Métodos Quantitativos Aplicados ao AGRONEGOCIOProf.Waldenir S.F.Britto-Disciplina de Agronegocio FACAPE1 Muitos dos procedimentos empregados nos processos de gestão de custos e formação de preços são compreendidos de forma melhor, mediante a aplicação de técnicas de métodos quantitativos, especialmente de estatísticas e de pesquisa operacional. A estatística, que tem sua origem epistemológica no latim status – que provem de Estados, das informações coletadas em prol da melhor gestão do Estado - , fornece importante subsídio aos processos de gestão empresarial. Aplicada a custos, permite, por exemplo, analisar as magnitudes dos gastos fixos e variáveis. Este capítulo possui o objetivo de discutir os principais tópicos da estatística relacionados aos processos de compreensão dos custos, especialmente as análises de regressão e correlação, com ênfase no uso do método dos mínimos quadrados. Para tornar a leitora mais branca e facilitar a fixação dos tópicos apresentados, são propostos inúmeros exercícios, todos com suas respectivas respostas. Alunos ou leitores que não desejam efetuar aplicações mais significativas de métodos quantitativos em custos podem abdicar da leitura deste capítulo, sem prejuízo da compreensão dos demais capítulos. CONCEITOS INICIAIS DE REGRESSÃO E CORRELAÇÃO A análise de regressão e correlação tem como objetivo estimar numericamente o grau de relação que possa ser identificado entre populações de duas ou mais variáveis, a partir da determinação obtida com base em amostras selecionadas dessas populações focalizadas. A regressão e correlação possibilitam comprovar numericamente se é adequada a postulação lógica realizada sobre a existência de relação entre as populações de duas ou mais variáveis. O termo regressão foi originalmente apresentado por Sir Francis Galton. Em um famoso ensaio, Galton verificou que, embora houvesse a tendência de pais altos terem filhos altos e pais baixos terem filhos baixos, altura média de filhos de pais de determinada altura tendia a descolar-se ou regredir até a altura média da população. Ou seja, a altura dos filhos de pais extraordinariamente altos e baixos tende a mover-se para a altura média da população. A lei da regressão universal de Galton foi confirmada por outro matemático, Karl Pearson, que coletou mais de 1.000 registros das alturas média dos filhos de um grupo de pais altos era inferior à altura de seus pais, e que a altura média dos filhos de um grupo de pais baixos era superior à altura de seus pais. Dessa forma, tanto os filhos altos como baixos regrediram em direção à altura média de todos os homens. Na palavra de Galton, tal fato consistiria em uma regressão à mediocridade. De forma mais recente, a análise de regressão ocupa-se do estudo da dependência de uma variável dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explicativas, com o objetivo de estimar ou prever a média (da população) ou valor médio da dependente em função dos valores conhecidos ou fixas (em amostragem repetida) das explicativas. 1 Baseado em BRUNI, Adriano Leal, & FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços. Ed. Atlas. 3.ª edição. São Paulo. SP 1 Nos processos de gestão de custos e preços, análise de regressão e correlação possibilita uma série de insights úteis no processo de geração de informações e tomada de decisões. Pode-se, por exemplo, analisar o comportamento volumétrico dos custos – identificando custos fixos e variáveis – sem, necessariamente, ser preciso efetuar uma classificação de cada gasto. Outra aplicação interessante consiste na utilização conjunta das técnicas de regressão e correlação nas análises relativas aos orçamentos, como, por exemplo, estimativa de vendas, custos e preços futuros. A seguir estão apresentados os conceitos teóricos associados às análises de regressão e correlação e uma série de aplicações das técnicas na compreensão de custos e preços. ANÁLISE DE REGRESSÃO Definição A análise de regressão fornece uma função matemática que descreve as relações entre duas ou mais variáveis. A natureza da relação é caracterizada por essa função ou equação de regressão. Essa equação pode ser usada para estimar ou predizer valores futuros