CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA AUDIOLOGIA CLÍNICA A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO AUDITIVA DURANTE O PERÍODO PRÉ E PÓS-NATAL GIOVANNA FLÁVIA ALVES MATIAS GOIÂNIA 1999 1 RESUMO Este trabalho teórico, mostra a relevância da estimulação acústica durante o período gestacional e nos primeiros anos de vida, tendo como objetivo um melhor desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem. Sabe-se que algumas desordens comunicativas tem origem no período prénatal no entanto, a prevenção fonoaudiológica deveria ser iniciada antes mesmo da gestação, através de programas de educação para jovens, gestantes e profissionais da saúde e educadores. Geralmente, pela falta de orientação dos pais, a criança quando portadora da deficiência auditiva perde o período ideal para estimulação da linguagem e audição. Na maioria das vezes o diagnóstico e a intervenção ocorrem mais tarde, entre o 2° e o 3° ano após o nascimento. Entretanto, se os pais são conscientizados, que a estimulação precoce desenvolve o aspecto cognitivo e social da criança maiores informações eles terão sobre uma variedade de condições e fatores que os levarão a encarar os problemas da criança com determinação para que possam intervir ou preveni-los. 2 ABSTRAT This theoretical work, shows the relevance of the acoustic estimulation during the pregnant period and in the first years of life, tends as objective a better development of the auditory abilities and of language. It is known that some talkative disorders have origin in the accompaniment period however, the prevention phonoaudiologic should be begun before even of the gestation, through education programs for youths, pregnant woman and professionals of the health and educators. Generally, for the lack of the parents' orientation, the child when carrier of the auditory deficiency loses the ideal period for stimulations of the language and audition. Most of the time the diagnosis and the intervention happen later, among the 2° and the 3° year after the birth. However, if the parents are become aware, that the precocious stimulations develops the child's larger information cognitive and social aspect they will have about a variety of conditions and factors that will take them to face the child's problems with determination so that they can intervene or to prevent them. 3 Dedico esta monografia a minha mãe, Maria Lúcia e ao meu filho Vyctor, que contribuíram para a realização deste trabalho. 4 AGRADECIMENTOS Ao realizar-mos um trabalho, recebemos a contribuição de várias pessoas, que de uma forma ou outra, nos ajudam apoiando e incentivando. Quero agradecer a minha família, principalmente a minha mãe por todo o investimento e crédito em minha formação. Ao Alessandro, pelo seu incentivo e reconhecimento do meu trabalho. E ao meu filho Vyctor, que me mostrou a necessidade de realizar esse estudo, ampliando meus conhecimentos na área profissional e na arte de ser mãe. 5 SUMÁRIO - INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1 - DISCUSSÃO TEÓRICA ................................................................................ 3 - Período gestacional ....................................................................................... 3 - Período pós-natal.... ...................................................................................... 4 • Estimulação auditiva ........................................................................ 4 • Desenvolvimento da comunicação .................................................. 5 - Identificação do D.A...................................................................................... 7 - Aceitação por parte dos pais.......................................................................... 7 • Os pais diante do problema ............................... ............................. 8 • Aceitação.......................................................................................... 8 - Fatores que podem levar a uma D.A. segundo o período de incidência....... 8 - Comportamento auditivo ............................................................................... 9 - Níveis de referência das respostas auditivas de crianças normais, de acordo com sua faixa etária. ....................................................................... 