Há quem sustente que o mais importante dos princípios jurídicos é a liberdade. Dizem que a palavra condensa todos os valores próprios da noção de dignidade da pessoa humana, e posse dos seus direitos individuais e sociais. Por isso, Franklin Delano Roosevelt anotou que os homens necessitados não são homens livres. Justamente por isso, vêem-se, historicamente, de tempos em tempos, manifestações em prol da liberdade. No século passado, marcou-nos, profundamente, a queda dos regimes ditatoriais no leste europeu. Agora, vive-se fenômeno assemelhado nos estados árabes, em plena convulsão. Esta cerimônia, no seu significado mais profundo, é uma celebração da Justiça. Justiça não se celebra, porém, onde falte liberdade. Não há liberdade onde faltam juízes independentes. Não há liberdade sem Tribunais. Por isso que preza esta corte de ser reconhecida como guardiã da liberdade, cuja honra tenho hoje, em nome dos advogados de Mato Grosso do Sul, em saudar os empossados Desembargadores Doutores Luiz Carlos Santini, Hildebrando Coelho Neto e Atapoã da Costa Feliz, todos donos do mais elevado espírito público, conscientes que são de que irão defender o valor mais precioso de nossas vidas e de nosso estado, que é, em síntese, a liberdade. Não nos surpreende, outrossim, as ascensão dos empossados para tão alta responsabilidade. Com efeito, do ofício de magistrado substituto em Aparecida do Taboado, até hoje, quando alcança o posto máximo da Justiça Guarani, o Des. Luiz Carlos Santini trilhou trinta e três anos de história dedicada ao nosso Judiciário, incorporando, em definitivo, à sua biografia, dedicação e amor à Justiça, de maneira tal que nos obriga a fazer praça daquele que alcança o ápice de sua carreira através da via compensadora do trabalho. Igualmente, os dignos Vice-Presidente e Corregedor-Geral de Justiça hoje empossados, donos de ilustres e vastas biografias. Todos têm consciência de sua responsabilidade e compromisso com o direito, de maneira que, a única tristeza deste festivo momento é a recordação, sempre devida, da vida de outro magistrado que fez gravar seu nome nesta casa e na história de muitos operadores do direito, Des. Rui Garcia Dias, de quem já fora dito que “deixou marcas bem singulares de sua personalidade: exímio escritor, que, com acentuado humor, soube como ninguém registrar os fatos do cotidiano, em especial os relativos à vida campestre de nosso Estado. Ademais, Rui Garcia, como poucos, dominou o conhecimento profundo do Direito, cuja aplicação soube conciliar sempre com dose adequada de razoabilidade. Sentiremos sua falta. Ainda bem que seu exemplo permanece”. É induvidoso que a sua passagem para o oriente eterno não impedirá que seu espírito habite nesta cerimônia, fazendo ecoar seus sorrisos e suas esperanças. Ao novel Presidente, Des. Santini, cabe a tarefa de suceder o insigne Des. Paulo Alfeu Puccinelli, que, em pouco menos de um ano de trabalho modernizou a estrutura do nosso Poder Judiciário, construindo e entregando diversos Fóruns em todo interior e tendo alçado nosso Estado como um daqueles em que é mais avançada a virtualização processual. Demais disto, o Des. Paulo Alfeu Puccinelli é o responsável por vários mecanismos que melhoraram o dia-a-dia dos advogados, criando, por exemplo, a certidão digital, e o agendamento eletrônico de carga, para citar apenas dois exemplos. Se, por um lado, a OAB/MS não pôde compactuar com todas as decisões da administração que se finda - especialmente na redução do horário do expediente forense - não deixa de reconhecer, por outro, seus inúmeros acertos, sabedores que somos que nunca ninguém é tão bom que não possa nunca errar, e nunca ninguém é tão perfeito que não possa nunca aceitar opinião de outrem. Assim registra-se, porque nenhum poder pode enfrentar sozinho suas crises. De fato, a OAB/MS será a primeira a ombrear com o Judiciário para que este mantenha sua necessária independência, e tenha os recursos necessários para fazer seus inúmeros e necessários investimentos, como o fez, aliás, ao defender, de público, ainda nesta banca, o aumento do duodécimo devido pelo executivo, e ao ingressar com o pedido de refúgio do juiz boliviano Hernando Tapia Pachi, perseguido em seu país porque teve a coragem de contrariar o executivo. O que não se admite, em qualquer estado moderno, é que o judiciário seja apêndice do executivo e