22(1)
Abril / Junho
April / June
2015
ISSN online: 2178-2571
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Academia do saber
Vol.22, n.1, Abr – Jun 2015, pp.05-27
EDITORIAL
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Editor-Chefe
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Academia
do
Mario dos Anjos Neto Filho
Editor-in-Chief
saber
Vol.22, n.1, Abr – Jun 2015, pp.05-27
ISSN online: 2178-2571
SUMÁRIO SUMMARY
ORIGINAIS
INCIDÊNCIA DE SOROPOSITIVIDADE PARA TOXOPLASMOSE EM
GESTANTES NO MUNICÍPIO DE MARIALVA (PR) NO PERÍODO DE
JANEIRO DE 2011 A JANEIRO DE 2012
MARIA ELIZA ZERBINATTI, ADRIANA LETICIA GOLDONI, ROGÉRIO TIYO, CLAUDIA TIEMI
MIYAMOTO ROSADA .............................................................................................................. 05
PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO
DOS
CASOS
DE
LEISHMANIOSE
TEGUMENTAR AMERICANA NO MUNICÍPIO DE SARANDI – PARANÁ
EVA APARECIDA BATISTA, VIVIANE CAZETTA DE LIMA VIEIRA, ANGELA APARECIDA
SILVA ........................................................................................................................................ 10
ALEITAMENTO MATERNO X DESMAME PRECOCE
SUELEN EHMS DE FARIAS, DANIELLE WISNIEWSKI ...........................................................14
ATUALIZAÇÃO DA LITERATURA
MOSQUITO TRANSGÊNICO Aedes aegypti NO BRASIL: LINHAGEM
OX513A
CAMILA RODRIGUES RUFFATO, HÉLIO CONTE .................................................................. 20
ESTUDO SOBRE A INTOLERÂNCIA À LACTOSE
MAYARA GALEGO, VIVIANE OLIVEIRA, MARCOS EDUARDO PINTINHA, GLÉIA RICCI .. 24
Vol.22, n.1, Abr – Jun 2015, pp.05-27
Vol.22,n.1,pp.05-09 (Abr - Jun 2015)
Revista UNINGÁ Review
INCIDÊNCIA DE SOROPOSITIVIDADE PARA
TOXOPLASMOSE EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE
MARIALVA (PR) NO PERÍODO DE
JANEIRO DE 2011 A JANEIRO DE 2012
INCIDENCE OF TOXOPLASMOSIS IN PREGNANT WOMEN IN THE CITY OF MARIALVA
(PR, BRAZIL) IN THE PERIOD OF JANUARY 2011 TO JANUARY 2012
MARIA ELIZA ZERBINATTI1, ADRIANA LETICIA GOLDONI2, ROGÉRIO TIYO3, CLAUDIA TIEMI
MIYAMOTO ROSADA4*
1. Discente do curso de Biomedicina da Faculdade Ingá; 2. Doutora pela Universidade de São Paulo, docente dos cursos de graduação de Biomedicina e
Medicina da Faculdade Ingá; 3. Doutor pela Universidade Estadual de Maringá, coordenador do curso de graduação de Farmácia da Faculdade Ingá; 4.
Doutora pela Universidade Estadual de Maringá, docente do curso de graduação de Medicina da Faculdade Ingá.
* Rua Rodovia PR 317, nª 6114, Maringá, Paraná, Brasil. CEP 87035-510. [email protected]
Recebido em 15/12/2014. Aceito para publicação em 19/02/2015
RESUMO
A toxoplasmose é uma das infecções parasitárias mais comuns em humanos e tem como agente etiológico o protozoário Toxoplasma gondii. A toxoplasmose congênita apresenta elevada morbidade e mortalidade infantil, portanto o
acompanhamento pré-natal é uma importante medida para
sua prevenção. Foi realizado um estudo retrospectivo com
prontuários médicos de gestantes atendidas na Clínica da
Mulher localizada no município de Marialva (PR), no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012. Das 204 gestantes avaliadas, 47% tinham entre 37 a 48 anos, 36% entre 26 a 36 anos e 18% de 15 a 25 anos. A análise sorológica
das gestantes revelou que 20 pacientes eram soropositivas
para toxoplasmose sendo que oito destas apresentaram
resultado reagente para IgM anti-Toxoplasma gondii. Dois
recém-nascidos também apresentaram soropositividade
para IgM e corioretinite. Com relação aos hábitos de vida
em comum entre as gestantes soropositivas constatou-se o
contato com gatos. A incidência da toxoplasmose no Município de Marialva está dentro do esperado quando comparados a outras localidades. Assim, é muito importante que
as gestantes façam acompanhamento pré-natal até o final
da gestação.
PALAVRAS-CHAVE: Toxoplasmose congênita. Soropositividade. Gestantes..
ABSTRACT
Toxoplasmosis is one of the most common parasitic infections
in humans and whose etiologic agent the protozoan Toxoplasma gondiii. Congenital toxoplasmosis has high morbidity and
infant mortality, thus the prenatal care an important measure
for its prevention. A retrospective study of the medical records
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from pregnant women in Women's Clinic located in the municipality of Marialva (PR) was conducted from January 2011
to January 2012. Of the 204 pregnant women screened, 47%
were between 37 to 48 years, 36% were aged 26-36 years and
18% were 15 to 25 years. Serological analysis of pregnant
women revealed that 20 patients were seropositive for toxoplasmosis and eight of these had a positive result for IgM anti-Toxoplasma gondii. Two newborn also presented seropositivity for IgM and chorioretinitis. Regarding lifestyle habits
among HIV-positive pregnant women, the contact with cats
was stated. The incidence of toxoplasmosis in the city of Marialva is as expected when compared to other locations. Thus, it
is very important that pregnant women make prenatal care until
the end of pregnancy.
KEYWORDS: Congenital toxoplasmosis. Seropositivity.
Pregnancy.
1. INTRODUÇÃO
A toxoplasmose é uma das infecções parasitárias mais
comuns em humanos, amplamente distribuída em todo o
mundo e que tem como agente etiológico o protozoário
Toxoplasma gondii 1,2. Este protozoário intracelular pode
parasitar diversos tecidos de vários mamíferos e aves,
mas o gato e outros felídeos são os únicos hospedeiros
nos quais o T. gondii realiza todo o seu ciclo de vida - fase
assexuada e fase sexuada, enquanto que o homem e os
outros animais atuam somente como hospedeiros
intermediários nos quais o parasito realiza apenas a fase
assexuada de seu ciclo1,2,3.
Estudos sorológicos indicam que de 80% a 90% das
infecções primárias por T. gondii são assintomáticas, em
decorrência da efetividade do sistema imunológico3,4,
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mas quando presentes, os sintomas são semelhantes aos
de um resfriado comum com quadro febril, linfoadenopatia, e eventual rash cutâneo, evoluindo de uma fase
aguda para uma fase crônica3,5. No entanto, a infecção
pode acarretar em complicações graves, principalmente
em pacientes imunossuprimidos5.
Diversas são as formas de transmissão, ocorrendo por
ingestão de: (1) oocistos encontrados na terra, areia e
alimentos; (2) cistos teciduais encontrados nas carnes
cruas e mal cozidas; (3) por via transplacentária, quando a
mãe adquire a infecção durante a gestação 3,6. O parasito
invade as células do sistema fagocítico-mononuclear,
dando origem às estruturas intermediárias denominadas
pseudocistos e disseminam-se por via sanguínea ou
linfática para qualquer órgão ou tecido, incluindo sistema
nervoso central e olhos, pelos quais tem um tropismo
maior7,8.
A toxoplasmose congênita é considerada importante
causa mundial de morbidade e mortalidade infantil e
apresenta especial relevância pelos danos causados ao
desenvolvimento do feto3,9. Para que a transmissão
vertical ocorra é necessário que a mãe esteja na fase
aguda da doença ou que haja uma reativação de infecção
latente devido à imunodepressão da gestante1. O parasito
atinge o concepto por via transplacentária causando
danos de diferentes graus de acordo com a virulência da
cepa, o sistema imunológico materno e o período
gestacional no qual ocorreu a infecção, sendo que o risco
de transmissão aumenta com o avanço da idade
gestacional7,8,10. A transmissão vertical pode acarretar em
aborto, nascimento prematuro ou anomalias graves,
caracterizadas por calcificações cerebrais, perturbações
neurológicas resultando em retardos mentais, alterações
no volume do crânio, micro e macrocefalia, pode haver
comprometimento
ganglionar
generalizado,
hepatomegalia,
edemas,
miocardite,
anemia,
trombocitopenia e lesões oculares5,11,12,13,14,15.
O exame de rotina mais comumente utilizado para
diagnóstico da toxoplasmose baseia-se na pesquisa de
anticorpos IgM e IgG antígeno-específicos1,2,4,11,12. A
triagem sorológica deve compreender a pesquisa de
anticorpos IgG e IgM contra T. gondii para que possa
identificar a fase em que a doença se encontra1,16. Na fase
aguda da toxoplasmose ocorre, primeiramente, a síntese
de IgM aproximadamente uma a duas semanas após a
infecção, atingindo pico em seis a oito semanas e, então,
entra em declínio. A presença de IgM é detectada até
quatro a seis meses após o início da infecção por T.
gondii4,7. O diagnóstico da infecção aguda na gestante
permite seu tratamento com possibilidades de prevenção
da infecção fetal ou minimização do seu
comprometimento2. A IgG também pode ser detectada
desde o início da parasitose e, embora haja diminuição
dos níveis sorológicos, estes se mantem elevados por toda
a vida caracterizando a fase crônica ou latente da doença 7.
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O diagnóstico de toxoplasmose congênita é
rotineiramente realizado por sorologia, embora também
seja possível fazer o diagnóstico utilizando técnicas de
biologia molecular. A pesquisa de anticorpos IgM
antígeno-específicos no soro do recém-nascido é
amplamente utilizada, uma vez que este isótipo não
atravessa a barreira placentária e é facilmente obtido por
meio da coleta de sangue venoso17. Além do soro, é
possível verificar a presença de anticorpos IgM
anti-Toxoplasma gondii por meio da cordocentese, a qual
é realizada até a 22ª semana de gestação para detecção da
resposta imune fetal. Pode-se até mesmo ser realizada a
amniocentese para a identificação DNA do parasita por
meio da reação em cadeia de polimerase, cuja
sensibilidade atinge 97,4%2,3,5,18.
O objetivo do presente trabalho é estimar a incidência de soropositividade para toxoplasmose em gestantes
por meio de métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico da toxoplasmose no atendimento do Sistema Único
de Saúde e avaliar possíveis associações de ocorrência
da soropositividade com idade, cor, procedência e escolaridade materna.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado um estudo retrospectivo das gestantes
atendidas na Clínica da Mulher, Unidade de Saúde da
rede SUS, localizada no município de Marialva, Paraná,
no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012.
