ESPECIAL O MAR VERDE DEU ESPAÇO PARA AVES E SUÍNOS PRODUTORES RURAIS DE LUCAS DO RIO VERDE EXTRAEM COM RESPONSABILIDADE AMBIENTAL O MÁXIMO DA TERRA E A CHEGADA DA AGROINDÚSTRIA FAVORECEU ESTE PROCESSO ARTHUR RODRIGO RIBEIRO [email protected] E JOÃO PAULO MONTEIRO, DE LUCAS DO RIO VERDE (MT) [email protected] 60 FEEDFOOD.COM.BR Fotos: 1.BRF Industrial / 2. MJ Agropecuária V á para Lucas do Rio Verde e de cada 100 produtores rurais 100 batem na mesma tecla: “A maximização do uso da terra”. Esta é a palavra de ordem da região em função de sua área territorial comparada as cidades ao em torno. A Sadia em 2006 fincava os pés no munícipio, após a compra da Empresa Mato-grossense de Alimentos (EMA), projeto capitaneado por um grupo de empresários locais que mantinham no seu DNA o desejo de agregar valor em suas produções, ou seja, o co-produto de uma atividade se tornaria produto para outra. Cultura típica de regiões com pequenas áreas de produção, como ocorre nos Estados do Sul do Brasil, sendo a grande maioria destes originários destas regiões. Com um investimento de R$ 500 milhões, o complexo industrial da BRF está localizado às margens da Rodovia MT449, no distrito com o nome do fundador da Sadia, Atílio Fontana. Só dá para se ter noção do tamanho da unidade ao percorrer de carro pela a estrada privada que margeia a fachada. Em um determinado 2 momento a nossa equipe de reportagem achava que aquele complexo industrial não teria fim. Uma das mais modernas plantas de abate e processamento de alimento da América Latina, que gera 6,3 mil empregos diretos e direciona 90% de seus produtos para outros Estados do País. E da imensidão dos campos verdes do milho, soja e algodão se consolidou a verticalização da avicultura e suinocultura, esta última presente na cidade desde a década de 90, mas tudo isso após o fortalecimento da produção primária, das estruturas para abarcar a industrialização. Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL, Pelotas/RS), presente há cinco anos em Lucas do Rio Verde, atualmente como gerente Agropecuário Aves, Ivan Zechin, esclarece que a cadeia do frango dentro da planta da BRF no munícipio está desenvolvida, mas atualmente a unidade fabril, o frigorífico, não utiliza 100% de sua capacidade de produção. “Abastecemos nossa planta, com capacidade próxima a 500 mil aves dia, mas hoje abatemos 300 mil/dia. Contamos com três linhas de abate, mas operamos com duas”. A produção excedente é levada para a planta de abate terceirizada sediada no município de 2 Nova Marilândia (MT), com capacidade total para abate de 180 mil aves/dia. Contudo, para ele, diferentemente de outras regiões do Brasil, a estrutura dos parceiros BR em Lucas do Rio Verde é bem diferente. “Enquanto aqui contamos com 42 donos de granjas, em Toledo (Estado do Paraná, Região Sul do Brasil) são mais de 600. Nossa estrutura é 100% empresarial, os produtores desta região não tem a atividade, na sua grande maioria, como a principal renda e, na maior parte dos casos, as granjas são administradas por funcionários, os donos não cuidam da granja como comumente vemos na Região Sul do Brasil”, discorre. A estrutura da unidade avicultura BRF começa em duas granjas de recria para o recebimento das aves vindas da empresa Cobb dos Estados de São Paulo (Rio Claro/ SP) e Minas Gerais (Uberlândia/MG), linhagens 500 e 700. “Recebemos os pintinhos e os machos nestas duas unidades. Chegam por caminhões climatizados e permanecem nos núcleos por 24 semanas. Após este período são transferidos para as granjas de produção de ovos, onde contamos com um galo para cada dez matrizes, um movimento realizado com o apoio dos integrados, dando início a produção”, esclarece. FEEDFOOD.COM.BR 61 ESPECIAL 1 3 PLASSON EM