à prática de um
treinamento com pesos. Lembrando ainda que a musculação é apenas um fator de
complemento, onde outros componentes, como: alimentação, hábitos de vida saudável e a
própria motivação à prática da atividade física, somam-se na busca de um objetivo positivo para
o indivíduo que a pratica.
22
2.5– A Motivação, “Teoria da Autodeterminação” e a Atividade Física
Sob a teoria de Ryan & Deci (2000), pode-se agora dissertar com um pouco mais de
ênfase, como funcionam os princípios da motivação intrínseca e extrínseca com relação ao
indivíduo e a ação a ser realizada. O que se pode ser dito de antemão é que, é bastante comum
ocorrer o erro de estabelecer que a motivação intrínseca seja apenas “interna” e da vontade do
indivíduo, pois é muito explícito que as motivações, quaisquer sejam elas, funcionam a partir de
uma interação entre indivíduo e ambiente, cuja relação é altamente determinante.
Quando o individuo inicia uma atividade por vontade própria, por prazer e satisfação do
processo de conhecê-la, explorá-la, aprofundá-la, pode-se dizer que ele está sendo motivado
intrinsecamente, entretanto, ela pode ser influenciada pela ação de outras pessoas, sobretudo
os professore/treinadores (GUIMARÃES, 2004). Uma vez que o professor é o principal agente
transformador do clima no ambiente da prática da atividade física, este pode atuar favorecendo
um clima agradável ou não para o desenvolvimento das atividades.
Já a motivação extrínseca acontece quando uma atividade é efetuada com outro objetivo
que não o inerente à pessoa. Porém, estes motivos podem variar em relação ao seu grau de
autonomia, criando, basicamente, três categorias desta motivação: a) aquela de regulação
externa: quando o comportamento é regulado por premiações materiais ou medo de
implicações negativas, como críticas sociais (observa-se, por exemplo, no âmbito esportivo
quando o treinador impõe penas aos atletas, quando não atingirem as tarefas propostas); b)
aquela de regulação interiorizada: quando o comportamento é regulado por uma fonte de
motivação que, embora inicialmente externa, é internalizada, como comportamentos reforçados
por pressões internas como a culpa, ou como a necessidade de ser aceito (este comportamento
pode ser visto quando alguém realiza uma atividade por “desencargo de consciência”); c)
aquela de regulação identificada: quando o indivíduo realiza uma tarefa (ou comportamento), a
qual não lhe é permitida a escolha; uma atividade que é considerada como importante de ser
realizada, mesmo que não lhe seja interessante. Este tipo de comportamento é visualizado, por
exemplo, no diálogo de um atleta que diz que aulas de alongamento são importantes porque
seu treinador disse, e mesmo não gostando de executar ele o realiza (RYAN; DECI, 2000).
23
Figura 2 – Taxonomia da Motivação de Ryan e Deci (2000).
Ryan e Deci (2000) ainda citam a amotivação, que seria a construção motivacional
apreendida em indivíduos que ainda não estão adequadamente aptos a identificar um bom
motivo para realizar alguma atividade física. Segundo estes indivíduos, a atividade ou não lhes
trará nenhum benefício, ou eles não conseguirão realizá-la de modo satisfatório, a partir do seu
próprio ponto de vista.
Neste amplo espectro de informações, fatores ainda alheios podem interferir sobre o
grau de motivação de um indivíduo. Namomura (1998) observou que variáveis como idade,
sexo, tempo de adesão ao programa e até mesmo o grau de instrução podem ser
determinantes da motivação, através de fatores genéticos, psicossociais e de ordem
econômica. Em um estudo realizado por Balbinotti & Capozzoli (2008) com mais de 300
indivíduos citaram entre diversos motivos à prática de atividade física, fatores de ordem externa
também como determinantes da adesão de iniciantes a um programa.
O estudo de Balbinotti e Capozzoli (2008), um dos mais recentes da área, mostrou que
indivíduos que buscam a atividade física, quase sempre a procuram com duas linhas de
pensamento envolvidas como fator determinante: ‘eu quero fazer atividade física’ e ‘eu preciso
fazer atividade física’. As duas corroboram a hipótese de Brière (1995 apud BALBINOTTI, 2008)
24
contudo não se deve ater-se somente a esta premissa já que a amplitude de determinação
depende unicamente de uma variável: o próprio indivíduo.
Desta forma, acredita-se que os motivos que levam uma pessoa a iniciar em um
programa de atividade física em determinada academia variam demasiadamente. Segundo
Cunha (1999 apud MARCELLINO, 2003), uma das causas para a frequência às academias é a
busca por melhorias na condição física e da saúde. Ele enfatiza também a busca pelo
relaxamento, descarga de energia, higiene mental, ou ainda por recomendações médicas.
Seguindo esta mesma linha teórica, Pacheco (1996 apud MARCELLINO, 2003), identificou
outros fatores motivacionais, sendo eles: o condicionamento físico, a estética ou a beleza
corporal, a identidade pessoal e a socialização, a autorrealização com conteúdos de prazer,
satisfação, disciplina e equilíbrio pessoal.
De acordo com a taxonomia da motivação proposta por Ryan e Decy (2000), a proposta
exposta acima por Cunha (1999) e por Pacheco (1996), vai ao encontro com os reguladores de
motivação básicos, por um processo de alusão, interligando os fatores intrínsecos e
extrínsecos. Dessa forma, as três categorias de motivação segundo Ryan e Deci (2000)
demonstram que caso o indivíduo se mostre propenso de alguma forma a hiperbolizá-los, o
processo de motivação para prática da atividade física teria mais chances de ser prejudicado, o
que desencadearia uma gama de eventos que poderia levar a desistência.
25
3 – METODOLOGIA
3.1 - Caracterização da Pesquisa
O presente estudo é caracterizado como pesquisa do tipo descritiva, visto que tem por
finalidade observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, e
visa descobrir e observar os fenômenos procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los
com o propósito de conhecer a sua natureza (PICCOLI, 2006). Esta pesquisa também é do tipo
exploratória, pois como afirma Mattar (2005) a pesquisa exploratória tem por finalidade
proporcionar ao pesquisador um maior grau de conhecimento sobre a temática ou problema de
pesquisa em perspectiva.
Quanto à natureza das variáveis pesquisadas, o estudo se classifica sendo tanto
qualitativo quanto quantitativo, pois conforme Godoy (1995, p.21), é pela perspectiva qualitativa
que “um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte
integrada”. Para Silva e Menezes (2001, p.20) a pesquisa quantitativa “considera que tudo pode
ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las
e analisá-las”. Nesse estudo, num primeiro momento foram identificados os significados dos
dados e depois as opiniões foram traduzidas em números. Desta forma obteve-se uma
quantidade maior de informações, permitindo uma análise mais completa do problema.
Trata-se de uma pesquisa de campo, de corte transversal, já que não visa acompanhar
os indivíduos por um determinado tempo, buscando apenas naquele presente momento as suas
percepções acerca do tema. Pois como afirma Sampieri (2006), na pesquisa transversal os
dados são coletados em um só momento, em um tempo único e seu objetivo é descrever
variáveis e analisar sua incidência e inter-relação em dado momento.
