Jardim e Palácio de Sant’Ana
Tanto um como o outro datam do século XIX, famoso ciclo de ouro para a
economia dos Açores, graças à cultura e exportação da laranja para a GrãBretanha.
No jardim, distinguem-se várias espécies botânicas exóticas, sobressaindo,
entre elas, uma “Árvore de Natal da Nova Zelândia” – metrosiderus excelsa –
que mais parece uma mini floresta virgem, tal é a sua volumetria, o
emaranhado dos seus ramos e a profusão de suas raízes aéreas.
No Palácio, hoje Presidência do Governo, cuja planta foi encomendada em
Paris, é de realçar a beleza da sua fachada e a riqueza da obra de talha do
mobiliário da respectiva sala de jantar. De salientar é também a colecção de
telas sobre a visita régia de 1901, do pintor lisbonense Ernesto Ferreira
Condeixa.
Este conjunto – Palácio e Jardim – foi adquirido à Marquesa de Jácome
Correia pelo Governo Regional dos Açores, em 1977, pela simbólica
importância de 16000 contos.
Jardim de José do Canto
José do Canto, que foi simultaneamente botânico, político, bibliófilo,
benemérito e, ainda, defensor acérrimo do desenvolvimento da agricultura em
S. Miguel, foi um autêntico criador de beleza e riqueza. Distinguiu-se pela
introdução e aclimatação de novas espécies, em S. Miguel, plantando, em
1846, este jardim que ele próprio delineou e que, no seu tempo, foi
considerado o mais rico jardim privado, na Europa, em espécies botânicas. Na
verdade, o Jardim de José do Canto, é uma das jóias do nosso património
botânico local. Este jardim, com outros dois – o de Sant’Ana e o de António
Borges – foram sempre considerados os mais ricos e belos de Ponta Delgada,
cuja maior atracção turística, no século XIX, eram, precisamente, os seus
jardins.
Igreja Matriz de S. Sebastião
Foi construída na primeira metade do século XVI, no local da primitiva
ermida de São Sebastião, padroeiro da cidade. A sua estrutura quinhentista
mal se entrevê no meio de tantos acrescentos e mutilações, principalmente, as
que ocorreram no século XIX. No exterior, são dignos de menção o portal
central da fachada, em estilo manuelino, e o do lado sul, ambos em pedra de
lioz. No interior, são também dignos de nota os tectos da capela-mor e
laterais, imagens do século XVII e XVIII e, na sacristia, azulejos e mobiliário
em jacarandá.
Anexo, funciona um pequeno museu de arte sacra onde, entre várias
esculturas de madeira e marfim, peças de ourivesaria e paramentos, se pode
observar parte de um conjunto de paramentos que pertenceram a Grandison,
bispo de Exeter – Grã-Bretanha – século XIV.
Igreja de Todos os Santos ou do “Colégio” dos Jesuítas
Iniciada pelos Jesuítas, ainda no século XVI, foi, no decurso dos tempos,
sofrendo várias alterações, nomeadamente, na fachada. A majestosa fachada
barroca que, agora, apresenta foi iniciada em 1738, mas nunca concluída,
devido à sua expulsão de Portugal, no tempo do Marquês de Pombal.
Conforme o estilo jesuítico da Contra-Reforma, é uma igreja – salão cuja
nave única é, na parte inferior, revestida de azulejos, exibindo, ao fundo, no
altar-mor, o mais imponente dos retábulos barrocos açorianos. Este retábulo é,
na verdade, uma verdadeira apoteose do barroco, entre nós. Nesta igreja,
pregou o insigne orador Padre António Vieira, em 15 de Outubro de 1654.
Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada
Desde 2001 que estão a funcionar no antigo Colégio dos Jesuítas que, para
o efeito, foi objecto de grandes obras de recuperação, restauro e adaptação.
Fundada a biblioteca em 1841, é hoje considerada uma das mais
importantes, a nível nacional, pela riqueza e diversidade dos fundos e
colecções que possui. Neste particular, salientam-se os Fundos de José do
Canto, Ernesto do Canto e Eugénio do Canto, a Livraria e espólio Teófilo de
Braga, a de Antero de Quental e a Anteriana do Dr. José Bruno Tavares
Carreiro.
Na área do Arquivo, possui conjuntos documentais de grande interesse,
provenientes de instituições eclesiásticas, notariais e judiciais; de arquivos de
famílias, por exemplo, Praia e Monforte, Hintze Ribeiro e, ainda, de empresas
de que se destaca a Companhia de Navegação Carregadores Açorianos.
Convento de Santo André e Museu Carlos Machado
O Convento de Santo André, primeiro padroeiro de Ponta Delgada, é onde
se encontra o Museu Carlos Machado, desde 1934.
A história deste imóvel data do século XVI. Foi o segundo Convento de
Clarissas a ser erigido, em Ponta Delgada, depois do de Nossa Senhora da
Esperança. É um dos belos exemplares de arquitectura conventual, não
obstante as várias alterações de que foi objecto até à sua adaptação a museu,
em 1930. Na igreja anexa, de magnífica fachada decorada de pedra vulcânica,
ao gosto dos século XVII e XVIII, sobressaem as janelas setecentistas. O seu
interior é de uma só nave e tecto abobadado com pinturas a fresco, executadas
em 1820. Desta época, são também os altares e o púlpito, de talha dourada.
