Lactente que não Ganha Peso - DEP Apresentadoras: Magali Malbouisson Mª das Graças Leto Manuela Rêgo Orientadora: Drª Celina Cerqueira ANAMNESE • L.A.A., masculino, 2 meses, mulato médio, natural e procedente de Salvador. Data do internamento-26/03/02. • Informante: Genitora Grau de informação: Péssimo • QP- Vômitos há 13 dias. • HMA- Genitora refere que a criança passou a apresentar vômitos frequentes associados à alimentação e regurgitação há 13 dias do internamento. Refere fezes de consistência diminuída, sem sangue ou muco e um episódio de distensão abdominal com duração de um dia (SIC). • IS- Refere ganho ponderal de 300 g em 13 dias. Apresenta placas brancas em boca há 6 dias. ANAMNESE • Antecedentes obstétricos- Gravidez não planejada, não fez pré-natal. Refere etilismo durante gestação (alguns copos de cerveja) ,uma vez na semana (SIC). Nega tabagismo, uso de drogas ilícitas, DSTs ou perda de líquido amniótico. G3P3A0. Primeiro filho nascido à termo com 2500g e segundo filho nascido prematuro (8 mês) com 1800g . • Antecedentes Natais- Terceiro filho de uma prole de três, nascido de parto normal, prematuro (8 mês), PN-1570g Não chorou ao nascer, fez uso de oxigênio. Nasceu acianótico e anictérico. • Antecedentes pós-natais- Ficou internado desde o nascimento durante 58 dias, não realizou teste do pezinho. • Antecedentes vacinais- Não foi iniciada a vacinação. ANAMNESE Antecedentes médicos- Paciente internado desde o nascimento (06/01) devido a baixo peso e aspiração de mecônio. Na Segunda semana de vida apresentou icterícia e vômitos. Permaneceu por 58 dias, recebendo alta sem melhora do quadro. Foi internado ,após 04 dias, na UPL do CPPHO. Apresentava nesse momento quadro de icterícia, vômitos, distensão abdominal e hepatoesplenomegalia. Foi investigado para hepatite neonatal de etiologia infecciosa e erro inato de metabolismo. Evoluiu com ganho ponderal e melhora do quadro, sendo encaminhado para acompanhamento ambulatorial. Nega alergia medicamentosa. ANAMNESE • Antecedentes alimentares Iniciou alimentação com leite materno e Nan desde o nascimento, mantendo até o momento da internação. • Antecedentes familiares- avó materna de 38 anos com HAS, avô paterno falecido de cardiopatia e doença renal. EXAME FÍSICO • INPEÇÃO GERAL Criança agitada, chorosa, com fascies senil, distrófica, anictérica, acianótica, mucosas descoradas+/4+ • DADOS ANTROPOMÉTRICOS Estatura-49 cm (Abaixo de -3DP) Peso- 2235g (Abaixo de -3DP) PC-34cm (Abaixo de -3DP) • SINAIS VITAIS- FR-72ipm, FC-108bpm, temperatura axilar-37,6 C EXAME FÍSICO • Segmento cefálico- placas esbranquiçadas em mucosa jugal • Pele sem icterícia, escasso tecido celular subcutâneo • Linfonodos não palpáveis • ACV- ritmo regular, bulhas normofonéticas em 2 tempos, sem sopros • Aparelho respiratório- Murmúrios vesiculares bem distribuídos sem ruídos adventícios. • Abome semi-globoso, flácido, RHA presentes, fígado a 2 cm do RCD, baço palpável sob RCE • Extremidades- sem edemas, pulsos palpáveis e simétricos SUSPEITAS DIAGNÓSTICAS 1) Lactente com dificuldade de ganho ponderal secundário à: 1.1) Desnutrição energético-protéica grau III primária 1.2) Desnutrição energético-proteica grau III secundária à: 1.2.1) Infecção congênita? 1.2.2) Distúrbio do metabolismo? 1.2.3) Má absorção? 2) Refluxo gastro-esofágico 3) Anemia 4) Monilíase oral Desnutrição Energético Protéica • Sete entre cada 10 crianças no mundo sofrem de algum grau de desnutrição. • A desnutrição é a segunda causa de morte mais frequente em menores de 5 anos em países em desenvolvimento. • Na América Latina 76% do menores de 5 anos apresentam DEP • Cerca de 20 a 30% das crianças gravemente desnutridas vão a óbito durante o tratamento. • Em recente inquérito realizado a nível mundial, em 79 hospitais, verificou-se que muitos profissionais de saúde têm idéias ultrapassadas e/ou desconhecem a conduta adequada para o tratamento de crianças gravemente desnutridas. DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO PROTÉICA (DEP) “Uma gama de condições patológicas com deficiência simultanêa de proteínas e calorias, em variadas proporções que acomete preferencialmente crianças de baixa idade e comumente associadas com infecções” (OMS) “Doença de origem multicausal e complexa que tem suas raízes na pobreza. Ocorre quando o organismo não recebe nutrientes necessários para o seu metabolismo fisiológico, devido a falta de aporte ou problema na utilização do que lhe é ofertado. (Jornal de Pediatria, abril/2002) Principais aspectos da fisiopatologia da desnutrição grave Órgão/ Sistema Alteração Tubo digestivo Achatamento e atrofia das vilosidades Fígado Esteatose, lesão de hepatócitos, alteração de todas as funções hepáticas, redução da síntese de proteínas e da gliconeogênese Músculos Redução/perda de massa muscular lisa e esquelética Sistema Circulatório Função renal alterada Débito cardíaco e Volume circulatório reduzido Consequência Funcional Diminuição de todas as enzimas digestivas, má digestão e absorção, diarréia; deficiência de micronutriente Edema Hipoproteinemia Hipoglicemia Magreza acentuada Movimentos débeis de membros e tronco; alteracões miocárdicas Risco de morte por sobrecarga cardíaca Principais aspectos da fisiopatologia da desnutrição grave Órgão/ Sistema Alteração Consequência Funcional Sistema Imunológico Atrofia de timo, amígdalas e linfonodos Imunidade depromida Metabolismo Metabolismo basal e Hipoglicemia Bomba de sódio-potássio Hipotermia/hipertermia Alterados Distúrbio hidro-eletrolíticos Sistema Hormonal Níveis de insulina e de fator 1 de crescimento Cortisol e hormônio do Rim Redução da filtração Risco de morte ao administração Glomerular, da excreção de sódio; infecções urinárias de sódio e de fosfato são comuns Infecções subclínicas Septicemia Intolerância a lactose e insulina reduzidos • CLASSIFICAÇÃO I) Quanto a origem - Primária Pobreza Fome Privação nutricional Fatores complementares: • Família desagregada ou desestruturada • Baixo nível mental da mãe • Mãe que trabalha fora, crianças cuidadas por menores • Serviços de saúde deficientes - Secundária • Ingestão deficiente (anorexia mental, lesão maxilar) • Digestão insuficiente (insuficiência hepática, pancreática) • Deficiência de absorção. • Utilização insuficiente (diabetes, erro inato do metabolismo) • Utilização excessiva (hipertireoidismo) • Excreção anormal (Nefrose) • Destruição da flora bacteriana (carência de vit. do Complexo B - Mista (Primária + Secundária) IMPORTANTE • Em nosso meio pensar SEMPRE nas causas primárias de desnutrição • Diagnóstico de desnutrição por causas secundárias é feito por exclusão, após tratamento dirigido para desnutrição primária. II) Quanto a intensidade - Classificação de Gomez (1956) A criança é considerada normal quando o seu peso para a idade for superior a 91% do peso adotado. Classificação da Desnutrição de Gomez Peso/Idade % Déficit peso % Graus de desnutrição 91 - 100 76 - 90 61 - 75 10 - 24 25 -39 Normal Leve ou 1º Grau Moderada ou 2º Grau Inferior a 60 Acima 40 Grave ou 3º Grau II) Quanto a duração - Classificação de WATERLOW (1976) - Dois paramêtros: Peso para altura Altura para idade Peso/ Altura 80% Normal Altura Idade Falta de 90% Crescimento “Stunted” Normal Emagrecido Normal ‘Wasted” Emagrecido Anormal + Falta de crescimento Anormal III) Quanto ao tipo - Classificação de Wellcome (1970) - Dois critérios: o déficit de peso para idade e a presença ou ausência do edema Déficit de peso /idade % do padrão Edema Presente Ausente 60 - 80 Kwashiorkor Subnutrição Inferior a 60 MarasmoKawashiorkor Marasmo - Classificação de MacLaren (1967) Achados físicos-laboratoriais Pontos Edema Alterações da pele Edema + Alt. da pele Alterações do cabelo Hepatomegalia 3 2 6 1 1 Concentrações de albumina (g/dl) Superior a 3,5 3-3,4 2,5-2,9 2,9-2,4 1,5-1,9 1,0-1,4 0,5-0,9 0 1 2 3 4 5 6 Classificação Marasmo (0 - 3 pontos) Marasmo Kwashiorkor 4-8 pontos) Kwashiorkor 9-15 pontos - Classificação de Kanawati (1970) Relação CB/PC Intensidade da Desnutrição Superior a 0,32 Normal 0,25-0,31 Leve a moderado Inferior a 0,25 Grave Classificação segundo a OMS Indicadores: - Altura por idade (baixa estatura ou nanismo nutricional) - Peso por altura (emagrecimento) - Peso por idade(baixo peso) Pontos de corte para a classificação do estado nutricional - desnutrição grave: se menor que -3 DP - moderada: entre -2 e -3 DP - leve entre -1 e -2 DP DEP Espectro de gravidade Ampla variedade de situações clínicas Formas leves Retardo no crescimento Formas Graves DEP 3º Grau Kwashiorkor Marasmo Principais características que diferenciam o marasmo do kwashiorkor Achados Clínicos e laboratoriais Alterações de crescimento (peso, altura) Atrofia muscular Gordura subcutânea Edema Dermatoses Alterações do cabelo Hepatomegalia Retardo no desenvolvimento Neuropsicomotor Atividade física Diarréia Albumina sérica Água corporal Potássio corporal Anemia Marasmo Kwashiorkor +++ + +++ Ausente Ausente Raro + Rara ++ +++ Presente Presente Comum +++ Freqüente ++ Diminuída +++ Normal Aumentada Baixo Comum Muito diminuída +++ Baixa Muito aumentada Muito baixo Muito comum Diagnóstico 1) História médica - dieta habitual antes do episódio da doença atual - história de amamentação - alimentos e líquido ingeridos nos últimos dias - olhos encovados recentemente - duração, frequência e caracteristícas do vômito ou fezes diarréicas - contato com pessoas com sarampo ou tuberculose - morte de algum irmão - peso ao nascer - marcos do desenvolvimento (sentar, ficar de pé, etc) - imunizações - história social Exame físico 1) Sinais universais - Diminuição da atividade - Hipotrofia e alterações do tônus muscular - Manifestações neuropsicomotoras 2) Sinais circunstanciais - Dados antopométricos (peso, estatura) - Lesões de pele emucosa - Lesões em fâneros - Lesões oculares - Alterações ósseas - Edema - Hepatomegalia Exames Laboratoriais - A interpretação deve ser cuidadosa EVOLUÇÃO • O paciente evoluiu com melhora dos vômitos logo no início do internamento, porém não apresentou ganho de peso satisfatório. Vinha afebril, sem diarréia, vômitos ou sintomas respiratórios durante 26 dias de internamento. • No 27°DIH apresentou um pico febril. • No 28° DIH, afebril, porém mais hipoativo, foram solicitadas hemoculturas. EVOLUÇÃO • No 29°DIH, foi transferido para a Unidade Metabólica pela dificuldade de ganho ponderal. • No 32°DIH,evoluiu com febre. • No 34° DIH, mantinha febre. Foram solicitados exames: hemoculturas , hemograma, urocultura e radiografia de tórax . Foi introduzida antibioticoterapia empírica com Ceftriaxone, Oxacilina e Amicacina. EVOLUÇÃO • Hemocultura foi positiva para Pneumococos e hemograma-leuco:20.100 com 6% meta, 22% bastões, 42%seg, 16%linf ). • Raio X de tórax mostrava imagem de condensação em hemitórax direito e sisurite à direita. • No 37° DIH paciente estava afebril. • NO 43° DIH , encontra-se afebril há 6 dias , no D9 de antibioticoterapia. EXAMES Toxoplasmose CMV Rubéola Herpes Sífilis HIV AgHBs IgG Posit Posit Neg Posit Neg Neg Neg IgM Neg Neg Neg Neg Neg Neg Neg 18/03- USG de abdome mostrando discreta esplenomegalia Pesquisa de erro inato do metabolismo: negativa. EXAMES HT Hb leucograma meta bastões segment linfócitos Na K Creatinina Uréia AST ALT BD BT Albumina Globulina Proteína T Glicemia FA GGT Colest. T LDL HDL Triglicérides 28/mar 26,3 8,7 14400 0 0 29,8 50,8 01/abr 136 5,1 0,5 24 70 114 1,05 1,12 3 2,6 5,6 73 367 355 141 95 20 129 29/abr 24 8,4 20.100 6 22 42 16 TERAPIA DIETÉTICA • No 1°DIH - (PESO 2.235 g) Foi iniciada dieta com fórmula de soja, 143,9 kcal/kg/dia e 4,1g/kg/dia de proteína, com aumento progressivo. • No 11ºDIH - (PESO 2.440 g) Em uso de 186,7 kcal/kg/dia e 5,3g/kg/dia de proteína. • No 12° DIH - (PESO 2.390 g) Foi introduzida a dieta com hidrolisado protéico, 73 kcal/kg/dia e 2,48g/kg/dia de proteína,com aumento progressivo. • No 23ºDIH - (Peso 2.480g) Com uso de 118 kcal/kg/dia e 4g/kg/dia de proteína . • Evoluiu com dificuldade de ganho ponderal. Ganhou apenas: 245 g em 23 dias. TERAPIA DIETÉTICA • No 24° DIH , foi solicitada consulta com a Unidade Metabólica que orientou a reintrodução da fórmula de soja contendo 166,8 kcal/kg/dia e 4,3g/kg/dia de proteína. • No 29º DIH foi transferido para Unidade Metabólica • Atualmente está mantida a dieta com fórmula de soja , 193 kcal/kg/dia e 3,9g/kg/dia de proteína. A criança vem evoluindo com ganho progressivo de peso. • Peso atual 2.720 g (-3DP) CRITÉRIOS DE HOSPITALIZAÇÃO • Crianças com manifestações clínicas de Kwashiorkor, marasmo ou kwashiorkor-marasmático, cujo P/I seja menor que -3DP ou menos de 70% da mediana dos valores de referência do NCHS, associado a inapetência acentuada; e ou diarréia e/ou vômitos; e/ou qualquer infecção associada. • Crianças com DEP grave (P/I menor que -3DP) que não podem ser referidas para tratamento ambulatorial, centros de recuperação nutricional. Manejo da criança com DEP GRAVE 1) Fase de Estabilização (1º ao 7º dia de internamento) - Identificados e tratados problemas com risco de vida - Corrigir as deficiências específicas, anormalidades metabólicas - Inicia-se a alimentação 2) Fase de Reabilitação (2ª a 6ª semana) - Criança deve ser alimentada de forma intensiva - Aumenta-se a estimulação emocional e física - Treina-se a mãe ou a pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa - Prepara-se a alta 3) Fase de acompanhamento (7ª a 26ª semana) - Prevenir recaídas e assegurar a continuidade do desenvolvimento emocional, físico e mental da criança 1) FASE DE ESTABILIZAÇÃO (1º ao 7º dia) • Sucesso: Avaliação clínica frequente e cuidadosa antecipação de problemas comuns • Principais tarefas: - Tratar ou prevenir hipoglicemia - Tratar ou prevenir desidratação e restaurar o equilíbrio eletrolítico - Tratar choque séptico inciipiente ou desenvolvido, se presente - Tratar infecção - Identificar e tratar quaisquer outros problemas - Começar a alimentar a criança Como alimentar a criança? • Refeições pequenas, de baixa osmolaridade e baixo teor de lactose, oferecidas a cada 2, 3 ou 4 horas, dia e noite. • Via oral é a preferencial e, se essa não for possível via SNG. • Meta nutricional: Atingir ingestão máxima de 100Kcal/kg/dia (o mínimo aceitável é de 80 kcal/kg/dia) e 1 - 1,5g de proteína/kg/dia • Total de líquido de 130 ml/kg/dia • O aleitamento materno não deve ser interrompido • Quantidade ingerida deve ser rigorosamente medida e registrada. Quando utilizar a SNG? • Quando não for possível ingesta por via oral • Se a meta mínima (80 kcal/peso/dia)não for atingida por via oral. • Em cada refeição, primeiro deverá se oferecer a alimentação á criança por via oral. Quando remover a SNG? • Quando a criança estiver tomando 3/4 do total da dieta diária oralmente, ou tomar duas refeições consecutivas integralmente pela boca. 2) Fase de Reabilitação (2ª a 6ª semana) - Retorno do apetite é o sinal de entrada desta fase - Objetivos: Atingir uma ingestão muito alta, para permitir um ganhode peso rápido ( >10g/kg/dia) - Recomendações: transição gradual entre a fórmula usada na fase inicial e a fórmula usada para crescimento rápido. - Após 48 horas, se a criança estiver aceitando bem a fórmula, deve-se aumentar 10 ml em cada refeição sucessiva até que a criança deixe o resto. - Oferecer refeições frequentes, de acordo com a aceitação. - Atingir meta nutricional de 150-220 kcal/kg/dia e 46g de proteína/kg /dia - Avaliação através do ganho ponderal - Monitorizar sinais precoces de insuficiência cardíaca - Intolerãncia a lactose - Reforçar vínculo mãe-criança Critérios para alta de cuidado não hospitalar Criança • P/A atingiu -1DP (90%) da mediana dos valores de referência do NCHS/OMS • Comendo quantidade adequada de dieta nutritiva que a mãe é capaz de preparar em casa • Ganhando peso a uma velocidade normal ou aumentada • Todas as deficiências de minerais e vitaminas foram tratadas • Todas as infecções e outras condições foram ou estão sendo tratadas incluindo anemia, parasitoses, malária, tuberculose e otite média. • Começou programa de imunização completa Mãe ou quem cuida • Capaz e desejosa de cuidar da crinça • Sabe como preparar os alimentos apropriados e como alimentar a criança • Sabe como fazer tratamento domiciliar para diarréia, febre e infecções respiratórias agudas, e reconhecer os sinais que significam que ela deve buscar assistência médica. 3) Acompanhamento (7ª a 26ª semana) • Em cada visita a criança deve ser examinada, pesada, medida. • Progresso satisfatório: P/A não menor que - 1DP • Prevenir recaídas e assegurar o desenvolvimento emocional, físico e mental da criança Falha em responder ao tratamento Problemas com a instalação do tratamento: - Ambiente pobre para crianças desnutridas - Staff insuficiente ou inadequadamente treinado - Balanças inexatas Problemas individuais de crianças - Alimento dado insuficiente - Deficiência de vitaminas e minerais - Malabsorção de nutrientes - Ruminação - Infecções ( diarréia, disenteria, otite média, pneumonia, tuberculose, ITU, helmintíase intestinal e HIV/AIDS) - Doença séria associada Fatores de risco para baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil Ricardo Halpern, Earl S. Schaefer, Aieton da Silva Pereira, Ernesto M. Arnt, Jandira Pureza Valente Bezerra, Loiva dos Santos Pinto Jornal de Pediatria - vol. 72, n°6, 1996, 369-373 Introdução • 72,7% das mortes neonatais → crianças com baixo peso ao nascer (BPN) • BPN → fator individual mais importante de morbimortalidade (OMS) • BPN → crianças pré-termo e/ou desnutrição intra-uterina Objetivo Avaliar a possível associação que fatores de risco tradicionais teriam sobre o nascimento de RN com baixo peso, pré-termo e com retardo de crescimento intra-uterino (RCIU) em uma comunidade do sul do Brasil Metodologia • 987 mulheres • História Clínica Perinatal Simplificada desenvolvido pelo Centro Latino Americano de Perinatologia (CLAP) • BPN → < 2500g • Pré-termo → < 37 semanas (DUM) • RCIU → peso < percentil 10 curva de Hoffman Metodologia • Calculados → risco relativo e risco atribuível na população. Realizada regressão logística para controle do efeito de fatores de confusão Resultados • Média de peso → 3218g • Incidência de BPN → 10,7% • Variáveis significativas → mãe sem companheiro, peso materno no início da gravidez < 50Kg, idade materna < 20a, nenhuma consulta pré-natal e hospitalização durante a gestação Resultados Após regressão logística: • mães adolescentes → risco 80% maior de BPN e de 1,49X de RCIU • Hospitalização durante a gestação → risco 2,5X maior de BPN e 2X de RN pré-termo • Peso materno no início da gestação < 50Kg → risco 2,3X maior de RN pré-termo Razão de produtos cruzados para BPN, pré-termo e RCIU: análise multivariada por regressão logística BPN Hospitalização Id < 20a Pré-termo Hospitalização Peso <50Kg RCIU Id < 20a Razão de Odds ajustado Nível de significância 2,50 1,86 < 0,001 < 0,01 2,00 2,30 < 0,05 < 0,001 1,50 < 0,01 Discussão • Prevalência de BPN de 10,7% →intermediário entre o Sul do Brasil (9%) e o Nordeste (15%) • 45% das crianças com BPN → RCIU; 35% → RN pré-termo e 9% → ambos • DUM → subestima os RN pré-termo quando comparado a USG Discussão • Baixo peso materno e hospitalização durante a gestação → RN pré-termo • Idade materna < 20a → BPN e RCIU • Mulheres apresentando maiores riscos durante a gravidez → locais com maiores recursos • Número de anos na escola → importância da educação informal em populações rurais Discussão • Qualidade do pré-natal é mais importante que o número de consultas • Mãe sem companheiro → após regressão logística não foi significante → maioria das mães adolescentes não tinha companheiro • Fumo → forma dicotômica com que foi obtida a informação, ignorando a importância da dose Discussão • Risco atribuível na população → os fatores de risco estão associados com o desfecho independente dos fatores de confusão → a prevenção da hospitalização das gestantes iria diminuir em 10% a incidência de BPN, a melhora das condições nutricionais maternas (> 50Kg) diminuiria em 25% Conclusões • Com equipamento mínimo e custo bastante baixo se pode monitorizar a saúde perinatal da população • O diagnóstico materno-infantil em uma comunidade faz com que se priorizem ações de saúde, utilizando de forma racional os recursos disponíveis Conclusões • As crianças com BPN não formam um grupo homogêneo, necessitando de acompanhamento diferenciado em relação a seu risco futuro • Existem evidências substanciais para suportar a noção de que promoção de saúde é mais importante do que intervenções médicas tradicionais, afetando a incidência de BPN