3.2 – População
A população do presente estudo foi composta por alunos de ambos os sexos,
regularmente matriculados na atividade de musculação oferecida pela Academia Dos
Servidores da UFSC – AASUFSC, estabelecimento localizado na Av: Desembargador Vítor
26
Lima, 623, Florianópolis - SC, devendo possuir idade mínima de 18 anos. A escolha da
academia foi feita por critérios de conveniência.
3.3 – Amostra
Inicialmente foi realizado um levantamento dos cadastros ativos dentro da academia,
sendo destes 487 indivíduos aptos a participarem do estudo. A partir deste primeiro
levantamento de dados, foi enviado um e-mail aos alunos perguntando quais destes obedeciam
aos critérios estabelecidos para amostra desta pesquisa. Aos que demonstraram interesse em
responder ao questionário via e-mail, eram notificados na entrada da academia sobre a
disponibilidade dos questionários para respondê-lo. Caso o aluno pudesse responder naquele
momento, era então disponibilizado o questionário juntamente com a folha resposta o qual o
aluno poderia responder na entrada ou saída, caso fosse a sua decisão. Nenhum participante
foi identificado na pesquisa, sendo utilizada apenas a idade e sexo dos mesmos.
Participaram deste estudo 47 indivíduos divididos em categorias de idade 18 – 20 anos
(adolescentes), 21 – 40 anos (jovens adultos). Ressalta-se que a ausência de sujeitos nos
grupos de “meia-idade (41 – 65 anos)” e “idosos (acima de 65 anos)”, deve-se ao fato de que no
período da coleta nenhum sujeito se mostrou interessado em responder ao questionário, ou não
houve tempo hábil para tal, por uma questão de disponibilidade da academia.
27
3.4 - Coleta de Dados
Os dados foram coletados pelo pesquisador durante uma semana, conforme
disponibilizado pelo corpo administrativo da academia. Aos que aceitaram responder o
questionário foi prontamente disponibilizado um “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”
o qual foi assinado antes da aplicação do inventário. Caso não aceitasse participar da pesquisa,
seu nome era excluído da lista de possível população sem causar nenhum dano ou exposição
ao aluno em questão. Ao concordarem em participar da pesquisa, todos os alunos foram
informados sobre os objetivos e procedimentos a serem utilizados no estudo, e se ainda
quisessem participar da pesquisa, era então assinando o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo 1), participando assim de forma voluntária.
As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram por meio de um inventário, o
IMPRAF-54 (Inventário de Motivação à Prática de Atividade Física), (Apêndice 1) com iniciantes
na prática de musculação na Academia dos Servidores da UFSC, em Florianópolis – Santa
Catarina.
A coleta de dados realizou-se em salas adequadas na própria academia, do dia 23 ao
dia 28 de abril de 2012. A escolha da data primeiramente havia sido estabelecida para o mês de
março, quando ocorre um grande êxodo de alunos para academia, contudo a disponibilidade de
tempo para aplicação do questionário devido ao grande fluxo de alunos foi prejudicada, sendo
então a data postergada para o mês seguinte, quando o movimento já havia sido normalizado.
3.5 - Critérios de Inclusão
Como a pesquisa delimita uma população que é caracterizada como iniciantes foram
adotados critérios de inclusão para que os indivíduos fossem então analisados. Os critérios
estipulados para esta pesquisa foram:

Não estar envolvido em um programa de exercícios por mais de um mês dentro da
academia (considerados alunos em estágio adaptativo);
28

Não ter ingressado em um programa de exercícios regular por no mínimo 12 meses
antes da data de coleta de dados (o caracterizaria como iniciante, e o exclui como aluno
não praticante de constante ingresso e abandono repentino da adesão ao programa);

Ser apto fisicamente por meio de atestado médico entregue no ato da matrícula;

Possuir no mínimo 18 anos de idade.
3.6 – O Inventário IMPRAF-54
O instrumento utilizado nesta pesquisa é o Inventário de Motivação à Prática Regular de
Atividades Físicas (IMPRAF-54) (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006), que avalia seis dimensões
motivacionais associadas à prática regular de atividade física: Controle de Estresse, Saúde,
Sociabilidade, Competitividade, Estética e Prazer. As respostas aos itens do IMPRAF-54 são
dadas conforme uma escala de tipo Likert, bidirecional graduada em 5 pontos, partindo de “isto
me motiva pouquíssimo” (1) a “isto me motiva muitíssimo” (5). Os dados foram analisados
levando em consideração as dimensões envolvidas no questionário. Foram feitas primeiramente
análise baseada na classificação entre as respostas, para obter um score total. Posteriormente
esse número inteiro é comparado com uma tabela normativa, proposta por Ryan e Deci (2000),
onde é então classificado por um percentil dentro de cada fator. Esses dados iniciais fornecem
uma visão geral sobre o contexto envolvido no tema deste trabalho. Duas variáveis importantes
a serem analisadas são em relação ao sexo e a idade. Foram estabelecidas faixas etárias entre
os usuários, sendo estas: de 18 a 20 anos (adolescentes), de 21 a 40 anos (adultos jovens), de
41 a 65 anos (meia idade) e acima de 65 anos (idosos), estabelecendo dentro de cada faixa
etária, como cada dimensão motivacional influi separadamente sobre estes grupos, e se há
diferença dentro desses scores com relação ao sexo dos indivíduos (GALLAHUE; OZMUN,
2005).
3.7 – Fatores Motivacionais e as suas Interpretações
Antes de uma análise mais detalhada dos dados coletados propriamente dita, é
necessário que se explique o por que o questionário em questão foi escolhido, já que ele avalia
29
fatores muito importantes que serão posteriormente discutidos mais à frente. O IMPRAF-54 é
um questionário muito simples de aplicar e que possui um alto grau de confiabilidade, além
disso, ele possuir um tipo de análise bastante rápida, basicamente acrescida de somatórias das
respostas de acordo com a escala Likert, conforme citado no tópico acima, e posterior
classificação das médias. Os conteúdos avaliados pelo IMPRAF-54 são aqueles mais
frequentemente avaliados nas dimensões hipotetizadas por outros autores (RYAN et al., 1997).
Considerou-se também o fato de que o questionário possui um número de dimensões propostas
equilibrado, já que todos os conteúdos considerados correspondentes pelos autores à
motivação à prática de atividade física estão comtemplados nele. Ressalta-se com relação a
este aspecto, que nenhuma dimensão em particular é privilegiada em detrimento de outra.
Segue a descrição de cada dimensão:
3.7.1 – Controle de Estresse
Este fator mede o construto que expressa o desejo do indivíduo em obter dentro da
atividade física (no caso deste estudo, a musculação), o alívio de suas angústias, ansiedades,
irritações e estresse (BALBINOTTI, 2003). Estas pessoas estão interessadas acima de tudo na
sensação de repouso, bem estar, descanso que elas sentem quando praticam determinada
atividade física. As perguntas contidas no questionário que vão de encontro com esta dimensão
estão diretamente associadas aos benefícios citados acima ( “...diminuir a irritação”, “...ficar
mais tranquilo”, etc.).
3.7.2 – Saúde
Este fator mede talvez um dos temas mais comumente expressados por aqueles que
procuram uma determinada atividade física: a busca pela sensação de saúde. Esta busca por
saúde tem sido ainda mais evidenciada a partir de dados alarmantes divulgando mortes
prematuras de indivíduos por consequência do sedentarismo, e doenças associadas ao baixo
nível de atividade física e má alimentação conjugados (NAHAS, 2006). As pessoas que buscam
30
a atividade física com este propósito, estão normalmente interessadas em adquirir, manter,
melhorar e/ou sentir-se com mais saúde, e/ou ainda com a finalidade de evitar doenças. São
pessoas interessas em viver mais e/ou viver melhor.
