ESTUDO DE IMPACTOS NA GERAÇÃO HIDROELÉTRICA AO LONGO DO RIO SÃO FRANCISCO DEVIDO À TRANSPOSIÇÃO DE SUAS ÁGUAS UTILIZANDO MODELO MATEMÁTICO DE FLUXOS EM REDE ACQUANET Gerson Luiz Soriano Lerner DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM PLANEJAMENTO ENERGÉTICO. Aprovada por: ____________________________________________ Prof. Lucio Guido Tapia Carpio, D.Sc. ____________________________________________ Prof. Luiz Fernando Loureiro Legey, Ph.D. ____________________________________________ Prof. Otto Corrêa Rotunno Filho, Ph.D. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL ABRIL DE 2006 LERNER, GERSON LUIZ SORIANO Estudo de impactos na geração hidroelétrica ao longo do rio São Francisco devido à transposição de suas águas utilizando modelo matemático de fluxos em rede AcquaNet [Rio de Janeiro] 2006 IX, 108 p. 29.7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc., Planejamento Energético, 2006) Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. 1. Bacias hidrográficas 2. Modelo matemático de fluxos em rede 3. Projeto de transposição do rio São Francisco 4. Impactos na geração hidrelétrica I. COPPE/UFRJ II. Título (série) ii À minha Família iii AGRADECIMENTOS Ao Prof. Lucio Guido Tapia Carpio pela amizade, confiança e apoio dado para que eu conseguisse elaborar este trabalho. Ao Laboratório de Suporte a Decisão (LabSis) da Universidade de São Paulo – USP, em especial o Engenheiro Alexandre Roberto e o Doutor Rubem Porto, pelo carinho e atenção que me deram nas diversas vezes que fui ao LabSis, pelo fornecimento do modelo matemático, pela idéia deste estudo de caso e inúmeras ajudas prestadas para definitivamente empregar corretamente o modelo matemático por eles desenvolvido. Ao Operador Nacional do Sistema, em especial ao Engenheiro Luiz Guilhon que, por diversas vezes, me atendeu, fornecendo todos os dados necessários que requeri para o estudo de caso desta tese. À Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), pelos dados fornecidos relativos a suas usinas hidrelétricas, fundamentais para utilizar o modelo matemático e desenvolver o estudo de caso desta tese. À Agência Nacional de Águas (ANA), pelos dados gerais por eles fornecidos e essenciais para a compreensão da magnitude e importância da área de estudo – a bacia hidrográfica do rio São Francisco. Ao Ministério da Integração Nacional, pela elaboração dos estudos ambientais – EIA/RIMA – e pelo fornecimento dos dados relativos à demanda hídrica da região a ser beneficiada pelo projeto de transposição do rio São Francisco. Aos meus pais, Leizer Lerner e Judith Soriano de Souza Nunes, que me deram suporte, atenção, carinho e educação, sendo por mim considerados os principais responsáveis pela realização deste sonho. Ao CNPq, pelo apoio financeiro. iv Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre (M.Sc.) ESTUDO DE IMPACTOS NA GERAÇÃO HIDROELÉTRICA AO LONGO DO RIO SÃO FRANCISCO DEVIDO À TRANSPOSIÇÃO DE SUAS ÁGUAS UTILIZANDO MODELO MATEMÁTICO DE FLUXOS EM REDE ACQUANET Gerson Luiz Soriano Lerner Abril/2006 Orientador: Lucio Guido Tapia Carpio Programa: Planejamento Energético A presente dissertação procura dar uma visão geral do atual projeto de transposição das águas do rio São Francisco para bacias do Nordeste Setentrional para, posteriormente calcular, através da simulação pelo modelo matemático de fluxos em rede AcquaNet, os impactos energéticos nas usinas hidrelétricas localizadas na calha do rio São Francisco decorrente das derivações hídricas. Conclui-se que os impactos energéticos no rio São Francisco variam proporcionalmente com a vazão demandada pela transposição. No entanto, observa-se que o modelo matemático utilizado para o estudo de caso dessa dissertação apresenta limitação de cálculo a ser adequadamente considerada; pois as prioridades de atendimento dos diversos usos hídricos são obedecidas pelo AcquaNet de forma bastante rígida, ou seja, o modelo só permite alocar água para usos menos prioritários quando os usos mais prioritários são totalmente