CIDADANIA Estação das Profissões Parceria do SESI-MG com entidade européia oferece orientação gratuita para vida profissional A população mineira é a primeira fora da Europa a se beneficiar da rede internacional Cité des Métiers, entidade com sede em Paris (França) que oferece orientações e informações gratuitas sobre profissões, mercado de trabalho, oferta de emprego e empreendedorismo. A Cité tem representações na Bélgica, na Espanha, em Portugal e na Itália. No Brasil, recebeu a denominação de Estação das Profissões e foi instalada há três anos em Belo Horizonte. Nesse período, recebeu 115 mil pessoas, entre estudantes, empregados, desempregados, autônomos e aposentados – todos com um objetivo comum: dar um rumo certo à vida profissional. Os visitantes têm idade entre 20 e 60 anos. A iniciativa de se associar à rede francesa foi do SESI Minas Gerais. O projeto recebeu apoio de diversas entidades empresariais integrantes da Fundação Mineira de Desenvolvimento Profissional, como a Câmara de Dirigentes Lojistas, o Centro das Indústrias das Cidades Industriais de Minas Gerais, o Sebrae, o Senac, o IEL, o SENAI, e de instituições educacionais, como a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais e a Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec). A Estação das Profissões recebeu 22.429 pessoas só no primeiro trimestre deste ano, 17% mais que em igual período do ano passado. Desse total, 77% estava em busca de trabalho ou de estágio, 18% queria FOTOS: DIVULGAÇÃO Monalisa: ambiente favorece reflexão sobre carreira obter uma formação, 4% tinha o objetivo de criar sua própria atividade e 1% pretendia mudar sua vida profissional. Não é à toa que a demanda por emprego é o maior foco de interesse: a Estação dispõe de uma Central de Vagas, que capta informações de várias agências de emprego da Região Metropolitana de Belo Horizonte, e oferece cerca de mil vagas todos os dias, em diversas áreas. “As vagas são atualizadas diariamente”, observa a diretora-administrativa, Monalisa Villefort. A Central, por isso, funciona como a maior agência de empregos da região. Estudantes como Poliana Coimbra Mascarenhas, que cursa o oitavo período de Psicologia, engrossam o número de pessoas em busca de emprego ou estágio. “Na primeira vez que estive aqui procurava informações sobre meu curso; agora, quero um estágio”, afirma. Para ela, na Estação, além de esclarecer dúvidas vocacionais e profissionais, as pessoas recebem Estação das Profissões: em Belo Horizonte, a única representação fora da Europa 3 CIDADANIA uma ajuda que dificilmente encontrariam em outro lugar. Por exemplo, auxílio na elaboração e digitação do currículo. “Gente que sequer tem currículo só aqui consegue a oportunidade de fazer um”, afirma. As pessoas dispõem de diversos serviços na Estação, adianta Monalisa. “Aqui, os visitantes encontram ambiente propício à reflexão sobre a vida profissional. Todos podem circular pelas instalações e têm livre acesso à biblioteca, computadores, Internet e videoteca. As informações fornecidas são muito abrangentes. Na área de educação, por exemplo, é possível saber desde onde encontrar um curso de alfabetização até um de doutorado fora do País.” CONSELHEIROS Além do acesso a dados sobre formação profissional, mudança de atividade, emprego ou negócio próprio, o visitante pode recorrer a um dos 15 conselheiros da Estação, profissionais de diversas áreas, como assistentes sociais, psicólogos, engenheiros, professores, jornalistas ou estudantes de cursos superiores. “Criamos um pólo para cada um desses temas”, explica Villefort. Cada conselheiro tem um pequeno espaço para receber os interessados que, se quiserem, podem passar horas conversando, debatendo o assunto que escolherem. Se as respostas não estão na biblioteca, na videoteca, na Internet ou na conversa com os conselheiros, o visitante pode procurá-las ainda em um dos diversos eventos realizados todas as semanas, como palestras, oficinas, debates e encontros com profissionais que relatam suas experiências, além de mostras de filmes sobre profissões, entre outras atividades. “Nosso objetivo é proporcionar ao público uma reflexão sobre sua carreira profissional em um mundo de constantes e rápidas mudanças. Este é um local onde as pessoas podem ficar por dentro de tudo o que acontece no mercado de trabalho”, conclui Monalisa. Quando assumiu o posto de conselheiro, o professor de mecânica e desenho do SENAI, Alexandre Graça Belo, visitou todos os cursos oferecidos pela sua instituição de origem, desde o setor de mecânica, sua área de atuação, até os de joalheria, moda e padaria. “Sou da área de Conselheiros: atendimento individual para sanar todas a dúvidas 4 mecânica, mas recebo demandas de todas as áreas e preciso saber as informações”, afirma. Seu objetivo, explica, é responder bem às perguntas, tirar dúvidas sem induzir as pessoas. “O usuário é que vai se definir, dentro das nossas ponderações, e decidir o que fazer de sua vida profissional”, acrescenta. Graça Belo é um dos pioneiros na Estação das Profissões. Foi treinado por especialistas franceses para seguir o padrão de comportamento dos conselheiros estabelecido pela rede. Agora, ele mesmo treina iniciantes, como Aline Pacheco de Andrade, estagiária de psicologia da Câmara de Dirigentes Lojistas, que também atua como conselheira. “Recebemos aqui desde ajudantes até engenheiros e executivos, que ganhavam altos salários e ficaram desempregados”, afirma Aline. “Todos querem nossa ajuda para refletir sobre sua vida profissional”, complementa. Mas ela mesma sente que obtém retorno profissional para a sua própria carreira: “O contato com pessoas muito diferentes é uma experiência e tanto para uma futura psicóloga”, conclui. A assistente social do SESI, Maria Fontana Cardoso Maia, diz que um de seus maiores desafios é ajudar o visitante a descobrir seus próprios talentos e qualidades. “Fomos educados para conseguir um emprego e não para ser dono de uma carreira”, afirma. A crise no mercado de trabalho, segundo a assistente social, tem obrigado as pessoas a usarem a criatividade e o espírito empreendedor. Isso explica por que há uma demanda crescente pelo Pólo Criar sua Atividade, que, no primeiro trimestre deste ano, foi alvo do maior número de pedido de informações, registro e legalização de negócios informais na Estação.