06 | 23 ABRIL 2013 | TERÇA-FEIRA
Prémio
Fartura em tempos
de crise. Diga não
ao desperdício!
Inês Santos
Unidade de Segurança
Alimentar da VLM
Consultores
P
ortugal prevê para 2013 um agravamento da
situação económica em que se encontra. É
por isso fundamental responder com soluções e alternativas que minimizem o impacto
da situação que atravessamos. Temos assistido a um elevado número de desperdícios a
todos os níveis, nomeadamente no que respeita a bens alimentares. De acordo com dados da FAO, cerca de um terço
dos alimentos produzidos no mundo perde-se ou é desperdiçado durante os processos de produção e venda. Grande
parte do desperdício acontece ao nível do comércio e do
consumo.
Nos países desenvolvidos, o fluxo de desperdícios alimentares representa uma parte considerável dos resíduos urbanos
produzidos, com grande impacto a nível ambiental, económico e social. As Nações Unidas lançaram em Janeiro uma
campanha para reduzir o desperdício anual de toneladas de
alimentos, com o tema “Pensar. Comer. Preservar. Diga não
ao desperdício”. Esta campanha aponta medidas que os consumidores, retalhistas e indústria hoteleira podem adotar
para minimizar consideravelmente esta situação.
Em Portugal contamos ainda com o movimento Zero Desperdício, criado há um ano, que consiste em recolher nos
estabelecimentos aderentes refeições que não foram servidas, cujo prazo de validade está a chegar ao fim ou que não
foram expostas. Estas são acondicionadas em embalagens,
e transportadas para as entidades aderentes, onde são organizadas e distribuídas pelas famílias. Este movimento já
recuperou mais de 388 mil refeições que tinham como destino o lixo, distribuindo-as por mais de 3.000 famílias carenciadas.
Se atravessamos um período de crise económica, tornase ainda mais importante reduzir qualquer tipo de desperdício, conseguindo também diminuir custos. Entre as dicas
mais relevantes e com maior impacto nesta questão, podemos realçar a importância de planear refeições e fazer listas
de compras, de forma a evitar compras por impulso, e ceder
às campanhas promocionais. Consumir os alimentos que
temos em casa, no frigorífico, antes de voltar a confecionar
ou comprar outra refeição poderá ser uma boa prática para
conseguir poupar tempo e dinheiro. Outra regra importante,
e que pode ser utilizada pelos consumidores é o princípio
FIFO (First In First Out), segundo o qual o primeiro produto
a entrar é o primeiro a sair. Os novos produtos adquiridos
devem ser sempre arrumados atrás dos comprados anteriormente, de forma que os que têm validade menor estejam
mais acessíveis.
E se falamos em desperdício de alimentos, é inevitável considerar que esta situação leva também a um grande desperdício de embalagens. Por este motivo tem sido notória a divulgação e apelo aos consumidores, comerciantes e indústrias
para procederem à separação de embalagens, para posterior
reciclagem. Nesta matéria, uma economia circular é importante porque, além de criar novas oportunidades de crescimento, reduz a produção de desperdícios, leva a uma utilização de recursos mais eficiente, promove uma economia mais
competitiva, e ajuda a reduzir os impactos ambientais da
produção e consumo. |
Bosch
recebe pela
excelência
A Bosch Termotecnologia,
S.A. recebe a distinção na
“Excelência no Sistema de
Melhoria Contínua”. Com o
objectivo de uma optimiza-
Vencedores
dos prémios
ção global, “a Bosch mantém muito activa a dinâmica
de melhoria dos processos
em três vertentes: aproximação ao mercado, aumento da flexibilidade dos
processos produtivos e das
equipas e apoio aos fornecedores na implementação
da melhoria contínua”.
Os grandes vencedores da
segunda edição do Prémio
Kaizen Lean são Oliveira &
Irmão e Bosch Termotecnologia (Aveiro), Autoeuropa e
Centro Hospitalar do Porto.
