“Um juiz que não sabe usar sua caneta tem, em suas mãos, o pior
pé de cabra”
Por: Mylla Feingold
Em uma palestra bastante concorrida, talvez a mais disputada desta Flip 2013,
o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, abordou
diversos assuntos: de liberdade artística a atual situação brasileira.
No evento, realizado na Casa da Liberdade, o ex-ministro do STF, que também
é poeta, falou também sobre liberdade de expressão, protestos ocorridos no
Brasil e expressou sua preocupação com a coletividade e a conectividade do
mundo. Afinal, segundo ele, “ninguém vive, todo mundo convive”.
Foto: Ricardo Baptista
O ex-ministro Ayres Britto durante palestra na Casa da Liberdade
Ayres Britto também demonstrou preocupação com as relações sociais atuais.
Para o ex-presidente do STF, o mundo está ‘internetizado’ e a sociedade acaba
prejudicando-se por conta desse distanciamento causado pela ferramenta de
interação social que, se usada de forma abusiva pelas pessoas, acaba
afastando-as
ainda
mais.
Infelizmente,
esse
exagero
é
percebido
principalmente entre os mais jovens.
Outra consequência da Internet é o excesso de informações geradas. E esse
abarrotamento e a necessidade que os jornalistas têm de priorizar a entrega da
notícia, acabam comprometendo a apuração, fazendo-a ficar em segundo
plano. Essa constatação vai ao encontro da opinião de vários jornalistas, afinal
a apuração sempre deve vir em primeiro lugar.
Ayres Britto deixou transparecer seu lado poeta ao discursar sobre as crenças,
as habilidades e as formas que os artistas têm de ver o mundo. Para ele, a
característica essencial para alguém ser chamado de artista é o desapego ao
mundo e aos objetos materiais.
Na visão do poeta Ayres Britto, liberdade e desapego são proporcionais:
“Quanto menos apego, mais liberdade. Desapego das coisas materiais, de
ideias, de tudo”. E complementa: “A criação é o efeito do desapego”.
Foto: Ricardo Baptista
Ayres Britto e Marcos Truyjo durante palestra do ex-presidente do STF na Casa da Liberdade
O ex-ministro encerrou a palestra destacando a importância da imparcialidade
e competência de um juiz. Para Ayres Britto, “um juiz que não sabe usar sua
caneta tem, em suas mãos, o pior pé de cabra”.
Antes de deixar a Casa da Liberdade, o ex-presidente do STF concedeu uma
entrevista exclusiva aos integrantes da Agência Code.
Foto: Ricardo Baptista
O ex-ministro Ayres Britto sendo entrevistado pela repórter Mylla Feingold, da agência Code, do Ibmec/RJ
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“Um juiz que não sabe usar sua caneta tem, em suas mãos