3.7.3 – Sociabilidade
As pessoas que praticam atividade física interessadas em sociabilização, normalmente
são pessoas que entendem esta atividade como uma maneira de estarem mais próximos dos
amigos e/ou de fazer novos amigos a partir dela (MARCELLINO, 2003). São pessoas que
entendem este momento como um momento de lazer e não como uma atividade imposta, pois
elas buscam dentro da atividade “fazer parte”, estar mais próximo e ou criar/manter laços por
um período determinado por ela.
3.7.4 – Competitividade
As pessoas que praticam atividade física visando a competitividade, são pessoas
reguladas pelo desejo de competir, ganhar de outros indivíduos, concorrer a algum prêmio, e
fazem desta motivação um trampolim para obter êxito nos seus intentos. Estas pessoas
entendem que à partir desta prática elas podem receber recompensas, granar prêmios, serem
notadas, e em alguns casos ganhar dinheiro como uma forma de retorno (PELLETIER, DION,
TUSON, GREEN-DEMERS, 1999). É comum que pessoas que pratiquem atividade com este
intuito estejam envolvidas em atividades esportivas, relacionadas ou não a musculação (tema
desta tese), contudo esta não é exatamente uma regra, podendo esta motivação ser apenas um
traço de personalidade inerente ao indivíduo, regulada positivamente ou negativamente de
acordo também com a sua personalidade.
3.7.5 – Estética
31
Outro fator bastante comum, principalmente fruto da geração atual, tida como hedonista
em relação ao “culto ao corpo”, conforme a sociedade tem nomeado. As pessoas que procuram
a pratica da musculação por causa da estética, normalmente são pessoas que querem ter o
corpo bonito e/ou definido, e fazem deste desejo uma motivação a manter-se psicologicamente
com uma sensação de bem estar (TAHARA, 2003). A motivação destas pessoas encontra-se
no desejo de sentirem-se bonitas, desejadas, e veem na atividade física um meio de conseguir
o que querem, com relação a si e aos outros no ambiente que a cerca.
4.7.6 – Prazer
Este fator mede a motivação das pessoas no prazer que elas experimentam quando
atingem seus ideais e objetivos. Normalmente, as pessoas que procuram a musculação como
fonte de prazer, buscam dentro da atividade física uma maneira de sentirem-se bem consigo
mesmas, levando em consideração o seu grau de satisfação e bem estar. Elas mantém a
prática da atividade física como forma de auto realização, e esta pode vir atrelada a outras
dimensões implícitas, contudo não é necessariamente uma regra (BALBINOTTI, 2003).
3.8 – Análise dos dados
Após a coleta de dados, foi realizado o tratamento dos dados. Os dados qualitativos
foram trabalhados por meio da descrição dos resultados obtidos no questionário.
Para análise quantitativa, utilizou-se a estatística descritiva, que tem por função a
ordenação, a sumarização e a descrição dos dados coletados e dos resultados obtidos.
(PICCOLI, 2006). Dessa forma, para análise estatística dos dados, foram utilizadas técnicas
estatísticas simples de média e desvio padrão, dos scores brutos obtidos e posteriormente
classificados de acordo com as tabelas normativas propostas por Balbinotti e Capozolli (2008),
do IMPRAF – 54, bem como a média geral dos scores já classificados, levando com
consideração as variáveis propostas por este estudo.
32
4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo tem por finalidade apresentar os resultados da pesquisa realizada, bem
como discuti-los e elucidar questões que foram levantadas, com a finalidade de entender os
objetivos propostos inicialmente. Serão apresentadas tabelas a seguir com as médias obtidas
através dos scores brutos (que foram posteriormente traduzidos através das tabelas
normativas) dentro de cada dimensão separadamente, levando em conta as variáveis de idade
e sexo como fatores influenciadores de tais.
4.1 – Análise das Médias com controle da variável “Sexo”
A tabela 2 demonstra as médias das dimensões levando em consideração cada uma
delas separadamente, e controlando-se a variável sexo (N(m) = 14; N(f) = 33). As dimensões
Saúde, Estética e Prazer aparecem como as três com as maiores médias com relação às outras
dimensões, sendo que com relação à dimensão Saúde, as médias foram maiores do que todas
as outras dimensões tanto na população masculina, quanto na população feminina. Na
dimensão Estética houve pequena inversão com relação à dimensão Prazer, onde para os
homens, surpreendentemente, a dimensão Prazer aparece com média ligeiramente maior em
relação à dimensão Estética, que era tida como um dos principais fatores que levam os homens
às academias. Contudo deve-se levar em consideração que a população masculina neste
estudo é um pouco mais que a metade inferior à população feminina, o que pode ter
influenciado no achatamento da curva com relação a esta dimensão. As dimensões que
aparecem logo após as três anteriores são, Controle de Estresse, seguido de Sociabilidade e
por último, como já esperado, a dimensão Competitividade aparece como a última colocada em
ambas às populações.
Ainda de acordo com a tabela 2, esta apresenta ordenadamente a estatística de todas
as dimensões, iniciando pela dimensão Controle de Estresse. Esta dimensão é tida como
variável importante segundo os resultados obtidos, e embora não demonstre o maior score em
relação as dimensões contidas no questionário, atua como um importante influenciador à
adesão de programas à pratica de exercícios. Como se pode notar, a média obtida na dimensão
Controle de Estresse mostrou-se ligeiramente maior no grupo feminino em relação ao grupo
33
masculino, o que demonstra que as mulheres utilizam-se da prática da musculação, e a sua
permanência na academia, com veículo de escape para suas rotinas e ou problemas oriundos
de outras atividades, problemas estes que podem estar relacionados com a vida pessoal, com a
vida profissional, e/ou de atividades em geral. Levando em conta os fatores sociais em que as
mulheres estão inseridas em sua maioria, pode-se ter a ideia de que a academia funciona então
como um canalizador, que as permite sair de sua zona de conhecimento, como o lar, ou o
próprio trabalho, e utilizarem-se de um lugar alheio a estes dois primeiros, onde elas podem
dedicar-se a outras tarefas que não sejam as mesmas que já desempenham em suas rotinas
diárias. Com relação à população masculina, cuja média foi ligeiramente inferior à feminina, a
premissa funciona igualmente, e a academia se torna um local onde eles podem aliviar suas
tensões da vida profissional (principalmente) e atividades pessoais (família, relacionamentos em
geral, etc.). Estas informações corroboram os estudos de Balbinotti (2008), no qual foi possível
identificar uma adesão significativa por conta dos indivíduos em relação ao alivio de suas
tensões do dia a dia dentro das academias.
Tabela 2 – Descrição das Médias das dimensões com o controle da variável Sexo
34
A dimensão da Saúde foi a que obteve um maior score dentro da pesquisa, onde as
mulheres se sobressaíram ligeiramente em relação aos homens, contudo, deve-se considerar
que a amostra feminina foi maior que a masculina. Existem, atualmente, diversas campanhas
do Ministério da Saúde, incentivando o cuidado com a saúde do homem, que circulam nos
postos de saúde e também em veículos de massa como a TV e Internet. Embora se saiba que
quando jovens os homens são mais fisicamente ativos em relação às mulheres, sabe-se
também que o cuidado com a saúde masculina decresce á medida que ele envelhece.
