6 Quinta-feira 25 de junho de 2015 Jornal do Comércio - Porto Alegre Economia CONJUNTURA Petrobras diz que ainda estuda plano de negócios VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC Pacote atual, até 2018, prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões A Petrobras afirmou ontem, em um curto comunicado, que o Plano de Negócios e Gestão 2015/2019 ainda está em elaboração, após reportagens apontarem percentuais de cortes nos investimentos da estatal. “Fatos julgados relevantes serão oportunamente comunicados ao mercado”, limitou-se a dizer a estatal, sem informar uma data para a divulgação do plano, amplamente esperado pelo mercado. A expectativa é que o Conselho de Administração da Petrobras discuta o tema em reunião amanhã. Em meio a um escândalo de corrupção, lutando contra a queda dos preços do petróleo, com a produção estagnada e com a maior dívida mundial acumulada por uma petroleira, a Petrobras havia planejado anunciar uma profunda redução de investimentos, de cerca de 30%. No entanto, executivos da companhia depararam-se com resistência interna e política aos cortes, dado o importante papel que a empresa desempenha na economia brasileira, afirmou à Reuters um executivo sênior da Petrobras com conhecimento direto das discussões da empresa. O plano de negócios atual, que contempla o intervalo de 2014 a 2018, prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões no período. Analistas e investidores esperam uma diminuição relevante dos investimentos no novo plano de negócios plurianual para que a petroleira - que está no centro do escândalo bilionário de corrupção da Operação Lava Jato da Polícia Federal - possa fazer frente ao pesado endividamento em seu balanço e a preços mais baixos do petróleo no exterior. Abordado por jornalistas após participar de evento no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, o diretor de Gás da Petrobras, Hugo Repsold, se recusou a falar sobre o plano de negócios. A Petrobras estuda também criar duas vice-presidências e reduzir as sete atuais diretorias para apenas cinco. Outra possibilidade em análise, dentro do plano de reestruturação que está sendo elaborado pela companhia, é reduzir para quatro o número de diretorias, sem criar vice-presidências. Hoje, há apenas a presidência e as sete diretorias. Segundo uma alta fonte próxima à estatal, um dos objetivos é uma redução de entre 30% e 40% dos cargos gerenciais comissionados - o que poderia significar cerca de 2.700 cargos. A Petrobras tem atualmente 58.442 empregados, sendo 6.897 com funções gerenciais, ou cerca de 12% do total. A outra opção em estudo é a Conselho de Administração da estatal deve discutir o assunto amanhã redução para quatro diretorias. Elas seriam Exploração e Produção, Abastecimento, Financeira e Governança e Corporativa. Neste caso, as diretorias de Gás e Energia e de Engenharia também seriam absorvidas pela de Abastecimento. Na avaliação da Abimaq, corte de 40% PREVIDÊNCIA provocaria queda de 15% na demanda Câmara estende reajuste do mínimo a aposentados O corte de 40% que pode ser anunciado nos próximos dias pela Petrobras em seu plano de investimentos para o período de 2015/2019 deve provocar uma queda média de 15% na demanda da indústria de transformação no período. O cálculo é do diretor de competitividade da Abimaq, Mário Bernardini. Segundo ele, isso deve provocar uma queda de mais de dois pontos percentuais do PIB ao longo dos próximos quatro anos. Durante coletiva de imprensa para apresentar os dados do se- tor de máquinas de maio, o executivo explicou que o cálculo leva em conta que a Petrobras responde por mais de 30% dos investimentos da indústria e por 10% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ou seja, do investimento como um todo feito no País. “Se ela corta 40% de seus investimentos, sua participação na FBCF cairá para 6%. Como a FBCF representa 20% do PIB, só a Petrobras vai tirar mais de dois pontos percentuais da economia brasileira ao longo dos próximos anos”, disse. Em um momento de dificuldades para reequilibrar as contas, o governo Dilma sofreu uma nova derrota na Câmara nesta quarta-feira. Os deputados aprovaram por 206 votos contra 179 a extensão a todos os aposentados e pensionistas da regra de reajuste do salário mínimo - que garante a inflação dos 12 meses anteriores (INPC), mais o crescimento da economia de dois anos antes. Hoje, os benefícios acima do piso são corrigidos apenas pela variação da inflação. A medida foi incluída como emenda à MP que prorroga até 2019 a política de valorização do mínimo. Segundo o governo, a mudança aumentaria em R$ 9,2 bilhões os gastos com despesas previdenciárias neste ano, se aplicada desde janeiro. No entanto, em 2016, o salário mínimo (hoje de R$ 788,00) terá um ganho real ínfimo, pois será reajustado pelo INPC de 2015, mais o PIB de 2014, de apenas 0,1%. Para 2017, não haverá aumento real, porque o País fechará este ano com recessão. O impacto só ga- nhará relevância em 2018 (último ano do mandato da petista) e 2019, se houver retomada da atividade a partir de 2016. Assessores presidenciais disseram que o governo vai tentar derrubar a medida no Senado. Em último caso, a presidente deve optar pelo veto. Deputados governistas afirmam que, nesse caso, o Planalto precisará enviar um projeto de lei ao Congresso para garantir a política de valorização do mínimo, já que não há como vetar só a extensão da regra aos benefícios. MERCADO DE CAPITAIS Estatal ameniza perda de elétricas e bolsa fecha no zero a zero Principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa amenizou, no final da tarde de ontem, o ganho registrado durante quase todo o dia e fechou praticamente no zero a zero, com ligeiro avanço de 0,13%, para 53.842 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,5 bilhões, abaixo da média diária do mês, de R$ 6,49 bilhões. “O mercado está de lado há alguns pregões. Não há notícias novas. O impasse nas negociações entre a Grécia e seus credores in- ternacionais para evitar um calote do país no fim do mês continua deixando os investidores em alerta, enquanto, no Brasil, a retração econômica e o alto nível da inflação contribuem para o cenário de cautela”, disse Rogério Oliveira, especialista em bolsa da corretora Icap. A leve alta do Ibovespa foi sustentada, segundo Oliveira, pelo avanço das ações da Petrobras. Os papéis preferenciais da estatal, mais negociados e sem direito a voto, subiram 1,77%, para R$ 13,20 cada um. Os ordinários tiveram ganho de 1,88%, para R$ 14,62. O desempenho negativo do setor elétrico ofuscou o avanço da Petrobras, guiado pela Cemig, que caiu 8,09%, para R$ 12,04. A empresa mineira chegou a ceder mais de 10% ao longo do dia, após o Superior Tribunal de Justiça negar pleito da companhia para renovar concessão da hidrelétrica Jaguara. No câmbio, a expectativa de continuidade do aumento de juros no Brasil seguiu alimentando a percepção de que o País deverá ter novas entradas de dólares de investidores estrangeiros em busca de retornos mais atraentes, o que reduziria a pressão sobre a cotação da moeda americana, mas a cautela com a crise grega segurou o ânimo dos operadores. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,26% sobre o real, cotado em R$ 3,091 na venda. 54.238 53.749 53.863 53.772 53.842