O EFEITO DE METAIS PESADOS NA RESISTÊNCIA ELÉTRICA NA PEROVISKITA Ba2LaBi(1-x)MxO6 COM M = Sn4+, Pb4+ E Fe3+ E x = 0 E 0,05 Flávia Santos Portela1 ; José Albino Oliveira de Aguiar2 1 Estudante do Curso de Física Licenciatura – CCEN – UFPE; E-mail: [email protected], 2 Docente/pesquisador do Depto de Física – CCEN – UFPE. E-mail: [email protected]. Sumário: A peroviskita Ba2LaBi(1-x)MxO6 (com M = Sn4+, Pb4+ e Fe3+ e x = 0 e 0,05) foi obtida pelo método de síntese de combustão e levada ao tratamento térmico em altas temperaturas. Realizou-se então a análise de Raios-X das amostras, medidas de resistência elétrica e finalmente o estudo da resistência elétrica em função da temperatura em que foram tratados os materiais em questão. Os resultados da medição da resistividade, feita a partir da resistência elétrica, em função da temperatura para os compostos, mostraram que os materiais dopados com Sn4+ e Pb4+ diminuíram a resistividade em relação a matriz (x = 0), enquanto que o dopado com Fe3+ sofreu um discreto aumento. Palavras–chave: caracterização; peroviskita; resistividade INTRODUÇÃO Neste trabalho nós preparamos a peroviskita Ba2LaBi(1-x)MxO6 (com M = Sn4+, Pb4+ e Fe3+ e x = 0 e 0,05) pelo método de combustão de acordo com Cunha Filho et al (2007) [1]. O interesse desse estudo é devido à existência de poucos trabalhos na literatura a respeito desses óxidos [2-3]. Nosso objetivo foi a caracterização das substâncias e o estudo do comportamento da resistência elétrica desses materiais em função dos diferentes dopantes em diferentes temperaturas de sinterização. Para isso foi feita a análise de Raios-X, que apresentou mellhor estrutura nas amostras sinterizadas à 1200ºC, e medidas de resistência pelo método das 4 pontas. Nesse ponto o material dopado com Sn4+ apresentou maior condutividade. MATERIAIS E MÉTODOS O método de combustão consiste na mistura dos nitratos de Bário (Ba), Lantânio (La) e Bismuto (Bi) com o nitrato do metal mais a Uréia ((NH2)CO - Combustível) em quantidades estequiométricas submetendo-a a temperatura de aproximadamente 500ºC na qual ocorre uma explosão do material. Desse processo resulta um pó que é levado ao tratamento térmico de Calcinação e Sinterização. Obtivemos após a combustão 4 materiais (Ba2LaBiO6 (Matriz, x = 0), Ba2LaBi0,95Sn0,05O6, Ba2LaBi0,095Pb0,05O6, Ba2LaBi0,095Fe0,05O6). Para a calcinação, os materiais foram colocados num forno a 1000ºC por 8 horas depois foram moídos e de cada material fizemos 3 pastilhas para entrarem em processo de sinterização. Após a sinterização obtivemos de cada substância uma pastilha tratada a 1000ºC, outra a1100ºC e a terceira a 1200ºC todas por 16 horas de tratamento. Uma vez efetuada a preparação das amostras, estas foram analisadas por difração de raiosX . A leitura de 2θ foi variada de 10 a 90º, o passo 0,02º com tempo de 1s. Através do modelo de Rietveld, que consiste no ajuste dos dados observados pela Difração, pudemos obter, entre outros dados o grau de cristalinidade, tamanho da célula unitária bem como seu volume e tamanho de cristalito. Medimos também a resistência elétrica dos compostos através do método das quatro pontas utilizando um nanovoltímetro e um nanoamperímetro. RESULTADOS Figura 1 mostra os difratogramas obtidos com a identificação dos planos para a temperatura de sinterização de 1200°C por 16 horas de tratamento