de uma variável, com base em valores conhecidos ou supostos, de uma ou mais variáveis relacionadas. A análise de regressão é útil em administração, economia, agricultura, pesquisa médica etc. Modelos matemáticos versus modelos estatísticos Para poder explicar os modelos desenvolvidos para análise de regressão, torna-se importante diferenciar os modelos matemáticos e os modelos estatísticos. Um modelo matemático descreve uma relação entre diferentes variáveis. Poe exemplo, um modelo matemático que descreve a relação entre duas variáveis, do tipo y = f (x), ou y =y a + b . x, pode-ser apresentado graficamente pela figura seguinte. Os valores de x estão diretamente associados aos valores de y – que são inteiramente explicados pelos valores x. Para ilustrar, considere o comportamento das variáveis apresentadas na tabela seguinte. y 8 7 6 5 4 3 1 2 3 4 5 x 2 x 0 1 2 3 4 5 y 3 4 5 6 7 8 Considerando apenas dois pontos assinalados e empregando um sistema simples de equações, com duas incógnitas, x e y, e duas equações, seria possível determinar o comportamento da relação: y = a + b . x. Ou, y = 3 + 1 . x. Um modelo estatístico costuma envolver a determinação do melhor modelo exato ou preciso. Aceita-se que, uma relação do tipo y = a + b . x, possam existir outras variáveis que interfiram nos valores de Y. O modelo matemático pode ser representado por y = a + b . x + e. onde e consiste em um erro associado ao processo de determinação dos valores de y com base em x. Veja a figura seguinte. y e5 e6 e3 e4 e1 e2 x O processo de estimação do modelo deve ser feito de forma a diminuir ao máximo possível os valores dos erros encontrados. Regressão linear simples A análise de regressão linear simples tem por objetivo obter a equação matemática da reta que representa o melhor relacionamento numérico linear entre o conjunto de pares de dados, em amostras selecionadas dos dois conjuntos de variáveis. A equação da reta obtida pode ser apresentada como: Y = a + b. x De modo geral, as variáveis x e y, por convenção, são definidas do seguinte modo: · · y = variável dependente, explicita; x = variável independente, explicita. É importante destacar que a análise simples de regressão linear apenas se preocupa em determinar a forma numérica de associação entre x e y. Não estabelece 3 nenhuma relação de causa. Os cuidados associados à análise de regressão e correlação serão apresentados com maior profundidade a seguir. O modelo linear obtido caracteriza a relação entre o conjunto de pares de valores, na amostra analisada. Pode ser utilizada para estimar valores de uma variável com base em valores estipulados para a outra variável, dentro dos limites da amplitude dos valore estipulados para a outra variável, e dentro dos limites da amplitude dos valores da amostra, como também para predizer valores de uma variável, com base no conhecimento de quais serão os valores da amostra. O modelo linear obtido consiste em uma estimativa da reta de ajuste para as duas populações. No processo de determinação da equação de regressão linear simples, objetiva-se elaborar a equação geral da reta,com modelo: y = a + b.x. Assim, devem ser determinadas as duas constantes: a = o valor de yi, quando xi = 0, ou incerpto da reta no eixo y b = o valor do coeficiente angular, que indica a inclinação da reta No processo de valores das constantes a e b, costuma-se aplicar o método dos mínimos quadrados, desenvolvidos originalmente por Legendre e aperfeiçoados pelas idéias e trabalhos de Galton e Pearson. O método permite obter o valor das duas constantes a e b, determinando a reta estimada, ou equação de regressão. Uma dedução algébrica do modelo está apresentada no anexo deste capitulo. A aplicada do método dos mínimos quadrados gera três características importantes relacionadas com a reta de regressão obtida: a) é mínima a soma dos quadrados dos desvios para a reta de regressão, menor que a de qualquer outra reta de ajuste; b) é igual a zero a soma algébrica dos desvios verticais entre o valor da ordenada de cada ponto da amostra analisada e a correspondente ordenada da reta estimada; c) a reta estimada passa pelo ponto de coordenadas (x, y), que correspondem à medida