atingidos. v Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Science (M.Sc.) HYDRO-GENERATION IMPACTS IN THE SÃO FRANCISCO RIVER DUE TO THE DIVERSION PROJECT OF ITS WATER USING THE NET FLOW MATHEMATICAL MODEL ACQUANET Gerson Luiz Soriano Lerner April/2006 Advisor: Lucio Guido Tapia Carpio Department: Energy Planning The present dissertation looks forward to introduce the actual São Francisco river’s water diversion project and afterwards to calculate the hydro-generation impacts using a net flow mathematical model called AcquaNet. The energetic impacts in the São Francisco river varies proportionally with the diversion project’s demand flow. The mathematical model used to solve the dissertation’s case study has a limitation to be adequately considered. The water supply priorities associated to water uses are obeyed in a very strict way, i.e., the AcquaNet only allows to allocate water to less priorities uses when the most priorities uses are totally served. vi ÍNDICE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1 1.1. Informações Gerais..................................................................................................... 1 1.2. Condições hídricas das bacias receptoras – As bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional ........................................................................................................................... 4 1.3. Condições hídricas da bacia doadora – A bacia do rio São Francisco ..................... 9 1.4. Breve histórico de projetos de integração da bacia do São Francisco com bacias do Nordeste Setentrional .......................................................................................................... 11 1.3. Objetivo .................................................................................................................... 13 2 – A CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO – BACIA DO S. FRANCISCO ... 16 2.1. Localização e características gerais da bacia do São Francisco ........................... 16 2.2. Os aproveitamentos hidrelétricos da bacia do São Francisco...................................21 2.3. Conclusão da caracterização da bacia para a elaboração da tese .............................29 3 – O PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO ...............................30 3.1. Detalhes do projeto de transposição do rio São Francisco ....................................... 30 4 – O SISTEMA DE SUPORTE A DECISÃO ACQUANET .............................................35 4.1. Introdução................................................................................................................. 35 4.2. A programação do modelo matemático....................................................................35 4.3. Passos para resolução de problemas utilizando o SSD AcquaNet ........................... 40 5 – ESTUDO DE IMPACTOS NA GERAÇÃO HIDROELÉTRICA NO RIO SÃO FRANCISCO DEVIDO TRANSPOSIÇÃO DE SUAS ÁGUAS ........................................51 5.1 Introdução................................................................................................................. 51 5.2 Dados de entrada do modelo matemático.................................................................56 5.3 Trabalhando com o SSD AcquaNet ......................................................................... 71 5.4 Resultados obtidos pelo modelo matemático ........................................................... 73 6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES....................................................................... 76 vii REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................78 ANEXO 1 - MAPA DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO............................................ 81 ANEXO 2 - MAPA COM INFORMAÇÕES DE PRECIPITAÇÃO MÉDIA NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO................................................................................................. 82 ANEXO 3 - MAPA DA BACIA DO SÃO FRANCISCO COM PRINCIPAIS POSTOS PLUVIOMÉTRICOS ............................................................................................................83 ANEXO 4 - MAPA DA BACIA DO SÃO FRANCISCO COM DADOS DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA........ .................................................................................. 84 ANEXO 5 - MAPA DA BACIA DO SÃO FRANCISCO DETALHANDO SUAS PRINCIPAIS HIDRELÉTRICAS.........................................................................................85 ANEXO 6 - USINAS PERTENCENTES À BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO ............86 ANEXO 7 - MAPAS DO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO S. FRANCISCO....87 ANEXO 8 - DETALHES DO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO ....................................................................................................................... 88 ANEXO 9 - PRINCIPAIS TRECHOS DA OUTORGA DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO ...............................................................................................................89 ANEXO 10 - ESQUEMA DO SSD ACQUANET ............................................................... 90 ANEXO 11 - TABELA DE RESULTADOS EM PLANILHAS EXCEL ........................... 91 viii LISTA DE SIGLAS ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica ANA - Agência Nacional de Águas CBHSF – Comitê da bacia hidrográfica do São Francisco CEPEL – Centro de Pesquisa de Energia Elétrica CF/1988 - Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 1988 CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco DOU - Diário Oficial da União IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA – Instituto de Pesqisa Econômica e Aplicada ITEP - Instituto Tecnológico de Pernambuco LabSid – Laboratório de Sistemas de Suporte a Decisões MME – Ministério das Minas e Energia ONS – Operador Nacional do Sistema RIMA – Relatório dos Impactos sobre o Meio Ambiente SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SIN – Sistema Interligado Nacional SSD – Sistema de Suporte a decisão USP - Universidade de São Paulo UHEs – Usinas Hidrelétricas WRI - World Resources Institute ix CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1. Informações gerais O território nacional está dividido em 8 grandes bacias hidrográficas. São elas: Amazonas; Tocantins e Araguaia; Atlântico Norte e Nordeste; São Francisco; Atlântico Leste; Paraná e Paraguai; Uruguai; Atlântico Sul e Sudeste. A Figura 1 delimita essas grandes bacias no território nacional. Figura 1 – Grandes bacias hidrográficas do Brasil Fonte: ANEEL,2006 1 O Brasil pode ser considerado um país hidricamente bem afortunado, pois possui a maior disponibilidade hídrica do planeta. De acordo com o exposto na Tabela 1, o Brasil é responsável por cerca de 13,8% do deflúvio médio mundial. Tabela 1 – Deflúvio médio de recursos hídricos no mundo em 1998 Oferta de água doce (Deflúvio médio) Regiões Total 3 Per capita (km /ano) (m3/hab/ano) 3.996 5.133,05 América do Norte 5.308,6 17.458,02 América Central 1.056,67 8.084,08 América do Sul* 10.080,91 30.374,34 África 5.744,91 34.784,33 Ásia Brasil* 13.206,74 3.679,91 Europa 6.234,56 8.547,45 Oceania 1.614,25 54.794,64 Mundo 41.497,73 6.998,12 Fonte: WRI, 1998 e *ANEEL, 1999. Apesar de o Brasil possuir água doce em abundância, ela se encontra mal distribuída espacial e temporalmente. A Tabela 2 demonstra a má distribuição espacial da água no âmbito nacional. Observe que somente a região da bacia Amazônia, que concentra apenas 4% da população brasileira, possui aproximadamente 73% da água superficial existente no país. Como exemplo de região onde ocorre uma má distribuição temporal da água, pode-se citar justamente a região beneficiada com o projeto de transposição – o Nordeste setentrional. Nesta região de clima semi-árido, o volume anual precipitado concentra-se em apenas 3 meses do ano, enquanto nos 9 meses restantes, praticamente não chove. 