LUCAS DO RIO VERDE (MT) Ao todo, são sete núcleos de 120 mil matrizes cada, somando 840 mil aves que são transferidas para o incubatório de matrizes, sob chancela da empresa Casp (Amparo/SP), com capacidade para processar em torno de 13 milhões de ovos/mês, gerando 440 mil pintos de um dia/dia. Uma logística extremamente organizada, para abastecer 42 parceiros que GRASSI É SUPERVISOR DE VENDAS DA PLASSON, EMPRESA QUE RESPONDE POR 80% DOS AVIÁRIOS BRF DE LUCAS DO RIO VERDE E REGIÃO AVICULTURA BRF EM NÚMEROS ■ Linhagens: COBB 500 E 700 ■ Incubatórios: CASP ■ Granjas de aves: PLASSON ■ 7 núcleos com 120 mil matrizes cada = 840 MIL AVES 13 MILHÕES de ovos processados por mês 440 MIL somam 684 aviários, dispostos em 86 núcleos de oito entre cada integrado, com capacidade para 27,5 mil pintos alojados por galpão, estes com dimensões de 150 metros de comprimento por 14 de largura. A presença da unidade BRF em Lucas ocasionou um efeito dominó positivo de investimentos e na economia do município. Para ter uma ideia, diversas empresas migraram suas atividades acompanhando a agroindústria – lembrando apenas que a quantidade de sucesso da região ao longo dos últimos 16 anos, desde a primeira gestão do prefeito Otaviano Pivetta, está bem acima dos casos de insucessos – entre as muitas empresas satélites que apostaram do desenvolvimento da cidade está a multinacional Plasson, de origem israelense, sediada no Brasil no Estado de Santa Catarina, mais precisamente em Criciúma, presente no município com uma filial desde 2007 e hoje responde por 80% dos projetos e equipamentos dos aviários BRF na Região. Quem fala sobre esta trajetória desse novo reduto da indústria avícola nacional é o supervisor de Vendas da unidade Plasson Lucas do Rio Verde, Olmir Francisco Grassi. “Esta filial é a única da Plasson em todo o Brasil em função da expressão do segmento avícola no Norte do Mato Grosso, atividade pecuária que desde 2006 vem agregando valor dentro das 684 AVIÁRIOS pintos de um dia por dia 42 PARCEIROS 86 NÚCLEOS de oito com capacidade para 27,5 MIL pintos alojados Fonte: BRF 62 FEEDFOOD.COM.BR Fotos: 1. f&d/ 2. MJ Agropecuária / 3. Plasson 2 propriedades do município e da região”, enfatiza o supervisor Plasson. Atuando na área de novos projetos, prestação de serviços técnicos e reposição, atualmente a empresa conta com aproximadamente 12 milhões de aves sob projetos chancelados pela Plasson. “São 460 galpões, algo em torno de 35 clientes diretos. Isso confirma aquilo que a empresa já esperava, o desenvolvimento econômico da região em função da agregação de valor advinda do campo pelo o aproveitamento de áreas para o desenvolvimento de novos negócios, como a avicultura, por exemplo. Ao longo desses sete anos a empresa conquistou um elevado nível de confiança junto aos produtores rurais de Lucas do Rio Verde, graças ao trabalho sério, cumprimento de prazos, garantias de resultados zootécnicos positivos, assistência técnica personalizada e especializada”, enaltece Grassi, mais IVAN ZECHIN RESPONDE PELO GERENCIAMENTO DA DIVISÃO AGROPECUÁRIA AVES DA BRF 1 FEEDFOOD.COM.BR 63 ESPECIAL 1 ANDERSON VERARDI ADMINISTRA A GRANJA DO FUTURO, EMPRESA RURAL PARCEIRA BRF um profissional que deixou o Sul do Brasil para peregrinar os solos férteis do Norte do Estado do Mato Grosso e que hoje carrega as linhas crescentes dos gráficos da filial da companhia na região como estandarte de vida pessoal e profissional. Zechin informa que o frango abatido na planta BRF de Lucas tem o custo de produção mais baixo de todo o grupo, contudo, nem tudo é mar de rosa, pois a perda do resultado vem com a deficiência em logística, por exemplo. (Confira reportagem na página NON sobre soluções que estão sendo contempladas pelo