22(1) Abril / Junho April / June 2015 ISSN online: 2178-2571 FICHA TÉCNICA Technical Sheet Título / Title: Periodicidade / Periodicity: Diretor Geral / Main Director: Diretor de Ensino / Educational Director: Diretor de Pós-Graduação / Post-Graduation Director: Diretora de Assuntos Acadêmicos / Academic Subjects Director: Diretor Administrativo / Administrative Director: UNINGÁ Review Trimestral / Quarterly Ricardo Benedito de Oliveira Ney Stival Mário dos Anjos Neto Filho Gisele Colombari Gomes Flávio Massayohi Sato Editor-Chefe / Editor-in-Chief: Prof. Dr. Mário dos Anjos Neto Filho Corpo Editorial / Editorial Board Prof. Dr. Afonso Pelli, UFTM (MG) Prof. Dr. Aissar Eduardo Nassif, UNINGÁ (PR) Prof. Dr. Alaor Aparecido Almeida, CEATOX-UNESP (SP) Prof. MS. Alex Sanches Torquato, UTFPR (PR) Profa. Dra. Carolina Baraldi Araujo Restini, UNAERP (SP) Profa. Dra. Claure Nain Lunardi Gomes, UnB (Brasília/DF) Prof. Dr. Fabiano Carlos Marson, UNINGÁ (PR) Prof. Dr. Gerson Jhonatan Rodrigues, UFSCar (SP) Prof. Dr. Jefferson José de Carvalho Marion, UFMS (MS) Profa. Dra. Kellen Brunaldi, UEM (PR) Prof. Dr. Luiz Fernando Lolli, UNINGÁ (PR) Profa. Dra. Michele Paulo, USP (SP) Prof. Dr. Paulo Roberto Barbosa Évora, USP (SP) Prof. Dr. Roberto Barbosa Bazotte, UEM (PR) Prof. Dr. Roberto DeLucia, USP (SP) Prof. MS. Rogério Tiyo, UNINGÁ (PR) Profa. MS. Rosana Amora Ascari, UDESC (SC) Prof. Dr. Sérgio Spezzia, UNIFESP (SP) Profa. Dra. Tatiliana Geralda Bacelar Kashiwabara, IMES (MG) Profa. MSd. Thais Mageste Duque, UNICAMP (SP), UNINGÁ (PR) Profa. MS. Valéria Garcia da Silva, UNINGÁ (PR) Indexações: Latindex, Google Acadêmico, EBSCO host (Fonte Acadêmica), Periódicos CAPES e Directory of Research Journals Indexing - DRJI. Distribuição: Master Editora – Publicações Científicas A Revista UNINGÁ Review é um Projeto Especial para divulgação científica apenas em mídia eletrônica, estando inscrito na Coordenação do Núcleo Pesquisa da Faculdade INGÁ sob o número (171/2-2009) da Faculdade INGÁ. Todos os artigos publicados foram formalmente autorizados por seus autores e são de sua exclusiva responsabilidade. As opiniões emitidas nos trabalhos aqui apresentados não correspondem necessáriamente, às opiniões da Revista UNINGÁ Review e de seu Corpo Editorial. The UNINGÁ Review Journal is a special project to scientific dissemination only in electronic media, registered in the Coordination of the Research Center - Faculty INGÁ (171/2-2009). All published articles were formally authorized by their authors and are your sole responsibility. The opinions expressed in the studies published do not necessarily correspond to the views of UNINGÁ Review Journal and its Editorial Board. Academia do saber Vol.22, n.1, Abr – Jun 2015, pp.05-27 EDITORIAL ISSN online: 2178-2571 Prezado leitor, é com grande satisfação que divulgamos a vigésima segunda edição, volume um, da Revista UNINGÁ Review. Desde a edição anterior, 18(3), realizamos o lançamento de capa totalmente modernizada, reafirmando o nosso compromisso com a qualidade editorial e atualização de nossos conceitos para o alcance de nossos objetivos. UNINGÁ Review recebeu a estratificação B4 pelo sistema QUALIS CAPES, após a avaliação das edições anteriores, desde o ano de 2010. Desde o dia 01/07/2013, a Revista UNINGÁ Review passou a ser distribuída pela Master Editora, adotando o formato Open Access Journal (Revista Científica de Acesso Aberto) que garante a manutenção do acesso irrestrito e gratuito aos artigos publicados. Os autores não terão nenhum custo financeiro para submissão e a subsequente análise do manuscrito pelo conselho editorial do periódico. Entretanto, caso um manuscrito seja aceito para publicação, o autor responsável (autor de correspondência) confirmará o interesse pela publicação realizando o pagamento de uma taxa de publicação, no valor de R$ 180,00 (cento e oitenta reais), em função dos custos relativos aos procedimentos editoriais; valor atualizado em 01/01/2015. Aproveitamos a oportunidade para agradecer aos autores dos trabalhos que abrilhantam esta edição e para convidar aos autores de trabalhos científicos que se enquadram em nosso escopo editorial para o envio de seus artigos para nossa análise ad hoc, visando o aceite de sua obra para publicação em uma das edições futuras da Revista UNINGÁ Review. Boa leitura! Mário dos Anjos Neto Filho Editor-Chefe Dear reader, it is a great satisfaction to disclose the twenty-second edition, volume one of the Journal UNINGÁ Review. Since the previous edition, 18(3), we launched the from cover completely modernized, reaffirming our commitment to editorial quality and update our concepts for achieving our goals. UNINGÁ Review received the concept of stratification B4 by QUALIS CAPES system, according to the evaluation of the previous editions, since 2010. Since july, 01, 2013, the UNINGÁ Review Journal became distributed by Master Publisher, adopting the format Open Access Journal that ensures the free and unrestricted access to published articles. The authors have no financial cost to any submission and subsequent analysis of the manuscript by the editorial board of the journal. However, if a manuscript is accepted for publication, the mailing author can confirm the interest in publishing by the payment of a publication (R$ 180,00 - one one hundred and eighty Reais), according to the costs relating to the procedures editorials; updated on 01/01/2015. We take this opportunity to thank the authors of the works that brightens this issue and to invite the authors of scientific papers that fit with our editorial scope to send your articles to our ad hoc aiming at acceptance of your paper for publication in a future issue of the Journal UNINGÁ Review. Happy reading! Academia do Mario dos Anjos Neto Filho Editor-in-Chief saber Vol.22, n.1, Abr – Jun 2015, pp.05-27 ISSN online: 2178-2571 SUMÁRIO SUMMARY ORIGINAIS INCIDÊNCIA DE SOROPOSITIVIDADE PARA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE MARIALVA (PR) NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2011 A JANEIRO DE 2012 MARIA ELIZA ZERBINATTI, ADRIANA LETICIA GOLDONI, ROGÉRIO TIYO, CLAUDIA TIEMI MIYAMOTO ROSADA .............................................................................................................. 05 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO MUNICÍPIO DE SARANDI – PARANÁ EVA APARECIDA BATISTA, VIVIANE CAZETTA DE LIMA VIEIRA, ANGELA APARECIDA SILVA ........................................................................................................................................ 10 ALEITAMENTO MATERNO X DESMAME PRECOCE SUELEN EHMS DE FARIAS, DANIELLE WISNIEWSKI ...........................................................14 ATUALIZAÇÃO DA LITERATURA MOSQUITO TRANSGÊNICO Aedes aegypti NO BRASIL: LINHAGEM OX513A CAMILA RODRIGUES RUFFATO, HÉLIO CONTE .................................................................. 20 ESTUDO SOBRE A INTOLERÂNCIA À LACTOSE MAYARA GALEGO, VIVIANE OLIVEIRA, MARCOS EDUARDO PINTINHA, GLÉIA RICCI .. 24 Vol.22, n.1, Abr – Jun 2015, pp.05-27 Vol.22,n.1,pp.05-09 (Abr - Jun 2015) Revista UNINGÁ Review INCIDÊNCIA DE SOROPOSITIVIDADE PARA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE MARIALVA (PR) NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2011 A JANEIRO DE 2012 INCIDENCE OF TOXOPLASMOSIS IN PREGNANT WOMEN IN THE CITY OF MARIALVA (PR, BRAZIL) IN THE PERIOD OF JANUARY 2011 TO JANUARY 2012 MARIA ELIZA ZERBINATTI1, ADRIANA LETICIA GOLDONI2, ROGÉRIO TIYO3, CLAUDIA TIEMI MIYAMOTO ROSADA4* 1. Discente do curso de Biomedicina da Faculdade Ingá; 2. Doutora pela Universidade de São Paulo, docente dos cursos de graduação de Biomedicina e Medicina da Faculdade Ingá; 3. Doutor pela Universidade Estadual de Maringá, coordenador do curso de graduação de Farmácia da Faculdade Ingá; 4. Doutora pela Universidade Estadual de Maringá, docente do curso de graduação de Medicina da Faculdade Ingá. * Rua Rodovia PR 317, nª 6114, Maringá, Paraná, Brasil. CEP 87035-510. [email protected] Recebido em 15/12/2014. Aceito para publicação em 19/02/2015 RESUMO A toxoplasmose é uma das infecções parasitárias mais comuns em humanos e tem como agente etiológico o protozoário Toxoplasma gondii. A toxoplasmose congênita apresenta elevada morbidade e mortalidade infantil, portanto o acompanhamento pré-natal é uma importante medida para sua prevenção. Foi realizado um estudo retrospectivo com prontuários médicos de gestantes atendidas na Clínica da Mulher localizada no município de Marialva (PR), no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012. Das 204 gestantes avaliadas, 47% tinham entre 37 a 48 anos, 36% entre 26 a 36 anos e 18% de 15 a 25 anos. A análise sorológica das gestantes revelou que 20 pacientes eram soropositivas para toxoplasmose sendo que oito destas apresentaram resultado reagente para IgM anti-Toxoplasma gondii. Dois recém-nascidos também apresentaram soropositividade para IgM e corioretinite. Com relação aos hábitos de vida em comum entre as gestantes soropositivas constatou-se o contato com gatos. A incidência da toxoplasmose no Município de Marialva está dentro do esperado quando comparados a outras localidades. Assim, é muito importante que as gestantes façam acompanhamento pré-natal até o final da gestação. PALAVRAS-CHAVE: Toxoplasmose congênita. Soropositividade. Gestantes.. ABSTRACT Toxoplasmosis is one of the most common parasitic infections in humans and whose etiologic agent the protozoan Toxoplasma gondiii. Congenital toxoplasmosis has high morbidity and infant mortality, thus the prenatal care an important measure for its prevention. A retrospective study of the medical records ISSN online 2178-2571 from pregnant women in Women's Clinic located in the municipality of Marialva (PR) was conducted from January 2011 to January 2012. Of the 204 pregnant women screened, 47% were between 37 to 48 years, 36% were aged 26-36 years and 18% were 15 to 25 years. Serological analysis of pregnant women revealed that 20 patients were seropositive for toxoplasmosis and eight of these had a positive result for IgM anti-Toxoplasma gondii. Two newborn also presented seropositivity for IgM and chorioretinitis. Regarding lifestyle habits among HIV-positive pregnant women, the contact with cats was stated. The incidence of toxoplasmosis in the city of Marialva is as expected when compared to other locations. Thus, it is very important that pregnant women make prenatal care until the end of pregnancy. KEYWORDS: Congenital toxoplasmosis. Seropositivity. Pregnancy. 