Foram avaliadas as seguintes informações: sorologia
para toxoplasmose, idade, nível socioeconômico,
escolaridade, estado civil, acompanhamento pré-natal e
presença de gatos em casa ou em local de trabalho.
Os dados foram coletados de prontuários médicos de
204 gestantes submetidas a coleta sanguínea para
realização da pesquisa sorológica e considerados apenas
os resultados obtidos na primeira consulta pré-natal.
Os testes sorológicos foram realizados em apenas um
laboratório evitando dessa forma vícios de aferição e
diferenças metodológicas. O método utilizado para a
dosagem sorológica foi a imunofluorescência indireta
(IFI) para a pesquisa de IgG e o imunoenzimático
(ELISA) para a detecção de IgM. Ambas as técnicas
baseiam-se na interação antígeno-anticorpo altamente
sensíveis e especificas.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade Ingá, parecer nº 0245/11.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos prontuários das gestantes atendidas na
Clínica da Mulher no período de janeiro de 2011 a janeiro
de 2012 revelou que quase metade (47%) das pacientes
tinham entre 37 a 48 anos, 36% das pacientes estavam na
faixa etária de 26 a 36 anos e 18% das gestantes tinham
entre 15 a 25 anos (figura 1). Esses dados estão de acordo
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com a tendência observada no país relacionada com o
declínio do número de gestantes entre os grupos etários
de 15 a 24 anos19.
Figura 1. Distribuição das gestantes de acordo com faixa etária, no
período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012.
Quanto ao início do acompanhamento pré-natal, 62%
das pacientes buscaram assistência pré-natal já no
primeiro trimestre da gestação, 24% no segundo trimestre
e 14% iniciaram as consultas no terceiro trimestre. De
acordo com o Ministério da Saúde um pré-natal adequado
consiste de seis ou mais consultas pré-natais. A
assistência
pré-natal
apropriada
previne
a
morbimortalidade materna e perinatal, pois permite a
detecção e o tratamento oportuno de afecções como a
toxoplasmose e de reduz os fatores de risco que trazem
complicações para a saúde da mulher e do bebê20,21.
A análise sorológica das gestantes revelou que 20
(9,8%) das pacientes eram soropositivas para
toxoplasmose (tabela 1). As gestantes são consideradas
soropositivas para toxoplasmose quando apresentavam
resultado
reagente
para
IgG
anti-Toxoplasma gondii acompanhadas ou não de IgM
anti-Toxoplasma gondii reagente e as pacientes que
apresentaram sorologia não reagente para IgG e IgM
antígeno-específicas são consideradas soronegativas e,
consequentemente, suscetíveis à infecção primária.
Dentre as pacientes soropositivas, quatro (20%)
apresentavam alguma sintomatologia oftálmica e três
(15%) não tiveram acompanhamento pré-natal conforme
preconizado pelo Ministério da Saúde, ou seja, com mais
de 5 consultas médicas durante a gestação.
Ainda quanto a análise sorológica, o percentual de
positividade para toxoplasmose foi maior na faixa etária
entre 37 a 48 anos, o que pode ser explicado pelo aumento da exposição às diversas vias de transmissão a
medida que a idade aumenta22. No entanto, não foi observado nenhum caso de toxoplasmose em gestantes
com idade superior a 41 anos.
Tabela 1. Distribuição das gestantes de acordo com a sorologia e faixa
etária, no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012
Sorologia negativa
184
90,2%
Sorologia positiva
20
9,8%
Total
204
100%
A análise dos isótipos antígeno-específicos indicou
que oito (40%) pacientes com resultado reagente
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possuíam anticorpos da classe IgM, sendo que cinco
estavam na faixa etária de 37 a 48 anos (figura 2). Com
relação aos anticorpos apresentados por estas pacientes,
pode-se dizer que 12 pacientes poderiam ter tido uma
exposição passada ao T. gondii apresentando somente
níveis de anticorpos da classe IgG antígeno-específicas e
as oito pacientes com resultado reagente para IgM
antígeno-específicas poderiam estar no quadro de
toxoplasmose aguda. Porém, seria necessário realizar o
teste de avidez para anticorpos IgG para confirmar este
diagnóstico. O teste de avidez para anticorpo IgG é
utilizada para diferenciar resposta imune primária
(primo-infecção) da resposta imune secundária
(reagudização)2. Na resposta imune primária há
predomínio de anticorpos de baixa avidez com níveis
superiores a 70%, enquanto que na resposta de memória
ou secundária há predomínio de anticorpos de alta avidez
com níveis acima de 70%. Logo, a estimativa da avidez
da IgG anti-Toxoplasma gondii auxilia no diagnóstico de
infecção recente ou pregressa23.
Figura 2. Distribuição das gestantes soropositivas de acordo com faixa
etária no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012
A presença de anticorpos IgM geralmente é utilizada
como diagnóstico de toxoplasmose recente e utilizado
para considerar o risco de transmissão para o feto 1,2,5.
Dentre as oito gestantes que apresentaram
soropositividade para IgM anti-T. gondii, duas crianças
(25%) foram diagnosticadas com toxoplasmose congênita
por meio da pesquisa de anticorpos IgM
antígeno-específicas e apresentavam manifestações
clínicas como coriorretonite.
A infecção fetal poder ser atenuada ou prevenida
quando há tratamento materno após um diagnóstico
precoce com fármacos variados como espiramicina,
devido a sua ação no tecido placentário e por não
apresentar toxicidade para o feto, independentemente da
idade gestacional5,8. Já as crianças que são infectadas
congenitamente são tratadas com pirimetamina,
sulfadiazina e ácido folínico que são administrados no
primeiro mês de vida e estendido até o primeiro ano de
vida, reduzindo a frequência e a gravidade das sequelas11.
A taxa de soroconversão encontrada neste estudo
novamente enfatiza a importância do acompanhamento
adequado do pré-natal para diagnóstico precoce e
tratamento das gestantes a fim de evitar a infecção dos
fetos ou reduzir as sequelas causadas pelo parasita.
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Zerbinatti et al. / Uningá Review
Em relação aos hábitos de vida considerados fatores
de risco para aquisição da toxoplasmose, não foram encontradas diferenças significativas, exceto pelo fato que
todas as gestantes soropositivas relatarem proximidade
com gatos domésticos, sendo este um fator relevante já
que estes animais possuem papel bem descrito no ciclo
do parasita24,25,26,27.
Diversos surtos já foram relatados devido ao convívio com gatos domésticos infectados, como no caso surto ocorrido em Santa Isabel do Ivaí, Paraná, aonde houve
contaminação do reservatório hídrico por oocistos de T.
gondii eliminados por gatos domésticos que permaneciam na região22. No entanto, há um grande desconhecimento dos pacientes sobre a doença, o que ratifica a
necessidade de medidas de prevenção e controle direcionadas às vias de transmissão 28. Desta forma, existem
diversas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde (MS) como evitar o consumo de produtos animais
crus ou mal cozidos principalmente das espécies caprina,
ovina e suína, pois estas são mais sensíveis à infecção e
o consumo de sua carne crua ou mal cozida é considerado uma importante fonte de infecção de T. gondii para
humanos; eliminar fezes de gatos infectados em locais
adequados e de forma segura; proteger as áreas com
areia (em praças, escolas, creches) para que os gatos não
as utilizem; lavar as mãos após manipular carne crua ou
terra contaminada e evitar o contato de grávidas com
gatos; alimentar gatos somente com ração ou carne bem
cozida; lavar bem as frutas e vegetais com água corrente;
limpar diariamente as caixas sanitárias dos gatos; controlar moscas e baratas ou outras espécies que possam
servir de vetores para o T. gondii; ingerir apenas água
tratada ou fervida29,30,31,32.
Embora a soropositividade seja mais comum nos
indivíduos com nível socioeconômico baixo e baixa
escolaridade22, esses fatores não influenciaram na
soropositividade das gestantes avaliadas.
Atualmente não há estudos que mostrem o benefício
do tratamento materno profilático para evitar a
transmissão vertical, portanto a orientação verbal ou por
escrito de medidas preventivas para gestantes bem como
a realização do pré-natal ainda é o melhor método para
identificar e diminuir os casos de infecção aguda em
gestantes com consequente redução de casos de infecção
congênita e o surgimento de sequelas futuras.
4. CONCLUSÃO
A toxoplasmose é uma zoonose que tem como agente
etiológico o protozoário Toxoplasma gondii, um parasita
intracelular obrigatório. A toxoplasmose congênita é
considerada importante causa mundial de morbidade e
mortalidade infantis e apresenta especial relevância pelos danos causados ao desenvolvimento do feto. É importante salientar que o risco infecção está diretamente
relacionado com a idade, pois a medida que a idade
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avança, aumenta a exposição às diversas vias de transmissão.
Uma vez adquirida a infecção previamente a gestação,
o foco de atenção se concentra naquelas gestantes
susceptíveis e, portanto, com risco de infecção aguda e
consequente transmissão fetal, enfatizando a importância
do acompanhamento pré-natal. Ainda não existem
estudos que evidenciam o benefício do tratamento
maternos para evitar a transmissão vertical, portanto a
orientação verbal ou por escrito de medidas preventivas e
ações de educação em saúde às gestantes susceptíveis
durante o pré-natal é a melhor medida para identificar e
diminuir os casos de infecção aguda. Consequentemente,
isso impacta no número de casos de infecção congênita e
o aparecimento de sequelas no futuro, além de instituir
tratamento precoce de crianças congenitamente
infectadas.
A incidência da toxoplasmose no Município de
Marialva está dentro do esperado, quando comparados a
outras localidades, ratificando as ações de saúde pública
desenvolvidas na cidade, incluindo o acompanhamento
pré-natal até o final da gestação, primordial para a saúde
da gestante e do bebê.
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Vol.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015)
Revista UNINGÁ Review
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO
MUNICÍPIO DE SARANDI – PARANÁ
EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF CASES AMERICAN CUTANEOUS LEISHMANIASIS IN
THE COUNTY OF SARANDI – PARANÁ
EVA APARECIDA BATISTA1, VIVIANE CAZETTA DE LIMA VIEIRA2, ANGELA APARECIDA SILVA3*
1. Graduação em Enfermagem pela Fundação Centro Universitário de Mandaguari – FAFIMAN/UNIMAN; 2. Mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá – UEM; 3. Mestre em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá –
UEM.
* Rua Vaz Caminha, 46, Jardim Panorama, Sarandi, Paraná, Brasil. CEP 87113-140. [email protected]
Recebido em 03/03/2015. Aceito para publicação em 09/03/2015
RESUMO
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma das
cinco doenças infecto-parasitárias endêmicas de maior relevância e um problema de saúde pública mundial. Esta
patologia vem aumentando nos últimos 20 anos, independente do sexo ou idade. No Brasil o maior número de ocorrências é encontrado no norte e nordeste. No Paraná a
maior concentração está localizada no Vale do Rio Ribeira
e no Norte do Paraná. Este trabalho teve como objetivo
fazer um levantamento do perfil epidemiológico dos casos
de leishmaniose no município de Sarandi-PR, entre os anos
de 2007 a 2013 através de dados coletados de fichas de notificações obrigatória. Trata-se de um estudo descritivo exploratório com uma abordagem quantitativa. Encontrou-se
um total de 44 fichas notificadas de LTA, com maior prevalência entre 2010 e 2011 com 20,45% dos casos para ambos. O município de Ivatuba apresentou maior número de
casos totalizando 45% das notificações. A faixa etária com
maior índice de ocorrências foram entre 35 e 49 anos, onde
91% pertenciam ao sexo masculino. Salienta-se por meio
deste estudo a importância das fichas de notificações compulsórias como um instrumento que permite avaliar o perfil epidemiológico de casos de LTA assim como dar subsídios para estruturação dos serviços.
PALAVRAS-CHAVE: Leishmaniose Tegumentar Americana, notificações de casos, saúde pública.
ABSTRACT
The American Cutaneous Leishmaniasis (ACL) is considered
by the World Health Organization as one of five endemic infectious and parasitic diseases of greatest importance and a
problem of global public health. This disease has increased in
the last 20 years, regardless of sex or age. In Brazil the largest
number of occurrences is found in the north and northeast. In
Paraná the highest concentration is located in Rio Ribeira Valley and northern Paraná. This study aimed to survey the epidemiology of leishmaniasis in the municipality of Sarandi-PR,
ISSN online 2178-2571
between the years 2007 to 2013 using data collected from
mandatory notifications of chips. This is a descriptive exploratory study with a quantitative approach. Lied a total of 44
sheets notified of LTA, with a higher prevalence between 2010
and 2011 with 20.45% of the cases for both. The municipality
of Ivatuba the greatest number of cases totaling 45% of the
notifications. The age group with the highest occurrence rate
was between 35 and 49, where 91% were male. It is emphasized through this study the importance of records of compulsory notifications as a tool to evaluate the epidemiological
profile of ACL cases and make allowances for structuring services.
KEYWORDS: American Cutaneous, leishmaniasis, notifications of cases, public health.
1. INTRODUÇÃO
O gênero Leishmania foi descoberto em 1903 por
Ross, e confirmada em 1909 por Lindemberg onde encontrou parasitas em lesões cutâneas de trabalhadores
das matas do estado de São Paulo1.
A Leishmaniose é considerada pela Organização
Mundial de Saúde como uma das cinco doenças infecto-parasitárias endêmicas de maior relevância e um problema de saúde pública mundial pela sua magnitude,
transcendência e pouca vulnerabilidade às medidas de
controle2.
Na região do novo mundo existem pelo menos 17
taxas do gênero Leishmania. No Brasil encontram-se
várias espécies de leishmaniose que são responsáveis por
ocasionar doenças em seres humanos, entre elas a
Leishmania Tegumentar Americana (LTA). Ela é encontrada atualmente em todos os estados brasileiros, sobre
diferentes perfis epidemiológicos. O maior número de
casos encontra-se nas regiões norte e nordeste do Brasil.
No Paraná, a leishmaniose é encontrada em duas áreas
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Batista et al. / Uningá Review
com características próprias, uma delas é localizada no
Vale do Rio Ribeira e a outra no Norte do Paraná3,4,5.
Esta patologia acompanha o homem desde os tempos
remotos, e tem apresentado nos últimos 20 anos aumento
no número de casos4. A leishmaniose é encontrada principalmente em países em desenvolvimento, podendo
existir formas resistentes entre suas espécies6. É uma
zoonose em franca expansão geográfica no Brasil não
restringindo sexo ou idade3.
A leishmaniose é causada pelo protozoário pertencente ao filo Protozoa, subfilo Sarcomastigophora, classe
Masgophora, ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito flebotomíneo que infecta os
macrófagos de mamíferos, compreendendo ao gênero
Lutezamya (chamado de mosquito palha ou birigui). O
protozoário é caracterizado como um parasita intracelular obrigatório, tendo como consequência infecções diversas e complexas4,6,7.
O ciclo biológico da leishmania é apresentado por
duas formas: amastigota e promastigota. A forma amastigota parasita o fagossoma das células do sistema fagocítico mononuclear dos hospedeiros vertebrados (homem,
animais silvestres e animais domésticos), caracterizando
pela ausência de flagelo. A forma promastigota é flagelada e encontra-se no aparelho digestivo do vetor, que é
o inseto pertencente à família Psychodidae, subfamília
Phlebotominae, pertencentes ao gênero Phlebotmas3. Em
ambas as formas são encontrados núcleo e cinetoplasto
apresentando funções distintas entre si.
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é
umas das formas de leishmaniose que afeta pele e mucosas, causada por protozoário de caráter pleomórficos,
é uma doença crônica de manifestação cutânea, infecciosa e não contagiosa3.
A doença desenvolve-se por pápulas, transformando-se em ulceras com bordas elevadas, granuladas, que
podem ser únicas ou múltiplas e são indolores. Também
podem manifestar-se como placas verrugosas, papulosas
e nodulosas, localizadas ou difusas. Estas manifestações
dermatológicas são de extrema relevância, não só pela
sua frequência, mas principalmente pelas dificuldades
terapêuticas, possibilidade de seqüelas e mutilações que
podem surgir nos casos crônicos3,4,5.
As ações de controle dirigidas aos doentes acometidos pela LTA são desenvolvidas pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), devendo ser incorporadas progressivamente as atividades relacionadas a reservatórios e vetores assim como nas buscas ativa de casos2,4,8,9.
O SUS oferece tratamento especifico para a doença,
notificações e combate aos focos dos mosquitos. A droga
de primeira escolha é à base de antimônio de n-metil de
glucamina (glucantime) orientado pela Organização
Mundial da Saúde. As outras medicações disponíveis no
servido de saúde são isotianatide pentamidiona e anfotericina B. A prevenção consiste em repouso, boa alimenISSN online 2178-2571
V.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015)
tação, uso de repelentes, tela nas janelas e não construir
casas próximo das matas5,10.
Considerando à ocorrência da LTA no Paraná, este
trabalho teve como objetivo levantar o perfil epidemiológico dos casos notificados da doença na Vigilância
Epidemiológica do Município de Sarandi, notificados no
período entre 2007 e 2013 e que foram acompanhados
até o final do tratamento.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Estudo descritivo exploratório com uma abordagem
quantitativa realizado no município de Sarandi. Este
município está localizado no norte do estado do Paraná,
possui uma população de 88.364 habitantes e pertence à
15ª Regional de Saúde. Seu desenvolvimento é baseado
na agroindústria, possui uma densidade demográfica de
800,74 habitantes por quilômetro quadrado11.
A rede pública de saúde é formada por 12 Unidades
Básicas de Saúde (UBS), 01 UPA (Unidade de Pronto
Atendimento) e 01 hospital Filantrópico. O fluxo de
atendimento ao paciente com suspeita de LTA ocorre da
seguinte forma: todas as pessoas suspeitas de LTA são
encaminhadas para o laboratório do município, para fazer exame de sangue ou biópsia da lesão. Sendo confirmada a doença é feita a notificação epidemiológica por
meio da ficha do Sistema de Informações de Agravos e
Notificação (SINAN). A farmácia do município é responsável pelo cadastramento do paciente na 15º Regional de Saúde e fornecimento do medicamento ao mesmo.
O instrumento de coleta de dados foram fichas de
notificações obrigatória do SINAN, arquivadas na vigilância epidemiológica do município de Sarandi, preenchidas no período de 2007 à 2013, totalizando 44 fichas.
Os dados analisados nestas fichas foram: sexo, idade,
local onde os pacientes contraíram a doença, ano de notificação, número de lesões e conclusão do tratamento.
A coleta de dados ocorreu no primeiro semestre de
2013. Os dados foram tabulados e contabilizados por
meio de frequência e porcentagem simples.
Foram respeitados aspectos éticos de pesquisa, por
meio do termo de autorização de pesquisa entregue ao
Secretário de Saúde do Município antes da coleta de
dados
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta pesquisa encontrou-se durante o período estudado, 44 casos notificados de leishmaniose no município
de Sarandi-PR, todos eles pertencentes ao gênero
Leishmania Tegumentar Americana (LTA).
Um dos fatores que contribuem para a ocorrência de
LTA no Brasil é a localização geográfica do país, cuja
extensão pertence a uma região tropical com clima favorável para a proliferação de doenças endêmicas12.
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Batista et al. / Uningá Review
Estima-se que mundialmente ocorrem cerca de 0,7 a
1,2 milhões de casos de LTA, sendo que um terço deles
ocorrem em três regiões epidemiológicas sendo estas as
Américas, a Bacia do Mediterrâneo e a Ásia ocidental.
Entre os dez países com maior número de casos está o
Brasil representando um equivalente de 70 a 75% deste
total13.
O número de casos notificados no Sul do Brasil revela que a LTA é endêmica no Estado do Paraná representando um equivalente de 99,3% dos casos. Dois polos
são responsáveis pelos casos de LTA no estado do Paraná, um deles ao norte representado pelo Rio Paranapanema e outro ao sul representado pelo Rio Ivaí14.
Os dados do presente estudo indicam que em todos
os casos de LTA notificados foram contraídos na extensão do Rio Ivaí, com maior porcentagem em Ivatuba
com 20 casos (45%), em Doutor Camargo com 14 casos
(32%) e São Jorge do Ivaí com 10 casos (23%) (Figura
1).
No período dos dados coletados, os anos que apresentaram maior ocorrência de casos foram em 2010 e
2011, com 9 casos em ambos e a menor ocorrência foi
em 2013 com apenas 1 caso. Quanto à faixa etária encontrou-se a prevalência de casos na faixa etária dos 20
aos 79 anos, representando maior índice de casos entre
35-49 anos (43,18%) (Fig. 2).
V.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015)
gimento já é uma indicação para que o paciente procure o
médico para ser diagnosticada a doença. O fato de uma
única lesão ter sido encontrada demonstra talvez o fato
desta lesão ser facilmente visível, recorrendo então ao
auxílio médico. A não especificação do tipo de lesão pode
sugerir falhas no processo de acompanhamento do paciente.