município de Lucas do Rio Verde em logística) Para toda a estrutura de campo quem lidera o time da assistência técnica é a supervisora de integração, médica veterinária formada pela PUC/PR, Monique Bianca de Oliveira, mulher de fibra, que chamou para si o convite da BRF de desbravar Lucas, e que em 2014 completa 11 anos na companhia. “Chegamos aqui batendo em porteira em porteira prospectando a entrada da avicultura nas fazendas e o resultado é este contemplado hoje”, diz Monique. Com nove médicos veterinários e quatro técnicos no atendimento em campo aos 42 parceiros BRF, a equipe supervisionada por ela presta toda a assistência técnica e sanitária, por meio de treinamentos e capacitação dos granjeiros para a criação do frango de corte da marca BRF. “Somos o elo entre a empresa e a integração”, destaca. 64 FEEDFOOD.COM.BR Os padrões a serem seguidos, denominado pela equipe como Orientação de Trabalho, vislumbram cada ponto crítico da criação, ou seja, atividades ou tarefas que demandem de atenção especial para melhoria do desempenho zootécnico em períodos críticos durante a criação, como por exemplo: a maneira correta do fornecimento de ração, de água, manejo de cama, controle da ambiência das instalações, além do controle da biossegurança e biosseguridade. “São esses os pontos classificados e que possuem padronização de atividade, cabendo a equipe realizar as orientações teóricas e práticas”, alinha Monique. Toda essa lista de deveres recebe supervisão para verificar se os pontos declinantes estão sendo sanados, seja do lado do manejo ou pelo sanitário. Também, a divisão conta um check list com 15 itens, avaliações realizadas em todas as visitas semanais por lote. Toda esta preocupação determina o quanto produtores e indústrias estão alinhados e preocupados com a segurança alimentar, do alimento e da produção, sob este último aspecto inclui-se meio ambiente e bem-estar animal. São aves (frangos) machos e fêmeas, pesados, com média de 2,750 kg, sendo fêmeas abatidas mais leves, com 2,5 kg, já os machos podem ser abatidos com até 2,9 kg. Do total produzido, Monique informa que são destinados para o frigorífico da unidade de Lucas 280 mil aves e para a unidade terceirizada para Nova Marilândia 140 mil. E ela reforça o posicionamento de Zechin sobre a diferença do modelo de produção no Norte do Centro-Oeste com o Sul do Brasil. “No Paraná, por exemplo, impera a avicultura de produção familiar, são muitos integrados com poucas áreas para alojamento. Para ter uma ideia na cidade de Dois Vizinhos, no Estado do Paraná, na qual trabalhava havia 1080 integrados, aqui são 42 dois com uma média de 16.588 metros quadrados por integrado. Uma realidade diferente”, avalia. Ela destaca que toda a estrutura dos parceiros de Lucas é padronizada: Aviários tipo túnel, cortina preta/prata, bebedouros Nipel, comedouros automáticos, sistema de aquecimento por gás, nas mesmas dimensões e modelos. “Com isso temos controle e padronização MONIQUE É A SUPERVISORA DA INTEGRAÇÃO QUE SOMAM HOJE 42 PARCEIROS nos lotes”, informa. Monique salienta que as estruturas ainda estão sendo pagas, financiamentos de dez anos, viabilizados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) junto com o Itaú Unibanco e parte FCO pelo Banco do Brasil. “Os primeiros financiamentos encerram em 2017”, lembra. Toda esta estrutura possibilitou a unidade servir como case para o projeto de programa piloto de compartimentação (Leia reportagem na página NONO) junto com a União Brasileira de Avicultura (Ubabef, São Paulp/ SP), a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, Paris/França), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF) dentre outras empresas do setor. “A unidade agropecuária aves da BRF de Lucas