dos pares da amostra. A reta estimada de regressão é y = a + bx, onde: y = valor calculado na reta de regressão para os valores de x a = ordenado do intercepto da reta no eixo y b = coeficiente angular da reta de regressão O método dos mínimos quadrados determina que a e b devem ser obtidos de modo que: Sg-bSc a = ¾¾¾¾¾ n n(Scg) - (Sc Sg) b = ¾¾¾¾¾¾¾ n(Sc²) - (Sc)² Há algumas hipóteses a serem consideradas na aplicação do método dos mínimos quadrados: a) Para cada valor de x haverá possíveis valores para y. 4 b) A variável y é aleatória c) Para cada valor de x há uma distribuição condicional de y que é normal. d) Os desvios-padrões de todas as distribuições condicionais são iguais. Para ilustrar a aplicação do método dos mínimos quadrados, veja o exemplo das Indústrias Guanabara Ltda., que analisaram a relação entre gastos com publicidade e vendas nos últimos anos. Os dados coletados (todos em mil reais) estão apresentados na tabela seguinte. Gastos com puplicidade (x, em mil reias) 3 4 8 12 14 41 Vendas (y, em mil reias) 7 14 15 28 32 96 Representando em gráfico a relação entre x e y, exibida na figura seguinte, notase a inexistência de uma relação linear exata. A disposição dos pontos, porém sugere o fato de se aceitar a construção de uma estimativa linear, que minimize os erros dos ajustes. 35 30 25 20 15 10 5 0 3 4 8 12 14 G a stos c om p ublic ida de , e m mil re a is O método dos mínimos quadrados permite efetuar esse ajuste. Para aplicar o método, é necessários obter as somas Sx, Sy, Sx² e Sxy. Para facilitar a obtenção das somas, foi construída a seguinte tabela: Gastos com puplicidade (x, em mil reias) 3 4 8 12 14 41 Sx = 41 Vendas (y, em mil reias) 7 16 15 28 32 96 Sy = 96 x² y² 9 196 64 144 196 Sx² = 429 xy 49 56 225 784 1.024 Sy² = 2.278 21 120 336 448 Sxy = 981 5 Para ajustar uma reta aos dois pontos, obtiveram os valores de a e b, na equação do tipo y = a + b . x. Considerando que o número de par de dados analisados foi igual a 5 (n = 5) e aplicando as fórmulas: n(Scg) - (Sc Sg) 5(981) - (41 .96) 969 b = ¾¾¾¾¾¾¾ = ¾¾¾¾¾¾¾ = ¾¾ = 2,0884 n(Sc²) - (Sc)² 5(429) - (41)² 464 Sg-bSc 95 - 2,0884 . 41 10,3756 a = ¾¾¾¾ = ¾¾¾¾¾¾¾ = ¾¾¾¾ = 2,0751 n 5 5 Com base nos valores obtidos para a e b, é possível determinar que a reta que melhor ajusta os pontos é do tipo: y = 2,0751 + 2,0884x. A reta de ajuste pode ser vista no diagrama de dispersão apresentado a seguir. y = 2,0754 + 2,0884x 35 30 25 20 15 10 5 0 3 4 8 12 14 G a stos c om p ublic ida de , e m mil re a is ANÁLISE DE CORRELAÇÃO A análise de correlação determina um número que expressa uma medida numérica do grau de relação encontrada. Esse tipo de análise é muito útil em trabalhos exploratórios em áreas como educação e psicologia, quando se procura determinar as variáveis potencialmente importantes. Denomina-se simples a análise de correlação ou de regressão linear que envolve apenas duas variáveis. Nesse caso, a amostra é formada por um conjunto de pares de valores. O resultado da análise de correlação linear é expresso na forma de um coeficiente de correlação – número que quantifica o grau de relação linear obtido para os pares de valores de duas variáveis que formam a amostra analisada. O grau de relação numérica linear entre duas variáveis contínuas é feito por um coeficiente de correlação linear simples denominado “r de Pearson”. São hipóteses fundamentais para que a obtenção do coeficiente seja válida: · As duas variáveis envolvidas são aleatórias e contínuas; · A distribuição de freqüência conjunta para os pares de valores das duas variáveis é uma distribuição normal. O procedimento envolve os seguintes passos: 1º Passo: Colocar em ordem crescente os valores de uma das variáveis na amostra e colocá-os ao longo de um dos eixos das abscissas. Como os valores de x e y são estabelecidos, a ordenação de y será determinada pela ordenação de x e vice-versa. 2º Passo: Colocar os valores de y no eixo das ordenadas. 