2 Tabela 2 – Informações básicas sobre bacias hidrográficas brasileiras Área População * Bacia hidrográfica 3 1 Amazonas ** 2 Tocantins Densidade 2 (Ano Base-1996) 2 (hab/km ) Vazão Disponibilidade Disponibilidade 3 (m /s) Hídrica 3 (10 km ) % % 3.900 45,82 6.687.893 4,26 1,70 757 8,89 3.503.365 2,23 4,60 Per Capita 3 (km /ano) (m /ano/hab) 133.380 4.206,27 628.938,24 11.800 372,12 106.219,25 3ª Atlântico Norte 76 0,89 406.324 0,26 5,30 3.660 115,42 284.063,36 3B Atlântico Nordeste 953 11,20 30.846.744 19,64 32,40 5.390 169,98 55.100,44 4 São Francisco 634 7,45 11.734.966 7,47 18,50 2.850 89,88 7.658,96 5ª Atlântico Leste 1 242 2,84 11.681.868 7,44 48,30 680 21,44 1.835,71 5B Atlântico Leste 2 303 3,56 24.198.545 15,41 79,90 3.670 115,74 4.782,81 6ª Paraguai ** 368 4,32 1.820.569 1,16 4,90 1.290 40,68 22.345,45 6B Paraná 877 10,30 49.924.540 31,78 56,90 11.000 346,90 6.948,41 7 Uruguai ** 178 2,09 3.837.972 2,44 21,60 4.150 130,87 34.099,88 8 Atlântico Sudeste 224 2,63 12.427.377 7,91 55,50 4.300 135,60 10.911,78 8.512 100 157.070.163 100 18,50 182.170 5.744,90 36.575,46 Brasil Nota: ** Dados referentes à área situada em território brasileiro Fonte : ANEEL, 2005 ; * IBGE, 1998 De acordo com a atual Constituição da República Federativa do Brasil (CF/1988), em seu artigo 20, inciso III, são bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes de água que banhem mais de um estado. Portanto, no caso do rio São Francisco, por ele atravessar diversos estados, suas águas devem se submeter à gestão federal, sendo o mesmo considerado um rio Federal. A CF/1988 realça a necessidade da transposição para fazer cumprir a lei maior em seu artigo 43, parágrafo dois, inciso IV. Este artigo menciona que a União pode atuar administrando complexo geoeconômico e social, visando o seu desenvolvimento e a redução das desigualdades regionais. Particulariza ao citar que os incentivos regionais compreenderão prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. Considerando os dois últimos parágrafos e o fato de haver na região Nordeste somente dois rios perenes federais – o Parnaíba e o São Francisco – e que o “Velho Chico” é o mais caudaloso deles, diversos projetos vêm sendo estudados ano a ano visando transferir 3 parte das águas do São Francisco para as regiões nordestinas mais hidricamente castigadas pela seca. No entanto, segundo a Agência Nacional de Águas - ANA - e diversas conferências sobre transferência de águas entre grandes bacias hidrográficas (SBPC, 2004), qualquer transferência hídrica de uma bacia para outra só pode ser justificada quando diversas análises prévias das conseqüências do projeto forem realizadas. As análises necessárias para implementação de um projeto dessa natureza devem incluir: avaliação se a região receptora de água tem comprovada escassez hídrica para o atendimento de suas necessidades; avaliação se os recursos hídricos da região de origem são suficientes para satisfazer a demanda da transferência sem acarretar impedimento ao desenvolvimento futuro dessa região; avaliação se os impactos ambientais ocasionados pela transferência de água são mínimos para ambas as regiões, de destino e de origem; comprovação que os benefícios sociais da região de destino são compatíveis com o porte do empreendimento; avaliação se os impactos positivos gerados são compartilhados razoavelmente entre as regiões de origem e destino. Verifica-se que, para implantar o projeto de transposição, deve-se averiguar, primordialmente, se há realmente déficit hídrico nas bacias receptoras, no caso, nas bacias do Nordeste Setentrional. Em segundo lugar, é imprescindível estudar as condições da bacia do rio São Francisco (bacia doadora) quanto à possibilidade hídrica de atendimento ao projeto. 1.2. Condições hídricas das bacias receptoras – as bacias hidrográficas do Nordeste setentrional Para melhor avaliar as condições hídricas das bacias receptoras, deve-se, primeiramente, explicar o que vem a ser o polígono das secas. O polígono das secas foi delimitado em 1951, visando abranger regiões de necessidades hídricas para que nelas houvesse o combate das secas do Nordeste (RN, 2005). 