faz parte deste projeto e atende todos os requisitos das instruções normativas 56 e 59 do MAPA. Tudo o que for relacionado ao controle, biosseguridade, INs, o que contempla as granjas de matrizes, os incubatórios e as granjas de terminação de frango já estão aprovados. Na parte do frigorífico estão em vias de ajustes”, lembra Monique. Ela esclarece que até 2017 a planta industrial da BRF terá 100% de sua ca- 2 1 1 HOFFMANN É O TITULAR DA GRANJA E ANUNCIOU A AQUISIÇÃO DE MAIS UMA PROPRIEDADE RURAL COM OBJETIVO DE ATINGIR 1 MILHÃO DE FRANGO ALOJADOS. HOJE A GRANJA DO FUTURO ESTA COM 600 MIL pacidade de abate utilizada, ou seja, de dois turnos de serviço para três e, com isso, a necessidade de novos parceiros para atender a demanda. “Caminharemos para 500 mil aves abatidas e com isso a ampliação dos negócios. A priori, eles se concentrarão nos parceiros que já estão com a BRF e mantém um trabalho ímpar. Caso não haja interessados, abriremos para outros, o que acho bem difícil, pois muitos manifestam o interesse em ampliar os negócios”, ressalta. A expectativa que as prospecções iniciem em 2015. Quem já faz parte deste reduto descreve que não sai e reinveste. Como o caso da Granja Bom Futuro. O gerente administrativo da granja, Anderson Antonio Verardi, conta que antes de se instalar em Lucas, ele e seu pai durante quatro anos atuavam com pecuária no município de Peixoto de Azevedo (MT), quando decidiu retornar à sua cidade natal, Sinop (MT) e deixar a atividade. “Foi quando recebi o convite do meu tio de vir para Lucas para trabalhar com a Sadia, hoje BRF. É o que sei fazer da minha vida”, complementa. A granja está localizada em Groslandia, distrito de Lucas, comtempla uma área de 1,2 mil hectares, até então dedicada somente para agricultura, de propriedade de Leandro Miguel Hoffmann, tio de Anderson, que enxergou benefícios no uso da cama de frango como adubo para as plantações. “Com o uso das camas de frango o custo com o uso de fertilizantes diminuiu aproximadamente IDIANETE, ESPOSA oito sacos por hectDE HOFFMANN, are”, informa. FALA SOBRE O projeto iniciou COMO CRESCER em 18 de agosto de E APOIAR CADA 2008 com os priCOLABORADOR meiros pés direito e a obra encerrou em 29 de outubro. “Foram 70 dias para entregar os galpões, depois vieram os equipamentos da marca Plasson”, informa Hoffmann. De acordo com ele, o primeiro ano da produção avícola a Granja do Futuro atingiu 20% acima da meta. “Já no segundo ano 33% e mais recentemente 39%”, comemora e inclui que em 2013 a propriedade manteve-se 47% acima da média BRF. Ele atribui este trabalho a parceria que vem dando certo. “Nosso principal foco está no gerenciamento. O que 3 3 Fotos: 1. f&f / 2. BRF Industrial / 3. MJ Agropecuária FEEDFOOD.COM.BR 65 ESPECIAL funciona é o padrão, time unido e o resultado sai homogêneo”, declara Anderson. A fazenda conta com seis núcleos supervisionados por seis casais. Vale lembrar que cada núcleo conta com quatro aviários. Todos os funcionários moram na propriedade, são registrados, recebem comissões sobre as metas traçadas de até 5% do valor do lote, são treinados e estimulados. “Além disso, damos a premiação anual por meio de um ranking de resultados gerenciados pela Granja”, discorre Idianete Aparecida Verardi, esposa de Hoffmann. A Granja do Futuro produz seis lotes por ano com aproximadamente 600 mil frangos cada, somando mais de 3,6 milhões de aves BOX FÁBRICA DE RAÇÃO UMA DAS RESPONSABILIDADES DA BRF para com os integrados é o fornecimento de ração. Visando uma alimentação adequada e um crescimento saudável dos animais, a empresa formula sua própria ração, que é produzida no município e atende a 100% dos integrados. O supervisor da fábrica de rações, Juvêncio Ferreira Luiz, conta