10 - Prevenção em Fonoaudiologia ..................................................................... 10 • Medidas de prevenção .................................................................... 11 • Prevenção durante a fase pré-natal................................................. 11 • Prevenção durante a fase pós-natal................................................. 12 • Programas de prevenção ................................................................ 13 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 14 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 15 6 CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA AUDIOLOGIA CLÍNICA A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO AUDITIVA DURANTE O PERÍODO PRÉ E PÓS-NATAL Monografia de conclusão do curso de especialização em Audiologia Clínica Orientadora: Mirian Goldenberg GIOVANNA FLÁVIA ALVES MATIAS GOIÂNIA 1999 7 INTRODUÇÃO De todos os órgãos dos sentidos, o único que permanece desperto 24 horas por dia é o ouvido. Mesmo na mais profunda fase do sono, as orelhas continuam ligadas como guardiãs abertas a qualquer ruído ameaçador. Quando o homem dormia em cavernas rodeadas de animais selvagens ouvir ou não significava a diferença entre viver ou morrer. E ainda hoje, quem deixa de ouvir perde muito de sua capacidade de desfrutar a vida. Basta lembrar que a audição é a peça chave na comunicação entre os seres humanos. A partir do quarto mês de vida intra uterina, já há vários sentidos desenvolvidos inclusive a audição a qual desempenha um papel preponderante e decisivo, uma vez que para que a linguagem falada seja desenvolvida, é necessário que a criança ouça. Para que haja a aquisição e desenvolvimento normal da linguagem é considerado como pré-requisito a integridade anátomo-fisiológica do sistema auditivo, a experiência acústica na vida intra uterina e nos primeiros anos de vida, o qual é considerado como período crítico para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem. Durante o primeiro ano de vida ocorre o processo de maturação do sistema auditivo central. A experienciação auditiva neste período de maior plasticidade, no qual novas conexões neurais se estabelecem, torna-se imprescindível para garantir o desenvolvimento normal da audição e da linguagem. Muitos problemas de linguagem, fala e aprendizado tem sido atribuídos a dificuldade no processamento dos estímulos acústicos, por isso, torna-se importante investigar se as informações acústicas foram passadas ou não para a criança durante sua vida intra uterina (V.I.U) e em seus primeiros anos de vida e a forma como essa criança recebeu e reagiu diante de tais experiências. Neste prisma, o ambiente estimulador precisa rever seus valores e normas envolvidos no processo de desenvolvimento psicossocial. Para que isso se concretize é necessário um referencial teórico-prático abrangente a fim de poder 8 compreender as ações formuladas pelas crianças respeitando seus estágios de desenvolvimento. O objetivo deste estudo teórico é mostrar a relevância de se verificar como são as habilidades táteis e auditivas durante a fase pré-natal e as habilidades táteis, auditivas, visuais e olfativas durante a fase pós natal. Sendo a fonoaudiologia uma ciência do conhecimento que procura pesquisar e atuar nas dificuldades que ocorrem em relação a comunicação, linguagem oral ou gráfica, voz e audição, faz-se necessário um estudo sobre a importância da estimulação auditiva durante o período pré e pós-natal o qual será realizado através de informações científicas, envolvendo a parte social, conscientizando os pais sobre a importância do trabalho preventivo para a aquisição e desenvolvimento da linguagem. Essa pesquisa demonstra a importância da estimulação dos órgãos sensoriais da criança, principalmente a audição durante o período pré e pós-natal. Assim pretende-se conscientizar os pais sobre o que pode ocorrer durante a fase pré e pós-natal, prevenindo alterações auditivas e de linguagem. 