Capítulo 6 – Conclusão Capítulo 6 – Conclusões 6.1. Introdução Como visto no início desse trabalho, novas aplicações sem fio têm surgido em freqüências mais altas que a dos sistemas celulares atuais, principalmente para aplicações envolvendo o protocolo IP. Dentre essas freqüências, destacou-se a faixa específica de 3.5 GHz, que foi estudada nesse trabalho. Nesse sentido, o comportamento do sinal eletromagnético em 3.5 GHz em faixa estreita propagando-se num ambiente urbanizado foi experimentalmente analisado e os resultados comparados a modelos de propagação existentes. Além disso, uma análise estatística do comportamento do sinal também foi realizada. Para a realização das medidas, montou-se uma unidade móvel capaz de receber sinais na freqüência considerada. Dois ambientes urbanos com características diferentes foram selecionados para a realização dos experimentos. A unidade móvel percorreu diversas ruas nesses dois ambientes, armazenando os dados de nível de sinal recebido, posição geográfica e distância percorrida. Esses dados foram posteriormente amostrados numa taxa de 2 KHz, suficiente para a determinação dos desvanecimentos lento e rápido do sinal recebido. As conclusões dos resultados obtidos são apresentadas a seguir. 6.2. Análise da Perda de Percurso Para análise de perda de percurso os dados amostrados foram separados em setores de aproximadamente 160 amostras e foi calculada a média de cada setor. Além disso, cada região foi dividida em faixas de 50m, e os setores mencionados anteriormente foram associados à sua faixa correspondente. Calculou-se a média dos setores de cada faixa, plotou-se o gráfico de cada 113 Capítulo 6 – Conclusão região e uma regressão linear foi realizada de forma a caracterizar a perda de percurso para as duas regiões consideradas. Comparam-se também os resultados obtidos das medidas com modelos de propagação já existentes na literatura, de forma a verificar a adequabilidade dos modelos existentes aos dados obtidos nesse trabalho. As comparações com os modelos empíricos existentes na literatura mostraram a inadequabilidade destes modelos. É importante ressaltar que nenhum desses modelos foi desenvolvido para operar nessa freqüência, mas, pelo que se tem conhecimento, nenhum modelo específico ainda foi desenvolvido. Vale observar que as regiões de cobertura desse trabalho eram relativamente pequenas. Isso porque não houve uma preocupação com a existência de visibilidade, que proporciona coberturas bem maiores do que as obtidas nas regiões de medidas, como pode ser observado em [8]. Vale observar que, sendo as regiões de cobertura pequenas, pode ser realizada uma validação dos resultados com modelos determinísticos. 6.3. Comportamento Estatístico Como discutido em capítulos anteriores, o estudo do comportamento do sinal também envolve a estimativa da variabilidade do sinal em torno do seu nível médio, sendo que dois fatores contribuem para isso: variações lentas da média do sinal e variações rápidas e profundas. Na análise da variação lenta, o efeito da queda com a distância foi desconsiderado. Para isso, o estudo foi realizado nos setores situados nas faixas de 50m discutidas anteriormente, sendo cada média do setor uma variável aleatória. A análise da variação rápida foi realizada nos setores de aproximadamente 160 amostras, de forma a garantir estacionariedade no sentido amplo. Três distribuições de probabilidade foram testadas, - Rayleigh, Rice e m-Nakagami – sendo que as análises forma realizadas a partir do 114 Capítulo 6 – Conclusão histograma cumulativo, desvio de perda, taxa de cruzamento de nível e duração média de desvanecimentos. Os resultados obtidos nesse trabalho apresentaram comportamentos semelhantes a trabalhos anteriores realizados nas freqüências de 900 e 1800 MHz. Mostrou-se nesse trabalho que o desvanecimento lento ainda é bem descrito por uma distribuição Lognormal, enquanto que os desvanecimentos rápidos variam entre distribuições conhecidas, sendo que em regiões de visibilidade mostrou-se uma dificuldade em se caracterizar o desvanecimento entra as distribuições propostas, como era de se esperar. Mostrou-se também a dependência do fator k da distribuição de Rice com a existência ou não de visibilidade e, mesmo em regiões onde existia visibilidade a análise para grandes trechos gerava uma diminuição no valor desse fator. A análise de pequenos trechos apresentou uma dependência maior do ambiente do que a análise de grandes trechos, que geralmente tendiam a uma distribuição de Rayleigh. Com relação à taxa de cruzamento de nível e duração média dos desvanecimentos, verificou-se uma não aderência às distribuições propostas, pois os resultados apresentam erros relativamente grandes e comparáveis. Isso mostra que estes parâmetros poderiam ser descritos por uma estatística mais apropriada. 6.4. Análise da Difração Uma análise visual dos resultados das medidas realizadas na região de Copacabana mostra uma forte atenuação do sinal quando a condição de visibilidade é perdida. Verificou-se que o sinal sofre uma variação entre 15 a 17 dB num trecho de 50m do cruzamento de vias com ou sem visibilidade. Essa perda pode ser associada ao fenômeno da difração que, pode ser perfeitamente levada em consideração em modelos determinísticos para predição da intensidade do sinal. 115 Capítulo 6 – Conclusão 6.5. Sugestões para Trabalhos Futuros Algumas sugestões para continuação desse trabalho podem ser enumeradas, como: - Desenvolvimento de modelo empírico apropriado à medida que outros experimentos forem sendo realizados; - Verificação do comportamento de modelos determinísticos com uso da técnica de traçado de raios para essa freqüência. No caso desses modelos, ao se considerar o fenômeno da difração, os resultados podem ser bem significativos. - Estudo de outras funções de densidade de probabilidade para modelar os parâmetros de taxa de cruzamento de níveis e duração média dos desvanecimentos. 116