que toda a matéria-prima é adquirida, como o milho, soja e o farelo de soja, além dos macro e micros nutrientes. Para estas compras, existe um controle de qualidade: “Para a compra do milho, monitoramos a umidade, impurezas e o teor de micotoxinas. Já para o farelo de soja, exigimos índices de proteína superiores a 47%”, exemplifica. Luiz conta que a ração utilizada é composta 65% de milho, 25% de farelo de soja e o restante de minerais. O premix utilizado é produzido pela própria empresa, em Toledo/ PR. Por dia, é produzida 3.400 mil toneladas de ração, 100% peletizada. Trabalham na unidade 65 funcionários, em três turnos, 24 horas por dia. São quatro linhas de produção, que diferem o produto quanto a aves e suínos, fase inicial ou terminação. O supervisor encerra contando que, nas granjas, há um funcionário para garantir o recebimento da ração, para que não ocorra nenhum erro ao armazenar o produto nos silos. 66 FEEDFOOD.COM.BR e pensam em chegar a 1 milhão por lote. O céu é o limite para a equipe. É que neste momento, em função dos excelentes números conquistados em função do gerenciamento adotado, abriu outra frente de trabalho. Quem conta esta novidade é o titular. “Negociamos uma área que já dispunha de um aviário da BRF. Assumimos a propriedade em 18 de setembro de 2013. Estamos investindo nesta nova área e com ela atingiremos esta meta de 1 milhão de aves alojada para engorda”, afirma Hoffmann. A SUINOCULTURA NA VIDA DA GENTE. “Vemos na suinocultura e na agregação de valor, a criação de oportunidade para muita gente”. Estas são as palavras do ex-presidente da Cooperativa Agropecuária e Industrial Luverdense (Cooagril) e um dos titulares da MJ Agropecuária, ambas sediadas em Lucas do Rio Verde (MT), Paulo Sérgio Franz, que reafirmam as primeiras linhas desta reportagem e reforçam o ideal da atividade na cidade. Além de surgirem como alternativa para o consumo do milho, as atividades vieram para gerar renda, empregar e auxiliar no desenvolvimento de Lucas do Rio Verde como um todo. A suinocultura iniciou na cidade em 1992, mas somente após três anos que se deu a produção em escala. Cooperativas da região, entre elas a Cooagril, se uniram e construíram um frigorífico próprio, em Nova Mutum, e passaram a produzir com a marca Excelência. “Os primeiros suínos para 1 1 “A BRF FOI UMA PROPULSORA. MUDOU PARA MELHOR O PERFIL DA CIDADE”, ENALTECE PAULO GRANJA este projeto, eu mesmo trouxe do Canadá, vindos da Genetiporc. Com um caminhão, busquei os animais no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP)”, recorda Franz. Com a chegada da Sadia, hoje BRF, os abates iniciais eram 1.000 suínos/dia, mas após os trâmites firmados, os suinocultores investiram para aumentar o volume da produção. Hoje, a empresa abate aproximadamente cinco mil suínos/dia, com planos para, em 2017, dobrar esse montante e ser a maior da América Latina, revela o gerente de Suínos da BRF, Pedro Granja. Assim como na avicultura, o sistema adotado pela empresa em Lucas do Rio Verde é o de consignação, no qual os investimentos são divididos entre empresa - que se encarrega das questões de logística, plantel, insumos, como rações e medicamentos, além da assistência técnica -, e produtor, que trabalham na engorda do animal. O supervisor de Integração de Suínos na BRF, Vanderlei Pagno, conta que, apesar dos elevados números, a empresa quer continuar crescendo: “Nosso próximo desafio é ampliar o desempenho da suinocultura, ou seja, melhorar a produtividade das granjas já instaladas. Para isso, basicamente precisamos consolidar nossas ações em termos de padronização de manejo, além de lidar com o desafio da mão de obra, conseguir menor turnover e, com isso, dar maior estabilidade ao processo”. O sistema