UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Obtenção de polímeros graftizados de quitosana e estudo das propriedades físico-químicas para aplicação na indústria do petróleo Keila dos Santos Alves __________________________________ Tese de Doutorado Natal/RN, dezembro de 2013 Keila dos Santos Alves OBTENÇÃO DE POLÍMEROS GRAFTIZADOS DE QUITOSANA E ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS PARA APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Química. Orientadora: Profa. Dra. Rosangela de Carvalho Balaban (UFRN) Natal/RN 2013 UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede. Catalogação da Publicação na Fonte. Alves, Keila dos Santos. Obtenção de polímeros graftizados de quitosana e estudo das propriedades físico-químicas para aplicação na indústria do petróleo. / Keila dos SantosAlves. – Natal, RN, 2013. 144 f.: il. Orientadora: Profa. Dra. Rosangela de Carvalho Balaban. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Química. 1. Quitosana - Tese. 2. Alquilação redutiva - Tese. 3. Método onepot - Tese. 4. Solubilidade – Tese. 5. PH-responsivo – Tese. 6. Espalhamento de luz dinâmico – Tese. I. Balaban, Rosangela de Carvalho. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 547.995 Ao meu querido irmão: Elizeu dos Santos Alves. “Somente Deus tem a fórmula da vida É a única saída, nEle eu posso descansar Somente Deus, alimenta minha alma Teu Espírito me acalma, meu socorro vem de Ti”. (Maciel Martins) AGRADECIMENTOS Agradeço especialmente a Deus que me concedeu forças para a realização de mais uma conquista, mesmo com todas as adversidades da vida. Agradeço à minha família, sempre presente, pelo incentivo, apoio, paciência e carinho. Agradeço a professora Rosangela Balaban pela oportunidade concedida para que eu desenvolvesse este trabalho, pela amizade, apoio, carinho e dedicação a minha orientação. Agradeço à minha amiga Bruna Lima pelo incondicional apoio, paciência e carinho. Agradeço aos professores Marcos Villetti e Rosangela Vidal, pelo apoio, incentivo e inúmeras discussões científicas compartilhadas. Agradeço aos meus amigos Ana Maria, Ítalo, Lucianna, Maurício, Nívea, Oldemar e Ruza e aos colegas que fazem parte da grande família LAPET, pela amizade, apoio, incentivo, momentos de descontração e contribuição para a realização deste trabalho. Aos professores e funcionários do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Agradeço a professora Nádya Pesce da Silveira e ao José Daniel Souza do LIMDIMUniversidade Federal do Rio Grande do Sul por gentilmente contribuir com todo apoio para a realização das análises de DLS e potencial zeta. Agradeço à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pelo suporte financeiro e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) pela liberação das minhas atividades de ensino durante a fase da elaboração da Tese. RESUMO A quitosana é um biopolímero derivado de carapaças de crustáceos, de baixo custo, biodegradável, renovável, que apresenta propriedades físico-químicas importantes e, ainda, proporciona diferentes possibilidades de modificações em sua estrutura química, gerando novas propriedades, o que torna esse polissacarídeo muito atraente do ponto de vista de aplicação. Os polímeros são utilizados em várias operações na produção do petróleo. Entretanto, a crescente preocupação com as restrições ambientais têm promovido a busca por materiais ambientalmente sustentáveis pela indústria do petróleo. Dessa forma, esse estudo propôs a obtenção de quitosana graftizada com grupos hidrofílico (poli(etileno glicol), mPEG) e/ou hidrofóbico (n-dodecila) por uma metodologia mais simples (one-pot) e a avaliação de suas propriedades físico-químicas em função da variação de pH, através das análises de reologia, espalhamento de raios-X a baixos ângulos (SAXS), espalhamento de luz dinâmico (DLS) e potencial zeta. Os derivados de quitosana foram preparados utilizando a reação de alquilação redutiva em condições reacionais brandas e a estrutura química dos polímeros foi caracterizada por ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN 1H) e análise elementar CHN. Considerando constante a razão molar mPEG/Quitosana na modificação química da quitosana em diferentes metodologias, foi possível melhorar a solubilidade da quitosana em uma ampla faixa de pH (ácido, neutro e básico) usando a metodologia one-pot, em que uma parte dos grupos amino foi reacetilada. Nesta condição, até mesmo com a inserção simultânea do n-dodecila, a solubilidade se manteve. Por outro lado, a solubilidade dos derivados obtidos apenas com a incorporação de mPEG através de metodologia tradicional, ou com o grupo ndodecila, foi similar ao seu precursor. O grupo hidrofílico promoveu a diminuição da viscosidade das soluções poliméricas a 10 g/L em meio ácido. Entretanto, em pH básico, esse grupo contribuiu para o aumento da viscosidade e da estabilidade térmica das soluções, assim como, favoreceu um comportamento pseudoplástico mais acentuado, sugerindo fortes associações intermoleculares no meio alcalino. Os resultados de SAXS apresentaram um comportamento de polieletrólito com a diminuição do pH para os sistemas poliméricos. As análises de DLS revelaram que as soluções diluídas dos polímeros a 1 g/L em pH 3, embora apresentem uma alta densidade de grupos amino protonados ao longo da cadeia polimérica, o alto grau de cargas contribuiu significativamente para a agregação, promovendo o aumento do tamanho das partículas com a diminuição do pH. Além disso, o grupo hidrofóbico também contribuiu para aumentar o tamanho dos agregados em solução no pH 3 e o grupo hidrofílico favoreceu para reduzi-los em toda faixa de pH. Entretanto, a natureza de agregação foi dependente do pH do meio. Os resultados do potencial zeta indicaram que seus valores não dependem apenas da carga da superfície da partícula, mas é resultante da carga líquida do meio. Os sistemas poliméricos associativos em solução aquosa obtidos neste estudo apresentam propriedades que podem ser atraentes em várias aplicações na indústria do petróleo. Palavras-chave: quitosana; alquilação redutiva; método one-pot; solubilidade; pHresponsivo; espalhamento de luz dinâmico. ABSTRACT Chitosan is a biopolymer derived from the shells of crustaceans, biodegradable, inexpensive and renewable with important physical and chemical properties. Moreover, the different modifications possible in its chemical structure generate new properties, making it an attractive polysaccharide owing to its range of potential applications. Polymers have been used in oil production operations. However, growing concern over environmental constraints has prompted oil industry to search for environmentally sustainable materials. As such, this study sought to obtain chitosan derivatives grafted with hydrophilic (poly(ethylene glycol), mPEG) and/or hydrophobic groups (n-dodecyl) via a simple (one-pot) method and evaluate their physicochemical properties as a function of varying pH using rheology, small-angle Xray scattering (SAXS), dynamic light scattering (DLS) and zeta potential. The chitosan derivatives were prepared using reductive alkylation under mild reaction conditions and the chemical structure of the polymers was characterized by nuclear magnetic resonance (1H NMR) and CHN elemental analysis. Considering a constant mPEG/Chitosan molar ratio on modification of chitosan, the solubility of the polymer across a wide pH range (acidic, neutral and basic) could only be improved when some of the amino groups were submitted to reacetylation using the one-pot method. Under these conditions, solubility is maintained even with the simultaneous insertion of n-dodecyl. On the other hand, the solubility of derivatives obtained only through mPEG incorporation using the traditional methodology, or with the ndodecyl group, was similar to that of its precursor. The hydrophilic group promoted decreased viscosity of the polymer solutions at 10 g/L in acid medium. However, at basic pH, both viscosity and thermal stability increased, as well as exhibited a pronounced pseudoplastic behavior, suggesting strong intermolecular associations in the alkaline medium. The SAXS results showed a polyelectrolyte behavior with the decrease in pH for the polymer systems. DLS analyses revealed that although the dilute polymer solutions at 1 g/L and pH 3 exhibited a high density of protonated amino groups along the polymer chain, the high degree of charge contributed significantly to aggregation, promoting increased particle size with the decrease in pH. Furthermore, the hydrophobic group also contributed to increasing the size of aggregates in solution at pH 3, whereas the hydrophilic group helped reduce their size across the entire pH range. Nevertheless, the nature of aggregation was dependent on the pH of the medium. Zeta potential results indicated that its values do not depend solely on the surface charge of the particle, but are also dependent on the net charge of the medium. In this study, water- soluble associative polymers exhibit properties that can be of great interest in the petroleum industry. Keywords: chitosan; reductive alkylation; one-pot method; solubility; pH-responsive; dynamic light scattering. LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 Estruturas químicas da celulose, quitina e quitosana .............................. 17 Figura 3.2 Diagrama de produção comercial de quitina e quitosana ....................... 18 Figura 3.3 Espectro de RMN 1H de uma amostra de quitosana ............................... 24 Figura 3.4 Variação do pH crítico em função do grau de acetilação ....................... 27 Figura 3.5 Reações para obtenção de derivados de quitosana ................................. 31 Figura 3.6 Esquema de aminação redutiva ............................................................... 32 Figura 3.7 Reações de N-alquilação redutiva da quitosana com açúcares ............... 33 Figura 3.8 Reações de N-alquilação redutiva da quitosana com diferentes grupos funcionais substituídos ............................................................................ 34 Figura 3.9 Reação de N-alquilação redutiva da quitosana com grupo cetona ......... 34 Figura 3.10 Reação de N-alquilação redutiva da quitosana com 3-O-dodecil-Dglucose .................................................................................................... 36 Figura 3.11 Representação de ligações cruzadas na quitosana .................................. 37 Figura 3.12 Reação de N-alquilação redutiva na superfície da quitosana.................. 38 Figura 3.13 Reação de N-alquilação redutiva com aldeídos fotossensíveis............... 39 Figura 3.14 a) Relação entre razão molar Ac2O/OH mPEG e teor de aldeído de mPEG; b) Efeito do tempo de reação e teor de aldeído; c) Efeito de DMSO e teor de aldeído de mPEG; (T 22 °C; DMSO 30 mL - a, c; tempo de reação 9 h - a, c; razão molar 20 - b, c .................................... 43 Representação dos regimes de concentração de polímero em solução e da concentração crítica (C*) .................................................................. 47 Figura 3.16 Modelo de placas paralelas: escoamento de fluido de Newton .............. 52 Figura 3.17 Curvas de tensão (a) e viscosidade (b) versus taxa de cisalhamento para os fluidos newtonianos, pseudoplásticos e dilatantes ..................... 53 Esquema ilustrativo do efeito do pH para soluções de quitosana-CS e derivado-NPCS ....................................................................................... 55 Comportamento reológico do derivado-NPCS: viscosidade versus taxa de cisalhamento ....................................................................................... 55 Influência da temperatura na viscosidade das N-alquilquitosanas em solução de ácido acético 0,3 M/acetato de sódio 0,05 M; ω = 0,1 Hz .... 56 Esquema da medida da intensidade de luz espalhada (a) e a sua correspondente função de correlação (b) obtida por espalhamento de luz dinâmico ............................................................................................ 60 Distribuição normalizada em função do tempo de relaxação ( τ ) e RH ( θ = 90 °; concentração de quitosana 0,01 % (m/m); solução de ácido acético 0,2 M/acetato de amônio 0,15 M; pH 4,5).................................. 62 Figura 3.15 Figura 3.18 Figura 3.19 Figura 3.20 Figura 3.21 Figura 3.22 Função de distribuição normalizada do raio hidrodinâmico a) GA 0 % e b) GA 56 % ( θ = 90°; concentração de quitosana 1,2 x 10-3 mol/L em 0,3 M de ácido acético/0,05 de acetato de sódio) ............................ 64 Modelo representativo de espécies de agregados de quitosana GA 30 % em solução com diferentes forças iônicas (concentração de polímero 0,40 mg/mL, solução aquosa de ácido acético 0,10 M) ......... 66 Distribuição dos raios hidrodinâmicos de oligômeros de quitosana obtidos por DLS ...................................................................................... 69 Esquema da agregação e dissociação da quitosana-g-mPEG em meio aquoso em função do pH......................................................................... 72 Representação da agregação em função do pH para quitosana graftizada com grupos hidrofóbicos e hidrofílicos ................................. 73 Figura 3.28 Representação do potencial zeta ............................................................. 74 Figura 3.29 O efeito do pH no potencial zeta............................................................. 75 Figura 3.23 Figura 3.24 Figura 3.25 Figura 3.26 Figura 3.27 LISTA DE ABREVIATURAS mPEG CH GA GD GS pK RMN 1H RMN 13C RMN 15N IV UV CLAE TG NaBH4 NaCNBH3 GS PEG Quitosana-g-mPEG DMSO Ac2O TEMPO NaClO BIAB DLS SAXS ηr ηsp ηred ηinh [η] C* ζ metóxi-poli(etileno glicol) quitosana grau de acetilação grau de desacetilação grau de substituição constante de dissociação espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio espectroscopia de ressonância magnética nuclear de carbono espectroscopia de ressonância magnética nuclear de nitrogênio espectroscopia na região do infravermelho espectroscopia na região do ultravioleta cromatografia líquida de alta eficiência termogravimetria borohidreto de sódio cianoborohidreto de sódio grau de substituição poli(etileno glicol) quitosana graftizada com mPEG dimetilsulfóxido anidrido acético N-oxil-2,2,6,6-tetrametilpiperidina hipoclorito de sódio bis(acetóxi)iodobenzeno espalhamento de luz dinâmico espalhamento de raios-X a baixos ângulos viscosidade relativa viscosidade específica viscosidade reduzida viscosidade inerente viscosidade intrínseca concentração crítica potencial zeta SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13 2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 15 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 15 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 15 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 16 3.1 QUITOSANA ........................................................................................................... 16 3.1.1 Obtenção e Estrutura da Quitosana .................................................................. 16 3.1.2 Caracterização da Quitosana ............................................................................. 21 3.1.2.1 Grau de Desacetilação/Acetilação ...................................................................... 21 3.1.2.2 Solubilidade ........................................................................................................ 24 3.1.3 Modificação Química .......................................................................................... 29 3.1.3.1 Aminação Redutiva (ou Alquilação Redutiva) da Quitosana ............................. 32 3.1.3.2 QUITOSANA-g-PEG......................................................................................... 41 3.1.4 Estudo das Propriedades Físico-Químicas ........................................................ 45 3.1.4.1 REOLOGIA ........................................................................................................ 46 3.1.4.2 Espalhamento de Luz Dinâmico (DLS) ............................................................. 57 3.1.4.3 Potencial Zeta ( ζ ) ............................................................................................. 73 3.1.4.4 Espalhamento de Raios-X a Baixos Ângulos (SAXS) ....................................... 76 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 78 4 METODOLOGIA, RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................. 89 5 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 136 ANEXO I........... ............................................................................................................ 138 ANEXO II...................................................................................................................... 144 13 1 INTRODUÇÃO Os desafios da sustentabilidade econômica com a preservação do meio ambiente vêm promovendo nos últimos anos um crescente interesse por pesquisas que proporcionem o desenvolvimento de novos materiais provenientes de polímeros naturais para o uso em diversas áreas. A importância dos biopolímeros está relacionada não apenas com as questões ambientais, mas também devido a sua origem renovável, abundância na natureza, variedade estrutural e propriedades funcionais. Tais características tornam esses polímeros sistemas alternativos e competitivos aos materiais clássicos (Alves e Mano, 2008; Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Kumar, 2000; Kurita, 2001; Mourya e Inamdar, 2008; Pillai, Paul et al., 2009; Prashanth e Tharanathan, 2007; Rinaudo, 2006). Dentre os polímeros naturais, destaca-se a quitosana, obtida através do processo de desacetilação da quitina, um dos polissacarídeos mais abundantes na natureza e comercialmente extraído das carapaças de crustáceos. A quitosana apresenta importantes propriedades, tais como biodegradabilidade, biocompatibilidade, atoxicidade, bioatividade, natureza policatiônica e possibilidade de diferentes formas de utilização (pó, filmes, gel, fibras, soluções). Essas propriedades estão relacionadas ao seu potencial em aplicações industriais, tecnológicas e biológicas. Sua utilidade se torna ainda mais extensa quando incluímos os diversos derivados de quitosana, os quais são obtidos através de modificações químicas em sua estrutura polimérica, permitindo adicionar outras propriedades e, portanto, novas aplicações. Assim, a quitosana é considerada muito versátil com uso nas indústrias farmacêutica, alimentícia, cosmética, têxtil, na agricultura, na medicina e em tratamento de efluentes (Alves e Mano, 2008; Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Chen, Mi et al., 2011; Craveiro, Craveiro et al., 1999; Kumar, 2000; Kumirska, Weinhold et al., 2011; Mourya e Inamdar, 2008; Pillai, Paul et al., 2009; Prashanth e Tharanathan, 2007; Rinaudo, 2006; Sashiwa e Haiba, 2004;). Diferentes reações químicas são empregadas na modificação estrutural da quitosana. Considerando as diversas possibilidades, a reação de alquilação redutiva é uma alternativa interessante, pois permite a funcionalização seletiva do grupo amino da cadeia da quitosana e pode ser processada em condições reacionais brandas e em sistemas homogêneos (Kurita, 2001). Dentre os derivados de quitosana obtidos através da N-alquilação redutiva, podemos Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 14 destacar os polímeros resultantes da inserção de grupos hidrofílicos e/ou hidrofóbicos na cadeia polimérica, uma vez que é possível melhorar a solubilidade da quitosana e obter derivados pertencentes à classe de polímeros hidrossolúveis hidrofobicamente modificados. Esses polímeros apresentam propriedades associativas e são bastante atraentes em várias aplicações, principalmente, quando o controle reológico de fluidos é requerido, como no caso das tintas, dos cosméticos, dos alimentos, nos sistemas carreadores de fármacos e biomoléculas, dos fluidos de perfuração e dos processos de recuperação avançada de petróleo (Chiu, Chen et al., 2009; Desbrières, 2004; Kjniksen, Beheshti. et al., 2008; Philippova e Korchagina, 2012; Yang, Chou et al., 2002). No caso de aplicações de polímeros na indústria do petróleo, a goma xantana é um dos polissacarídeos mais usados nos processos de produção de petróleo. Esse polímero funciona como agente viscosificante do meio aquoso. No entanto, a goma xantana apresenta um alto custo como a principal limitação do seu uso. Além disso, a solução da goma xantana apresenta diminuição nos valores de viscosidade com o aumento da temperatura (Lucas, Mansur et al., 2009; Sorbie et al., 2009). Uma alternativa para superar essas limitações pode surgir do estudo da quitosana, embora ela apresente limitação de solubilidade em meio neutro e alcalino. Já que a estrutura da quitosana permite modificação química que pode melhorar as suas propriedades e por ser um produto natural, biodegradável, renovável e de baixo custo, a quitosana apresenta um potencial para aplicação. Além disso, as carapaças de crustáceos são resíduos rejeitados pela indústria pesqueira, sendo em muitos casos considerados poluentes. Portanto, o aproveitamento desses resíduos ainda minimiza os impactos ambientais que podem ser causados pelo uso de um descarte inadequado (Reis, Silva et al., 2011; Saleah e Basta, 2008). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 15 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O projeto de tese se constituiu na obtenção de quitosana graftizada com grupos hidrofílicos e/ou hidrofóbicos, a fim de melhorar a solubilidade da quitosana e promover características associativas em solução aquosa, e avaliação das propriedades físico-químicas dos derivados de quitosana. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Obter quitosana graftizada com grupos hidrofílicos (metóxi-poli(etileno glicol) mPEG) e/ou hidrofóbicos (n-dodecila); Caracterizar a estrutura dos derivados de quitosana (CHP, CHC e CHPC: quitosana (CH) graftizada com mPEG, n-dodecila e mPEG/n-dodecila, respectivamente); Avaliar as propriedades físico-químicas, tais como solubilidade, estabilidade e viscosidade das soluções aquosas das amostras de quitosana; Avaliar o comportamento reológico dos derivados de quitosana em solução aquosa; Avaliar o comportamento de agregação dos derivados de quitosana e do precursor em soluções aquosas como função do pH da solução. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 16 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 QUITOSANA 3.1.1 Obtenção e Estrutura da Quitosana A quitosana é um biopolímero de cadeia linear obtida, principalmente, da Ndesacetilação da quitina. A celulose e a quitina são os polissacarídeos mais abundantes na natureza, formam a base estrutural e de proteção de plantas e animais, respectivamente. Quitina é encontrada principalmente em carapaças de crustáceos (em especial no caranguejo, no camarão e na lagosta), insetos, moluscos e na parede celular de fungos. A estrutura química da quitina (Figura 3.1) é formada por unidades repetidas 2-acetamido-2-deoxi-Dglicopiranose unidas por ligações glicosídicas do tipo β-(1→4). Sua composição é muito semelhante à estrutura da celulose (Figura 3.1), diferem apenas no substituinte do carbono 2 (C2), constituído pelo grupo acetamido na estrutura da quitina e pelo grupo hidroxila na celulose (Alves e Mano, 2008; Craveiro, Craveiro et al., 1999; Kumar, 2000; Kurita, 2001; Pillai, Paul et al., 2009; Prashanth e Tharanathan, 2007; Rinaudo, 2006). As fortes ligações de hidrogênio inter e intramoleculares existentes nas cadeias da quitina resultam na sua insolubilidade em meio aquoso e na maioria dos solventes orgânicos, consequentemente, minimiza o potencial da quitina em muitas aplicações. Apesar de suas limitações, quitina é usada, sobretudo, na indústria têxtil, alimentícia, cosméticos e tem aplicações médicas e farmacêuticas. Além disso, a grande importância da quitina refere-se à produção da quitosana (Craveiro, Craveiro et al., 1999; Kumar, 2000; Prashanth e Tharanathan, 2007; Rinaudo, 2006). Quitosana é um dos biopolímeros que se destacam em razão de suas propriedades estruturais e funcionais favoráveis, tais como biocompatibilidade, biodegradabilidade, atoxicidade, bioatividade, além de ser uma fonte renovável de baixo custo proveniente de resíduos de cascas de crustáceos. Diversas possibilidades de modificação química em sua estrutura possibilitam a elaboração de novos materiais. A aplicação da quitosana é significativa em vários setores industriais. Na área ambiental, para o tratamento de efluentes, funciona como quelante de metais pesados e floculante; no setor agrícola, age como protetora Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 17 de sementes através da sua ação bactericida e fungicida, além de atuar na retenção de umidade e nutrientes. É muito utilizada na indústria de alimentos em produtos dietéticos e aditivos alimentares; em formulação de cosméticos; na indústria farmacêutica, funciona como agentes de liberação controlada de fármacos e tem ação farmacológica em função das suas propriedades antimicrobiana, coagulante, assim como é utilizada na composição de biomateriais para regeneração de estrutura óssea e ferimentos, dentre outras aplicações (Alves e Mano, 2008; Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Chen, Mi et al., 2011; Craveiro, Craveiro et al., 1999; Kumar, 2000; Kumirska, Weinhold et al., 2011; Mourya e Inamdar, 2008; Pillai, Paul et al., 2009; Prashanth e Tharanathan, 2007; Rinaudo, 2006; Sashiwa e Haiba, 2004). Figura 3.1 - Estruturas químicas da celulose, quitina e quitosana Celulose Quitina Quitosana Fonte: adaptado de (Kurita, 2001) A estrutura química da quitosana (Figura 3.1) é constituída por unidades β-(1→4)-2amino-2-deoxi-D-glicopiranose e β-(1→4)-2-acetamido-2-deoxi-D-glicopiranose, porém, predominam os constituintes formados por grupos amino (unidades desacetiladas). Os principais parâmetros que diferenciam quitosana da quitina são o grau de desacetilação (GD fração de grupos amino em relação aos grupos acetamido (acetilados) presentes no Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 18 biopolímero) e a solubilidade. Geralmente, a quitosana possui o grau de desacetilação acima de 50 % e apresenta-se solúvel em meio aquoso (pH ácido). Enquanto que a quitina tem GD abaixo de 50 %, além de ser insolúvel em meio aquoso (Brugnerotto, Lizardi et al., 2001; Kurita, 2001; Pillai, Paul et al., 2009). A reação de N-desacetilação da quitina é promovida em meio alcalino com hidróxidos de sódio ou potássio, à temperatura elevada (Canella e Garcia, 2001; Santos, 2004). Um exemplo das condições experimentais para obtenção comercial da quitina e quitosana é apresentado na Figura 3.2 (Santos, 2004). Figura 3.2 - Diagrama de produção comercial de quitina e quitosana Fonte: adaptado de (Santos, 2004) O polissacarídeo de partida, quitina, é submetido à modificação química em condição experimental heterogênea. De fato, os agentes modificadores estão dissolvidos no meio reacional, mas não têm completo acesso aos sítios reativos das cadeias poliméricas, que permanecem insolúveis em suspensão, durante a reação devido à associação entre as cadeias através de numerosas ligações de hidrogênio. Nas regiões amorfas, nas quais a acessibilidade aos sítios reativos é maior, a reação é considerada pseudo-homogênea. Entretanto, como as Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 19 regiões cristalinas não são completamente atingidas, as modificações estão mais sujeitas à ocorrência nas superfícies dos cristalitos. Assim, a N-desacetilação da quitina em solução aquosa de NaOH ocorre de modo heterogêneo e gera produto cujas cadeias são formadas por sequências de unidades modificadas quimicamente e unidades que não sofreram modificação química. Portanto, a quitosana é formada por unidades desacetiladas e acetiladas (Signini e Campana-Filho, 2001). Os principais fatores que afetam a eficiência da N-desacetilação da quitina na obtenção da quitosana são: a) temperatura e tempo de reação; b) concentração da solução alcalina e adição de diluente (álcoois de cadeia curta e cetonas); c) razão quitina/solução alcalina; d) tamanho das partículas de quitina; e) atmosfera da reação e presença de agentes que evitam a despolimerização (Campana-Filho e Signini, 2001). As condições mais severas são geralmente empregadas no sentido de favorecer a eficiência da N-desacetilação, no entanto, resulta em acentuada despolimerização via hidrólise alcalina. A suposição de que o oxigênio molecular participe do processo tem suscitado o emprego de aditivos e de condições reacionais específicas para evitar seu efeito oxidante. O uso de gases inertes e a adição de agentes redutores no meio reacional são medidas relativamente eficazes no sentido de minimizar a despolimerização (Campana-Filho, Brito et al., 2007). Canella e Garcia (2001) observaram que o processo de N-desacetilação da quitina realizado em meio heterogêneo pode gerar uma distribuição não aleatória dos grupos acetamido ao longo da cadeia polimérica. Este efeito ocasionou a solubilidade parcial da quitosana em solução aquosa de ácido acético, mesmo para amostras que já tinham alcançado um grau médio de desacetilação acima de 50 %, e que deveriam, portanto, ser solúveis em meio aquoso na presença de ácido (Canella e Garcia, 2001). Campana-Filho e Signini (2001) avaliaram reações de N-desacetilação de quitina comercial em suspensão aquosa de hidróxido de sódio e os efeitos de aditivos (borohidreto de sódio e antraquinona) e de borbulhamento de gases inertes (nitrogênio e argônio) sobre as características das amostras desacetiladas. Quitosana com predominância de estrutura cristalina foi obtida quando um dos gases inertes foi borbulhado no meio reacional durante a desacetilação. As amostras ligeiramente mais desacetiladas foram obtidas na ausência de aditivo, entretanto, intensa despolimerização ocorreu nesses casos. A adição de borohidreto de sódio no sistema de reação reduziu significativamente a despolimerização, mas a presença de Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 20 antraquinona e o borbulhamento de nitrogênio ou de argônio não surtiram qualquer efeito, indicando que a presença de oxigênio não foi um pré-requisito para a ocorrência de despolimerização (Campana-Filho e Signini, 2001). A proporção de unidades acetiladas/desacetiladas nas estruturas da quitina e quitosana é dependente da origem e do modo de obtenção do biopolímero. A extração da quitina resulta em N-desacetilação parcial, mesmo quando são empregadas condições brandas nas etapas de desmineralização e desproteinização. A quitina nativa, que está associada a outros materiais constituintes das carapaças de caranguejos e de camarões, é um produto natural de composição variável quanto à dimensão das cadeias, teor e distribuição de unidades acetiladas/desacetiladas ao longo da cadeia do polímero. Estes fatores refletem diretamente nas características da quitosana comercial produzida da quitina (Campana-Filho, Brito et al., 2007). Youn e colaboradores demostraram que a composição química e algumas propriedades físico-químicas e funcionais de amostras de quitosana preparadas com as carapaças de caranguejos coletadas em três anos diferentes (2004, 2005 e 2007) exibiram variações. A amostra de 2004 apresentou um grau de acetilação maior e uma viscosidade menor em relação às outras amostras de quitosana. Enquanto que a espécie de 2007 teve o teor de proteína e de quitina mais elevados (Youn, No et al., 2009). A caracterização estrutural da quitosana é um aspecto importante para o estudo das suas propriedades e, consequentemente, para o direcionamento de aplicações. A influência de muitos fatores, desde a natureza da matéria-prima até as condições experimentais utilizadas nos tratamentos para a obtenção da quitosana, determina as diferentes características e propriedades físico-químicas da quitosana. As diferenças nas especificações de pureza, grau de desacetilação, solubilidade, viscosidade, massa molar e polidispersão também podem estar vinculadas à intrínseca variabilidade da matéria-prima empregada pelos produtores de quitina e quitosana. Nesse caso, as variações são razoáveis já que o polímero é proveniente essencialmente de uma indústria pesqueira, que coleta os animais diretamente da natureza, sem discriminação de espécie, idade e fase de desenvolvimento (Campana-Filho, Brito et al., 2007; Craveiro, Craveiro et al., 1999; Domard, 2011; Kumirska, Weinhold et al., 2011; Youn, No et al., 2009). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 21 3.1.2 Caracterização da Quitosana 3.1.2.1 Grau de Desacetilação/Acetilação As propriedades da quitosana dependem intensamente da proporção relativa das unidades 2-amino-2-deoxi-D-glicopiranose e 2-acetamido-2-deoxi-D-glicopiranose existentes em sua estrutura polimérica. A fração de grupos acetamido em relação aos grupos amino presente na quitosana determina o grau de acetilação (GA), grandeza complementar ao grau de desacetilação (GA + GD = 1). Esse parâmetro é muito relevante, pois tem efeito marcante nas propriedades físicas, químicas e biológicas da quitosana (Craveiro, Craveiro et al., 1999; Kumirska, Weinhold et al., 2011; Kurita, 2001). Pesquisadores têm estudado, principalmente, o seu efeito nas propriedades físico-químicas da quitosana em solução, uma vez que se faz necessário preparar soluções do polímero antes da obtenção de qualquer tipo de material como gel, filme, esponja, fibra, etc, assim como, para as aplicações da quitosana em sistemas usuais através de solução (Chen, Hsu et al., 2011; Philippova, Korchagina et al., 2012; Schatz, Viton et al., 2003; Sorlier, Denuzière et al., 2001; Sorlier, Viton et al., 2002). A relação das unidades acetiladas e desacetiladas na quitosana governa o equilíbrio entre as propriedades hidrofílicas e hidrofóbicas em solução. A quantidade e a distribuição aleatória ou em bloco dos grupos acetamido na cadeia da quitosana afetam as interações intra e intermolecular, já que esses grupos contribuem na formação das ligações de hidrogênio e apresentam caráter hidrofóbico através dos grupos metílicos. Os grupos amino determinam as interações eletrostáticas em meio ácido através dos sítios amino protonados e as ligações de hidrogênio, assumindo uma natureza hidrofílica. O aumento das ligações de hidrogênio intra e intermolecular e das interações hidrofóbicas promovem a formação de agregados em solução aquosa, influenciando a solubilidade da quitosana (Chen, Hsu et al., 2013; Philippova, Korchagina et al., 2012; Rinaudo, 2006). Schatz e colaboradores (2003) estudaram o comportamento relacionado às propriedades físico-químicas da quitosana em solução aquosa de ácido acético em função do grau de acetilação utilizando as técnicas de viscosimetria e espalhamento de luz. Nesse estudo, as amostras de quitosana com diferentes GA foram obtidas em condições reacionais homogêneas para preservar uma distribuição aleatória dos grupos acetamido e manter a massa molar equivalente. Os colaboradores concluíram que a quitosana apresenta três Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 22 comportamentos diferentes de acordo com o valor do GA: i) quitosana com GA abaixo de 20 % comporta-se como polieletrólito catiônico e as interações eletrostáticas são predominantes; ii) as interações hidrofílicas e hidrofóbicas estão em equilíbrio para as amostras com valores de GA entre 20 e 50 %; iii) para quitosana com GA acima de 50 %, predominam as interações hidrofóbicas e surgem as associações entre as cadeias do polímero. Esses resultados confirmam conclusões prévias de Sorlier e colaboradores (2001, 2002), que encontraram características semelhantes de comportamento da quitosana, quando estudaram a constante de dissociação (pK) em função do GA (Schatz, Viton et al., 2003; Sorlier, Denuzière et al., 2001; Sorlier, Viton et al., 2002). Segundo Sorlier e colaboradores (2001), através do estudo do GA em função do grau de dissociação (densidade de cargas em solução), verificaram que uma amostra de quitosana com GA de 89 %, em pH 7 correspondeu a um grau de dissociação abaixo de 0,4, enquanto que uma quitosana de GA 20 % foi quase neutralizada nesse pH. Como consequência das diferentes estruturas da quitosana, as suas propriedades físico-químicas são diretamente afetadas, proporcionando aplicações de acordo com o seu comportamento específico para o tipo de estrutura. Nesse sentido, quitosana com baixo valor de GA apresenta alta densidade de cargas positivas em ambiente ácido, proveniente dos grupos amino protonados, sendo assim, favorece as propriedades de floculação e adsorção de partículas carregadas negativamente, enquanto a quitosana com elevado GA, predomina as interações hidrofóbicas e favorece a formação de gel (Sorlier, Denuzière et al., 2001). Contudo, podemos encontrar divergências sobre o efeito do GA relacionado ao comportamento das agregações entre as cadeias da quitosana. Philippova e colaboradores (2012) mostraram que as amostras de quitosana são capazes de agregar em meio aquoso ácido, independente do teor dos grupos acetamido. Embora o mecanismo exato de formação dos agregados ainda não esteja bem compreendido, as observações demonstraram que as associações poliméricas em soluções aquosas ácidas não são especificamente devidas às interações entre os grupos acetamido, os quais representam as interações hidrofóbicas na cadeia da quitosana. Assim, tanto as ligações de hidrogênio como as interações hidrofóbicas são fatores importantes na agregação da quitosana. Além disso, presume-se que as agregações mais resistentes provêm de possíveis domínios cristalinos formados em zonas de junção entre as macromoléculas (Philippova, Korchagina et al., 2012). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 23 Existem várias metodologias para a determinação do grau médio de desacetilação da quitosana, tais como espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN 1 H), carbono (RMN 13C) e nitrogênio (RMN 15N); espectroscopia na região do infravermelho (IV) e do ultravioleta (UV); titulação condutimétrica e potenciométrica; difração de raios-X; análise elementar; cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e termogravimetria (TG). (Brugnerotto, Lizard et al., 2001; Fernandez-megia, Novoa-Carballal et al., 2005; Jiang, Chen et al., 2003; Lavertu, Xia et al., 2003; Liu, Wei et al., 2006; Santos, Soares et al., 2003; Zhang, Xue et al., 2005). Cada método tem suas vantagens e desvantagens, a escolha de uma técnica dependerá da natureza da amostra (pureza, quantidade e solubilidade) e da disponibilidade do equipamento. Um dos métodos usados para determinar o grau de desacetilação da quitosana é a espectroscopia de RMN 1H. A determinação do GD pode ser realizada através de diferentes combinações entre as áreas dos picos do espectro de RMN 1H da quitosana. Exemplos dessas relações são apresentados nas seguintes equações: Equação 3.1 e Equação 3.2 (Lavertu, Xia et al., 2003) e Equação 3.3 (Santos, Soares et al., 2003). 1 3 × A H-8(Ac) GD % 1 100 1 × A H-2/6 6 (3.1) A H-1(D) A H-8(Ac) A H-1(D) + 3 (3.2) GD % A H-8(Ac) GA % = × 100 3 × A H-2(D) 100 GD % = 100 - GA % (3.3) Em que, ―A” é a área dos picos equivalentes do espectro de RMN 1H da quitosana na Figura 3.3. Conforme os assinalamentos no espectro da quitosana, o pico que corresponde ao deslocamento químico 2,3 ppm é atribuído aos núcleos de hidrogênio da metila do grupo acetamido (H-8(Ac)). Os sinais relacionados a 3,5 ppm e 5,2 ppm, respectivamente, são atribuídos ao núcleo de hidrogênio na posição 2 do anel da unidade desacetilada, no qual o grupo amino está presente (H-2(D)) e ao próton anomérico da unidade desacetilada (H-1(D)). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 24 A região mais larga do espectro, compreendida entre 3,8 e 4,2 ppm, é relativa aos demais hidrogênios pertencentes à estrutura da quitosana (H-2/6). Figura 3.3 - Espectro de RMN 1H de uma amostra de quitosana Fonte: Autor 3.1.2.2 Solubilidade Do ponto de vista prático, a solubilidade permite a distinção entre a quitosana e o seu precursor de modo simples e rápido. A quitina apresenta uma afinidade limitada por solventes devido às fortes ligações de hidrogênio intra e intermoleculares. É solúvel especialmente em N,N-dimetilacetamida contendo 5 a 10 % de cloreto de lítio e em alguns solventes que contêm flúor. Diferentemente da quitina, a quitosana comporta-se como uma base em meio aquoso, pode ser solúvel em ácidos orgânicos diluídos como soluções de ácido acético, fórmico, láctico, oxálico e em ácidos inorgânicos diluídos, porém em ácidos fortes (ácido clorídrico e sulfúrico) a quitosana é hidrolisada (Kurita, 2001). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 25 Os ácidos mais comuns usados para dissolver a quitosana são o ácido acético e o ácido clorídrico. Em soluções ácidas diluídas, a quitosana tem o comportamento típico de polieletrólito catiônico devido à protonação dos grupos amino (NH2). A reação de equilíbrio, que descreve o estado de ionização da quitosana, é apresentada na Equação 3.4. QuitNH2 + H3O+ QuitNH3+ + H 2O (3.4) A solubilidade da quitosana em meio ácido está relacionada com a quantidade de grupos amino protonados (NH3+) na cadeia polimérica. Quanto maior a quantidade destes grupos protonados, maior a repulsão eletrostática entre as cadeias e, consequentemente, maior a solvatação do polímero em água, facilitando a dissolução. Para uma dada concentração de ácido, o grau de protonação depende do pK do ácido usado para solubilizar a quitosana (Rinaudo, Pavlov et al., 1999; Santos, Soares et al., 2003). A solubilização da quitosana em solução de ácido acético ou ácido clorídrico ocorre para um grau de protonação de aproximadamente 0,5. Em meio ácido, os grupos amino da quitosana são protonados e o polímero torna-se solúvel em solução aquosa. Entretanto, após a dissolução em condições ácidas, quando o pH da solução é aumentado, os grupos amino têm suas cargas positivas reduzidas e ao atingir um pH em torno de 6,5 a quitosana precipita na solução aquosa (Pillai, Paul et al., 2009; Rinaudo, 2006; Sogias, Khutoryanskiy et al., 2010). A remoção da maioria dos grupos acetilados da estrutura da quitina gera efeitos significativos para a solubilidade da quitosana em água. Essa condição reduz em parte as ligações de hidrogênio, já que os grupos acetilados também são potenciais em ligações de hidrogênio. Além disso, origina os grupos amino, os quais promovem as cargas positivas na macromolécula em meio ácido, causando repulsão entre os grupos vizinhos carregados e, consequentemente, inibindo as interações polímero-polímero que favorecem o aumento da natureza hidrofílica do biopolímero. Assim, a diminuição das ligações de hidrogênio entre as cadeias combinado com o aumento do caráter hidrofílico da macromolécula ocasiona o aumento da solubilidade da quitosana em solução aquosa. Como em sistemas de polieletrólitos catiônicos, bons solventes usados para a dissolução da quitosana devem ter a habilidade de impedir as ligações de hidrogênio entre as interações polímero-polímero e conferir acidez no ambiente de dissolução, aumentando as interações polímero-solvente (Weinhold, 2010). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 26 Diversos parâmetros interferem na solubilidade da quitosana, tais como o grau de acetilação e sua distribuição ao longo da cadeia, a massa molar, as condições de extração e secagem do polissacarídeo, o pH da solução, a concentração de polímero e a força iônica do meio. Todos estes fatores citados acima são importantes para o estudo das propriedades da quitosana em solução (Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Nyström, Kjøniksen et al., 1999; Pillai, Paul et al., 2009; Rinaudo, 2006). De acordo com Signini e Campana-Filho (2001), diferentes procedimentos de purificação de um mesmo tipo de quitosana podem resultar em amostras de quitosana distintas quanto à solubilidade, hidrofilicidade e características morfológicas. Há processos de purificação em que os sítios responsáveis pela formação de ligações de hidrogênio não são modificados, consequentemente, as interações intra e intermoleculares não são alteradas e o seu empacotamento não é modificado, deste modo, dificultando a solubilização da quitosana. Entretanto, há metodologias de purificação da quitosana em que a presença de cargas/contraíons dificulta as interações inter e intra-cadeias, minimizando o empacotamento entre as cadeias e, assim, favorecendo o processo de solubilização (Signini e Campana-Filho, 2001). De um modo geral, a quitosana é insolúvel em soluções aquosas com pH neutro e alcalino, em álcool, acetona e na maior parte de solventes orgânicos, sendo estes sistemas importantes para os processos de precipitação e purificação da quitosana. A dificuldade de solubilização da quitosana está relacionada à sua regularidade estrutural (natureza cristalina), a ocorrência de intensas ligações de hidrogênio inter e intramoleculares entre as cadeias do biopolímero e a quantidade e distribuição não homogênea dos grupos acetamido ao longo da macromolécula. Esse comportamento pode ser atribuído à preservação parcial de domínios estruturais remanescentes da quitina, onde as interações associativas predominam na cadeia polimérica, favorecendo a agregação e diminuindo a solubilidade da quitosana (Craveiro, Craveiro et al., 1999; Peesan, Sirivat et al., 2006; Philippova, Korchagina et al., 2012; Sogias, Khutoryanskiy et al., 2010; Sugimoto, Morimoto et al., 1998). Schatz e colaboradores verificaram ao considerar o pH crítico da quitosana (pH correspondente ao estado entre uma solução e antes da precipitação ocorrer), que o aumento no grau de acetilação permite preservar a solubilidade da quitosana em solução aquosa em um pH maior (Figura 3.4). No entanto, para valores maiores de GA (70 %) seu caráter Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 27 hidrofóbico tem tendência a formar dispersões de agregados. À medida que o GA na quitosana aumenta, o comportamento eletrostático é menos acentuado (quantidade menor de cargas na cadeia) e, assim, diminui a dependência da solubilidade em função do pH devido à formação de uma conformação molecular menos sensível a variação de pH (Schatz, Pichot et al., 2003). Figura 3.4 – Variação do pH crítico em função do grau de acetilação Fonte: (Schatz, Pichot et al., 2003) O efeito do grau de acetilação na solubilidade da quitosana foi avaliado através da comparação de amostras em três condições diferentes, quitosana comercial com GA 14 %, completamente desacetilada e 52 % acetilada. Os resultados mostraram que a quitosana com 52 % acetilada permaneceu solúvel até o pH 7,4 e apresentou menor índice de cristalinidade. A quitosana com GA 14 % e a desacetilada precipitaram em solução em pH 6 e 5,8, respectivamente. A amostra completamente desacetilada teve o maior grau de cristalinidade. Segundo os colaboradores, a protonação dos grupos amino e a cristalinidade são os dois principais fatores que governam a solubilidade da quitosana. Entretanto, a cristalinidade da amostra foi o fator limitante na solubilidade. Além disso, a quitosana 52 % acetilada, quando em presença de ureia ou cloreto de guanidínio, permaneceu solúvel em ampla faixa de pH (1 12) (Sogias, Khutoryanskiy et al., 2010). O efeito do grupo acetamido na variação da estrutura cristalina da quitosana indica que a modificação do GA pode ser usada para controlar a solubilidade da quitosana (Pillai, Paul et al., 2009). A quitosana pode ter a sua solubilidade ampliada através do controle do grau de acetilação em torno de 50 % e com os grupos acetilados distribuídos de forma homogênea na Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 28 cadeia (Kubota, Tatsumoto et al., 2000; Lu, Song et al., 2004; Qin, Li et al., 2006). Kubota e colaboradores (2000) propuseram uma metodologia para obter quitosana solúvel em água e em solventes orgânicos. A massa molar da quitosana foi reduzida usando borato de sódio, em seguida realizou-se uma N-acetilação controlada com anidrido acético em meio homogêneo. Obtiveram amostras com 50 % de unidades acetiladas distribuídas aleatoriamente cuja solubilidade também aumentou com a diminuição da massa molar (Kubota, Tatsumoto et al., 2000). Lu e colaboradores (2004) após terem obtido quitosana (GA 50%) solúvel em água, utilizaram duas rotas para recuperar a quitosana da solução, coagulação por etanol e precipitação alcalina, em seguida, analisaram a solubilidade em água. A quitosana regenerada por etanol foi solúvel posteriormente, mas o método alcalino resultou em insolubilidade. Dados de difratogramas de raios-X revelaram que a amostra insolúvel obteve um aumento do grau de cristalinidade (Lu, Song et al., 2004). A literatura descreve diferentes modificações químicas na estrutura da quitosana, através da funcionalização dos grupos amino e/ou hidróxidos, para melhorar a afinidade da quitosana em água e em solventes orgânicos. Derivados de quitosana têm sido obtidos através de diversas reações, incluindo carboxilação (Chen e Park, 2003), quaternização, alquilação (Desbrières, 2004), acilação (Kubota, Tatsumoto et al., 2000; Qin, Li et al., 2006) e graftização (Gorochovceva, Naderi et al., 2005; Mai-Ngam, 2006; Muslim, Morimoto et al., 2001; Liu, Lu et al., 2009; Yang, Guo et al., 2010; Yuan, Zhao et al., 2011). A incorporação de estruturas hidrofílicas ou de uma pequena quantidade de grupos hidrofóbicos à cadeia linear da quitosana pode alterar propriedades como a solubilidade e a flexibilidade do polímero, tornando seus derivados solúveis em solventes aquosos e/ou orgânicos. No entanto, estas propriedades dependem da estrutura molecular, do comprimento e da distribuição dos grupos laterais inseridos na cadeia polimérica (Desbrières, 2004; Yang, Chou et al., 2002). Sugimoto e colaboradores (1998) prepararam derivados graftizados de quitosana com cadeias laterais de metóxi-poli(etileno glicol) (mPEG). A solubilidade em água dependeu da massa molar do mPEG, da razão molar entre quitosana e mPEG, do grau de substituição (GS) e do grau de acetilação. O PEG de maior massa molar favoreceu a solubilidade em água dos derivados (Sugimoto, Morimoto et al., 1998). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 29 Yang e colaboradores (2002) prepararam derivados de quitosana por N-alquilação utilizando monossacarídeos e dissacarídeos, incluindo glucose, galactose, glicosamina, frutose, lactose, maltose e celobiose. Todos os derivados com monossacarídeos foram solúveis em pH abaixo de 7 com o comportamento de solubilidade similar à quitosana. No entanto, os derivados com dissacarídeos foram mais solúveis e estáveis em água destilada e em pH acima de 7. Portanto, a solubilidade da quitosana pode ser melhorada através da Nalquilação com dissacarídeos (Yang, Chou et al., 2002). Do mesmo modo, Tømmeraas e colaboradores (2002) conseguiram derivados solúveis em toda faixa de pH através da modificação da quitosana com oligossacarídeos (Tømmeraas, Köping-Höggard et al., 2002). Os derivados carboxilados de quitosana são polímeros anfóteros cuja solubilidade depende do pH. Esses derivados têm a solubilidade melhorada em água com pH acima de 7, porém pode ocorrer a separação de fases entre pH 2,5 e 6,5 em função do grau de substituição dos grupos carboxilados e da relação entre as cargas positivas e negativas no polímero em solução (Chen e Park, 2003). 3.1.3 Modificação Química Ao longo dos últimos anos, a produção industrial da quitosana tem apresentado um elevado crescimento e as suas aplicações têm se desenvolvido em diversas áreas. O aumento da utilização da quitosana deve-se, principalmente, as suas propriedades, a sua natureza catiônica e a possibilidade de numerosas modificações em sua estrutura. A presença de grupos reativos na composição da quitosana, NH2 e OH, permitem diversas alterações estruturais as quais são responsáveis por mudanças no desempenho das propriedades físico-químicas do polímero e expansão dos seus campos de aplicação (Alves e Mano, 2008; Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Chen, Mi et al., 2011; Craveiro, Craveiro et al., 1999; Sashiwa e Haiba, 2004; Kumar, 2000; Kurita, 2001; Kumirska, Weinhold et al., 2011; Mourya e Inamdar, 2008; Philippova e Korchagina, 2012; Pillai, Paul et al., 2009; Prashanth e Tharanathan, 2007; Rinaudo, 2006). As modificações químicas na quitosana são baseadas na reatividade dos grupos substituintes da sua estrutura, nos carbonos 2, 3 e 6. A reatividade desses grupos ligados aos carbonos do anel obedece à seguinte ordem decrescente C2, C6 e C3, referentes, respectivamente, ao grupo amino da quitosana, ao grupo hidroxila primário e ao grupo Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 30 hidroxila secundário, este último requer um agente desprotonante para tornar-se prédisponível à reação (Rinaudo, 2006; Xu, Mccarthy et al., 1996). Na modificação química dos polímeros, a síntese pode ocorrer em condições reacionais homogêneas ou heterogêneas. Usualmente, o meio heterogêneo é acompanhado de diversos problemas, pode haver um menor grau de substituição, ocorrência de reação de forma localizada apenas nos sítios acessíveis da cadeia macromolecular, menor controle de reação e degradação parcial dos produtos provocada por condições mais severas empregadas durante o procedimento. Sendo assim, as propriedades dos produtos obtidos por uma modificação química podem ser bem diferentes em função da reação ocorrer em meio homogêneo ou heterogêneo, mesmo quando todas as demais condições reacionais são mantidas constantes (Kurita, 2001). Há várias possibilidades de preparar derivados funcionais de quitosana, e muitos trabalhos têm sido propostos na literatura. As modificações típicas incluem reações de hidrólise, acetilação, carboxilação, acilação, formação de base de Schiff, sulfonação, alquilação, quaternização, oxidação, copolimerização por graftização, dentre outras (Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Kurita, 2001; Philippova e Korchagina, 2012; Pillai, Paul et al., 2009; Rinaudo, 2006). A Figura 3.5 mostra alguns exemplos de reações possíveis para a obtenção de derivados de quitosana (Santos, 2004). Considerando as reações químicas para modificar a estrutura da quitosana, a aminação redutiva também denominada de N-alquilação redutiva tem despertado interesse por ser uma reação versátil e pelo seu potencial de aplicação. O uso dessa reação permite a inserção de grupos hidrofílicos e/ou hidrofóbicos na quitosana, que pode melhorar a sua solubilidade e fornecer novas propriedades através dos grupos substituintes correspondentes, porém preservando na maioria das vezes as propriedades intrínsecas da quitosana (Kurita, 2001; Philippova & Korchagina, 2012; Rinaudo, 2006). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 31 Figura 3.5 - Reações para obtenção de derivados de quitosana Fonte: (Santos, 2004) A quitosana comporta-se como polímeros anfifílicos catiônicos, porém as suas características específicas relativas aos grupos anfifílicos podem ser potencializadas através da inserção de grupos hidrofóbicos, utilizando, por exemplo, a reação de alquilação redutiva. Os polímeros anfifílicos são constituídos de uma cadeia hidrofílica com uma pequena quantidade de grupos hidrofóbicos. Em meio aquoso, os grupos hidrofóbicos se associam para minimizar o seu contato com a água, gerando agregados intra e/ou intermoleculares. Os agregados formados pelas interações atrativas combinado com as repulsões eletrostáticas nos polieletrólitos levam a um aumento significativo da viscosidade da solução polimérica. Os polieletrólitos modificados hidrofobicamente têm sido usados em inúmeros processos tecnológicos (Barany e Szepesszentgyörgyi, 2004; Bratskaya, Avramenko et al., 2006; Desbrières, Martinez et al., 1996; Desbrières, 2004; Nyström, Kjoniksen et al., 1999; Philippova e Korchagina, 2012). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 32 3.1.3.1 Aminação Redutiva (ou Alquilação Redutiva) da Quitosana A reação de aminação redutiva ocorre quando o carbono da carbonila de aldeído ou cetona sofre um ataque nucleofílico da amina primária formando o intermediário hemiaminal ou imina, os quais, em seguida, sofrem redução para resultar em um produto N-alquila ou Narila. Uma representação para esta reação é mostrada na Figura 3.6. A formação de iminas (C=N), base de Schiff, geralmente ocorre mais rapidamente entre pH 4 e 5, pois a reação é processada por ataque nucleofílico do nitrogênio com caráter básico ao átomo de carbono do grupo carbonila. A reação segue mais lentamente em pH muito baixo ou muito alto. Para favorecer a reação, a solução deve ser suficientemente ácida para que o composto carbonílico se encontre protonado, tornando o carbono ainda mais suscetível ao ataque do nucleófilo, mais não tão ácida ao ponto da concentração de nitrogênio livre (nucleófilo) se tornar muito baixa, o que dificultaria a reação (Solomons e Fryhle, 2006). Figura 3.6 - Esquema de aminação redutiva Aldeído ou Cetona Amina primária Hemiaminal Imina Amina secundária Fonte: (Solomons e Fryhle, 2006) Do mesmo modo acima, podemos inserir grupos substituintes na quitosana através da reação aminação redutiva. Nesse caso, a quitosana reage com um aldeído ou uma cetona produzindo uma imina como intermediário, o qual é convertido em um derivado N-alquila ou N-arila através da redução com borohidreto de sódio (NaBH4) ou cianoborohidreto de sódio (NaCNBH3). Essa metodologia é uma alternativa importante devido à possibilidade de funcionalizar de modo seletivo os grupos amino da quitosana em condições experimentais brandas e obter uma distribuição dos substituintes de forma homogênea ao longo da cadeia da Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 33 quitosana (Desbrières, Martinez et al., 1996; Kurita, 2001; Rinaudo, 2006). Alguns exemplos de quitosana modificada obtidos pela reação de aminação redutiva são apresentados a seguir para ilustrar a diversificação de possibilidades de derivados. Kurita (2001) relatou trabalhos das décadas de 80 e 90 sobre derivados de quitosana por N-alquilação redutiva com substituintes que visam melhorar a solubilidade da quitosana e aumentar a sua capacidade seletiva de adsorção por metais. Na presença de açúcares redutores, incluindo glucose, galactose, lactose e celobiose, e cianoborohidreto de sódio (agente redutor), a N-alquilação redutiva ocorre através da reação dos grupos amino da quitosana e o grupo aldeído do açúcar, seja este na forma de cadeia aberta ou com o aldeído incorporado como substituinte nos açúcares. Do mesmo modo, outros compostos que contêm o grupo aldeído são capazes de reagir com os grupos amino da quitosana e, na presença de agente redutor, proceder à reação de N-alquilação redutiva (Kurita, 2001). As Figuras 3.7 e 3.8, respectivamente, mostram alguns modelos de reação de Nalquilação redutiva da quitosana, utilizando açúcares e diferentes grupos funcionais substituídos, contudo, o grupo aldeído está presente em todos os reagentes como grupo ativo para a reação. Figura 3.7 - Reações de N-alquilação redutiva da quitosana com açúcares Fonte: adaptado de (Kurita, 2001) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 34 Figura 3.8 - Reações de N-alquilação redutiva da quitosana com diferentes grupos funcionais substituídos Fonte: adaptado de (Kurita, 2001) O grupo cetona também pode ser utilizado para a reação de N-alquilação redutiva da quitosana, como é o caso da obtenção dos derivados N-carboximetilquitosana e Ncarboxibutilquitosana (Figura 3.9), mediante a utilização do ácido glioxílico e ácido levulínico, respectivamente. Nestes casos, a reação se dá entre os grupos amino da quitosana e o grupo cetona. De modo similar, muitos outros derivados têm sido preparados com ácidos carboxílicos contendo um grupo cetona ou aldeído. A solubilidade desses polímeros em meio ácido, neutro e básico é explicada pelo caráter anfótero adquirido após a reação, resultando em derivados com ambos os grupos amino e carboxílico (Kurita, 2001). Figura 3.9 - Reação de N-alquilação redutiva da quitosana com grupo cetona Fonte: (Kurita, 2001) Rinaudo e colaboradores (2001) obtiveram os derivados N-carboxibutilquitosana e N5-metilpirrolidinona quitosana utilizando o ácido levulínico. O tipo de estrutura obtida foi diretamente dependente das condições experimentais empregadas. As variáveis avaliadas foram a razão molar dos reagentes, o tempo de reação e o agente redutor (NaBH4 e NaCNBH3). Os colaboradores constataram que o ácido levulínico em excesso promove a dissolução da quitosana e favorece a derivatização da mesma. Entretanto, um grande excesso do agente redutor degradou a cadeia polimérica. Uma adição rápida do agente redutor levou Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 35 ao derivado monocarboxilado linear, enquanto que uma adição lenta gerou a forma cíclica (Rinaudo, Desbrières et al., 2001). Dos Santos e colaboradores (2005) descreveram uma metodologia para otimização da síntese da carboxibutilquitosana através do planejamento fatorial 32. Esse estudo verificou, que ao utilizar as proporções molares entre 1 e 3 mol de ácido levulínico por mol de quitosana e 0,5 a 1 mol de borohidreto de sódio por mol de quitosana, o aumento da concentração molar de ácido levulínico favoreceu a formação da N-carboxibutilquitosana, enquanto que o aumento da concentração do agente redutor favoreceu a ciclização do grupo carboxílico para a formação da 5-metilpirrolidinona quitosana (Dos Santos, Silva et al., 2005). Mais recentemente, Kurita e Isogai (2010), utilizando acetona e ácido levulínico como reagentes para a obtenção dos derivados de quitosana N-isopropil e 5-metil-pirrolidinona, respectivamente, alcançaram um GS maior em meio reacional aquoso com pH inicial entre 4,5 e 5,0 e temperatura ambiente. Além disso, nenhuma despolimerização ocorreu na quitosana sob as condições usadas na reação de N-alquilação redutiva (Kurita e Isogai, 2010). Para melhorar a afinidade da quitosana por solventes orgânicos, Kurita e colaboradores (2002) prepararam, inicialmente, bases de Schiff através da reação dos grupos amino da quitosana com os aldeídos formaldeído, acetaldeído e pentaldeído. As bases de Schiff foram reduzidas com NaCNBH3 para formar N-alquilquitosanas. Estes derivados foram posteriormente acetilados com anidrido acético visando aumentar o grau de grupos acetamido na cadeia polimérica. O grau de substituição foi calculado por análise elementar utilizando a relação C/N e variou de acordo com a quantidade de aldeído utilizado. O aumento de grupos hidrofóbicos na cadeia da quitosana favoreceu a interação com solventes orgânicos (Kurita, Mori et al., 2002). Desbrières e colaboradores (1996, 2004) modificaram hidrofobicamente a quitosana e estudaram as suas propriedades em solução. Segundo a reação de N-alquilação redutiva, a quitosana e aldeídos alifáticos com três a doze carbonos (C3, C6, C8 e C12) foram processados em meio homogêneo através da diluição da quitosana em solução de ácido acético, a fim de garantir uma substituição bem distribuída ao longo das cadeias do polímero. O agente redutor usado foi o NaCNBH3 e a caracterização da estrutura química dos polímeros sintetizados foi obtida por RMN 1H. Os principais fatores que influenciaram as interações hidrofóbicas das Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 36 amostras poliméricas em solução foram a natureza e o número de sítios hidrofóbicos, a concentração do polímero, a temperatura e a força iônica do meio (Desbrières, Martinez et al., 1996; Desbrières, 2004). Donati e colaboradores (2005) reportaram propriedades biológicas da quitosana modificada por N-alquilação redutiva com a inserção de lactose. As proporções molares utilizadas na reação foram 0,8 e 2,5 de lactose, 2 e 6 de NaCNBH3 por unidade repetitiva de quitosana, os colaboradores conseguiram obter derivados com grau de substituição (GS) 9 e 64 %, respectivamente. A inserção de grupos flexíveis e hidrofílicos levou a uma diminuição da viscosidade intrínseca do polímero. No entanto, os colaboradores asseguraram que o procedimento de derivatização não induziu a degradação da cadeia polimérica, mesmo utilizando excesso de agente redutor (Donati, Stredanska et al., 2005). Ngimhuang e colaboradores (2004) obtiveram derivados de quitosana com propriedades surfactantes e potencial aplicabilidade no controle e liberação de espécies bioativas. Os colaboradores empregaram a reação de N-alquilação redutiva da quitosana utilizando o composto 3-O-dodecil-D-glucose pré-sintetizado (Figura 3.10). Esses derivados foram obtidos com valores de GS 9,8 e 27 %, sendo solúveis em meio aquoso e em solventes orgânicos. O derivado com menor GS obteve maior solubilidade em água. Entretanto, o derivado com maior GS proporcionou maior estabilidade para a formação de micelas em solução aquosa de ácido acético 0,1 %. Esse resultado sugeriu que o balanço hidrofílico/hidrofóbico na estrutura da quitosana é essencial para a sua solubilidade em água, e um GS mais elevado de grupos hidrofóbicos na cadeia macromolecular facilita a agregação em micelas (Ngimhuang, Furukawa et al., 2004). Figura 3.10 - Reação de N-alquilação redutiva da quitosana com 3-O-dodecil-D-glucose Fonte: (Ngimhuang, Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado Furukawa et al., 2004) 37 No mesmo segmento com propriedades de surfactantes através da N-alquilação redutiva, Mai-Ngam (2006) obteve derivados de quitosana com atividade bactericida. O autor inseriu grupos hidrofóbicos na cadeia da quitosana utilizando aldeído alifático com seis carbonos e, simultaneamente, introduziu grupos hidrofílicos usando poli(óxido de etileno) com um grupo terminal aldeído. A incorporação das cadeias hidrofóbicas (C6), aparentemente, induziu as agregações moleculares, enquanto que as cadeias laterais dos grupos hidrofílicos facilitaram a solubilização no meio aquoso e funcionaram como uma barreira, prevenindo a adesão de bactérias na superfície de silicone (Mai-Ngam, 2006). A reação de N-alquilação redutiva da quitosana com dialdeídos forma polímeros com ligações cruzadas. Essa reação ocorre entre dois grupos amino da quitosana com apenas uma molécula de dialdeído envolvendo ambos os grupos aldeídos da molécula, resultando na reticulação, um sistema de rede tridimensional que, nesse caso, são interligados por dois grupos N-alquil, quando em presença de agente redutor para a redução dos grupos imino préformados (Figura 3.11). Figura 3.11 - Representação de ligações cruzadas na quitosana Fonte: Autor O glutaraldeído é um dialdeído muito utilizado para obter quitosana com ligações cruzadas. Segundo a literatura, as reações envolvendo quitosana e glutaraldeído formam estruturas complexas e, geralmente, três estruturas distintas podem ser consideradas: (a) conversão de apenas um grupo aldeído do glutaraldeído à imina, ficando o outro grupo Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 38 aldeído livre, sendo comumente usado em reações subseqüentes; (b) formação de ligações cruzadas entre moléculas livres do glutaraldeído e a quitosana e (c) formação de ligações cruzadas entre moléculas maiores de glutaraldeído polimerizado (contendo ligações C=C) e a quitosana (Monteiro Jr. e Airoldi, 1999). Ramos e colaboradores (2006) prepararam derivados de quitosana com ligações cruzadas utilizando poli(etileno glicol) ligados a grupos aldeído nos dois extremos da cadeia (OHC-PEG-CHO). Inicialmente, a quitosana foi modificada para quitosana-N-metilfosfônica (NMPC). Em seguida, realizou-se a N-alquilação redutiva com o PEG-dialdeído de massas molares diferentes (200, 2000, 8000 g/mol) e o NaBH4 (agente redutor). A modificação produziu o inchamento do derivado de quitosana em água (pH neutro e alcalino) e foi solúvel em pH ácido. O grau de substituição foi de 9, 3 e 2 % para os derivados de quitosana-PEG200, 2000 e 8000, respectivamente. O aumento da cadeia hidrofílica (PEG) elevou a absorção de água do polímero, no entanto, a retenção de água em função do tempo foi diminuída (Ramos, Rodríguez et al., 2006). Hoven e colaboradores (2007) modificaram a superfície de filmes de quitosana com grupos sulfonato, carregados negativamente, reagindo os grupos amino da quitosana com o grupo aldeído, substituinte do ácido furano-2-sulfônico. A reação ocorreu à temperatura ambiente e as amostras foram reduzidas com NaBH4 (Figura 3.12). A extensão da modificação da superfície da quitosana em meio heterogêneo foi resultante da variação do tempo de reação e da concentração dos reagentes. Os filmes da quitosana modificada exibiram propriedades de adsorção seletiva por proteínas. A adsorção foi explicada em função das interações de atração e repulsão eletrostática (Hoven, Tangpasuthadol et al., 2007). Figura 3.12 - Reação de N-alquilação redutiva na superfície da quitosana Fonte: adaptado de (Hoven, Tangpasuthadol et al., 2007) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 39 Renbutsu e colaboradores (2007) prepararam derivados de quitosana usando aldeídos fotossensíveis como grupos laterais inseridos na quitosana por N-alquilação redutiva (Figura 3.12). Durante a redução das bases de Schiff, parte dos grupos ésteres dos derivados assinalados (*) na Figura 3.13 sofre hidrólise quando utilizado o agente redutor NaBH4. Entretanto, esse comportamento não ocorreu quando foi usado NaCNBH3. Os demais derivados resistiram às condições de pH alto com a utilização de NaBH4, como agente redutor. Os derivados de quitosana foram transformados em gel quando submetidos à irradiação ultravioleta e alcançaram melhor solubilidade em solventes orgânicos do que a quitosana não modificada. Esses compostos apresentaram boa capacidade de adsorção de paládio em pH ácido, sendo útil para imobilizar catalisadores de paládio, também tiveram êxito como material de revestimento para galvanização, sem uso de eletrodos, em substâncias não condutoras (Renbutsu, Okabe et al., 2007, 2008). Figura 3.13 - Reação de N-alquilação redutiva com aldeídos fotossensíveis * * Fonte: adaptado de (Renbutsu, Okabe et al., 2007) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 40 Concernente aos derivados de quitosana obtidos por aminação redutiva, maior atenção tem sido dada à ênfase da síntese de quitosana com substituintes N-alquila. No entanto, os derivados N-arila também apresentam propriedades e aplicações importantes, conforme visto acima. Sajomsanga e colaboradores (2008) investigaram a influência dos grupos doadores de elétrons e retiradores de elétrons substituídos em aldeídos aromáticos na síntese de Narilquitosana através da aminação redutiva. O grau de substituição foi dependente da razão molar entre o aldeído e as unidades amino da quitosana, do tempo de reação e do substituinte no anel aromático. Os polímeros apresentaram um grau de substituição menor quando foram utilizados os aldeídos aromáticos com substituintes doadores de elétrons (Sajomsanga, Tantayanon et al., 2008). Rabea e colaboradores (2006) obtiveram quitosana com substituintes N-alquila e Narila que apresentaram atividades fungicidas e inseticidas superiores a da própria quitosana. Em pesquisas mais recentes (2009), os resultados mostraram que a modificação química da quitosana com os aldeídos aromáticos aumentou a atividade biológica contra bactérias e fungos patogênicos de plantas. Estes resultados trazem perspectivas de que os derivados de quitosana têm potencial de tornarem-se alternativas para o controle das doenças em plantas, em vez de alguns pesticidas nocivos (Rabea, Badawy et al., 2006, 2009). Em estudos referentes à quitosana modificada por N-alquilação redutiva, publicamos em 2009 um artigo que relata a obtenção de derivados de quitosana usando glutaraldeído e 3amino-1-propanol na presença de borohidreto de sódio. A modificação na estrutura da quitosana resultou em derivados com ação viscosificante. A solubilidade dos polímeros em solução aquosa ácida diminuiu com o aumento da razão molar de glutaraldeído e 3-amino-1propanol em relação à quitosana. O agente redutor e a atmosfera inerte no meio reacional contribuíram para aumentar a solubilidade e a viscosidade da solução polimérica (Alves, Vidal et al., 2009). Os desafios para superar as limitações de solubilidade da quitosana em meio aquoso, em uma ampla faixa de pH, têm despertado muito interesse de pesquisadores. Considerando as metodologias que podem promover esse efeito, a graftização de grupos hidrofílicos na cadeia da quitosana mostra-se como um método favorável. Nesse sentido, o poli(etileno glicol), PEG, destaca-se como uma alternativa importante para a graftização da quitosana e Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 41 uma das formas de inserir o PEG é através da reação de N-alquilação redutiva (Casettari, Vllasaliu et al., 2012). 3.1.3.2 QUITOSANA-g-PEG PEG é um polímero sintético com fórmula estrutural H-(O-CH2-CH2)n-OH, onde n é o número médio de unidades repetidas, óxido de etileno, na estrutura química. Comercialmente, ele é encontrado em uma grande variedade de massas moleculares. É um polímero solúvel em água e em solventes orgânicos como acetona e etanol, sendo insolúvel em éter e hidrocarbonetos alifáticos. PEG é um polímero muito utilizado como produto farmacológico devido à sua biocompatibilidade, também é usado como agente dispersante (Abdel-Mohsen, Aly, et al., 2012; Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Gorochovceva, Naderi et al., 2005). Para a obtenção de quitosana ramificada com PEG (quitosana-g-PEG), as hidroxilas terminais do PEG devem ser modificadas para um grupo funcional mais reativo que permita a funcionalização nos grupos amino ou hidroxilas da quitosana. A ativação do PEG pode ser obtida com diferentes funções químicas, tais como aldeído, ácido carboxílico, epóxido, tosilato, carbonato de p-nitrofenila, sulfonato, azida, maleimida e éster succinimida (Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Gorochovceva, Naderi et al., 2005). Quando o PEG com a função hidroxila bifuncional nas extremidades da sua cadeia é ativado para modificar a estrutura da quitosana, ocorre reticulação entre as cadeias e produto final reticulado tem a sua solubilidade reduzida em meio aquoso. Assim, o análogo monofuncional metóxi-poli(etileno glicol), mPEG, que apresenta uma metila e uma hidroxila como grupos terminais tem sido utilizado em vez do PEG para modificar a quitosana, pois evita a formação de ligações cruzadas durante a modificação química (Abdel-Mohsen, Aly, et al., 2012; Bentley, Roberts, et al., 1998; Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Gorochovceva, Naderi et al., 2005; Hu, Jiang et al., 2005; Jeong, Kim et al., 2008; Yao, Zhang et al., 2007; Zhang, Zhang et al., 2008). A reação de alquilação redutiva tem sido bastante empregada para a obtenção de quitosana-g-mPEG, pois várias vantagens envolvem o uso dessa metodologia (AbdelMohsen, Aly, et al., 2012; Bentley, Roberts, et al., 1998; Du e Hsieh, 2007; Gorochovceva, Naderi et al., 2005; Muslim, Morimoto et al., 2001; Sugimoto, Morimoto et al., 1998; Yao, Zhang et al., 2007; Zhang, Zhang et al., 2008). A seletividade da reação com substituição prioritária ao grupo amino da quitosana, as condições reacionais de forma branda, sistema Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 42 aquoso, pH da solução não agressivo (pH 5-6) e temperatura ambiente. Além disso, a reação ocorre em sistema homogêneo. A modificação química realizada em condições homogêneas evita uma distribuição não uniforme das unidades substituintes na cadeia da macromolécula (Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Desbrières, Martinez, et al., 1996; Kurita, 2001; Rinaudo, 2006). O processo de modificação da quitosana com PEG por alquilação redutiva inicia com a oxidação da hidroxila terminal do PEG para a função aldeído. Após a reação, o PEG-aldeído obtido é separado por (re)precipitações em solventes orgânicos, filtrações e secagem, para posterior inserção na quitosana (Abdel-Mohsen, Aly, et al., 2012; Bentley, Roberts, et al., 1998; Du e Hsieh, 2007; Gorochovceva, Naderi et al., 2005; Muslim, Morimoto et al., 2001; Sugimoto, Morimoto et al., 1998). Em geral, a síntese de quitosana-g-mPEG através da alquilação redutiva resulta em copolímeros com baixo grau de substituição. Porém, a maioria das outras metodologias de reação usada para aumentar o grau de incorporação de PEG na cadeia polimérica da quitosana é complexa. Muitos métodos utilizam várias etapas de reação, seja através da inserção de grupos protetores, a fim de obter quimioseletividade, ou na elaboração de PEG ativado com grupos funcionais mais reativos. Recursos como catalisadores também são utilizados, mais removê-los do produto final torna-se dificultoso (Abdel-Mohsen, Aly, et al., 2012; Casettari, Vllasaliu et al., 2012; Sugimoto, Morimoto et al., 1998). No entanto, a obtenção de quitosanag-PEG com baixo grau de substituição de elevada massa molar de mPEG favorece a solubilidade em água e pode manter mais facilmente a estrutura da quitosana preservada, conservando importantes propriedades peculiar a natureza original. Nesse caso, um baixo grau de substituição na quitosana torna-se uma vantagem (Sugimoto, Morimoto et al., 1998). Gorochovceva e colaboradores (2005) avaliaram alguns processos de oxidação do mPEG (massa molar 2000) para obtenção de mPEG-aldeído, em seguida, procederam a graftização na quitosana por alquilação redutiva. A oxidação foi realizada por procedimentos químico e enzimático, o primeiro método foi baseado em dimetilsulfóxido (DMSO) com cloreto de ácido oxálico e anidrido acético (Ac2O). Também foi utilizado o reagente oxidante N-oxil-2,2,6,6-tetrametilpiperidina (radical TEMPO), usando o hipoclorito de sódio (NaClO) e o [bis(acetóxi)iodobenzeno] conhecido como BIAB. A metodologia enzimática empregou a enzima álcool oxidase, porém houve desnaturação da enzima durante a reação, causando a Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 43 conversão mais desfavorável. O uso do sistema TEMPO/BIAB resultou em oxidação excessiva, formando produto bifuncional que promove quitosana reticulada. Os melhores resultados foram obtidos com DMSO/cloreto de ácido oxálico, entretanto a temperatura de reação é muito baixa (30 °C negativo). O percentual de conversão alcançou 30 a 54 % para o uso de TEMPO/NaClO e DMSO/Ac2O (Gorochovceva, Naderi et al., 2005). Mais recentemente, Abdel-Mohsen e colaboradores (2012) estudaram a oxidação do mPEG através do DMSO com anidrido acético. As variáveis investigadas foram a razão molar dos reagentes (Ac2O/OH do mPEG - massa molar 2000), o tempo de reação e o volume do solvente (DMSO). A Figura 3.14 exibe os resultados das variáveis estudas (Abdel-Mohsen, Aly, et al., 2012). Figura 3.14 – a) Relação entre razão molar Ac2O/OH mPEG e teor de aldeído de mPEG; b) Efeito do tempo de reação e teor de aldeído; c) Efeito de DMSO e teor de aldeído de mPEG; (T 22 °C; DMSO 30 mL - a, c; tempo de reação 9 h - a, c; razão molar 20 - b, c Fonte: (Abdel-Mohsen, Aly et al., 2012) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 44 Sugimoto e colaboradores (1998) investigaram a graftização de PEG através da Nalquilação redutiva na quitosana, considerando as variáveis reacionais. A solubilidade dos produtos no meio aquoso em maiores faixas de pH foi dependente da massa molar de PEG, do grau de substituição e do grau de acetilação da quitosana (Sugimoto, Morimoto et al., 1998). Em geral, a literatura relata baixos valores de grau de substituição para obtenção de quitosana-g-mPEG, embora, derivados análogos com mPEG (massa molar 2000) foram obtidos com grau de substituição elevado. Além disso, um alto porcentual de conversão foi obtido em 5 minutos do início de reação (temperatura de reação foi 55 °C, tempo de reação 6 h). A dificuldade de separação e purificação desses polímeros foi superada utilizando salting out com sulfato de amônio. Entretanto, as amostras de baixa massa molar apresentaram baixo rendimento devido à perda do polímero no processo de lavagem com acetona. A solubilidade dos derivados em água foi maior com o aumento do grau de substituição (Gorochovceva, Naderi et al., 2005). Gorochovceva e colaboradores (2005) avaliaram as amostras de quitosana-g-mPEG e do precursor, em solução salina e faixa de pH 5-6, em função das propriedades de adsorção em sílica. Os polímeros, que apresentaram ambas as interações eletrostática (grupos amino protonados - cargas positivas) e ligação de hidrogênio (cadeias de mPEG - grupos hidrofílicos) com a superfície da sílica (cargas negativas), tiveram maior adsorção sobre a superfície da sílica (carregada negativamente). No entanto, com o aumento do grau de substituição de mPEG na estrutura da quitosana, os polímeros foram mais facilmente desorvidos, quando submetidos à lavagem com solução salina, devido ao impedimento estérico que inibiu a fixação do polímero na superfície plana da sílica (Gorochovceva, Naderi et al., 2005). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 45 3.1.4 Estudo das Propriedades Físico-Químicas O uso da quitosana está principalmente relacionado com sistemas em soluções aquosas e, portanto, existe uma necessidade de compreender o seu comportamento em tal meio. Em alguns casos, as cadeias da quitosana em solução encontram-se como macromoléculas individuais (cadeias livres), em outros, como agregados. As propriedades físico-químicas das soluções de quitosana e de seus derivados influenciam diretamente as suas aplicações (Philippova e Korchagina, 2012). A quitosana em solução aquosa ácida comporta-se como um polieletrólito catiônico anfifílico, portanto as suas propriedades dependem da relação entre as interações hidrofílicas e hidrofóbicas. Estas interações podem ocorrer entre os segmentos da mesma cadeia ou das diferentes cadeias da quitosana; e entre os segmentos da cadeia polimérica e as moléculas de solvente ou substâncias adicionadas ao sistema. Estas interações dependem essencialmente do potencial eletrostático do polímero em solução (Domard, 2011). As propriedades físico-químicas das soluções de quitosana e dos derivados estão associadas às interações intra e intermoleculares. Estas interações são dependentes da natureza do polímero e dos parâmetros de solução, tais como o grau médio de carga no polímero e sua distribuição ao longo das cadeias, massa molar, pH da solução, concentração de polímero, temperatura e força iônica do meio, entre outros. Todos estes fatores são importantes para o estudo das propriedades da quitosana em solução (Chiu, Chen et al., 2009; Domard, 2011; Kumirska, Weinhold et al., 2011; Nyström, Kjoniksen et al., 1999; Philippova e Korchagina, 2012; Philippova, Korchagina et al., 2012). A dependência entre as interações moleculares e as propriedades físico-químicas de derivados de quitosana com relação às aplicações pode ser exemplificada pelos resultados da pesquisa de Main-gam (2006). A estrutura da quitosana foi modificada quimicamente utilizando o poli(óxido de etileno) e hexanal, grupos hidrofílicos e hidrofóbicos, respectivamente. O balanço entre a composição hidrofílica e hidrofóbica proporcionou propriedades surfactantes e foram utilizados como agentes modificadores de superfície de silicone. As cadeias hidrofóbicas promoveram agregações intermoleculares e as espécies laterais hidrofílicas, em maior proporção, melhoraram a solubilidade em meio aquoso e Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 46 atuaram como uma barreira, impedindo a adesão e o crescimento de bactérias na superfície de silicone, portanto atuando como bactericida (Mai-Ngam, 2006). Várias técnicas são empregadas para avaliação do comportamento das propriedades físico-químicas da quitosana em solução aquosa. Dentre os métodos usuais, mencionaremos reologia, espalhamento de luz dinâmico (DLS), espalhamento de raios-X a baixos ângulos (SAXS) e potencial zeta ( ). Através dessas técnicas podemos obter informações sobre o comportamento reológico, viscosidade, tamanho de partículas, agregações das macromoléculas e estabilidade da partícula em solução. A seguir, serão abordadas algumas contribuições dessas técnicas na caracterização das propriedades da quitosana e derivados. 