ÍNDIOS DENI AUTO-DEMARCAM SUAS TERRAS NA AMAZÔNIA PARA AFASTAR AMEAÇA DE MADEIREIROS Coaib exige a demarcação de todos os territórios indígenas da Amazônia Brasileira. Greenpeace diz que Deni dão exemplo de cidadania. Manaus (AM), 11 de setembro de 2001 – O povo indígena Deni começou hoje a abertura de trilhas na floresta amazônica para demarcar fisicamente seu território tradicional, situado nos municípios de Itamarati e Tapauá, no Amazonas. O objetivo dos Deni é proteger suas terras da exploração comercial de empresas madeireiras, que têm interesse nos recursos naturais concentrados na área. Esta é uma das primeiras vezes que um povo indígena conduz a demarcação de seu território na Amazônia sem a assistência do governo federal. A bordo do navio do Greenpeace MV Arctic Sunrise, que está em Manaus (1), o Patarahu (chefe) Deni Haku Varashadeni, e dirigentes da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) uniram-se a representantes do Greenpeace e das organizaçõe indigenistas CIMI (Conselho Indigenistas Missionário) e OPAN (Operação Amazônia Nativa) para anunciar o início da auto-demarcação de cerca de 1,53 milhão de hectares de floresta no vale dos Rios Purus e Juruá, no sudeste do estado do Amazonas. “Faz 15 anos que esperamos que o governo brasileiro garanta a proteção de nossas terras através da demarcação. Enquanto isso, o povo Deni convive com a ameaça de empresas madeireiras que querem destruir nossa casa”, disse o chefe Deni Haku Varashadeni. “Não vamos mais esperar. Pedimos que o governo brasileiro reconheça nossa demarcação e afaste de vez os perigos que ameaçam nosso povo e nossa terra”. Falando em nome da Coiab, o líder cambeba Tomé Fernandes Cruz apoiou a decisão dos Deni de auto-demarcar seu territóro e cobrou do governo a efetiva proteção de todas as terras indígenas no País. “Além de demarcar, o governo precisa liberar recursos para vigilância e a implementação de programas permanentes voltados para o desenvolvimento sustentável dos povos indígenas”, disse ele. (2) “Enquanto fazendeiros e madeireiros colocam em risco a sobrevivência da floresta Amazônica ao forçar mudanças que enfraquecem o Código Florestal, os Deni estão dando um exemplo de cidadania”, acrescentou Paulo Adário, coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace. “A demarcação das terras indígenas ajuda a aumentar a proteção do patrimônio ambiental amazônico”. Nos próximos dois meses, uma equipe de especialistas brasileiros do Greenpeace, CIMI e OPAN, e um time internacional composto por 12 voluntários estarão dando apoio logístico aos Deni nos trabalho de demarcação, disse Nilo D’Ávila, coordenador do projeto Deni pelo Greenpeace. “Uma vez que a demarcação esteja concluída e seja reconhecida pelo governo, a área se torna de uso exclusivo dos Deni, afastando madeireiros e outros invasores“, disse ele. Durante os últimos anos, os Deni sofreram constantes ameaças à integridade de seu território. Em 1996, a madeireira malaia WTK e sua subsidiária brasileira Amaplac compraram 313 mil hectares na região, sendo 150 mil hectares em terras Deni. Em maio de 1999, os Deni pediram ajuda ao Greenpeace para que suas terras fossem demarcadas. A organização ambientalista convidou o CIMI e a OPAN, organizações com larga experiência em assuntos indígenas, para apoiar os Deni. Uma campanha pela Internet, promovida pelas três organizações, levou milhares de pessoas a escrever ao governo brasileiro pedindo a demarcação das terras Deni. Paralemente, o Greenpeace desenvolveu intensa campanha de pressão na Europa contra a WTK/ Amaplac, fechando o mercado aos compensados de madeira exportados pela empresa. Recentemente, a WTK comprometeu-se publicamente a não impedir o projeto de autodemarcação da terra Deni. “O governo brasileiro não cumpriu o compromisso constitucional de demarcar todas as terras indígenas do País até 1993. Os Deni decidiram proteger suas terras através da autodemarcação, mas precisam do apoio do governo para que ela seja reconhecida legalmente”, disse Nilo D’Ávila. “É dever de todos nós apoiar a luta dos Deni e dos demais povos indígenas pela preservação de seus territórios e culturas tradicionais”. O apoio à auto-demarcação do território Deni faz parte da campanha do Greenpeace pela proteção das florestas do planeta. Cerca de 80% da cobertura florestal original já foram destruídas. Não há tempo a perder. O Greenpeace demanda dos governos do mundo a adotarem medidas imediatas para deter a destruição das florestas. Notas ao Editor: 1. O navio do Greenpeace MV Arctic Sunrise estará percorrendo a Amazônia Brasileira durante os próximos dois meses, denunciando a retirada ilegal de madeira da região e destacando a importância de preservar a maior floresta tropical do planeta e sua biodiversidade. 2. Leia íntegra do Manifesto “Pela Demarcação e Garantia de Todas as Terras Indígenas”, assinado pela Coiab, Uni-Tefé e Opimp no site do Greenpeace: www.greenpeace.org.br