9 DISCUSSÃO TEÓRICA A partir do 4° mês de V.I.U., o feto já está preparado para receber informações acústicas. Ele irá se habituando ao ritmo e a musicalidade da língua. Quanto mais conscientizada a mãe estiver sobre as habilidades auditivas antes e após o nascimento, mais cedo ela poderá perceber se a sua criança apresenta ou não alguma alteração auditiva. Sendo os primeiros anos de vida, considerado como período crítico para a aquisição de linguagem, a criança portadora de deficiência auditiva será beneficiada se o diagnóstico e a intervenção ocorrerem nessa época. Através de orientações as gestantes é possível prevenir ou atenuar os problemas. Período gestacional A partir do 4° mês de vida intra-uterina, já há vários sentidos desenvolvidos, inclusive a audição. No século passado, os médicos achavam que o útero era uma capsula acusticamente isolada do mundo. A criança ficaria então protegida de qualquer barulho que prejudicasse o seu desenvolvimento. Nos anos 70, obstetras colocaram microfones no interior do corpo de gestantes e concluíram que os sons chegavam, sim, más que os barulhos, internos da mulher era tão fortes que pareciam abafar qualquer ruído externo, a não ser que o volume fosse muito alto. Hoje, já se sabe que o inquilino do útero fica bem mais protegido dos ruídos internos do que se imaginava e se encontra mais expostos aos sons que vêm de fora. Nos últimos anos, surgiram experiências com hidrofones (microfones que funcionam em meio líquido). A conclusão foi de que as conversas de fora, podem ser ouvidas, más atenuadas pela gordura e pelos tecidos da mãe. Os resultados apontaram outra novidade: os sons graves chegam mais fortes que os sons agudos, 10 devido a vibração que ele provoca no meio líquido. A revista Super Interessante (1998), mostra o estudo do Dr. BERESTEIN, do hospital Albert Einstein, a sensibilidade musical pode começar a se formar dentro do útero, já foi mostrado que o recém-nascido prefere e se acalma com músicas que ouviu durante a gestação, também é possível que a habilidade lingüística comece a ser adquirida na fase final da gestação. As mães que conversam com o feto estariam habituando-o ao ritmo e a musicalidade da língua. Existem relatos de crianças que passaram a gravidez em um país estrangeiro, onde a mãe falava outro idioma e depois tinham dificuldades em aprender a língua pátria, conta a neurologista Maria Valeriana da UNICAMP. S.P. De acordo com TURNER e NANAYAKKARA (1996), os movimentos dos órgãos ao redor do útero são sonoros, de forma que o feto está atento ao som desde seus primeiros meses. Segundo relatos da revista Super Interessante 1998, o feto ouve sem poder entender conversas abafadas do lado de fora, nos quais predomina sempre uma voz clara feminina, essa voz alcança seus ouvidos por dois caminhos diferentes: vinda de fora, propagada pelo ar, e transmitida pelo corpo, direto das pregas vocais da mãe. Este período marcará a criança no seu jeito de ser, em seus medos e humor. O carinho ou o desprezo expressas nas vozes difusas, o gosto do líquido, a velocidade das batidas do tambor e outros estímulos sutis, são tudo que um feto conhece até o parto. Porém, se essa experiência for agradável, tudo vai evoluir para uma criança tranqüila e sensível, caso contrário a gravidez pode causar muitos prejuízos para o desenvolvimento dessa criança. - Período pós-natal • Estimulação auditiva De acordo com AVELAR (1996), o maior número de respostas aos estímulos sonoros ocorrem durante os 3 primeiros anos de vida e a produção de sons ou ruídos de certa duração, de relativa intensidade, perto do bebê, podem provocar reações e reflexões. O bebê que ouve sabe quando alguém se aproxima e sua atitude varia de acordo com a percepção auditiva. Desde que ele nasce está exposto aos sons da 11 fala. A mãe fala com ele, e isto, é extremamente importante, pois mesmo ouvindo normalmente, precisa ser estimulado para perceber e compreender os sons que futuramente o ajudarão na produção da fala. Quando os pais falam, o som de suas vozes excita a criança e provoca uma resposta. O bebê faz barulhos e começa a emitir sons, correspondendo ao tom emocional da voz adulta diante dele. Então a criança vai assimilando o modelo visual e sonoro e continua num jogo imitativo, porque o adulto facilita e o anima afetivamente com sorriso e com olhar. Este início de imitação marca um importante estágio para a aquisição da linguagem, o qual é chamado fase do balbucio. A maioria dos pais de criança deficiente auditiva, por não conhecerem como se processa o desenvolvimento da linguagem e como proceder para reforçar os balbucios e vocalizações, privam a criança de estímulos