do legislativo, sujeito a se apequenar em virtude das necessidades econômicas passageiras daqueles poderes, quando, em verdade, porquanto se encarta como a última trincheira da liberdade dos cidadãos, os demais poderes é que deveriam reverenciá-lo. Com efeito, o argumento da falta de dinheiro não deve servir de pretexto para a redução dos necessários gastos que o Poder Judiciário deve realizar. Faltam servidores e juízes no estado inteiro. Sobram processos. Nosso Tribunal pode e deve gastar mais, contratando – através do devido processo legal - e empossando serventuários. Não se acredita que o Executivo e Legislativo ficarão surdos aos anseios deste Poder que precisa investir mais, e investir agora. Afinal, não há outro caminho senão a trilha comum entre Magistratura, OAB e Ministério Público. Todos, cada qual na sua esfera própria de competência, são aliados e parceiros na urgente tarefa de aprimorar o Poder Judiciário, como portador da mais sagrada função estatal de defensor da liberdade do povo, e da soberania das constituições. Isso porque a busca pela Justiça exige esforço hercúleo e cotidiano de todos os envolvidos e, como lembrou Cajal, cientista espanhol, “não existem questões esgotadas, mas homens esgotados em suas questões”. Bem por isso, cerca-nos de boa expectativa, outrossim, a posse do Des. Santini. A trajetória deste paulista de nascimento e sul-mato-grossense de coração faz perceber uma vida que sempre se dedicou com afinco à execução de todas as tarefas que lhe foram designadas, seja como advogado, professor, juiz, juizeleitoral, desembargador ou vice-presidente deste Tribunal, devendo ser ressaltado, outrossim, a sua condição de filho carinhoso, que o diga seus familiares, em especial seus saudosos pais, Senhor Aurélio Santini e Sra. Marilene Esteves Santini. Ademais, merece destaque o fato de que o Dr. Santini estará ladeado de competentes colegas. Não sem razão, o Sr. Hildebrando e o Des. Atapoã, todos juízes competentes e de reconhecida hombridade, com larga folha de serviços prestados à comunidade sul-mato-grossense, certamente, irão ajudar a Presidência a aprimorar nossa Justiça Estadual, atendendo, em especial, os anseios da advocacia sul-matogrossense. Neste particular, há que se reconhecer que o novo Presidente do TJMS, seja em 1ª, seja em 2ª instância, ou mesmo no cargo administrativo que exerceu, sempre buscou a realização da justiça, tratando o direito como coisa viva, que se manifesta nas infinitas possibilidades da ação humana, tendo compreendido, em todos os momentos, que a justiça existe para o jurisdicionado, e não o jurisdicionado para a justiça, sem a qual inexistirá liberdade para A Ordem dos Advogados do Brasil tem a total certeza de que o novo presidente e demais empossados irão desempenhar a sua função de maneira exemplar, conforme comprovam, aliás, suas biografias. Sabemos que não serão perjuros, nem vítimas da onipotência. Acima das conjunturas e momentos, tem o compromisso quase prosaico de decidir as causas segundo sugerem suas consciências, perante o fato e a lei, renovando o ato de fé na democracia, respeitando as leis e as Constituições, mesmo quando são inconvenientes e com elas não concordam, donde estamos plenamente convictos de que, nesta empreitada, os empossandos serão extremamente bem sucedidos. Deveras, não apenas como representante da classe dos advogados de meu estado, mas principalmente como cidadão sulmato-grossense, sublinhando a competência, a dignidade e a honradez de caráter do novo Presidente, bem como dos demais empossandos, desejo-lhes grande sucesso no exercício de suas dignificantes e árduas missões. Direito não é só uma coisa que se sabe, é também uma coisa que se sente. Afinal, a justiça tem desejo sincero pelo sentimento. É ele quem nos conduz ao certo ou errado, e quem nos dá vida à norma, fria e abstrata. Deseja-se que suas excelências, hoje empossados, sejam a voz a cantar a liberdade e a justiça em nosso Estado, vivificando os versos de Schiller na 9ª Sinfonia, “Liberdade, filha de Elísio. Todos os homens se tornam irmãos por onde passa seu doce vôo.” Nós, da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de Mato Grosso do Sul, auguramos os melhores votos para que o Presidente do Tribunal de Justiça e demais empossados, realizem tudo quando deles espera, ainda, a sociedade Sul-mato-grossense. Muito obrigado.