MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
Gabinete do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Cerimónia de lançamento do contrato de colaboração entre o Estado
Português e o Massachusetts Institute of Technology, MIT
Centro Cultural de Belém, Lisboa, 11 de Outubro de 2006
Intervenção do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
Manuel Heitor
Exmo. Senhor Primeiro Ministro
Exmo. Senhor Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Caros Colegas, minhas senhoras e meus senhores,
Os contratos que hoje vão ser assinados no âmbito do Programa que estamos
a lançar são sobre pessoas, ideias e conhecimento. Resultam do
compromisso assumido pelo Governo quanto à necessidade de promover a
capacidade científica e tecnológica nacional, a par do reforço e da autonomia
das instituições de ensino superior e de investigação. De facto, no actual
quadro internacional é imperativo que todo o nosso sistema de ensino superior
e de ciência e tecnologia se afirme e consolide à luz dos mais exigentes
padrões internacionais, de modo a ser possível aprendermos a construir e
promover um Portugal mais moderno, ambicioso e aberto, capaz de enfrentar
com sucesso os desafios do futuro.
Permitam-me duas referências iniciais. Primeiro para todos aqueles que
tornaram possível concretizar esta nova fase que hoje iniciamos de
internacionalização das instituições portuguesas de ensino superior e de
investigação e desenvolvimento. Refiro-me sobretudo a todos os
investigadores e docentes universitários que, ao longo das últimas duas
décadas, tem vindo a afirmar a sua competência a nível internacional e
promover a capacidade científica e tecnológica nacional junto das melhores
instituições a nível mundial.
Segundo, para os jovens portugueses, aqueles que são actualmente
estudantes do ensino superior, mas também todos os que ainda não são. Hoje,
o desenvolvimento das nações baseia-se em conhecimento e competição à
escala global. O processo que se inicia agora representa também desafio e
inspiração para estes jovens, para que cada vez mais sintam que construir o
futuro de Portugal começa na qualificação das pessoas, no estudo e na
aprendizagem, mas também na adopção de uma cultura de exigência em que a
referência é sempre a excelência internacional.
Estrada das Laranjeiras, 197 – 205 ● 1649-018 Lisboa
Telef.: 21 723 11 31 / 55 ● Fax: 21 726 41 36
1
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
Gabinete do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Foi neste contexto que foi lançado o programa de parcerias internacionais em
ciência e tecnologia e no ensino superior que está na origem dos contratos que
hoje serão assinados. Foi uma avaliação feita por pares que teve por
referência o potencial para a cooperação científica entre grupos nacionais e do
MIT, de uma forma que vem garantir a vontade e o esforço de fazer mais e
melhor por todos aqueles que se disponibilizaram voluntariamente para serem
avaliados por colegas do MIT. O resultado são oportunidades inéditas para
reforçar a capacidade de I&D e de ensino pós-graduado de instituições
nacionais num contexto internacional, potenciando a atracção de novos
talentos e dinamizando novas redes e parcerias com impacto no tecido social e
económico, e nas empresas em particular.
O contrato com o MIT tem, de facto, por principal objectivo potenciar e
promover redes temáticas orientadas para o reforço da capacidade científica e
tecnológica e de ensino pós-graduado de instituições nacionais num contexto
internacional. Esta é a única prioridade consagrada nos contratos que vão ser
assinados!
Consagrou-se esta prioridade em torno da área de “sistemas de engenharia”
porque estes são hoje a base para o desenvolvimento no contexto da
economia do conhecimento que emerge. Refiro-me a novas competências no
projecto, fabrico e comercialização de dispositivos ou sistemas complexos de
elevado valor acrescentado, designadamente em sectores como o automóvel,
a aeronáutica, ou os novos dispositivos médicos. Refiro-me também ao
projecto e implementação de infra-estruturas complexas de transportes e de
energia, de forte impacte social, e promotoras de oportunidades de significativo
desenvolvimento económico sustentável. Mas refiro-me também ao projecto e
optimização de sistemas de produção que utilizam organismos vivos ou partes
desses organismos, tais como moléculas, células, ou tecidos.
Da produção industrial, à bioengenharia, o que está em causa é estruturante
pois está associado à necessidade de perceber o desafio de novas
dinâmicas de “inovação” que emergem num contexto de crescente incerteza
dos mercados, mas também de grande mutação no desenvolvimento científico.
Esta prioridade resulta da noção clara de que tecnologia vai muito para além
de um simples conjunto de esquemas, instruções, ou algoritmos que produzem
sempre o mesmo resultado qualquer que seja a forma da sua utilização,
sobretudo em produtos e serviços de maior valor acrescentado. Pelo contrário,
a tecnologia é sensível a circunstâncias físicas e sociais específicas, pelo que o
sucesso da sua absorção e aplicação requer o desenvolvimento de importantes
competências
humanas
e
colectivas.
Consequentemente,
o
desenvolvimento de competências tecnológicas requer por isso um processo
complexo de “aprendizagem” técnica e humana, que sabemos ir muito para
além do simples “aprender a fazer”. O envolvimento directo, contínuo e
continuado de alunos, investigadores e empresas nacionais com os líderes
Estrada das Laranjeiras, 197 – 205 ● 1649-018 Lisboa
Telef.: 21 723 11 31 / 55 ● Fax: 21 726 41 36
2
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
Gabinete do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
internacionais destas áreas no MIT irá permitir um salto qualitiativo importante
em Portugal em áreas integradas e multidisciplinares, críticas para o futuro do
país.