Figure 2 - Notificação da Leishmania Tegumentar Americana no município de Sarandi-PR por faixa etária e ano. Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica do Município de Sarandi/PR.
Todos os pacientes da pesquisa concluíram o tratamento usando a medicação glucantime. Este é o tratamento medicamentoso de escolha preconizado pelo Ministério da Saúde.
Na pesquisa realizada por Aguado18 foram relatados
um total de 149 casos de pacientes com LTA, apresentando 52% dos casos para o sexo masculino e 48% para
o sexo feminino.
Neste estudo, o sexo masculino teve índice elevado
de casos representando 91% do total com 40 casos, enquanto que o feminino apresentou 9% com 4 casos (Figura 3).
Figure 1 - Casos de notificações de Leishmania Tegumentar Americana na extensão do Rio Ivaí entre os anos de 2007-2013. Fonte: Sistema
de Vigilância Epidemiológica do Município de Sarandi/PR).
Em pesquisa realizada por Doroodgar15, em um grupo de 326 pacientes com LTA na faixa etária de 0 a > 60
anos, apresentou maior índice de casos na faixa etária de
30 a 39 anos com 19,3%, e entre 30 a 49 anos apresentou
um total de 33,7% dos casos, dados semelhantes aos
encontrados neste estudo.
Na faixa com maior número de casos, entre 35-49
anos, o ano que apresentou maior número de notificações foi em 2011 com 5 casos e em 2013 não foi notificado nenhum caso nesta faixa etária (Figura 2).
Outro aspecto observado na pesquisa foi o número de
lesões, todos os pacientes apresentaram uma única lesão,
não especificando a sua forma. O fato da maior parte dos
pacientes apresentarem lesão única é um dado encontrado em outras pesquisas16,17.
Independentemente do número de lesões, o seu surISSN online 2178-2571
Figura 3 - Notificação de casos de Leishmania Tegumentar Americana
por sexo, ano 2007 a 2013. Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica da Município de Sarandi/PR.
O maior número de casos de LTA entre os homens é
um dado consoante com outros estudos15,18. O fato da
maior incidência de casos ocorrerem entre os homens
pode ser explicado devido ao fato destes, estar em maior
contato com regiões de mata, por ocasião de viagem e/ou
trabalho e/ou lazer. Por outro lado, a baixa incidência no
sexo feminino pode estar relacionado a fatores como
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Batista et al. / Uningá Review
exposição em ambientes menos propícios, há contaminação e ao uso de meios preventivos como roupas mais
adequadas e uso de repelente.
Pontua-se, portanto, que a associação de fatores ambientais, culturais, educativo e socioeconômico são fatores importantes a serem considerados na transmissão da
LTA.
4. CONCLUSÃO
Conclui-se que no município em estudo a LTA acomete principalmente homens, na faixa etária entre 35 e
49 anos e que adquiriram a doença em outro município.
Ressalta-se a importância de se estabelecer o diagnóstico
adequado assim como reconhecimento dos tipos de lesões encontradas.
A importância do levantamento de casos notificados
favorece a obtenção de informações sobre as notificações e o tratamento para a doença, indicando se houve
tratamento adequado do início ao fim, possibilitando
uma busca ativa dos casos que deixaram de concluir o
tratamento específico, evitando a proliferação da doença.
Reforça-se neste momento à importância das fichas
de notificação compulsória como um instrumento que
possibilita além da coleta de dados, informações fundamentais para o manuseio e acompanhamentos dos casos.
Espera-se que os dados das notificações apresentados
neste trabalho possam contribuir com estratégias para
reforçar e controlar os casos de LTA, evitando que haja
proliferação e/ou epidemia da doença.
V.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015)
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Vol.22,n.1,pp.14-19 (Abr - Jun 2015)
Revista UNINGÁ Review
ALEITAMENTO MATERNO X DESMAME PRECOCE
BREAST FEEDING X EARLY WEANING
SUELEN EHMS DE FARIAS1, DANIELLE WISNIEWSKI2*
1. Enfermeira. Graduada na Faculdade Guairacá. Aluna do curso de Pós-Graduação em Saúde Pública na Universidade Norte do Paraná - UNOPAR; 2.
Enfermeira. Especialista em Obstetrícia/ FACINTER. Mestre em Enfermagem/ UEM. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade
Estadual do Centro-Oeste.
* Rua Simeão Camargo Varela de Sá, 03, Vila Carli, Guarapuava, Paraná. CEP: 85040-080. [email protected]
Recebido em 27/02/2015. Aceito para publicação em 11/03/2015
RESUMO
Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa
que objetivou identificar fatores que favorecem o desmame
precoce dos bebês. Esse estudo foi realizado em uma cidade do
interior do Paraná onde foram entrevistadas 50 mulheres. Como resultados obteve-se que a maioria das mulheres amamentou seus filhos até os 6 meses de idade, entretanto introduziram
alimentos complementares à dieta antes dos seis meses de idade. Muitas mães não obtiveram orientações de profissionais da
saúde sobre o aleitamento. Conclui-se que a falta de informações das mães pode ser um fator desencadeante para que a
mulher possa deixar de amamentar ou que possa introduzir
outros alimentos na dieta da criança antes dos 6 meses de idade.
PALAVRAS-CHAVE: Aleitamento materno, desmame
precoce, saúde da criança, enfermagem.
ABSTRACT
This is a cross-sectional study with a quantitative approach,
aimed to identify factors that favor early weaning babies. This
study was conducted in a city in Paraná were interviewed 50
women. As a result was obtained that most women suckled
their children up to 6 months, however introduced complementary foods to the diet before six months of age. Many
mothers did not obtain health professional guidelines on
breastfeeding. It is concluded that the lack of information of
mothers can be a trigger for the woman to stop breastfeeding or
may introduce other foods in children's diets before 6 months
of age.
KEYWORDS: Breastfeeding, weaning, child health, nursing.
1. INTRODUÇÃO
Desde o início da história, as mulheres sempre amamentaram seus filhos, entretanto o aleitamento materno
tem sido sujeitado a mudanças culturais, e tornou-se
desprezível, pois algumas mães estão rejeitando a amamentação, especialmente as de classes sociais mais elevadas1.
Com essa perspectiva da amamentação, têm-se um
crescimento na necessidade de se obter uma promoção
efetiva de programas de políticas promocionais, que seISSN online 2178-2571
jam sensíveis aos diversos fatores, que possam ajudar as
mães a amamentar ou impedir que as mesmas deixem de
amamentar seus filhos2.
Foi realizada uma pesquisa comparativa quanto ao
aleitamento materno exclusivo, na região norte, sul e
sudeste do Brasil e verificou-se que na região norte o
aleitamento materno ocorre em média 414,2 dia, porém o
aleitamento materno exclusivo, apenas 24 dias, na região
sul, a duração da amamentação exclusiva foi bem inferior
com apenas 39,1 dias, contudo na região sudeste obteve-se a menor duração mediante a amamentação exclusiva com uma média de 13,1 dias3, evidenciado que as
mães introduzem sucos, chás e outras alimentações precocemente na alimentação da criança.
Cada vez menos as mães amamentam seus filhos até
os seis meses de idade, período este que é o essencial para
que a criança cresça saudável. A decorrente falta de
amamentação tem como causas a entrada da mulher no
mercado de trabalho, muitos mitos em torno da amamentação, como flacidez das mamas, leite fraco, falta de
apoio familiar, dentre outros2. Contudo, sabe-se que a
única fonte completa de nutrientes para as crianças é o
leite materno, sendo considerado o melhor alimento para
as crianças nos primeiros 12 meses de vida4.
O desmame precoce é definido como a introdução de
qualquer tipo de alimento na dieta de um bebê, o qual
estava somente ingerindo leite materno3.
A amamentação traz muitos benefícios para as nutrizes como a prevenção ao câncer de mama, rapidez na
involução uterina e também se considerar que o tempo de
amamentação está relacionado com a perda de peso no
pós-parto, é possível evidenciar uma diminuição de
0,44Kg por mês de amamentação4.
Para que o aleitamento materno ocorra de maneira
eficaz é necessário o apoio de uma equipe multiprofissional, trazendo vários itens para reforçar os inúmeros
benefícios para o binômio, como a prevenção de várias
doenças infecciosas, como diarreias e alergias, possibilita
uma melhora na respiração, envolvendo componentes
emocionais, psicológicos, orgânicos, além da aproximação entre mãe e bebê5.
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Como incentivo ao aleitamento materno, desde 1988,
a constituição federal garante o direito as mães que trabalham a amamentar, através da licença maternidade
sem causar prejuízos salariais e garante um local adequado para as nutrizes que amamentam6. A promoção,
incentivo e promoção do aleitamento materno é também
responsabilidade dos profissionais de saúde, desde o
momento da gravidez proporcionando todo apoio a essas
mulheres, até o momento de amamentar, e ajudá-las a
manter a pratica de amamentação de forma correta 7.
Pautado no conteúdo exposto esta pesquisa justifica-se pois a investigação dos motivos que favorecem o
desmame precoce dos bebês poderá nortear ações em
saúde com o intuito de ajudar, incentivar e orientar as
mães e famílias a respeito da importância do aleitamento
materno às crianças.
A Principal motivação para a realização desta pesquisa encontra-se no o intenso desmame precoce observado na prática assistencial, e este estudo tem como
questão norteadora: Quais os fatores que influenciam no
desmame antes dos 06 meses de vida da criança? E para
responder esta pergunta, tem-se como objetivo identificar fatores que favorecem o desmame precoce dos bebês.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal de abordagem
quantitativa, que foi realizado em uma Unidade Básica
de Saúde de um município do interior do Paraná.
A população do estudo foi composta por todas as
mulheres que levaram seus filhos para a puericultura no
período de coleta de dados, que ocorreu durante todo o
mês de julho de 2013 e que contemplaram os critérios de
inclusão: mães com filhos acima de seis meses de vida,
ausência de problemas relacionados ao trato gastrointestinal. Os critérios de exclusão delimitam-se serem mães
de filhos menores de seis meses e maiores de 05 anos.
A coleta de dados foi realizada nos dias de consultas
pediátricas e puericulturas, tendo ciência e assinatura do
TCLE, onde responderam à um questionário com questões abertas e fechadas.
Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Excel e procederam-se as análises descritivas dos
dados, os quais foram apresentados em forma de tabelas,
e a discussão dos está baseada em estudos atuais que
abordam a temática.
O presente estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Unicentro, sob o número
283.563, de 24 de maio de 2013.
V.22,n.1,pp.14-19 (Abr - Jun 2015)
gada.
Tabela 1. Distribuição dos dados de acordo com as características
sócio demográfica.