4 Atualmente, o Ministério da Integração Nacional considera o polígono das secas como sendo a área, pertencente ao nordeste brasileiro, mais propensa a períodos de seca, onde se verifica, em uma história de aproximadamente 70 anos, que mais de 80% das secas ocorridas no país ocorreram em tal região. A Figuras 2 ilustra as delimitações deste polígono. Observa-se que grande parte da bacia do São Francisco localiza-se no polígono das secas. Figura 2 – A localização da bacia do São Francisco e o polígono das secas 5 O Nordeste setentrional, área pertencente ao polígono da seca, possui clima semiárido, abrangendo parcialmente os estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, com uma população de cerca de 12 milhões de habitantes. De acordo com a Figura 3, essa região tem média pluviométrica menor que 800 mm/ano, o que é pouco em relação à média nacional (1800 mm/ano), representando menos que metade do valor da mesma. No entanto, o dado mais importante que demonstra a necessidade hídrica do Nordeste setentrional é a sazonalidade de suas chuvas - grande parte do volume lá precipitado concentra-se nos 3 meses de verão, sendo os outros 9 meses do ano extremamente secos. Figura 3 – Isoietas no Brasil Fonte: ANA, 2005 6 Observando a Figura 4 e comparando-o com o exposto acima, constata-se que há uma forte correlação entre pluviometria e índice de desenvolvimento humano - IDH. Nota-se que a região do polígono das secas possui baixo IDH médio, o que pode estar ligado ao déficit hídrico da região semi-árida. As cidades de Manari-PE e Traipú-AL, por exemplo, possuem, respectivamente, IDHs equivalentes a 0,467 e 0,479; o que é muito baixo quando comparado ao IDH médio brasileiro que é de 0,769. Figura 4 – IDH nas regiões hidrográficas brasileiras Fonte: IPEA, 2000 O quadro de extrema pobreza do Nordeste setentrional é bastante antigo. Essa área vem sendo alvo de grandes secas há séculos, fato que contribui para o agravamento desse quadro e constitui fator limitante para o desenvolvimento social da região. 7 As secas, nessa região, de acordo com registros históricos, ocorrem com intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por períodos de três, quatro e, excepcionalmente, até cinco anos. Pode-se citar, por exemplo, as secas de 1951, 1958, 1979 a 1983, 1990 a 1993 e 1998 e 1999. No entanto, as secas são conhecidas, no Brasil, desde o século XVI (FJN, 2005). Um grande exemplo de seca catastróficas ocorrida há mais de um século atrás foi a compreendida entre 1877 e 1879, quando se estima que aproximadamente 1,7 milhões de pessoas faleceram por falta de comida e/ou sede. Foi justamente nessa época, portanto, que as autoridades começaram a ser pressionadas pela opinião pública para solucionar o problema de déficit hídrico nordestino. Adotou-se como solução, quase padrão, a açudagem, ou seja, a construção de enormes reservatórios que podem armazenar grande volume de água durante as estações chuvosas para que estas sejam utilizadas em períodos críticos tanto para consumo doméstico como para desenvolvimento da agricultura irrigada. Também data dessa época as primeiras idéias envolvendo o desvio de parte das águas do rio São Francisco para amenizar as freqüentes secas do Nordeste. De qualquer forma, deve-se mencionar que a escassez hídrica do Nordeste setentrional impede o surgimento de oportunidades de empregos sustentáveis na região e induz à emigração para as metrópoles. Estima-se que cerca de 1 milhão de nordestinos vivem atualmente em condições precárias nas periferias ou em favelas dos grandes centros urbanos. Segundo o Ministério da Integração Nacional, se o projeto for implantado, haverá retorno de muitos nordestinos a sua cidade natal e uma significativa redução do êxodo da região semi-árida. Portanto, para aumentar a segurança hídrica nas regiões de clima árido e semi-árido, e assim fixar o nordestino em sua terra, gerar crescimento econômico e criar empregos na 8 região, autoridades políticas e diversos setores da sociedade vêm propondo a transposição do São Francisco para a região Nordeste setentrional como forma de aliviar os problemas hídricos e sociais nordestinos. 