1. INTRODUÇÃO A toxoplasmose é uma das infecções parasitárias mais comuns em humanos, amplamente distribuída em todo o mundo e que tem como agente etiológico o protozoário Toxoplasma gondii 1,2. Este protozoário intracelular pode parasitar diversos tecidos de vários mamíferos e aves, mas o gato e outros felídeos são os únicos hospedeiros nos quais o T. gondii realiza todo o seu ciclo de vida - fase assexuada e fase sexuada, enquanto que o homem e os outros animais atuam somente como hospedeiros intermediários nos quais o parasito realiza apenas a fase assexuada de seu ciclo1,2,3. Estudos sorológicos indicam que de 80% a 90% das infecções primárias por T. gondii são assintomáticas, em decorrência da efetividade do sistema imunológico3,4, Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Zerbinatti et al. / Uningá Review mas quando presentes, os sintomas são semelhantes aos de um resfriado comum com quadro febril, linfoadenopatia, e eventual rash cutâneo, evoluindo de uma fase aguda para uma fase crônica3,5. No entanto, a infecção pode acarretar em complicações graves, principalmente em pacientes imunossuprimidos5. Diversas são as formas de transmissão, ocorrendo por ingestão de: (1) oocistos encontrados na terra, areia e alimentos; (2) cistos teciduais encontrados nas carnes cruas e mal cozidas; (3) por via transplacentária, quando a mãe adquire a infecção durante a gestação 3,6. O parasito invade as células do sistema fagocítico-mononuclear, dando origem às estruturas intermediárias denominadas pseudocistos e disseminam-se por via sanguínea ou linfática para qualquer órgão ou tecido, incluindo sistema nervoso central e olhos, pelos quais tem um tropismo maior7,8. A toxoplasmose congênita é considerada importante causa mundial de morbidade e mortalidade infantil e apresenta especial relevância pelos danos causados ao desenvolvimento do feto3,9. Para que a transmissão vertical ocorra é necessário que a mãe esteja na fase aguda da doença ou que haja uma reativação de infecção latente devido à imunodepressão da gestante1. O parasito atinge o concepto por via transplacentária causando danos de diferentes graus de acordo com a virulência da cepa, o sistema imunológico materno e o período gestacional no qual ocorreu a infecção, sendo que o risco de transmissão aumenta com o avanço da idade gestacional7,8,10. A transmissão vertical pode acarretar em aborto, nascimento prematuro ou anomalias graves, caracterizadas por calcificações cerebrais, perturbações neurológicas resultando em retardos mentais, alterações no volume do crânio, micro e macrocefalia, pode haver comprometimento ganglionar generalizado, hepatomegalia, edemas, miocardite, anemia, trombocitopenia e lesões oculares5,11,12,13,14,15. O exame de rotina mais comumente utilizado para diagnóstico da toxoplasmose baseia-se na pesquisa de anticorpos IgM e IgG antígeno-específicos1,2,4,11,12. A triagem sorológica deve compreender a pesquisa de anticorpos IgG e IgM contra T. gondii para que possa identificar a fase em que a doença se encontra1,16. Na fase aguda da toxoplasmose ocorre, primeiramente, a síntese de IgM aproximadamente uma a duas semanas após a infecção, atingindo pico em seis a oito semanas e, então, entra em declínio. A presença de IgM é detectada até quatro a seis meses após o início da infecção por T. gondii4,7. O diagnóstico da infecção aguda na gestante permite seu tratamento com possibilidades de prevenção da infecção fetal ou minimização do seu comprometimento2. A IgG também pode ser detectada desde o início da parasitose e, embora haja diminuição dos níveis sorológicos, estes se mantem elevados por toda a vida caracterizando a fase crônica ou latente da doença 7. ISSN online 2178-2571 V.22,n.1,pp.05-09 (Abr - Jun 2015) O diagnóstico de toxoplasmose congênita é rotineiramente realizado por sorologia, embora também seja possível fazer o diagnóstico utilizando técnicas de biologia molecular. A pesquisa de anticorpos IgM antígeno-específicos no soro do recém-nascido é amplamente utilizada, uma vez que este isótipo não atravessa a barreira placentária e é facilmente obtido por meio da coleta de sangue venoso17. Além do soro, é possível verificar a presença de anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii por meio da cordocentese, a qual é realizada até a 22ª semana de gestação para detecção da resposta imune fetal. Pode-se até mesmo ser realizada a amniocentese para a identificação DNA do parasita por meio da reação em cadeia de polimerase, cuja sensibilidade atinge 97,4%2,3,5,18. O objetivo do presente trabalho é estimar a incidência de soropositividade para toxoplasmose em gestantes por meio de métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico da toxoplasmose no atendimento do Sistema Único de Saúde e avaliar possíveis associações de ocorrência da soropositividade com idade, cor, procedência e escolaridade materna. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado um estudo retrospectivo das gestantes atendidas na Clínica da Mulher, Unidade de Saúde da rede SUS, localizada no município de Marialva, Paraná, no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012. Foram avaliadas as seguintes informações: sorologia para toxoplasmose, idade, nível socioeconômico, escolaridade, estado civil, acompanhamento pré-natal e presença de gatos em casa ou em local de trabalho. Os dados foram coletados de prontuários médicos de 204 gestantes submetidas a coleta sanguínea para realização da pesquisa sorológica e considerados apenas os resultados obtidos na primeira consulta pré-natal. Os testes sorológicos foram realizados em apenas um laboratório evitando dessa forma vícios de aferição e diferenças metodológicas. O método utilizado para a dosagem sorológica foi a imunofluorescência indireta (IFI) para a pesquisa de IgG e o imunoenzimático (ELISA) para a detecção de IgM. Ambas as técnicas baseiam-se na interação antígeno-anticorpo altamente sensíveis e especificas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Ingá, parecer nº 0245/11. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise dos prontuários das gestantes atendidas na Clínica da Mulher no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012 revelou que quase metade (47%) das pacientes tinham entre 37 a 48 anos, 36% das pacientes estavam na faixa etária de 26 a 36 anos e 18% das gestantes tinham entre 15 a 25 anos (figura 1). Esses dados estão de acordo Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Zerbinatti et al. / Uningá Review com a tendência observada no país relacionada com o declínio do número de gestantes entre os grupos etários de 15 a 24 anos19. Figura 1. Distribuição das gestantes de acordo com faixa etária, no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012. Quanto ao início do acompanhamento pré-natal, 62% das pacientes buscaram assistência pré-natal já no primeiro trimestre da gestação, 24% no segundo trimestre e 14% iniciaram as consultas no terceiro trimestre. De acordo com o Ministério da Saúde um pré-natal adequado consiste de seis ou mais consultas pré-natais. A assistência pré-natal apropriada previne a morbimortalidade materna e perinatal, pois permite a detecção e o tratamento oportuno de afecções como a toxoplasmose e de reduz os fatores de risco que trazem complicações para a saúde da mulher e do bebê20,21. A análise sorológica das gestantes revelou que 20 (9,8%) das pacientes eram soropositivas para toxoplasmose (tabela 1). As gestantes são consideradas soropositivas para toxoplasmose quando apresentavam resultado reagente para IgG anti-Toxoplasma gondii acompanhadas ou não de IgM anti-Toxoplasma gondii reagente e as pacientes que apresentaram sorologia não reagente para IgG e IgM antígeno-específicas são consideradas soronegativas e, consequentemente, suscetíveis à infecção primária. Dentre as pacientes soropositivas, quatro (20%) apresentavam alguma sintomatologia oftálmica e três (15%) não tiveram acompanhamento pré-natal conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, ou seja, com mais de 5 consultas médicas durante a gestação. Ainda quanto a análise sorológica, o percentual de positividade para toxoplasmose foi maior na faixa etária entre 37 a 48 anos, o que pode ser explicado pelo aumento da exposição às diversas vias de transmissão a medida que a idade aumenta22. No entanto, não foi observado nenhum caso de toxoplasmose em gestantes com idade superior a 41 anos. Tabela 1. Distribuição das gestantes de acordo com a sorologia e faixa etária, no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012 Sorologia negativa 184 90,2% Sorologia positiva 20 9,8% Total 204 100% A análise dos isótipos antígeno-específicos indicou que oito (40%) pacientes com resultado reagente ISSN online 2178-2571 V.22,n.1,pp.05-09 (Abr - Jun 2015) possuíam anticorpos da classe IgM, sendo que cinco estavam na faixa etária de 37 a 48 anos (figura 2). Com relação aos anticorpos apresentados por estas pacientes, pode-se dizer que 12 pacientes poderiam ter tido uma exposição passada ao T. gondii apresentando somente níveis de anticorpos da classe IgG antígeno-específicas e as oito pacientes com resultado reagente para IgM antígeno-específicas poderiam estar no quadro de toxoplasmose aguda. Porém, seria necessário realizar o teste de avidez para anticorpos IgG para confirmar este diagnóstico. O teste de avidez para anticorpo IgG é utilizada para diferenciar resposta imune primária (primo-infecção) da resposta imune secundária (reagudização)2. Na resposta imune primária há predomínio de anticorpos de baixa avidez com níveis superiores a 70%, enquanto que na resposta de memória ou secundária há predomínio de anticorpos de alta avidez com níveis acima de 70%. Logo, a estimativa da avidez da IgG anti-Toxoplasma gondii auxilia no diagnóstico de infecção recente ou pregressa23. Figura 2. Distribuição das gestantes soropositivas de acordo com faixa etária no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012 A presença de anticorpos IgM geralmente é utilizada como diagnóstico de toxoplasmose recente e utilizado para considerar o risco de transmissão para o feto 1,2,5. Dentre as oito gestantes que apresentaram soropositividade para IgM anti-T. gondii, duas crianças (25%) foram diagnosticadas com toxoplasmose congênita por meio da pesquisa de anticorpos IgM antígeno-específicas e apresentavam manifestações clínicas como coriorretonite. A infecção fetal poder ser atenuada ou prevenida quando há tratamento materno após um diagnóstico precoce com fármacos variados como espiramicina, devido a sua ação no tecido placentário e por não apresentar toxicidade para o feto, independentemente da idade gestacional5,8. Já as crianças que são infectadas congenitamente são tratadas com pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico que são administrados no primeiro mês de vida e estendido até o primeiro ano de vida, reduzindo a frequência e a gravidade das sequelas11. A taxa de soroconversão encontrada neste estudo novamente enfatiza a importância do acompanhamento adequado do pré-natal para diagnóstico precoce e tratamento das gestantes a fim de evitar a infecção dos fetos ou reduzir as sequelas causadas pelo parasita. Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review V.22,n.1,pp.05-09 (Abr - Jun 2015) Zerbinatti et al. / Uningá Review Em relação aos hábitos de vida considerados fatores de risco para aquisição da toxoplasmose, não foram encontradas diferenças significativas, exceto pelo fato que todas as gestantes soropositivas relatarem proximidade com gatos domésticos, sendo este um fator relevante já que estes animais possuem papel bem descrito no ciclo do parasita24,25,26,27. Diversos surtos já foram relatados devido ao convívio com gatos domésticos infectados, como no caso surto ocorrido em Santa Isabel do Ivaí, Paraná, aonde houve contaminação do reservatório hídrico por oocistos de T. gondii eliminados por gatos domésticos que permaneciam na região22. No entanto, há um grande desconhecimento dos pacientes sobre a doença, o que ratifica a necessidade de medidas de prevenção e controle direcionadas às vias de transmissão 28. Desta forma, existem diversas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde (MS) como evitar o consumo de produtos animais crus ou mal cozidos principalmente das espécies caprina, ovina e suína, pois estas são mais sensíveis à infecção e o consumo de sua carne crua ou mal cozida é considerado uma importante fonte de infecção de T. gondii para humanos; eliminar fezes de gatos infectados em locais adequados e de forma segura; proteger as áreas com areia (em praças, escolas, creches) para que os gatos não as utilizem; lavar as mãos após manipular carne crua ou terra contaminada e evitar o contato de grávidas com gatos; alimentar gatos somente com ração ou carne bem cozida; lavar bem as frutas e vegetais com água corrente; limpar diariamente as caixas sanitárias dos gatos; controlar moscas e baratas ou outras espécies que possam servir de vetores para o T. gondii; ingerir apenas água tratada ou fervida29,30,31,32. Embora a soropositividade seja mais comum nos indivíduos com nível socioeconômico baixo e baixa escolaridade22, esses fatores não influenciaram na soropositividade das gestantes avaliadas. Atualmente não há estudos que mostrem o benefício do tratamento materno profilático para evitar a transmissão vertical, portanto a orientação verbal ou por escrito de medidas preventivas para gestantes bem como a realização do pré-natal ainda é o melhor método para identificar e diminuir os casos de infecção aguda em gestantes com consequente redução de casos de infecção congênita e o surgimento de sequelas futuras. 