Entretanto, mesmo que este fato citado seja comprovadamente verdadeiro, curiosamente, em
estudo realizado por Reichert (2010), demonstra que, apesar das mulheres terem maior
preocupação com saúde em relação aos homens, estas possuem a percepção de saúde
sempre inferior à deles, tanto no grupo de mulheres adultas jovens, quanto no grupo de
mulheres idosas. Ainda assim, mesmo com os dados apresentados por Reichert (2010), a
incidência de casos oriundos da obesidade, cardiopatias em geral, e de doenças crônicodegenerativas é muito maior na população masculina, do que na população feminina. Como a
população deste estudo foi quase toda caracterizada por indivíduos jovens, estas informações
corroboram os estudos de outros autores, dentro dos parâmetros de análise desta dimensão em
questão (BALBINOTTI, 2008). A geração atual que frequenta as academias (em especial os
grupos de adolescentes e jovens adultos) está inteiramente ligada aos índices de saúde que
vem sendo mostrados intensamente pelas mídias por uma questão simples de estar ausente,
aparentemente, dos grupos de maior risco.
Por conseguinte, o aumento da procura por
atividades físicas nos indivíduos mais jovens vem muito provavelmente do fato de que a saúde
era anteriormente associada apenas à “ausência de doenças” (NAHAS, 2006), o que vem
sendo desmentido, uma vez que os indivíduos mais jovens já vêm sofrendo de doenças antes
exclusivas de adultos próximos ou pertencentes da meia-idade. Hoje em dia, sabe-se que
praticando atividades físicas pode-se envelhecer com muito mais saúde, e por isso tem-se
notado cada vez mais estes indivíduos jovens nas academias (WANKEL, 1993). Um estudo
realizado com nadadores jovens, concluiu que 40% deles, além de acharem a atividade atrativa
do ponto de vista esportivo, praticavam-na com intuito único de preservar a sua saúde
(MANSOLDO; MASSETO, 2002). A sensação de bem-estar é um efeito diretamente ligado à
prática da atividade física, isso faz com que os indivíduos procurem integrar-se a ela, como
meio de garantir entre outros interesses, um bom funcionamento de seu organismo (CORBIN,
1987).
35
Com relação à dimensão Sociabilidade, pode-se dizer que esta é fundamental na
adesão a um programa de exercícios, ou prática de atividade física em geral. Considerando o
breve histórico que foi dado na revisão de literatura deste estudo, podemos alusionar já na
infância a importância que o grau de sociabilização tem no que diz respeito ao convívio,
construção de um ambiente agradável para o desenvolvimento, entre outros, o que tem forte
influência sobre a atenção das crianças, interferindo drasticamente no nível de aprendizagem
(PAJARES; SCHRUNK, 2001). Na vida adulta isto não é diferente, uma vez que os estes locais
que se escolhem durante a vida adulta, sejam eles um curso, uma faculdade, um esporte ou a
própria academia, tornam-se os locais aonde esses indivíduos recorrem, formando-se círculos
importantes de convivência que altera inclusive graus de prioridade na vida cotidiana
(WEINBERG; GOULD, 2001). Tendo em vista que os indivíduos utilizam estes locais para se
relacionarem entre si, quando criado um ambiente onde este se sente adequadamente “parte
de um todo”, a sociabilização atua como uma importante fonte de bem estar, aumentando muito
as chances de um indivíduo permanecer dentro de um programa de treinamento. A média
masculina nesta dimensão foi ligeiramente superior à média da população feminina, o que
demonstra que pelo fato de que como os homens foram culturalmente durante muito tempo, os
principais consumidores destes locais como fontes de relações interpessoais (além de
praticarem a atividade física), portanto, é comum que a população masculina frequente estes
locais com um pouco mais de assiduidade em relação à população feminina. Mesmo levando
este fato em consideração, é bastante importante ressaltar que a população feminina tem
frequentado cada vez as academias também como um fator social, e não diferentemente dos
homens, elas também sentem a necessidade de relacionar-se e criarem um ambiente
agradável. O que os difere com relação a esta dimensão, é que devido a todo o histórico social
entre os gêneros, o nível de adesão é sempre superior na população masculina com relação a
população feminina (DECI; RYAN, 2000). Como este estudo fala diretamente sobre a motivação
à prática de atividade física (musculação, no caso), ressalta-se que quando é construído um
ambiente agradável para prática, a motivação do indivíduo em manter-se dentro do programa é
infinitamente maior, através da criação de laços sólidos entre as pessoas e o local e o próprio
local da prática. Estas informações vão de encontro a um estudo realizado com jovens tenistas,
que apontaram a dimensão Sociabilidade como a mais importante para sua permanência dentro
do esporte, demonstrando assim o quão importante é a construção destes vínculos afetivos,
muitas vezes acima de qualquer outra dimensão (BALLAGUER; ATIENZA, 1994).
36
Tem-se em seguida a dimensão Competitividade, que como já esperado, entre todas as
dimensões foi a que apresentou as médias mais baixas em ambos os sexos, demonstrando que
os indivíduos parecem possuir um conceito negativo quanto à competitividade dentro das
academias, enquanto participantes de um programa de exercícios. Muito desta visão, deve-se
ao fato de que a musculação não é uma atividade tida como um esporte para as pessoas que
procuram as academias (com exceção dos que praticam halterofilismo, que são exclusos a este
estudo), com calendários esportivos regulares, no qual a competição é um dos pilares da
prática do esporte. A musculação vai de encontro com fatores que vão além da competição,
relacionados com fatores pessoais, por exemplo, como nas dimensões já discutidas
anteriormente (Sociabilidade, Prazer, Saúde, Estética e Controle de Estresse). Conforme
denotam as próprias perguntas existentes no IMPRAF-54 (Apêndice 1), os motivos pelos quais
os indivíduos procuram as academias vão muito além do que o prazer de ganhar medalhas,
e/ou de adversários, pois a grande maioria não enxerga as academias como um ambiente
abertamente competitivo, e mesmo que se sintam coagidos a competir com alguém, estas
motivações tem a ver com respostas internalizadas da sua percepção aos indivíduos que
constroem esta rede afetiva-social dentro da academia. Este resultado vai de encontro com
outras pesquisas, onde o mesmo questionário, o IMPRAF-54, foi aplicado e demonstrou que a
dimensão Competitividade, ficou também como a dimensão com a média mais baixa entre
todas as outras (BALBINOTTI; CAPOZZOLI, 2007). Nestes estudos, vale ressaltar que o estudo
de Balbinotti e Capozolli (2007), continha uma amostra superior a 300 indivíduos, e de Amorim
(2010), apesar de a população ser inferior (40 indivíduos do sexo masculino entre 18 – 30
anos), ambas demonstram que um ambiente competitivo não é o que as pessoas normalmente
procuram quando vão aderir à um programa de exercícios em academias. Contudo, embora
não seja o objetivo deste estudo, vale ressaltar que como a musculação possui várias vertentes
(FLECK, 2006), se fossem os indivíduos voltados para a prática do halterofilismo, ou o
fisiculturismo, a musculação passaria então a possuir um valor competitivo de extrema
importância, mas neste caso, ela perderia a sua conotação negativa que o resultado deste
estudo parece demonstrar, e adquiriria um caráter competitivo justo, como em qualquer outro
esporte coletivo ou individual, onde o sujeito deve seguir regras e normatizações perante o
esporte em questão. Tanto o esporte atua como fator competitivo importante, que em um
estudo realizado com atletas de basquetebol, a dimensão Competitividade apresentou a
segunda maior média entre todas as dimensões, revelando que o fato de o esporte possuir
37
regras, calendários competitivos regulares, e de consistir basicamente em um jogo de disputa, o
fator “vencer” tem uma influência decisiva sobre o grau de competitividade do sujeito.
