06/04/2010 – Nº 142 – Ano 04
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NÃO FUI EU
Em tempos onde a busca por emprego e
raríssimos e pontuais, a troca ou advertência de
trabalho estão cada vez mais dinâmicos
apenas um colaborador é capaz de reverter ou
reiteradamente tenho encontrado bons
blindar as tarefas para que isso não venha a
profissionais decididos a mudar de empresa.
ocorrer novamente.
O mais impressionante é que boa parte
O máximo que se consegue nesse caso é
dessas empresas cujos profissionais querem
coagir e instaurar a cultura do medo nos
se livrar são empresas de médio e grande
colaboradores,
inibir
qualquer
tipo
de
porte, com boa estrutura e capazes de gerar
criatividade entre eles e mesmo espantar os
imagem positiva no mercado.
melhores funcionários, já avessos a qualquer
Dado a essas características mudei a
tipo de controle rigoroso e sem compensação
minha estratégia e comecei a observar mais
moral ou criativa.
atentamente o modo de
Há
evidências
Na ânsia de acertar e
operar
dessas
freqüentes de que práticas
organizações. É comum
dessa natureza são típicas
pressionados pelos
que nos deixemos levar
de gestores imaturos, sem a
modelos autoritários que
pela imagem vendida por
devida competência ou de
ainda se perpetuam nessas empresários ainda sem a
elas e às vezes acabamos
organizações estes
por replicá-la, contribuindo
experiência necessária para
com o senso comum, sem,
administrar organizações no
gestores acabam
contudo, observar mais
ambiente contemporâneo.
implantando o modelo de
atentamente a realidade
Uma prática comum nas
culpado ou inocente cada
organizacional.
organizações dessa natureza
vez que um problema surge é catapultar colaboradores
Assim, percebi que a
na empresa e não possui
grande reclamação dessas
que
se
destacam
no
organizações é uma prática
ambiente
operacional
e
solução óbvia à vista.
que se esperava já tivesse
confiar funções de gerência,
sido extinta em organizações minimamente
embora muitas vezes não possuam perfil para
profissionalizadas.
Trata-se
da
caça
tal.
desenfreada aos culpados pelos problemas
Na ânsia de acertar e pressionados pelos
que ocorrem nas suas empresas.
modelos autoritários que ainda se perpetuam
É natural que as organizações enfrentam
nessas organizações estes gestores acabam
problemas no seu dia a dia e que busquem
implantando o modelo de “culpado ou inocente”
melhorar a sua performance, mas também é
cada vez que um problema surge na empresa e
conveniente dizer que encontrar culpados
não possui solução óbvia à vista.
pelos erros normalmente não contribui para
A realidade que se tem apresentado, com
que o mesmo equívoco não seja repetido.
bons profissionais dispostos a se desligarem
Infelizmente ainda boa parte dos gestores
dessas
empresas,
é
parcialmente
e alguns empresários sentem-se superiores
compreendida uma vez que colaboradores de
em suas posições e preferem apontar
destaque normalmente estão mais propensos e
responsáveis ao invés de sair da zona de
são mais corajosos em
desafiar as
conforto (há um termo mais chulo para isso,
organizações e procurar um lugar onde possam
mas prefiro não usá-lo aqui) e eles mesmos
implantar o seu conhecimento e serem mais
auxiliarem os setores e seus respectivos
felizes.
colaboradores sob sua responsabilidade, a
Gerentes e empresários precisam se
encontrar
os
reais
motivos
dessas
dedicar a compreender melhor a estrutura e o
dificuldades.
processo de gestão ao invés de personificar os
Quando as atividades operacionais e
cargos e funções. Com isso terão mais foco nas
táticas não saem conforme o planejado ou
soluções, menos nos problemas e seus
quando ocorrem incidentes, normalmente,
respectivos colaboradores.
têm-se diversos motivos e em casos
Boa Semana de Gestão & Negócios.
Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É Diretor de Relações com o Mercado do IBG, professor e palestrante – 66 3423-2121 – [email protected]
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Na ânsia de acertar e pressionados pelos modelos autoritários