RODRIGO ALVES DA MAIA RESGATE TÁTICO: SUA APLICAÇÃO, COMPETÊNCIA E TREINAMENTO Joinville (SC) Maio de 2013 2 RODRIGO ALVES DA MAIA RESGATE TÁTICO: SUA APLICAÇÃO, COMPETÊNCIA E TREINAMENTO Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Urgência, Emergência e Atendimento Pré Hospitalar (APH). Orientadora: Monica Motta Lino. Joinville (SC) Maio de 2013 3 FOLHA DE APROVAÇÃO RODRIGO ALVES DA MAIA RESGATE TÁTICO: SUA APLICAÇÃO, COMPETÊNCIA E TREINAMENTO Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Urgência, Emergência e APH, aprovado pela professora orientadora: __________________________________ Monica Motta Lino Orientadora Joinville (SC) Maio de 2013 4 DEDICATÓRIA A Deus por me presentear com o dom da vida; a Darisa Maia minha esposa amada que sempre apoiou-me e iluminou meu caminho. 5 AGRADECIMENTOS A todos aqueles que de uma maneira ou de outra contribuíram para o desenvolvimento e a realização do presente trabalho, principalmente minha família, em especial meus filhos Yasmin e Eduardo. Muito obrigado. 6 “O destino dos feridos está nas mãos daquele que faz o primeiro curativo”. Nicholas Senn,cirurgião americano,1898 7 RESGATE TÁTICO: SUA APLICAÇÃO, COMPETÊNCIA E TREINAMENTO1 Rodrigo Alves da Maia2 Monica Motta Lino3 Resumo O presente artigo tem por objetivo levar ao conhecimento de como surgiu o resgate tático, as particularidades dos seus realizadores, a empregabilidade do serviço nas forças armadas, sua evolução ao longo dos tempos, a necessidade das equipes de resgate contemporâneo; levar o conhecimento sobre o assunto aos médicos, enfermeiros e a todos os profissionais da saúde, bem como questionar sobre sua aplicação, competência e treinamento. Adota-se o estudo do tema a partir de literaturas que são referência no mundo no que diz respeito à Medicina Tática e o uso dessas técnicas aqui no Brasil e, por fim o conhecimento de operação do resgate tático e protocolos de atendimento durante o socorro de alto risco. Palavras-chave: Resgate Tático. APH Tático. Medicina Tática. Emergência Tática. Abstract This article aims to inform how the rescue came tactical, the particularities of its directors, employability service in the armed forces, its evolution over time, the need of rescuers contemporary; bring knowledge about the subject to doctors, nurses and all health professionals, as well as inquire about your application, competence and training. Takes up the study of the subject from reference literatures that are in the world with regard to the Tactical Medicine and the use of these techniques here in Brazil, and finally the knowledge of tactical and rescue operation care protocols during high relief risk. Key-words: Tactical Rescue. APH Tactical. Tactical Medicine. Emergency Tactical. 1 Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco. Curso de Especialização em Urgência, Emergência e APH. Aluno do Curso. 3 Orientadora da Monografia. 2 8 1 INTRODUÇÃO O resgate tático é o atendimento emergencial fora do hospital, comumente ligada às operações de alto risco e confrontos armados diuturnamente das polícias, então este ambiente tático é o local de atuação das forças militares durante a missão. O Atendimento pré-hospitalar tático (APH tático) como também é chamado, tem por finalidade fazer o resgate dos feridos, e seus desafios são impares para tais profissionais que atuam nesse ambiente, que incluem também os prestadores de serviços médicos de emergência. Médicos, Enfermeiros e Socorrista táticos devem ter uma compreensão e consideração para com as táticas militares e objetos específicos das missões quando planejam e prestam assistência médica naquele local. O conhecimento de tal ambiente, bem como a preparação para atuação deste, deveria ser prioridade nas academias de todo e qualquer socorrista, seja ela de esferas da União, Estados ou Municípios, mas como são visíveis as deficiências deste conjunto, acabam caindo nas mãos de poucos e sem qualquer tipo de preparo militar para tais operações de alto