06/04/2010 – Nº 142 – Ano 04 66 3423-2121 – [email protected] NÃO FUI EU Em tempos onde a busca por emprego e raríssimos e pontuais, a troca ou advertência de trabalho estão cada vez mais dinâmicos apenas um colaborador é capaz de reverter ou reiteradamente tenho encontrado bons blindar as tarefas para que isso não venha a profissionais decididos a mudar de empresa. ocorrer novamente. O mais impressionante é que boa parte O máximo que se consegue nesse caso é dessas empresas cujos profissionais querem coagir e instaurar a cultura do medo nos se livrar são empresas de médio e grande colaboradores, inibir qualquer tipo de porte, com boa estrutura e capazes de gerar criatividade entre eles e mesmo espantar os imagem positiva no mercado. melhores funcionários, já avessos a qualquer Dado a essas características mudei a tipo de controle rigoroso e sem compensação minha estratégia e comecei a observar mais moral ou criativa. atentamente o modo de Há evidências Na ânsia de acertar e operar dessas freqüentes de que práticas organizações. É comum dessa natureza são típicas pressionados pelos que nos deixemos levar de gestores imaturos, sem a modelos autoritários que pela imagem vendida por devida competência ou de ainda se perpetuam nessas empresários ainda sem a elas e às vezes acabamos organizações estes por replicá-la, contribuindo experiência necessária para com o senso comum, sem, administrar organizações no gestores acabam contudo, observar mais ambiente contemporâneo. implantando o modelo de atentamente a realidade Uma prática comum nas culpado ou inocente cada organizacional. organizações dessa natureza vez que um problema surge é catapultar colaboradores Assim, percebi que a na empresa e não possui grande reclamação dessas que se destacam no organizações é uma prática ambiente operacional e solução óbvia à vista. que se esperava já tivesse confiar funções de gerência, sido extinta em organizações minimamente embora muitas vezes não possuam perfil para profissionalizadas. Trata-se da caça tal. desenfreada aos culpados pelos problemas Na ânsia de acertar e pressionados pelos que ocorrem nas suas empresas. modelos autoritários que ainda se perpetuam É natural que as organizações enfrentam nessas organizações estes gestores acabam problemas no seu dia a dia e que busquem implantando o modelo de “culpado ou inocente” melhorar a sua performance, mas também é cada vez que um problema surge na empresa e conveniente dizer que encontrar culpados não possui solução óbvia à vista. pelos erros normalmente não contribui para A realidade que se tem apresentado, com que o mesmo equívoco não seja repetido. bons profissionais dispostos a se desligarem Infelizmente ainda boa parte dos gestores dessas empresas, é parcialmente e alguns empresários sentem-se superiores compreendida uma vez que colaboradores de em suas posições e preferem apontar destaque normalmente estão mais propensos e responsáveis ao invés de sair da zona de são mais corajosos em desafiar as conforto (há um termo mais chulo para isso, organizações e procurar um lugar onde possam mas prefiro não usá-lo aqui) e eles mesmos implantar o seu conhecimento e serem mais auxiliarem os setores e seus respectivos felizes. colaboradores sob sua responsabilidade, a Gerentes e empresários precisam se encontrar os reais motivos dessas dedicar a compreender melhor a estrutura e o dificuldades. processo de gestão ao invés de personificar os Quando as atividades operacionais e cargos e funções. Com isso terão mais foco nas táticas não saem conforme o planejado ou soluções, menos nos problemas e seus quando ocorrem incidentes, normalmente, respectivos colaboradores. têm-se diversos motivos e em casos Boa Semana de Gestão & Negócios. Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É Diretor de Relações com o Mercado do IBG, professor e palestrante – 66 3423-2121 – [email protected]