3.1.4.1 REOLOGIA A Reologia consiste no estudo do escoamento ou deformação dos materiais quando submetido a uma tensão. Os materiais poliméricos apresentam ambas as propriedades de líquidos (comportamento viscoso) e sólidos (comportamento elástico), por essa razão são chamados de viscoelásticos. O estudo reológico de polímeros em solução permite avaliar as propriedades relacionadas à estrutura macromolecular em solução. Através de medidas de viscosidade (medida da resistência de um material à fluência) de soluções poliméricas é possível caracterizar as estruturas e as propriedades dos polímeros. Podemos obter, por exemplo, informações a respeito das dimensões da cadeia, do formato e tamanho da partícula de polímero (volume hidrodinâmico), da massa molar, do comportamento de fluxo. Diversos parâmetros afetam a viscosidade das soluções das macromoléculas, especialmente, a concentração de polímero, a massa molar, a natureza do polímero, as características do solvente e a temperatura. Geralmente, a preparação da amostra para os ensaios viscosimétricos também interfere nos resultados das medidas de viscosidade das soluções poliméricas. Dependendo do tipo de procedimento adotado, tais como filtração e centrifugação das soluções, pode-se ter adsorção física e/ou química do material a ser analisado ou a eliminação de moléculas maiores que irão refletir diretamente nos resultados (Kulicke e Clasen, 2004). Para avaliar as propriedades físicas de uma solução polimérica que é dependente da concentração de polímero, segundo a literatura, existem três regimes dinâmicos de Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 47 concentração para uma solução polimérica: sistema diluído, semidiluído (semiconcentrado) e concentrado. Considerando os regimes de concentração de polímero em solução, um parâmetro de interesse é a concentração crítica do polímero (C* - overlap concentration). Esta concentração crítica marca uma transição de uma solução diluída para uma solução mais concentrada (Cho, Heuzey et al., 2006; Kulicke e Clasen, 2004). A Figura 3.15 exemplifica um esquema da concentração crítica e dos regimes de concentração de uma solução polimérica. Figura 3.15 - Representação dos regimes de concentração de polímero em solução e da concentração crítica (C*) C < C* Solução diluída C* Concentração crítica C > C* Solução semidiluída Basicamente, a diferença entre os regimes está relacionada às interações das macromoléculas em solução. Pode-se definir o regime diluído como sendo um sistema em que a probabilidade de existir interação entre as macromoléculas em solução é muito pequena, pois as cadeias do polímero estão isoladas umas das outras no solvente. Na transição deste regime para soluções mais concentradas, o sistema passa por uma concentração intermediária, sendo esta denominada de concentração crítica. Essa transição é acompanhada de grandes mudanças nas propriedades de fluxo de um polímero em solução. Em concentrações acima de C*, o comportamento de fluxo é determinado pelas interações intermoleculares, já que nesse meio ocorrem entrelaçamentos dos novelos poliméricos (Cho, Heuzey et al., 2006; Kulicke e Clasen, 2004). A viscosidade de uma solução polimérica está relacionada com a dimensão da molécula do polímero e as interações existentes entre as partículas do sistema, ou seja, interações polímero-polímero e polímero-solvente. Em geral, as espécies poliméricas com massas molares maiores estão associadas às soluções mais viscosas, assim como, maiores Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 48 concentrações de polímero em solução proporcionam viscosidades mais elevadas. Estes efeitos são devidos às interações intermoleculares (Sorbie, 1991). Em concentrações diluídas de polímero, as interações polímero-polímero são reduzidas, permitindo medir as interações polímero-solvente. Essas medidas fornecem informações a respeito das dimensões da cadeia, do formato e tamanho da partícula do polímero (volume hidrodinâmico) em solução. Os termos viscosimétricos relacionam, principalmente, à contribuição do soluto no incremento de viscosidade do solvente. Na maioria das vezes, os experimentos são realizados em viscosímetros capilares e fundamentam-se no tempo de escoamento do solvente e da solução (Kulicke e Clasen, 2004). A viscosidade pode ser expressa de diversas formas, tais como viscosidade relativa, r, específica, sp, reduzida, red, inerente, inh, e intrínseca, []. A maioria das relações que exprimem a viscosidade é dependente da concentração (C). No entanto, a viscosidade intrínseca é uma expressão independente da concentração, isto é, a viscosidade é expressa através da extrapolação da concentração quando C→0, sendo muito importante para relacionar ao tamanho da molécula do polímero, bem como correlacionar com a massa molar. Expressões de viscosidades são definidas na Tabela 3.1 (Kulicke e Clasen, 2004; Sorbie, 1991). Tabela 3.1. Expressões de viscosidade. Viscosidade Fórmula r Relativa Específica sp t 0 t0 ( 0 ) 0 Reduzida red Inerente inh Intrínseca (t t 0 ) r 1 t0 sp C ln r C sp liminh C 0 C C 0 [ ] lim t: tempo de escoamento da solução de polímero; t0: tempo de escoamento do solvente. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 49 Equações matemáticas para a determinação da viscosidade intrínseca de um polímero em solução estão disponíveis na literatura. Em sistemas diluídos as equações empíricas expressam uma região linear, desde que as interações polímero-polímero sejam minimizadas. Nestes casos, as equações podem ser empregadas para obtenção da viscosidade intrínseca. As relações mais usualmente utilizadas são: Equação de Huggins (Equação 3.5), Equação de Kraemer (Equação 3.6) e Equação de Schulz-Blaschke (Equação 3.7) (Kulicke e Clasen, 2004). sp C = + K H C 2 lnr 2 = + K K C C sp C = + ΚSB sp (3.5) (3.6) (3.7) Em que, sp é a viscosidade específica, sp/C é a viscosidade reduzida, r é a viscosidade relativa, lnr/C é a viscosidade inerente, [] é a viscosidade intrínseca, C é a concentração da solução e KH, KK e KSB são as constantes de Huggins, Kraemer e SchulzBlaschke, respectivamente. As equações matemáticas citadas exprimem uma relação gráfica da viscosidade em função da variação da concentração. Para as equações de Huggins, Kraemer e SchulzBlaschke, a viscosidade intrínseca é o coeficiente linear da reta, determinada pela extrapolação dos dados da viscosidade quando C→0, e as respectivas constantes são obtidas a partir do coeficiente angular da reta e da viscosidade intrínseca. De acordo com a literatura, as constantes de Huggins e Kraemer são adequadas para avaliar a qualidade do solvente. KH é considerado um parâmetro relacionado às interações polímero-solvente. Resultados experimentais indicam que para alta afinidade entre polímero e solvente, atribuindo boa solvatação, KH varia de 0,25 a 0,5. Do mesmo modo, valores negativos de KK são atribuídos a bons solventes e valores positivos sugerem maus solventes (Delpech, Coutinho et al., 2002). Diferentemente dos polímeros flexíveis, os polissacarídeos possuem estruturas mais rígidas e, por isso, os valores de KH, normalmente, são mais elevados. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 50 Dentre os parâmetros que influenciam a viscosidade das soluções de polímeros em geral, já mencionados, os polieletrólitos também são afetados por outros fatores, tais como o grau de dissociação dos grupos iônicos, a força iônica do meio e o pH da solução (Cho, Heuzey et al., 2006; Kulicke e Clasen, 2004). Considerando a estrutura da quitosana como um polieletrólito catiônico em meio aquoso ácido, os grupos amino protonados ocasionam repulsão eletrostática entre as cadeias do policátion, resultando na expansão das cadeias poliméricas. Em soluções de polieletrólitos, em geral, conforme o grau de dissociação aumenta, na presença de um bom solvente, o volume do polímero em solução torna-se maior, aumentando a viscosidade da solução. Entretanto, em solução diluída, a adição de uma quantidade limite de sal de baixa massa molar à solução do polieletrólito, o efeito das interações repulsivas é reduzido, devido à blindagem das cargas positivas pelos íons de carga oposta, reduzindo o volume da molécula e, consequentemente, diminuindo a viscosidade da solução (Cho, Heuzey et al., 2006; Qun e Ajun, 2006; Rinaudo, Pavlov et al., 1999). A dependência entre as condições de análise (solvente, temperatura) e a dimensão da cadeia do polímero em solução fornece diferentes valores da constante de Huggins. Desbrères e colaboradores (1996) relataram um valor de KH = 0,7 para a quitosana em solução aquosa de ácido acético 0,3 M/acetato de sódio 0,05 M, a 20 ºC. Desbrères (2004) reportou KH = 0,45 para a quitosana no mesmo solvente citado acima, mas na temperatura de 25 ºC (Desbrères, Martinez et al., 1996; Desbrères, 2004). Cho e colaboradores (2006) demonstraram o efeito da força iônica do meio na constante de Huggins para a quitosana a 25 ºC. Para soluções aquosas de ácido acético 0,5 M, KH = 0,28; de ácido acético 0,5 M/acetato de sódio 0,1 M, KH = 0,44; ácido acético 0,5 M/acetato de sódio 0,1 M/cloreto de sódio 0,3 M, KH = 0,66. A solubilidade da quitosana diminuiu em função do aumento da força iônica (Cho, Heuzey et al., 2006). A medida da viscosidade intrínseca também pode ser utilizada para a determinação da massa molar média e para estimar a concentração crítica. De modo prático, a concentração crítica pode ser determinada pelo recíproco da viscosidade intrínseca (C* 1/[]), entretanto, em muitos casos, C* encontra-se na faixa de 0,5/[] a 2/[] (Desbrères, 2002). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 51 A viscosidade intrínseca está relacionada à massa molar viscosimétrica média dos polímeros através da relação matemática descrita pela Equação de Mark-Houwink-Sakurada (Equação 3.8). Esta equação é somente utilizada para polímeros lineares (Kulicke e Clasen, 2004). = K × MV α (3.8) Em que, [] é a viscosidade intrínseca, K[] e são constantes dependentes do sistema polímero-solvente e da temperatura, Mv é a massa molar viscosimétrica média. As constantes K[] e são estabelecidas para um dado sistema polímero-solventetemperatura e uma vez determinadas, a massa molar de outras amostras do mesmo polímero pode ser obtida, necessitando apenas o conhecimento da viscosidade intrínseca nas mesmas condições. De acordo com Gorochovceva e colaboradores (2005), a viscosidade intrínseca de quitosana-g-mPEG foi inversamente proporcional ao GS, embora não tenha ocorrido degradação da cadeia polimérica. A diminuição da viscosidade com o aumento de mPEG (massa molar 2000) nos copolímeros foi atribuída às propriedades do mPEG, já que a quitosana apresentou maior viscosidade em comparação com os derivados e o mPEG. O aumento do GS das amostras favoreceu a solubilidade em água. Em meio aquoso as cadeias longas de mPEG são hidratadas, inibindo as associações intermoleculares através de impedimento estérico (Gorochovceva, Naderi et al., 2005). A definição de viscosidade de um fluido por Newton é a resistência ao deslizamento de suas moléculas devido à fricção interna e, quanto maior o grau de fricção interna de um fluido, maior é a sua viscosidade. Segundo o modelo de duas placas paralelas, de áreas A, separadas por uma distância h, movimentadas através da aplicação de uma força F (Figura 3.16). A força requerida por unidade de área (F/A) para manter uma diferença de velocidade entre as placas (dv/dx) é diretamente proporcional ao gradiente de velocidade através do líquido. Assim, o coeficiente de proporcionalidade é igual à viscosidade () Equação 3.9. A força por unidade de área é conhecida como tensão de cisalhamento () e o gradiente de velocidade é conhecido como taxa de cisalhamento (). A lei de Newton da viscosidade pode ser expressa pela Equação 3.10 (Ferreira, Brandão et al., 2005). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 52 Figura 3.16 – Modelo de placas paralelas: escoamento de fluido de Newton Fonte: (Ferreira, Brandão et al., 2005) F dv = A dx = σ γ (3.9) (3.10) O comportamento de fluxo de soluções é resultado das propriedades do fluido e pode ser observado através de medidas de viscosidade ou de tensão () em função da taxa de cisalhamento (). A avaliação e o controle destas propriedades são requisitos essenciais para a seleção de um material em muitas aplicações industriais (Schramm, 2006). De acordo com a classificação do comportamento reológico, os fluidos cuja viscosidade não depende da taxa de cisalhamento são chamados de newtonianos. Os sistemas em que a viscosidade é dependente da taxa de cisalhamento são denominados fluidos nãonewtonianos. Dependendo do comportamento da viscosidade, os fluidos podem ser pseudoplásticos, neste caso, as curvas apresentam diminuição da viscosidade com o aumento da taxa de cisalhamento, e dilatantes, para os fluidos em que a viscosidade aumenta em função do aumento da taxa de cisalhamento. Também existem os sistemas que dependem do limite de escoamento, que são designados de fluidos plásticos e pseudoplásticos com limite de escoamento. Curvas de tensão e viscosidade em função da taxa de cisalhamento são frequentemente utilizadas para expressar o comportamento reológico de soluções poliméricas (Figura 3.17) (Schramm, 2006). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 53 Figura 3.17 - Curvas de tensão (a) e viscosidade (b) versus taxa de cisalhamento para os fluidos newtonianos, pseudoplásticos e dilatantes (a) (b) Fonte: (Schramm, 2006) Propriedades reológicas foram avaliadas por Yang e colaboradores (2002) para derivados de quitosana preparados por N-alquilação redutiva com monossacarídeos e dissacarídeos. O comportamento de fluxo dos compostos em solução mudou de newtoniano para pseudoplástico com o aumento da concentração dos derivados ou a diminuição do GS. O efeito do pH e da força iônica na viscosidade das soluções poliméricas foi atenuado com o aumento do GS (Yang, Chou et al., 2002). Os polímeros hidrofobicamente modificados, também denominados de polímeros associativos, apresentam um comportamento de viscosidade que está relacionado às associações intra/intermoleculares entre os microdomínios hidrofóbicos em solução em função da concentração de polímero. Pesquisas têm mostrado que em condições de alto cisalhamento, as interações hidrofóbicas podem ser desfeitas, resultando na diminuição da viscosidade. No entanto, a baixas taxas de cisalhamento, as associações hidrofóbicas podem ser novamente formadas, promovendo um aumento de viscosidade do fluido (Desbrières, 2004; Philippova e Korchagina, 2012). A incorporação de uma pequena quantidade de grupos hidrofóbicos em uma cadeia polimérica hidrofílica, geralmente resulta em sistemas de polimeros associativos, nos quais suas soluções apresentam um aumento de viscosidade, um aumento da tolerância aos sais e das estabilidades térmica e mecânica. Esse comportamento é devido às associações Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 54 hidrofóbicas que ocorrem em meio aquoso. As interações hidrofóbicas possuem um papel central em muitos processos em que a agregação acontece em meio aquoso, tal como o enovelamento de proteínas, formação de micelas e de complexos macromoleculares. Os polímeros que apresentam o comportamento associativo em solução têm sido utilizados em recuperação avançada de petróleo (Philippova e Korchagina, 2012). A quitosana modificada hidrofobicamente também apresenta o comportamento de associações moleculares. Chiu e colaboradores (2009) desenvolveram um sistema de hidrogel sensível ao pH que exibe uma mudança rápida de conformação da estrutura em uma faixa estreita de pH. Os autores modificaram a quitosana com cadeias laterais hidrofóbicas provenientes de ácido palmítico (Chiu, Chen et al., 2009). As propriedades físico-químicas da quitosana em solução são significativamente influenciadas pelo pH do meio. A Figura 3.18 ilustra o efeito do pH para as soluções de quitosana e derivado. Em solução mais ácida (pH 3), os grupos amino presentes na cadeia da quitosana estão protonados (NH3+), limitando as interações entre as suas macromoléculas carregadas devido à repulsão eletrostática. Com o aumento do pH para aproximadamente pH 6, os grupos amino na quitosana tendem a ser desprotonados (NH2) e favorecem a formação de ligações de hidrogênio entre os grupos hidroxilas e os grupos amina da quitosana. Portanto, interações intermoleculares são formadas nesse meio e sua dinâmica reológica reflete uma natureza viscosa com o aumento do pH de 3,0 para 6,2. O derivado-NPCS em solução aquosa ácida apresenta cargas positivas (grupos amino protonados) e cadeias laterais hidrofóbicas (grupos provenientes do ácido palmítico), portanto suas propriedades em solução são resultantes do equilíbrio entre a repulsão eletrostática e as interações hidrofóbicas como resposta ao pH do meio. Em pH baixo, a repulsão entre as cargas dos grupos amino protonados foi dominante, conduzindo à expansão das cadeias. Com o aumento do pH, as interações hidrofóbicas predominaram no sistema, formando agregados de macromoléculas em uma organização tridimensional, ou seja, um aumento significativo de ligações cruzadas intermoleculares de natureza física, sugerindo um aumento da natureza elástica do derivado em solução aquosa em pH mais elevado e um comportamento como um polieletrólito em baixo pH (Chiu, Chen et al., 2009). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 55 Figura 3.18 – Esquema ilustrativo do efeito do pH para soluções de quitosana-CS e derivado-NPCS Fonte: (Chiu, Chen et al., 2009) A Figura 3.19 mostra o comportamento relógico do derivado hidrofóbico de quitosana (derivado-NPCS) em solução aquosa (pH 6,5). A redução significativa da viscosidade (comportamento pseudoplástico) com o aumento da taxa de cisalhamento resultou da ruptura das ligações cruzadas físicas entre as cadeias do polímero. Além disso, o sistema foi capaz de rapidamente retornar a condição inicial de viscosidade após cessar o cisalhamento devido à auto-associação molecular (Chiu, Chen et al., 2009). Figura 3.19 – Comportamento reológico do derivado-NPCS: viscosidade versus taxa de cisalhamento Fonte: adaptado de (Chiu, Chen et al., 2009) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 56 Desbrières e colaboradores (1996) modificaram a estrutura da quitosana com substituintes hidrofóbicos. Os sistemas de quitosana modificada apresentaram associações hidrofóbicas em solução aquosa ácida, formando soluções viscosas. Os parâmetros que tiveram grande influência nessas interações hidrofóbicas incluíram a natureza e o número de sítios hidrofóbicos, a concentração de polímero, a temperatura e a força iônica do meio (Desbrières, Martinez et al., 1996). Desbrières (2004) apresentou um estudo sobre N-alquilquitosanas em função do comportamento reológico, focando a influência dos parâmetros estruturais (tamanho das cadeias alquilas inseridas na quitosana e GS) e da temperatura. Dependendo da estrutura química do derivado, diferentes comportamentos reológicos foram observados. O aumento da viscosidade ou o valor constante da viscosidade com a elevação da temperatura foi verificado após um ajuste da concentração do polímero em solução. A Figura 3.20 exemplifica esse comportamento reológico. As concentrações de polímero utilizadas foram: 8 g/L (CC12 - GS 5 %), 10 g/L (CC8 - GS 12 %), 10 g/L (CC6 - GS 50 %) e 53 g/L para a quitosana original. A notação CC12 – GS 5 % corresponde a alquilquitosana contendo grupos alquila de doze carbonos (CC12) e grau de substituição de 5 % (GS 5 %), sistemática similar corresponde as demais notações (Desbrières, 2004). Figura 3.20 - Influência da temperatura na viscosidade das N-alquilquitosanas em solução de ácido acético 0,3 M/acetato de sódio 0,05 M; ω = 0,1 Hz Fonte: (Desbrières, 2004) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 57 Esses derivados N-alquilquitosana com cadeias alifáticas apresentaram comportamento reológico específico que, juntamente com as propriedades dos polímeros naturais, permitem aplicações não apenas em indústrias de alimento e cosmético como modificadores reológicos, mas também na área de petróleo (Desbrières, 2004). Bhattarai e colaboradores (2005) obtiveram hidrogéis termosensíveis de quitosana-gPEG, obtidos através da N-alquilação redutiva. Os autores observaram um aumento na viscosidade dos hidrogéis com a elevação da temperatura de 10 para 37 °C em função do tempo. A transição sol-gel ocorreu em temperatura inferior à temperatura corporal média (~ 37 °C). Tais observações associadas ao aumento da solubilidade em meio aquoso permitiram a preparação dos hidrogéis em uma maior faixa de pH, incluindo o pH fisiológico no qual espécies bioativas podem ser incorporadas, classificando o produto como um hidrogel injetável, com características para o potencial uso na liberação controlada de fármacos (Bhattarai, Ramay, et al., 2005). Diferentemente dos hidrogéis físicos, Argüelles-Monal e colaboradores (1998) produziram géis químicos através de ligações cruzadas por ligações químicas entre quitosana e glutaraldeído. Quimicamente, a reticulação foi formada por ligações covalentes entre os grupos amino da quitosana e os aldeídos terminais do glutaraldeído, gerando uma rede tridimensional e restringindo a mobilidade do polímero. O comportamento viscoelástico do sistema polimérico resultou na formação de um gel mais consistente para as condições que apresentaram mais ligações cruzadas (Argüelles-Monal, Goycoolea et al., 1998). 3.1.4.2 Espalhamento de Luz Dinâmico (DLS) O espalhamento de luz é uma das metodologias muito utilizada na caracterização de polímeros em solução. A técnica divide-se em espalhamento de luz estático (SLS – static light scattering) e dinâmico (DLS - dynamic light scattering), no SLS mede-se a intensidade média da luz espalhada por um conjunto de partículas para o espalhamento estático e no DLS medese as flutuações da intensidade do espalhamento em função do tempo. A técnica de espalhamento de luz dinâmico também é denominada por espectroscopia de correlação de fótons (PCS - photon correlation spectroscopy) e espalhamento de luz quase elástico (QELS quasi-elastic light scattering). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 58 Em espalhamento de luz, um feixe de luz monocromático (normalmente uma fonte de laser de He-Ne) incide sobre uma amostra e a onda eletromagnética original é espalhada para todas as direções. A intensidade de luz espalhada é detectada por uma fotomultiplicadora. O módulo do vetor de espalhamento (q) é definido pela Equação 3.11. O valor de q é a diferença vetorial entre o vetor de onda da radiação incidente (magnitude 2 / ) e o vetor de onda da luz espalhada (aproximadamente igual à radiação incidente). q 4 n0 sen 2 (3.11) Em que: - ângulo de espalhamento; n0 - índice de refração do solvente onde as partículas estão imersas e - comprimento de onda da luz incidente. Nos experimentos de espalhamento de luz dinâmico, a intensidade da luz espalhada, em curtos intervalos de tempo, é registrada como uma função do tempo e as flutuações nessa intensidade da luz espalhada são observadas como consequência das flutuações de concentração no volume de espalhamento. A origem das flutuações são as variações no índice de refração dentro do volume de espalhamento, devido ao movimento Browniano das partículas (Lucas, Soares et al., 2001). O sinal da radiação é transformado por meio de um correlator em função de correlação temporal. g 2 (t ) I (t ) . I (t ) I (t ) 2 (3.12) A função g2 (t) pode ser relacionada com a função de correlação do campo elétrico g1 (t) através da relação de Siegert. g 2 t 1 B g 1 t 2 (3.13) Em que: B é um parâmetro instrumental. Para um conjunto de espalhadores monodispersos, g1 (t) está relacionada com a frequência de relaxação das partículas: g1 t exp t Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado (3.14) 59 Em que: = 1/ é a frequência de relaxação das partículas (Heineck, Cardoso et al., 2008). Enquanto que para um sistema polidisperso, g1 t A exp( t ) . Através dos experimentos de espalhamento de luz dinâmico, é possível determinar o coeficiente de difusão (D) de macromoléculas em solução a partir do valor da freqüência de relaxação ( ) obtido da análise de uma função de correlação temporal, segundo a Equação 3.15, em que q é o vetor de onda da luz espalhada (Lucas, Soares et al., 2001). D.q 2 (3.15) A partir do valor de D, é possível determinar o raio hidrodinâmico (RH) da partícula esférica espalhante através da equação de Stokes-Einstein, em que: é a viscosidade do solvente a uma dada temperatura (T) e B é a constante de Boltzmann (Equação 3.16). RH k BT 6 D (3.16) Para um grande número de processos de relaxação independentes, g1(t) é a soma das contribuições dos processos individuais e g1(t) pode ser expressa através da distribuição contínua de relaxação, indicada na Equação 3.17. Em que A() é a distribuição da luz espalhada em função do tempo de relaxação. g 1 t A exp t d (3.17) 0 Podemos também interpretar os dados de espalhamento de luz dinâmico através da função de correlação temporal, que é descrita por uma exponencial simples, seguida de tempos maiores através de uma extensão exponencial, em que Af + As = 1. g 1 t A f exp 1 f As exp t se Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado (3.18) 60 Os parâmetros Af e As correspondem às amplitudes dos modos de relaxação rápido (―fast‖) e lento (―slow‖), respectivamente. A variável le é o tempo de relaxação efetivo, e (0 1) é uma medida da distribuição dos tempos de relaxação. Em geral, o modo de relaxação rápido reflete o movimento das cadeias de polímeros relativas ao solvente. O modo de relaxação lento está associado à relaxação de um conjunto de cadeias individuais ou agregado. A Figura 3.21 ilustra flutuações temporais na intensidade de luz espalhada por dispersões de partículas grandes e dispersões de partículas pequenas. O movimento lento de partículas grandes causa lentas alterações na intensidade da luz espalhada. Enquanto que, a movimentação rápida de partículas pequenas provoca uma flutuação muito rápida na intensidade de luz espalhada. As flutuações de intensidade de luz espalhada ao longo do tempo são representadas através de uma função de correlação de tempo. Para partículas pequenas, a função de correlação entre as intensidades diminui mais rapidamente com o tempo, do que no caso de partículas grandes (Lim, Yeap et al. 2013). Figura 3.21 – Esquema da medida da intensidade de luz espalhada (a) e a sua correspondente função de correlação (b) obtida por espalhamento de luz dinâmico Fonte: (Lim, Yeap et al., 2013) As análises de DLS fornecem informações sobre a distribuição dos tamanhos das partículas poliméricas, sejam as macromoléculas livres em solução (individuais) ou Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 61 agregadas. Além disso, DLS é uma técnica muito sensível para investigar a presença de agregados, pois a intensidade do espalhamento de luz aumenta significativamente com o aumento do diâmetro da partícula (d). Mesmo uma população muito pequena de agregados resulta em uma alta intensidade de espalhamento de luz (I α d6). Por isso, DLS tem sido extensivamente empregado para estudar o comportamento de agregação de diversos polímeros em meio aquoso, dentre eles, a quitosana (Blagodatskikh, Bezrodnykh et al., 2013; Chen, Hsu et al., 2011; Philippova, Korchagina et al., 2012; Popa-Nita, Acouffe et al., 2010). O fenômeno de agregação das cadeias de quitosana em meio aquoso ácido, estudado por DLS, tem sido atribuído principalmente a três efeitos: (a) os grupos acetamido residuais, (b) a desprotonação dos grupos amino e (c) a concentração polimérica. Mais recentemente, novos aspectos têm sido abordados, porém, o exato mecanismo de agregação em soluções de quitosana ainda não está totalmente compreendido (Blagodatskikh, Bezrodnykh et al., 2013; Chen, Hsu et al., 2011, Philippova, Korchagina et al., 2012). De acordo com os resultados de medidas de DLS de soluções de quitosana em regime diluído, na ausência de sal e com os grupos amino completamente protonados, obtém-se uma única distribuição de tamanho de partícula, com raio hidrodinâmico observado em torno de 25 nm para as amostras de quitosana com até 70 % de grau de desacetilação. Nesse caso, as cadeias encontram-se isoladas em solução e assumem uma condição de máxima hidratação e expansão das cadeias poliméricas. Conforme os grupos amino protonados sofrem neutralização, uma segunda população com raio hidrodinâmico médio de 250 nm é obtida. Essa nova distribuição foi atribuída à formação de nano-agregados de natureza hidrofóbica. O aumento do diâmetro das partículas de quitosana em solução em função do aumento do GA foi relacionado aos grupos acetamido, em razão do seu caráter hidrofóbico, que contribuem para as interações atrativas em solução aquosa. A formação dos agregados também foi favorecida com o aumento da concentração, especialmente acima da concentração crítica, c*. Nesse caso, os agregados são obtidos em solução com os grupos amino completamente desprotonados, e as associações foram atribuídas ao aumento das ligações de hidrogênio (Domard, 2011; Schatz, Pichot et al., 2003). A Figura 3.22 apresenta dados de experimentos de DLS para quitosana em solução aquosa em regime diluído e em alta concentração salina. O aumento do grau de acetilação favorece a formação de agregados (RH ~ 300 nm) e a formação de aglomerados em escala Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 62 micrométrica. Segundo Popa-Nita e colaboradores (2010), o aumento da concentração favoreceu a população de maior tamanho de aglomerados. A Figura 3.22 também mostra que os agregados foram removidos em processos de filtração das soluções (0,45µm - Millipore), resultando em apenas um modo de relaxação atribuído às cadeias isoladas. Entretanto, os colaboradores verificaram que, com o aumento da concentração de polímero, não ocorre remoção completa dos agregados por filtração ou os agregados são regenerados em um tempo curto, existindo um equilíbrio dinâmico entre cadeias livres e agregadas. Esses resultados demonstram que os agregados não são originados da dissolução incompleta do polímero. As dimensões dos agregados e dos clusters dependem das características estruturais da quitosana e da constituição da solução (concentração, solvente, agente de neutralização, força iônica, temperatura, etc) (Popa-Nita, Acouffe et al., 2010). Figura 3.22 – Distribuição normalizada em função do tempo de relaxação () e RH ( = 90 °; concentração de quitosana 0,01 % (m/m); solução de ácido acético 0,2 M/acetato de amônio 0,15 M; pH 4,5) Fonte: (Popa-Nita, Acouffe et al., 2010) Blagodatskikh e colaboradores (2013) estudaram a influência de procedimentos de filtração das soluções diluídas de oligômeros de quitosana e o fenômeno de agregação das partículas através da técnica de DLS. Os colaboradores verificaram que o tamanho de poro (1,2; 0,45; 0,2 µm) e o material da membrana (éster de celulose ou fluoreto de polivinilideno –PVDF) utilizada na filtração das amostras afetam os resultados de agregação. Quanto maior a porosidade do filtro, maior é o tamanho do RH dos agregados. Considerando a mesma porosidade e o tipo de material diferente das membranas, quando se utiliza filtro de celulose, os agregados em solução