reforçadores. É importante estimula-la, valendo-se de suas necessidades e de seus interesses, aproveitando oportunamente as experiências, bem como as tentativas reveladoras da personalidade, acompanhando seu ritmo de vida, sem reprimir seu crescimento natural com impaciências e antecipações prejudiciais. • Desenvolvimento da comunicação Segundo ZORZI (1993), a linguagem verbal é uma forma de comunicação. É a mais complexa, más não é a única. Antes de usar as palavras a criança recorre a outros meios, como os gestos. A comunicação, de um modo geral, é um processo evolutivo. Inicialmente comportamento como choro, vocalização, agitação, risos, etc, são interpretados como manifestações de conforto, desconforto, alegria, e assim por diante. Certos comportamentos ou ações passam a ser intencionalmente empregados como meio para atingir determinados objetivos. A criança usa a linguagem para planeja r ou antecipar suas ações. A linguagem passa a ser algo que regula e dirige seu comportamento. De acordo com CUPELLO (1998), existe uma interação, um feedback entre o desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento psicoafetivo. Por um lado as perturbações psicoafetivas prejudicam o desenvolvimento da linguagem, por outro lado, esse déficit de linguagem vai prejudicar a relação com os outros. O uso da linguagem só tem razão de ser, na medida em que ela faz uma ligação do indivíduo 12 com o social. Daí, se vê a importância dos fatores emocionais afetivos para a intereção lingüística entre mãe e filho, principalmente nos primeiros anos de vida, onde é fundamental a importância para a maturação emocional e o desenvolvimento cognitivo. A mãe que não fala com seu filho nesse período faz com que a criança não tenha interesse pelos estímulos auditivos e não capte informações importantes para a compreensão da fala, resultando em limitações lingüísticas. Segundo KLINEBERG (1967), a linguagem serve como instrumento do pensamento e comunicação como meio e controle de ação dos outros e como força que une os membros de uma comunidade particular, ao passo que os separa de outras. O significado social da surdez, está portanto intimamente ligado a ausência da linguagem comum ao meio cultural em que vive o D.A. Myklebust (1964), destaca a linguagem como fator primordialmente significativo no desenvolvimento dos contatos sócio-pessoais e de interação mútua. De acordo com RUSSO e SANTOS (1989), nos primeiros anos de vida, uma criança é capaz de dominar um sistema lingüístico idêntico àquele empregado pelas pessoas que o cercam. Entretanto, para que o desenvolvimento da linguagem falada se processe, devem ser destacadas 3 seqüências relacionadas de desenvolvimento, são eles: • Fase de recepção = Entrada dos estímulos auditivos, visuais e cinestésicos, sob o comando do sistema nervoso central. • Fase de compreensão = Interpretação dos sons lingüísticos que a criança ouve em seu ambiente. • Fase de emissão = Esta etapa envolve uma atividade motora que é comandada pelo S.N.C. Nos primeiros 3 meses de vida, o choro da criança da lugar a vocalização que por volta dos 6 meses, transforma-se na fase do balbucio. Durante este estágio os bebês produzem todos os sons que formam a base fonética de todas as línguas. Por volta de 9 meses a 1 ano de vida a criança já emite certas palavras. Diante desta seqüência de desenvolvimento inter-relacionadas, pode-se compreender que o material da linguagem falada consiste num longo período de recepção auditivos da linguagem, o qual é pré-requisito para posterior emissão desta. 13 - Identificação do D.A. Segundo AVELAR (1996), sendo o ouvido o órgão sensorial indispensável à aquisição da linguagem como instrumento de pensamento, de desenvolvimento intelectual, é de suma importância a detecção da deficiência auditiva em qualquer grau e a identificação de suas possíveis causas a fim de diagnostica-la devidamente, lançando mão de todos os recursos que podem contribuir para evita-la ou cuidar dos efeitos. A tarefa de ensinar um D.A. a falar, constitui-se num trabalho árduo e difícil, deve ser realizado pelos pais devidamente orientados por uma equipe interdiciplinar de profissionais especializados. É muito provável que antes desta fase, a família não preparada para a educação do surdo já tenha incorrido em vários erros prejudiciais à criança