4. CONCLUSÃO A toxoplasmose é uma zoonose que tem como agente etiológico o protozoário Toxoplasma gondii, um parasita intracelular obrigatório. A toxoplasmose congênita é considerada importante causa mundial de morbidade e mortalidade infantis e apresenta especial relevância pelos danos causados ao desenvolvimento do feto. É importante salientar que o risco infecção está diretamente relacionado com a idade, pois a medida que a idade ISSN online 2178-2571 avança, aumenta a exposição às diversas vias de transmissão. Uma vez adquirida a infecção previamente a gestação, o foco de atenção se concentra naquelas gestantes susceptíveis e, portanto, com risco de infecção aguda e consequente transmissão fetal, enfatizando a importância do acompanhamento pré-natal. Ainda não existem estudos que evidenciam o benefício do tratamento maternos para evitar a transmissão vertical, portanto a orientação verbal ou por escrito de medidas preventivas e ações de educação em saúde às gestantes susceptíveis durante o pré-natal é a melhor medida para identificar e diminuir os casos de infecção aguda. Consequentemente, isso impacta no número de casos de infecção congênita e o aparecimento de sequelas no futuro, além de instituir tratamento precoce de crianças congenitamente infectadas. A incidência da toxoplasmose no Município de Marialva está dentro do esperado, quando comparados a outras localidades, ratificando as ações de saúde pública desenvolvidas na cidade, incluindo o acompanhamento pré-natal até o final da gestação, primordial para a saúde da gestante e do bebê. REFERÊNCIAS [1] Detanico L, Basso RMC. Toxoplasmose: perfil sorológico de mulheres em idade fértil e gestantes. Rev Bras Anal Clin. 2006; 38(1):15-18. [2] Carellos EVM, Andrade GMQD, Aguiar RALPD. Avaliação da aplicação do protocolo de triagem pré-natal para toxoplasmose em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: estudo transversal em puérperas de duas maternidades. Cad de Saúde Pública. 2008; 24(2):391-401. [3] Figueiró-Filho EA, et al. Toxoplasmose aguda: estudo da freqüência, taxa de transmissão vertical e relação entre os testes diagnósticos materno-fetais em gestantes em estado da Região Centro-Oeste do Brasil. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(8):442-9. 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Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Vol.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015) Revista UNINGÁ Review PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO MUNICÍPIO DE SARANDI – PARANÁ EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF CASES AMERICAN CUTANEOUS LEISHMANIASIS IN THE COUNTY OF SARANDI – PARANÁ EVA APARECIDA BATISTA1, VIVIANE CAZETTA DE LIMA VIEIRA2, ANGELA APARECIDA SILVA3* 1. Graduação em Enfermagem pela Fundação Centro Universitário de Mandaguari – FAFIMAN/UNIMAN; 2. Mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá – UEM; 3. Mestre em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. * Rua Vaz Caminha, 46, Jardim Panorama, Sarandi, Paraná, Brasil. CEP 87113-140. [email protected] Recebido em 03/03/2015. Aceito para publicação em 09/03/2015 RESUMO A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma das cinco doenças infecto-parasitárias endêmicas de maior relevância e um problema de saúde pública mundial. Esta patologia vem aumentando nos últimos 20 anos, independente do sexo ou idade. No Brasil o maior número de ocorrências é encontrado no norte e nordeste. No Paraná a maior concentração está localizada no Vale do Rio Ribeira e no Norte do Paraná. Este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento do perfil epidemiológico dos casos de leishmaniose no município de Sarandi-PR, entre os anos de 2007 a 2013 através de dados coletados de fichas de notificações obrigatória. Trata-se de um estudo descritivo exploratório com uma abordagem quantitativa. Encontrou-se um total de 44 fichas notificadas de LTA, com maior prevalência entre 2010 e 2011 com 20,45% dos casos para ambos. O município de Ivatuba apresentou maior número de casos totalizando 45% das notificações. A faixa etária com maior índice de ocorrências foram entre 35 e 49 anos, onde 91% pertenciam ao sexo masculino. Salienta-se por meio deste estudo a importância das fichas de notificações compulsórias como um instrumento que permite avaliar o perfil epidemiológico de casos de LTA assim como dar subsídios para estruturação dos serviços. PALAVRAS-CHAVE: Leishmaniose Tegumentar Americana, notificações de casos, saúde pública. ABSTRACT The American Cutaneous Leishmaniasis (ACL) is considered by the World Health Organization as one of five endemic infectious and parasitic diseases of greatest importance and a problem of global public health. This disease has increased in the last 20 years, regardless of sex or age. In Brazil the largest number of occurrences is found in the north and northeast. In Paraná the highest concentration is located in Rio Ribeira Valley and northern Paraná. This study aimed to survey the epidemiology of leishmaniasis in the municipality of Sarandi-PR, ISSN online 2178-2571 between the years 2007 to 2013 using data collected from mandatory notifications of chips. This is a descriptive exploratory study with a quantitative approach. Lied a total of 44 sheets notified of LTA, with a higher prevalence between 2010 and 2011 with 20.45% of the cases for both. The municipality of Ivatuba the greatest number of cases totaling 45% of the notifications. The age group with the highest occurrence rate was between 35 and 49, where 91% were male. It is emphasized through this study the importance of records of compulsory notifications as a tool to evaluate the epidemiological profile of ACL cases and make allowances for structuring services. KEYWORDS: American Cutaneous, leishmaniasis, notifications of cases, public health. 1. INTRODUÇÃO O gênero Leishmania foi descoberto em 1903 por Ross, e confirmada em 1909 por Lindemberg onde encontrou parasitas em lesões cutâneas de trabalhadores das matas do estado de São Paulo1. A Leishmaniose é considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma das cinco doenças infecto-parasitárias endêmicas de maior relevância e um problema de saúde pública mundial pela sua magnitude, transcendência e pouca vulnerabilidade às medidas de controle2. Na região do novo mundo existem pelo menos 17 taxas do gênero Leishmania. No Brasil encontram-se várias espécies de leishmaniose que são responsáveis por ocasionar doenças em seres humanos, entre elas a Leishmania Tegumentar Americana (LTA). Ela é encontrada atualmente em todos os estados brasileiros, sobre diferentes perfis epidemiológicos. O maior número de casos encontra-se nas regiões norte e nordeste do Brasil. No Paraná, a leishmaniose é encontrada em duas áreas Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Batista et al. / Uningá Review com características próprias, uma delas é localizada no Vale do Rio Ribeira e a outra no Norte do Paraná3,4,5. Esta patologia acompanha o homem desde os tempos remotos, e tem apresentado nos últimos 20 anos aumento no número de casos4. A leishmaniose é encontrada principalmente em países em desenvolvimento, podendo existir formas resistentes entre suas espécies6. É uma zoonose em franca expansão geográfica no Brasil não restringindo sexo ou idade3. A leishmaniose é causada pelo protozoário pertencente ao filo Protozoa, subfilo Sarcomastigophora, classe Masgophora, ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito flebotomíneo que infecta os macrófagos de mamíferos, compreendendo ao gênero Lutezamya (chamado de mosquito palha ou birigui). O protozoário é caracterizado como um parasita intracelular obrigatório, tendo como consequência infecções diversas e complexas4,6,7. O ciclo biológico da leishmania é apresentado por duas formas: amastigota e promastigota. A forma amastigota parasita o fagossoma das células do sistema fagocítico mononuclear dos hospedeiros vertebrados (homem, animais silvestres e animais domésticos), caracterizando pela ausência de flagelo. A forma promastigota é flagelada e encontra-se no aparelho digestivo do vetor, que é o inseto pertencente à família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, pertencentes ao gênero Phlebotmas3. Em ambas as formas são encontrados núcleo e cinetoplasto apresentando funções distintas entre si. A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é umas das formas de leishmaniose que afeta pele e mucosas, causada por protozoário de caráter pleomórficos, é uma doença crônica de manifestação cutânea, infecciosa e não contagiosa3. A doença desenvolve-se por pápulas, transformando-se em ulceras com bordas elevadas, granuladas, que podem ser únicas ou múltiplas e são indolores. Também podem manifestar-se como placas verrugosas, papulosas e nodulosas, localizadas ou difusas. Estas manifestações dermatológicas são de extrema relevância, não só pela sua frequência, mas principalmente pelas dificuldades terapêuticas, possibilidade de seqüelas e mutilações que podem surgir nos casos crônicos3,4,5. As ações de controle dirigidas aos doentes acometidos pela LTA são desenvolvidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), devendo ser incorporadas progressivamente as atividades relacionadas a reservatórios e vetores assim como nas buscas ativa de casos2,4,8,9. O SUS oferece tratamento especifico para a doença, notificações e combate aos focos dos mosquitos. A droga de primeira escolha é à base de antimônio de n-metil de glucamina (glucantime) orientado pela Organização Mundial da Saúde. As outras medicações disponíveis no servido de saúde são isotianatide pentamidiona e anfotericina B. A prevenção consiste em repouso, boa alimenISSN online 2178-2571 V.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015) tação, uso de repelentes, tela nas janelas e não construir casas próximo das matas5,10. Considerando à ocorrência da LTA no Paraná, este trabalho teve como objetivo levantar o perfil epidemiológico dos casos notificados da doença na Vigilância Epidemiológica do Município de Sarandi, notificados no período entre 2007 e 2013 e que foram acompanhados até o final do tratamento. 2. MATERIAL E MÉTODOS Estudo descritivo exploratório com uma abordagem quantitativa realizado no município de Sarandi. Este município está localizado no norte do estado do Paraná, possui uma população de 88.364 habitantes e pertence à 15ª Regional de Saúde. Seu desenvolvimento é baseado na agroindústria, possui uma densidade demográfica de 800,74 habitantes por quilômetro quadrado11. A rede pública de saúde é formada por 12 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 01 UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e 01 hospital Filantrópico. O fluxo de atendimento ao paciente com suspeita de LTA ocorre da seguinte forma: todas as pessoas suspeitas de LTA são encaminhadas para o laboratório do município, para fazer exame de sangue ou biópsia da lesão. Sendo confirmada a doença é feita a notificação epidemiológica por meio da ficha do Sistema de Informações de Agravos e Notificação (SINAN). A farmácia do município é responsável pelo cadastramento do paciente na 15º Regional de Saúde e fornecimento do medicamento ao mesmo. O instrumento de coleta de dados foram fichas de notificações obrigatória do SINAN, arquivadas na vigilância epidemiológica do município de Sarandi, preenchidas no período de 2007 à 2013, totalizando 44 fichas. Os dados analisados nestas fichas foram: sexo, idade, local onde os pacientes contraíram a doença, ano de notificação, número de lesões e conclusão do tratamento. A coleta de dados ocorreu no primeiro semestre de 2013. Os dados foram tabulados e contabilizados por meio de frequência e porcentagem simples. Foram respeitados aspectos éticos de pesquisa, por meio do termo de autorização de pesquisa entregue ao Secretário de Saúde do Município antes da coleta de dados 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta pesquisa encontrou-se durante o período estudado, 44 casos notificados de leishmaniose no município de Sarandi-PR, todos eles pertencentes ao gênero Leishmania Tegumentar Americana (LTA). Um dos fatores que contribuem para a ocorrência de LTA no Brasil é a localização geográfica do país, cuja extensão pertence a uma região tropical com clima favorável para a proliferação de doenças endêmicas12. Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Batista et al. / Uningá Review Estima-se que mundialmente ocorrem cerca de 0,7 a 1,2 milhões de casos de LTA, sendo que um terço deles ocorrem em três regiões epidemiológicas sendo estas as Américas, a Bacia do Mediterrâneo e a Ásia ocidental. Entre os dez países com maior número de casos está o Brasil representando um equivalente de 70 a 75% deste total13. O número de casos notificados no Sul do Brasil revela que a LTA é endêmica no Estado do Paraná representando um equivalente de 99,3% dos casos. Dois polos são responsáveis pelos casos de LTA no estado do Paraná, um deles ao norte representado pelo Rio Paranapanema e outro ao sul representado pelo Rio Ivaí14. Os dados do presente estudo indicam que em todos os casos de LTA notificados foram contraídos na extensão do Rio Ivaí, com maior porcentagem em Ivatuba com 20 casos (45%), em Doutor Camargo com 14 casos (32%) e São Jorge do Ivaí com 10 casos (23%) (Figura 1). No período dos dados coletados, os anos que apresentaram maior ocorrência de casos foram em 2010 e 2011, com 9 casos em ambos e a menor ocorrência foi em 2013 com apenas 1 caso. Quanto à faixa etária encontrou-se a prevalência de casos na faixa etária dos 20 aos 79 anos, representando maior índice de casos entre 35-49 anos (43,18%) (Fig. 2). V.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015) gimento já é uma indicação para que o paciente procure o médico para ser diagnosticada a doença. O fato de uma única lesão ter sido encontrada demonstra talvez o fato desta lesão ser facilmente visível, recorrendo então ao auxílio médico. A não especificação do tipo de lesão pode sugerir falhas no processo de acompanhamento do paciente. Figure 2 - Notificação da Leishmania Tegumentar Americana no município de Sarandi-PR por faixa etária e ano. Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica do Município de Sarandi/PR. Todos os pacientes da pesquisa concluíram o tratamento usando a medicação glucantime. Este é o tratamento medicamentoso de escolha preconizado pelo Ministério da Saúde. Na pesquisa realizada por Aguado18 foram relatados um total de 149 casos de pacientes com LTA, apresentando 52% dos casos para o sexo masculino e 48% para o sexo feminino. Neste estudo, o sexo masculino teve índice elevado de casos representando 91% do total com 40 casos, enquanto que o feminino apresentou 9% com 4 casos (Figura 3). Figure 1 - Casos de notificações de Leishmania Tegumentar Americana na extensão do Rio Ivaí entre os anos de 2007-2013. Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica do Município de Sarandi/PR). Em pesquisa realizada por Doroodgar15, em um grupo de 326 pacientes com LTA na faixa etária de 0 a > 60 anos, apresentou maior índice de casos na faixa etária de 30 a 39 anos com 19,3%, e entre 30 a 49 anos apresentou um total de 33,7% dos casos, dados semelhantes aos encontrados neste estudo. Na faixa com maior número de casos, entre 35-49 anos, o ano que apresentou maior número de notificações foi em 2011 com 5 casos e em 2013 não foi notificado nenhum caso nesta faixa etária (Figura 2). Outro aspecto observado na pesquisa foi o número de lesões, todos os pacientes apresentaram uma única lesão, não especificando a sua forma. O fato da maior parte dos pacientes apresentarem lesão única é um dado encontrado em outras pesquisas16,17. Independentemente do número de lesões, o seu surISSN online 2178-2571 Figura 3 - Notificação de casos de Leishmania Tegumentar Americana por sexo, ano 2007 a 2013. Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica da Município de Sarandi/PR. O maior número de casos de LTA entre os homens é um dado consoante com outros estudos15,18. O fato da maior incidência de casos ocorrerem entre os homens pode ser explicado devido ao fato destes, estar em maior contato com regiões de mata, por ocasião de viagem e/ou trabalho e/ou lazer. Por outro lado, a baixa incidência no sexo feminino pode estar relacionado a fatores como Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Batista et al. / Uningá Review exposição em ambientes menos propícios, há contaminação e ao uso de meios preventivos como roupas mais adequadas e uso de repelente. Pontua-se, portanto, que a associação de fatores ambientais, culturais, educativo e socioeconômico são fatores importantes a serem considerados na transmissão da LTA. 4. CONCLUSÃO Conclui-se que no município em estudo a LTA acomete principalmente homens, na faixa etária entre 35 e 49 anos e que adquiriram a doença em outro município. Ressalta-se a importância de se estabelecer o diagnóstico adequado assim como reconhecimento dos tipos de lesões encontradas. A importância do levantamento de casos notificados favorece a obtenção de informações sobre as notificações e o tratamento para a doença, indicando se houve tratamento adequado do início ao fim, possibilitando uma busca ativa dos casos que deixaram de concluir o tratamento específico, evitando a proliferação da doença. Reforça-se neste momento à importância das fichas de notificação compulsória como um instrumento que possibilita além da coleta de dados, informações fundamentais para o manuseio e acompanhamentos dos casos. Espera-se que os dados das notificações apresentados neste trabalho possam contribuir com estratégias para reforçar e controlar os casos de LTA, evitando que haja proliferação e/ou epidemia da doença. V.22,n.1,pp.10-13 (Abr - Jun 2015) Reviews. 2005; 18(2):293-305. [8] Aparicio C, Bitencourt MD. Modelagem espacial de zo[9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] REFERÊNCIAS [1] Furusawa GP, Borges MF. 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Especialista em Obstetrícia/ FACINTER. Mestre em Enfermagem/ UEM. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual do Centro-Oeste. * Rua Simeão Camargo Varela de Sá, 03, Vila Carli, Guarapuava, Paraná. CEP: 85040-080. [email protected] Recebido em 27/02/2015. Aceito para publicação em 11/03/2015 RESUMO Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa que objetivou identificar fatores que favorecem o desmame precoce dos bebês. Esse estudo foi realizado em uma cidade do interior do Paraná onde foram entrevistadas 50 mulheres. Como resultados obteve-se que a maioria das mulheres amamentou seus filhos até os 6 meses de idade, entretanto introduziram alimentos complementares à dieta antes dos seis meses de idade. Muitas mães não obtiveram orientações de profissionais da saúde sobre o aleitamento. Conclui-se que a falta de informações das mães pode ser um fator desencadeante para que a mulher possa deixar de amamentar ou que possa introduzir outros alimentos na dieta da criança antes dos 6 meses de idade. PALAVRAS-CHAVE: Aleitamento materno, desmame precoce, saúde da criança, enfermagem. ABSTRACT This is a cross-sectional study with a quantitative approach, aimed to identify factors that favor early weaning babies. This study was conducted in a city in Paraná were interviewed 50 women. As a result was obtained that most women suckled their children up to 6 months, however introduced complementary foods to the diet before six months of age. Many mothers did not obtain health professional guidelines on breastfeeding. It is concluded that the lack of information of mothers can be a trigger for the woman to stop breastfeeding or may introduce other foods in children's diets before 6 months of age. KEYWORDS: Breastfeeding, weaning, child health, nursing. 1. INTRODUÇÃO Desde o início da história, as mulheres sempre amamentaram seus filhos, entretanto o aleitamento materno tem sido sujeitado a mudanças culturais, e tornou-se desprezível, pois algumas mães estão rejeitando a amamentação, especialmente as de classes sociais mais elevadas1. Com essa perspectiva da amamentação, têm-se um crescimento na necessidade de se obter uma promoção efetiva de programas de políticas promocionais, que seISSN online 2178-2571 jam sensíveis aos diversos fatores, que possam ajudar as mães a amamentar ou impedir que as mesmas deixem de amamentar seus filhos2. Foi realizada uma pesquisa comparativa quanto ao aleitamento materno exclusivo, na região norte, sul e sudeste do Brasil e verificou-se que na região norte o aleitamento materno ocorre em média 414,2 dia, porém o aleitamento materno exclusivo, apenas 24 dias, na região sul, a duração da amamentação exclusiva foi bem inferior com apenas 39,1 dias, contudo na região sudeste obteve-se a menor duração mediante a amamentação exclusiva com uma média de 13,1 dias3, evidenciado que as mães introduzem sucos, chás e outras alimentações precocemente na alimentação da criança. Cada vez menos as mães amamentam seus filhos até os seis meses de idade, período este que é o essencial para que a criança cresça saudável. A decorrente falta de amamentação tem como causas a entrada da mulher no mercado de trabalho, muitos mitos em torno da amamentação, como flacidez das mamas, leite fraco, falta de apoio familiar, dentre outros2. Contudo, sabe-se que a única fonte completa de nutrientes para as crianças é o leite materno, sendo considerado o melhor alimento para as crianças nos primeiros 12 meses de vida4. O desmame precoce é definido como a introdução de qualquer tipo de alimento na dieta de um bebê, o qual estava somente ingerindo leite materno3. A amamentação traz muitos benefícios para as nutrizes como a prevenção ao câncer de mama, rapidez na involução uterina e também se considerar que o tempo de amamentação está relacionado com a perda de peso no pós-parto, é possível evidenciar uma diminuição de 0,44Kg por mês de amamentação4. Para que o aleitamento materno ocorra de maneira eficaz é necessário o apoio de uma equipe multiprofissional, trazendo vários itens para reforçar os inúmeros benefícios para o binômio, como a prevenção de várias doenças infecciosas, como diarreias e alergias, possibilita uma melhora na respiração, envolvendo componentes emocionais, psicológicos, orgânicos, além da aproximação entre mãe e bebê5. Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Farias & Wisniewski / Uningá Review Como incentivo ao aleitamento materno, desde 1988, a constituição federal garante o direito as mães que trabalham a amamentar, através da licença maternidade sem causar prejuízos salariais e garante um local adequado para as nutrizes que amamentam6. A promoção, incentivo e promoção do aleitamento materno é também responsabilidade dos profissionais de saúde, desde o momento da gravidez proporcionando todo apoio a essas mulheres, até o momento de amamentar, e ajudá-las a manter a pratica de amamentação de forma correta 7. Pautado no conteúdo exposto esta pesquisa justifica-se pois a investigação dos motivos que favorecem o desmame precoce dos bebês poderá nortear ações em saúde com o intuito de ajudar, incentivar e orientar as mães e famílias a respeito da importância do aleitamento materno às crianças. A Principal motivação para a realização desta pesquisa encontra-se no o intenso desmame precoce observado na prática assistencial, e este estudo tem como questão norteadora: Quais os fatores que influenciam no desmame antes dos 06 meses de vida da criança? E para responder esta pergunta, tem-se como objetivo identificar fatores que favorecem o desmame precoce dos bebês. 2. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa, que foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde de um município do interior do Paraná. A população do estudo foi composta por todas as mulheres que levaram seus filhos para a puericultura no período de coleta de dados, que ocorreu durante todo o mês de julho de 2013 e que contemplaram os critérios de inclusão: mães com filhos acima de seis meses de vida, ausência de problemas relacionados ao trato gastrointestinal. Os critérios de exclusão delimitam-se serem mães de filhos menores de seis meses e maiores de 05 anos. A coleta de dados foi realizada nos dias de consultas pediátricas e puericulturas, tendo ciência e assinatura do TCLE, onde responderam à um questionário com questões abertas e fechadas. Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Excel e procederam-se as análises descritivas dos dados, os quais foram apresentados em forma de tabelas, e a discussão dos está baseada em estudos atuais que abordam a temática. O presente estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Unicentro, sob o número 283.563, de 24 de maio de 2013. V.22,n.1,pp.14-19 (Abr - Jun 2015) gada. Tabela 1. Distribuição dos dados de acordo com as características sócio demográfica. Na Tabela 2, estão os dados relacionado ao histórico obstétrico das mães e a idade que as crianças permaneceram sobre aleitamento materno. Tabela 2. Distribuição dos dados de acordo com o histórico obstétrico e de aleitamento do bebê. 3. RESULTADOS Os dados obtidos estão organizados em tabelas. Na Tabela 1 abaixo, encontram-se informações acerca das características sociodemográficas da população investi- ISSN online 2178-2571 Os dados da Tabela 3 a seguir, apresentam os dados Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Farias & Wisniewski / Uningá Review relacionados ao apoio e informações recebidas durante a amamentação. Tabela 3. Distribuição de dados de acordo com características do aleitamento materno. 4. DISCUSSÃO Como mostra a Tabela 1, a idade predominante das mães encontra-se na faixa etária de 31 a 45 anos, o que pode demonstrar que as mães investigadas possuem idade adequada para cuidados infantis. De acordo com estudiosos8, que também investigaram mulheres em aleitamento, encontrou-se mulheres com idade entre 12 e 44 anos, sendo a maioria abaixo de 20 anos. Quanto maior a idade da mãe, espera-se que ela possua maior maturidade e responsabilidade para cuidados com o bebê. Constata-se que 96% das mulheres têm parceiro fixo ou companheiro, o que facilita o cuidado com as crianças, o que contribui inclusive para a divisão de tarefas, assim como para um apoio mútuo entre o casal. Sobre a escolaridade, nota-se que apenas 2% das mães não estudaram, fator este que pode favorecer no processo de amamentação. Verificou-se ainda que 20% das mulheres entrevistadas possuem renda familiar menor que um salário mínimo, fato que proporciona preocupação, onde as mesmas podem não possuir condições financeiras suficientes para ter higiene adequada, favorencendo o aparecimento de doenças e até uma alimentação incorreta, que não satisfaz as necessidades da nutriz. ISSN online 2178-2571 V.22,n.1,pp.14-19 (Abr - Jun 2015) Em relação à ocupação dessas mães, é predominante os afazeres do lar, sendo que 66% das entrevistadas não trabalham fora, número que favorece e muito o processo de amamentação exclusiva, pois a presença dessas mães no dia a dia com os filhos facilitam para que a mãe possa prolongar o aleitamento materno até os dois anos de idade. Outros autores9, apontam como fato a dificuldade no aleitamento materno exclusivo em mães que trabalham fora, os mesmos mostram a relevância da oportunidade da mãe estar em casa nos primeiros anos de vida da criança, garantindo a amamentação exclusiva por um período de tempo mais prolongado, um estreitamento de laços entre mãe e filho, tornando-se uma forte argumentação para aumento do período da licença maternidade. Na Tabela 2 verificou-se que a quantidade de filhos predominante é de 1 a 3 filhos, tendo uma porcentagem de 84%, sendo um resultado positivo para a amamentação, pois a mulher que possui menos filhos, poderá dedicar mais tempo e atenção para o aleitamento materno. Constatou-se que 44% das mulheres não planejaram seus filhos, podendo proporcionar perdas em relação ao aleitamento materno, pois quando a gravidez não é esperada, a mãe possivelmente também não está preparada, ou dedicada o suficiente a este bebê e poderá ter mais dificuldades em amamentar. Quanto às consultas de pré-natal realizadas, obteve-se um resultado importante e satisfatório, favorecendo o aleitamento materno exclusivo, tendo um índice de 100% de realização, sendo 68% com mais de 08 consultas durante o período de gestação. Em outra pesquisa10, realizada em unidades de saúde da família, 100% das participantes da pesquisa realizaram as consultas de pré-natal, dentre elas 76,6% realizaram oito ou mais consultas o que corrobora com os achados deste estudo. O pré natal é importante pois as orientações dadas às mães durante as consultas de pré-natal são voltadas para a mulher ter boas condições de amamentar, dando prioridade a orientações de como realizar os cuidados com as mamas, como preparar os mamilos e sobre a posição correta de amamentar, esquecendo-se das vantagens voltadas para a saúde da mulher que amamenta11. Constatou-se que 40% das mães amamentaram seus filhos exclusivamente até os seis meses de vida e 48% das mulheres desmamaram antes dos seis meses e 02% não amamentaram, esses resultados são negativos tanto para a saúde do bebê quanto da mãe. Em um estudo12 sobre aleitamento materno e práticas alimentares, a amamentação teve uma tendência decrescente mês após mês de vida do bebê, entretanto entre o quinto e o sexto mês de vida teve um aumento significativo da queda, pelo fato da introdução de outros leite e alimentos sólidos para o bebê. Um ponto relevante da pesquisa foi que das 50 mães entrevistadas 46 delas levam seus filhos periodicamente nas Unidades de Saúde para realizar a puericultura, tenOpenly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Farias & Wisniewski / Uningá Review do uma porcentagem de 92%, sendo um item de suma importância e eficácia na vida e na saúde dessas crianças. A puericultura se torna uma ferramenta essencial no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, proporcionando as mesmas uma prevenção, proteção e promoção à saúde, para que a criança possa chegar saudável na idade adulta. Através das consultas de enfermagem em puericultura os profissionais devem atender integralmente a criança, verificando todas as necessidades infantis, podendo monitorar, avaliar e intervir no processo de saúde/doença dessas crianças13. Na Tabela 3 constatou que das 50 mães entrevistadas 39 responderam ter tido orientações de até que idade amamentar exclusivamente, 11 delas responderam que não foram orientadas. Dessas 39 mães, 24% relatam ter sido orientadas por enfermeiros (as), 24% pelos médicos (as) e 14% pelas suas mães. Verificou-se que 76% relataram ter incentivo para amamentar seus bebês exclusivamente no seio, sendo 34% incentivadas por enfermeiros (as) e 16% por Médicos (as). Os profissionais de saúde devem orientar as mães sobre aleitamento materno em todo o período gravídico-puerperal. A amamentação traz muitos benefícios para as nutrizes como a prevenção ao câncer de mama, rapidez na involução uterina e também se considera que o tempo de amamentação está relacionado com a perda de peso no pós-parto, sendo uma diminuição de 0,44 Kg por mês de amamentação. Sabe-se que a única fonte completa de nutrientes para crianças é o leite materno, sendo considerado o melhor alimento para as crianças nos primeiros 12 meses de vida4. O organismo infantil tem como principal necessidade alimentos com valor nutritivo equilibrado, pois o mesmo necessita atender todas as necessidades que o crescimento exige, podendo encontrá-los de maneira fácil e sem custo no próprio leite fornecendo todas as proteínas adequadas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas e ferro, fortalecendo o crescimento infantil4. Além do apoio dos profissionais de saúde, cabe ressaltar a importância do apoio dos familiares na amamentação, pois sabe-se que a amamentação sofre fortes influências através do incentivo do pai, avós e familiares, onde os mesmos proporcionam apoio, afeto e encorajamento durante essa fase, valorizando e concordando com a iniciativa da mulher em amamentar. O apoio proporcionado pelos familiares abrange desde o suporte emocional até a participação nas consultas de pré-natal e puerpério14. A pesquisa investigou se as mães obtiveram orientações de profissionais da área da saúde a respeito do aleitamento materno exclusivo, constatando que o resultado 24% delas não tiveram nenhuma informação de profissionais, número bastante alto, pois é de suma importância e obrigação dos profissionais de saúde realizar orientações sobre como amamentação, a toda e qualquer mulher que esteja gestante ou amamentando. O percenISSN online 2178-2571 V.22,n.1,pp.14-19 (Abr - Jun 2015) tual de 76% de mães que obtiveram orientações de profissionais a maioria obteve através dos médicos (as) totalizando 36%. Um estudo10, concorda com esse estudo afirmando que o aconselhamento dos profissionais da área da saúde de saúde é de fundamental e de suma importância para auxiliar na superação das dificuldades estabelecidas, devendo estar presente nas diversas etapas da vida da mulher como, no período do pré-natal, durante o trabalho de parto e no decorrer do puerpério. Tais informações deveriam abranger toda família e proporcionar apoio a mesma, para que quando a mãe fraquejar a família esteja apostos para ampará-la. Notou-se que em relação ao desmame precoce 76% das mães afirmam não ter tido problemas para amamentar, 18% alegaram parar de amamentar por falta de leite, 