não são eliminados, porém, com o uso de filtro de PVDF, os agregados são desfeitos. Outro dado interessante é a regeneração dos agregados em solução após o procedimento de liofilização da solução previamente filtrada em PVDF, seguida de reKeila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 63 dissolução e submissão à análise de DLS sem filtração adicional. Para o mesmo processo anterior, porém submetendo a uma nova filtração em PVDF antes do ensaio de DLS, novamente os agregados são desfeitos. Os estudos de espalhamento de luz mostraram que os oligômeros de quitosana, em soluções diluídas, se encontram parcialmente associados em toda faixa de pH abaixo do pH crítico, antes da separação de fase, em solventes de diferentes forças iônicas (ácido acético 0,1 M; ácido acético 0,1 M/acetato de sódio 0,3 M pH 5,4). No entanto, em análises de cromatografia de exclusão por tamanhos de alto desempenho e de viscosimetria, não se observa a influência da filtração. Esses resultados foram atribuídos à ação de cisalhamento (Blagodatskikh, Bezrodnykh et al., 2013). O comportamento de agregação da quitosana em solução tem sido reconhecido por muitos pesquisadores, especialmente, quando os grupos acetamido presentes na quitosana formam longas sequências ao longo das cadeias poliméricas. Sugere-se que estes grupos interagem entre si através de ligações de hidrogênio, além das interações hidrofóbicas devido aos grupos acetamido presentes na estrutura química do biopolímero. No que se refere à quitosana com distribuição aleatória das unidades acetiladas, os dados disponíveis sobre o efeito do GA no seu comportamento de agregação mostram contradições. As agregações são mais pronunciadas com valores de GA 50 – 60 %, atribuídas às interações hidrofóbicas pelos grupos acetamido. Entretanto, essas amostras apresentam maior solubilidade e menor cristalinidade, indicando interações intermoleculares mais fracas, devido aos impedimentos estéricos causados pelos grupos acetamido (Kubota, Tatsumoto et al., 2000; Philippova, Korchagina et al., 2012; Sogias, Khutoryanskiy et al., 2010). Em geral, o comportamento de melhor solubilidade de quitosana com GA 50 % observa-se, principalmente, para as amostras obtidas por re-acetilação homogênea proveniente de quitina totalmente desacetilada. Por outro lado, o comportamento de agregação de quitosana com GA alto é frequentemente encontrado para as amostras preparadas por desacetilação parcial de quitina. Neste caso, espera-se que algumas zonas cristalinas permaneçam, como resultado de uma dissolução incompleta do polímero (Philippova, Korchagina et al., 2012). De acordo com a Figura 3.23, as amostras de quitosana podem apresentar agregação em meio ácido, de forma independente da quantidade de grupos acetamido presentes na estrutura da quitosana. Os resultados de DLS para quitosana com GA = 0 mostram a formação Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 64 de agregados intermoleculares e cadeias livres com o raio hidrodinâmico de 145 nm e 17 nm, respectivamente, em condições de solvente-. Além disso, a fração da intensidade de espalhamento de luz para as cadeias isoladas da amostra completamente desacetilada é muito menor do que para a quitosana acetilada (GA 56 %). A quitosana GA = 56 % mostrou uma tendência menor para agregação. Estas observações demonstram que a agregação em soluções aquosas ácidas de quitosana não é principalmente devido às interações entre os grupos acetamido. Portanto, esses resultados contrariam a condição geralmente admitida de que as interações entre as unidades acetiladas são a principal causa da agregação (Philippova, Korchagina et al., 2012). Figura 3.23 – Função de distribuição normalizada do raio hidrodinâmico a) GA 0 % e b) GA 56 % ( = 90°; concentração de quitosana 1,2 x 10-3 mol/L em 0,3 M de ácido acético/0,05 de acetato de sódio) Fonte: (Philippova, Korchagina et al., 2012) A agregação das amostras de quitosana desacetiladas pode ser explicada pela sua elevada capacidade de cristalização, em razão da estrutura ser mais regular com a ausência de grupos laterais volumosos, facilitando o empacotamento das macromoléculas. A cristalização é reforçada por numerosas ligações de hidrogênio intra e intermoleculares (Philippova, Korchagina et al., 2012; Sogias, Khutoryanskiy et al., 2010). Philippova e colaboradores (2012) também verificaram o efeito da filtração de soluções de quitosana em função do fenômeno de agregação. Soluções de quitosana foram filtradas em filtro de acetato de celulose com poros de diâmetro menor do que o tamanho dos agregados obtidos em solução. Ainda assim, os agregados permaneceram em solução, indicando que os agregados estão em equilíbrio dinâmico com as macromoléculas individuais. Os agregados são formados principalmente como resultado da interação intermolecular entre Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 65 as macromoléculas dissolvidas e não devido às partículas insolúveis. A adição de ureia na solução de quitosana enfraqueceu a agregação, confirmando que ligação de hidrogênio e/ou interações hidrofóbicas são parcialmente responsáveis pelas agregações. Portanto, o efeito parcial da ureia na agregação da quitosana pode ser resultado da formação de domínios cristalinos, que tornam as ligações de hidrogênio inacessíveis e/ou mais estáveis à ureia (Philippova, Korchagina et al., 2012; Sogias, Khutoryanskiy et al., 2010). Devido à existência de interações eletrostáticas em polieletrólitos, como a quitosana em solução aquosa ácida, geralmente, os estudos sobre as propriedades hidrodinâmicas de polieletrólitos têm sido realizados em soluções com adição de sal para blindar as cargas dos grupos iônicos ao longo das cadeias e, consequentemente, minimizar as repulsões eletrostáticas. Chen e colaboradores (2011) estudaram o comportamento de agregação de amostras de quitosana (GA 30 % e 7,3 %) em soluções de diferentes concentrações de sal (0,01 - 0,5 M) através de DLS. O aumento da força iônica e um maior grau de acetilação favoreceram o aumento do raio hidrodinâmico da quitosana em solução diluída. Em solução com força iônica média (I = 0,1), para a amostra com grau de acetilação maior e através da diminuição do ângulo de espalhamento de luz de 90º para 30°, houve a identificação de agregados. Enquanto que a diminuição da força iônica (I = 0,01) contribuiu para a observação de agregados independente do grau de acetilação. A Figura 3.24 exibe uma representação das espécies de quitosana (GA 30 %) em solução aquosa ácida, em diferentes forças iônicas (I) (Chen, Hsu et al., 2011). Em sistema de baixa força iônica (I = 0,01 M) (Figura 3.24 (a)), há dois modos de relaxação para as soluções. O modo de relaxação rápido pode ser resultado do acoplamento do movimento entre as cadeias de policátions e os contra íons do solvente, enquanto que o modo de relaxação lento pode ser atribuído à formação de estruturas agregadas em solução de força iônica baixa. Em meios de força iônica média (I = 0,1 M) (Figura 3.24 (b)), as macromoléculas de quitosana encontram-se isoladas e em pequena quantidade de agregados em solução. A blindagem das cargas da quitosana (ou a diminuição da densidade de prótons da quitosana com a inibição da repulsão eletrostática) resultou na compactação das cadeias. Embora, o Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 66 solvente utilizado (ácido acético 0,2 M/ de acetato de sódio 0,1 M) seja considerado um bom solvente para a quitosana, provavelmente, para a amostra com GA mais elevado, possa proporcionar uma redução da qualidade do solvente, favorecendo as interações hidrofóbicas como também as ligações de hidrogênio, causando agregações entre as cadeias e, consequentemente, o aumento do raio hidrodinâmico. A compactação intra-cadeia gera a diminuição do volume hidrodinâmico da quitosana e a associação inter-cadeias causa a formação de agregados, aumentando o raio hidrodinâmico. Em soluções de força iônica elevada (I ≥ 0,2 M) (Figura 3.24 (c)), o aumento de sal em solução diminui a hidratação da quitosana, favorecendo a formação de interações hidrofóbicas e a associação entre as macromoléculas compactas, promovendo o aumento na concentração de agregados. Figura 3.24 – Modelo representativo de espécies de agregados de quitosana GA 30 % em solução com diferentes forças iônicas (concentração de polímero 0,40 mg/mL, solução aquosa de ácido acético 0,10 M) Fonte: (Chen, Hsu et al., 2011) Segundo Chen e colaboradores (2011), deve-se destacar que a intensidade de luz espalhada das soluções de quitosana diminui significativamente com a redução da força iônica do meio no intervalo estudado. Com a força iônica do meio suficientemente baixa, uma pequena quantidade de agregados foi exibida. Entretanto, em uma força iônica maior, os agregados poderiam estar ocultos devido a um sinal de espalhamento de luz intenso do polieletrólito em solução, sendo detectado apenas através da diminuição da intensidade de luz espalhada. Outra abordagem referente à agregação em soluções ácidas de baixa força iônica resulta da interação atrativa de variações dipolares em solução. O processo teria origem em Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 67 uma pequena quantidade de espécies comparadas à estrutura da quitina presentes em solução. Neste caso, as espécies e os grupos amino protonados da quitosana poderiam distribuir-se de forma assimétrica. Embora existam as repulsões eletrostáticas, as ligações de hidrogênio poderiam ser favorecidas entre as espécies comparadas à quitina e, assim, gerar uma distribuição assimétrica entre os grupos em solução, favorecendo interações atrativas resultantes de variação dipolar na solução. O resultado seria a agregação das moléculas com as espécies semelhantes à quitina e esse processo de agregação seria diferente daquele encontrado em soluções de elevada força iônica (Chen, Hsu et al., 2011). Geralmente, a avaliação das propriedades hidrodinâmicas da quitosana, assim como para os polieletrólitos em solução em análises de DLS, é realizada em solução aquosa salina. No caso da quitosana, em presença de sal ocorre à blindagem dos grupos amino carregados positivamente pelos contra íons do sal e, consequentemente, as fortes interações eletrostáticas entre as cadeias poliméricas são reduzidas (Blagodatskikh, Bezrodnykh et al., 2013; Chen, et al., 2011; Philippova e Korchagina, 2012; Philippova, Korchagina et al., 2012; Popa-Nita, Acouffe et al., 2010). Embora o pH altere significativamente os sistemas constituídos por cargas positivas e/ou negativas e, por conseguinte, as propriedades em solução de um polieletrólito, existem poucas publicações que relatam estudos sobre a quitosana e seus derivados em solução aquosa na ausência de sal (Liu, Xu et al., 2009; Pa e Yu, 2001, Schatz, Pichot et al., 2003). Os resultados de análises de DLS obtidos em ângulo de espalhamento de luz de 25º por Pa e Yu (2001) revelaram dois modos de relaxação com duas distribuições de tamanhos de partículas para as soluções aquosas de quitosana em ácido acético, na ausência de sal. O aparecimento do modo lento em soluções de quitosana em meio ácido foi atribuído ao conjunto de várias moléculas de quitosana, tendo o raio hidrodinâmico do agregado aumentado com a diminuição do valor de pH da solução. Segundo os colaboradores, a ligação entre os íons dos grupos aminos protonados pertencentes às moléculas da quitosana e os íons carregados negativamente (acetato) do solvente causaram a formação de agregados. A expansão da cadeia da quitosana e a interação com o contra íon podem reduzir a distância entre as moléculas de quitosana e favorecer a formação de aglomerados (Pa e Yu, 2001). A agregação da quitosana pode ser facilmente afetada pelo pH da solução, já que o mesmo altera o grau de dissociação das cadeias poliméricas. Em alguns casos, agregados de Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 68 quitosana são formados em solução aquosa ácida com a diminuição do pH e distanciamento do pH crítico, quando as cadeias poliméricas estão completamente carregadas e em sua hidratação máxima. Nestas amostras, a atração entre os grupos associativos pode ser tão forte que supera tanto a repulsão eletrostática entre as cadeias quanto a perda da entropia derivada dos contra íons que estão localizados no interior dos agregados (Pa e Yu, 2001; Philippova e Korchagina, 2012). De um modo geral, a tendência de agregação torna-se mais pronunciada com o aumento do pH para as proximidades do pH crítico da quitosana, antes de ocorrer a precipitação do polímero (Philippova e Korchagina, 2012). Esse fato é atribuído, em parte, à diminuição da quantidade das espécies protonadas (NH3+), que impedem a agregação das macromoléculas através das repulsões eletrostáticas. Além disso, os grupos neutralizados (NH2) podem formar ligações de hidrogênio adicionais estabilizando o estado agregado. Esta agregação, que antecede a precipitação do polímero, é reversível e pode ser comprovada por histerese (Schatz, Pichot et al., 2003). Kulikov e colaboradores (2012) demonstraram que os oligômeros de quitosana também podem formar agregados em soluções diluídas. A Figura 3.25 apresenta a distribuição dos raios hidrodinâmicos de cadeias individuais e de agregados de tamanhos distintos para os oligômeros. Embora a quantidade de grupos amino protonados varie de acordo com o pH, os raios hidrodinâmicos dos agregados permaneceram com valores constantes em quase toda faixa de pH ácido. Este resultado pode ser atribuído à condensação iônica, os contra íons localizam-se perto dos sítios carregados das cadeias poliméricas e, consequentemente, a carga efetiva das macromoléculas torna-se praticamente a mesma. No entanto, próximo ao pKa, pH 6,42, além dos agregados menores, também foram observados agregados com dimensões maiores. As amostras analisadas por DLS foram previamente filtradas em membranas de tamanho de poro 0,22 (nitrocelulose), enquanto que para as análises em pH 6,42 foram utilizadas membranas de 0,8 (éter de celulose). Vale ressaltar que agregados podem ser afetados por procedimentos de filtração em análises de DLS, entretanto, os colaboradores não relacionaram a questão no artigo (Blagodatskikh, Bezrodnykh et al., 2013; Kulikov, Tikhonov, et al., 2012; Philippova e Korchagina, 2012). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 69 Figura 3.25 – Distribuição dos raios hidrodinâmicos de oligômeros de quitosana obtidos por DLS Fonte: (Kulikov, Tikhonov, et al., 2012) O aumento da concentração favorece a formação de agregados de quitosana em solução, como também afeta a dimensão dos agregados. O aumento no RH dos agregados é observado quando a atração dos grupos associativos é favorecida, superando a repulsão eletrostática. Isto ocorre sob condições em que as cadeias de quitosana têm a densidade de cargas reduzida, em solução com pH mais elevado, em quitosana de maior GA e em solução salina. Entretanto, quando em solução de baixo pH, em que as macromoléculas estão totalmente protonadas e a concentração de sal é insuficiente para blindagem dos grupos carregados, os agregados tendem a não aumentar de tamanho devido à natureza de estabilização eletrostática. Caso contrário, a sua carga poderá exceder um valor crítico, resultando no colapso dos agregados. Este resultado está relacionado com o comportamento da gota carregada de Rayleigh, em que uma gota esférica, cuja carga é superior a um determinado valor crítico decompõe-se em várias gotas menores com uma carga menor do que o valor crítico (Domard, 2011; Korchagina e Philippova, 2010; Philippova e Korchagina, 2012; Schatz, Pichot et al., 2003; Tamashiro e Schiessel, 2006). Embora o mecanismo de agregação em soluções de quitosana ainda não esteja totalmente elucidado, os derivados de quitosana e quitina também merecem atenção com relação ao fenômeno de agregação. Philippova e colaboradores (2012), ao considerar os derivados O-carboximetilquitina (na presença de grupos acetamido) e di-N,N- carboximetilquitosana (na ausência de grupos acetamido), observaram que a agregação é inerente aos derivados solúveis em água de quitina e quitosana, incluindo sistemas com cargas positivas e negativas. Tal como ocorre na quitosana, os grupos acetamido não foram Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 70 necessários para que ocorressem agregações em solução dos derivados. Além disso, as agregações e as cadeias isoladas ocorreram em regiões de tamanhos de RH similares à quitosana (Philippova, Korchagina et al., 2012). Quitosana modificada hidrofobicamente apresenta domínios hidrofóbicos inerentes aos substituintes hidrofóbicos e à própria quitosana, proveniente dos grupos acetamido. Em geral, a graftização de substituintes hidrofóbicos na estrutura da quitosana aumenta a sua tendência para agregação em sistemas aquosos, semelhante a qualquer outro polieletrólito hidrofóbico associativo. Em solução diluída, a agregação intramolecular predomina quando a quantidade de grupos associativos em uma cadeia polimérica é suficiente para estabilizá-la, caso contrário, a agregação intermolecular será favorecida (Philippova e Korchagina, 2012). A quantidade e a dimensão de substituintes hidrofóbicos inseridos na quitosana influenciam no fenômeno de agregação. Geralmente, o aumento dos sítios hidrofóbicos na estrutura da quitosana resulta em agregados mais densos com tamanhos reduzidos devido ao aumento da atração entre os grupos associativos. Os grupos hidrofóbicos com dimensões maiores contribuem significativamente para agregação do polímero. O aumento no tamanho do substituinte tende a gerar agregados com diâmetros maiores em presença de interações intermoleculares, e partículas menores em interações intramoleculares. A partir de seis átomos de carbono, há uma tendência a ocorrer agregações intermoleculares, pois espécies volumosas aumentam o impedimento estérico e a rigidez da macromolécula. Contudo, o tamanho e o teor devem ser considerados conjuntamente. Em todo caso, a dimensão da quitosana é determinada pela relação entre as forças atrativas através das ligações de hidrogênio e interações hidrofóbicas que favorecem a agregação, e as forças repulsivas eletrostáticas dos grupos amino protonados (Philippova e Korchagina, 2012). De acordo com os resultados de Robles e colaboradores (2013), os diâmetros hidrodinâmico médio dos derivados hidrofóbicos em solução aquosa (pH 5,3) diminuíram quando comparados à quitosana (360 nm), e acentuou-se com o aumento do grau de substituição de grupos n-dodecila (310 nm, GS 5% e 250 nm, GS 50%) ou n-octila (260 nm, GS 5% e 140 nm, GS 50%) introduzidos na estrutura da quitosana (Robles, Villar et al., 2013). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 71 Em solução diluída e solvente Korchagina e Philippova (2010) observaram a presença de cadeias individuais e agregadas, simultaneamente, para as diferentes massas molares de quitosana e seus derivados hidrofóbicos graftizados com segmentos n-dodecila. A conformação semi-rígida da cadeia da quitosana e o baixo grau de substituição de segmentos hidrofóbicos na macromolécula favoreceram a agregação intermolecular, que resultou no aumento do tamanho dos agregados e do número de agregação para os derivados. Os colaboradores demonstraram que o tamanho dos agregados formados é independente do comprimento das cadeias individuais dos polímeros. Os agregados contêm uma quantidade específica de grupos associativos e de grupos carregados positivamente, em que o número de cadeias poliméricas presentes nos agregados diminui com o aumento da massa molar do polímero, mas permanece com o mesmo número de monômeros. Como consequência, o tamanho dos agregados mantém-se constante, 134 nm para quitosana e 180 nm para o derivado, em diferentes massas molares dos respectivos polímeros. Este efeito deriva da natureza eletrostática de estabilização para os agregados (Korchagina e Philippova, 2010). Derivado de quitosana com ácido linoléico obtido por Liu e colaboradores (2005) apresentou alteração no diâmetro hidrodinâmico em função da presença de sal, mudança de pH e concentração de ureia. A adição de NaCl e o aumento do pH diminuíram o tamanho das partículas em solução. A compactação dos agregados está associada à redução da repulsão eletrostática, causada pelo efeito de blindagem dos grupos amino protonados pelos contra íons do sal e redução da densidade de cargas nas cadeias poliméricas com o aumento do pH. Adicionalmente, os grupos neutralizados (NH2) formam ligação de hidrogênio que contribuem para a estabilização da conformação mais contraída. Por outro lado, o tamanho das partículas aumentou à medida que elevou a concentração de ureia devido à diminuição das ligações de hidrogênio e interações hidrofóbicas, assumindo uma conformação mais estendida (Liu, Chen et al., 2005). Ouchi e colaboradores (1998), utilizando análise de DLS para quitosana-g-mPEG em água, obtiveram diâmetros hidrodinâmicos entre 70 e 120 nm com o aumento de mPEG (massa molar 5000) inserido na quitosana, respectivamente. O efeito do mPEG foi determinante para a solubilização em água, diminuindo as interações entre as macromoléculas da quitosana por impedimento estérico. A Figura 3.26 ilustra a organização da estrutura quitosana-g-mPEG em meio aquoso em função do pH. Os colaboradores observaram que a incorporação de um fármaco hidrofóbico em quitosana-g-mPEG foi máxima em meio alcalino Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 72 e neutro em função das agregações intermoleculares em solução aquosa. Entretanto, o polímero em condição ácida favoreceu a liberação do fármaco, admitindo-se que os agregados foram desfeitos devido à repulsão eletrostática dos grupos amino protonados (Ouchi, Nishizawa et al., 1998). Figura 3.26 - Esquema da agregação e dissociação da quitosana-g-mPEG em meio aquoso em função do pH Fonte: (Ouchi, Nishizawa et al., 1998) Derivados graftizados de quitosana (CS-g-PCLePEG) com grupos hidrofóbicos policaprolactona (PCL -massa molar 3000) e grupos hidrofílicos – metóxi-poli(etileno glicol) (mPEG - massa molar 5000) foram sintetizados e avaliados quanto ao processo de agregação em meio aquoso. As cadeias de PEG desempenharam um papel crucial na estabilidade dos agregados. Análises de DLS exibiram uma distribuição monomodal atribuída aos agregados com diâmetros hidrodinâmicos em torno de 200 - 400 nm. Os agregados diminuíram de tamanho com o aumento do grau de substituintes inseridos na quitosana e do pH (Figura 3.27), mas praticamente não foram alterados com a variação da concentração do polímero em solução. Entretanto, em meio neutro e GS específico, o diâmetro aumentou em função do tempo nos primeiros dez dias até manter-se constante. O tamanho, a morfologia e a estabilidade dos agregados podem ser controlados ajustando a razão dos grupos hidrofóbicos e hidrofílicos na estrutura da quitosana (Liu, Xu et al., 2009). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 73 Figura 3.27 – Representação da agregação em função do pH para quitosana graftizada com grupos hidrofóbicos e hidrofílicos Fonte: (Liu, Xu et al., 2009) 3.1.4.3 Potencial Zeta () O potencial zeta ( ) é definido como o potencial eletrocinético que existe no plano de cisalhamento entre a unidade, formada pela superfície de partículas carregadas e contraíons próximo da superfície, e o fluido circundante (Figura 3.28). A maioria dos materiais em contato com um líquido adquire uma carga elétrica em sua superfície, proveniente da dissociação de grupos ionizaveis da superfície da partícula e da adsorção diferencial de íons da solução na superfície da partícula. A carga líquida na superfície da partícula afeta a distribuição de íons na sua vizinhança, aumentando a concentração de contraíons junto à superfície. Assim, forma-se uma dupla camada elétrica na interface da partícula com o líquido. Uma região interna que inclui íons fortemente ligados à superfície e uma região exterior onde a distribuição dos íons é determinada pelo equilíbrio entre forças eletrostáticas e o movimento térmico. Dessa forma, o potencial nessa região decai com o aumento da distância da superfície até atingir o potencial da solução. Esse potencial é convencionado como potencial zero (http://www.instrutecnica.com/represen/bic/teoriazeta.html). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 74 Figura 3.28 – Representação do potencial zeta Fonte: (http://www.instrutecnica.com/represen/bic/teoriazeta.html) As medidas do não podem ser feitas diretamente, entretanto, o potencial zeta pode ser calculado a partir das medidas de mobilidade eletroforética ( e ) das partículas em solução. Os dados de potencial zeta permitem investigar a carga líquida do sistema polimérico, assim é um indicador indireto da densidade de carga superficial e da estabilidade do sistema. Embora o potencial zeta seja considerado o potencial de superfície da partícula, o sinal e a grandeza do potencial zeta também dependem das condições da solução, tais como força iônica e pH do meio, reagentes que fazem ligação química com a superfície, resultando em valores de potencial zeta positivos ou negativos, independente da partícula ser neutra ou não. De uma forma geral, a mobilidade eletroforética está relacionada com o potencial zeta pela Equação de Henry (Equação 3.19) (Beliciu e Moraru, 2011; Buschmann, Merzouki et al., 2013; Camino, Sánchez et al,. 2011; Pujana, Pérez-Álvarez et al., 2012; Robles, Villar et al., 2013). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 75 e 2 f (ka) 3 (3.19) Onde f (ka) é função dependente do modelo, é a constante dielétrica, é a viscosidade do solvente. ka é um produto adimensional, onde a é o raio da unidade cinética. Para limite em que ka → 0, a equação de Henry se reduz à equação de Hückel. Neste caso, f (ka) é igual a 1. No limite ka → , a equação de Henry se reduz à equação de Smoluchowski e f (ka) é igual a 1,5 (Hiemenz, Rajagopalan, 1997; Shaw, 1992). O potencial zeta é um indicador da carga de superfície, portanto pode ser usado para prever a estabilidade de sistemas coloidais. Quanto maior o valor do potencial zeta mais provável é que a suspensão seja estável devido à repulsão entre as partículas que supera a tendência natural de agregação (http://www.instrutecnica.com/represen/bic/teoriazeta.html). Um dos parâmetros mais influentes nos valores de potencial Zeta é o pH do meio (Pujana, Pérez-Álvarez et al., 2012; Robles, Villar et al., 2013). A Figura 3.29 mostra o efeito do pH nos valores de potencial zeta das partículas de quitosana com poli(etileno glicol) – PEG (Pujana, Pérez-Álvarez et al., 2012). Pujana e colaboradores (2012) observaram que os valores do aumentaram de (-8) – (-10) para 30-45 mV na faixa de pH de 10 a 4, o que pode ser atribuído a progressiva protonação dos grupos amino com a diminuição do pH. Os grupos amino presentes não apenas na superfície como também dentro das partículas contribuem com os valores do zeta. Figura 3.29 – Efeito do pH no potencial zeta Fonte: (Pujana, Pérez-Álvarez et al., 2012) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 76 3.1.4.4 Espalhamento de Raios-X a Baixos Ângulos (SAXS) O espalhamento de raios-X a baixos ângulos (SAXS) é um método analítico usado para investigar a estrutura de sistemas de partículas em relação aos tamanhos médios das partículas e suas conformações. A técnica de SAXS pode ser aplicada em diversas áreas para análises de materiais como polímeros em solução (Schnablegger e Singh, 2011). Em um experimento de SAXS, os feixes de raios-X altamente colimado e monocromático com comprimento de onda entre 0,01 e 0,2 nm são espalhados elasticamente através de um sistema de partículas. As partículas que interagem com os raios-X enviam sinal para um detector, que mede a estrutura média de todas as partículas iluminadas do sistema, em um determinado ângulo . A intensidade de espalhamento I (q) está relacionada com a diferença na densidade eletrônica entre diferentes partes de um sistema de partículas em estudo (Blazek e Gilbert, 2011; Schnablegger e Singh, 2011). Os experimentos de espalhamento a baixos ângulos medem a intensidade de espalhamento em função do vetor de espalhamento (q), que é definido pela Equação 3.20 (Blazek e Gilbert, 2011): q 4 sen ...................................................(3.20) Onde é a metade do ângulo em que a radiação é espalhada e é o comprimento de onda da radiação incidente. O vetor de espalhamento na intensidade máxima do pico, qmax , está relacionado com o comprimento de correlação ( ) ou distância entre cadeias de acordo com a Lei de Bragg ( 2 qmax ). Popa-Nita e colaboradores (2009) avaliaram quitosana com diferentes graus de acetilação (69%, 37%, 9% e 1,5%) em solução de acetato. Os autores observaram um deslocamento de qmax em direção aos valores mais altos de q com a diminuição do grau de acetilação (Popa-Nita et al., 2009) Boucard e colaboradores (2007) estudaram a gelificação da quitosana em solução aquosa ácida (13,7 g/L e GA = 46%) em contato com um gás amônia por SAXS. A estrutura Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 77 do polieletrólito foi caracterizada pela posição da sua intensidade máxima. O pico do efeito polieletrolítico dos géis estudados desapareceu completamente em pH acima de 6,5, devido à neutralização dos grupos NH3+ presentes na cadeia da quitosana (Boucard et al., 2007). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDEL-MOHSEN, A. M. et al. Biomedical Textiles Through Multifunctioalization of Cotton Fabrics Using Innovative Methoxypolyethylene Glycol-N-Chitosan Graft Copolymer. Journal of Polymers and the Environment, v. 20, n. 1, p. 104-116, 2012. ISSN 1566-2543. 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METODOLOGIA, RESULTADOS E DISCUSSÃO A metodologia experimental, os resultados e discussão estão descritos nos manuscritos intitulados: Manuscrito: ―One-pot preparation of water-soluble chitosan-g-mPEG and its aqueous solution properties‖ - Submetido a Carbohydrate Polymers. Manuscrito: ―Hydrophilic and hydrophobic chitosan derivatives: The effect of pH on the stability and aggregation phenomenon in the dilute regime‖ - Em fase de submissão. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 90 One-pot preparation of water-soluble chitosan-g-mPEG and its aqueous solution properties Keila S. Alvesa,b*, Bruna V. Limaa, Marcos A. Villettic, Rosangela R. L. Vidald, Elisangela F. Boffod, Rosangela C. Balabana a Laboratory of Petroleum Research, LAPET, Institute of Chemistry, Federal University of Rio Grande do Norte, UFRN, 59078-970, Natal/RN, Brazil b Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte, IFRN, 59508-000, Ipanguaçu/RN, Brazil c Lepol, Department of Physics, CCNE, Federal University of Santa Maria, UFSM, 97105-900, Santa Maria/RS, Brazil d Department of Physical Chemistry, Federal University of Bahia, UFBA, 40170-115, Salvador/BA, Brazil *Correspondence to: K. S. Alves (E-mail: [email protected]) Abstract Chitosan was grafted with poly(ethylene glycol) (mPEG) by reductive amination and simultaneously acetylated, using a one-pot method under mild reaction conditions. The chemical structure of the polymers was characterized by nuclear magnetic resonance (1H NMR) and CHN elemental analysis. The physicochemical properties were evaluated as a function of pH by turbidity, zeta potential, small-angle X-ray scattering (SAXS) and rheology. The low incorporation of mPEG combined with the reacetylation of amino groups was significant to improve the solubility and thermal stability of chitosan in a wide pH range from 3 to 13. SAXS data showed that chitosan-g-mPEG (CHPI) did not present a polyelectrolyte character depending of pH value, in contrast to the chitosan. The CHPI solutions exhibited lower viscosity than chitosan in acid medium. However, at basic pH, both viscosity and thermal stability increased, as well as presented a pronounced shear thinning behavior, suggesting strong intermolecular associations in the alkaline medium. Keywords: Chitosan; Poly(ethylene glycol); Reductive amination; One-pot method; Solubility Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 91 1. Introduction The highlight of chitosan (CH) has grown significantly as it is commercially produced from renewable resources, chitin derivative, an abundant biopolymer extracted mostly from crustaceans shell wastes. Furthermore, chitosan has important structural and functional properties with a large variety of applications (Alves & Mano, 2008; Casettari et al., 2012; Kumar, 2000; Kurita, 2001; Mourya & Inamdar, 2008; Philippova & Korchagina, 2012; Pillai, Paul, & Sharma, 2009; Prashanth & Tharanathan, 2007; Rinaudo, 2006). Chitosan is insoluble in both water and organic solvents due to strong intramolecular and intermolecular hydrogen bonds and its crystallinity index. However, it dissolves in acidic aqueous solutions owing to protonation of the amino groups present on chitosan (Casettari et al., 2012; Pillai et al., 2009; Rinaudo, 2006; Sogias, Khutoryanskiy, & Williams, 2010). Different chemical modifications of chitosan through derivatization of the amine and/or hydroxyl groups can be used to overcome its lack of solubility in neutral and alkaline aqueous solutions in addition to improving its properties and extend its applications. Several approaches to increase solubility of chitosan are described in the literature such as carboxymethylation, quaternization, alkylation, acylation and grafting onto chitosan (Casettari et al., 2012; Kurita, 2001; Mourya & Inamdar, 2008; Pillai et al., 2009; Prashanth & Tharanathan, 2007). Poly(ethylene glycol) (PEG), composed of repeated ethyleneoxy units with free terminal hydroxyl group, is an ideal graft-forming polymer mainly because of its solubility in both water and organic solvents and low toxicity (Abdel-Mohsen, Aly, Hrdina, Montaser, & Hebeish, 2012; Casettari et al., 2012). The activation of the hydroxyl group of PEG with appropriate reagents allows the functionalization of amino and/or hydroxyl groups of chitosan. This activation can result in different chemical functions, for example, aldehyde, carboxylic acid, epoxide, tosylate, p-nitrophenyl carbonate, azide, maleimide and succinimidyl ester. In general, monomethoxy poly(ethylene glycol) (mPEG) has been used as PEG source in order to avoid the obtaining crosslinking chitosan caused by bifunctional PEG (Abdel-Mohsen et al., 2012; Bentley, Roberts, & Harris, 1998; Bhattarai, Ramay, Gunn, Matsen, & Zhang, 2005; Casettari et al., 2012; Du & Hsieh, 2007; Gorochovceva, Naderi, Dedinaite, & Makuska, 2005; Hu, Jiang, Xu, Wang, & Zhu, 2005; Jeong, Kim, Jang, & Nah, 2008; Muslim et al., 2001; Ouchi, Nishizaha, & Ohya, 1997; Peng, Xiong, Li, Chen, & Zhao, 2010; Sugimoto, Morimoto, Sashiwa, Saimoto, & Shigemasa, 1998; Yao, Zhang, Ping, & Yu, 2007; Zhang et al., 2008). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 92 Owing to the greater reactivity of the amino groups compared to hydroxyl groups becomes easier and selective to obtain amino-derivatization of chitosan (Casettari et al., 2012; Kurita, 2001; Xu, McCarthy, & Gross, 1996). The reductive amination (alkylation), reaction between amino groups of chitosan and aldehyde or ketone groups in the presence of a reducing agent, has been reported as a suitable method for modifying chitosan. It is selective to functionalization of amino groups of the chitosan chain as well as can be performed in aqueous solution under mild and homogeneous conditions (Desbrières, Martinez, & Rinaudo, 1996; Kurita, 2001; Rinaudo, 2006). Several publications concerning the grafting of mPEG onto chitosan by reductive amination have been reported (Abdel-Mohsen et al., 2012; Bentley et al., 1998; Bhattarai et al., 2005; Du & Hsieh, 2007; Gorochovceva et al., 2005; Muslim et al., 2001; Sugimoto et al., 1998; Yao et al., 2007; Zhang et al., 2008). In agreement with the literature, grafting mPEG onto chitosan chain improves the water solubility and primarily exceeds the solubility limit of the native biopolymer. This is one of the most important targets for expand the chitosan applications. It has been reported that the water solubility depends on several parameters, such as the molecular weight of mPEG and chitosan, the degree of substitution (DS) of grafted chitosan, the degree of acetylation (DA), the acetyl groups distribution along the chain as well as solution conditions (Casettari et al., 2012; Pillai et al., 2009; Rinaudo, 2006; Sogias et al., 2010; Sugimoto et al., 1998). Acetylation of the amine groups likewise has been used as a method for improving water solubility of chitosan. Some authors showed that chitosan with DA about 50% may be water-soluble even at a high pH (7-9). This behavior is different among chitosan samples with other DA values (Kubota, Tatsumoto, Sano, & Toya, 2000; Lu, Song, Cao, Chen, & Yao, 2004; Qin et al., 2006; Sogias et al., 2010; Taghizadeh & Davari, 2006). It is known that the solubility of mPEG-g-chitosan in water is effectively influenced by DS with high molecular weight mPEG and DA of chitosan. Although mPEG graft onto chitosan improves water solubility its, in general, the reaction methods used to obtain chitosan-g-mPEG are laborious. The difficult removal of reagents and catalyst dispersed in the final product, various reaction steps, slow purification processes and low degree of conversion of mPEG into mPEG-aldehyde are aspects that need to be overcome (Casettari et al., 2012; Gorochovceva et al., 2005; Sugimoto et al., 1998). Therefore, it would be interesting apply DA and DS parameters, concomitantly, through of a simpler procedure to achieve water-soluble chitosan. In the present study, chitosan was chemically modified with grafting of mPEG by reductive amination and included simultaneously the acetylation of Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 93 chitosan backbone. The chemical reaction was operated as a one-pot process under mild conditions. The intermediates and reagents of reaction were only eliminated in the separation and purification process of the final product. Solubility of the samples was evaluated in water and its aqueous solution properties were analyzed by zeta potential, rheology and small angle X-ray scattering (SAXS) at a wide pH range. 2. Materials and methods 2.1. Materials Chitosan (CH) (Polymar LTD) was purified as follows: 5 g of chitosan were dispersed in 1.5 L of acetic acid aqueous solution (0.5 M AcOH) and maintained under magnetic stirring for 48 hours. The suspension was centrifuged for 20 minutes at 15000 rpm and 25 ºC. The supernatant was separated and a sodium hydroxide aqueous solution (10% NaOH) was added until precipitation of the polymer (pH 8.5). The precipitate was separated and then dissolved in 1 L of 0.5 M AcOH solution under stirring, for 24 hours. The same centrifugation/precipitation process was carried out by dissolving the precipitate in 0.5 L of acidic solution. Finally, precipitate polymer was washed repeatedly with distilled water until achieving conductivity of approximately 20 µS/cm, and then washed with ethanol/aqueous solutions until washing with pure ethanol. The resulting polymer was vacuum dried at 60 ºC. All the others reagents were of analytical grade and used without further purification. Average viscosimetric molecular weight was estimated from the value of intrinsic viscosity using the Mark–Houwink equation. Viscosity measurements were performed in an Ubbelohde capillary viscometer (ϕ=53 mm) at 25 ± 0.05 °C maintained with a thermostatic bath. The solvent used for viscosity measurements was 0.3 M acetic acid solution/0.2 M sodium acetate solution. Before the experiments, the solvent and solutions were filtered through 3 and 0.45 μm cellulose acetate membranes (Millipore) (Alves, Vidal, & Balaban, 2009; Kassai, 2007). 2.2. Preparation and structural characterization of chitosan-g-mPEG In this study, chitosan was chemically modified with insertion of methoxy poly(ethylene glycol) (mPEG, Mw 2000 g/mol) by reductive amination using two methods: i) traditional method - chitosan-g-mPEG (CHPII) was obtained with previous separation of the Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 94 mPEG-aldehyde through repeated precipitations in ethylic ether, then filtered and dried for subsequent grafting onto chitosan backbone and ii) one-pot method - chitosan-g-mPEG (CHPI) was obtained without previous separation of the mPEG-aldehyde, i.e., the resulting reaction mixture containing mPEG-aldehyde was used directly to modify the chitosan. mPEG-aldehyde was prepared by oxidation of the mPEG-terminal hydroxyl. Firstly, mPEG was dissolved in anhydrous dimethyl sulfoxide (DMSO) followed by addition of acetic anhydride (Ac2O). In one-pot method, 1% chitosan aqueous solution (0.5 M AcOH) was added to initial system above. Afterward, sodium borohydride (NaBH4) was dropwise in the reaction medium to reduce the imine groups formed during the reductive amination reaction. The final mixture was poured in acetone and the precipitated polymer was separated and dissolved in 0.5 M AcOH. Solution pH was increased to about 6 with NaOH solution and dialyzed with dialysis membrane (Mw 12000 cut off) against distilled water. The obtained product was freeze dried. The reaction conditions are summarized in Table 1. Reaction scheme for the preparation of chitosan derivatives is shown in Fig. 1. Table 1. Reaction conditions used in preparation of chitosan derivatives Polymer Ac2O/mPEG mPEG/CH NaBH4/mPEG molar ratio molar ratio molar ratio CHPIa 10 0.2 8 CHPIIb 10 0.2 5 Time (h) 13 2 24 a CHPI: chitosan-g-mPEG obtained traditional method b CHPII: chitosan-g-mPEG obtained one-pot method Fig. 1. Scheme of synthesis of chitosan derivatives Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 95 Structural characterization of the polymers was performed by 1H NMR spectroscopy using a Varian Inovar 500 MHz spectrometer. The polymers (10 mg of CH and 20 mg of derivatives) were dissolved in D2O/HCl (1 mL/0.05 mL) under magnetic stirring for 24 h, at 25 °C. The 1H NMR spectra were acquired at 70 °C (Lavertu et al., 2003). Degree of deacetylation (DD) of chitosan and degree of substitution (DS) of derivatives were determined by CHN elemental analysis using a Perkin Elmer analyzer, model 2400. The solubility of the polymers in solution was evaluated by 2100AN turbidimeter – HACH, at 25 °C. Polymers were dissolved in 0.25 M AcOH solution at a concentration of 1 g/L under magnetic stirring for 24 h. The pH of the solutions was adjusted to 3, 5 and 13 with the addition of 10% NaOH solution. The polymer solutions used in each experiment were prepared by following the same procedure above, but changing the polymer concentration and pH of the solutions according to the requirements of each analysis. 2.3. Zeta potential Zeta potential ( ) data were obtained using a Brookhaven’s ZetaPALS to investigate the liquid charge of polymeric systems in dilute solutions at 1 g/L and 3 g/L in the absence of salt and in a pH range of 3-13 (CHPI) and 3-6 (CH and CHPII). The experiments were performed at 25 °C and measurements were reported with experimental error smaller than 2%. Zeta potential is related to the electrophoretic mobility ( ) by the Smoluchowski Equation (1), where is the viscosity of the solvent and is the dielectric constant of the solvent (Robles et al., 2013). 2.4. ………………………………………(1) Rheology Rheological measurements of the polymer solutions were carried out in a Haake Mars Controller Rheometer using coaxial cylinder geometry (DG41 Ti) and the temperature was controlled by a thermostatic bath coupled to the equipment. The viscosities of polymer solutions at a concentration of 10 g/L were measured at shear rates ranging from 0.1 to 300 s-1 at 25 °C and in a pH range of 3-13 (CHPI) and at pH 3 (CH and CHPII). The rheological Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 96 behavior was also studied in a temperature range of 25 to 55 °C at a constant shear rate of 10 s-1. 2.5. Small-angle X-ray scattering (SAXS) The SAXS measurements of CH, CHPII and CHPI were performed at the D11ASAXS1 beamline of the Brazilian Synchrotron Light Laboratory - LNLS (Campinas-SP, Brazil). Data were collected using Pilatus 300k detector and 300 s exposure time for each measurement at 25 ºC. The scattering intensities I(q) were recorded with scattering vector q in the range of 0.039 nm-1 < q < 1.45 nm-1 and at a wavelength of 1.488 Å. SAXS measurements were performed at a polymer concentration of 15 g/L, in aqueous solutions with different pH values (pH 3-13 for CHPI; pH 3 and 5 for CH and CHPII samples). The samples were placed in a stainless steel sample holder closed by two mica windows and the scattering patterns were recorded under vacuum. The scattering profiles were corrected for sample absorption and detector response. 3. Results and discussion 3.1. Chemical modification and structural characterization of chitosan-g-mPEG In this study, the average molecular weight (Mv = 4.5×104 g/mol) of purified chitosan (CH) was estimated through the Mark–Houwink equation and the intrinsic viscosity ([ ] = 255 mL/g) was calculated by the Huggins equation, extrapolating the concentration to zero (Alves et al., 2009; Kassai, 2007). The degree of deacetylation (DD) of CH was estimated at 81% based on the CHN elemental analysis data using Equation (2) (Santos et al., 2009). DD (%) = 100 (4 - 0.583093 x WC/N ) …………………….. (2) Where WC/N is the mass ratio between the carbon and nitrogen present in chitosan. In general, chitosan-g-mPEG have been produced at very low degree of substitution (DS) or, in order to reach higher substitution on chitosan, some complex methods have been used, involving multiple-step reactions to protect or generate intermediates and using Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 97 catalysts, which are difficult to remove. Moreover, important properties of the chitosan can be lost when it has high DS (Sugimoto et al., 1998). Different methods have been used to obtain chitosan derivatives with mPEG (Casettari et al., 2012). Among these, reductive amination has also been used for grafting mPEG onto chitosan. This reaction occurs between amino groups of chitosan and mPEG-aldehyde group in the presence of a reducing agent at neutral or slightly acidic conditions, resulting in the chitosan-g-mPEG (Abdel-Mohsen et al., 2012; Bentley et al., 1998; Bhattarai et al., 2005; Du & Hsieh, 2007; Gorochovceva et al., 2005; Muslim et al., 2001; Sugimoto et al., 1998; Yao et al., 2007; Zhang et al., 2008). Reductive amination can be performed in aqueous solution under very mild conditions at pH 4–6, room temperature (25 °C) and homogeneous conditions to obtain randomly distributed substituents along the chitosan backbone. In this study, mPEG was grafted onto chitosan by reductive amination using one-pot and traditional methods. The reaction involved the oxidation of mPEG-terminal hydroxyl using Ac2O and DMSO to convert the hydroxyl group in aldehyde group. In one-pot method, the amount of Ac2O could not be too excessive to prevent high reacetylation degree of amino groups of chitosan during reactional process. Furthermore, the amount of DMSO should be optimized due to the insolubility of chitosan in DMSO to avoid its precipitation at the beginning of the reductive amination. One-pot preparation of chitosan-g-mPEG did not require the separation of the mPEG-aldehyde intermediate, avoiding the use of organic solvent and lost time. In this procedure, the aqueous solution of chitosan was added in the system after the oxidation of mPEG-terminal hydroxyl in order to promote the reaction between amino group of chitosan and aldehyde group of mPEG-aldehyde, resulting in imine group, which was reduced to amine by addition of reducing agent (NaBH4). Sodium cyanoborohydride (NaBH3CN) is a widely used reducing agent in reductive amination systems because it is more reactive and selective than usual reducing agents (Desbrières et al., 1996). However, it is highly toxic and generates toxic by-products such as hydrogen cyanide or sodium cyanide, which may result in product contamination. The use of NaBH3CN is not acceptable in green synthesis, especially in industrial applications (Cho & Kang, 2005; Sato, Sakamoto, Miyazawa, & Kikugawa, 2004). For the above reasons, we preferred to use NaBH4, that is an inexpensive, safe to handle and environmental friendly reducing agent. Furthermore, one important point is that the excess of reducing agent can turn the solution more alkaline in which chitosan becomes less soluble, leading to its precipitation and suppressing the reduction of imine. These factors decrease the final polymer solubility. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 98 Therefore, the addition of the reducing agent must be dropwise and in a suitable quantity to avoid precipitation of the polymer (Sugimoto et al., 1998). In this case, the reaction medium had a good solubility, evidenced by the transparent color of the system. The polymer purification step is very important and influences the polymer properties. In our procedure, at the end of the reaction, the mixture was poured in acetone to precipitate the polymer and remove undesirable reactants. The precipitated polymer was separated, immediately dissolved in 0.5 M acetic acid solution, adjusted to pH 6, dialyzed against distilled water and freeze dried. This methodology provided a pure product and improved the solubility of the resulting polymer. According to Sugimoto and coauthors, mPEG in the aqueous solution could go through the dialysis membrane (cut-off molecular weight 12000) easily, but free mPEG could not be separated from the mixture of mPEG, chitosan and chitosan-g-mPEG by the dialysis. Furthermore, derivative would not precipitate from aqueous solution by the addition of organic solvent like acetone in reaction medium, due to the high hydrophilicity of derivative (Sugimoto et al., 1998). The latter question can be observed in our experiments, however the addition of reaction mixture in pure acetone was a suitable methodology to obtain chitosan-gmPEG and remove free mPEG. Chitosan and derivatives were characterized by 1H NMR. The spectra are shown in Fig. 2. Compared with chitosan, the derivatives spectra clearly showed new peaks with a strong signal at 3.85 ppm related to the methylene protons (e) of mPEG that is overlapped with H-2-6 protons of chitosan, and a weak signal at 3.5 ppm was attributed to methyl protons (d) of mPEG. In addition, a more intense signal at 2.30 ppm corresponding to methyl protons of the acetyl group (H-8) appeared in the CHPI due to reacetylation of amino groups. A weak signal at 3 ppm corresponding to protons of the methylene group linked to the N atom is exhibited in insert shown in Fig. 2. The assignments demonstrate that the desired chemical modification of polymer was achieved (Du & Hsieh, 2007; Hu et al., 2005; Yao et al., 2007). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado Rosangela_02PEG_IS_1H 99 0.0030 Normalized Intensity 0.0025 0.0020 CHP - tese.esp 0.025 f 0.0015 d e d 0.0010 0.020 0.045 CHP ppt - tese.esp Normalized Intensity Normalized Intensity Normalized Intensity 0.0005 0.040 0.015 0.035 0.045 0.030 0.010 0.040 f 0 Quitosana-tese.esp 10 9 8 7 6 0.025 0.035 5 4 Chemical Shift (ppm) 3 2 1 0 -1 e 0.005 0.020 0.030 0.015 0.025 0.010 0.020 d CHPI 9 8 7 6 f 5 4 e Chemical Shift (ppm) 3 2 1 0 -1 3 2 1 0 -1 2 1 0 -1 0.005 0.015 CHPII 0.010 9 8 7 6 0.005 d D25O H-2-6 4 Chemical Shift (ppm) H-1(D) H-2(D) H-8 CH 9 8 7 6 5 4 Chemical Shift (ppm) 3 Chemical shift (ppm) Fig. 2. 1H NMR spectra for chitosan (CH) and derivatives (CHPI and CHPII) in D2O/HCl at 70 °C Due to overlapping signals in 1H NMR spectra, the degree of substitution (DS) of mPEG group grafted onto the chitosan backbone was estimated based on the CHN elemental analysis data by the use of the C/N ratios in the following Equation (3) (Huo et al., 2010). DS (%) = C/N (mol)CHd C/N (mol)CH n x 100 (3) Where C/N (mol) is the C and N molar ratio of samples CHd – chitosan derivatives (CHPI or CHPII) and CH – chitosan, and n is the number of carbons incorporated. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 100 The DS values for CHPII and CHPI were 1.6% and 2.4%, respectively. The degree of substitution for CHPI was higher than to CHPII due to the reacetylation of amino groups present in the chitosan chain, since the excess Ac2O reagent is present in the oxidation reaction of mPEG-terminal hydroxyl during the preparation of CHPI using one-pot method. This result is in accord with 1H NMR spectrum of CHPI, as shown in Fig. 2. The low DS can be explained by low degree of conversation of original hydroxyl of mPEG to mPEG-aldehyde and low reactivity to insertion of long mPEG-aldehyde chains on chitosan (Gorochovceva et al., 2005). The turbidity of CH, CHPII and CHPI in aqueous solution at different pH is summarized in Table 2. Table 2. Turbidity of chitosan (CH) and derivatives (CHPII and CHPI) at 1.0 g/L in 0.25 M AcOH CH CHPII pH* CHPI Turbidity (NTU), 455 nm 3 19.4 8.2 10.2 5 18.0 8.6 10.6 13 184.0 186.0 10.9 *pH adjuted with 10% NaOH An increase in turbidity is indicative of the formation of insoluble particles or aggregates. The turbidity measurements indicated that the CH, CHPII and CHPI were soluble in the aqueous solution at pH 3 and pH 5 (transparent solutions), with turbidity values of around 19, 8 and 10 NTU, respectively. However, CH and CHPII became increasingly insoluble at alkaline pH, causing increasing turbidity value to around 185 NTU. As opposed to that, CHPI obtained by one-pot method exhibited a constant turbidity value (~10 NTU) at acid and alkaline pH, indicating improved solubility in water when compared to other polymers. The solubility of chitosan and derivatives in acid aqueous solution is related to protonated amino groups, thus these polymers become water-soluble cationic polyelectrolytes. On the other hand, as the pH increases, amino groups become deprotonated and the polymers lose its charges. CH and CHPII became insoluble at neutral and basic pH, while CHPI remained soluble in a wide pH range, in contrast to the precursor polymer, which precipitates above pH 6.5. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 101 The low incorporation of hydrophilic and flexible mPEG chains onto chitosan backbone combined with the reacetylation of amino groups prevented interactions between the CHPI macromolecules avoiding precipitation with increasing pH, due to the pronounced hydrogen bonding between CHPI chains and water, which favored its solubility. According to literature, the reacetylation of amine groups also has been used to improve the water solubility of chitosan due to decrease in crystallinity. This behavior is achieved by reacetylated chitosan with DA around 50%, indicating reducing chain packing due to steric hindrances caused by acetyl groups (Kubota et al., 2000; Lu et al., 2004; Qin et al., 2006; Sogias et al., 2010; Sugimoto et al., 1998; Taghizadeh & Davari, 2006). Sogias and coauthors showed that occur chemical disruption of chitosan crystallinity through partial reacetylation caused by the addition of Ac2O (Sogias et al., 2010). In our study, it was observed that CHPI obtained from original chitosan with DA 19% and modified with low DS 2.4% (mPEG and reacetylated amine groups) exhibited a good solubility in water and thus can be used in a wide pH range. Sugimoto and coauthors obtained chitosan-mPEG and some of these were soluble in saline buffer. However, when the solubility was evaluated at a concentration of 5 mg/mL in 1% acetic acid aqueous solution and after increasing of pH with NaOH, a little precipitate appeared after standing at pH 11. They showed that chitosan-mPEG of high DS was watersoluble, while that chitosan-mPEG of low DS were water-insoluble (Sugimoto et al., 1998). In our study, the advantage of reductive amination by one-pot method was to obtain chitosang-mPEG with low degree of substitution and soluble in aqueous solution in a wide pH range (pH 3-13). The mPEG is biocompatible, but it is not biodegradable, therefore a low degree of substitution is more appropriate, while that high degree of substitution of the amino groups on chitosan backbone could lead to lose the physicochemical and biochemical properties of precursor. 3.2. Polymer properties in aqueous solution As the charge density and physicochemical properties of chitosan and derivatives are substantially influenced by the medium pH, properties of salt-free polymers aqueous solutions were analyzed by zeta potential, rheology and SAXS at a wide pH range. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 102 3.2.1. Zeta potential Zeta potential ( ) provides an indirect measurement of net charge of the system, resulting of charged particle surface and solution conditions, and is a relative indicator of system stability. Particles containing amine groups can undergo ionization in solution such as chitosan, thus the ionization degree depends on the pH of the solution. Therefore, zeta potential is strongly influenced by pH change of the solution in which the particles are dispersed. Fig. 3 shows zeta potential as a function of pH for chitosan (CH) and derivatives (CHPII and CHPI). 