6 3º Passo: Construir o diagrama de dispersão, que é a representação dos pares de valores da amostra no plano dos eixos ortogonais. O diagrama permite concluir antecipadamente se é adequado prosseguir para o cálculo r. 4º Passo: Calcular r, pela expressão: ² S xy S x . S y n r = S x² Sx n n n ² . n S y² Sy n n ² Onde n = número de pares de valores na amostra analisada. Como o valor encontrado para r foi próximo de 1, o grau de ajuste das retas ao ponto pode ser considerado muito bom. Entre as propriedades do coeficiente de correlação r pode-se destacar o fato de que seu valor é um número adimensional. É um estimador do correspondente parâmetro”p” para a população. r = coeficiente de correlação linear simples para amostra; p =coeficiente de correlação linear simples para população. Seu sinal pode ser positivo ou negativo e sua faixa de variação está compreendida entre –1 e 1. O coeficiente de correlação indica o grau da relação numérica linear obtida, ou grau de ajuste de uma reta ao conjunto dos pontos da amostra. Faixa de variação de r: -1 ≤ r ≥ 1 · quanto mais próximo r estiver de + 1, mais próximos estarão os pontos de ajuste integral a uma reta crescente; · quanto mais próximo r estiver de – 1, mais próximos estarão os pontos de ajuste integral a uma reta decrescente; · se r = 0, não foi identificada relação numérica linear para os pares de valores de amostra analisada. A depender do valor do coeficiente de correlação, diferente será a classificação da correlação. Veja os exemplos seguintes. Correlação linear positiva A correlação é positiva se os valores crescentes ou decrescentes x e y estiverem ligados. Ou seja, quando y cresce, x cresce também e vice-versa. Nos modelos de correlação linear positiva, o valor do coeficiente de correlação de Pearson, r é positivo: 0 < r < 1 Correlação linear perfeita positiva A correlação linear perfeita positiva apenas ocorre quando os valores de x e y estão perfeitamente alinhados. Nessa situação, o valor do coeficiente de correlação de Pearson, r, é igual à unidade de: r = 1. 7 Correlação negativa A correlação negativa é percebida quando valores crescentes de x ou y estão associados a valores decrescentes de y ou x, respectivamente. Ou seja, quando y cresce, x decresce e vice-versa. O valor do coeficiente de correlação de Pearson, r é negativo: -1 < r < 0 Correlação perfeita negativa A correlação perfeita negativa quando os valores de x e y estiveram perfeitamente alinhados, mas em sentido contrário. Nessa situação, o valor do coeficiente de correlação de Pearson, r, é igual a menos um: r = -1. Correlação nula A correlação nula é percebida quando não há relação entre x e y. As variáveis ocorrem independentemente. Nessa situação, o valor do coeficiente de correlação de Pearson, r, é nulo: r = 0. Para ilustrar, em relação ao exemplo da Indústria Guanabara, o cálculo do coeficiente de correlação pode ser feito mediante o emprego da equação anterior: equação anterior. S xy S x . S y n r = r = S x² Sx n n 1.502,3376 1.613,9776 n ² . ² n = S y² Sy n n ² 41 . 96 ² 5 5 981 5 429 5 41 5 ² . 2.278 5 96 5 ² = 0,9648 O coeficiente de determinação, r² O coeficiente de determinação, ou simplesmente r², além de expressar o quadrado do coeficiente de correlação de Pearson, representa, também, a relação entre a variação explicada pelo modelo e a variação total. Algebricamente, o valor de r² pode ser apresentado como: Variação explicada r² = --------------------------Variação total 8 Substituindo os valores da variação explicada – variação explicada pelo modelo, resultado da soma das diferenças dos valores reais e preditos de y – e da variação total – _ n S ( ^yi - y ) ² i=1 r² = _ n S ( yi - y ) ² calculada em relação à média -, pode-se apresentar a equação: i=1 A interpretação do valor pode ser feita com o auxílio do gráfico seguinte. Quanto maior o valor de r, maior o percentual da variação explicada em relação à variação total. y Variação não explicada e Variação explicada _ y _ y Variação Total y _ x x O coeficiente de determinação expressa quanto da variação em relação à média é explicada pelo modelo linear construído. Os valores de r² podem variar de 0 a 1. Quando a média de r² é exatamente igual a 1, tal fato significa que a qualidade do ajuste é excelente – toda a variação em relação à média é explicada pelo modelo, todos os pontos analisados da mostra estão exatamente sobre a reta de regressão (ajuste integral). Quando o valor de r² é igual a 0, tal fato indica que a qualidade do ajuste linear é péssima, não havendo relação numérica linear para os pontos da amostra analisada. Quando r² é igual a 0,8, este fato indica que 80% das variações totais são explicadas pela reta de regressão. Substituindo as fórmulas para r², tem-se que: S xy S x . S y r² = _ _ (xy - x . y)² (x² - x²) - (y² . y²) n ou r² = S x² Sx n n n ² . ² n S y² Sy n n ² De modo geral, para valores de r² iguais ou superiores a 0,60, diz-se que o ajuste linear apresenta boa qualidade. 