Logística Reversa Autor Rafael Martins, consultor na Tigerlog Introdução Sabemos que hoje o mundo passa por uma grande degradação ambiental, muito ouvimos sobre alterações climáticas, desmatamentos, enchentes, poluição, entre outros fatores que influem no equilíbrio da vida sobre a terra. Isso se deve a geração de resíduos oriundos do consumo em massa da população, produtos cada vez mais tem seu ciclo de vida menor, devido aos avanços tecnológicos a sociedade está cada vez mais consumista e ânsia por novas tecnologias, então, produtos rapidamente chegam ao fim do seu ciclo de vida, gerando resíduos e extração de novas matérias primas, trazendo dois problemas: descartar corretamente o produto em declínio, e o uso de novas matérias primas para produção de novos bens. Cenário Devido a todos esses fatores por exigências da legislação, por imagem, ou em busca de ser mais sustentáveis e preocupadas com o meio ambiente, cada vez mais ouvimos falar sobre logística reversa nas empresas, mas ainda de forma tímida, já que ainda há pouco interesse devido o fluxo reverso não ter tanta importância econômica quanto aos canais de distribuição direta. No Brasil cerca de 18% das empresas aplicam logística reversa, conforme fonte de pesquisa da Enegep com profissionais da área de logística, onde 73% dessas são empresas de grande porte. Logística Reversa A logística reversa, conhecida também por reversível ou inversa, é a área da logística que trata genericamente, do fluxo físico de produtos, embalagens ou outros materiais, desde o ponto de consumo até ao local de origem, afim de recapturar valor ou deposição adequada. Esse fluxo reversível vem crescendo em função da reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens, assim como necessidade de descarte correto para produtos em declínio que possam gerar resíduos que agridam ou possam agredir o meio ambiente. Fluxo reverso De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) a quantidade de lixo gerada por dia está ligada a cultura e fatores sociais como renda, quanto maior o nível de poder aquisitivo, mais lixo será gerado, pois quase tudo que consumimos é caracterizado descartável. Último levantamento feito pelo IBGE em 2000 informou que cerca de 230 mil toneladas de resíduos são geradas por ano no Brasil, aproximadamente 22% são destinadas a vazadouros a céu aberto ou lixões, sendo que 75% são destinadas a aterros controlados ou sanitários. Os problemas decorrentes deste depósito de resíduos sólidos são a poluição do ar e contaminação do solo, das águas superficiais e dos lençóis freáticos; riscos à saúde pública pela proliferação de diversos tipos de doenças; agravamento de problemas socioeconômicos pela presença de “catadores”; poluição visual da região; mau odor e também desvalorização imobiliária. A aplicação da logística reversa deve ser implementada pelas empresas que desenvolvem e produzem, criando fluxos de retorno, assim como nós consumidores finais, temos que descartar da forma correta, e praticarmos os 3R’s. Os 3 R’s da Logística Reversa Reduzir - Significa gerar menos resíduos. Consumir menos e de forma mais eficiente. Gerar processos produtivos que utilizem menos matéria-prima. Em casa, evitar desperdícios e tomar medidas para diminuir o volume de lixo gerado. Reutilizar - Significa dar novos usos ao que seria descartado. Quando você usa garrafas pet como vaso de plantas ou quando doa um computador para uma creche, aquele produto ganha um maior tempo de vida. Entretanto, fazer uma oficina com sucata na escola e no final tudo vai para o lixo, não é reutilizar. Procure usar sacolas retornáveis ao invés de sacolas plásticas. Reciclagem - Procure transformar produtos usados em nova matéria-prima ou em novos produtos. Quando separamos nosso lixo orgânico em adubo, quando separamos o papel usado para virar um cartão, isso é reciclagem. Tipos de Logística Reversa: 1. Pós Venda – Tratam do fluxo de materiais e informações, erros de processamento de pedido, garantia do fabricante, defeitos, avarias. 2. Pós Consumo – Operacionaliza o fluxo de materiais e informações de bens de consumo descartados pela sociedade, no final da vida útil ou com possibilidade de reutilização, remanufaturados ou reciclados. 3. Embalagem – Devido ao alto custo das empresas com embalagens, muitas criam embalagens reutilizáveis, minimizando custos e danos ao meio ambiente. Canal de Pós Venda – E-commerce Segundo o F/Nazca, somos 81,3 milhões de internautas (a partir de 12 anos). Já para o Ibope/Nielsen, somos 78 milhões (a partir de 16 anos setembro/2011). De acordo com a Fecomércio-RJ/Ipsos, o percentual de brasileiros conectados à internet aumentou de 27% para 48%, entre 2007 e 2011. Somos o 5º país com o maior número de conexões à internet. Aliada tecnologia, agilidade, conforto, comodidade e pesquisa de preços, o número de consumidores que compram pela internet estão em constante crescimento, em 2011 esse mercado faturou mais de 20 bilhões, e os consumidores estão cada vez mais habituados a comprarem desta forma, devido a sua praticidade. Para as empresas do ponto de vista de não ter estrutura física de vendas é muito relevante, pois custos como aluguel, funcionários, entre outros são reduzidos em comparação ao e-commerce, mas em relação a logística é um agravante. Empresas de e-commerce devem ter seu planejamento logístico muito bem elaborado, já que seus clientes não serão como os da loja física (regionais) e sim nacionais, portanto estratégias logísticas