Lançamento do relatório - “Mercados Inclusivos no
Brasil: Desafios e Oportunidades do Ecossistema de
Negócios”
Ana Cecília de Almeida e Nathália Pereira
A Iniciativa Incluir, promovida pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
possui como principal objetivo estimular e dar reconhecimento para os negócios inclusivos brasileiros.
Em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) foi produzido um relatório que busca apresentar o
estado dos mercados inclusivos brasileiros. A produção do relatório se deu ao longo de 2014 e 2015 e
contou com o apoio da CNI - Confederação Nacional da Indústria, do SENAR - Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural, do SEBRAE e da Rede Brasileira do Pacto Global.
Denominado Mercados Inclusivos no Brasil: Desafios e Oportunidades do Ecossistema de Negócios, o
relatório foi lançado no dia 21 de setembro de 2015, no Campus da FDC, em São Paulo. O evento
contou com três momentos distintos: Abertura, Apresentação dos novos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), Apresentação dos Casos e Encerramento.
Abertura
A abertura contou com apresentações dos envolvidos na preparação do relatório e do documento em
si.
A primeira fala foi do Diretor de Relações Institucionais da Fundação Dom Cabral, Ricardo Siqueira, que
destacou a importância de se estudarem projetos sociais e inclusivos, e comentou a trajetória da
parceria entre ONU e FDC, que haviam colaborado no relatório global, anterior ao relatório nacional.
André Gustavo de Oliveira, vice-presidente da Rede Brasileira do Pacto Global, comentou sobre o atual
cenário desafiador, que também traz oportunidades. O Brasil tem potencial de atrair empreendedores,
com contribuições do setor privado para o novo panorama dos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que envolvem aspectos sociais, ambientais e econômicos.
Valéria Barros, gestora nacional de negócios de impacto do SEBRAE, destacou o trabalho conjunto que
possibilitou a elaboração do relatório, e o interesse da instituição em fomentar o ecossistema de
negócios inclusivos.
Os benefícios para as comunidades, por meio da inclusão e do desenvolvimento, foram destacados
por Ricardo Penzin, gerente de desenvolvimento de projetos empresariais da CNI.
Além desses fatores, os mercados inclusivos também permitem a inclusão no meio rural, a partir da
formação profissional e promoção social da população local, como abordado por Patrícia Machado,
coordenadora da área de projetos e programas nacionais do SENAR.
Jorge Chediek, representante residente do PNUD no Brasil, abordou a nova perspectiva do setor
privado, que na década de 1980 não era visto como agente construtivo do desenvolvimento. Mas na
década de 1990 cresceu a necessidade de participação do setor privado no desenvolvimento inclusivo.
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
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Haroldo Machado, Assessor Sênior do PNUD Brasil, apresentou os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), propostos pela ONU como metas subsequentes aos Objetivos do Milênio. Os 17
objetivos dos ODS são referentes a 5 pilares: Pessoas, Planeta, Paz, Prosperidade e Parcerias. Assim
como os Objetivos do Milênio foram pensados até 2015, os novos ODS se estenderão até 2030, e
tornam evidente a necessidade de que diferentes setores sejam agentes para o desenvolvimento,
promovendo a inclusão e a inovação em quesitos que vão além do econômico.
Apresentação do relatório
Empresas que incluem pessoas de baixa renda em suas atividades principais, seja como consumidores,
empregados ou fornecedores, são exemplos da prática de mercados inclusivos, como explicado por
Luciana Aguiar, Gerente de Parcerias e Desenvolvimento para o Setor Privado e Coordenadora da
Iniciativa Incluir. Segundo Luciana, a agenda pós-2015 e os ODS propostos pela ONU abordam maior
envolvimento do setor privado para a inclusão e o desenvolvimento sustentável, a partir da criação de
valor em conjunto, tanto para empresas quanto para comunidades, como no caso de mercados
inclusivos.
Cláudio Boechat, Coordenador do Centro de Referência em Governança Social Integrada da FDC,
agradeceu às empresas associadas por terem financiado parte do processo de trabalho da FDC, e
explicou o ecossistema de negócios inclusivos no Brasil. O conceito de mercados inclusivos considera
uma rede de atores que possibilitam o sucesso dos negócios inclusivos, em impacto e escala. O modelo
do ecossistema, apresentado na Figura 1, foi adaptado a partir da experiência do PNUD na elaboração
do relatório de mercados inclusivos na África.
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Figura 1: Diamante do Ecossistema de Mercados Inclusivos
Fonte: Relatório Mercados Inclusivos no Brasil: Desafios e Oportunidades do Ecossistema de Negócios
O ecossistema oferece o conhecimento e a tecnologia para operar em mercados de menor renda;
oferece também os incentivos para que empresas se envolvam com comunidades da base da pirâmide,
por meio da redução de custo e recompensas sobre externalidades. Além disso, se o ecossistema
oferecer investimentos e apoio financeiro, as empresas podem assumir estratégias mais inovadoras,
assim como podem funcionar em ambientes mais dinâmicos se o ecossistema fornecer apoio de
operação, comunicação, marketing e logística na implementação dos negócios inclusivos.
Apresentação dos Casos
O relatório conta com 19 casos de empresas que atuam no Brasil. Durante o evento de lançamento, 3
casos foram apresentados como exemplos do conteúdo abordado no relatório.
A Beraca é uma empresa internacionalizada, que desenvolve tecnologias e matérias-primas para a
indústria e alimentos, cosméticos, tratamento de água e nutrição animal. No Pará, a empresa
promoveu a capacitação de fornecedores, em comunidades marcadas pela vulnerabilidade social,
muitas vezes inseridas no mercado de forma exploratória. Capacitados sobre técnicas de gestão e
produção sustentável, essas comunidades de fornecedores da Beraca obtiveram certificações e maior
sustentabilidade em seu negócio. O “Programa de Valorização da sociobiodiversidade” se baseia no
tripé da sustentabilidade, visando rentabilidade adequada, preservação ambiental e desenvolvimento
humano como resultado de seus projetos.
Em 2003, o Banco do Brasil lançou sua estratégia para o desenvolvimento local sustentável, que até
hoje já apoiou mais de 1400 planos de negócio no Brasil. No estado do Espírito Santo, o Banco do Brasil
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ofereceu capacitação e financiamento para produtores de café de Mimoso do Sul, fortalecendo o
ecossistema de negócios inclusivos e a governança regional. Outros resultados da iniciativa foram o
aumento da escolaridade infantil da região e a diminuição do êxodo rural.
Soluções inovadoras em educação são oferecidas pela Geekie, que obteve um alcance para 90% dos
municípios brasileiros por meio de sua plataforma de ensino, totalmente online e personalizada para
as necessidades de cada aluno. O modelo one pay, one free é adotado pela empresa, o que garante
que a cada venda da plataforma online para uma escola particular, uma escola pública possa recebêla gratuitamente.
Encerramento
O encerramento do evento, feito por Maristela Baioni, representante-residente assistente do PNUD,
foi um momento de destaque e agradecimento a todos os envolvidos. Por fim, Maristela citou os 6
próximos passos para a discussão sobre mercados inclusivos no Brasil:
1. Ampliar a base de informações para o desenvolvimento de mercados inclusivos;
2. Continuar o mapeamento de boas práticas;
3. Ampliar a discussão sobre a métrica usada para medir a influência dos mercados inclusivos;
4. Ampliar investimentos;
5. Colaborar na implementação de mercados inclusivos;
6. Colaborar para o crescimento do diálogo entre os três setores da sociedade, para a criação de
mercados inclusivos.
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