9 MODELOS NÃO LINEARES As maiores parte dos modelos construídos para a análise de regressão e correlação são modelos estritamente lineares. Em muitas situações, porém, existia a necessidade e construção de modelos não lineares. Veja o exemplo dos dados fornecidos a seguir. Vendas pela Internet no Brasil Ano Vendas 1 2 3 4 5 6 7 3 17 60 250 1.100 2.900 5.200 Caso se desejasse ajustar um modelo linear, a equação de ajuste e o diagrama de dispersão dos pontos e da equação poderiam ser vistos na figura seguinte. Nota que os pontos não se situam próximo de uma reta e, à medida que os valores de anos e vendas aumentaram, maior o afastamento em relação à reta. Possivelmente, o melhor ajuste linear aos pontos não ocorre sob a forma de reta, mas por um modelo de potência ou polinômio. 6000 y = 799,89x - 1,838,1 R² = 7,7543 Vendas 5000 4000 3000 2000 1000 0 1 2 3 4 5 6 7 Anos Um modelo de potência tem forma y = a . xª. Para poder aplicar o método dos mínimos quadrados e ajustar os pontos à equação, determinando os valores logaritmos, com base decimal ou neperianos. Com aplicação de logaritmos, é possível converter a equação anterior para a forma de reta. Algebricamente: ^ Se y = a . xb = Ln (y) = Ln (a . xb) Ln (y) = Ln (a) + Ln(xb) = Ln (a) + b . Ln (x) O modelo obtido pode ser representado por uma equação linear simples, do tipo: Onde: y* = Ln (y) a* = Ln (a) x* = Ln (x) 10 Calculando os logaritmos neperianos para os anos e vendas da tabela anterior, é possível compor a seguinte tabela: Ano Vendas Ln (Ano) Ln (Vendas) 1 3 0,000 1,099 2 17 0,693 2,833 3 60 1,099 4,094 4 250 1,386 5,521 5 1.100 1,609 7,003 6 2.900 1,792 7,972 7 5.200 1,946 8,556 Após elaborar o diagrama de dispersão para os logaritmos neperianos e ajustar o modelo linear pelo método dos mínimos quadrados, é possível obter os resultados apresentados no gráfico seguinte. Os pontos dos logaritmos neperianos situam-se muito próximos da reta de ajuste: o valo9r de r² foi igual a 0,9652, o que é aproximadamente igual a 1. y = 3,9674x + 0,4653 R² = 0,9652 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0,000 0,000 0,693 1,099 1,386 1,609 1,792 1,946 Ln (Anos) Com base nos coeficientes do modelo linear obtido para o logaritmo neperiano dos dados, pode-se convertê-los nos coeficientes do modelo original sem transformação. O coeficiente b não sofre alteração; seu valor no modelo de potência é igual ao modelo linear transformado, no caso b = 3,9647. O coeficiente linear foi obtido pela 6000 5000 4000 y = 1,5925x 3,9674 R² = 0,9652 3000 2000 1000 0 1 2 3 4 5 6 7 Anos transformação: a* = Ln (a). Assim, a = ea*. Logo, o valor de a é igual a e0,4653 = 1,5925. O modelo de potência obtido é igual a: y = 1,5925 . 3,9674x. Note que, embora o modelo de potência tenha fornecido melhor ajuste que o modelo linear, primeiro ainda não é o ideal: à medida que os pontos afastam-se da origem, maior o distanciamento entre o modelo de potência do ajuste e os pontos do diagrama. Por meio de transformações algébricas, outros modelos não lineares poderiam ser empregados. Veja o Quadro 17.1 11 Quadro 17.1 Modelos não lineares e respectivas transformações. Função não linear (I) y = ax (II) y = a + bx + cx² (III) y = a +b(1/x) (IV) y=ae bx+cx² Transformação y* = a* + bx* y = a +bx + cx* y = a + bx* y = a* + bx + cx* CUIDADOS NECESSÁRIOS CORRELAÇÃO NA Variáveis transformadas y* = Ln(y); a* = Ln(a); x* = Ln(x) x* = x² x* = 1/x y* = Ln(y); a* = Ln(a); x* = x² ANÁLISE DE REGRESSÃO E A aplicação da análise de regressão e correlação implica a validade de algumas hipóteses fundamentais para os modelos. Entre alguns dos principais cuidados a serem tomados na aplicação