70 60 CH 1g/L CH 3g/L CHPII 1g/L CHPII 3g/L CHPI 1g/L CHPI 3g/L Zeta potential (mV) 50 40 30 20 10 0 -10 -20 2 4 6 8 10 12 14 pH Fig. 3. Zeta potential as a function of pH of the medium for chitosan (CH) and derivatives (CHPII and CHPI) In acidic medium, values were positive for all the polymers solutions studied due to the protonation of the amino groups, as the pH increased from 3 to 6, the number of protonated amino groups was reduced, resulting in lower positive values. On the other hand, in basic medium, values were negative for CHPI owing to the amino groups of the polymer are not protonated. The negative signal is the result of the basic aqueous solution. The CHPI does not precipitated at basic pH, it remained in solution because of strong hydrogen bonding between CHPI and water molecules. At pH 3, there is a greater difference between values of polymers solutions, with higher values for derivatives than that of chitosan. This result can be attributed the steric contribution of the mPEG hydrophilic substituent, which improved the solubility of polymer Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 103 in solution and favored a higher exposure of positive charges of the polymeric surface. The values of for CHPII (1 and 3 g/L, ~ + 60 mV) are higher when compared to the values for CHPI (1 g/L, ~ + 45 mV and 3 g/L, ~ + 27 mV). Since the reacetylation of amino groups only occurred in the chemical modification to obtain CHPI, decreasing the number of protonated amino groups and increasing aggregation with rise polymer concentration. Considering zeta potential as a function of pH, our results are in accord with the observations reported in the literature (Yang et al., 2010; Pujana, Pérez-Álvarez, Iturbe, & Katime, 2012). Yang and coauthors observed that the zeta potential values of chitosan-gpluronic in aqueous solution decreased with increasing pH (Yang et al., 2010). Similar behavior was observed by Pujana and coauthors for PEG in aqueous solution (Pujana et al., 2012). 3.2.2. Rheological properties Fig. 4 shows the apparent viscosity as a function of the shear rate for chitosan (CH) and chitosan-g-mPEG (CHPII and CHPI) at polymer concentration of 10 g/L in 0.25 M acetic acid solution at 25 ºC, the insert shows an enlargement of the curve of CH at pH 3. Apparent viscosity for chitosan and derivatives solutions at pH 3-7 slightly decreased with the increasing shear rate, indicating shear thinning behavior. This effect is related to orientation of the polymer chains in the flow direction and disruption of the physical interactions between polymeric chains through the application of strains in the polymer solution as the shear rate increases (Chiu et al., 2009). Furthermore, a pronounced shear thinning behavior can be clearly observed for CHPI solution at pH 11 and 13, suggesting an increase of the intermolecular interactions by hydrogen bonds and hydrophobic associations. However, the physical interactions between the polymeric chains were capable of quickly reforming after the decreasing of shear rate due to molecular self-association process, showing that the hysteresis is present in the dynamic of these solutions. The viscosity values were slight greater for CH than for CHPII and CHPI in acid solutions. The cationic nature of chitosan in acid medium causes expansion of the polymeric chains owing to electrostatic repulsions. According to literature (Rinaudo, 2006; Sogias, et al., 2010), chitosan exhibits a partially crystalline structure with strong hydrogen bonds, which favor the intermolecular interactions resulting in a higher viscosity for chitosan solution. As Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 104 opposed to that, grafting of mPEG segments onto the structure of chitosan can separate its chains through steric hindrance, resulting in decreasing the intermolecular interactions. Similar results were found by Hu and coauthors (Hu et al., 2005). The apparent viscosity for CHPI solution decreased with the increase in pH from 3 to 5, due to the decrease of charge density, a similar behavior was obtained for CH and CHPII (not shown here). However, in pH 11 and 13, the apparent viscosity for CHPI solutions significantly increased compared to behavior in acid and neutral pH conditions. This result is owing to the decreasing of solvent quality, which favors the polymer-polymer interactions increase, indicating the formation of intermolecular aggregates. Apparent viscosity (mPa.s) Apparent viscosity (mPa.s) 100 30 CH pH 3 CHPII pH 3 CHPI pH 3 CHPI pH 5 CHPI pH 7 CHPI pH 11 CHPI pH 13 CH pH3 25 20 15 0 50 100 150 200 250 300 Shear rate (1/s) 10 0 50 100 150 200 250 300 Shear rate (1/s) Fig. 4. Apparent viscosity as a function shear rate for chitosan (CH) and derivatives (CHPII and CHPI) at 10 g/L, at different pH values and at 25 °C. The insert shows an enlargement of the curve of CH at pH 3 The apparent viscosity curves for CH, CHPII and CHPI in aqueous solutions at different pH as a function of temperature are shown in Fig. 5. At pH 3, 5 and 7, apparent viscosity of polymers aqueous solutions decreased as temperature rose. This behavior is resulted of greater thermal molecular agitation, which leads to reduced intermolecular interactions, thus decreasing the flow resistance. On the other hand, in basic medium, the viscosity of the CHPI solutions was higher and maintained practically constant with the increase of temperature, suggesting the formation of stronger intermolecular aggregates. When temperature increases, CHPI undergoes a dehydration process. This process can be attributed to the break of hydrogen bonds, primarily between ether groups and water Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 105 molecules, resulting in enhancement of intermolecular hydrophobic associations (Yang et al., 2010). These data clearly show that CHPI exhibits thickening behavior and thermal stability in basic medium in temperature range studied. 70 Apparent viscosity (mPa.s) 60 CH pH 3 CHPII pH 3 CHPI pH 3 CHPI pH 5 CHPI pH 7 CHPI pH 11 CHPI pH 13 50 40 30 20 10 0 25 30 35 40 45 50 55 60 Temperature (°C) Fig. 5. Apparent viscosity as a function of temperature for chitosan (CH) and derivatives (CHPII and CHPI) at 10 g/L, at different pH values and at 10 s−1 3.2.3. Small-angle X-ray scattering (SAXS) The influence of the pH in the conformation of the salt-free polymers solutions (15 g/ L) was examined by SAXS. Fig. 6a, b shows the logarithmic plots of the scattered intensity I (q) versus scattering vector q (nm-1) for CH, CHPII and CHPI at different pH values. The Fig. 6a shows a polyelectrolyte peak more pronounced for CH in aqueous solution at pH 3 than at pH 5. This result can be attributed to the increase charge density along the polymer chain with the decreasing pH value of the solution. The electrostatic repulsion between its positively charged chains leads to an extended conformation of the chains, which favors the reduction of the distance between chains. Boucard e coauthors described a similar behavior to the changes in the SAXS diagram during gelation of a chitosan in aqueous acidic solution in contact with ammonia gas. The polyelectrolyte peak in the studied gels disappeared fully at pH above 6.5, due to neutralization of the NH3+ groups onto the chitosan backbone (Boucard et al., 2007). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 106 The position of the peak at q maximum increased with decreasing the pH from 5 to 3. The scattering vector q at the maximum (max) of the correlation peak is related to the correlation length ( ) or distance between chains according to Bragg’s law ( 2 / qmax ) (Popa-Nita, Rochas, David, & Domard, 2009). SAXS curves of CH, in aqueous solutions at pH 3 and pH 5, exhibited positions of qmax in agreement with those observed for chitosan acetate solutions with different DA by Popa-Nita and coauthors. These authors observed a shift of qmax toward higher q values with decreasing DA (Popa-Nita et al., 2009). -3 6x10 -3 6x10 (a) -3 5x10 -3 4x10 -3 4x10 -3 3x10 -3 3x10 I (q) (a.u.) I (q) (a.u.) (b) -3 5x10 -3 2x10 CH pH 3 CH pH 5 CHPII pH 3 CHPII pH 5 CHPI pH 3 CHPI pH 5 -3 10 0,1 -3 2x10 CHPI pH 3 CHPI pH 5 CHPI pH 7 CHPI pH 9 CHPI pH 11 CHPI pH 13 -3 10 q (nm-1) 1 0,1 q (nm-1) 1 Fig. 6. Logarithmic plot of the scattered intensity I (q) as a function of the scattering vector q for (a) chitosan (CH) and derivatives (CHPII and CHPI) and (b) CHPI, at a polymer concentration of 15 g/L, in aqueous solutions with different pH values, at 25 °C The polyelectrolyte peak practically disappeared for CHPII (DS 1.6%) and CHPI (DS 2.4%) with increasing pH (Fig. 6a), which was attributed to the decrease in the polymer charge density. Similar behavior was observed with increasing DS, thus CHPI exhibits a less extended conformation than the CHPII. As pH increased, the charge density on the polymer backbone gradually decreased and the reduction in electrostatic repulsion reinforced the hydrogen bonding between CHPI chains. The polyelectrolyte peak observed for CHPI at pH 3 disappeared fully at pH 7 (Fig. 6b). This behavior can be explained by the neutralization of protonated amino groups of CHPI, indicating the absence of the polyelectrolyte character and pronounced hydrogen bonding between CHPI chains and water that contributed to the stability of the polymer in this medium, as discussed previously by the data of solubility and zeta potential. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 107 4. Conclusions The chemical modification of chitosan was successfully performed by reductive amination under mild homogeneous conditions and using a facile method (one-pot), which consisted in an attractive procedure to obtain a chitosan derivative, chitosan-g-mPEG (CHPI), with both low DS and water-solubility in a wide pH range (3-13). The turbidity and zeta potential data showed that mPEG substituent contributed to improve the solubility and stability of chitosan in aqueous medium. In contrast to the chitosan, CHPI did not present a polyelectrolyte character depending of pH value. The rheological properties of CHPI showed a more pronounced shear thinning behavior, hysteresis phenomenon, thickening effect and thermal stability in basic aqueous solution, which are desirable properties in various fields of applications. Acknowledgements The authors thank IFRN and MCT/ANP/PRH30 for the financial support, NUPPRAR/UFRN for the CHN elemental analysis and ABTLuS for the use of LNLS facilities (Project D11A - SAXS1 # 13546) at Campinas-SP, Brazil. The authors also thank Dra. Nádya Pesce da Silveira and José Daniel Souza of LIMDIM Laboratory from UFRGS for the zeta potential analysis. References Abdel-Mohsen, A. M., Aly, A. S., Hrdina, R., Montaser, A. S., & Hebeish, A. (2012). Biomedical Textiles Through Multifunctioalization of Cotton Fabrics Using Innovative Methoxypolyethylene Glycol-N-Chitosan Graft Copolymer. Journal of Polymers and the Environment, 20(1), 104-116. 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Balabana a Laboratory of Petroleum Research, LAPET, Institute of Chemistry, Federal University of Rio Grande do Norte, UFRN, 59078-970, Natal/RN, Brazil b Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte, IFRN, 59508-000, Ipanguaçu/RN, Brazil c Lepol, Department of Physics, CCNE, Federal University of Santa Maria, UFSM, 97105-900, Santa Maria/RS, Brazil *Correspondence to: K. S. Alves (E-mail: [email protected]) Abstract Chitosan derivatives grafted with hydrophilic (poly(ethylene glycol) - mPEG) and/or hydrophobic (n-dodecyl) groups by reductive alkylation under mild reaction conditions using one-pot method were characterized by nuclear magnetic resonance (1H NMR) and CHN elemental analysis. Size of aggregates and stability in diluted solutions of chitosan and derivatives were evaluated as a function of varying pH by dynamic light scattering (DLS) and zeta potential. DLS analyses revealed that although the dilute polymer solutions at pH 3 have a high density of protonated amino groups along the polymer chain, the high degree of charge contributed significantly to aggregation, promoting increased particle size with the decrease in pH. The hydrophobic groups also contributed to increasing the size of aggregates in solution at pH 3, whereas the hydrophilic group helped reduce their size across the entire pH range. Zeta potential results indicated that its values do not depend solely on the surface charge of the particle, but are also dependent of the presence of the hydrophilic and hydrophobic groups. Keywords: Chitosan; hydrophilic and hydrophobic derivatives; pH-responsive; aggregation; dynamic light scattering; zeta potential Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 112 1. Introduction The study of physicochemical properties of a polymer in solution is highly significant because it leads to correlations between polymer properties/structure and its performance in a particular application. Chitosan, an important biopolymer isolated principally of crustacean wastes, and its derivatives have been extensively studied due to their interesting properties in solution and their varied applications (Domard, 2011; Korchagina & Philippova, 2010; Kulikov et al., 2012; Kumirska, Weinhold, Thöming, & Stepnowski, 2011; Philippova & Korchagina, 2012; Popa-Nita, Alcouffe, Rochas, David, & Domard, 2010; Rinaudo, 2006; Robles et al., 2013; Schatz, Pichot, Delair, Viton, & Domard, 2003). It is known that chitosan is considered an amphiphilic macromolecule in which the fraction of amino and acetamide units distributed along the polymer backbone are responsible for the balance between hydrophilic and hydrophobic interactions (Domard, 2011; Schatz et al., 2003). Furthermore, it is soluble only in acidic aqueous solutions due to protonation of the amino groups on macromolecule and therefore it behaves as a cationic polyelectrolyte. In this case, the electrostatic interactions also play an important role in determining behavior of chitosan in aqueous solutions. Thus, the organization of the chitosan chains in solution depends of different types of contributions such as electrostatic interactions, hydrophobic interactions and hydrogen bonding (Kumirska et al., 2011; Philippova & Korchagina, 2012; Pillai, Paul, & Sharma, 2009; Popa-Nita et al., 2010; Rinaudo, 2006). The physicochemical properties of chitosan solutions and its derivatives are related to polymer-polymer interactions (intra- and inter-molecular) and polymer-solvent interactions. These relationships depend on the structural characteristics of the polymer and solution parameters, such as the degree of acetylation (DA: fraction of acetamide units on the chitosan backbone), charge density and its distribution along the polymeric chain, molecular weight, polymer concentration, temperature, dielectric constant of the solvent, pH of the solution, time and ionic strength. All these factors are very important to evaluate and to control the properties of chitosan in solution (Chiu et al., 2009; Domard, 2011; Kumirska et al., 2011; Nyström, Kjøniksen, & Iversen, 1999; Philippova & Korchagina, 2012; Philippova et al., 2012). The chitosan chains in solution may behave as individual macromolecules and/or as aggregates. The parameters that affect the aggregation behavior of chitosan have been an ongoing subject of interest. According to literature, the aggregates have been assigned to three main effects: the residual acetyl groups, the deprotonated amino groups and polymer Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 113 concentration (Chen, Hsu, Huang, Tsai & Chen, 2011; Domard, 2011; Philippova & Korchagina, 2012; Schatz et al., 2003). Nevertheless, the exact mechanism of the formation of aggregates is not still well understood (Blagodatskikh et al., 2013; Philippova et al., 2012). In general, most of the studies of hydrodynamic properties of chitosan by dynamic light scattering (DLS) have been carried out in aqueous salt solutions to shield the positively charged amino groups and thus to minimize the strong electrostatic interactions between polymeric chains (Blagodatskikh et al., 2013; Chen et al., 2011; Philippova & Korchagina, 2012; Philippova et al., 2012; Popa-Nita et al., 2010). Although the pH itself significantly alters the charged system and hence properties of chitosan and its derivatives in solution, only a few studies report the influence of solution pH in absent of salt to the chitosan systems (Liu, Xu, Guo, & Han, 2009; Pa & Yu, 2001; Schatz et al., 2003). More recently, it was demonstrated by dynamic light scattering (DLS) measurements that the filtration procedures of chitosan solutions affect the aggregation of the macromolecules (Blagodatskikh et al., 2013; Chen et al., 2011; Popa-Nita et al., 2010). Approaches concerning the chitosan aggregation in aqueous solution have been reported, however, there are still some important issues which require to be addressed. The aim of this study was evaluate the effect of pH on the zeta potential and size of aggregates in diluted solution of chitosan and its derivatives grafted with hydrophilic and/or hydrophobic substituents which were prepared by one-pot method under mild conditions. In addition, centrifuged samples were analyzed by DLS measurements in order to observe if there is any characteristic relationship between the aggregation behavior of chitosan and its derivatives. 2. Materials and methods 2.1 Materials Chitosan (CH) (Polymar LTD) was purified by dissolving-centrifuge-precipitation process (Alves, Lima, Villetti, & Balaban, In manuscript). The molecular weight was estimated from the intrinsic viscosity value ([η] 255 mL/g) using the Mark–Houwink equation (Mv 4.5x104 g/mol) (Alves, Vidal, & Balaban, 2009; Kassai, 2007). Codes for the chitosan derivatives CHC, CHP and CHPC correspond to hydrophobically (dodecyl) modified chitosan, chitosan-g-mPEG, and hydrophilic and hydrophobically modified chitosan, respectively. All the others reagents (methoxy poly(ethylene glycol) (mPEG Mw 2000), acetic Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 114 anhydride (Ac2O), dimethyl sulfoxide (DMSO), sodium borohydride (NaBH4) and n-dodecyl aldehyde) were of analytical grade and used without further purification. 2.2. Chemical modifications of chitosan and characterization of derivatives The chitosan was grafted with hydrophilic and/or hydrophobic groups by reductive alkylation. CHP was obtained on based in the literature, but with some modifications. mPEGterminal hydroxyl was converted into an aldehyde group by mild oxidation using Ac2O and DMSO. The resulting reaction mixture without previous separation of the PEG-aldehyde was used to modify the chitosan through one-pot method. In this case, the reacetylation of amino groups occurred during chemical modification. Final system was precipitated in acetone, separated and dissolved in 0.5 M acetic acid solution, adjusted to pH 6, dialyzed against distilled water and freeze dried. CHPC was prepared in a similar manner to CHP, but with addition of dodecyl groups, through reaction between dodecyl aldehyde and the chitosan amine groups. CHC was performed as reported by Desbrières (Desbrières, Martinez, & Rinaudo, 1996), however following the purification described above. The reaction conditions are summarized in Table 1. Table 1. Reaction conditions used in preparation of chitosan derivatives Polymer Ac2O/mPEG mPEG/CH dodecyl/CH NaBH4/mPEG molar ratio molar ratio molar ratio molar ratio CHC - - 0.1 5 CHP 10 0.2 - 8 CHPC 10 0.2 0.1 8 Time (h) 13 2 2 24 Structural characterization of the polymers was performed by 1H NMR spectroscopy using a Varian Inovar 500 MHz spectrometer. The polymers (10 mg of CH and 20 mg of derivatives) were dissolved under magnetic stirring in D2O/HCl (1 mL/0.05 mL), at 25 °C, for 24 h. The 1H NMR spectra were acquired at 70 °C (Lavertu et al., 2003). Degree of deacetylation (DD) of chitosan and degree of substitution (DS) of derivatives were determined by CHN elemental analysis using a Perkin Elmer analyzer, model 2400. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 115 2.3. Dynamic light scattering (DLS) DLS measurements were performed using a Brookhaven Instrument goniometer to investigate the size of particles of chitosan and derivatives in dilute solutions at 1 g/L in the presence of different pH values. The experiments were carried out at a scattering angle of 90° and at 25 °C. A laser He-Ne (λ = 632.8 nm) was used as light source. The solutions were thermostated in a refractive-index-matching liquid (decaline). In the DLS experiments, the normalized intensity autocorrelation function, g2 (t), is related to the normalized electric field autocorrelation function, g1 (t), by Siegert relation, as demonstrated in Equation (1) (Villetti et al., 2011), where β is the spatial coherence factor. g 2 (t) = 1 + g1 (t) 2 (1) For polydisperse systems, the g1 (t) can be written as an integral through the Equation (2) (Chen et al., 2011). g1 (t) = A(τ)e( t/τ)dτ (2) Where A (τ) is a distribution of relaxation times and t is the delay time of the correlation function. Distributions of relaxation times A (τ) were obtained from the intensity of autocorrelation function by using the GENDIST program which employs the algorithm REPES. In this study, the distributions of the relaxation times are shown as τ(A)τ versus log (τ /µs). The mean relaxation times (τ) or the relaxation frequency (Γ = 1/ τ) can be quantitatively associated to an apparent diffusion coefficient (D) determined according to the Equation (3) (Heineck, Cardoso, Giacomelli, & Silveira, 2008). D= q2 q is the magnitude of the scattering vector given by Equation (4). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado (3) 116 q= 4πn θ sin λ 2 (4) Where θ is the scattering angle, n is the medium refraction index, and λ is the light wavelength. Finally, hydrodynamic radius (RH) of the polymers was calculated using the Stokes−Einstein Equation (5) (Santos et al., 2012), where kB is the Boltzmann constant, T is the absolute temperature and η is the viscosity of the solvent. RH = κ BT 6πηD (5) 2.4. Zeta potential Direct measurements of the zeta potential () can not be made, however, the Zeta potential can be calculated from electrophoretic mobility (µ) measurements of the particles in solution. Zeta potential data were obtained using a Brookhaven’s ZetaPALS to investigate the liquid charge of polymeric systems in dilute solutions at 1 g/L in the absence of salt in different pH values. The experiments were performed at 25 °C. Results of the were reported with experimental error smaller than 2%. The Smoluchowski Equation (6) was used to convert mobility to zeta potential, as follows (Robles et al., 2013), where is the viscosity of the solvent and is the dielectric constant of the solvent. = ημ ε Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado (6) 117 3. Results and discussion 3.1. Structural characterization of chitosan derivatives Chitosan derivatives with dodecyl alkyl groups as hydrophobic moieties and/or mPEG chains as hydrophilic moieties were synthesized for study the effect of pH on the size of aggregates of polymers in aqueous solutions and evaluate the influence of hydrophobic and hydrophilic groups. Reaction scheme for the preparation of chitosan derivatives is shown in Fig. 1 (a). The structural characterization of the derivatives by 1H NMR confirmed the presence of hydrophobic and/or hydrophilic groups grafted onto the chitosan backbone. The Fig. 1 (b) displays 1H NMR spectra for chitosan and derivatives. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 118 Fig. 1. Scheme of synthesis of chitosan derivatives (a) 1H NMR spectra for chitosan and derivatives in D2O/HCl at 70 °C (b) Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 119 Proton signals for chitosan were assigned as follows: 2.30 ppm (methyl protons, acetyl group-H-8), 3.45 ppm (H-2 (D)), 3.75-4.25 ppm (H-2-6) and 4.7 ppm (H-1 (D)) (Lavertu et al., 2003). Compared with the unmodified chitosan, the 1H NMR spectra of derivatives show additional peaks due to the protons of hydrophobic and hydrophilic groups. The signals for CHC at 0.5 and 0.9 ppm are exclusive of the substitution reaction of dodecyl grafted onto the chitosan chain, which are attributed to the methyl (a) and methylene (b) protons, respectively. According to literature the protons due to methylene group linked to the N atom is superposed with signal attributed to H-2 proton of the glucosamine residue (Desbrières et al., 1996; Yao, Zhang, Ping, & Yu, 2007). The CHP spectrum shows a strong signal at 3.85 ppm related to the methylene protons (e) of mPEG that is overlapped with H-2-6 protons of chitosan, and a weak signal at 3.5 ppm was attributed to methyl protons (d) of mPEG (Du & Hsieh, 2007; Hu, Jiang, Xu, Wang, & Zhu, 2005; Yao et al., 2007). For CHPC, the characteristic signals of both dodecyl and mPEG indicated the coexistence of two grafts onto chitosan. The degree of deacetylation (DD) for CH and degree of substitution (DS) of groups grafted onto the chitosan backbone were estimated based on the CHN elemental analysis data by the use of the C/N ratios in the following Equations (7) e (8) (Santos et al., 2009; Huo et al., 2010). DD (%) = 100.(4 - 0.583093 x WC/N ) (7) Where WC/N is the mass ratio between the carbon and nitrogen present in chitosan. DS (%) = C/N (mol)CHd C/N (mol)CH n x 100 (8) Where C/N (mol) is the C and N molar ratio of samples CHd – chitosan derivative (CHC, CHP or CHPC) and CH – chitosan, and n is the number of carbons incorporated. The DD of chitosan was estimated at 81% and the DS values for CHC, CHP and CHPC were 10%, 2.4% and 3.5%, respectively. The amount of the amino groups present in the chitosan is a factor important to understand association and dissociation mechanisms at the molecular level. Chitosan exhibits protonated amino groups in acid solutions, which become it soluble in this medium. On the other hand, as the pH increases above 6.5, charged amino groups of the polymer decrease and thus chitosan becomes insoluble, with pKa value around pH 6-6.5. Chitosan derivatives grafted with hydrophobic and hydrophilic segments were obtained by reductive alkylation Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 120 under mild conditions and using a facile method (on-pot), which consisted in an attractive procedure to obtain soluble chitosan derivatives (CHP and CHPC) in aqueous medium in a wide pH range. CHP and CHPC were soluble in acidic aqueous solution and maintained soluble when increasing pH to neutral and alkaline, in contrast to the precursor polymer. Detailed discussions of the chemical modification will appear in a following publication (Alves, Lima, Villetti, & Balaban, In manuscript). 3.2. Dynamic light scattering (DLS) DLS analyses provide information on the size distribution of polymer particles, whether the macromolecules are individual in solution or aggregated. Moreover, DLS is a highly sensitive technique for investigating the presence of aggregates in dilute solutions, since the intensity of light scattering rises significantly with the increase in particle diameter. Even a small population of aggregates results in high intensity light scattering (I α d 6). Therefore, DLS has been widely used to study the aggregation behavior of several polymers in aqueous solution, including chitosan (Blagodatskikh et al., 2013; Chen et al., 2011; Philippova 2012; Popa-Nita et al., 2010). The phenomenon of chitosan chain aggregation in aqueous solutions, studied by DLS, has been attributed primarily to three effects: (a) residual acetyl groups, (b) the deprotonation of amino groups and (c) polymer concentration. New aspects that influence chitosan aggregation in aqueous solution have recently been addressed, such as procedures involved in the filtration of polymer solutions, considering different membrane types and porosity. However, there are other noteworthy effects that may contribute to aggregate formation in chitosan solutions (Blagodatskikh et al., 2013; Chen et al., 2011, Philippova et al., 2012; Popa-Nita et al., 2010). Generally, the hydrodynamic properties of chitosan and polyelectrolytes in solution, analyzed by DLS, are evaluated in saline aqueous solution. In the case of chitosan, in the presence of salt the positively charged amino groups are shielded by salt ions, thereby reducing the strong electrostatic interactions between the polymer chains (Blagodatskikh et al., 2013; Chen et al., 2011; Philippova e Korchagina, 2012; Philippova et al., 2012; PopaNita et al., 2010). Although pH significantly alters the systems constituted by positive and/or negative charges and hence the properties of a polyelectrolyte in solution, there are few publications that report studies on chitosan and its derivatives in aqueous solution in the absence of salt (Liu et al., 2009; Pa e Yu, 2001, Schatz et al., 2003). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 121 DLS analyses were performed to assess the influence of pH on the size of aggregates of chitosan and their derivatives, using centrifuged polymer solutions to minimize aggregate loss. Fig. 2 shows the normalized temporal autocorrelation functions (a) and relaxation time distribution curves (b) obtained with REPES software for aqueous solutions of chitosan at pH 3, 5 and 6. According to Fig. 2 (a), the relaxation process of the chitosan in solution occurs over longer periods at pH 3 than pH 5 and pH 6. In other words, the macromolecules of chitosan take longer to relax at low pH than at high pH. The behavior observed by the temporal autocorrelation functions is also described by the relaxation time distribution curves; however, depending on pH, different populations of particles are evident in the chitosan solution, attributed to fast and slow relaxation modes (Fig. 2 (b)). 1.2 CH pH 3 CH pH 5 CH pH 6 Fit 1.0 g2 () - 1 0.8 0.6 0.4 0.2 (a) 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) 1.2 CH pH 3 CH pH 5 CH pH 6 1.0 A () 0.8 0.6 0.4 0.2 (b) 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) Fig. 2. Normalized autocorrelation functions (a) and their corresponding relaxation time distributions (b) measured at scattering angle of 90° as revealed by REPES analysis for solutions of chitosan (CH) in a concentration of 1.0 g/L in 0.1 M AcOH at pH 3-6, at 25 °C Rapid relaxation occurs within a shorter time period while slow relaxation takes place over a longer period. The former may be the result of movement between the polyelectrolyte chains and the counterions of the solvent, whereas the latter can be attributed to the formation Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 122 of aggregate structures in solutions due to the interaction of several chitosan molecules. At pH 5, the distribution curve of the chitosan particles showed a single population with a mean RH value of 151 nm, attributed to the aggregates. At pH 3 and pH 6, populations of individual chains (RH = 24 nm) and aggregates (RH = 478 nm, pH 3 and RH = 151 nm, pH 6) were well defined. However, individual chains may be hidden at pH 5 due to a wider particle distribution. The varying pH of the solution alters the degree of ionization of the polymer, thereby affecting the charge density in a polyelectrolyte solution. In turn, the charge density also depends on the distribution of fixed charges over the macromolecule, counterions and electrolytes added in solution. In the case of an aqueous solution of chitosan at pH 3, in the absence of salt, a greater density of positive charges along the polymer chains favors an extended conformation. According to the chain model that describes the expansion of polyelectrolytes in solution, polymer chains can be considered locally rigid, acquiring a similar conformation to that of a stiff rod. This supposition is only strictly true if the polyelectrolyte solution is diluted in the absence of salt (Villetti, 2001). Table 2 shows that the hydrodynamic radius of aggregates in the chitosan solution increases with the decreasing pH value of the solution. At pH 3, the chitosan chain is extended and its interaction with the counterions of the solvent (acetate) may lower the electrostatic repulsion between its positively charged chains and reduce the distance between its macromolecules, favoring the formation of aggregates through intermolecular interactions. This behavior can be explained by Manning’s theory, which applies to polyelectrolyte solutions in the absence of salt and predicts the counterion condensation phenomenon. According to the model, polyelectrolytes can acquire a high density charge when dissolved in solution. Thus, the electrostatic potential around the polyelectrolyte can affect the equilibrium of the counterions distribution in solution. When pH increases from 5 to 6, the charge density of protonated amino groups decreases. This contributes to reducing electrostatic repulsion and the stiffness of the polyelectrolyte, causing the shrink of the polymer chains in solution. Moreover, the reduction in the quality of the solvent also collaborates with this effect. These conditions favor the formation of aggregates that differ in size and nature from those found at pH 3, where larger aggregates are observed. Pa and Yu (2001) also reported an increase in the particle size of chitosan in solution when pH changed from 3.50 to 1.55. Chen et al. (2011) studied the aggregation behavior of chitosan samples (DA 30% and 7.3%) in solutions with different salt concentrations (0.01 – 0.5 M) using DLS. The increase in ionic strength from 0.1 M and greater degree of acetylation contributed to increasing the Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 123 hydrodynamic radius of chitosan in dilute solution. In a solution of average ionic strength (I = 0.1 M), the sample with the highest degree of acetylation only exhibited aggregates when the light scattering angle was reduced from 90º to 30°, whereas ionic strength had to be increased above 0.1M in order to observe aggregates in the sample with the lowest degree of acetylation. In a solution with low ionic strength (I = 0.01 M), aggregates were evident regardless of the degree of acetylation and light scattering angle. According to the authors, aggregation at I = 0.01 M originates in a small number of species compared to the structure of the chitin present in solution. In this case, species above and protonated amino groups of chitosan may be asymmetrically distributed. Despite the presence of electrostatic repulsions, hydrogen bonds may be favored among species compared to chitin, thereby generating asymmetrical distribution between the groups in solution and favoring attractive interactions caused by dipolar variation in the solution. This would result in the aggregation of molecules with species similar to chitin in a different aggregation process from that found in solutions with high ionic strength (I > 0.1 M) (Chen et al., 2011). Our analyses showed that a chitosan solution at pH 3 with a high density of positive charges exhibited aggregates with large particle sizes. This indicates that high charge density in the absence of salt may be a relevant factor in the formation of aggregates in solution. It is likely that the aggregates observed under these conditions are those identified by Chen et al. (2011) for the aqueous solution of chitosan with low ionic strength (I = 0.01 M). Table 2 Dynamic Light Scatttering data (log and RH) of polymers solutions with different pH pH 3 Polymer CH CHC CHP CHPC pH 5 pH 6 pH 9 pH 11 log (s) RH (nm) log (s) RH (nm) log (s) RH (nm) log (s) RH (nm) log (s) RH (nm) 2.5 24 - - 2.5 24 - - - - 3.8 478 3.3 151 3.3 151 - - - - 2.7 37 2.0 8.0 - - - - - - 3.8 478 3.1 95 3.0 76 - - - - 4.9 6,015 4.2 1,200 - - - - - - 2.1 10 2.1 10 2.1 10 2.2 12 - - 3.4 190 3.2 120 3.2 120 3.1 95 3.1 95 2.5 24 2.5 24 - - - - - - 3.7 380 3.2 120 3.1 95 3.0 76 2.9 60 Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 124 Since the aggregation mechanism of chitosan in solution has yet to be fully elucidated, chitosan derivatives may also be relevant to the phenomenon of aggregation. Hydrophobically modified chitosan (CHC) displays hydrophobic domains inherent to hydrophobic substituents and to chitosan itself, from acetyl groups. In general, grafting hydrophobic substituents onto chitosan increases its tendency to aggregate in aqueous solutions, similar to any other associative hydrophobic polyelectrolyte. In dilute solution, intramolecular aggregation predominates when the number of associative groups in a polymer chain is sufficient to stabilize it; otherwise, intermolecular aggregation is favored (Philippova e Korchagina, 2012). The amount and length of hydrophobic constituents grafted onto chitosan influence aggregation behavior. Larger hydrophobic groups contribute significantly to aggregation of the polymer. An increase in the length of the substituent tends to generate larger aggregates when intermolecular interactions are favored, and smaller aggregates forming in a solution where intramolecular interactions predominate. According to the literature (Desbrières et al., 1996), from six carbon atoms onwards, there is a tendency to occur intermolecular aggregations since bulky species increase the steric hindrance and stiffness of the macromolecule. Nevertheless, length and degree of substitution should be considered together. In any case, the particle size is determined by the relationship between attractive forces through the hydrogen bonds and hydrophobic interactions that favor aggregation, and the electrostatic repulsions from the protonated amino groups (Philippova and Korchagina, 2012). In the present study, chitosan was grafted with the hydrophobic substituent n-dodecyl (DS = 10%) to assess the effect of the hydrophobic group on particle size of this chitosan derivative in solutions at different pH (3, 5 and 6). Fig. 3 shows normalized temporal autocorrelation functions (a) and relaxation time distribution curves (b) for the aqueous solutions of hydrophobically modified chitosan (CHC). Fig. 3 (a) demonstrates that the relaxation time of the polymer chains in solution lowered with the increase in pH from 3 to 6. Based on the distribution curves (Fig. 4 (b)), the mean relaxation time of each population is obtained and the hydrodynamic radius of the populations is calculated using the StokesEinstein Equation (5) (Table 2). Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 125 1.2 CHC pH 3 CHC pH 5 CHC pH 6 Fit 1.0 g2 () - 1 0.8 0.6 0.4 0.2 (a) 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) 1.2 CHC pH 3 CHC pH 5 CHC pH 6 1.0 A () 0.8 0.6 0.4 0.2 (b) 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) Fig. 3. Normalized autocorrelation functions (a) and their corresponding relaxation time distributions (b) measured at scattering angle of 90° as revealed by REPES analysis for solutions of hydrophobically modified chitosan (CHC) in a concentration of 1.0 g/L in 0.25 M AcOH at pH 3-6, at 25 °C At pH 3 and pH 5, the distribution curves of CHC particles exhibited populations with mean particle size attributed to individual chains (RH = 37 nm, pH 3 and RH = 8,0 nm, pH 5) and aggregates (RH = 478, pH 3 and RH = 95 nm, pH 5), as shown in Table 2. In addition, micrometer-sized aggregates were also observed. At pH 6, a single population showing a wider distribution of particles is observed, with a mean hydrodynamic radius of 76 nm. The results indicate that particle size increases with the decrease in pH from 6 to 3, with aggregates five times larger observed at pH 3. This behavior can be attributed to the combination of two effects: (i) Manning condensation, which reduces the electrostatic repulsion between polymer chains with extended conformation and (ii) the presence of hydrophobic groups containing 12 carbons, which favors the formation of intermolecular aggregates with a greater hydrodynamic volume than that of the chitosan chains containing Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 126 acetyl groups. The rise in pH lowers the charge density of CHC and quality of the solvent, leading to compressed conformation with the formation of smaller aggregates. The results of DLS analyses for chitosan solutions and hydrophobic derivatives at pH 5.3 reported by Robles et al. (2013) corroborate the data observed in our study. Mean hydrodynamic radius values of the hydrophobic derivatives in aqueous solution decreased when compared to chitosan (180 nm), becoming more accentuated with the increasing degree of substitution (DS) of n-dodecyl (155 nm, DS 5% and 125 nm, DS 50%) or n-octyl groups (130 nm, DS 5% and 70 nm, DS 50%) incorporated onto chitosan (Robles et al., 2013). In dilute solution and θ solvent (0.3 M acetic acid and 0.05 M sodium acetate), Korchagina and Philippova (2010) also reported the simultaneous presence of individual and aggregated chains for different molecular weights of chitosan and derivatives grafted with ndodecyl segments. The semi-rigid conformation of the chitosan chain and low degree of substitution of the hydrophobic segments in the macromolecule favored intermolecular aggregation, which resulted in larger aggregates and a greater aggregation number for the derivatives. The authors demonstrated that the size of the aggregates formed is independent of the length of individual polymer chains (Korchagina and Philippova, 2010). In order to obtain soluble materials at a wider pH range and evaluate the aggregation process in aqueous medium, chitosan was modified with hydrophilic mPEG chains. Fig. 4 (a) shows that the relaxation time of chitosan-g-mPEG chains (CHP) in solution decreased with the rise in pH, as observed for CH and CHC. Combining data from the normalized distribution curves (Fig. 4 (b)) with Table 2 shows a slight difference in the size of aggregates at pH 5, 6, 9 and 11, although the aggregates exhibit a smaller size than at pH 3. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 127 1.2 CHP pH 3 CHP pH 6 CHP pH 9 CHP pH 11 Fit 1.0 g2 () - 1 0.8 0.6 0.4 0.2 (a) 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) 1.2 CHP pH 3 CHP pH 6 CHP pH 9 CHP pH 11 1.0 A () 0.8 0.6 0.4 0.2 (b) 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) Fig. 4. Normalized autocorrelation functions (a) and their corresponding relaxation time distributions (b) measured at scattering angle of 90° as revealed by REPES analysis for solutions of chitosan-g-mPEG (CHP) in a concentration of 1.0 g/L in 0.25 M AcOH at pH 3-6, at 25 °C The grafting of the flexible mPEG chain onto the chemical structure of chitosan and the reacetylation of amino groups during chemical modification lowered the amount of amino groups available in its chain and hence the charge density, which contributed to reducing the stiffness of the polymer chain. The size of CHP aggregates in aqueous acidic solution (pH 3-6) did not vary dramatically when compared to CH and CHC, indicating that aggregate formation in solutions of chitosan derivatives is influenced by both charge density and the stiffness of the chain. Since the chitosan-g-mPEG chain in acid solution exhibits a less extended conformation than the chitosan chain, CHP aggregates formed in solution are smaller than those of chitosan. With an increase in pH from 9 to 11, the conformation of CHP becomes even more compressed due to the reduced quality of the solvent, favoring intra and intermolecular interactions between the polymer chains through hydrogen bonds, resulting in smaller Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 128 aggregates than in acidic solution. However, the presence of mPEG contributed to the solubility of chitosan in basic solution owing to the hydrogen bonds between the mPEG chains and water molecules, which contributed to further stabilization of the more contracted conformation. Ouchi and authors (1998) chemically modified chitosan via mPEG grafting and proposed a structural organization of chitosan-g-mPEG in aqueous solution as a function of pH. In acidic solution, chitosan-g-mPEG chains are dissociated due to the electrostatic repulsions between protonated amino groups, resulting in nonaggregated cationic particles. On the other hand, in basic solution the polymer chains form nonionic intermolecular aggregates through hydrogen bonds (Ouchi et al., 1998). By contrast, our study found aggregates in both basic and acidic solutions, and particularly in acid medium, due to the contribution of Manning condensation. The influence of hydrophilic and hydrophobic groups simultaneously incorporated onto chitosan was investigated for aqueous solutions of hydrophilically and hydrophobically modified chitosan (CHPC) at different pH. Fig. 5 shows the temporal correlation function (a) and respective normalized time distribution curves (b) for CHPC. The value of RH calculated for each of the particle populations using Equation 5 follows the trend of decreasing aggregate size with increasing pH, as previously demonstrated for the other polymers studied. In acidic solution, CHPC solutions exhibited individual and aggregates chains. At pH 3 in particular, CHPC aggregates are larger than CHP aggregates due to the contribution of the 12-carbon hydrophobic chain, and smaller than CH and CHC aggregates owing to the presence of the flexible mPEG chain. However, in basic solution smaller aggregates are observed when compared to CHP aggregates. This result suggests that the size of aggregates depends on the balance between charge density and the type of substituent grafted. Liu and authors (2009) evaluated the aggregation process in aqueous solution of chitosan grafted with hydrophobic groups – polycaprolactone with molecular weight of 300 g/mol and hydrophilic groups – methoxy-poly(ethylene glycol) with molecular weight of 5000 g/mol. DLS results showed unimodal distribution attributed to aggregates with hydrodynamic diameters of approximately 200 - 400 nm. The aggregates decreased in size with the increase in pH and the degree of substituents inserted into chitosan, but remained almost unaltered with the varying polymer concentration of the solution. The authors also found that the mPEG chains played an important role in the stability of the aggregates and Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 129 that the size and stability of aggregates can be controlled by adjusting the ratio of hydrophobic and hydrophilic groups in the chitosan structure (Liu et al., 2009). 1.2 CHPC pH 3 CHPC pH 5 CHPC pH 6 CHPC pH 9 CHPC pH 11 Fit 1.0 g2 () - 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) 1.2 CHPC pH 3 CHPC pH 5 CHPC pH 6 CHPC pH 9 CHPC pH 11 1.0 A () 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 1 2 3 4 5 6 log (s) Fig. 5. Normalized autocorrelation functions (a) and their corresponding relaxation time distributions (b) measured at scattering angle of 90° as revealed by REPES analysis for solutions of hydrophilic and hydrophobically modified chitosan (CHPC) in a concentration of 1.0 g/L in 0.25 M AcOH at pH 3-6, at 25 °C 3.3. Zeta Potential Zeta potential ( ζ ) is defined as electrokinetic potential that exists in the shear plane between the unit (charged particle surface and counterions near the surface) and the surrounding fluid. Zeta potential provides an indirect measurement of surface charge density and is a relative indicator of system stability. Though strictly incorrect, zeta potential is considered a substitute for surface potential. However, the sign and magnitude of zeta potential also depends on solution conditions such as ionic strength, temperature, conformation of the chain and chemical species concentration. Zeta potential is strongly influenced by pH changes of the solution in which the particles are dispersed. Thus, the Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 130 ionization and/or dissociation of particles containing carboxylic acid or amine functional groups depend on the pH of the solution. As such, zeta potential results are dependent on the net charge of the system, resulting in positive or negative zeta potential values (Beliciu & Moraru, 2011; Robles et al., 2013; Buschmann et al., 2013; Yang et al., 2010; Pujana, PérezÁlvarez, Iturbe, & Katime, 2012). Fig. 6 shows zeta potential as a function of pH for chitosan and its derivatives. As previously discussed, since amino groups are present along the chitosan chain and its pKa is about 6.5, zeta potential is influenced by pH changes. In acidic medium, ζ values were positive for all the polymer solutions studied due to the protonation of the amino groups of chitosan. At pH 3 there is a greater difference between ζ values, largely because of the high charge density and the groups grafted onto the chitosan chain. Whereas ζ values are closer at pH 5 and 6 likely due to low charge density, since the increase in pH gradually reduces the number of protonated amino groups. At pH 3 in particular, significant differences in the ζ values of the polymer solutions are observed due to the incorporation of hydrophobic and hydrophilic groups onto the chitosan backbone. In light of the chemical modifications that occur in the amino groups of chitosan, ζ values are generally expected to be low because of the decrease in free amino groups. On the other hand, ζ values will not decline if substituent groups also have positive charges or when the conformation of the polymer chain is altered by solution conditions in a manner that favors greater exposure of positive charges on the surface of chitosan. Zeta potential data demonstrated that CHC exhibited higher positive ζ than that of unmodified chitosan and the other derivatives obtained. This result can be explained by the steric contribution of the n-dodecyl hydrophobic group incorporated into the chitosan chain, which may have favored greater exposition of the protonated amino groups, leading to a higher ζ value (+ 65 mV). This confirms the superior stability of the system in comparison to the other polymer systems (Fig. 6), corroborating the zeta potential results observed by Robles and authors (2013) (Robles et al., 2013). Considering the hydrophilic and flexible substituents such as mPEG grafted onto chitosan, CHP, the value of ζ (+46 mV) at pH 3 is lower when compared to the ζ value (+65 mV) of CHC, but higher than the ζ of CH (+29 mV). The grafting of mPEG onto chitosan and the reacetylation of amino groups during chemical modification lowers the number of free amino groups. However, the results show that both the number of protonated amino groups Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 131 and the net charge resulting from the polymer system contribute to the zeta potential value. Apparently, the net charge of the CHP system is higher than in the CH and lower than in the CHC. The former can be attributed to the hydrophilic nature of mPEG and its flexibility, which contribute to increasing solubility in relation to chitosan and favor the exposure of its positive sites. The latter behavior can be explained by the long flexible side chains, which can more easily hide the positive sites of the polymer chain than the short side chains found in a more rigid polymer system such as that of CHC. The ζ value (+20 mV) of CHPC is lower than that of other polymers. This result seems to indicate a marked decline in free amino groups due to a combination of the grafting of mPEG and n-dodecyl segments onto the chitosan chain and the reacetylation of amino groups. However, low DS of CHPC suggests that amino groups were less significant than conformational changes in the ζ value. The CHP and CHPC samples, soluble in basic medium, showed negative ζ values at pH 9 and pH 11. In this case, given that the amino groups of the polymer are not protonated, the negative sign of ζ is the result of the basic aqueous solution. In regard to the stability of the polymer system, the value (-28 mV, pH 9 and 11) of the CHPC system suggests greater stability than that of the CHP system (-6 mV, pH 9; -4 mV, pH 11), which can be attributed to steric hindrance caused by the presence of n-dodecyl hydrophobic group. 70 CH CHC CHP CHPC 60 Zeta Potential (mV) 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 2 4 6 8 10 12 pH Fig. 6. Zeta potential as a function of pH of the medium for chitosan and derivatives Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 132 4. Conclusions Hydrophylic and/or hydrophobic groups were successfully incorporated onto the chitosan backbone by reductive alkylation using a one-pot process under mild conditions. The chemical structures of polymers were elucidated by 1H NMR. DLS analyses revealed that although the dilute polymers solutions at pH 3, in the absence of salt, exhibited a high density of protonated amino groups along the polymer chain, the high degree of charge contributed significantly to aggregation, promoting increased particle size with the decline in pH. Furthermore, the hydrophobic groups also contributed to increasing the size of aggregates in solution at pH 3, whereas the hydrophilic groups helped reduce their size across the entire pH range. Nevertheless, the nature of aggregation was dependent on the pH of the medium. Zeta potential results indicated that its values do not depend solely on the surface charge of the particle, but are also dependent on the net charge of the medium. Acknowledgements The authors thank IFRN and MCT/ANP/PRH30 for the financial support. The authors also thank NUPPRAR/UFRN for the CHN elemental analysis, Dra. Nádya Pesce da Silveira and José Daniel Souza of LIMDIM Laboratory from UFRGS for the DLS and zeta potential analysis and Dra. Rosangela Regia Lima Vidal and Dra. Elisangela F. Boffo from UFBA, who recorded the 1H NMR spectra. References Alves, K. S., Lima, B. V., Villetti, M. A., Vidal, R. R. L., Boffo, E. F., & Balaban, R. C. (2014 - in submission). One-pot preparation of water-soluble chitosan-g-mPEG and its aqueous solution properties. Manuscript in preparation. Alves, K. S., Vidal, R. R. L. V., & Balaban, R. C. (2009). Chitosan derivatives with thickening properties obtained by reductive alkylation. Materials Science and Engineering: C, 29(2), 641-646. Beliciu, C. M., & Moraru, C. I. (2011). The effect of protein concentration and heat treatment temperature on micellar casein–soy protein mixtures. 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De modo contrário, CHPII obtido pelo método tradicional, com a separação do intermediário mPEGaldeído, foi insolúvel em solução aquosa com pH acima de 6, tal como o seu precursor. As propriedades reológicas indicaram que CHPI exibiu comportamento pseudoplástico, histerese, propriedade viscosificante e estabilidade térmica em solução com pH alcalino, os quais são propriedades desejáveis em vários campos de aplicações. Os dados de SAXS exibiram uma diminuição do caráter de polieletrólito para os polímeros com o aumento do pH da solução e para os derivados de quitosana com o aumento do grau de substituição (GS). CHPI (DS 2,44 %) apresentou uma conformação menos estendida do que CHPII (GS 1,65 %). Para valores de pH acima de 7, o pico do efeito polieletrolítico do CHPI desapareceu completamente, devido à neutralização efetiva dos grupos amino protonados. O efeito da alta densidade de cargas do polímero em solução diluída, na ausência de sal, contribuiu significativamente para a agregação, promovendo o aumento do tamanho das partículas em solução com a diminuição do pH. O tamanho dos agregados também foi influenciado pela presença de grupos hidrofílicos e hidrofóbicos na cadeia da quitosana, em toda a faixa de pH estudada. A natureza de agregação em solução foi dependente do pH do meio. Os resultados do potencial zeta indicaram que seus valores não dependem apenas da carga da superfície da partícula, mas é dependente também da presença dos grupos Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 137 hidrofílicos e hidrofóbicos no sistema. Além disso, os grupos hidrofóbicos presentes em CHPC contribuíram para uma maior estabilidade em solução básica através de impedimento estérico. Os sistemas poliméricos associativos em solução aquosa obtidos neste estudo apresentam propriedades que podem ser atraentes em várias aplicações na indústria do petróleo. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 138 ANEXO I Artigo publicado ―Chitosan derivatives with thickening properties obtained by reductive alkylation‖ Materials Science and Engineering C 29 (2009) 641. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 139 Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 140 Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 141 Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 142 Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 143 Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado 144 ANEXO II Manuscrito intitulado ―Reductive amination: a versatile procedure for chitosan modification‖ - Em preparação. Reductive amination: a versatile procedure for chitosan modification Keila S. Alves1,2*, Rosangela C. Balaban1 1 Institute of Chemistry, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal 59078-970, Brazil Federal Institute of Education, Science and Tecnology of Rio Grande do Norte, Ipanguaçu 59508-000, Brazil *Correspondence to: K. S. Alves (E-mail: [email protected]) 2 Abstract Chitosan is a polymer derived from chitin, an abundant polysaccharide in nature. Chitosan has been increasingly highlighted in the development of new materials for use in cosmetics, food, wastewater treatment, the pharmaceutical industry and in biomaterial production. Different chemical modifications of chitosan are used to improve its properties and extend its applications. Among these, the reductive amination reaction of chitosan is an important alternative since it is selective to functionalization of amino groups of the chitosan chain, can be done under mild conditions and in homogeneous environment. Furthermore, different derivatives have great application potential in several areas. In the current article, reductive amination of chitosan is summarized according to some data found in the literature. Keywords: Chitosan; reductive amination; properties; applications. Keila dos Santos Alves – Tese de Doutorado