Sabemos hoje que a base de conhecimento da quase totalidade dos sectores
económicos se tem transformado, particularmente durante a última década,
assumindo de uma forma crescente um carácter complexo e distribuído
institucionalmente. Consequentemente, a competitividade das nossas
economias reside cada vez mais na capacidade de aceder e usar
conhecimento e tecnologia desenvolvidos numa gama alargada e diversificada
de instituições, que se constituem como bases distribuídas de conhecimento.
Foi também por isso que exigimos ao MIT desenvolver projectos em redes
diversificadas de várias instituições portuguesas, incluindo centros de
investigação universitários, laboratórios associados, laboratórios de estado e
empresas.
O programa que hoje estamos a lançar é, tambem, um programa de
experimentação em redes sociais! Vivemos em épocas de acelerada
mudança, onde a internet e os sistemas de informação e comunicação têm
facilitado a difusão livre de ideias, facilitando e promovendo a valorização social
dessas mesmas ideias através da emergência de novos modelos de negócio.
É neste contexto que, para além do contrato na área dos “sistemas de
engenharia”, a parceria com o MIT que hoje estamos a lançar também inclui a
preparação de um ambicioso programa na área da gestão. Refiro-me à
preparação de um Programa internacional de MBA, assim como ao
desenvolvimento de uma serie de seminários de doutoramento em gestão.
Refiro-me também ao desenvolvimento de um programa de empreendedorismo
de base tecnológica, de âmbito internacional, tendo por base a experiencia da
Sloan School do MIT em envolver docentes e investigadores de gestão e de
engenharia, ciência e tecnologia, com o objectivo de promover a valorização
económica do conhecimento.
Neste contexto, Eric Von Hippel, um conhecido Professor do MIT, tem
mostrado como a cooperação organizada de redes de indivíduos e
empresas, nomeadamente na forma de “comunidades integradas pelo
conhecimento”, pode acelerar a difusão da inovação e promover a sua efectiva
democratização. Mas o estabelecimento destas comunidades requer
institucionalizar rotinas de colaboração com base em projectos que não
estejam limitados por constrangimentos rígidos, facilitando e promovendo o
esforço intelectual de pensar com “ciência viva” e conceber novas formas
de utilização de produtos e serviços, assim como novos produtos e serviços.
Bill Mitchell, também do MIT, refere-se a estas comunidades como “creative
communities”, no âmbito das quais a experimentação de novas ideias,
nomeadamente através de “design studios” como aqueles que estão
Estrada das Laranjeiras, 197 – 205 ● 1649-018 Lisboa
Telef.: 21 723 11 31 / 55 ● Fax: 21 726 41 36
3
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
Gabinete do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
planeados no âmbito dos acordos que vamos assinar, é particularmente
importante.
A experimentação, o trabalho de projecto, a prática orientada de
actividades de investigação, nomeadamente desde os primeiros anos do
ensino superior e em estreita colaboração com parceiros sociais, económicos e
científicos, em Portugal e no estrangeiro, são essenciais neste processo. É
esta a nossa ambição!
Mas o estabelecimento de verdadeiras “parcerias para a inovação” em
sectores fortemente globalizados e dependentes de estratégias de concepção
de novos produtos (desde os componentes automóvel ao “design” de drogas
terapêuticas mais eficazes, ou à bioengenharia de células estaminais), obriga a
melhor compreender o papel crítico e estruturante das relações criativas e do
papel de vários actores que essas relações exigem, nomeadamente das
empresas.
Neste âmbito, permitam-me que conclua com uma referência muito especial às
empresas que hoje e aqui se vão comprometer a participar activamente no
Programa MIT-Portugal, lançando o estatuto de “Parceiro Empresarial e
Institucional” do programa.
De forma inédita em Portugal, 10 empresas assumem o compromisso
perante os Portugueses de disponibilizar recursos humanos e materiais para o
envolvimento activo no desenvolvimento de projectos de I&D de forma que:
1. As suas despesas intramuros em I&D sejam duplicadas até ao final de
2009, devendo essa despesa atingir em média 6% do total a facturação
no período 2007-2013;
2. O número de doutorados contratados pelas signatárias atinja valores
semelhantes às melhores práticas internacionais, devendo garantir 30
novos contratos de doutores até ao final de 2009, assim como 60 novos
contratos de especialistas nos próximos 5 anos;
3. O registo internacional de patentes seja estimulado, de uma forma que
garanta pelo menos quadruplicar até 2009 o número anual de patentes
registadas pelo global das signatárias;
4. O envolvimento das signatárias em programas europeus de I&D seja
estimulado de forma a, pelo menos, duplicar a sua participação em
projectos de I&D no âmbito do Programa Quadro europeu de I&D.
Mas para que possam compreender o âmbito destes desafios, assim como
aqueles associados ao reforço inevitável do nosso desenvolvimento científico e
à reforma do nosso sistema universitário, deixo-vos com três depoimentos,
nomeadamente do Presidente do Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas, do Secretário dos Laboratórios Associados e do Director Geral da
VW Autoeuropa.
Estrada das Laranjeiras, 197 – 205 ● 1649-018 Lisboa
Telef.: 21 723 11 31 / 55 ● Fax: 21 726 41 36
4
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
Gabinete do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Trata-se, agora, de passarmos à fase seguinte, garantindo o envolvimento
activo de centros de investigação, universidades e empresas, o qual será feito
à luz de exigentes padrões de exigência. Requer com certeza o esforço de
muitas pessoas, de forma a garantir novas ideias e a afirmação de novo
conhecimento!
Muito obrigado pela V/ atenção,
Manuel Heitor
Lisboa, CCB, 11 de Outubro de 2006
Estrada das Laranjeiras, 197 – 205 ● 1649-018 Lisboa
Telef.: 21 723 11 31 / 55 ● Fax: 21 726 41 36
5
Download

MIT-Portugal: Intervenção do Secretário de Estado da