Na Tabela 2, estão os dados relacionado ao histórico
obstétrico das mães e a idade que as crianças permaneceram sobre aleitamento materno.
Tabela 2. Distribuição dos dados de acordo com o histórico obstétrico
e de aleitamento do bebê.
3. RESULTADOS
Os dados obtidos estão organizados em tabelas. Na
Tabela 1 abaixo, encontram-se informações acerca das
características sociodemográficas da população investi-
ISSN online 2178-2571
Os dados da Tabela 3 a seguir, apresentam os dados
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relacionados ao apoio e informações recebidas durante a
amamentação.
Tabela 3. Distribuição de dados de acordo com características do aleitamento materno.
4. DISCUSSÃO
Como mostra a Tabela 1, a idade predominante das
mães encontra-se na faixa etária de 31 a 45 anos, o que
pode demonstrar que as mães investigadas possuem idade adequada para cuidados infantis. De acordo com estudiosos8, que também investigaram mulheres em aleitamento, encontrou-se mulheres com idade entre 12 e 44
anos, sendo a maioria abaixo de 20 anos. Quanto maior a
idade da mãe, espera-se que ela possua maior maturidade e responsabilidade para cuidados com o bebê.
Constata-se que 96% das mulheres têm parceiro fixo
ou companheiro, o que facilita o cuidado com as crianças, o que contribui inclusive para a divisão de tarefas,
assim como para um apoio mútuo entre o casal.
Sobre a escolaridade, nota-se que apenas 2% das
mães não estudaram, fator este que pode favorecer no
processo de amamentação. Verificou-se ainda que 20%
das mulheres entrevistadas possuem renda familiar menor que um salário mínimo, fato que proporciona preocupação, onde as mesmas podem não possuir condições
financeiras suficientes para ter higiene adequada, favorencendo o aparecimento de doenças e até uma alimentação incorreta, que não satisfaz as necessidades da nutriz.
ISSN online 2178-2571
V.22,n.1,pp.14-19 (Abr - Jun 2015)
Em relação à ocupação dessas mães, é predominante
os afazeres do lar, sendo que 66% das entrevistadas não
trabalham fora, número que favorece e muito o processo
de amamentação exclusiva, pois a presença dessas mães
no dia a dia com os filhos facilitam para que a mãe possa
prolongar o aleitamento materno até os dois anos de
idade. Outros autores9, apontam como fato a dificuldade
no aleitamento materno exclusivo em mães que trabalham fora, os mesmos mostram a relevância da oportunidade da mãe estar em casa nos primeiros anos de vida
da criança, garantindo a amamentação exclusiva por um
período de tempo mais prolongado, um estreitamento de
laços entre mãe e filho, tornando-se uma forte argumentação para aumento do período da licença maternidade.
Na Tabela 2 verificou-se que a quantidade de filhos
predominante é de 1 a 3 filhos, tendo uma porcentagem
de 84%, sendo um resultado positivo para a amamentação, pois a mulher que possui menos filhos, poderá dedicar mais tempo e atenção para o aleitamento materno.
Constatou-se que 44% das mulheres não planejaram
seus filhos, podendo proporcionar perdas em relação ao
aleitamento materno, pois quando a gravidez não é esperada, a mãe possivelmente também não está preparada, ou dedicada o suficiente a este bebê e poderá ter mais
dificuldades em amamentar.
Quanto às consultas de pré-natal realizadas, obteve-se um resultado importante e satisfatório, favorecendo o aleitamento materno exclusivo, tendo um índice de
100% de realização, sendo 68% com mais de 08 consultas durante o período de gestação. Em outra pesquisa10,
realizada em unidades de saúde da família, 100% das
participantes da pesquisa realizaram as consultas de
pré-natal, dentre elas 76,6% realizaram oito ou mais
consultas o que corrobora com os achados deste estudo.
O pré natal é importante pois as orientações dadas às
mães durante as consultas de pré-natal são voltadas para
a mulher ter boas condições de amamentar, dando prioridade a orientações de como realizar os cuidados com
as mamas, como preparar os mamilos e sobre a posição
correta de amamentar, esquecendo-se das vantagens
voltadas para a saúde da mulher que amamenta11.
Constatou-se que 40% das mães amamentaram seus
filhos exclusivamente até os seis meses de vida e 48%
das mulheres desmamaram antes dos seis meses e 02%
não amamentaram, esses resultados são negativos tanto
para a saúde do bebê quanto da mãe.
Em um estudo12 sobre aleitamento materno e práticas
alimentares, a amamentação teve uma tendência decrescente mês após mês de vida do bebê, entretanto entre o
quinto e o sexto mês de vida teve um aumento significativo da queda, pelo fato da introdução de outros leite e
alimentos sólidos para o bebê.
Um ponto relevante da pesquisa foi que das 50 mães
entrevistadas 46 delas levam seus filhos periodicamente
nas Unidades de Saúde para realizar a puericultura, tenOpenly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review
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do uma porcentagem de 92%, sendo um item de suma
importância e eficácia na vida e na saúde dessas crianças. A puericultura se torna uma ferramenta essencial no
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da
criança, proporcionando as mesmas uma prevenção,
proteção e promoção à saúde, para que a criança possa
chegar saudável na idade adulta. Através das consultas
de enfermagem em puericultura os profissionais devem
atender integralmente a criança, verificando todas as
necessidades infantis, podendo monitorar, avaliar e intervir no processo de saúde/doença dessas crianças13.
Na Tabela 3 constatou que das 50 mães entrevistadas
39 responderam ter tido orientações de até que idade
amamentar exclusivamente, 11 delas responderam que
não foram orientadas. Dessas 39 mães, 24% relatam ter
sido orientadas por enfermeiros (as), 24% pelos médicos
(as) e 14% pelas suas mães.
Verificou-se que 76% relataram ter incentivo para
amamentar seus bebês exclusivamente no seio, sendo
34% incentivadas por enfermeiros (as) e 16% por Médicos (as). Os profissionais de saúde devem orientar as
mães sobre aleitamento materno em todo o período gravídico-puerperal. A amamentação traz muitos benefícios
para as nutrizes como a prevenção ao câncer de mama,
rapidez na involução uterina e também se considera que
o tempo de amamentação está relacionado com a perda
de peso no pós-parto, sendo uma diminuição de 0,44 Kg
por mês de amamentação. Sabe-se que a única fonte
completa de nutrientes para crianças é o leite materno,
sendo considerado o melhor alimento para as crianças
nos primeiros 12 meses de vida4. O organismo infantil
tem como principal necessidade alimentos com valor
nutritivo equilibrado, pois o mesmo necessita atender
todas as necessidades que o crescimento exige, podendo
encontrá-los de maneira fácil e sem custo no próprio
leite fornecendo todas as proteínas adequadas, hidratos
de carbono, gorduras, vitaminas e ferro, fortalecendo o
crescimento infantil4.
Além do apoio dos profissionais de saúde, cabe ressaltar a importância do apoio dos familiares na amamentação, pois sabe-se que a amamentação sofre fortes
influências através do incentivo do pai, avós e familiares, onde os mesmos proporcionam apoio, afeto e encorajamento durante essa fase, valorizando e concordando
com a iniciativa da mulher em amamentar. O apoio proporcionado pelos familiares abrange desde o suporte
emocional até a participação nas consultas de pré-natal e
puerpério14.
A pesquisa investigou se as mães obtiveram orientações de profissionais da área da saúde a respeito do aleitamento materno exclusivo, constatando que o resultado
24% delas não tiveram nenhuma informação de profissionais, número bastante alto, pois é de suma importância e obrigação dos profissionais de saúde realizar orientações sobre como amamentação, a toda e qualquer
mulher que esteja gestante ou amamentando. O percenISSN online 2178-2571
V.22,n.1,pp.14-19 (Abr - Jun 2015)
tual de 76% de mães que obtiveram orientações de profissionais a maioria obteve através dos médicos (as) totalizando 36%. Um estudo10, concorda com esse estudo
afirmando que o aconselhamento dos profissionais da
área da saúde de saúde é de fundamental e de suma importância para auxiliar na superação das dificuldades
estabelecidas, devendo estar presente nas diversas etapas
da vida da mulher como, no período do pré-natal, durante o trabalho de parto e no decorrer do puerpério. Tais
informações deveriam abranger toda família e proporcionar apoio a mesma, para que quando a mãe fraquejar a
família esteja apostos para ampará-la.
Notou-se que em relação ao desmame precoce 76%
das mães afirmam não ter tido problemas para amamentar, 18% alegaram parar de amamentar por falta de leite,
4% afirmaram ter tido problemas com as mamas e 2%
pelo fato do bebê chorar muito e não pegar no seio.
No que tange aos cuidados com as mamas é de suma
importância prepará-las para a amamentação, desde o
cuidado com o seio, a pega correta do bebê, a posição
correta para amamentá-lo e vinculando o exame das
mamas ao pré-natal. Sabe-se que que esse ato deveria ser
rotina no período gestacional, entretanto na maioria das
vezes o profissional se fixa em saber sobre o desenvolvimento do feto e acaba deixando de lado os cuidados
com as mamas, podendo proporcionar a mulher uma
falta de conhecimento, um despreparo e levando a mesma a não amamentar15.
Em relação aos primeiros alimentos dados as crianças, 30% das mulheres responderam ter dado mingau ou
papa, seguido de leite em pó com 24%, das mães que
utilizaram o leite industrializado, 54% afirmaram ter
utilizado a mamadeira e 46% utilizaram a colher. Segundo Pedroso16, em um estudo realizado sobre a introdução precoce de suplementos alimentares na dieta de
um bebê, encontrou-se que a maioria introduziu alimentos líquidos e pastosos antes dos 120 dias de vida. Além
disso, após a criança ser incentivada a sugar na mamadeira, ela sente-se desmotivada a sugar o seio materno.
Outro fator importante que foi abordado na pesquisa
era se alguém incentiva a mãe a introduzir alimento ao
bebê durante o período de amamentação, 32% disseram
que sim e 68% afirmaram que não, dentre as que afirmaram que sim 16% disseram terem sido incentivadas
pela mãe e 6% através da sogra.
Estudos realizados sobre o incentivo ao aleitamento
materno mostram que para os profissionais da área da
saúde o mesmo se torna uma prioridade em diversas
regiões brasileiras, os índices mostram um aumento da
prática da amamentação aderida pelas mães, tendo um
percentual de 35% e 38,6% das mulheres que mantem o
aleitamento exclusivo durante os primeiros seis meses de
vida17.
Ainda na Tabela 3 foi abordado na pesquisa o que
facilitaria as mães no processo de amamentação até dois
anos ou mais, obteve-se as seguintes respostas, receber
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mais orientações com 22% e ter mais apoio familiar com
percentual de 16%. Demonstrando a importância de dar
suporte às nutrizes.