1.3. Condições hídricas da bacia doadora – a bacia do rio São Francisco Esta é uma das questões mais polêmicas deste projeto de integração de bacias, visto que, em geral, os estados pertencentes à bacia do São Francisco e o próprio comitê dessa bacia hidrográfica (CBHSF) são contrários ao projeto. Este sub-item tentará abordar esta questão bastante complexa de forma imparcial, visto que não é o objetivo da tese gerar polêmica de natureza política. Primeiramente, deve-se esclarecer que 60% da bacia do São Francisco pertencem à região semi-árida e que 50% do semi-árido localiza-se na bacia do São Francisco. Outro aspecto importante é que 90 % das vazões do São Francisco são geradas nos estados de Minas Gerais e Bahia, em sua maioria em rios de domínio estadual (Tabelas 3 e 4). Tabela 3 – Percentual de vazão de contribuição para o rio São Francisco gerado por estado Rios Rio Paracatu Rio das Velhas Rio Grande Rio Urucuia Afluentes mineiros Rio Corrente Entorno da Represa Rio Paraopeba Rio Pará Rio Carinhanha Outros Total Contribuição para o São Francisco (%) 14 13 9 9 8 7 7 6 6 6 15 100 Fonte: Asfora,2005 9 Tabela 4 – Percentual de vazão de contribuição para o rio São Francisco de seus afluentes Estados brasileiros Minas Gerais Bahia Pernambuco Goiás Alagoas Distrito Federal Sergipe Total Contribuição para o São Francisco (%) 73,5 20,4 3,2 1,2 0,7 0,6 0,4 100 Fonte: Asfora, 2005 De acordo com o plano decenal da bacia do São Francisco (ANA), a vazão média na foz é 2850 m3/s. No entanto, para haver garantia de vazão na foz, considera-se a vazão firme na foz como sendo 1850 m3/s, ou seja, em toda a série histórica do São Francisco (cerca de 70 anos de dados), não houve registro de um evento em que a vazão na foz fosse inferior a esse valor. Considerando que a vazão mínima na foz para garantir um adequado uso múltiplo das águas (geração de energia, irrigação, navegação e vazão ecológica) foi estipulada por portaria do IBAMA em 1300 m3/s e, adicionalmente, uma folga de 10% para acomodar a operação dos reservatórios e contingências na geração hidrelétrica, pode-se considerar a vazão mínima na foz do rio como sendo 1430 m3/s. Analisando os dados exibidos nos dois últimos parágrafos, obtém-se o saldo da oferta hídrica do São Francisco em sua foz ( 1850-1430m3/s = 420 m3/s) . No entanto, estipulou-se o valor de 360 m3/s (valor decidido na terceira reunião plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco), vazão esta que pode ser utilizada para abastecer demandas consuntivas, inclusive para o projeto de transposição. O tema transposição do São Francisco consiste em uma das questões mais polêmicas da atualidade. Tal fato se dá porque há basicamente duas correntes de pensamento completamente opostos – os que são a favor e os que são contra ao projeto – ou pode-se dizer, 10 os estados beneficiados com a transposição, que são a favor, e os estados doadores hídricos, que são contrários ao projeto. Segundo o governo federal, o volume requerido pelo projeto de transposição representa apenas 3,4% do total que o rio despeja no mar (1.850 m³/s) e, portanto, a obra não prejudicaria a fluência das águas. Os opositores do projeto alegam que o volume retirado deve ser comparado com os 360 m³/s outorgáveis (máximo permitido para ser retirado do rio incluindo outros projetos) e não com os 1.850 m³/s. Outro ponto divergente é o aproveitamento das águas. De acordo com a outorga da ANA, a captação do projeto poderá chegar a uma vazão máxima diária de 114,3 m³/s. No entanto, só poderá se transpor 114,3 m³/s excepcionalmente, e quando o reservatório de Sobradinho estiver acima do normal (DOU, 2005), o que, segundo especialistas, acontece em 40% do tempo. Para os opositores, isso representa um desperdício de dinheiro público, uma vez que a obra ficará 60% do tempo sub-utilizada. 