das técnicas, podem ser destacados: * multicolinearidade: indica que os coeficientes e testes calculados podem conduzir a conclusões erradas, caso as variáveis exógenas, independentes, apresentam altas correlações cruzadas. Supondo que a multicolinearidade seja estável, os valores estimados ou preditos serão não tendenciosos. O maior problema, porém, existira em relação ao valor do coeficiente de determinação, r², que pode ser alto, mesmo que os coeficientes sejam estaticamente significantes; * co-integração: aplica-se quando os dados estão distribuídos ao longo do tempo. Quando as variáveis estão relacionadas com valores anteriores, com tendência ao longo do tempo, associações espúrias podem levar a altos valores de r², sem que exista, necessariamente, associação entre variáveis; * heterocedasticidade: os modelos de regressão e correlação exigem que as variâncias dos resíduos sejam constantes ou homocedásticas. Quando as variâncias não são uniformes, existe a heterocedasticidade. Para modelos simples, bivariados, de regressão linear, a heterocedasticidade pode ser facilmente percebida no diagrama de dispersão. Quando, porém a análise envolve mais que duas variáveis, devem ser aplicadas testes específicos; * tendenciosidade pela omissão ou inclusão de variável: os resultados podem ser viciados e inúteis, caso não sejam incluídas variáveis significativas ou sejam incluídas variáveis sem relação racional com a variável estudada. Os efeitos da tendenciosidade dependem da extensão com que variáveis, erradamente omitidas ou incluídas na análise, estão relacionadas com a variável em estudo. A omissão de variáveis relevantes pode conduzir a estimativa de coeficientes errados e testes de significância não confiáveis. A inclusão de variáveis não importantes pode ocasionar testes conservadores de significância, com baixa probabilidade de serem encontradas significativas para a nulidade dos coeficientes, embora as estimativas dos coeficientes obtidos sejam não tendenciosas; * tendenciosas para equação simultânea: quando a variação da variável endógena puder ser determinada pela interação simultânea de outras variáveis. Nessa situação, o pesquisador deve estar consciente não apenas dos procedimentos de estimação, mas também da necessidade da posse de dados suficiente para identificar todos os parâmetros estruturais; 12 * estabilidade: consiste na suposição de que os coeficientes obtidos após as análises de regressão e correlação são os mesmos em todo o período analisado. Geralmente, para se testar a estabilidade, é comum a divisão do período analisado em duas partes e sua posterior comparação; * intervalo/razão: deve-se assumir a premissa de que a variável dependente é medida na escala de intervalos ou razão. Se a variável dependente for nominal, devem ser empregados modelos probit ou logit. Para empregar variáveis independentes não numéricas (não intervalares ou razão), deve-se convertê-las para variáveis binárias (dummy); * autocorrelação: os resíduos das regressões devem estar dispersos aleatoriamente ao longo da regressão. A existência de padrões nos resíduos indica a existência de autocorrelação – que pode ser ocasionada em função da imposição de modelo linear a uma relação linear ou da omissão de variáveis relevantes. Uma forma disponível para a existência de autocorrelções consiste no teste de Durbin-Watson. Autocorrelções podem indicar testes de significância sem validade e valores indevidamente altos de r²; *linearidade: as relações precisam ser linearizadas para a posterior aplicação do método dos mínimos quadrados. Transformações algébricas, como a aplicação de logaritmos, podem permitir a linearização das relações; * defasagens: os efeitos das variáveis independentes podem ter conseqüências sobre múltiplos períodos. A depender das variáveis analisadas, o pesquisador pode construir modelos defasados e testar sua propriedade; EXERCÍCIOS PROPOSTOS Exercício 1 A Empresa Chuvisco de Prata Ltda. Estudava os custos produtivos de seu processo fabril. Gostaria de analisar a relação volumétrica entre os custos e sua produção. Os dados dos últimos anos estão apresentados a seguir. Com base nos números fornecidos e em um