risco. O militar por sua vez é preparado para guerra, para garantia da lei e da ordem e de certa forma estaria “acostumado” a enfrentar situações, mas não tem por função e conhecimento para realizar um atendimento que necessite de técnicas de resgate de emergência, ou seja, uma grande parte desses profissionais não possui, nem adquirem durante sua formação, conhecimento sobre trauma e atendimento pré-hospitalar, principalmente em ambiente tático, onde se atua em condições extremas: na escuridão, sob fogo hostil, ambientes confinados entre outros. Este artigo tem o objetivo de descrever o surgimento do resgate tático no mundo e a sua introdução no Brasil, e o emprego deste serviço nas forças armadas, além de mostrar a importância do treinamento dos socorristas com táticas militares e a constante atualização deste serviço. As particularidades desse atendimento em regiões hostis não são tratadas nas escolas de formação médica, em sua maioria, este trabalho pretende estimular os profissionais da saúde a aperfeiçoarem-se nessa área, a fim de melhor melhorar primeiramente a sobrevida do combatente, de seus colegas e vitimas consequentemente garantindo sucesso em qualquer terreno ou missão. 9 2 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória, de abordagem qualitativa. Sobre a pesquisa exploratória Ruiz (1978, p. 50) destaca que “quando um problema é pouco conhecido, ou seja, quando as hipóteses ainda não foram claramente definidas, estamos diante de uma pesquisa exploratória. Seu objetivo, pois, consiste numa caracterização inicial do problema, de sua classificação e de sua reta definição”. As pesquisas exploratórias, segundo Gil (1999, 0. 43) visam proporcionar uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo, para Minayo (2003, p. 16-18) é o caminho do pensamento a ser seguido que ocupa um lugar central na teoria e tratase basicamente do conjunto de técnicas a ser adotada para construir uma realidade. A pesquisa é assim, a atividade básica da ciência na sua construção da realidade. A pesquisa qualitativa, no entanto, trata-se de uma atividade da ciência, que visa à construção da realidade, mas que se preocupa com as ciências sociais em um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando com o universo de crenças, valores, significados e outros construtos profundos das relações que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis, considerando que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Adota-se a pesquisa bibliográfica como perspectiva metodológica, sendo que a mesma tem como objetivo buscar uma solução para o projeto de pesquisa a partir de referencias publicadas, analisando e discutindo as contribuições culturais e cientificas. Uma pesquisa bibliográfica baseia-se basicamente da coleta de material de diversos autores sobre um determinado assunto. Segundo Lakatos, “a pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e 10 solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa científica”.(1992, p.44). A busca dos estudos ocorreu nas bases de dados LILACS ® – Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde, DESASTRES ® – Acervo do Centro de Documentação de Desastres, SciELO® – Scientific Eletronic Library Online, MEDLINE® – Literatura Internacional em Ciências da Saúde e Google Acadêmico ®. Foram adotados os termos de busca “resgate tático”, “APH tático”, “medicina tática” e “emergência tática”, de modo isolado e combinado, no período de 1990 a 2012. A coleta dos dados ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2012. A busca inicial apresentou 124 resultados. Foi realizada a leitura dos resumos e então, deste total, excluiu-se toda produção duplicada, editoriais, teses, dissertações, anais de eventos, monografias, relatórios epidemiológicos, inquéritos, artigos em outros idiomas diferente do português, ensaio, relatórios de gestão, documentos governamentais e estudos que não contemplaram o escopo da presente pesquisa. Os estudos selecionados foram submetidos à análise do conteúdo segundo Bardin (2003), emergindo as seguintes vertentes de análise: a) História do resgate tático no mundo; b) História do resgate tático no Brasil; c) Insegurança pública; d) Competência; e) Medicina tática; e, por fim, h) Resgate tático: operação. 