Com relação à dimensão Estética, esta possui a segunda maior média entre a
população feminina, e a terceira com relação à população masculina. Embora apareça apenas
como a terceira maior média entre as dimensões na população masculina (e acredito que esta
média tenha sofrido uma forte distorção em função de a população masculina possuir um baixo
número de indivíduos com relação à população feminina), a dimensão Estética tem uma
influência única sobre a adesão do indivíduo, pois diferentemente das dimensões Saúde e
Sociabilidade, maiores médias entre os homens, estas possuem um caráter basicamente
interiorizado, que vai de encontro à ideia proposta pela “Teoria da Autodeterminação” onde o
sujeito entende a atividade como “isto é melhor para mim” (RYAN; DECI, 2000).
Contudo a Estética possui hoje, um caráter social, em especial nos grandes centros
urbanos, tendo como determinante um nível de motivação extrínseca bastante acentuada, que
age sobre a motivação geral do indivíduo, definindo papéis psicológicos essenciais no seu
processo de auto descoberta, e interferindo na afirmação do seu espaço dentro da sociedade. A
Estética tem relação direta com o “pertencer” do indivíduo (GARCIA; LEMOS, 2003). Pertencer
a um grupo, pertencer a uma parcela social x com valores estéticos que possuem caráter
excludente, pertencer internamente e estar satisfatoriamente dentro de determinado padrão,
entre outros. Esta é a dimensão mais complexa com relação à prática da musculação, pois esta
hoje é percebida como uma ferramenta essencial da estética em geral, funcionando como fio
condutor entre o indivíduo e o seu “desejo”, neste caso, o corpo perfeito, o peso ideal, a
aparência adequada para determinado grupo de convívio, ou para a sociedade em geral.
Falando agora da média feminina, a segunda mais alta desta população, esta nos leva
principalmente a um dos principais influenciadores no papel da estética, ou melhor, em como a
estética é enxergada: as mídias. Não é de hoje que a mídia pressiona fortemente os seus
consumidores a um padrão estético considerado para muitos, impossível de conseguir.
Influenciada pela moda, que veste e atua como uma roupagem toda específica para as mídias
de massa (em especial a TV e a Internet), o padrão estético de hoje é um forte excludente
social, gerando um impacto econômico e social gigantesco no convívio dos indivíduos (BETTI,
2004). Este fator é ainda mais acentuado nas populações mais jovens, onde estas pressões de
convívio, e de permanência em grupos sociais considerados importantes para elas, atuam como
um forte componente motivacional em todas as áreas de convívio destas pessoas
(NASCIMENTO, 1994).
38
Com relação à academia onde foram coletados os dados, pode-se dizer que isso é
bastante evidente. Trata-se de uma academia que atua dentro dos perímetros da UFSC, ou
seja, possui um perfil de alunos bastante jovens e em sua maioria estudantes dos variados
cursos oferecidos pela universidade. A própria universidade possui para o jovem, um forte
componente social, onde a aparência é tida como ferramenta social muitas vezes decisiva no
papel e desempenho afetivo-social que estes estudantes vão compor ao longo da graduação
(AQUINO, 2003). Estes jovens que frequentam a academia constantemente reclamam da falta
de tempo, e dos afazeres diários que costumam tomar todo o tempo livre dos seus dias, e
mesmo assim, eles mantêm uma regularidade bastante alta dentro da academia, que varia
entre quatro e cinco dias por semana, tomando de uma e duas horas deste tempo livre, com o
objetivo único de conseguir resultados de maneira mais rápida (MOTTA, 2010).
Entre homens e mulheres, essas cargas sofrem influências um pouco distintas, embora
venham das mesmas fontes citadas anteriormente (mídias, fatores sociais, etc.). O fato de a
população feminina possuir a segunda maior média com relação à estética tem muito a ver com
a firmação de seus papéis afetivos que vem mudando ao longo das décadas socialmente
falando (MALDONADO, 2006). A busca de aparência adequada (para ela) neste caso ajudaria a
realçar este status adquirido e a colocaria em posição vantajosa. Obviamente, que este fator
pode ser apenas ilusório, estudos como o de Strauss (1997), vêm mostrando que as pessoas
consideradas mais bonitas, têm conseguido alcançar um espaço maior, tudo isso fruto de
fatores primitivos, que para os seres humanos foram suprimidos ao longo da evolução, mas que
estão à deriva dentro da sociedade, influenciando-os em como se portar com relação aos
outros, soa intensamente Darwiniano1, onde o mais forte (ou mais belo) ocupa sempre um
espaço maior/melhor (STRAUSS, 1997).
A última dimensão apresentada na tabela, Prazer, possui a segunda maior média entre
os homens e a terceira entre as mulheres. O prazer atua como um importante componente da
motivação intrínseca do indivíduo, sendo ele indispensável para definir estes níveis de
motivação para atividades físicas em geral (RYAN;DECI, 1985). No caso da musculação, este
parece estar atrelado a duas opções de interpretação.
A primeira relaciona-se com o prazer em praticar a atividade em si, no caso a
musculação. Este prazer, além de associado ao prazer fisiológico (liberação de endorfinas,
etc.), pode estar também ao fato de superar metas com relação ao aumento de suas cargas,
e/ou a aumentar os níveis de dificuldade das séries e modelos de treinos baseados no nível de
1
Darwiniano: Referência ao biólogo Charles Darwin (1809 – 1882), criador da teoria de “Evolução das Espécies”.
39
experiência do sujeito, e ainda, associado às outras dimensões já discutidas anteriormente, o
que é perfeitamente compreensível, pois elas atuam em conjunto, indissociáveis.
A segunda parece ligada ao resultado que a atividade física pode oferecer, levando em
consideração os objetivos que o indivíduo tem ao praticar atividade física, sejam estes perder
gordura localizada, ou amentar medidas e perímetros por meio do aumento da massa magra,
melhorar os níveis de flexibilidade em treinos específicos, entre outros. Tanto o prazer atua
como um importante componente à adesão de programas de exercícios, que em um estudo
realizado com adolescentes tenistas demonstrou que o prazer foi a segunda maior média
quando a pergunta era a permanência em um programa de exercícios (JUNCHEM, 2006). É
comum dizer que quando o ambiente, e/ou atividade física realizada não proporciona prazer ao
praticante, o risco de evasão torna-se bastante grande, tornando-se, em muitos casos,
irreversível.