modelo de ajuste linear pelo método dos mínimos quadrados, pede-se para: (a) encontrar a equação que ajusta os custos e a produção da empresa; (b) determinar quais os custos fixos da empresa; (c) determinar qual o custo variável unitário médio da empresa; (d) com base no coeficiente de determinação obtido, expressar a qualidade do ajuste linear. Ano Produção ton Custos $ 1995 150 1996 200 290.000 350.000 1997 180 1998 120 1999 250 2000 310 360.000 210.000 450.000 600.000 13 Exercício 2 A Saracoteando Ltda. Apresentou os seguintes custos de produção nos últimos oito meses. Mês Custos (em $ 1.000,00) 1 22,00 2 25,00 3 27,00 4 29,00 5 32,00 6 34,00 7 36,00 8 40,00 Com base em um modelo de ajuste linear e no método dos mínimos quadrados, pede-se estimar a projeção dos custos para o 10º mês. Exercício 3 Os lucros anuais e a produção das indústrias Bate-Estaca Ltda. Estão apresentados no quadro seguinte. Com base nos dados fornecidos, estime o ponto de equilíbrio contábil em quantidades da empresas. Empregue um ajuste via modelo linear e método dos mínimos quadrados. Produção (unidades) Lucro (em $) 150 90,00 60 -250,00 90 -150,00 140 70,00 250 550,00 310 750,00 130 30,00 0 - Exercício 4 A gerência industrial da Fábrica Guarabira Ltda. Estudava as variações nos custos de manutenção industrial de sua linha de produção. Duas variáveis estavam, sendo analisadas de forma isolada: o volume produzido e o número de lotes processados. Pede-se para determinar qual variável apresenta-se com maior associação em relação aos gastos com manutenção. Deve ser empregado u ajuste por meio de modelo linear e métodos dos mínimos quadrados. Volume produzido (um.) 10 15 30 20 5 Número de lotes processados 8 7 1 4 3 Gastos com manutenção ($) 13,00 17,00 28,00 20,00 50 6 9,00 45,00 exercício 5 Os gastos e as receitas das Fábricas Escopetas Ltda. Estão apresentados na tabela seguinte. Sabendo que o preço de vendas da empresa é igual a $14,00, pede-se para calcular a margem de contribuição unitária da empresa. Deve-se ser empregado um ajuste por meio de modelo linear e método dos mínimos quadrados. Receitas totais 80,00 90,00 120,00 70,00 100,00 85,00 Gastos Totais 96,00 105,00 130,00 90,00 120,00 100,00 14 Exercício 6 Um pesquisador obteve os seguintes dados de 21 indivíduos da espécie de ave X, onde os pares de números representam respectivamente a largura da base do bico (cm) e o volume médio dos itens alimentares (cm3): 126,00/151,00; 134,00/75,00; 22,50/13,50; 241,50/188,50; 233,00/154,00; 183,50/144,50; 19,50/22,00; 244,50/126,00; 32,00/49,50; 268,00/132,50; 276,00/167,00; 30,50/46,00; 299,00/136,50; 96,50/41,00; 180,00/226,50; 176,50/146,00; 190,50/101,50; 170,50/153,50; 185,50/116,00; 202,00/173,00; 27,00/341,00 Utilizando os dados fornecidos acima, descreva o modelo linear para explicar a associação entre as variáveis ( Largura da base do bico e o volume médio dos itens alimentares). A equação explica a relação entre as duas variáveis? Justifique. Exercício 7 Os seguintes dados representam, para 12 indivíduos da espécie W de planta, a altura do tronco e o número de ramos, respectivamente: 2,13 15,50; 1,21 11,10; 11,00 62,60; 6,00 35,40; 5,60 24,90; 6,91 28,10; 2,97 15,00; 3,35 23,20; 10,39 42,00; 1,10 10,00; 4,36 20,00; 8,00 47,50. Utilizando os dados fornecidos acima, descreva o modelo linear para explicar a associação entre a altura do tronco e o número de ramos na espécie W. A equação explica a relação entre as duas variáveis? Justifique. Exercício 8 uma empresa fabricante de frutas em caldas deseja avaliar o comportamento do teor de açucares das frutas com o passar dos dias. Coletou os seguintes valores: dias conc. Acucar 1 17,5 2 19,8 5 26,9 8 31,2 12 37,4 16 44,6 20 52,4 24 56,7 Utilizando os dados fornecidos acima, descreva o modelo linear para explicar a associação entre teor de açucares das frutas com o passar dos dias. Qual é a previsão para 30 dias do teor de açucar??A equação explica a relação entre as duas variáveis? Justifique. 