11 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 HISTÓRIA DO RESGATE TÁTICO NO MUNDO Historicamente podemos observar que as preocupações com os feridos durantes conflitos atravessam os séculos, mas a história mudou no momento em que Napoleão Bonaparte foi ferido em batalha, após o fato, convidou seu amigo e General médico do exército, Barão Dominique Jean Larrey, que elaborou o primeiro modelo de ambulância, seu invento Móvel de que foi batizado de "Ambulância Voadora". Larrey é considerado o “pai da medicina militar” e é referido como um dos pioneiros na medicina de emergência e ainda pode-se dizer que foi criador do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Aproximadamente um século depois da era napoleônica, durante a Guerra Civil Americana, Tripler e Letterman do Exército Potomac reintroduziram estes conceitos, mas nada havia mudado. Com a chegada da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) alguns conceitos foram adaptando-se como os hospitais de campanha, o uso de morfina em campo, o transporte e evacuação médica bem como a identificação de locais de tratamento que fazia parte do tratado de Genebra respeitado pelas partes. Com toda esta inovação por parte do EUA em 1944, surgiram então os Paramédicos, que são na verdade infantes das forças armadas, mas com especialização pouco peculiar para a época, ou seja, combatentes altamente capacitados para resgate em ambiente hostil. Em 1951, na guerra da Coréia, Uso da evacuação aeromédica através de helicóptero Bell 47 e em 1953 Safar e Elam desenvolvem a respiração artificial que seria utilização em campo de batalha mais tarde, na Guerra do Vietnã 1959-1975, além da técnica de respiração boca a boca, a técnica de soco pré-cordial e o emprego maciço da evacuação aeromédica através do uso de helicópteros. Em 1969 o primeiro programa de Paramédicos foi implantado e reconhecido como especialidade em 1977, criado o conselho nacional de educação – Emergency Medic Service – (EMS), referência no mundo até o presente dia. Alguns anos seguintes, incorporação do apoio médico às equipes SWAT (Special Weapons And Tactics - Armas e Táticas Especiais), estava tornando-se 12 essencial para os times táticos, Paramédicos com formação SWAT estariam prontos na atuação de resgate da própria equipe se necessário, porem seu início formal 1989-1990. Este modelo americano de atendimento baseia-se em: Profissionais De Nível Técnico; Reduzir Tempo Na Cena (Hora Ouro); Adaptação Da Tecnologia E Equipamentos Militares; “Scoop and Run” – Pega e Corre; Diagnostico e Cuidados Definitivos no Hospital. Por sua vez, historicamente conhecido por serem “criadores” do SAMU, o modelo francês preconiza outros métodos como: Profissionais com Médicos e Enfermeiros; “Stay and Play” – Fica e Trata; Diagnósticos e Cuidados Definitivos na Cena; Resolutividade na Cena; Maior Tempo na Cena. 3.2 HISTÓRIA DO RESGATE TÁTICO NO BRASIL Enquanto o mundo estava em guerra, o Brasil entrou nela e saiu sem preocupar-se com que iriam encontrar, com treinamentos específicos de campo, como ficaria antes e depois que isso tudo acabasse, e só então pós-guerra em 1949 o Serviço de Assistência Medica Domiciliar de Urgência – SAMDU, que permaneceu estático por quase 40 anos, quando no dia 09 de Julho de 1986, o Grupamento de Socorro de Emergência - GSE foi criado passou a oferecer serviços que antes eram desempenhados de forma irregular por equipes dos hospitais públicos, tornando-se exemplo e modelo para outros Estados do país, e foi assim que no inicio dos anos 90 o Brasil implantava em massa o atendimento pré-hospitalar com pessoas capacitadas, em analogia aos EUA já estavam incluindo o serviço médico tático em equipes