1.4. Breve Histórico de projetos de integração da bacia do São Francisco com bacias do Nordeste Setentrional A preocupação de solucionar a seca no semi-árido brasileiro é bastante antiga, tendo seus primeiros relatos históricos datados da época do Brasil império, quando Dom Pedro II prometeu que venderia, se preciso fosse, todas as jóias da Coroa para solucionar o problema da seca do Nordeste (Filho, 2005). A primeira idéia envolvendo a captação de água do rio São Francisco para amenizar as secas no Nordeste também data do período de Brasil monárquico. Em 1856, a comissão científica de exploração, chefiada pelo barão de Capanema, recomendou a abertura de um canal ligando o rio São Francisco ao rio Jaguaribe (Rebouças, 1997). 11 No entanto, até o início da década de 1980, a transposição do rio São Francisco não podia ser realizada devido a problemas de ordem técnica, pois não havia energia elétrica em quantidade suficiente para acionar as bombas de recalque necessárias para transportar este grande volume de água até as regiões de destino. Já em 1983, Mário Andreazza, quando disputava sua indicação como candidato à presidência da República, apresentou um projeto como um dos pontos de sua plataforma de governo. O projeto propunha a construção de uma barragem para represar o São Francisco perto de Cabrobó (PE), com a finalidade de dali se bombear água para o Ceará e Rio Grande do Norte. Como Andreazza foi derrotado, o projeto foi arquivado (Andrade, 2002). No final dos anos 80, o Departamento Nacional de Obras e Saneamento - DNOS elaborou um projeto de integração das águas do São Francisco com o semi-árido setentrional, cuja finalidade era fortalecer a atividade agrícola na região através da captação de 15% da vazão do “Velho Chico”. Esse estudo foi retomado e detalhado em 1994, prevendo retirar uma vazão de cerca de 7,5 % da vazão regularizada pela barragem de Sobradinho (Coelho, 2004). O atual projeto, elaborado e defendido com ardor pelo ministério da Integração Nacional, tem custo estimado em 2,7 bilhões de reais e, devido a diversos estudos mais elaborados e precisos, estima-se uma transferência média de aproximadamente 2% da vazão regularizada do rio São Francisco. Estima-se uma média de 45,2 m³/s destinados às bacias do Ceará, do Paraíba e do Rio Grande do Norte e 18,3 m³/s destinados ao estado de Pernambuco, totalizando 63,5 m³/s. A redução de 2/3 da vazão prevista em 1994 foi devido a flexibilidade de retirada de água, pois o novo projeto permite a retirada de águas variar de zero a 114,3 m³/s. Mais detalhes desse projeto serão expostos no Capítulo 3. Portanto, a história da transposição pode ser dividida em 2 períodos: antes da década de 1980, quando estudos eram realizados mas havia limitações técnicas para implementar os 12 projetos e, devido a esses empecilhos, procurava-se outros tipos de solução para amenizar a seca no Nordeste setentrional; depois da década de 1980, quando a engenharia já se encontra avançada o suficiente para enfrentar esta empreitada, restando apenas estudos mais aprofundados para a estipulação de sua viabilidade sócio-econômica e ambiental. 1.5. Objetivo No caso do projeto de transposição do São Francisco para bacias do Nordeste setentrional, um grande impacto, que influenciará no processo de tomada de decisão do projeto, é justamente a possível diminuição de geração de energia elétrica nas usinas localizadas a jusante dos eixos de captação do projeto de transposição. Deve-se esclarecer que tal impacto será amenizado pela estrutura já consolidada e em constante expansão do Sistema Interligado Nacional – SIN (Figura 5), que consiste da interligação de transmissão elétrica entre diversas regiões do país, mais especificamente as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte e corresponde a cerca de 96% da capacidade de produção de eletricidade do país. Figura 5 – O Sistema Interligado Nacional Fonte: ONS, 2005 13 No entanto, não se deve utilizar o argumento de que caso falte energia na bacia do São