15 Respostas: 1 questão: Resposta: (a) A equação obtida foi igual a y = 1935,8x, 8x – 13719, R² = 0,9778; (b) Os custos fixos correspondem ao coeficiente linear da equação; no caso , custos fixos são estimados em aproximadamente $ 13.719,00; (c) O custo variável correspondente ao coeficiente linear da equação; no caso, os custos variáveis unitários são estimados em cerca de $ 1.935,80 por tonelada; (d) Como o valor do coeficiente de determinação foi elevado, R² = 0,9978, a qualidade do ajuste linear pode ser considerada excelente. 2 questão: Resposta: O ajuste por meio do método dos mínimos quadrados permite obter a seguinte equação: y = 2,4405x + 19,643, com R² = 0,9931, e onde y representa os custos e x, o mês. Substituindo o valor do 10º mês (x = 10), é possível estimar custos aproximadamente iguais a $ 44,05 mil para o décimo mês. 3 questão: y = 4,1109x – 507,9, com R² = 0,9977, sendo y = lucro e x = produção.pe=124 unidades 4 questão: Resposta: Analisando a relação entre volume produzido (x) e gastos com manutenção (y), a equação resultante é igual a y = 0.795x + 4,775, com R² = 0,9985. Analisando a relação entre número de lotes processados (x) e gastos com manutenção (y), a equação resultante é igual a y = -0,2871x + 23,388, com R² = 0,0034. Logo, com base nos valores dos coeficientes de determinação encontrados, a variável que mostra uma forte associação com os gastos com manutenção é a variável volume produzido. 5 questão: Resposta: A equação obtida pelo ajuste por meio do método dos mínimos quadrado revelou o modelo à y = 0.8586x + 28,841 com R² = 0,9659. O custo variável unitário representa 0,8586 do preço de venda.Com o preço de venda é igual a $14,00, o custo variável unitário em unidades monetárias é igual a $12,02 (0,8586 x 14). A margem de contribuição representa a diferença entre o preço e o custos variável unitário, ou $14,00 - $12,02 = $1,98. 16 Formulas: a = å y - bå x n b = n(å xy) - (å xå y ) n(å x ) - (å x ) 2 2 ANALISE DE CORRELAÇÃO æ æ å xy å x å y ö . çç ÷ n n ø èè n r= éå x æ å x ö ù éå y æ å y ö ù ê n - ç n ÷ ú.ê n - ç n ÷ ú è ø ûë è ø û ë 2 2 2 2 2 COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO R2 = 17 Orientações para cálculo de Regressão e Correlação na HP 12C Professor: Luis Magno Menezes Disciplina: Contabilidade Gerencial A análise de regressão/correlação é facilitada na HP 12C mediante duas funções principais: · · [g] [x, r] – interpola ou extrapola o valor de x com base em outros valores de x e y armazenados no modo somatório. Também calcula o coeficiente da valor de correlação r. [g] [y, r] – interpola ou extrapola o valor de y com base em outros valores de x e y armazenados no modo somatório. Também calcula o coeficiente da valor de correlação r. Exemplo: Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 Vendas 58,00 66,00 72,00 77,00 81,00 85,00 Solução: Iº PASSO Passo Teclas 01 F[E] 02 58 [enter] 1990 [E+] 03 Descrição Limpa os registros estatísticos Digita-se o primeiro par de dados que deve ser acrescentado aos registros estatísticos. Note que as vendas estão no registrador Y e o ano no registrador X. Entra o segundo par de dados 66 [enter] 1991 [E+] 04 72 [enter] Entra o terceiro par de dados 1992 [E+] 05 77 [enter] Entra o quarto par de dados 1993 [E+] 06 81 [enter] Entra o quinto par de dados 1994 [E+] 07 85 [enter] Entra o sexto par de dados 1995 [E+] * E = Sinal de somatória na HP IIº PASSO Para encontrar o modelo de ajuste linear (y = a + b.x): 1. Para achar o coeficiente a: Se x=0; y = a + b.(0), então y = a Após alimentar os pares na HP 12C, basta teclar: 0 [g] [y,r] à Visor –10.458.6190 2. Para achar o coeficiente b: Se y=0; 0 = a + b.x, então b = -a/x. Para achar o valor de x na HP 12C basta teclar: 0 [g] [x,r] à Visor 1.978,6577 Temos que dividir o primeiro valor pelo segundo já que b = -a/x, então temos que b = 5,2857 Substituindo os valores de a e b na equação linear: Y = a + b.x Y = -10.458,6190 + 5.2857.x 3. Para encontrar o valor de r², basta teclar: [g] [y,r] [x<>y] à visor 0,9900, esse é o valor de r, para elevar ao quadrado basta teclar [2] [y elevado a x]. O valor de r² é igual a 0,9801. 4. Para estimar vendas previstas no ano de 1996: Entra com o ano desejado à [1996]; tecla [g] [y,r] à visor 91,6667 5. Para saber o ano em quer as vendas serão superiores a 125. Entra com as vendas desejadas à [125]; tecla [g] [x,r] à visor 2005,3063 18