condicionada e condicionadora de comportamentos negativos para sua correta educação. O período entre a suspeita da deficiência auditiva pela mãe e o diagnóstico audiológico ainda permanece muito longo. Na maioria dos casos, apesar da suspeita de perda auditiva ocorrer no primeiro ano de vida, o diagnóstico e a intervenção ocorrem apenas entre 2° e 3° ano de vida, perdendo o período ideal para estimulação da linguagem e audição. - Aceitação por parte dos pais De acordo com AVELAR (1996), a aceitação e a participação dos pais são fatores primordiais na educação e na integração da criança deficiente auditiva na família e na comunidade. Apresentar um diagnóstico de deficiência dos filhos aos pais sem preparação e sem orientação é uma crueldade. Isto causa impacto, desespero e incredulidade, pois os pais não sabem como ajudar o filho. Eles desconhecem as possibilidades de recuperação, as providências a serem tomadas, os recursos com os quais podem contar e quais aqueles de que poderão dispor ou a quem recorrer. Enfim, desconhecem toda uma variedade de condições e fatores que poderão levá-los a encarar a deficiência do filho, com determinação e coragem, para atenua-la ou superá-la. O trabalho com os pais, inicialmente, deve ser desenvolvido no sentido de 14 apoia-los no momento da surpresa e das frustrações diante da deficiência. A resistência para aceitar o fato, as vezes, é tão forte que se torna necessário um longo trabalho de persuasão e orientação. Um programa de aconselhamento adequado e adaptado às diferentes condições sócio-econômicas e culturais permitirá o desenvolvimento de novas atitudes dos pais em relação a deficiência dos filhos. • Os pais diante do problema É muito importante a participação dos pais em todo o processo de estimulação da criança. É necessário que eles a incentivem sempre que estiverem em contato com ela. É fundamental que eles procurem saber a melhor maneira de reforçar o treinamento em casa e que procurem estar a par dos processos e orientações fornecidas pelos profissionais especializados. • Aceitação Aceitar uma criança é recebê-la integralmente. É ter consideração por ela, reconhecendo suas qualidades e ajudando-a a superar os defeitos. Se os pais escondem os filhos e se envergonham dele, por ser um D.A. é prova que ainda não o aceitam. Se o castigam e o ridicularizam por não saber pronunciar bem as palavras, também estão demonstrando que ainda não aceitam tal como ele é. Quando os pais não sabem ouvir pacientemente o que o filho está tentando dizer, achando que ouvir e dispensar atenção a criança é perda de tempo, significa que ainda não se conscientizaram do papel de pais, no seu sentido mais elevado. - Fatores que podem levar a uma D.A. segundo o período de incidência. A forma mais grave de deficiência auditiva infantil se revestem das características clínicas da surdez neuro-sensorial, resultante de lesões cocleares ou neurais, atribuídas aos diversos fatores referentes a patologia apresentada que segundo o período de incidência, dividem-se em: v Período pré-natal: • Fatores genéticos dominantes e recessivos (hereditariedade); • Embrio patias viróticas (rubéola, infecções por vírus); 15 • Feto patias viróticas e microbianas (sífilis congênitas); • Embropatias e fetopatias tóxicas (guinino, solicitato, álcool, estrepttomicina, kanamicina, talidomida, anestesias prolongadas); • Causas endócrinas (bócio, debilidade mental). v Período neonatal ou perinatal • Doença hemolítica do recém-nascido (incompatibilidade do fato RH); • Icterícia; • Anóxia; • Prematuridade; • Traumatismo obstétrico. v Período pós-natal • Processos infecciosos da infância; • Febres eruptivas; • Virose e neurovirose (sarampo) • Meningo encefalites; • Toxoplasmose; • Otites; • Traumatismo craniano; • Intoxicações medicamentosas. - Comportamento auditivo O comportamento auditivo, inclui todas as reações a sons manifestadas primordialmente por reações motoras. Ele depende tanto de estruturas centrais e periféricas quanto da integridade biológica e psicológica da criança. As reações motoras adquirem um papel importante no processo de desenvolvimento do comportamento auditivo, onde é fundamental conhecer o tipo de resposta que a criança é capaz de apresentar, segundo sua faixa etária e consequentemente, o estágio no qual a maturação do S.N.C. começa a se completar. Nesse momento, o córtex inicia os comandos respostas do bebê. 16 - Níveis de referência das respostas auditivas de crianças normais, de acordo com sua faixa etária: Faixa etária (meses) 0-3 Respostas a sons instrumentais • Sobressalto • Acalma-se com a voz da mãe • Atenção • Atenção 3-6 Respostas a estímulos verbais • Procura ou localiza a voz da • Procura da fonte mãe • Localização lateral (D/E) • Localização (D/E) 6-9 • Localização indireta para • Localiza voz da mãe baixo e para cima. • Localização lateral (D/E) • Reconhece comandos • Localização direta para baixo 9-13 e indireta para cima. • Localização lateral (D/E) verbais. - Dá tchau! - Joga beijo! - Bate palma! • Reconhece comandos • Localização direta para baixo e para cima 13-18 - verbais. - Cadê a chupeta? - Cadê a mamãe? - Cadê o sapato? - Cadê o cabelo? - Cadê a mão? Prevenção em fonoaudiologia Segundo ANDRADE (1996), a habilidade comunicativa é um elemento fundamental para a qualidade de vida, e toda ação preventiva nessa área irá contribuir significativamente para promover a saúde global. Uma vez que muitas das 17 desordens comunicativas tem origem pré-nascimento, a prevenção fonoaudiológica deve ser iniciada antes mesmo da gestação, através da proposta de programas de educação pública para jovens, para gestantes e família. • Medidas de prevenção São todas as ações que precedem, antecipam e ou tornam impossível a ocorrência ou o desenvolvimento das doenças. A prevenção visa desenvolver a saúde, evitar a invalidez e prolongar a vida. A prevenção fonoaudiológica consiste na aplicação de medidas de caráter amplo a serem tomadas antes mesmo que a doença ocorra ou ainda, em qualquer estágio de sua evolução, podendo ser dividida em 3 fases: • Prevenção primária (período pré-patogênese) Medidas destinadas a desenvolver a saúde e o bem estar geral, pela proteção específica do homem contra agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os agentes por elas responsáveis. • Prevenção secundária (período patogênese) Tão logo se instale a doença é importante a ação diagnóstica rápida e tratamento imediato e adequado; caso a doença não tenha podido ser interceptada, cabe cuidar-se para limitar as seqüelas e a invalidez. • Prevenção terciária (período patogênese) Posteriormente quando o defeito ou invalidez persistirem, tentar-se-á recuperar o potencial e reintegrar o indivíduo à sociedade, pela reabilitação. • Prevenção durante a fase pré-natal. Fatores a serem considerados: ⇒ Conscientização da gestante, quanto ao seguinte: - Importância da imunização; - Os riscos que corre ao contrair doenças viróticas principalmente no trimestre de gestação; - Os prejuízos do álcool, fumo e tóxicos; - A importância da amamentação; - O perigo das otites; 18 1° - A importância do acompanhamento médico durante a fase pré-natal. Ainda na fase pré-natal, é importante que a gestante estimule as habilidades auditivas e táteis do feto, através de: Músicas; histórias; massagens na barriga e conversa. Ambientes com ruídos intensos aumentam o batimento cardíaco do feto, é importante que as gestantes não permaneçam nesses lugares por tempos prolongados. • Prevenção durante a fase pós-natal Ao nascer nossos sentidos mais desenvolvidos são o tato, a audição e o olfato. A pele é o órgão mais desenvolvido do tato. Em questão de segundos os bebês identificam o odor de sua mãe. Quando a respiração já está normalizada, o toque suave e seguro, as vozes conhecidas e os odores agradáveis ajudarão o bebê a relaxar e a ficar pronto para mamar. Estudos sobre bebês provaram que o toque, o movimento, e o som estimulam os canais nervosos, acelerando o desenvolvimento neurológico. O ganho de peso é mais rápido e a atividade celular é intensificada pelo melhor funcionamento endócrino. A estimulação das habilidades auditivas, táteis, olfativas e visão poderão ser aplicadas na vida diária da criança. • Na hora do banho: - Conversar com a criança; - Passar a mão em seu corpinho (iniciando pelos pés, pernas, tronco e em último a cabeça), dizendo quais as partes estão sendo lavadas. - Deixar os braços e pernas livres, para poderem movimentar, brincar com a água, isso ajudará a aliviar tensões. • Na hora da massagem - Fazer a massagem na criança antes da amamentação e do banho. - Passar óleo com essência de ervas aromáticas para desenvolver seu olfato e para melhor massagea-lo; - Usar toques leves e seguros; - Colocar música para o bebê ouvir. 