treinadas multi-missões, o Brasil ainda sonhava com o resgate o proporcionou tornar referência no atendimento brasileiro o protocolo americano. Um marco importante ainda em 1990 foi que enquanto todos os Estados da União estavam capacitando em massa bombeiros para o atendimento, na cidade de Joinville que não havia o serviço de bombeiro, a Polícia Militar iniciou a primeira 13 turma de policiais militares especialistas em salvamento e quando inaugurada em julho de 1990 foram chamados de paramédicos em referência aos americanos. O APH, somente uma década depois estaria em todo território nacional e quando na mesma cidade (Joinville) foi inaugurada a sede do SAMU, a equipe de Paramédicos já estaria capacitada para Atendimento Pré Hospitalares Tático. 3.3 INSEGURANÇA PÚBLICA Com a crescente evolução mundial, a julgar os aspectos físicos, naturais e psicológicos da humanidade ao longo das décadas, o que leva também a procura em inovações de tecnologias, informações e tudo que pode ser imaginado para o bem estar, mas juntamente com este crescimento veio também o aumento populacional, a desigualdade entre as classes o que gera um desconforto maior para o Estado, pois fica claro que em algumas regiões este aumento gerou um descontrole do poder público e aumento significativo da criminalidade. Contudo, o Brasil investiu em segurança segundo o anuário feito pela União, pelos estados e pelos municípios passaram R$ 47,6 bilhões, em 2009, mas apesar do investimento alguns dados interessantes a respeito dos confrontos armados e demais ferimentos por arma de fogo (FAF), apontam que: Por dia, morrem em média de 108 pessoas e 53 ficam feridas por FAF. 67% das mortes de homens entre 15 e 34 anos é causado por arma de fogo. Em 2010, foram 36 mil mortos a tiros. É uma pessoa a cada 15 minutos. O Brasil é o país em que mais se morre/ mata com arma de fogo no mundo. O Brasil tem 2,8% da população mundial, mas responde por 7% dos homicídios com arma de fogo em todo o mundo. No Brasil morre-se mais por arma de fogo (29,6%) do que por acidente de trânsito (25,1%). Fonte: (COMISSÃO MUNICIPAL DE DIREITOS HUMANOS DE SÃO PAULO). Em um estudo da SWAT, grupos operando nas 200 maiores áreas metropolitanas dos EUA, 69% dos comandantes das unidades indicaram que o atendimento dos feridos foi conduzido por equipes de APH civis em “stand-by” em uma localização segura. Em 94% tinham treinamento especializado e dos por casos, isso não as equipes de APH estavam aptos a não entrar na 14 chamada “zona quente”. Durante a tragédia de Columbine, os operadores estavam estáticos foram forçados a retirar as vitimas para uma localização mais segura para triagem e tratamento pelo APH. O Suporte Médico Tático de Emergência (TEMS) tem sido definido como “Suporte medico pré-hospitalar para equipes táticas durante treinamento e operações especiais”, diferente do Brasil. 3.4 COMPETÊNCIA Depois de alguns acontecimentos históricos como o massacre de Columbine , Colorado/ EUA e sequestro em Marechal Candido Rondon, Paraná/BR serviram de exemplos para ambos os países, e a partir destas datas a política de treinamento e atendimento as vitimas tomou um novo rumo e começou a capacitação de equipes de emergência médicas com treinamentos militares capacitados para o confronto, mas afinal, estariam estes “super soldados” arriscando sua vida pelos outros e ainda sendo “caçados” em grandes metrópoles, estes bombeiros altamente qualificados foram perdendo o interesse nesta batalha, pois apesar de ter todo preparo tático e de conhecimentos de emergências médicas, não estariam preparados para confronto armado já que não são policiais, portanto não porta arma de fogo muito menos colete balístico. A Polícia por sua vez tem os equipamentos, armas, coletes, blindados, esquemas táticos, estratégias de combate, porém o que lhes falta na hora do combate direto é o conhecimento mais específico em emergências médicas que faria a diferença durante vários tipos de Missões como cumprimento de