Maria Filomena Rocha Alves Janeiro 2006 De Alexandria a Sillicon Valley – reflexões sobre o contributo da biblioteca escolar no desenvolvimento das literacias de informação Os gatos de História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar. Luís Sepúlveda. Asa, personificam aquilo que ainda ocorre nas nossas escolas: um sortudo que tem competências de pesquisa e todos os outros que dependem dele. Mesmo assim, dominando competências, há insucesso. A pesquisa falhou porque a expressão de pesquisa não foi adequada. A escola hoje deve desenvolver nos alunos competências que lhe permitam tornar-se um adulto capaz de aprender ao longo da vida; Competências que permitam o domínio de tecnologias da informação variadas. Essas aprendizagens realizam-se nas disciplinas tradicionais, nas novas áreas curriculares não disciplinares e numa área transversal ao currículo que é responsabilidade de todos os docentes. A Biblioteca Escolar parece ser o local privilegiado para cumprir estes desígnios. Mas as BEs, por si só, com toda a boa vontade do universo, nada poderão fazer se os demais professores da escola não assumirem o desenvolvimento dessas competências nos alunos como parte do currículo tão fundamental quanto os conteúdos da sua área disciplinar ou não disciplinar e enquanto não assumirem uma avaliação do processo de desenvolvimento dessas competências no todo do currículo do aluno bem como individualmente na sua disciplina ou área não disciplinar – como aliás está previsto nos diplomas legais. Então, quem ensina, como se ensina o aeiou, como se ensina a contar, quem ensina, como se procura informação, como se recolhe essa informação, como se trata? Quem ou como é que, na escola, neste conselho de turma se assume a forma como vamos preparar os nossos alunos para pesquisar informação, para saber usar cabalmente e com eficácia os recursos que as bibliotecas disponibilizam, como se faz deles bons leitores? Quem ajuda a fazer deles bons leitores? Quem monitoriza o sucesso de um plano de intervenção ao nível das literacias da informação na turma? Como se avaliam as competências da literacia de informação e em que contextos exactamente? Hoje o papel da BE é constituir-se como força motriz dentro da escola, no sentido de ser uma indutora de práticas desejáveis. através de uma intervenção constante nos órgãos de gestão da escola, nas estruturas de gestão intermédia – conselho pedagógico; departamentos; conselhos de turma; conselhos de coordenação de ano; conselhos de docentes; coordenadores de directores de turma; - ir abrindo caminho para a constituição de uma política de informação na escola e ou agrupamento de modo a uniformizar actuações face às literacias da informação e à promoção da leitura – que na minha perspectiva andam aliadas, o sucesso de uma é o sucesso de outra. [O aluno que não lê bem não compreende a matéria nem adquire conhecimentos.] Os documentos fundamentais da escola são : Projecto Educativo Regulamento Interno Plano Anual de Actividades 1 Maria Filomena Rocha Alves Janeiro 2006 As equipas de BE são conhecedoras do PE da escola e colaboram na articulação entre todos os projectos e actividades em que a escola se envolve, no sentido de cumprir os grandes objectivos estratégicos do PE. É partindo do que são as necessidades da comunidade educativa e integrando os objectivos primordiais do Projecto Educativo, que cada BE define um plano de acção anual onde traça as linhas de actuação privilegiadas em cada ano face aos recursos disponíveis: por exemplo, ao nível do tratamento do fundo documental e da sua da aquisição/renovação; do tipo de serviços que pode implementar nesse ano: fotocópias, empréstimo domiciliário; a formação de utilizadores a implementar, actividades de animação…ou por exemplo, como vai executar o apoio aos alunos na pesquisa, se vai deixar que venham sem orientação ou se vai, no pedagógico fazer propostas claras de actuação no caso das pesquisas por ex., Isto é, se vai sugerir em pedagógico que se definam linhas estratégicas para a escola como: que cada aluno que vá fazer uma pesquisa tenha consigo informação mínima necessária para a mesma; se os professores vão aceitar como trabalho do aluno fotocópias ou impressões directas da Internet; ou se vai permitir que um trabalho escrito seja apresentado sem bibliografia,.... Por outro lado, para que a BE ofereça serviços pertinentes tem de conhecer planificações anuais e também divulgar aos docentes os serviços disponíveis, por exemplo, oferecendo actividades de interesse para cada grupo... o que implica a colaboração directa de grupos disciplinares, directores de turma, coordenadores de ano no caso do 1.