e mostra uma estrutura monoclínica para as amostras a essa temperatura. Às temperaturas de 1000°C e 1100°C as substâncias não apresentaram estrutura definida. A Figura 2 mostra a análise de Ritveld para os difratogramas à temperatura de 1200°C para os compostos dopados com Pb4+ e Sn4+ respectivamente. Os difratogramas mostraram a presença de fases secundárias em todas as amostras que foram identificadas como La(OH)2 e Ba2Bi2O6. . Figura 1: Difratogramas das substâncias Ba2LaBiO6 (Matriz), Ba2LaBi0,95Sn0,05O6, Ba2LaBi0,095Pb0,05O6, Ba2LaBi0,095Fe0,05O6 à temperatura de sinterização de 1200°C. Figura 2: Análise de Rietveld para as substâncias Ba2LaBi0,095Pb0,05O6, Ba2LaBi0,95Sn0,05O6 respectivamente, à temperatura de sinterização de 1200°C. Os fatores α e β indicam os picos correspondentes às estruturas La(OH)2 e Ba2Bi2O6. Os resultados obtidos para a cristalinidade dos materiais e volume da célula unitária são mostrados na Figura 3 (a) e (b) respectivamente. As Figura 4 (a)e (b) mostram os resultados da medição da resistividade, feita a partir da resistência elétrica, em função da temperatura para os compostos. Figura 3: (a) Gráfico da Cristalinidade dos compostos em função das temperaturas de sinterização; (b) Gráfico volume da célula unitária em função das temperaturas de sinterização. Dados obtidos com o método de Rietveld. Figura 4: (a) Gráfico da Resistividade dos compostos em função das temperaturas; (b) Gráfico volume da célula unitária em função das temperaturas. Dados obtidos através do método das quatro pontas. DISCUSSÃO Na Figura 3(a), observamos que, com o aumento da temperatura, a cristalinidade aumenta para a Matriz e para a dopagem com o Pb4+ diminuindo para as dopagens com Sn4+ e Fe3+. Na Figura 3(b) vemos que, com o aumento da temperatura de sinterização, o volume da célula unitária aumenta, com maior significação, para a dopagem com o Fe3+. Nota-se uma diminuição do volume em relação à matriz quando dopada com Pb4+ e Sn4+, isso se dá provavelmente pela atração exercida pelos átomos de Oxigênio da rede. As Figuras 4 (a) e (b) mostram que o Sn4+ e o Pb4+ diminuíram a resistividade da matriz, enquanto que com o Fe3+ houve um discreto aumento. De uma forma geral, em relação às dopagens com metais realizadas, a dopagem com Sn4+ mostrou-se mais condutora. CONCLUSÕES O processo de dopagem da matriz Ba2LaBiO6 com Sn4+, Pb4+ acarretou na diminuição do volume da célula unitária. Em geral a temperatura de 1200ºC apresentou melhor resultado quanto a diminuição da resistividade, destacando-se o material dopado com Sn4+. Pode-se fazer um estudo mais completo aumentando, no processo de sinterização o tempo de exposição e/ou a temperatura uma vez que houve o aparecimento de fases secundárias (La(OH)2 e Ba2Bi2O6). AGRADECIMENTOS Agradeço ao CNPq e PIBIC-UFPE pelo apoio à pesquisa e ajuda financeira para a realização deste trabalho, ao professor José Albino pela orientação e disponibilidade para a discussão dos resultados, a Pedro Linhares e Maria Danielle pela ajuda na preparação das amostras e discussão dos resultados. REFERÊNCIAS 1. T. Kimura, Y. Tokura: Ann. Rev. Mater. Sci. 30, 451 (2000) 2. J. A. Aguiar, D. A. L. Tellez, Y. P Yadava, J. M. Ferreira: Phys. Rev. B 58, 2454 (1998) 3. Y. P. Yadava, D. A. Landinez Tellez, M. T. de Mello, J. M. Ferreira, J. Albino Aguiar: Appl. Phys A. 66, 455 (1998)