mandados de alto risco, resgate reféns, busca e salvamento, aumento dos tiroteios em escolas, Shopping Centers e edifícios, cuidados não só com policiais feridos, mas de civis e suspeitos. Fica claro então que capacitar um bombeiro é impossível, pois mesmo profissionais altamente qualificados ficariam prejudicados pela falta do material bélico e a rotina tática, já que sua doutrina de vida é totalmente diferente, já o policial militar, no Brasil, que em seu serviço ordinário passa por horas de estresse sem saber se vai voltar pra casa mesmo assim preocupado com a segurança de terceiros; sendo assim, é tomado aqui o Estado de Santa Catarina como exemplo, que a Polícia Militar esta presente em 293 municípios, operando 24 horas por dia 7 dias da semana e este envolvimento seja ele preventivo ou repressivo pode resultar em policiais feridos em situações de confronto. Por sua vez o Atendimento Pré 15 Hospitalar no Estado, é prestado pelo corpo de Bombeiros Militares em 92 municípios, Bombeiros Voluntários e SAMU em 35 cidades; e em comum nos protocolos* destas instituições no aspecto abordagem do paciente, que deverá ser realizada quando a cena estiver segura, do contrário acionar a polícia para tal função. 3.5 MEDICINA TÁTICA O suporte médico em operações táticas é a assistência médica integrada e abrangente, a consulta e a administração de informações médicas em operações táticas, que contribuem para a segurança e o sucesso de uma missão que é primariamente militar (NAEMT, 2007; p.530). É a medicina realizada em conjunto ou em resposta às operações militares (McDEVITT, 2001). Apesar dos profissionais atuantes nessa área necessitarem de extrema competência para reanimação dos pacientes nas operações militares, vai muito além do controle agudo do trauma, passa também pela medicina preventiva (DE LORENZO apud NAEMT, 2007). 3.6 RESGATE TÁTICO: OPERAÇÂO Como toda unidade ao chegar a qualquer tipo de zona de combate, fazer uma busca do maior tipo de informações possíveis sobre o terreno utilizado com finalidade de usar a seu favor, como: Local: qual tipo de edificação ou transporte (ônibus) Fotos: há plantas, desenhos, croquis. Acessos: quais e quantos. Obstáculos: se impedem o movimento da equipe. Avaliação de riscos adicionais: explosão, gás tóxico, incêndios. Alertar Hospitais referência do trauma Necessidade de equipes adicionais: Companhia de Energia, Água, Esgoto. *Os protocolos brasileiros de atendimento pré hospitalar são baseados nos conceitos americanos de cena segura – Safety Scene, AHA American Heart Association, encontrados também no National Association of Emergency Technicians (NAEMT) e no livro PHTLS 7ª Edição 2012 – Prehospital Trauma Life Support. 16 Ainda na cena, Levantamento de Situação tais como: Agressores Quantidade/ Localização Vestimenta Equipe de Obs-Sniper Armamento Equipe anti-bomba Antecedentes/Motivação Equipes de suporte APH/ Equipes Policiais Feridos Forças Amigas Quantidade/ Localização Descrição Gravidade dos ferimentos Atendimento emergencial Problemas de remoção – auto SBV e extricação rápida dos extricação ou não Missão feridos 3.6.1 Definindo as Zonas O campo hostil é delimitado pela primeira equipe no local, e esta equipe é quem repassa as informações acima citadas, ficando assim formalizado uma “zona de combate” como zona quente, zona morna e zona fria. a) Zona Quente: Local onde oferece risco eminente ou potencial. b) Zona Morna: Local intermediário, podendo ser alterada a qualquer momento. c) Zona Fria: Sem risco nenhum. Local onde permanecem as equipes de resgate de apoio como o SAMU, Bombeiro, Companhia de energia entre outras. Em sua sequência de atendimento, sua execução também é distribuída de forma facilitar estratégia de forma extremamente profissional, fracionadas da seguinte forma: Aproximação, Atendimento e Retirada. d) Aproximação: devera ser o trajeto mais seguro até a vítima, viabilizando trajeto alternativo, equipamentos necessários para garantir o acesso até a vítima (figura 1), a formação utilizada pela equipe será adequada à situação, o nível de proteção balística necessária, abrigo** mais próximo da vítima e repassar informações para 17 equipe de apoio; a formação da equipe é essencial para o resultado da operação, portanto, devera atentar os seguintes pontos: Alinhamento com cuidados devidos a fim de não ficar na linha de fogo utilizando obstáculos visuais ou balísticos, considerando que haja uma equipe formada apenas pelos socorristas. Certo Errado Ainda na aproximação, considerando uma equipe tática da polícia com equipamentos e escudos balísticos, as equipes de socorristas deverão estar preparadas para incorporar a equipe tática como mostra esquema seguinte: Escudo Líder da Equipe Segurança Primeiro Socorrista Segundo Socorrista Segurança Área e) Atendimento: Avaliar necessidade de uso mecanismos de distração (cortina de fumaça, granadas, outros), equipe tática de apoio para segurança à retaguarda, 18 executar somente cobertura*** com proteção balística para o atendimento (figura 2), realizar triagem e estabelecer a retirada dos pacientes mais graves; f) Retirada: Estabelecer trajeto mais seguro para retirada do paciente, estabelecer trajeto alternativo de retorno, método de retirada com técnicas de transporte (figura 3), conduzir paciente para o abrigo mais próximo, avaliar necessidade de agentes de distração, avaliar necessidade de apoio de fogo (sniper), preparar Equipe Tática de apoio para auxiliar retirada. ** Abrigo é toda proteção balística oferecida por uma parede de concreto, o bloco do motor de um veículo, uma arvore espessa, um blindado da polícia. *** Cobertura é proteção visual contra agressor, um simples poste, uma árvore, uma parede simples ou interior de um automóvel. Fig 1 – Aproximação Fonte: Arquivo Paramédico Joinville, APH Tático 2001. Fig 2 – Atendimento Fonte: Arquivo Paramédico Joinville, APH Tático 2001. 19 Fig 3 – Retirada Fonte: Arquivo Paramédico Joinville, APH Tático 2001 3.6.2 Emergência Tática No sistema convencional adotado no Brasil através de protocolos de atendimento e reconhecimento do socorrista como profissão, conforme Portaria GMMS nº 2048/ 2002, o SAMU (modelo Francês) é regulado por um médico através do telefone de emergência 192 e desta central este profissional orienta as equipes de APH, porém o protocolo utilizado por todas as unidades é do modelo norte americano, quando em conflitos o protocolo americano, de certa forma é outro, pois no APH convencional que trata inicialmente do “ABC da Vida” que, logo após o dimensionamento e segurança da cena, inicia-se o atendimento através das unidades convencionais de resgate, trata da seguinte forma: A – Airway – Vias aéreas: indica que o socorrista haverá de ter o cuidado inicial com a liberação de vias aéreas, através de manobras chin-lift ou jawthrust e colocação do colar cervical a fim de manter vias aéreas pérveas; B – Breathing – Respiração: o socorrista devera inspecionar a cavidade oral, pois não pode haver nada obstruindo vias aéreas, após a varredura faz a o Ver, Ouvir e Sentir (VOS); C – Circulation – Pulso: checa o pulso através da artéria carótida, verifica se há grandes hemorragias, estanca e imobiliza se necessário através de técnicas de imobilizações de ferimentos e fratura. No entanto, quando há uma situação de risco como um confronto armado, ameaça de bomba ou até mesmo um “serial killer”, e uma grande chance de haver 20 muitas vítimas de natureza grave inclusive integrante da equipe ou você mesmo, aí entra a Medicina Tática (Ian McDevitt, 2001) e só então olhamos com outros olhos e valorizamos o resgate tático, pois através dele é possível montar uma estratégia e salvar a vítima, nos seguintes estágios: 1. Cuidados sobre Fogo: Responder fogo com fogo. 2. Cuidados em campo: Segurança de Cena é primordial. 