19 • Na hora da amamentação - Amamentar a criança no colo com a cabeça mais elevada (essa posição evita a ocorrência de infecções no ouvido); - Conversar com a criança (ajuda a aumentar o ritmo de sucção). - Ao colocar o bebê no berço, deita-lo do lado direito (nessa posição, o fluxo nasogástrico é mais rápido, pois não comprime o estômago). Ao realizar as atividades acima citadas pode-se incluir instrumentos ou brinquedos sonoros e ou coloridos. Obs.: Evitar níveis sonoros intensos, isso poderá provocar desconforto ou até lesões. • Programas de prevenção Segundo AZEVEDO, desde 1987, vem sendo desenvolvido na Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina) um programa de prevenção e identificação precoce de alteração auditiva periféricas e centrais, que tem por objetivo: - Conscientização e orientação da população para maior controle dos fatores etiológicos dos distúrbios da audição. - Orientação a profissionais da área da saúde e da educação, através de aulas e palestras. - Medidas de proteção como a imunização de moléstias infecto-contagiosas (rubéola, meningite, caxumba, sarampo, etc.) - Assistência a saúde da gestante e do neonato, através de acompanhamento médico adequado antes, durante e após o período gestacional. - Identificação precoce e tratamento adequado das patologias otológicas, tais como otite média. De acordo com ANDRADE (1996), o planejamento e a implementação de programas de prevenção devem seguir uma estrutura organizacional, a partir da análise das necessidades e recursos da comunidade. Um fator determinante para a execução efetiva dos processos preventivos fonoaudiológicos é o conhecimento sobre as histórias naturais das doenças da comunicação humana. 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo, realiza uma reflexão teórica sobre a importância da estimulação auditiva durante o período pré e pós-natal. Este foi realizado com o intuito de servir à comunidade, principalmente a jovens, gestantes, profissionais da saúde e educadores. Através de programas de educação essa população irá dispor de um conhecimento que facilitará a percepção de certos problemas que podem comprometer suas crianças. Este conhecimento poderá contribuir tanto para o aspecto econômico e social, quanto para as crianças, que estarão bem mais preparadas para ingressarem nas escolas. Em caso de crianças portadoras da deficiência auditiva, a mãe sendo consciente do desenvolvimento normal de linguagem, poderá suspeitar do problema mais cedo evitando que as crianças sofram constrangimentos, fiquem com o estudo atrasado, repitam o ano ou tenham problemas psicológicos. Com isso, a sociedade estará economizando gastos que teriam com essas crianças, aumentando a qualidade do serviço social, assim como o bem estar da comunidade. Este estudo realizado serviu para aumentar meus conhecimentos sobre como estimular meu filho a fim de obter um melhor desenvolvimento de linguagem e audição e assim passar para outras mães essas descobertas que, certamente irão ajuda-las a conhecer melhor suas crianças. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Cláudia Regina Furquim. Fonoaudiologia preventiva. S.P., Louise, 1996. AVELAR, Maria Celina Fleury. Desabafo de mãe. G.O., U.C.G., 1996. AZEVEDO, Marisa Frasson. Programa de prevenção e identificação precoce dos distúrbios da audição em: atualidades em fonoaudiologia. CUPELLO, Regina. O atraso da linguagem como fator causal dos distúrbios de aprendizagem. R.J., Revinter, 1998. FERNANDES, Eulalia. Problemas lingüísticos e cognitivos do surdo. R.J., AGIR, 1990. LOPES FILHO, O. A avaliação audiológica no primeiro ano de vida em tratado em Fonoaudiologia. NANAYAKKARA, Susie. TURNER, Roma. A arte calmante da massagem em bebês. S.P., Marco zero, 1997. RUSSO, Iêda C. Pacheco. SANTOS, Tereza M. Momensohn. Audiologia infantil. S.P. Cortez, 1989. TURNER, Johanna. Desenvolvimento cognitivo. R.J., Zahar, 1976. XAVIER, Cláudia. Atuação fonoaudiológica em berçário: Aspectos teóricos e práticos da relação mãe-bebê em: atualidades em fonoaudiologia. ZORZI, Jaime Luiz. Aquisição da linguagem infantil. S.P., Pancast, 1993. Super interessante. Aprendendo no útero. (ano 12 n. 7). S.P., Abril, 1998. 22 23