4.2 – Análise das Médias com controle da variável “Grupos de Idades”
Considerando a variável Grupos de Idades, conforme a sugestão de (BALBINOTTI;
CAPOZZOLI, 2008), foram classificados anteriormente em: Adolescentes (18 – 20 anos),
Adultos Jovens (21 – 40), Meia-Idade (41 – 65 anos) e Idosos (acima de 65 anos). Contudo,
vale a pena ressaltar que, como todos os participantes que aceitaram responder a pesquisa,
eram todos abaixo dos 40 anos de idade, optou-se por retirar os outros grupos que não
possuíam indivíduos que os representasse para simples economia de dados, já que eles não
afetariam a análise das médias em absolutamente nenhum aspecto, portanto a tabela 3, que
contém os dados referentes às médias com controle da variável Grupos de Idades, possui
apenas os grupos “Adolescentes (18 – 20 anos)” e “Jovens Adultos (21 – 40 anos)”,
respectivamente, como se verá a seguir.
Conforme vemos na tabela 3, pode-se perceber que com relação à dimensão Controle
de Estresse, o grupo de Jovens Adultos, apresentou média superior com relação à do grupo
Adolescentes. Um dos fatores que pode ser apontado como importante neste aspecto, é o fato
de que, conforme as pessoas vão envelhecendo, é bastante comum que as responsabilidades
diárias aumentem concomitantemente, já que se começa a viver sob a tutela alcançar certos
padrões sociais que são considerados “comuns” entre as pessoas e o ambiente de convívio.
40
Tabela 3 – Descrição das Médias das dimensões com o controle da variável Grupo de Idades
Estes padrões que definem o fim da adolescência como o período de transição do apoio
integral dos pais à autossuficiência, alertam que o seu princípio e o seu fim variam
grandemente, como por exemplo, o
início da geração de estabilidade financeira,
responsabilidades afetivas, responsabilidades com relação ao próprio estudo, entre outros,
normalmente impulsionados principalmente pelo modelo que possuem como herança da
geração de seus pais (PAPALIA; OLLDS, 2000). A academia onde foram coletados os dados é
basicamente composta por estudantes da UFSC, contudo, mesmo que estes possuam
responsabilidades como as já citadas anteriormente, estas responsabilidades são diferentes
das enfrentadas na época do ensino fundamental e médio (fim da adolescência), e se conectam
ao fato de que, conforme o indivíduo cresce, ele automaticamente assume cada vez mais a sua
41
autossuficiência (mesmo que ainda vivam sob a tutela de alguém), e por consequência disto,
gerando estresse superior ao enfrentado anteriormente. Em estudo realizado por Lipp et. al
(2003), mensurou os níveis de estresse em indivíduos jovens com idades entre 15 e 28 anos
baseados em um inventário de sintomas de estresse nestes indivíduos. Os grupos que
apresentaram nível de estresse significativo foram os que estavam na fase do vestibular, ou que
estavam no terceiro ano do ensino médio, seguido dos indivíduos faixa dos 25 anos.
Obviamente, o estudo em questão buscou aprofundamentos com relação ao tema que
esta pesquisa não possui, contudo, os resultados encontrados corroboram com as médias
encontradas na dimensão Controle de Estresse. O que se pode dizer, levando em consideração
ao
mencionado
anteriormente,
é
que
aparentemente,
os
indivíduos
conforme
vão
envelhecendo, buscam maneiras de eliminar essas tensões contidas em suas rotinas, para que
consigam viver com condições psicologicamente estáveis, e a musculação em academias, que
é o foco deste estudo, se apresenta como uma destas ferramentas que os ajudam a passar por
esses fatores estressantes com um pouco mais de suavidade, afetando-os de maneira menos
agressiva, e de alguma forma trazendo benefícios de acordo com os seus objetivos contidos na
prática da atividade física.
Com relação à segunda dimensão (Tabela 3), a Saúde aparece com as maiores médias
em relação às outras dimensões, tanto ao grupo de Adolescentes como no grupo de Adultos
Jovens. As médias com relação a esta dimensão foram igualmente altas quando a variável
controlada era o Sexo, entretanto, comparando os dois grupos de idades percebe-se que o
grupo de Adultos Jovens aparece com uma média ligeiramente superior em relação ao grupo
Adolescentes, e isso também já era esperado, pois pode-se dizer que há um aumento
considerável com os cuidados em relação a saúde conforme o indivíduo amadurece, e isto
acontece por duas razões indissociáveis: a primeira tem a ver com a maturação biológica
natural inerente a todo ser humano, onde conforme os anos passam, ocorre um desgaste
fisiológico inevitável e por conseguinte, a saúde deste individuo vai se alterando a ponto de
surgir sintomas referentes a estas mudanças, alterando o estado de “homeostase” deste
indivíduo (FRANKS; GOLD, FISCELLA, 2003); a segunda relaciona-se com a sua auto
percepção de saúde, que resultado da primeira hipótese apresentada anteriormente, permite
que inicialmente (nas primeiras fases de vida), as preocupações com a saúde sejam
diminuídas, já que os indivíduos percebem o seu estado de saúde como perfeito, ou muito bom,
e obviamente, em função de seu estado biológico estar naturalmente em bom funcionamento
(quando há ausência de doenças), há desprendimento com relação a este tipo de cuidado, que
42
muda à medida que esta percepção de saúde (refletida em sua premissa inicial) também se
altera.
Com relação à prática da atividade física, isso se torna muito evidente conforme os anos
passam. Um indivíduo jovem muito dificilmente se preocupa com seu estado de saúde,
principalmente com cuidados preventivos, uma vez que por meio da sua percepção de saúde,
se considera em “perfeito estado” e dificilmente busca ferramentas para que este estado
permaneça em bom funcionamento por tempo prolongado. Justamente por este tipo de
percepção errônea, que cada vez mais os problemas em relação à saúde têm atingido faixas
cada vez mais jovens de indivíduos. A atividade física atua como um precursor mantenedor de
saúde essencial em todas as fases da vida (NAHAS,2006), porém dificilmente um indivíduo
jovem terá este tipo de cuidado se não for impulsionado por uma educação condizente com
este tipo de conduta, ou se não estiver envolvido na prática esportiva, por exemplo. Por outro
lado, o indivíduo mais velho, conforme percebe estas alterações tem então a escolha de poder
reverter o quadro de agravamento. Pode-se dizer então que, com relação a este estudo, tanto a
população “mais velha”, quanto à população “mais jovem”, tem como prioridade, entre todas as
outras as outras dimensões, a sua saúde, utilizando-se dos treinos de musculação como uma
ferramenta que os ajudaria a mantê-la em estado considerado adequado, por um tempo
prolongado.
Com relação à Sociabilidade, esta aparece respectivamente como a terceira com a
maior média com relação à população do grupo Adolescentes, seguida como a quinta dimensão
com a maior média entre a população do grupo Adultos Jovens, ficando na frente apenas da
variável Competitividade. Embora as médias tenham ficado menores com relação às outras
dimensões, comparando-as entre as duas populações, pode-se notar que o grupo Adolescentes
aparentemente, busca socializar mais, ou atribuir maior importância a esta dimensão com
relação aos outro grupo. De acordo com Giddens (2005, p 82, 83), a interação social é um
“processo pelo qual agimos e reagimos em relação àqueles que estão ao nosso redor, (...) e que o
estudo de formas aparentemente insignificantes de interação social é da maior importância na
sociologia”. Considera então, que a vida cotidiana pode revelar o papel que ela desempenha na
moldagem das percepções do mundo no qual estamos inseridos. Desse modo, traz o
entendimento de que as nossas rotinas diárias dão estrutura e forma ao que fazemos, e que
organizamos o dia a dia das nossas vidas baseadas nas repetições de padrões similares de
comportamento. Por se tratar de uma academia onde o público é de estudantes, e levando em
43
consideração o fator idade, e que em grande parte dos estudantes é de outras cidades/estados,
este fator tem um grau de importância fundamental nos resultados com relação à Sociabilidade.
