Larissa Montagner Cervo “A língua é o que nos une? Reflexões sobre o Museu da Língua Portuguesa” Nesta comunicação, tratamos do Museu da Língua Portuguesa (São Paulo – SP – Brasil) enquanto espaço de comemoração da língua portuguesa como patrimônio, proposta esta que deriva de um recorte de nosso trabalho de doutoramento intitulado Língua, Patrimônio Nosso. O Museu é uma iniciativa política do Estado de São Paulo e, em sua constituição, anunciada a partir do slogan “A língua é o que nos une”, estrutura-se como meio de tecnologização da língua portuguesa a partir de uma reinscrição de princípios valorativos ao imaginário da língua nacional, processo este já antes historicizado nas e pelas gramáticas e dicionários, pelo saber escolar. No entanto, com base na Análise de Discurso, problematizamos a prática de musealização e a patrimonialização como formas de política linguística para a ressignificação da história e da memória da língua portuguesa, na medida em que entendemos serem estes gestos simbólicos e políticos, entre outros, de temporalização da memória nacional pela língua, sobretudo de (re)territorialização de identidade, já que, ao determinar sentidos a respeito de língua/do que é a língua portuguesa/de como contar a sua história e de quais são seus representantes, o Museu consequentemente reinscreve a língua na história, determinando sentidos sobre aquele que a fala e que por ela/nela significa.