VANKE CENTER - Uma megaestrutura horizontal, levantada a alturas varáveis em relação ao solo, como estratégia para uma sustentabilidade social e física (ambiental) LOCALIZAÇÃO E: Shenzen, Sul da China ANO DE CONSTRUÇÃO: 2006-2009 PROGRAMA: empreendimento de uso mixto, incluindo hotel, escritórios, condomínios habitacionais, comércio, equipamentos, restauração e parque público ÁREA DE IMPLANTAÇÃO: 1. 296. 459 m2 AUTOR E COORDENADOR DO PROJECTO: Steven Holl, Arquitecto Perante a galopante privatização do solo nos subúrbios das cidades chinesas, o empreendimento é construído acima (e abaixo) do nível do terreno natural, e com esta opção um lote privado torna-se um parque público. Uma megaestrutura horizontal, levantada a alturas varáveis em relação ao solo (entre nove e catorze metros), é desenhada em suspensão sobre uma paisagem inventada – como o próprio autor do projecto (Steven Holl) assume - como uma assinatura. O projecto põe em causa o conceito tradicional do campus corporativo e quebra a distribuição habitual dos usos por diferentes volumes construídos, até aqui típica destes complexos urbanos. Assim, optando por um corpo único, promove-se a interacção dos usos e dos utilizadores, através dos corredores interiores semipúblicos que conectam os diferentes programas. A decisão de deixar suspensa uma estrutura contínua, de alinhamentos variáveis e ramificações não ortogonais, de cinco pisos, logo abaixo da cércea limite de 35 metros, em vez de se ter optado pela construção de várias unidades autónomas com programas específicos, foi condicionada, para além da já referida necessidade de preseverar a área de espaço público e atrair a população da zona ao local, numa luta contra a “guettização” habitual gerada por estes conjuntos, pela intenção de não perturbar as panorâmicas únicas dos empreendimentos circundantes, mais baixos, sobre o Mar da China, acabando por convergir com a preocupação de conceber o edifício como uma estrutura resistente a tsunamis. Flutuando sobre um jardim tropical, este “arranha-céus” horizontal – a sua extensão é igual à altura do Empire State Building – junta num corpo único várias funções habituais num conjunto urbano polivalente: escritórios, apartamentos, comércio, lazer, hotel. Um centro de conferências, um spa e estacionamento situam-se sob o espaço exterior (público). A primeira imagem que o edifício nos sugere é a de uma estrutura que em tempos tenha estado a flutuar num mar que agora baixou de nível, tendo ficado apoiada em oito pontos sobre o antigo fundo. O volume construído, assim elevado em relação ao solo, deixa que as brisas e os ventos vindos do mar ou vindos da terra atravessem os jardins públicos. O arranjo paisagístico é inspirado pelos jardins desenhados por Roberto Burle Marx, no Brasil, e o espaço exterior está equipado com cafés e restaurantes no alto de pequenas colinas enquadradas por lagos e passadeiras. Num passeio noturno através desta paisagem mistura-se o cheiro do jasmim com o brilho monocromático da face inferior da estrutura acima suspensa. Numa estratégia tropical, o edifício e os arranjos paisagísticos integram novas abordagens da sustentabilidade: é criado um micro clima através da evaporação da água de pequenos lagos refrescantes, alimentados pelo sistema de águas usadas, foi incorporado no desenho uma cobertura com painéis solares móveis, que fornecem 15% da energia consumida na área de escritórios. São usados materiais renováveis e recicláveis: as portas, o chão e os móveis são feitos de bamboo, abundante na zona e facilmente renovável. Os tapetes de todo o edifício são feitos com material reciclado. As janelas foram desenhadas para permitir a entrada de luz, impedindo no entanto a acção directa do sol através de elementos exteriores de sombreamento, o que baixa substancialmente os custos do condicionamento do ar. As zonas de estacionamento estão equipadas com pontos de recarga de baterias de carros eléctricos. O edifício foi projectado para resistir a tsunamis. Esta peça de arquitectura suspensa que veio criar um microclima poroso numa paisagem aberta é o primeiro empreendimento do Sul da China a ser distinguido com o nível máximo de certificação (platina) reconhecido pelo LEED – The Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) Green Building Rating System, desenvolvido pelo U.S. Green Building Council (USGBC), organização que estabelece um conjunto de standards para a construção ambientalmente sustentável.