Sobre as dificuldades encontradas pelas mães ao
amamentar, a maioria, 26%, alegaram não ter tido leite,
seguido de 14% por ter problemas com as mamas, entretanto a grande maioria com um percentual de 54%
afirmou não haver tido problema algum para amamentar
seus filhos. Em um estudo18 realizado no Rio Grande do
Sul, foram evidenciados que os problemas referentes às
mamas e falta de leite destacam-se entre as principais
causas do desmame precoce, corroborando com esse
estudo realizado.
De acordo com os achados neste estudo e a literatura
científica disponível sobre o tema, entende-se que para
se obter bons resultados do processo de amamentação há
a necessidade que um conjunto de elementos ande juntos, desde as orientações no pré-natal, o processo de
preparação das mamas já no momento em que a mulher
descobre a gravidez, agregar o incentivo da família e de
suma importância e indispensável estão as orientações
realizadas por profissionais de saúde em relação a todo o
processo do aleitamento materno.
5. CONCLUSÃO
Ao término deste trabalho foi possível concluir que a
maioria das mães entrevistadas introduziu alimentos na
dieta de seus filhos antes dos seis meses, portanto essa
alimentação foi inserida precocemente, negligenciando a
preconização da Organização Mundial da saúde em relação à amamentação exclusiva até os seis meses.
Concluiu-se, que em relação às dificuldades encontradas pelas mulheres no período da amamentação, a
maioria não encontrou nenhuma dificuldade para amamentar, entretanto algumas relataram não ter produzido
leite suficiente para amamentar e outras relataram problemas com as mamas, interrompendo o processo de
amamentação.
Sobre orientações, incentivos realizados a amamentação, mostrou que a maioria delas receberam informações, mas muitas não obtiveram apoio dos profissionais
de saúde, os quais recebem formação para serem multiplicadores para incentivo ao aleitamento materno.
É importante ressaltar que se os profissionais da área
da saúde realizarem as orientações necessárias desde o
momento em que se descobre a gravidez o que poderá
proporcionar mais segurança as mães e poderá aumentar
a adesão da amamentação ser exclusiva até os seis meses.
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Vol.22,n.1,pp.20-23 (Abr - Jun 2015)
Revista UNINGÁ Review
MOSQUITO TRANSGÊNICO Aedes aegypti NO BRASIL:
LINHAGEM OX513A
MOSQUITO Aedes aegypti TRANSGENIC IN BRAZIL: LINE OX513A
CAMILA RODRIGUES RUFFATO1, HÉLIO CONTE2*
1. Graduada em Química pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Especialista em Biotecnologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM); 2. Professor Doutor. Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular (DBC).
* Universidade Estadual de Maringá (UEM). Av. Colombo, 5790, Bloco H-67, Sala 7-A, Maringá, Paraná, Brasil. CEP: 87020-900. [email protected]
Recebido em 23/02/2015. Aceito para publicação em 10/03/2015
RESUMO
A dengue é uma doença causada nos humanos principalmente
pelo Aedes aegypti, família Culicidae, ordem Diptera. Os métodos convencionais usados para o controle do mosquito se
apresentam ineficientes e diante desse fato, surgem alternativas
mais promissoras, como os mosquitos geneticamente modificados. A Oxitec é uma empresa britânica que produz Aedes
aegypti com uma proteína letal para ser liberado em campo, a
linhagem OX513A, usando a técnica do RIDL. Os descendentes entre o mosquito selvagem e o transgênico herdam o gene
letal e morrem antes da fase adulta. A linhagem OX513A está
sendo testada em algumas cidades do Brasil e até o momento
os resultados obtidos na redução da frequência do mosquito
selvagem foram satisfatórios, porém, existem alguns riscos que
devem ser expostos.
PALAVRAS-CHAVE: Dengue, RIDL, transgênicos.
ABSTRACT
Dengue is a disease caused in humans mainly by the Aedes
aegypti, Culicidae family and Diptera. Conventional methods
used for mosquito control are presented inefficient, given that
fact, most promising alternatives arise, such as genetically
modified mosquitoes. Oxitec is a British company that produces Aedes aegypti with a lethal protein to be released in the
field, OX513A line, using the technique of RIDL. The descendants of the wild mosquitoes and genetically modified
inherit the lethal gene and die before adulthood. The OX513A
line is being tested in some cities in Brazil and yet the results
for the reduction of wild mosquitoes were satisfactory, however, there are some risks that must be exposed.
KEYWORDS: Dengue, RIDL, transgenics.
1. INTRODUÇÃO
A fêmea do mosquito Aedes aegypti, através da sua
picada, é a principal responsável pela transmissão do
vírus da dengue aos hospedeiros humanos. Somente a
fêmea do mosquito é capaz de propagar a doença porque
precisa do sangue para o desenvolvimento de seus ovos.
O uso indiscriminado de produtos químicos para
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controle do vetor Aedes aegypti podem induzir populações de mosquitos a se tornarem resistentes aos inseticidas, reduzindo a eficácia destes produtos1 e ocasionar
impactos ambientais: contaminação da água, do ar, do
solo2, eliminação da flora e de outras populações de seres vivos. Existe também o risco de intoxicação humana
causada aos manipuladores, agentes de endemias, que
estão em contato diário com os inseticidas, na maioria
das vezes, sem proteção adequada.
Testes em laboratório estão sendo realizados com
objetivo de criar estratégias mais viáveis ao controle do
mosquito. A manipulação genética tem sido introduzida
na tentativa de redução da população do Aedes aegypti
usando a técnica Release of Insect carrying a Dominant
Lethal gene (RIDL), em português, liberação de machos
carregando gene letal, que consiste na modificação de
um gene, produzindo a proteína tTAV, causadora da
morte nos descendentes entre os mosquitos machos
transgênicos com as fêmeas selvagens, antes da fase
adulta do mosquito3.
A empresa britânica Oxford Insect Technology
(Oxitec) desenvolve linhagens transgênicas para o mosquito da dengue. Recentemente a linhagem OX513A, em
fase de testes, foi empregada no Brasil na cidade de Juazeiro, Bahia, e obteve resultados considerados satisfatórios para a redução da população do Aedes aegypti4. A
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)
aprovou em dez de abril de 2014 o pedido de comercialização do mosquito OX513A no Brasil5.
Uma unidade da Oxitec foi instalada na cidade de
Campinas, São Paulo, em parceria com a biofábrica
Moscamed onde são produzidos em média 500.000
mosquitos geneticamente modificados por semana, podendo chegar a 2.000.000 milhões por semana 4.
Diante desta inovação biotecnológica, os mosquitos
Aedes aegypti geneticamente modificados, e consequentemente seu uso no Brasil, surgem indagações e receios
sobre a nova tecnologia. Esta revisão discute sobre a
linhagem OX513A produzida pela Oxitec e a técnica do
RIDL. É necessário o conhecimento de estudos que
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apontem as características específicas, vantagens e impactos causados pela utilização dos mosquitos transgênicos para o controle do vírus da dengue.
gênicos16.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Os organismos transgênicos compreendem adição de
um gene no material genético de outra espécie, diferente
dos genes encontrados no seu genoma original, podendo
ser transmitida aos descendentes do indivíduo17.
A Oxitec, empresa britânica, desenvolve tecnologias
de controle de insetos, usando linhagens transgênicas,
baseadas na Técnica do Inseto Estéril (TIE), que usa a
radiação esterilizante para criar novos machos estéreis. A
TIE consiste na liberação em grande escala de insetos
machos estéreis para copular com fêmeas selvagens,
reduzindo assim a população de insetos, essa técnica é
bastante usada na agricultura para controle de insetos
pragas. A tecnologia da Oxitec dispensa a fase de irradiação usada na TIE e utiliza um gene letal para criar seus
machos estéreis, técnica conhecida como RIDL4. A técnica do RIDL se desenvolveu a partir das limitações da
TIE em mosquitos, como a competitividade para a cópula reduzida e falta de aptidão física para o acasalamento18. O princípio do RIDL consiste em liberar mosquitos machos com gene letal, proteína tTAV, para cruzar
com fêmeas selvagens, onde todos os descendentes serão
portadores do gene letal dominante19.
No laboratório é adicionado na alimentação dos
mosquitos transgênicos um antídoto, a tetraciclina, para
que o Aedes aegypti possa sobreviver ao gene letal. Na
natureza os descendentes entre o macho transgênico e a
fêmea selvagem não encontram em quantidade suficiente
esse antídoto, morrendo antes da fase adulta4.
Vale ressaltar que a tetraciclina é um antibiótico
muito usado na medicina e na agricultura industrial podendo ser encontrado em esgotos, fossas sépticas, cloacas, alimentos industriais e excrementos de animais, os
mosquitos que herdam a proteína letal podem sobreviver
com a tetraciclina presente na natureza por várias gerações, aumentando a competitividade com os mosquitos
silvestres, podendo causar danos aos seres humanos, o
que torna a Oxitec dependente da tetraciclina. Outro
aspecto que torna a técnica da Oxitec defeituosa é que
nem todos os descendentes dos mosquitos transgênicos
irão morrer, 3 a 5% apresentam chance de sobrevivência18.
Pesquisa do tipo bibliográfico através de consultas
em bancos de dados como Scielo, LiLacs, revista online
para identificação de artigos em português e inglês de
2010 a 2014 relevantes para o estudo. Outras publicações direcionadas também foram utilizadas, como dissertação, tese, livros e sites.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Aedes aegypti, devido a sua estreita relação com o
homem, é encontrado preferencialmente próximo as habitações humanas, na forma de larvas e pupas, em recipientes com água, como vasos de plantas, pneus velhos,
caixas d’água. Os ovos do mosquito são depositados na
superfície da água e podem sobreviver até dois anos sem
contato com a água. O Aedes aegypti pertence à família
Culicidae, gênero Aedes, e apresenta cor escura contendo listras brancas no seu corpo e pernas6.
O mosquito é atraído por substâncias encontradas nos
seres humanos como o dióxido de carbono (CO2), ácido
lático e amônia. Os palpos maxilares dos insetos indicam
os níveis de CO2 exalados pelos hospedeiros, e as antenas os odores mais complexos7.
A fêmea do mosquito Aedes aegypti transmite através
da saliva o vírus dengue (DENV) para o homem. O vírus
dengue pertence à família Flaviviridae e possui uma
estrutura simples com partículas virais não esféricas,
com 50 a 55 cm de diâmetro 8 que consiste em uma cadeia simples positiva de RNA com 11 a 12 kilobases9,
podendo ser subdividido em quatro sorotipos (DENV 12- 3- 4), apesar de apresentarem características diferentes, os tipos de dengue estão intimamente relacionados
entre si10.