e infraestrutura são primordiais, já que essa está lhe dando com as expectativas do cliente, que são muito maiores devido o cliente não ver o produto que está comprando, e ansioso para recebê-los, portanto processos bem definidos, rastreabilidade e prazos curtos são necessários para bom sucesso do negócio. Mas e se o cliente não gostar do produto? Entraremos na logística reversa, assunto de muita importância para empresas desse segmento já que o nível de devoluções gira em torno de 25% á 30% em relação do total de vendas, não tendo um processo eficaz reverso trará frustração para o cliente, e/ ou prejuízos para empresa, devido a má gestão do fluxo inverso. Esse modelo de vendas é o que mais tem trazido a importância da logística reversa, devido ao elevado volume de retorno de pós venda, tem exigido maior empenho das empresas, para que invistam em tecnologias idênticas ás adotadas na logística de distribuição direta, controle de recebimento, controle fiscal, registros em sistemas, e endereçamento para o destino correto para o material. Canal de Pós Consumo – Reciclagem Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutiliza-los no ciclo de produção de que saíram. No Brasil hoje temos informalmente cerca de um milhão de catadores no país, existem 700 cooperativas e associações, mas apenas 40 mil catadores estão organizados nelas. Estes profissionais são responsáveis por coletar e separar os materiais, a fim de serem processados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. Desperdiçamos anualmente cerca de R$ 4,6 bilhões porque não reciclamos tudo que poderíamos, abaixo temos perfil de lixo que são produzidos no Brasil: 1. 39%: papel e papelão 2. 16%: metais ferrosos 3. 15%: vidro 4. 8%: rejeito 5. 7%: plástico filme 6. 2%: embalagens longa vida 7. 1%: alumínio Tempo Para Decomposição – Alguns Produtos Retorno e Revalorização dos produtos de Pós Venda Tanto para empresas físicas quanto para as de e-commerce, temos listado abaixo os principais motivos com que as mercadorias retornam e seus possíveis destinos: Motivos de retorno Destino Resultados •ERROS DE EXPEDIÇÃO •PRODUTOS CONSIGNADOS •EXCESSO DE ESTOQUE •GIRO BAIXO •PRODUTOS SAZONAIS •DEFEITUOSOS •RECALL DE PRODUTOS •VALIDADE EXPIRADA •DANIFICADOS NO TRÂNSITO •NÃO ATENDE AS EXPECTATIVAS DO CLIENTE •MERCADO PRIMÁRIO •CONSERTO •REMANUFATURA •MERCADO SECUNDÁRIO •DOAÇÃO EM CARIDADE •DESMANCHE •REMANUFATURA •RECICLAGEM •DISPOSIÇÃO FINAL •LIBERAÇÃO DE ÁREA DE LOJA NO VAREJO •REDISTRIBUIÇÃO DE MERCADORIAS •RECAPTURA DE VALOR DE ATIVOS •FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES •OBEDIÊNCIA À LEI •FEED - BACK QUALIDADE Retorno e Revalorização dos produtos de Pós Consumo Motivos de retorno Destino Resultados •FIM DE UTILIDADE AO PRIMEIRO UTILIZADOR •SALVADOS •FIM DE VIDA ÚTIL •COMPONENTES •RESÍDUOS INDUSTRIAIS •MERCADO SECUNDÁRIO •REMANUFATURA •DESMANCHE •RECICLAGEM •ATERRO SANITÁRIO •INCINERAÇÃO •REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES •REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS •INCENTIVO À NOVA AQUISIÇÃO •EXERCÍCIO DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL •OBEDIÊNCIA À LEI Resultados Obtidos com a implementação da Logística Reversa 1. Competitividade – Empresas que fazem reutilização de embalagens e materiais, reintegrando ao ciclo produtivo, além das empresas que usam como diferencial competitivo, principalmente empresas de ecommerce que necessitam terem uma gestão eficaz do fluxo reverso, que é necessário para bom atendimento de nível de serviço ao cliente. 2. Retorno Financeiro – Utilização da reciclagem, além de gerar renda para os “catadores”, traz para as empresas ganhos financeiros para alguns materiais, pois há produtos que nenhuma ou poucas alterações nas características originais, que com sua recuperação gera economia em relação a adquirir novas materiais primas. 3. Imagem Corporativa – Visão do Marketing social, ambiental e ética empresarial, ações ligadas a preservação ambiental, que por meio desta atitude visam maior posicionamento e agregar maior valor à marca e imagem da empresa. 4. Cumprimento da Legislação - Apesar de no Brasil as pressões legais ainda serem poucas, a repercussão causada por elas reflete nas empresas que apontam este como sendo o principal motivo da disponibilidade dos canais reversos. Isto vem a reforçar ainda mais a necessidade do desenvolvimento de leis e mecanismos que obriguem que tais leis sejam cumpridas. Processos para destinação do fluxo reverso eficiente. Efetivos controles de entrada: Identificação correta do material como: (revenda; recondicionamento; reciclagem; ou descarte), evitando assim retrabalhos, informações e destinação incorreta do material. Padronização de processos e mapeamento: Algumas empresas tratam como processo esporádico, deixando de padroniza-los, mapear e criar e procedimentos formalizados. Tempo de ciclo reduzido: Medir o tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo. Sistema de informação: Gerir todo o fluxo, para medição de tempos, rastrear os retornos lançados e motivos. Rede Logística Planejada: Ter infraestrutura adequada para os fluxos reversos, da mesma forma existente para o direto. Relações colaborativas: Criar relações de confiança entre clientes e fornecedores, a fim de analisar e que ninguém seja lesado na transação. Referências LEITE, P. R. Logística Reversa: Meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. ABREPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística