MUNDO MISSIONÁRIO
Ásia
Continente que mais viola
direitos humanos
Entre os países asiáticos mais repressivos conta-se a Coreia
do Norte, onde o regime controla totalmente a vida civil, com
homicídios extrajudiciais e detenções arbitrárias. Segue-se a
ditadura de Mianmar com o massacre dos monges budistas que
protestavam pacificamente. O Irão lapida as mulheres adúlteras
e apoia os grupos terroristas islâmicos. Na China assiste-se à
violação sistemática dos direitos humanos, com a prisão de
dissidentes, jornalistas e até dos seus advogados. A repressão
cresce com o aproximar-se dos Jogos Olímpicos, “controlando”
activistas e dissidentes. É o caso da violenta e feroz repressão
no Tibete. As maiores violações dão-se “nos estados onde o
poder está concentrado nas mãos de governantes irresponsáveis”, segundo o departamento norte-americano da Defesa.
Etiópia contra a sida
No final de um curso de formação no
nor­te da Etiópia, 30 líderes da Igreja,
or­todoxa, católica e da comunidade
muçulmana afirmaram a sua determinação em unir forças na luta para controlar
e prevenir a difusão da sida. O bispo
de Adigrat, Abuna Tesfaselasie Medhin,
reafirmou a vontade de utilizar o diálogo
inter-religioso como o modo mais eficaz
para combater o flagelo. Um representante da comunidade muçulmana, Ato
Salih Abubeker, sublinhou a importância da formação recebida. Na Etiópia,
mais de seis por cento da população,
segundo dados de 2003, é seropositiva.
Bolívia apresenta plano para atacar narcotráfico
Um novo plano do governo boliviano pretende “absorver a produção [de
coca] que doutra forma poderia ser
utilizada para fins ilegais”. Apresentado
às Nações Unidas (ONU), o plano prevê
o aprovei­ta­mento de 4.000 toneladas
de folha de coca para a produção de
fármacos, farinha, produtos nutritivos
e cosméti­cos. Deste modo o governo
responde à ONU que recomendara a
proibição do uso tradicional da coca.
“Eliminar es­ta prática ancestral significaria pôr fim a grande parte da
nossa cultura”, res­­­pondeu o ministro da
Administração Interna, consi­de­rando o
relatório da ONU “unilateral, obsoleto
e com alto conteúdo colonia­lis­ta, que
viola os direitos humanos dos povos
originários e da população boliviana”.
Somália mais nove crises humanitárias esquecidas
O drama dos deslocados em fuga devido
a conflitos armados atravessa todo o sul
do mundo. Desde a crise humanitária
provocada pela guerra na Somália, passando pelo conflito no Sri Lanka, pela
República Democrática do Congo, até às
zonas de conflito na Colômbia, são 10
as crises humanitárias esquecidas pelos
meios de comunicação “generalis­tas”. A
subnutrição que mata, anualmente, cin­­co
milhões de crianças com menos de cinco
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anos, é uma das principais conse­­­­­quências destas graves crises humanitárias.
No Vietname cresce número de crianças migrantes
Embora tenha diminuído o número
de crianças da rua, no Vietname está
a aumentar o fenómeno das crianças
migrantes. Dirigem-se dos campos para
as zonas industriais, muitas vezes sem
levarem consigo nem sequer a cédula
pessoal. A falta de documentos não
lhes permite o acesso aos cuidados de
saúde, não podem frequentar a escola
e, quando trabalham, recebem salários
de miséria. Milhares de crianças vivem
em condições difíceis, levando uma
vida perigosa, na ilegalidade, rodeados
de violência, vítimas de abusos sexuais
e da sida. No Vietname há cerca de 400
organizações que se dedicam a cuidar
destas crianças. Para tal precisam de
políticas sociais concretas e que o trabalho dos seus agentes seja considerado “actividade profissional”.
Jornalistas da Tanzânia únem-se para combater a sida
“Queremos uma sociedade onde todos
possam ter livre acesso a uma correcta informação sobre a sida”, propõe-se a associação «Jornalistas contra
a sida na Tanzânia». Além de campanhas informativas e outras actividades, a associação dedica-se a combater os factores socio-económicos
que favorecem a doença e impedem
de a controlar eficazmente. Segundo
o relatório das Nações Unidas, a
Tanzânia é um dos países africanos
mais atingidos, com cerca de um
milhão e meio. Em 2010, o número das infecções nas zonas rurais
poderá atingir o dobro de casos das
zonas urbanas. A associação pretende estender a sua acção ao resto do
continente africano. Uma associação
análoga já existe na Nigéria.
Quénia no caminho
da reconciliação
Depois de ter dado rédea solta ao tribalismo, o Quénia optou agora pela
reconciliação. Há porém que evitar
ilusões porque o caminho da reconciliação é árduo e espinhoso. Os
políticos, agora politicamente reconciliados, exortam que volte cada um
para sua casa e para o seu emprego,
mas os milhares de desalojados perguntam qual casa e qual emprego.
A casa que ardeu e dentro da qual
se perderam vidas? Ou o emprego
que já não existe? Já Jeremias no
seu tempo protestava: “Tratam à
toa as feridas do meu povo dizendo:
‘Paz! Paz’! Mas não há paz” (8, 11).
No seio da própria Igreja Católica
há quem já se pergunte se não será
melhor arrepiar caminho. A celebração da Missa em todas as línguas e
dialectos locais, tão acarinhada no
passado como sinal de inculturação
da Liturgia, parece agora ter sido mais
causa de desunião que de devoção. E
o que é pior, as pessoas prestam bem
mais atenção aos seus chefes tribais
que aos bispos ou ao clero.
Para grandes males é preciso recorrer
a grandes remédios. Esperamos que a
recém-criada Comissão para a Verdade,
Justiça e Reconciliação apague as chamas do ódio e o desejo de vingança.
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Tobias Oliveira
do QUÉNIA
A verdade e a justiça devem triunfar
para que a reconciliação seja possível
e genuí­na. Leio em São Paulo (2 Cor
5, 18-20) que Deus “nos reconciliou
consigo”. Mas, logo a seguir, leio tam­­
bém: “Reconciliai-vos com Deus!”. A
reconciliação operada por Deus é de
facto inoperante, se cada um de nós
a não aplicar a si mesmo. Se a reconciliação com Deus se tornou possível
em Jesus Cristo, não vai ser impossível
aqui no Quénia a reconciliação nacional. É isto me diz o meu coração e o
meu optimismo missionário.
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