Segundo o Ministério da Saúde (2013)11 foram notificados 1.476.917 casos de dengue no Brasil, com 573
óbitos. A doença infecta pelo menos 50 milhões de
pessoas por ano no mundo. O controle da doença é dificultado pelo combate efetivo do mosquito transmissor
devido ao crescimento populacional12 com a falta de
conscientização da população que insiste em deixar locais,
reservatórios, que acumulem água e a indisponibilidade
de vacina.
A dengue pode causar nos humanos sintomas leves
até quadros graves de hemorragia (DENV-4) podendo
chegar à morte13. O país sofre com o custo elevado de
tratamentos, internações. A pessoa deixa de ir trabalhar e
diversos setores da economia são atingidos. Devido aos
graves danos causados pela dengue, pesquisas estão
sendo realizadas em todo mundo, buscando alternativas
de controle do vetor14,15 como o uso de mosquitos transISSN online 2178-2571
Técnica do RIDL (Release of Insect carrying a
Dominant Lethal gene)
Oxitec e a Linhagem OX513A
A Oxitec, criada em 2002 na Inglaterra, desenvolve
os seguintes insetos geneticamente modificados: Ceratitis capitata; Pectinophora gossypiella; Plutella xylostella para o controle de pragas na agricultura e o Aedes
aegypti, para controle de patógenos. No Brasil, existe
uma unidade da Oxitec na cidade de Campinas, São
Paulo, através de parcerias com a Moscamed, biofábrica
de produção de mosquitos estéreis e a Universidade de
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São Paulo (USP) onde estão produzindo em laboratório
o mosquito transgênico Aedes aegypti, linhagem
OX513A4.
A linhagem OX513A é originária do cruzamento entre a linhagem Rockfeller e a malasiana de Aedes aegypti
16
. No laboratório da Oxitec, por microinjeção de DNA,
os ovos do mosquito recebem dois genes, um gene que
contêm um marcador fluorescente vermelho (DsRed2)
com a função de identificar e controlar os mosquitos
transgênicos liberados em campo, e o outro gene que
produz a proteína letal20. De acordo com a Oxitec4 se o
mosquito transgênico conseguir sobreviver até a fase
adulta ele será muito mais fraco em relação ao mosquito
selvagem e a fêmea não irá sobreviver tempo suficiente
para transmitir a doença.
Na linhagem OX513A a letalidade condicional é
causada pela ausência ou presença de tetraciclina. Na
ausência de tetraciclina a proteína tTA, produto do sistema ativador de transcrição tetraciclina - repressível
(tTAV), liga-se ao elemento de resposta a tetraciclina
tRE ativando tetO e aumentando tTA por um sistema de
retroalimentação positiva, altos níveis de tTA causam à
morte do mosquito antes da fase adulta.Na presença de
tetraciclina não ocorre o aumento de tTA porque a proteína tTA tem mais afinidade por tetraciclina do que por
tRE e o mosquito consegue se desenvolver até a fase
adulta16.
Testes foram realizados usando a linhagem OX513A
em alguns locais que apresentam altos índices de dengue,
como a Malásia e as Ilhas Caiman no ano de 2010 21 e
obteve-se a redução significativa do mosquito Aedes
aegypti selvagem4. No Brasil estão sendo realizados estudos de campo nos municípios de Juazeiro e Jacobina
na Bahia, encontrando resultados satisfatórios. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) é
a responsável pela autorização dos testes no Brasil, e em
dez de abril de 2014 foi aprovado o pedido de comercialização do mosquito OX513A no país5.
Em Juazeiro a liberação do mosquito transgênico foi
aplicada em 2011 no bairro Itaberaba e no distrito de
Mandacaru. Essas regiões foram escolhidas baseadas em
características climáticas, geográficas e demográficas.
Em Itaberaba houve a redução de 80% dos mosquitos
selvagens, já a supressão foi maior em Mandacaru alcançando uma redução de 96%, e isso aconteceu porque
o distrito de Mandacaru é uma área geograficamente
mais isolada ocorrendo menos imigrações de mosquitos
selvagens a partir das áreas não tratadas. Na cidade de
Jacobina testes realizados com os mosquitos da Oxitec
no bairro de Pedra Branca, em 2013, registraram uma
diminuição de 79% na população do mosquito selvagem4.
No Brasil, a Oxitec não publicou as avaliações de
risco antes da liberação em campo dos mosquitos transgênicos, as informações trazidas pela empresa sobre a
ISSN online 2178-2571
tecnologia são resumidas. A decisão de fazer experimentos no Brasil parece estar mais vinculada a um
acordo político para comercializar a Oxitec no país do
que apresentar os possíveis benefícios dessa nova tecnologia18.
Nas áreas onde Aedes aegypti é endêmico, como no
Brasil, uma eliminação parcial ou temporária do mosquito pode piorar o problema da dengue. Com a diminuição do Aedes aegypti selvagem pode ocasionar o aumento de Aedes albopictus que também é o vetor da
dengue e de outras enfermidades, já que não existirá a
competitividade pelos locais com água. Existem outras
questões relacionadas ao risco do uso do mosquito
transgênico no qual a Oxitec apresenta informações insuficientes, questões como a interação com outras espécies de mosquitos, os humanos que são picados, e o vírus
que carregam18.
4. CONCLUSÃO
A tecnologia proposta pela Oxitec para a redução da
frequência do mosquito Aedes aegypti selvagem, responsável pela disseminação de doenças, parece ser promissora, e apresenta certas vantagens, porém, testes mais
minuciosos sobre os riscos potenciais dessa tecnologia
devem ser realizados constantemente.
Cabe aos órgãos responsáveis no Brasil avaliar até
que ponto essa nova tecnologia é segura tanto no aspecto
ambiental quanto para a saúde dos seres humanos. Vale
ressaltar que a redução da dengue está relacionada às
mudanças fundamentais: melhoramento do acesso a água
potável, atenção as questões sanitárias e conscientização
da população.
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Revista UNINGÁ Review
ESTUDO SOBRE A INTOLERÂNCIA À LACTOSE
STUDY ON THE LACTOSE INTOLERANCE
MAYARA GALEGO¹, VIVIANE OLIVEIRA², MARCOS EDUARDO PINTINHA³, GLÉIA RICCI4*
1. Acadêmica de graduação do curso de Farmácia da Faculdade INGÁ; 2. Acadêmica de graduação do curso de Farmácia da Faculdade INGÁ; 3. Mestre pela Universidade Estadual de Maringá, docente do curso de Farmácia da Faculdade Ingá; 4. Doutora pela Universidade Estadual de Maringá, docente do curso de Farmácia da Faculdade Ingá.
* Rua Nilo Cairo, 714, Jardim Esplanada, Mandaguari, Paraná, Brasil. CEP: 86.975-000 [email protected]
Recebido em 12/03/2015. Aceito para publicação em 16/03/2015
RESUMO
Este artigo relata sobre a intolerância à lactose, que é uma
deficiência na enzima digestiva lactase, podendo ocasionar
várias consequências ao metabolismo, pois a sua carência
no organismo pode futuramente trazer danos à vida do
indivíduo, por exemplo, a falta de cálcio causando osteoporose. As pessoas que possuem essa doença devem evitar ao
máximo consumir produtos que contenham a lactase, como
o leite de vaca, leite em pó e derivados do leite, substituindo
por produtos como a soja e de baixo teor de lactose. O tratamento é a base de uma alimentação equilibrada reduzindo os sintomas, bem como a flatulência, distensão abdominal, diarreia, náuseas e vômitos. O objetivo deste trabalho é
o estudo sobre a ação da lactase, tratamento e prevenção da
intolerância à lactose.
PALAVRAS-CHAVE: Intolerância, lactase, tratamento.
ABSTRACT
This article reports about lactose intolerance, which is a deficiency in lactase digestive enzyme, which may cause several
consequences to metabolism because its deficiency in the body
can eventually bring harm to the individual's life, for example,
the lack of calcium causing osteoporosis. People who have this
disease should avoid the most consuming products that contain
lactase, as cow's milk, dried milk and dried-milk products,
substituting for products such as soya and low lactose content.
The treatment is based on a balanced diet reducing the symptoms, as well as flatulence, bloating, diarrhea, nausea and
vomiting. The objective of this work is the study of the action
of lactase, treatment and prevention of lactose intolerance.
KEYWORDS: Intolerance, lactase and treatment.
1. INTRODUÇÃO
A lactose é um dissacarídeo característico presente
no leite dos mamíferos, é utilizado pelo organismo na
absorção de vários sais minerais, incluindo cálcio, magISSN online 2178-2571
nésio e zinco. A lactose também promove o crescimento
de bactérias intestinais e é uma das principais fontes de
galactose, um nutriente essencial para a formação dos
galactolipídios cerebrais¹.
A lactose, conhecida como açúcar do leite, é um dissacarídeo formado por glicose e galactose. Este dissacarídeo é hidrolisado pela enzima intestinal
β-D-galactosidase ou lactase, liberando seus componentes monossacarídeos para absorção na corrente sanguínea. A galactose é enzimaticamente convertida
(epimerizada) em glicose, que é o principal combustível
metabólico de muitos tecidos².
A má absorção ou a má digestão de lactose é a redução na capacidade de hidrolisar a lactose, que é resultante da hipolactasia. A hipolactasia é a diminuição da
atividade da enzima lactase na mucosa do intestino delgado, também denominada recentemente de "lactase não
persistente". O aparecimento de sintomas abdominais
por má absorção de lactose caracteriza a intolerância à
lactose. A má absorção de lactose nem sempre provoca
sintomas de intolerância à lactose. Após o desmame,
ocorre uma redução irreversível da atividade da lactase
em grande parte das populações do mundo, cujo mecanismo é desconhecido, resultando em má absorção primária de lactose³.
A Intolerância à Lactose pode ser diagnosticada
através da redução dos sintomas duas semanas após a
introdução de uma dieta livre de lactose, ou recorrência
de sintomatologia após a reintrodução de uma dieta contendo lactose 4.
O Teste de H2 no ar expirado (> 20 ppm de aumento
do hidrogênio no ar expirado, medido 60 minutos após
uma dose de lactose de 2 g/kg ou 25 g) é mais confiável
que a história clínica, mas deve ser interpretado por um
gastroenterologista 5.
O tratamento relacionado à intolerância da lactose
está relacionado em excluir basicamente produtos que
contenham lactose. Os pacientes que sofrem diarreia
aguda, não devem consumir produtos com lactose, deOpenly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review
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vido a essa deficiência transitória que causa a diarreia.