º ciclo Trago hoje dois exemplos desta prática de colaboração: dois casos de escolas do 1.º ciclo Exemplos de Agrupamento de Manhente, Barcelos – plano de acção planificação em teia do Agrupamento de Ponte, Guimarães Esta forma de trabalhar implica que todos os professores sejam envolvidos e coresponsabilizados no desenvolvimento de um projecto coerente e intencional de desenvolvimento de competências de informação e de promoção da leitura. Daí que à biblioteca caiba também a responsabilidade de promover entre todos os docentes uma reflexão sobre o papel da biblioteca escolar na formação dos alunos no sentido de que todos os docentes a usem como recurso básico para apoiar os processos didácticos. Daí a necessidade de uma intervenção activa no conselho pedagógico, da divulgação do tipo de serviços que uma biblioteca presta nomeadamente se há ou não há quem possa orientar como deve ser os alunos na realização de uma pesquisa, muitos docentes julgam que sim mas na realidade quem está mais tempo na biblioteca é o auxiliar de acção educativa com inúmeras tarefas a realizar ao mesmo tempo. Por outro lado a facilitação de instrumentos de ajuda na pesquisa e na autoavaliação da mesma ou em exercícios de meta-cognição A BE deve induzir a que no conselho pedagógico, em departamentos e em conselho de turmas definir regras/normas para a realização de trabalhos: Por exemplo: todos os trabalhos devem apresentar uma estrutura semelhante introdução desenvolvimento conclusão bibliografia capas…. 2 Maria Filomena Rocha Alves Janeiro 2006 Cuidados na apresentação Não fotocópias Rigor Limpeza cuidado gráfico cumprir prazos juntar aos trabalhos uma ficha de metaconição – os alunos acompanham o seu trabalho de pequenas fichas de auto avaliação sobre o seu trabalho – em pedagógico já forma informados que os trabalhos apoiados na BE serão acompanhados de fichas de auto avaliação – voluntárias para os alunos, (em slide exemplos de fichas) Induzir também a prática nos conselhos de turma de definir que áreas curriculares disciplinares e não disciplinares vão usar a metodologia de pesquisa/projecto de forma sistemática em cada período de modo a que todas as áreas curriculares o façam de modo sistemático para que a BE possa planificar actividades, fazer aquisições ou empréstimos de fundo necessários e também que aos docentes seja possível no final do ano definir que competências os alunos possuem de facto a este nível bem como ao nível do domínio da novas tecnologias e da língua portuguesa, das atitudes…isto é de extrema importância para que a BE possa também avaliar o seu impacto nesta área bem como o reajuste necessários nos seus serviços por exemplo o desenvolvimento de acções de formação para utilizadores professores no sentido de agilizar as suas competências de pesquisa e tratamento da informação, do uso das novas tecnologias aplicadas à didáctica. A biblioteca será indutora de práticas como Um plano de leitura para o agrupamento; de leitura em voz alta na sala de aula; fomento do empréstimo domiciliário – criando e divulgando os regulamentos de BE de forma clara para os professores e para os pais/encarregados de educação, fomentando as parecerias com várias instituições no sentido de aumentar o acervo da BE – a biblioteca pública com empréstimos, as demais escolas com empréstimos prolongados; a aquisição de fundo com partilha com outras escolas – racionalizar as aquisições e no mesmo concelho nas duas escolas, a poucos metros uma da outra há exactamente o mesmo fundo ficcional. Para finalizar voltando a Alexandria, aos livros, lendo um excerto de um livro, também de Sepúlveda, que conta a história de um velho que tinha um projecto – tornar-se leitor: O velho que lia Romances de Amor. 3