se inicia com duas granjas multiplicadoras, que contam com fêmeas da linhagem própria da empresa, a Genética HS, e também a DanBreed, além da utilização de sêmens de machos da Agroceres PIC. Este plantel, em torno de 2,6 mil matrizes Fotos: 1. f&f / 2.MJ Agropecuária 2 SUÍNOS BRF 2.600 matrizes avós ■ Abastecem 10 núcleos, totalizando 46.000 ANIMAIS ■ Cada um destes núcleos produz leitão/ano, totalizando 1.140,000 LEITÕES/ANO ■ Terminação destes suínos se dá em 26 INTEGRAÇÕES Fonte: BRF avós, abastece os núcleos de produção de leitão. São aproximadamente 46 mil animais divididos em dez núcleos, produzindo, cada um, cerca de 114 mil leitões ao ano, os quais abastecem as granjas dos integrados. Nas propriedades integradas, a BRF adota uma metodologia de extensão rural, oferecendo profissionais capacitados que trabalham como consultores, visitando duas vezes por semana cada uma das granjas. Na parte operacional, Pagno conta que um projeto está sendo desenvolvido no sentido de preparar e qualificar a mão de obra, escassa hoje no País: “Historicamente se trabalhou com um colaborador para 70 matrizes aproximadamente. Com a adoção de novas tecnologias e alguns aprimoramentos de manejo, buscamos melhorar essa proporção funcionário/matriz. Granjas tecnificadas trabalham com um para 300. Nós trabalhamos com um para 150 e pretendemos chegar na casa de um para 200”. Trabalho conjunto. A fazenda Mano Julio, administrada pelos irmãos Marino e Paulo Franz, é uma das maiores integradas da BRF. Obedecendo às normas socioambientais e sanitárias e visando excelência nos animais terminados, a fazenda conta com 18 mil matrizes, que formam as Unidades Produtoras de Leitões (UPLs), que produzem cerca de 500 mil leitões ao ano. Já as unidades de terminação (UTs) registram mais de 300 mil suínos ao ano. O animal, com cerca de 70 dias e 28 kg, segue para a terminação, de responsabilidade do integrado, onde é engordado por 115 dias, alcançando os 120 kg. Após o processamento, a carne suína, segundo Granja, segue para mercado externo (entre 20 e 30%), mercado interno (60%) e o restante para industrializados. “Por ser uma unidade nova, ainda estamos buscando uma série de certificações para atender aos mais diversos mercados”, explica o gerente. A chegada das indústrias, como a BRF, e a consequente industrialização, tornou a cidade, além de rica, unida e com elevada qualidade de vida, aponta Paulo Franz: “As pessoas que chegaram a Lucas do Rio Verde vieram de pequenas propriedades do Sul do País. Pessoas humildes e com poucos recursos financeiros, que se uniram para se fortalecer. Dessa forma, a vida comunitária é muito forte na cidade que, mesmo com uma extensão territorial menor que as vizinhas, possui hoje um melhor Índice de Desenvolvimento Humano”. ■ INSTITUTO BRF 1 A ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO interna da BRF, Mayara Bárbara Martins, coordena o Instituto BRF, projeto coorporativo que realiza ações educativas e sociais no bairro Luiz Carlos Tessele Junior, que conta com 1555 residências destinadas aos colaboradores da empresa e familiares. Todos os projetos são definidos por meio de reuniões mensais do Comitê de Investimento Social, formado por membros da sociedade em geral, como políticos, líderes religiosos, policiais e assistência social. O grupo busca entender os problemas sociais e resolvê-los. Visando o bem-estar dos moradores, o Instituto organiza atividades esportivas, palestras de conscientização contra álcool e drogas, atende moradores de rua, entre outros, além disso, já construiu um posto policial e está em vias de inaugurar uma biblioteca, a Indústria do Conhecimento, em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI, Cuiabá/MT). FEEDFOOD.COM.BR 67