4% afirmaram ter tido problemas com as mamas e 2% pelo fato do bebê chorar muito e não pegar no seio. No que tange aos cuidados com as mamas é de suma importância prepará-las para a amamentação, desde o cuidado com o seio, a pega correta do bebê, a posição correta para amamentá-lo e vinculando o exame das mamas ao pré-natal. Sabe-se que que esse ato deveria ser rotina no período gestacional, entretanto na maioria das vezes o profissional se fixa em saber sobre o desenvolvimento do feto e acaba deixando de lado os cuidados com as mamas, podendo proporcionar a mulher uma falta de conhecimento, um despreparo e levando a mesma a não amamentar15. Em relação aos primeiros alimentos dados as crianças, 30% das mulheres responderam ter dado mingau ou papa, seguido de leite em pó com 24%, das mães que utilizaram o leite industrializado, 54% afirmaram ter utilizado a mamadeira e 46% utilizaram a colher. Segundo Pedroso16, em um estudo realizado sobre a introdução precoce de suplementos alimentares na dieta de um bebê, encontrou-se que a maioria introduziu alimentos líquidos e pastosos antes dos 120 dias de vida. Além disso, após a criança ser incentivada a sugar na mamadeira, ela sente-se desmotivada a sugar o seio materno. Outro fator importante que foi abordado na pesquisa era se alguém incentiva a mãe a introduzir alimento ao bebê durante o período de amamentação, 32% disseram que sim e 68% afirmaram que não, dentre as que afirmaram que sim 16% disseram terem sido incentivadas pela mãe e 6% através da sogra. Estudos realizados sobre o incentivo ao aleitamento materno mostram que para os profissionais da área da saúde o mesmo se torna uma prioridade em diversas regiões brasileiras, os índices mostram um aumento da prática da amamentação aderida pelas mães, tendo um percentual de 35% e 38,6% das mulheres que mantem o aleitamento exclusivo durante os primeiros seis meses de vida17. Ainda na Tabela 3 foi abordado na pesquisa o que facilitaria as mães no processo de amamentação até dois anos ou mais, obteve-se as seguintes respostas, receber Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Farias & Wisniewski / Uningá Review mais orientações com 22% e ter mais apoio familiar com percentual de 16%. Demonstrando a importância de dar suporte às nutrizes. Sobre as dificuldades encontradas pelas mães ao amamentar, a maioria, 26%, alegaram não ter tido leite, seguido de 14% por ter problemas com as mamas, entretanto a grande maioria com um percentual de 54% afirmou não haver tido problema algum para amamentar seus filhos. Em um estudo18 realizado no Rio Grande do Sul, foram evidenciados que os problemas referentes às mamas e falta de leite destacam-se entre as principais causas do desmame precoce, corroborando com esse estudo realizado. De acordo com os achados neste estudo e a literatura científica disponível sobre o tema, entende-se que para se obter bons resultados do processo de amamentação há a necessidade que um conjunto de elementos ande juntos, desde as orientações no pré-natal, o processo de preparação das mamas já no momento em que a mulher descobre a gravidez, agregar o incentivo da família e de suma importância e indispensável estão as orientações realizadas por profissionais de saúde em relação a todo o processo do aleitamento materno. 5. CONCLUSÃO Ao término deste trabalho foi possível concluir que a maioria das mães entrevistadas introduziu alimentos na dieta de seus filhos antes dos seis meses, portanto essa alimentação foi inserida precocemente, negligenciando a preconização da Organização Mundial da saúde em relação à amamentação exclusiva até os seis meses. Concluiu-se, que em relação às dificuldades encontradas pelas mulheres no período da amamentação, a maioria não encontrou nenhuma dificuldade para amamentar, entretanto algumas relataram não ter produzido leite suficiente para amamentar e outras relataram problemas com as mamas, interrompendo o processo de amamentação. Sobre orientações, incentivos realizados a amamentação, mostrou que a maioria delas receberam informações, mas muitas não obtiveram apoio dos profissionais de saúde, os quais recebem formação para serem multiplicadores para incentivo ao aleitamento materno. É importante ressaltar que se os profissionais da área da saúde realizarem as orientações necessárias desde o momento em que se descobre a gravidez o que poderá proporcionar mais segurança as mães e poderá aumentar a adesão da amamentação ser exclusiva até os seis meses. REFERÊNCIAS [1] Galvão DMPGS, Isilia A. 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ISSN online 2178-2571 Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Vol.22,n.1,pp.20-23 (Abr - Jun 2015) Revista UNINGÁ Review MOSQUITO TRANSGÊNICO Aedes aegypti NO BRASIL: LINHAGEM OX513A MOSQUITO Aedes aegypti TRANSGENIC IN BRAZIL: LINE OX513A CAMILA RODRIGUES RUFFATO1, HÉLIO CONTE2* 1. Graduada em Química pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Especialista em Biotecnologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM); 2. Professor Doutor. Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular (DBC). * Universidade Estadual de Maringá (UEM). Av. Colombo, 5790, Bloco H-67, Sala 7-A, Maringá, Paraná, Brasil. CEP: 87020-900. [email protected] Recebido em 23/02/2015. Aceito para publicação em 10/03/2015 RESUMO A dengue é uma doença causada nos humanos principalmente pelo Aedes aegypti, família Culicidae, ordem Diptera. Os métodos convencionais usados para o controle do mosquito se apresentam ineficientes e diante desse fato, surgem alternativas mais promissoras, como os mosquitos geneticamente modificados. A Oxitec é uma empresa britânica que produz Aedes aegypti com uma proteína letal para ser liberado em campo, a linhagem OX513A, usando a técnica do RIDL. Os descendentes entre o mosquito selvagem e o transgênico herdam o gene letal e morrem antes da fase adulta. A linhagem OX513A está sendo testada em algumas cidades do Brasil e até o momento os resultados obtidos na redução da frequência do mosquito selvagem foram satisfatórios, porém, existem alguns riscos que devem ser expostos. PALAVRAS-CHAVE: Dengue, RIDL, transgênicos. ABSTRACT Dengue is a disease caused in humans mainly by the Aedes aegypti, Culicidae family and Diptera. Conventional methods used for mosquito control are presented inefficient, given that fact, most promising alternatives arise, such as genetically modified mosquitoes. Oxitec is a British company that produces Aedes aegypti with a lethal protein to be released in the field, OX513A line, using the technique of RIDL. The descendants of the wild mosquitoes and genetically modified inherit the lethal gene and die before adulthood. The OX513A line is being tested in some cities in Brazil and yet the results for the reduction of wild mosquitoes were satisfactory, however, there are some risks that must be exposed. KEYWORDS: Dengue, RIDL, transgenics. 1. INTRODUÇÃO A fêmea do mosquito Aedes aegypti, através da sua picada, é a principal responsável pela transmissão do vírus da dengue aos hospedeiros humanos. Somente a fêmea do mosquito é capaz de propagar a doença porque precisa do sangue para o desenvolvimento de seus ovos. O uso indiscriminado de produtos químicos para ISSN online 2178-2571 controle do vetor Aedes aegypti podem induzir populações de mosquitos a se tornarem resistentes aos inseticidas, reduzindo a eficácia destes produtos1 e ocasionar impactos ambientais: contaminação da água, do ar, do solo2, eliminação da flora e de outras populações de seres vivos. Existe também o risco de intoxicação humana causada aos manipuladores, agentes de endemias, que estão em contato diário com os inseticidas, na maioria das vezes, sem proteção adequada. Testes em laboratório estão sendo realizados com objetivo de criar estratégias mais viáveis ao controle do mosquito. A manipulação genética tem sido introduzida na tentativa de redução da população do Aedes aegypti usando a técnica Release of Insect carrying a Dominant Lethal gene (RIDL), em português, liberação de machos carregando gene letal, que consiste na modificação de um gene, produzindo a proteína tTAV, causadora da morte nos descendentes entre os mosquitos machos transgênicos com as fêmeas selvagens, antes da fase adulta do mosquito3. A empresa britânica Oxford Insect Technology (Oxitec) desenvolve linhagens transgênicas para o mosquito da dengue. Recentemente a linhagem OX513A, em fase de testes, foi empregada no Brasil na cidade de Juazeiro, Bahia, e obteve resultados considerados satisfatórios para a redução da população do Aedes aegypti4. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou em dez de abril de 2014 o pedido de comercialização do mosquito OX513A no Brasil5. Uma unidade da Oxitec foi instalada na cidade de Campinas, São Paulo, em parceria com a biofábrica Moscamed onde são produzidos em média 500.000 mosquitos geneticamente modificados por semana, podendo chegar a 2.000.000 milhões por semana 4. Diante desta inovação biotecnológica, os mosquitos Aedes aegypti geneticamente modificados, e consequentemente seu uso no Brasil, surgem indagações e receios sobre a nova tecnologia. Esta revisão discute sobre a linhagem OX513A produzida pela Oxitec e a técnica do RIDL. É necessário o conhecimento de estudos que Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review V.22,n.1,pp.20-23 (Abr - Jun 2015) Ruffato & Conte / Uningá Review apontem as características específicas, vantagens e impactos causados pela utilização dos mosquitos transgênicos para o controle do vírus da dengue. gênicos16. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os organismos transgênicos compreendem adição de um gene no material genético de outra espécie, diferente dos genes encontrados no seu genoma original, podendo ser transmitida aos descendentes do indivíduo17. A Oxitec, empresa britânica, desenvolve tecnologias de controle de insetos, usando linhagens transgênicas, baseadas na Técnica do Inseto Estéril (TIE), que usa a radiação esterilizante para criar novos machos estéreis. A TIE consiste na liberação em grande escala de insetos machos estéreis para copular com fêmeas selvagens, reduzindo assim a população de insetos, essa técnica é bastante usada na agricultura para controle de insetos pragas. A tecnologia da Oxitec dispensa a fase de irradiação usada na TIE e utiliza um gene letal para criar seus machos estéreis, técnica conhecida como RIDL4. A técnica do RIDL se desenvolveu a partir das limitações da TIE em mosquitos, como a competitividade para a cópula reduzida e falta de aptidão física para o acasalamento18. O princípio do RIDL consiste em liberar mosquitos machos com gene letal, proteína tTAV, para cruzar com fêmeas selvagens, onde todos os descendentes serão portadores do gene letal dominante19. No laboratório é adicionado na alimentação dos mosquitos transgênicos um antídoto, a tetraciclina, para que o Aedes aegypti possa sobreviver ao gene letal. Na natureza os descendentes entre o macho transgênico e a fêmea selvagem não encontram em quantidade suficiente esse antídoto, morrendo antes da fase adulta4. Vale ressaltar que a tetraciclina é um antibiótico muito usado na medicina e na agricultura industrial podendo ser encontrado em esgotos, fossas sépticas, cloacas, alimentos industriais e excrementos de animais, os mosquitos que herdam a proteína letal podem sobreviver com a tetraciclina presente na natureza por várias gerações, aumentando a competitividade com os mosquitos silvestres, podendo causar danos aos seres humanos, o que torna a Oxitec dependente da tetraciclina. Outro aspecto que torna a técnica da Oxitec defeituosa é que nem todos os descendentes dos mosquitos transgênicos irão morrer, 3 a 5% apresentam chance de sobrevivência18. Pesquisa do tipo bibliográfico através de consultas em bancos de dados como Scielo, LiLacs, revista online para identificação de artigos em português e inglês de 2010 a 2014 relevantes para o estudo. Outras publicações direcionadas também foram utilizadas, como dissertação, tese, livros e sites. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Aedes aegypti, devido a sua estreita relação com o homem, é encontrado preferencialmente próximo as habitações humanas, na forma de larvas e pupas, em recipientes com água, como vasos de plantas, pneus velhos, caixas d’água. Os ovos do mosquito são depositados na superfície da água e podem sobreviver até dois anos sem contato com a água. O Aedes aegypti pertence à família Culicidae, gênero Aedes, e apresenta cor escura contendo listras brancas no seu corpo e pernas6. O mosquito é atraído por substâncias encontradas nos seres humanos como o dióxido de carbono (CO2), ácido lático e amônia. Os palpos maxilares dos insetos indicam os níveis de CO2 exalados pelos hospedeiros, e as antenas os odores mais complexos7. A fêmea do mosquito Aedes aegypti transmite através da saliva o vírus dengue (DENV) para o homem. O vírus dengue pertence à família Flaviviridae e possui uma estrutura simples com partículas virais não esféricas, com 50 a 55 cm de diâmetro 8 que consiste em uma cadeia simples positiva de RNA com 11 a 12 kilobases9, podendo ser subdividido em quatro sorotipos (DENV 12- 3- 4), apesar de apresentarem características diferentes, os tipos de dengue estão intimamente relacionados entre si10. Segundo o Ministério da Saúde (2013)11 foram notificados 1.476.917 casos de dengue no Brasil, com 573 óbitos. A doença infecta pelo menos 50 milhões de pessoas por ano no mundo. O controle da doença é dificultado pelo combate efetivo do mosquito transmissor devido ao crescimento populacional12 com a falta de conscientização da população que insiste em deixar locais, reservatórios, que acumulem água e a indisponibilidade de vacina. A dengue pode causar nos humanos sintomas leves até quadros graves de hemorragia (DENV-4) podendo chegar à morte13. O país sofre com o custo elevado de tratamentos, internações. A pessoa deixa de ir trabalhar e diversos setores da economia são atingidos. Devido aos graves danos causados pela dengue, pesquisas estão sendo realizadas em todo mundo, buscando alternativas de controle do vetor14,15 como o uso de mosquitos transISSN online 2178-2571 Técnica do RIDL (Release of Insect carrying a Dominant Lethal gene) Oxitec e a Linhagem OX513A A Oxitec, criada em 2002 na Inglaterra, desenvolve os seguintes insetos geneticamente modificados: Ceratitis capitata; Pectinophora gossypiella; Plutella xylostella para o controle de pragas na agricultura e o Aedes aegypti, para controle de patógenos. No Brasil, existe uma unidade da Oxitec na cidade de Campinas, São Paulo, através de parcerias com a Moscamed, biofábrica de produção de mosquitos estéreis e a Universidade de Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review V.22,n.1,pp.20-23 (Abr - Jun 2015) Ruffato & Conte / Uningá Review São Paulo (USP) onde estão produzindo em laboratório o mosquito transgênico Aedes aegypti, linhagem OX513A4. A linhagem OX513A é originária do cruzamento entre a linhagem Rockfeller e a malasiana de Aedes aegypti 16 . No laboratório da Oxitec, por microinjeção de DNA, os ovos do mosquito recebem dois genes, um gene que contêm um marcador fluorescente vermelho (DsRed2) com a função de identificar e controlar os mosquitos transgênicos liberados em campo, e o outro gene que produz a proteína letal20. De acordo com a Oxitec4 se o mosquito transgênico conseguir sobreviver até a fase adulta ele será muito mais fraco em relação ao mosquito selvagem e a fêmea não irá sobreviver tempo suficiente para transmitir a doença. Na linhagem OX513A a letalidade condicional é causada pela ausência ou presença de tetraciclina. Na ausência de tetraciclina a proteína tTA, produto do sistema ativador de transcrição tetraciclina - repressível (tTAV), liga-se ao elemento de resposta a tetraciclina tRE ativando tetO e aumentando tTA por um sistema de retroalimentação positiva, altos níveis de tTA causam à morte do mosquito antes da fase adulta.Na presença de tetraciclina não ocorre o aumento de tTA porque a proteína tTA tem mais afinidade por tetraciclina do que por tRE e o mosquito consegue se desenvolver até a fase adulta16. Testes foram realizados usando a linhagem OX513A em alguns locais que apresentam altos índices de dengue, como a Malásia e as Ilhas Caiman no ano de 2010 21 e obteve-se a redução significativa do mosquito Aedes aegypti selvagem4. No Brasil estão sendo realizados estudos de campo nos municípios de Juazeiro e Jacobina na Bahia, encontrando resultados satisfatórios. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) é a responsável pela autorização dos testes no Brasil, e em dez de abril de 2014 foi aprovado o pedido de comercialização do mosquito OX513A no país5. Em Juazeiro a liberação do mosquito transgênico foi aplicada em 2011 no bairro Itaberaba e no distrito de Mandacaru. Essas regiões foram escolhidas baseadas em características climáticas, geográficas e demográficas. Em Itaberaba houve a redução de 80% dos mosquitos selvagens, já a supressão foi maior em Mandacaru alcançando uma redução de 96%, e isso aconteceu porque o distrito de Mandacaru é uma área geograficamente mais isolada ocorrendo menos imigrações de mosquitos selvagens a partir das áreas não tratadas. Na cidade de Jacobina testes realizados com os mosquitos da Oxitec no bairro de Pedra Branca, em 2013, registraram uma diminuição de 79% na população do mosquito selvagem4. No Brasil, a Oxitec não publicou as avaliações de risco antes da liberação em campo dos mosquitos transgênicos, as informações trazidas pela empresa sobre a ISSN online 2178-2571 tecnologia são resumidas. A decisão de fazer experimentos no Brasil parece estar mais vinculada a um acordo político para comercializar a Oxitec no país do que apresentar os possíveis benefícios dessa nova tecnologia18. Nas áreas onde Aedes aegypti é endêmico, como no Brasil, uma eliminação parcial ou temporária do mosquito pode piorar o problema da dengue. Com a diminuição do Aedes aegypti selvagem pode ocasionar o aumento de Aedes albopictus que também é o vetor da dengue e de outras enfermidades, já que não existirá a competitividade pelos locais com água. Existem outras questões relacionadas ao risco do uso do mosquito transgênico no qual a Oxitec apresenta informações insuficientes, questões como a interação com outras espécies de mosquitos, os humanos que são picados, e o vírus que carregam18. 4. CONCLUSÃO A tecnologia proposta pela Oxitec para a redução da frequência do mosquito Aedes aegypti selvagem, responsável pela disseminação de doenças, parece ser promissora, e apresenta certas vantagens, porém, testes mais minuciosos sobre os riscos potenciais dessa tecnologia devem ser realizados constantemente. Cabe aos órgãos responsáveis no Brasil avaliar até que ponto essa nova tecnologia é segura tanto no aspecto ambiental quanto para a saúde dos seres humanos. Vale ressaltar que a redução da dengue está relacionada às mudanças fundamentais: melhoramento do acesso a água potável, atenção as questões sanitárias e conscientização da população. REFERÊNCIAS [01] Paiva MHS. Caracterização molecular da resistência a [02] [03] [04] [05] [06] [07] inseticidas químicos em populações de Aedes aegypti. [tese] Recife: Fundação Oswaldo Cruz, 2013. Jerônimo CE, Nascimento LP, Balbino CP. Impacto ambiental derivado das ações de controle e combate a dengue do Rio Grande do Norte. 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Mestre pela Universidade Estadual de Maringá, docente do curso de Farmácia da Faculdade Ingá; 4. Doutora pela Universidade Estadual de Maringá, docente do curso de Farmácia da Faculdade Ingá. * Rua Nilo Cairo, 714, Jardim Esplanada, Mandaguari, Paraná, Brasil. CEP: 86.975-000 [email protected] Recebido em 12/03/2015. Aceito para publicação em 16/03/2015 RESUMO Este artigo relata sobre a intolerância à lactose, que é uma deficiência na enzima digestiva lactase, podendo ocasionar várias consequências ao metabolismo, pois a sua carência no organismo pode futuramente trazer danos à vida do indivíduo, por exemplo, a falta de cálcio causando osteoporose. As pessoas que possuem essa doença devem evitar ao máximo consumir produtos que contenham a lactase, como o leite de vaca, leite em pó e derivados do leite, substituindo por produtos como a soja e de baixo teor de lactose. O tratamento é a base de uma alimentação equilibrada reduzindo os sintomas, bem como a flatulência, distensão abdominal, diarreia, náuseas e vômitos. O objetivo deste trabalho é o estudo sobre a ação da lactase, tratamento e prevenção da intolerância à lactose. PALAVRAS-CHAVE: Intolerância, lactase, tratamento. ABSTRACT This article reports about lactose intolerance, which is a deficiency in lactase digestive enzyme, which may cause several consequences to metabolism because its deficiency in the body can eventually bring harm to the individual's life, for example, the lack of calcium causing osteoporosis. People who have this disease should avoid the most consuming products that contain lactase, as cow's milk, dried milk and dried-milk products, substituting for products such as soya and low lactose content. The treatment is based on a balanced diet reducing the symptoms, as well as flatulence, bloating, diarrhea, nausea and vomiting. The objective of this work is the study of the action of lactase, treatment and prevention of lactose intolerance. KEYWORDS: Intolerance, lactase and treatment. 1. INTRODUÇÃO A lactose é um dissacarídeo característico presente no leite dos mamíferos, é utilizado pelo organismo na absorção de vários sais minerais, incluindo cálcio, magISSN online 2178-2571 nésio e zinco. A lactose também promove o crescimento de bactérias intestinais e é uma das principais fontes de galactose, um nutriente essencial para a formação dos galactolipídios cerebrais¹. A lactose, conhecida como açúcar do leite, é um dissacarídeo formado por glicose e galactose. Este dissacarídeo é hidrolisado pela enzima intestinal β-D-galactosidase ou lactase, liberando seus componentes monossacarídeos para absorção na corrente sanguínea. A galactose é enzimaticamente convertida (epimerizada) em glicose, que é o principal combustível metabólico de muitos tecidos². A má absorção ou a má digestão de lactose é a redução na capacidade de hidrolisar a lactose, que é resultante da hipolactasia. A hipolactasia é a diminuição da atividade da enzima lactase na mucosa do intestino delgado, também denominada recentemente de "lactase não persistente". O aparecimento de sintomas abdominais por má absorção de lactose caracteriza a intolerância à lactose. A má absorção de lactose nem sempre provoca sintomas de intolerância à lactose. Após o desmame, ocorre uma redução irreversível da atividade da lactase em grande parte das populações do mundo, cujo mecanismo é desconhecido, resultando em má absorção primária de lactose³. A Intolerância à Lactose pode ser diagnosticada através da redução dos sintomas duas semanas após a introdução de uma dieta livre de lactose, ou recorrência de sintomatologia após a reintrodução de uma dieta contendo lactose 4. O Teste de H2 no ar expirado (> 20 ppm de aumento do hidrogênio no ar expirado, medido 60 minutos após uma dose de lactose de 2 g/kg ou 25 g) é mais confiável que a história clínica, mas deve ser interpretado por um gastroenterologista 5. O tratamento relacionado à intolerância da lactose está relacionado em excluir basicamente produtos que contenham lactose. Os pacientes que sofrem diarreia aguda, não devem consumir produtos com lactose, deOpenly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review Galego et al. / Uningá Review vido a essa deficiência transitória que causa a diarreia. Nestes casos, o soro caseiro não pode conter a lactose, que ao ser ingerido, o paciente terá um agravamento nesses sintomas. Podem ocorrer casos de melhora a essa intolerância durante a fase adulta do indivíduo, quando se observa uma melhora na digestão da lactose. Alguns produtos alimentícios podem ser utilizados como bebidas fermentadas de leite, que é semelhante à iogurtes, onde comporta diferentes culturas de lactobacilos 6. O objetivo deste artigo é relatar de acordo com a base de estudos científicos já publicados, a intolerância a lactose, bem como as possíveis formas de tratamento à essa intolerância. 2. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada por meio de um estudo descritivo. Foi realizada uma revisão da literatura disponível entre 2002 a 2015 sobre a Intolerância à Lactose através das bases de dados. Foram encontrados 13 artigos que se encaixaram nos critérios de inclusão, tendo eles um período de publicação entre 2003 e 2015. As buscas foram realizadas utilizando os descritores de assunto “Intolerância à lactose”, “lactase”, “lactose intolerance”. 3. DISCUSSÃO O leite é um dos principais alimentos consumidos no mundo, pois é rico em proteínas, minerais, vitaminas, gorduras e açúcares, sendo fundamental para a manutenção dos processos fisiológicos do organismo. O leite e seus derivados são uma importante fonte de potássio, fósforo, riboflavina, magnésio, zinco e cálcio, por isso a inclusão na dieta de crianças, jovens e adultos para à prevenção da osteoporose e hipertensão arterial 7. A lactose é um dissacarídeo formado pela junção de dois monossacarídeos: uma molécula de glicose e uma de galactose. A lactose é um dos componentes quase que exclusivos do leite, e tem como principal função melhorar a absorção de cálcio, ferro e fósforo. Apesar de ser um açúcar, a lactose tem baixo poder adoçante. A lactose é encontrada no leite em diferentes concentrações, em 100 mL de leite de vaca estão contidos 4,6 gramas, enquanto na mesma quantidade de leite humano tem-se 6,8 gramas. A lactase é uma enzima que está presente nas microvilosidades do enterócito (tipo de célula epitelial) que é responsável pela hidrólise da lactose8. Quando ocorre uma deficiência da lactase, que é fonte de energia para microrganismos do cólon, ela é fermentada à ácido láctico produzido por microrganismos. Esse ácido lático é osmoticamente ativo e puxa água, metano (CH4) e gás hidrogênio (H2) para o intestino. Este gás produzido cria um desconforto por distensão intestinal e pelo problema de flatulência (gases intestinais) 8. ISSN online 2178-2571 V.22,n.1,pp.24-27 (Abr - Jun 2015) Alguns alérgenos que causam a alergia alimentar são glicoproteínas resistentes à digestão e ao processo culinário. Os alimentos mais comuns são o leite, ovos, nozes, amendoins, algumas frutas e vegetais, peixe e marisco, entre outros. Na Europa continental as alergias mais comuns nas crianças são ao leite de vaca, ovos e amendoins, e nos adultos são frutas, amendoins e nozes 9. Porém há uma diferença entre a alergia alimentar e a intolerância à lactose, onde a alergia alimentar depende da resposta do sistema imunológico a algum ingrediente do alimento e a intolerância está relacionada com uma reação adversa que inclui a digestão ou o metabolismo, sem envolver o sistema imunológico 12. A alergia ao alimento acontece em duas fases, na primeira fase que é a de sensibilização, o individuo fica exposto a primeira vez a algum alimento, que faz com que o sistema imunitário produza grandes quantidades de IgE especifico àquele alimento, e essa sensibilização pode ocorrer antes do nascimento. A segunda fase é a reação, quando ocorre o segundo contato com o alimento alérgeno, mesmo que ingerir uma quantidade pequena, o sistema imunitário irá reagir desencadeando uma reação alérgica. Essa reação alérgica pode ser uma reação anafilática, severa e de ágil desenvolvimento, podendo ser fatal se não for tratada adequadamente. A maioria dos alimentos que causam a anafilaxia são o leite da vaca, o ovo, o peixe, o marisco, o amendoim e outros frutos secos9. A intolerância à lactose pode provocar várias consequências ao organismo. O cálcio é uma fonte que provém de alimentos lácteos. Porém, uma grande parte da população não ingere esta fonte, particularmente as pessoas que possui essa intolerância. Estudos afirmam que mais de 50% da população contém essa intolerância à lactose 7. A intolerância à lactose é uma doença que pode ser classificada em três tipos: congênita (rara), primária ou secundária. Algumas pessoas com Intolerância à lactose podem ingerir derivados fermentados do leite como queijos e iogurtes por conterem menor quantidade de lactose ou possuir a enzima7. A causa principal na intolerância primária é a diminuição residual da enzima lactase e na intolerância secundária resulta em algum dano na mucosa do intestino delgado em portadores do vírus HIV, causado pelas gastrenterites agudas, desnutrição, doença celíaca, sprue tropical e fibrose cística10. Em relação a deficiência da lactase por sua má digestão, podem causar uma desordem intestinal manifestando como diarreia, flatulência, distensão e dor abdominal. Isso ocorre pois a lactase não é hidrolisada e absorvida no intestino delgado passando para o colón. Neste caso, a lactase é convertida em ácidos graxos de cadeia curta, gás carbônico e gás hidrogênio pelas bactérias da microbiota intestinal. Os ácidos graxos de cadeia Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review V.22,n.1,pp.24-27 (Abr - Jun 2015) Galego et al. / Uningá Review curta são absorvidos pela mucosa colônica passando por um processo, que o organismo precise recuperar a lactase mal absorvida, para o consumo energético. Logo após a absorção intestinal, os gases são expirados pelo pulmão. Através da fermentação da lactase pelas bactérias microbianas, ocorre um aumento do transito intestinal e da pressão intracolônica, causando dor e sensação de “estufamento” do abdome. A acidez do conteúdo colônico e a expansão da carga osmótica do íleo e cólon que foram resultados da lactose não absorvida levam a grande parte da seleção de eletrólitos e fluídos, de modo que leva um aumento no transito intestinal que resulta em fezes amolecidas e diarreias. As manifestações clínicas estão relacionadas com a quantidade ingerida e com o grau de deficiência em relação à lactose 11. O diagnóstico pode ser feito de três maneiras: primeiro pelo Teste de Intolerância à Lactose, onde o paciente recebe uma quantidade de lactose em jejum e, depois de algumas horas são colhidas amostras de sangue que indicam os níveis de glicose no sangue; segundo pelo Teste de Hidrogênio na Respiração, onde o paciente ingere uma bebida com alta quantidade de lactose e o médico analisa o hálito da pessoa em intervalos que variam de 15 a 30 minutos por meio da expiração, se o nível de hidrogênio aumentar significa um processamento incorreto da lactose no organismo; e terceiro pelo Teste de Acidez nas Fezes, onde é realizado o exame de fezes comum, pois se a pessoa bebeu ou comeu alimentos com lactose, apresentou os sintomas e procurou ajuda médica é porque a lactose não foi bem digerida ocasionando a produção de ácidos que podem ser detectados nas fezes12. A anamnese é uma avaliação clínica detalhada, geralmente conseguem relacionar o aparecimento da sintomatologia com a ingestão de lactose. Uma vez estabelecida a suspeita clínica, pode-se tentar comprovar o diagnóstico com teste terapêutico, introduzindo uma dieta isenta de lactose. Neste caso, devem-se eliminar todas as fontes alimentares de lactose, sendo necessário ler o rótulo de todos os produtos consumidos, a fim de identificar alimentos com lactose "oculta". A dieta deve ser mantida por pelo menos duas semanas, com resolução total da sintomatologia. Então, novamente, introduzem-se na dieta os alimentos que contêm lactose. Caso haja recorrência da sintomatologia, o diagnóstico é confirmado13. O tratamento da intolerância à lactose depende da origem da má absorção deste carboidrato. Na deficiência congênita, o tratamento consiste em remover totalmente a lactose da dieta. Na deficiência secundária, o tratamento deve ser direcionado para a doença de base. Na deficiência primária, inicialmente é preciso identificar a quantidade de lactose tolerada (aquela em que o indivíduo não apresenta sintomas, ou estes não são significativos) e quais produtos lácteos podem ser tolerados (leites, ISSN online 2178-2571 queijos e iogurtes). A partir dessas informações prescreve-se a dieta, que é à base do tratamento. A orientação básica consiste na prescrição de alimentos lácteos de acordo com a tolerância do paciente e reposição adequada de nutrientes que possam ter sido excluídos ou reduzidos, como por exemplo, o cálcio. Por fim, e se necessário, pode ser prescrito o tratamento medicamentoso. Considerando que a deficiência primária de lactase é bastante comum na população, é esperado que uma importante parcela destes indivíduos desenvolva a intolerância à lactose 11. 4. CONCLUSÃO A lactose é um dissacarídeo formado pela junção de dois monossacarídeos: uma molécula de glicose e uma de galactose. Ela por sua vez, é encontrada no leite em diferentes concentrações, em 100 ml de leite de vaca estão contidos 4,6 gramas, enquanto na mesma quantidade de leite humano tem-se 6,8 gramas. E é uma enzima que está nas microvilosidades do enterócito (tipo de célula epitelial) que é responsável pela hidrólise da lactose, e quando ocorre uma deficiência desta enzima, que é fonte de energia para microrganismos do cólon, é fermentada a ácido láctico por microrganismos sendo osmoticamente ativo puxando a água, o metano (CH4) e o gás hidrogênio (H2) para o intestino. A intolerância à lactose esta relacionada com uma reação adversa sem envolver o sistema imunológico. É uma doença que pode ser classificada em três tipos: congênita (rara), primária ou secundária. O diagnóstico pode ser realizado por três maneiras que são: teste de intolerância a lactose, teste de hidrogênio na respiração, teste de acidez nas fezes, lembrando que, também se pode diagnosticar, através de uma avaliação clinica detalhada, chamada anamnese. Pode-se, portanto, concluir que a intolerância à lactose manifesta-se em muitas pessoas mundialmente e pode ter como consequência a deficiência nutricional de cálcio, responsável por manter várias funções biológicas e compor a matriz óssea. Diante disso, é necessário o diagnóstico rápido e o tratamento mais adequado para cada tipo de paciente, evitando alimentos com lactose e substituindo por alimentos sem este açúcar, também como forma de amenizar os sintomas e oferecer melhor qualidade de vida aos portadores dessa alergia. Os hipolactásicos devem ser acompanhados por médicos e nutricionistas para evitar complicações como futuras como a osteoporose e problemas metabólicos. REFERÊNCIAS [1] [2] Roberson CM. Lactose Intolerance. 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