A dimensão Competitividade, assim como esperado, atingiu a menor média entre as seis
dimensões apresentadas nos Grupos de Idades, assim como aconteceu também quando a
variável controlada era o Sexo. Esta dimensão reflete os mesmos esclarecimentos que
permeiam a outra variável citada, pois com relação a esta não importa a idade e tampouco o
sexo do indivíduo, mas sim o ambiente onde todos estes indivíduos estão inseridos, onde, no
caso, a competitividade não é considerada um dos componentes essenciais (BALBINOTTI;
CAPOZZOLI, 2007).
Assim, podemos dizer que em ambos os grupos, a musculação vai de encontro com
fatores que vão além da competição, relacionados com fatores pessoais, por exemplo, como
nas dimensões já discutidas anteriormente. Conforme denotam as próprias perguntas
existentes no questionário aplicado nesta pesquisa, os motivos pelos quais os indivíduos
procuram as academias vão muito além do que o prazer de ganhar medalhas, e/ou de
adversários, pois a grande maioria não enxerga no ambiente social um ambiente abertamente
competitivo, e mesmo que se sintam coagidos a competir com alguém, estas motivações têm a
ver com respostas internalizadas da sua percepção aos indivíduos que constroem esta rede
afetiva e social dentro da academia (AMORIM, 2010).
Porém, um dado interessante com relação aos grupos de idades nesta variável, é que a
média do grupo Adolescente foi bastante superior em relação à do grupo Adultos Jovens,
demonstrando que os adolescentes da amostra, preocupam-se mais com a competição em
relação ao grupo “mais velho”. Embora os estudos sobre competitividade na área da Educação
Física estejam quase sempre atreladas às modalidades esportivas, ainda assim, quando estes
estudos levam em consideração a variável idade, ocorre um decréscimo com relação à
ansiedade e estresse relacionado à competição conforme a idade dos indivíduos aumenta, e
isso se mostra muito mais acentuado quando o esporte não é de alto rendimento (BARA FILHO;
MIRANDA, 1998). Em um estudo com jovens atletas de voleibol, as informações com relação
ao nível de ansiedade e competitividade de acordo com a idade, corrobora com estudos de (DE
ROSE JR.; VASCONCELLOS, 1997) seguido do mesmo protocolo também aplicado em um
estudo subsequente (DETANICO; SANTOS, 2005), que indicam que os atletas mais jovens e,
provavelmente, com menos vivências e experiência no esporte de competição, seriam mais
vulneráveis a demonstrar ansiedade e estresse competitivo no contexto esportivo do que os
44
atletas mais velhos e, portanto, mais independentes, mais experientes e com estratégias de
enfrentamento mais elaboradas quanto a situações ansiosas no esporte.
Por este motivo é importante ressaltar que apesar de uma academia de musculação não
pertencer abertamente a um ambiente competitivo (embora ele possa ocorrer, mesmo que
diferente de uma modalidade esportiva), deve-se considerar a idade dos indivíduos (GILL;
DEETER, 1988 et. al DE ROSE JR.; VASCONCELLOS, 1997), pois, como visto, os mais jovens
podem ainda não se encontrar tão preparados diante de muitas cobranças e pressões do
esporte de competição, o que pode ocasionalmente refletir sobre aspectos não competitivos da
vida dos mesmos.
Com relação à variável Estética, uma das mais importantes quando a variável idade é
levada em consideração, apresentou média superior a do grupo Adolescentes, em relação ao
grupo Adultos Jovens. Como dito anteriormente, os jovens, especialmente os adolescentes,
sofrem uma influência muito maior com relação as pressões de padrões estéticos do que os
adultos (AQUINO, 2003). Embora os adultos não estejam isentos de sofrerem essas pressões,
estes se mostram, por uma questão natural de experiência, um maior livre arbítrio com relação
ao filtro destas informações. Esta é a dimensão mais complexa com relação à prática da
musculação, pois a musculação hoje é percebida como uma ferramenta essencial da estética
em geral. Especialmente quando se é jovem, e ela funciona como fio condutor entre o indivíduo
e o seu “desejo”, neste caso, o corpo perfeito, o peso ideal, a aparência adequada para
determinado grupo de convívio, ou para a sociedade em geral.
Porém, muito mais do que uma ferramenta de autossatisfação, a estética hoje possui um
valor social muito grande. A Estética possui uma relação direta com o “pertencer” do indivíduo
(GARCIA; LEMOS, 2003). Em um estudo realizado por Demico & Meyer (2006), sobre o valor
da estética como motivação à pratica de atividade física por adolescentes do sexo feminino,
referem que a estética feminina funciona como importante marca social na classificação e
hierarquização dos estilos de vida, bem como de ascensão social (comportamento entre
grupos) e afetiva (hierarquização dos relacionamentos afetivos-socais), e desta forma, esta
dimensão motivacional passa a ser significativamente importante para as adolescentes em vias
de entrarem na idade adulta, como um dos grupos apresentados na população deste estudo.
Pode-se citar ainda que à partir da “Teoria da Autodeterminação” (RYAN; DECI, 2000), a
dimensão Estética seria uma motivação extrínseca do tipo “regulação identificada” tida como
importante a ser realizada, mesmo que aparentemente ela não pareça completamente
essencial, justamente pela importância pessoal que um indivíduo atribui a um comportamento
45
esperado por terceiros (RYAN e DECI, 2000). Aparentemente, estes resultados indicam que é
no final da adolescência (18-19 anos) que estas influências sociais agem de forma mais efetivas
sobre estas adolescentes. Na busca pela construção da imagem corporal ideal, a atividade
física tem papel importante neste processo, podendo garantir a inclusão do indivíduo nos
padrões de estética exigidos por aquela sociedade ou aquele grupo de amigos. No caso deste
estudo as academias de musculação são enxergadas como uma ferramenta importante de
alcance à este objetivo. O corpo, portanto, é visto como algo que esculpimos (construção) de
acordo com as exigências do grupamento social, ou cultural a que pertencemos (FRAGA, 2000;
GARCIA; LEMOS, 2003; NORONHA, 2003). Embora esteja-se falando sobre adolescentes, já
na vida adulta, estas mesmas pressões ainda refletem em muito sobre o comportamento do
individuo. O conceito de beleza, como dito anteriormente, está associada à juventude, como se
o belo fosse necessariamente igual a ser jovem. Talvez por isso, a atual era social viva batendo
recordes na cirurgia de rejuvenescimento e no consumo de medicamentos para emagrecer.
Tanto este fato é verdade que, investigações epidemiológicas vêm mostrando nos últimos anos
um aumento considerável no número de pessoas acometidas por transtornos biomórficos em
que a insatisfação corporal cresce assustadoramente (BALLONE, 2004). A busca deste corpo
perfeito geram excessos e preocupando profissionais da área de saúde e do desporto, inclusive
por relatos que vêm sendo apresentados em que profissionais de Educação Física não
estabelecem limites a seus alunos, nem mesmo distinguindo a prática saudável do exercício
obsessivo (RUSSO, 2005), o que se reflete algumas vezes dentro das salas de musculação.