“Sabemos que a melhoria
contínua nunca terminará”
Prémio Oli venceu a 2.ª edição do Prémio Kaizen Lean na categoria “Excelência
na Produtividade”. Bosch Termotecnologia também foi premiada
“Estamos muito orgulhosos
com a distinção”. António Oliveira, presidente da Oli, mostrou-se, assim, naturalmente satisfeito com o facto de a empresa que lidera ter vencido a
segunda edição do Prémio Kaisen Lean, na categoria “Excelência na Produtividade”.
O presidente da empresa
aveirense salienta que esta distinção “demonstra a importância da aposta da OLI na melhoria contínua, na inovação de
processos e na formação dos
seus colaboradores como forma de assegurar um desempenho competitivo, sustentável e
de excelência”.
Um desempenho que, de resto, permite, defende a empresa,
inovar e, simultaneamente,
“cumprir os objectivos operacionais mais exigentes do diaa-dia”.
O responsável pela empresa
aveirense considera “este o caminho e a ferramenta necessária para conseguir catapultar a
Oli para a excelência e ser organização que trabalha em
‘World Class Manufacturing’ –
WCM” .
A parceria da Oli com o Instituto Kaisen iniciou-se no segundo semestre de 2007 com
a implementação do projecto
de “Total Flow Management TFM”, uma metodologia de
melhoria de produtividade e de
eficiência operacional, cujo objectivo era aumentar a produtividade em 30%, o que foi superado, cinco anos depois, em
10%.
O sucesso deste projecto com o aumento de produtividade cifrado nos 40% e em alguns produtos, como as placas
António Oliveira, presidente da Oli (ao centro), na entrega do prémio, na semana passada, em Lisboa
de comando para autoclismos
interiores, o aumento foi de
100% - levou o Instituto Kaisen
a premiar a Oli, justificando que
a empresa aveirense destaca-se
por uma “boa estratégia de implementação num projecto
complexo, pelo envolvimento
das chefias e pelos ganhos disruptivos e incrementos verificados”.
Ganhos conseguidos
Para além do aumento de
produtividade, a Oli conseguiu,
avança António Oliveira, “uma
importante redução do volume de stocks, quer de produtos acabados, quer de componentes intermédios no valor
de aproximadamente 3,5 milhões de euros, sem comprometer a satisfação do cliente”.
Outro “ganho importante foi
a diminuição do ‘Work in Progress’ em cerca de 30%, ates-
tando uma melhoria da eficiência dos processos internos”.
Segundo António Oliveira, foi
fundamental, para o sucesso
do projecto, “o quebrar dos paradigmas existentes e a mudança do ‘mind set’ que se verificou nos colaboradores que
trabalharam activamente na
melhoria continua da organização”, bem como “todo o esforço, dedicação, rigor e profissionalismo no trabalho desenvolvido”.
Uma metodologia que, face
aos bons resultados na área
produtiva, a Oli aplicou às áreas
de suporte, nomeadamente à
parte administrativa (Kaizen
Office) e às áreas de Investigação e Desenvolvimento. Desta
forma, “reforçou-se o compromisso de inovação e de sustentabilidade que orienta a marca
para o desenvolvimento de
produtos eficientes do ponto
de vista hídrico e energético”.
Frisando que os objectivos
globais do projecto foram “totalmente atingidos”, estes permitiram à empresa introduzir
“uma nova filosofia no modelo
produtivo da OLI”, o que a tornou “numa empresa mais ágil
para responder à volatilidade
do mercado e com uma estrutura de custos mais leve”.
O que ficou por fazer?
Considerando fundamental
“acompanhar a realidade da
conjuntura económica e social
e o meio envolvente”, António
Oliveira frisa a importância da
mudança e melhoria contínuas
na organização: “Sabemos que
a melhoria contínua nunca terminará”, disse, acrescentando
que “ambiciona fazer melhor
e com mais valor para o cliente,
com um maior grau de satisfação”. |
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“Sabemos que a melhoria contínua nunca terminará”