Nestes casos, o soro caseiro não pode conter a lactose,
que ao ser ingerido, o paciente terá um agravamento
nesses sintomas. Podem ocorrer casos de melhora a essa
intolerância durante a fase adulta do indivíduo, quando
se observa uma melhora na digestão da lactose. Alguns
produtos alimentícios podem ser utilizados como bebidas fermentadas de leite, que é semelhante à iogurtes,
onde comporta diferentes culturas de lactobacilos 6.
O objetivo deste artigo é relatar de acordo com a base
de estudos científicos já publicados, a intolerância a
lactose, bem como as possíveis formas de tratamento à
essa intolerância.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada por
meio de um estudo descritivo. Foi realizada uma revisão
da literatura disponível entre 2002 a 2015 sobre a Intolerância à Lactose através das bases de dados. Foram
encontrados 13 artigos que se encaixaram nos critérios
de inclusão, tendo eles um período de publicação entre
2003 e 2015. As buscas foram realizadas utilizando os
descritores de assunto “Intolerância à lactose”, “lactase”,
“lactose intolerance”.
3. DISCUSSÃO
O leite é um dos principais alimentos consumidos no
mundo, pois é rico em proteínas, minerais, vitaminas,
gorduras e açúcares, sendo fundamental para a manutenção dos processos fisiológicos do organismo. O leite
e seus derivados são uma importante fonte de potássio,
fósforo, riboflavina, magnésio, zinco e cálcio, por isso a
inclusão na dieta de crianças, jovens e adultos para à
prevenção da osteoporose e hipertensão arterial 7.
A lactose é um dissacarídeo formado pela junção de
dois monossacarídeos: uma molécula de glicose e uma
de galactose. A lactose é um dos componentes quase que
exclusivos do leite, e tem como principal função melhorar a absorção de cálcio, ferro e fósforo. Apesar de ser
um açúcar, a lactose tem baixo poder adoçante. A lactose
é encontrada no leite em diferentes concentrações, em
100 mL de leite de vaca estão contidos 4,6 gramas, enquanto na mesma quantidade de leite humano tem-se 6,8
gramas. A lactase é uma enzima que está presente nas
microvilosidades do enterócito (tipo de célula epitelial)
que é responsável pela hidrólise da lactose8.
Quando ocorre uma deficiência da lactase, que é
fonte de energia para microrganismos do cólon, ela é
fermentada à ácido láctico produzido por microrganismos. Esse ácido lático é osmoticamente ativo e puxa
água, metano (CH4) e gás hidrogênio (H2) para o intestino. Este gás produzido cria um desconforto por distensão intestinal e pelo problema de flatulência (gases intestinais) 8.
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Alguns alérgenos que causam a alergia alimentar são
glicoproteínas resistentes à digestão e ao processo culinário. Os alimentos mais comuns são o leite, ovos, nozes,
amendoins, algumas frutas e vegetais, peixe e marisco,
entre outros. Na Europa continental as alergias mais
comuns nas crianças são ao leite de vaca, ovos e amendoins, e nos adultos são frutas, amendoins e nozes 9.
Porém há uma diferença entre a alergia alimentar e a
intolerância à lactose, onde a alergia alimentar depende
da resposta do sistema imunológico a algum ingrediente
do alimento e a intolerância está relacionada com uma
reação adversa que inclui a digestão ou o metabolismo,
sem envolver o sistema imunológico 12.
A alergia ao alimento acontece em duas fases, na
primeira fase que é a de sensibilização, o individuo fica
exposto a primeira vez a algum alimento, que faz com
que o sistema imunitário produza grandes quantidades
de IgE especifico àquele alimento, e essa sensibilização
pode ocorrer antes do nascimento. A segunda fase é a
reação, quando ocorre o segundo contato com o alimento
alérgeno, mesmo que ingerir uma quantidade pequena, o
sistema imunitário irá reagir desencadeando uma reação
alérgica. Essa reação alérgica pode ser uma reação anafilática, severa e de ágil desenvolvimento, podendo ser
fatal se não for tratada adequadamente. A maioria dos
alimentos que causam a anafilaxia são o leite da vaca, o
ovo, o peixe, o marisco, o amendoim e outros frutos secos9.
A intolerância à lactose pode provocar várias consequências ao organismo. O cálcio é uma fonte que provém de alimentos lácteos. Porém, uma grande parte da
população não ingere esta fonte, particularmente as pessoas que possui essa intolerância. Estudos afirmam que
mais de 50% da população contém essa intolerância à
lactose 7.
A intolerância à lactose é uma doença que pode ser
classificada em três tipos: congênita (rara), primária ou
secundária. Algumas pessoas com Intolerância à lactose
podem ingerir derivados fermentados do leite como
queijos e iogurtes por conterem menor quantidade de
lactose ou possuir a enzima7.
A causa principal na intolerância primária é a diminuição residual da enzima lactase e na intolerância secundária resulta em algum dano na mucosa do intestino
delgado em portadores do vírus HIV, causado pelas gastrenterites agudas, desnutrição, doença celíaca, sprue
tropical e fibrose cística10.
Em relação a deficiência da lactase por sua má digestão, podem causar uma desordem intestinal manifestando como diarreia, flatulência, distensão e dor abdominal. Isso ocorre pois a lactase não é hidrolisada e absorvida no intestino delgado passando para o colón.
Neste caso, a lactase é convertida em ácidos graxos de
cadeia curta, gás carbônico e gás hidrogênio pelas bactérias da microbiota intestinal. Os ácidos graxos de cadeia
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curta são absorvidos pela mucosa colônica passando por
um processo, que o organismo precise recuperar a lactase mal absorvida, para o consumo energético. Logo
após a absorção intestinal, os gases são expirados pelo
pulmão. Através da fermentação da lactase pelas bactérias microbianas, ocorre um aumento do transito intestinal e da pressão intracolônica, causando dor e sensação
de “estufamento” do abdome. A acidez do conteúdo colônico e a expansão da carga osmótica do íleo e cólon
que foram resultados da lactose não absorvida levam a
grande parte da seleção de eletrólitos e fluídos, de modo
que leva um aumento no transito intestinal que resulta
em fezes amolecidas e diarreias. As manifestações clínicas estão relacionadas com a quantidade ingerida e com
o grau de deficiência em relação à lactose 11.
O diagnóstico pode ser feito de três maneiras: primeiro pelo Teste de Intolerância à Lactose, onde o paciente recebe uma quantidade de lactose em jejum e, depois de algumas horas são colhidas amostras de sangue
que indicam os níveis de glicose no sangue; segundo
pelo Teste de Hidrogênio na Respiração, onde o paciente
ingere uma bebida com alta quantidade de lactose e o
médico analisa o hálito da pessoa em intervalos que variam de 15 a 30 minutos por meio da expiração, se o
nível de hidrogênio aumentar significa um processamento incorreto da lactose no organismo; e terceiro pelo
Teste de Acidez nas Fezes, onde é realizado o exame de
fezes comum, pois se a pessoa bebeu ou comeu alimentos com lactose, apresentou os sintomas e procurou ajuda médica é porque a lactose não foi bem digerida ocasionando a produção de ácidos que podem ser detectados
nas fezes12.
A anamnese é uma avaliação clínica detalhada, geralmente conseguem relacionar o aparecimento da sintomatologia com a ingestão de lactose. Uma vez estabelecida a suspeita clínica, pode-se tentar comprovar o
diagnóstico com teste terapêutico, introduzindo uma
dieta isenta de lactose. Neste caso, devem-se eliminar
todas as fontes alimentares de lactose, sendo necessário
ler o rótulo de todos os produtos consumidos, a fim de
identificar alimentos com lactose "oculta". A dieta deve
ser mantida por pelo menos duas semanas, com resolução total da sintomatologia. Então, novamente, introduzem-se na dieta os alimentos que contêm lactose. Caso
haja recorrência da sintomatologia, o diagnóstico é confirmado13.
O tratamento da intolerância à lactose depende da
origem da má absorção deste carboidrato. Na deficiência
congênita, o tratamento consiste em remover totalmente a
lactose da dieta. Na deficiência secundária, o tratamento
deve ser direcionado para a doença de base. Na
deficiência primária, inicialmente é preciso identificar a
quantidade de lactose tolerada (aquela em que o indivíduo
não apresenta sintomas, ou estes não são significativos) e
quais produtos lácteos podem ser tolerados (leites,
ISSN online 2178-2571
queijos e iogurtes). A partir dessas informações
prescreve-se a dieta, que é à base do tratamento. A
orientação básica consiste na prescrição de alimentos
lácteos de acordo com a tolerância do paciente e
reposição adequada de nutrientes que possam ter sido
excluídos ou reduzidos, como por exemplo, o cálcio. Por
fim, e se necessário, pode ser prescrito o tratamento
medicamentoso. Considerando que a deficiência primária
de lactase é bastante comum na população, é esperado
que uma importante parcela destes indivíduos desenvolva
a intolerância à lactose 11.
4. CONCLUSÃO
A lactose é um dissacarídeo formado pela junção de
dois monossacarídeos: uma molécula de glicose e uma
de galactose. Ela por sua vez, é encontrada no leite em
diferentes concentrações, em 100 ml de leite de vaca
estão contidos 4,6 gramas, enquanto na mesma quantidade de leite humano tem-se 6,8 gramas. E é uma enzima que está nas microvilosidades do enterócito (tipo de
célula epitelial) que é responsável pela hidrólise da lactose, e quando ocorre uma deficiência desta enzima, que
é fonte de energia para microrganismos do cólon, é fermentada a ácido láctico por microrganismos sendo osmoticamente ativo puxando a água, o metano (CH4) e o
gás hidrogênio (H2) para o intestino.
A intolerância à lactose esta relacionada com uma
reação adversa sem envolver o sistema imunológico. É
uma doença que pode ser classificada em três tipos:
congênita (rara), primária ou secundária.
O diagnóstico pode ser realizado por três maneiras
que são: teste de intolerância a lactose, teste de hidrogênio na respiração, teste de acidez nas fezes, lembrando
que, também se pode diagnosticar, através de uma avaliação clinica detalhada, chamada anamnese.
Pode-se, portanto, concluir que a intolerância à lactose manifesta-se
em muitas pessoas mundialmente e pode ter como consequência a deficiência
nutricional de cálcio, responsável por manter várias funções biológicas e
compor a matriz óssea. Diante disso, é necessário o diagnóstico rápido e o tratamento mais adequado para cada
tipo de paciente, evitando alimentos com lactose e substituindo por alimentos sem este açúcar, também como
forma de amenizar os sintomas e oferecer melhor qualidade de vida aos portadores dessa alergia. Os hipolactásicos devem ser acompanhados por médicos e nutricionistas para evitar complicações como futuras como a
osteoporose e problemas metabólicos.
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