Por último, apresenta-se a variável Prazer, e esta possui a segunda maior média entre
os dois grupos de idade, tanto o Adolescente, quanto o de Jovens Adultos. O prazer atua como
um importante componente da motivação intrínseca do indivíduo, como já dito anteriormente na
variável Sexo, sendo ele importante para definir estes níveis de motivação para atividades
físicas em geral (RYAN;DECI, 1985). No caso da musculação, este parece estar atrelado a
duas opções de interpretação. A primeira relaciona-se com o prazer em praticar a atividade em
si, que através da média dos adolescentes demonstra que o fator de regulação internalizada, de
acordo com a “Teoria da Autodeterminação”, mostra-se mais ativamente quando o indivíduo é
mais jovem e vai diminuindo à medida que ele envelhece, neste caso (RYAN; DECI, 2000).
Este prazer, além de estar associado ao prazer fisiológico (liberação de endorfinas, etc.),
pode estar também ao fato de superar metas com relação ao aumento de suas cargas, e/ou a
aumentar os níveis de dificuldade das séries e modelos de treinos baseados no nível de
experiência do sujeito, e ainda, associado às outras dimensões, como já discutidas
46
anteriormente. A segunda parece estar ligada a dificuldade de ser chegar ao resultado desejado
à medida que o organismo vai envelhecendo. Conforme o organismo evolui, seu ritmo
metabólico diminui, o que tem ligação direta com o resultado que a atividade física pode
oferecer, levando em consideração os objetivos que o indivíduo tem ao praticar atividade física,
por exemplo, o de perder gordura localizada, ou aumentar medidas e perímetros por meio do
aumento da massa magra, melhorar os níveis de flexibilidade em treinos específicos, entre
outros (FLECK, 2002).
A partir deste ponto, a média demonstra que o que pode ocorrer é que, a motivação
pode adquirir caráter de “regulação interiorizada”, que embora seja inicialmente externa, é
internalizada, como nos comportamentos reforçados por pressões internas como a culpa, muito
comuns em pessoas que fazem determinada atividade por “desencargo de consciência”.
Embora esta hipótese possa ser real, o que vale a pena ser ressaltado, no entanto, é o fato de
que esta dimensão possui um valor altíssimo a população deste estudo, já que esta ficou em
segundo lugar como a média mais alta, e que mesmo que as fontes de regulação possam ser
distintas, ambas atuam diretamente para que o indivíduo sinta prazer ao praticar a atividade
física atuando como um importante componente a adesão de programas de exercícios
(JUNCHEM, 2006).
47
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação à variável Sexo, as dimensões onde as médias apresentaram os scores
mais elevados foram Saúde, Prazer e Estética, respectivamente, sendo que a dimensão Saúde
foi colocada como a principal dimensão motivadora da amostra estudada, sendo seguida de
Prazer e Estética para os homens, e Estética e Prazer para as mulheres, em uma inversão
curiosa, mas muito próxima com relação às médias. As dimensões onde as médias foram
menores foram a de Controle de Estresse, Sociabilidade e por último a dimensão
Competitividade com a média mais baixa entre todas as outras dimensões.
Com relação a variável Grupos de Idades, a dimensão Saúde apareceu novamente
como a dimensão mais motivadora em ambos os grupos de idades, sendo seguida da
dimensão Prazer, também em ambos os grupos a segunda dimensão mais motivadora, a
Estética e Controle de Estresse apareceram respectivamente como terceira e quarta dimensões
mais motivadoras do grupo de idade Adolescentes, invertendo a ordem das dimensões pelas
médias no grupo Jovens Adultos. As dimensões com as menores médias foram a Sociabilidade,
e por fim, novamente em último lugar, a dimensão que menos motiva ambos os grupos de
idades da amostra é a dimensão Competitividade.
Por meio desta pesquisa foi possível identificar que os resultados obtidos estão
intimamente ligados ao local onde a coleta de dados é realizada. Levando-se em consideração
que a academia onde os dados foram coletados provém de um ambiente formado por um
público estudantil e basicamente jovem, este foi um ponto determinante, por exemplo, para que
os outros grupos de idades fossem excluídos da pesquisa pelo fato de não possuir, durante o
período estipulado para coleta, indivíduos suficientes para formação dos mesmos. O mesmo
fator, o do público frequentador da academia, atuou também como determinante dos resultados
desta pesquisa, com relação à hierarquia das dimensões, uma vez que a idade é um
influenciador de preferências por diversos motivos, como: grau de experiências, mudança na
hierarquização de fatores de acordo com a maturação, etc., conforme demonstraram os
resultados apresentados na discussão.
Espera-se que este estudo possa contribuir para as descobertas dos fatores que
motivam indivíduos iniciantes à prática de musculação em academias, contribuindo assim com
os profissionais da área de Educação Física para adesão destes indivíduos bem como a sua
permanência dentro do programa de exercícios. Salienta-se também a necessidade de cada
48
vez mais estudos envolvendo o tema discutido, uma vez que este se utilizou de uma pequena
amostra com relação ao tema dissertado, podendo então, com uma população maior, obter
resultados mais abrangentes sobre o fator motivação.
.
49
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7 - ANEXO E APÊNDICE
Anexo 01 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
CDS/ DEF/UFSC
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996,
segundo o Conselho Nacional de Saúde.
Eu,
_______________________________________________________________________
aceito livremente participar do estudo Análise sobre motivação em iniciantes na prática de
musculação em academia sob responsabilidade do(a) perquisador(a) XXXXX, docente do
Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e
participação dos acadêmicos Rodrigo da Silva Lima e Maria Isabel Ferraz, ambos graduandos
em Bacharelado em Educação Física. O objetivo do estudo é verificar a motivação que leva
praticantes iniciantes de musculação a aderirem ao programa de atividade de forma
permanente e sua percepção de motivação intrínseca e extrínseca.
Participação: Ao concordar em participar, deverei estar à disposição para responder um
questionário sobre minha idade, sexo, motivos que me levaram a praticar, qual a minha
percepção de satisfação em relação ao treino e qual a minha percepção de motivação
intrínseca e extrínseca.
Riscos: Estou ciente que o estudo não trará riscos para minha integridade física ou moral.
Benefícios: Estou ciente de que as informações obtidas com esse estudo poderão ser úteis
cientificamente e de ajuda para outros.
Privacidade: A identificação dos participantes será mantida em sigilo, sendo que os resultados
do presente estudo poderão ser divulgados em congressos e publicados em revistas científicas.
Minha participação é, portanto, voluntária, podendo desistir a qualquer momento do estudo,
sem qualquer prejuízo para mim. Pela minha participação no estudo eu não receberei qualquer
valor em dinheiro e terei a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da
pesquisa não serão de minha responsabilidade. Para maiores informações posso telefonar à
Prof. Emilio Takase, no Departamento de Educação Física, tel. (48) 3721-6417.
Florianópolis, ___/___/____
Assinatura do participante_______________________________________
Assinatura do pesquisador______________________________________
56
Apêndice 01 – Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física
57
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TCC RODRIGO DA SILVA LIMA