O método científico: O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade, datando de cerca de quatrocentos anos. No pensamento grego, ciência e filosofia achavam-se ainda vinculadas e só vieram a se separar a partir da Idade Moderna, no século XVII, com a revolução científica instaurada por Galileu. A comunidade científica: As conclusões a que chegam os cientistas são avaliados pelos seus pares, que pertencem a uma comunidade intelectual encarregada do constante exame crítico desses resultados. Uma comunidade científica pode ser entendida como o conjunto dos indivíduos que se reconhecem e são reconhecidos como possuidores de conhecimentos específicos na área da investigação científica. Ciência e valores: De fato, embora sejam inegáveis as aplicações tecnológicas, não é essa a intenção primeira da investigação científica, que antes de tudo visa ao conhecimento. Sob esse aspecto, a ciência só visaria a valores cognitivos,isto é, ao cientista só interessaria conhecer por conhecer, sem se preocupar com aplicação do conhecimento. Valores cognitivos: Examinaremos inicialmente as três características aos valores cognitivos da ciência: Imparcialidade: imparcialidade é a concepção de que as teorias são corretamente aceitas apenas em virtude de manifestarem os valores cognitivos em alto grau, segundo os mais rigorosos padrões de avaliação e com respeito a uma série apropriada de dados empíricos. Autonomia: A autonomia refere-se às condições independentes das investigações, porque, segundo se espera, as instituições científicas deveriam estar isentas de pressões externas e poder definir suas agendas voltadas para a produção de teorias imparciais e neutras. O nascimento da ciência moderna 6 Nos seus primórdios, a ciência não se distinguia da filosofia. De acordo com a definição de Aristóteles, a ciência é um conhecimento das coisas pelas suas causas. Neste sentido, todos os filósofos eram também cientistas. 7 Aristóteles, numa representação medieval (durante muitos séculos, Aristóteles foi considerado o modelo do cientista) 8 A ciência encontrava-se ainda no seu estado teórico: um saber pelo saber, um saber desinteressado. 9 A revolução científica dos séculos XVII e XVIII 10 A ciência moderna nasceu entre os séculos XVI e XVIII com Galileu, Kepler e Newton. 11 As leis científicas passam a explicar matematicamente os fenómenos testados por verificação empírica e a prever a ocorrência de novos fenómenos. 12 É nesta altura que a ciência se autonomiza relativamente à filosofia e se torna um conhecimento que procura formular as leis que regem os fenómenos mediante linguagens rigorosas. 13 Biologia O microscópio, inventado nos finais do século XVI, permite observar bactérias, células vegetais e a circulação do sangue nos capilares 14 Galileu introduz a luneta nas suas investigações astronómicas em 1609. Descobre as montanhas da lua, as fases de Vénus e os satélites de Júpiter. É levado ao tribunal da Inquisição em 1632. A célebre luneta de Galileu 15 Medicina William Harvey descobre, em 1628, a circulação sanguínea 16 Em 1687, Newton aplica as matemáticas aos movimentos dos corpos e estabelece a lei da gravitação universal. 17 A ciência moderna está associada aos desenvolvimentos da física clássica e da linguagem matemática. 18 Química Em 1661, Robert Boyle, introduz a noção de elemento químico e enuncia a lei da compressibilidade dos gases. 19 Química Lavoisier, por volta de 1780, descobre a existência do oxigénio e define o seu papel na composição do ar, da água e na combustão dos materiais. 20 A revolução industrial dos séculos XVIII e XIX 21 A concepção moderna de ciência substitui a antiga concepção teórica de ciência por uma concepção que coloca o pólo teórico ao serviço da atividade manipuladora e tecnológica. 22 A revolução industrial do século XVIII e XIX é a consequência imediata da tecnociência – a técnica é a ciência posta em prática. 23 A ciência transforma-se em tecnociência. 24 25 O cientismo do século XIX 26 No século XIX, a crença ilimitada na ciência transforma-a no único conhecimento válido, verdadeiro, infalível e incontestado. 27 Biologia No século XIX, a biologia forma duas direcções de investigação: a teoria da evolução e o estudo das células. 28 Todos os outros saberes (religião e filosofia) são formas imperfeitas e menores de compreensão da realidade. 29 Medicina No século XIX, a medicina identifica as bactérias responsáveis pela lepra, tuberculose e paludismo. 30 As ciências sociais e humanas desenvolvem-se durante todo o século XIX: a Geografia, a Economia, a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia. 31 A ciência é entendida como sinónimo de progresso e de felicidade. 32 As crises e as conquistas da ciência no século XX 33 34 A ciência do século XX – que alguns designam por ciência pós-moderna está associada ao surgimento da teoria da relatividade de Einstein e aos avanços da física quântica. A ciência fica marcada pela incerteza, indeterminismo e probabilidade. 35 36 A partir da segunda metade do século XX, acontecimentos como Hiroxima, Nagasáqui e as experimentações genéticas levadas a cabo pela Alemanha nazi, juntamente com a crise dos fundamentos da ciência, fizeram reconhecer os limites da ciência. 37 Será que tudo o que é tecnicamente possível deve ser experimentado? 38 39