A criação do Museu Carlos Machado é reflexo da mentalidade científica
do Século XIX. As primeiras colecções foram reunidas por Carlos Maria
Gomes Machado, Reitor do Liceu Nacional de Ponta Delgada e professor de
Introdução à História Natural. O “Museu Açoriano”, como foi designado,
inicialmente, foi inaugurado em 1880 e, a partir de 1914, em homenagem ao
seu fundador, passou a chamar-se “Museu Carlos Machado”. De salientar são
as suas “Colecções de História Natural” – Zoologia, Botânica, Geologia e
Mineralogia – e de arte (núcleos de pintura, escultura e arte sacra) e
etnografia. O Museu Carlos Machado possui uma biblioteca que conta já com
mais de 6000 volumes, para além de “Periódicos”.
Recolhimento e Igreja de Santa Bárbara
A Igreja de Santa Bárbara é anterior ao Recolhimento que terá sido
instituído em finais da primeira metade do século XVII, início da segunda.
Destinava-se a “nele viverem e se recolherem donzelas” e, ainda, “pessoas
recolhidas e professas”. No interior da igreja, para além da obra de talha,
salienta-se a existência de um retábulo policromado, representando o
“Trânsito de São José”. Devido à situação política pós-1932 e, ainda, à
desamortização dos vínculos, passou o Recolhimento a ser regido por
Estatutos aprovados por Alvará do Governo Civil de então. Hoje, o
Recolhimento está em ruínas e a Igreja agregada ao Museu de Ponta Delgada.
Recolhimento e Ermida de Sant’Ana
Com a desamortização dos bens vinculados, o Recolhimento terminou a
função para que fora instituído, deixando, assim, de ter onde vivessem e com
que se sustentassem muitas desprotegidas da fortuna, parentas dos
instituidores.
Na Ermida do século XVII, podem ver-se as valiosas imagens de Sant’ana
e de Santa Quitéria.
Sinagoga
Situada na Rua do Brum, 16, é um marco histórico da presença judaica em
Ponta Delgada, caracterizador da sua memória e património cultural que
muito valoriza e até, singulariza. O edifício foi adquirido a 21 de Dezembro
de 1836, por decisão conjunta de Abraão, Elias e Salomão Bensaúde, Isaac
Zafrany, Fortunato Abecassis e José Azulay. Depois de obras de beneficiação
foi, então, transformado em lugar de culto. Há muito que encerrou as suas
portas, entrando num estado de total degradação.
Portas da Cidade
Foram construídas em 1783 e constituem um verdadeiro ex-líbris da
cidade. Sob o seu arco central, entraram, em Ponta Delgada, reis, presidentes
da república e altas individualidades: D. Pedro IV e D. Carlos I, de Portugal;
os Generais António Óscar Fragoso Carmona, Craveiro Lopes e Ramalho
Eanes; o Príncipe Alberto de Mónaco...
Os Paços do Concelho
Interessante edifício e belo exemplar de estilo arquitectónico micaelense
com suas janelas de avental, frisos de pirâmides quadrangulares, em rosário,
urnas... Na facha da principal, escadaria monumental, de acesso ao edifício. A
sua torre sineira é de 1724. No interior, guarda-se um sino do século XVI,
oferta de D. João III, rei que, em 2 de Abril de 1546, “por motu próprio”,
elevou Ponta Delgada à categoria da cidade. Durante muito tempo, aquele
sino regulou a vida da gente da cidade e anunciou o recolher obrigatório dos
considerados marginais: judeus e mouros.
Ermida de S. Brás
Data do século XVI, tendo sido construída, inicialmente, no local onde
hoje se encontra o forte do mesmo nome: o Forte de S. Brás. Devido à
construção deste forte, ao qual deu o seu nome, foi transferida, em 1584, para
o lugar onde se encontra – Rua Machado dos Santos. Por nela existir um altar
dedicado a Santa Luzia, objecto de muita devoção da nossa gente, é também
conhecida por Ermida de Santa Luzia.
Casa Museu Dr. Armando Cortes Rodrigues
O Dr. Armando Cortes Rodrigues – escritor, poeta, etnógrafo e professor –
foi, durante toda a sua vida, um incansável perscrutador da vida e da alma da
gente açoriana. Após a sua morte, impunha-se, portanto, a preservação de
todo o seu espólio literário e etnográfico. Foi isto que, em boa hora, fez a
Secretaria Regional da Educação para tudo colocar ao alcance de todos. E,
assim, surgiu a Casa Museu Dr. Aramando Cortes Rodrigues na Rua José
Maria Raposo Amaral.
Casas brasonadas
• A da Rua dos Mercadores, 90. É do século XVII e constitui também um
belo exemplar do estilo arquitectónico micaelense.
• A da Rua Dr. Guilherme Poças Falcão, 14. Data do século XVIII.
• A da Rua de Sant´Ana, 19, inicialmente conhecida por Palácio de
Sant´Ana. Século XVII.
Casa de residência da Rua do Contador, 6
É um belo exemplar da arquitectura regional do século XVIII, rico e
imponente pelo lavra que apresenta e de que merecem especial referência as
suas colunas salomónicas.
Casa de residência da Avenida Gaspar Frutuoso, 9
É um belo exemplar do “Art Déco” dos anos quarenta, do século passado.
Foi construída pelo Eng. Manuel António Vasconcelos que, no mesmo estilo,
edificou o Hotel Terra Nostra.
Casa de residência da Avenida Gaspar Frutuoso, 1
A construção desta casa, da autoria de Raul Lino, é uma clara
manifestação de simpatia pelo chamado “estilo português”.
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Jardim e Palácio de Sant`Ana Tanto um como o outro datam do