3. Retirada com Possível Combate. Entretanto, quando na avaliação inicial tática que começa o diferencial, pois visa identificar sinais vitais e ferimentos de risco letal em até 20 segundos, ou seja, aquele protocolo ABC da Vida é substituído por o XAB, que priorizamos uma verificação rápida dos Sinais Vitais e direcionamos para contenção de hemorragias (Black Hawk Down, Mark Bowden, 2001) como mostra esquema seguinte. X – Hemorragias: aplicam-se técnicas de hemostasia, não deu certo? Torniquete (Figura 4), isso mesmo, pois estudos apontam que nas batalhas cerca de 88% das grandes hemorragias e choques hipovolêmicos são causados por ferimentos em membros superiores e inferiores, portanto não deverá perder tempo, aumentando a sobrevida da vítima. Figura 4 – Torniquete, combatente Canadense no Iraque. Fonte: http://www.ctoms.ca/warriormedic 21 A – Vias Aéreas: Aqui realiza posicionamento anatômico da cervical através de manobras, verifica-se esta respirando. B – Respiração: Apresenta dispnéia ou Apnéia, fazer descompressão torácica (nota¹) (Figura 5) ou utilizar cânulas como nasofaríngea, laríngea ou guedel. Figura 5 – Descompressão Torácica Nota ¹ - Descompressão Torácica é um procedimento médico aqui no Brasil por ser um procedimento invasivo; pois nos EUA as equipes de Paramédicos bem como o exército utilizam esta técnica que salva vidas. Temos também que levar em consideração, o conhecimento dos ferimentos, pois através deles já é possível saber que armas estão sendo utilizadas, como por exemplo, um revólver calibre .38 que não deixará cápsulas no chão, seu poder de impacto é destruidor pois a vítima apresenta uma cavidade permanente e quando transfixa a saída do projétil, sua bordas é maior que orifício de entrada e irregulares; porém é arma de média energia cinética, sendo que um fuzil AR-15/M-16 5,56mm, muito utilizado por forças inimigas e aliadas, viaja a uma velocidade de 900 m/s que é quase três vezes a velocidade do som, mais rápido que um caça americano Tom Cat que voa na velocidade do som – 340 m/s = 1220 km/h; o que causa na vítima uma destruição de tecidos impossibilitando qualquer socorro. 22 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se portando que, a exemplo da própria história, que o resgate tático não é simplesmente atender rapidamente, e sim a capacidade de utilizar técnicas do APH convencionais somadas as Táticas Militares. É possível, assim, que haja uma sobrevida na qualidade da vítima, levando em consideração também que em caso do ferido for você, seu socorro, quem fará o primeiro atendimento na cena será o próprio ferido e em seguida seus colegas. Todos também têm a possibilidade de estratégias de combate, mas os equipamentos necessários para responder fogo com fogo, cuidados no campo de batalha e extricação de emergência, ainda são exclusividades das polícias visando sempre à garantia da retirada do ferido, mesmo que com algumas características balísticas visíveis, seu conhecimento avançado já reproduz as possíveis lesões no ferido e um START Tático, de certa forma facilitará seu trabalho, pois nem sempre a vítima responde a estímulos. Fica então o alerta para todas as equipes de serviços pré-hospitalar, seus cuidados e três palavras chaves – Aproximação, Atendimento e Retirada – e mais que comprovada que no resgate tático é de competência da Polícia, pois já existe o treinamento tático, o “feeling” e equipes (Joinville e Rio de Janeiro) que servem de exemplo para o restante do Brasil. 23 BIBLIOGRAFIA Black Hawk Down. Direção de Ridley Scott. EUA: Sony Pictures, 2001. 1 DVD, 140min. BOWDEN, Mark. Black Hawk Down, 2001 São Paulo, Comissão Municipal de Direitos Humanos, 2009 DE LORENZO, Robert e POTER, Robert S. Tactical Emergency Care: Military and Operational out-of-hospital medicine. New Jersey: Prentice-Hall, 2002. LAKATOS, Maria Eva. MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed, São Paulo, Atlas 1992. MCDEVITT, Ian. Tactical Medicine, 2001 O Que Fazer Em Uma Emergência, Readers’s Digest 2011. Pre Hospital Trauma Life Support, 7ª Ed PHTLS/NAENT 2012. REISDORFER, Marcio Leandro. 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