Francisco (consumo maior que a oferta), o SIN iria cobrir esta falta de energia local enviando energia de outras bacias, para justificar qualquer valor de déficit energético. Se a gestão das bacias hidrográficas brasileiras for conduzida com este raciocínio, não haverá auto-suficiência elétrica em muitas bacias e, o risco de novas crises nacionais de energia, como a ocorrida em 2001, irá aumentar. A presente dissertação visa, portanto, calcular o impacto energético devido a transposição de parte das águas do rio São Francisco e está dividida em 8 capítulos. São eles, além deste Capítulo introdutório: • Capítulo 2 - Caracterização da área de estudo – Bacia do S. Francisco São expostos aspectos gerais da área de estudo: o rio São Francisco e sua bacia hidrográfica, com realce para as principais características das diversas hidrelétricas ao longo do “Velho Chico”. • Capítulo 3 – O projeto de transposição do rio São Francisco É apresentado o atual projeto de transposição do rio São Francisco e mencionado seua aspectos técnicos mais relevantes. • Capítulo 4 - O Sistema de Suporte a decisão ACQUANET Explica-se a teoria de modelos baseados em fluxos em rede; e demonstra-se sucintamente como utilizar o SSD AcquaNet, detalhando apenas o módulo energia do modelo, pois este foi o módulo utilizado para a elaboração do estudo de caso. 14 • Capítulo 5 - Estudo de impactos na geração hidroelétrica no rio São Francisco devido transposição de suas águas Descreve-se a utilização do modelo para desenvolver o estudo de caso. Através do SSD AcquaNet, os resultados dos impactos energéticos são obtidos e são analisados. • Capítulo 6 – Conclusões e recomendações Comenta-se sobre os resultados obtidos para o estudo de caso, as limitações do SSD AcquaNet e faz-se recomendações para melhorar a qualidade dos resultados em estudos futuros que se utilizarem deste modelo matemático. • Capítulo 7 - Referências bibliográficas • Capítulo 8 - Anexos 15 CAPÍTULO 2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO - A BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO A bacia do rio São Francisco, por ser uma bacia de enorme dimensão, com área estimada em 8% do Brasil, possui grande diversidade de climas, relevos, ecossistemas e culturas. O presente capítulo será subdividido em: localização e características gerais da bacia do São Francisco e aproveitamentos hidrelétricos da bacia do São Francisco. 2.1. Localização e características gerais da bacia do São Francisco O rio São Francisco tem este nome por causa da data de chegada do navio do italiano Américo Vespúcio a sua foz, em 4 de outubro de 1501, dia de São Francisco de Assis. O rio nasce no estado de Minas Gerais, na serra da Canastra, mais especificamente no alto do Chapadão da Zangaia, a 1428 metros de altitude em relação ao nível do mar. Ele flui por 2800 km até a divisa dos estados de Alagoas e Sergipe – onde deságua no oceano Atlântico com vazão média anual de aproximadamente 2850 m3/s. O São Francisco é o 5º maior rio do Brasil, 18º do mundo e o maior genuinamente brasileiro, pois é o único dentre os 5 maiores rios nacionais em que sua bacia hidrográfica localiza-se, integralmente, em território nacional (Hermuche, 2000). Esse grandioso rio possui uma bacia de contribuição hídrica estimada em 640.000 km2, o que equivale a cerca de 8% do território nacional. Sua bacia é constituída de 7 estados distintos, são eles: grande parte do território dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Alagoas; e pequena parcela dos Estados de Goiás, Distrito Federal e Sergipe. O ANEXO 1 além de delinear a bacia, detalha sua localização no território do Brasil. 16 O curso do rio São Francisco pode ser dividido em quatro trechos: alto São Francisco (desde a sua nascente até próximo à confluência com o rio das Velhas); o médio (desde onde começa o trecho navegável do rio e segue até a barragem de Sobradinho, na Bahia); o submédio (desde Sobradinho até a confluência com o rio Ipanema) e o baixo (desde a cidade de Pão de Açúcar até sua foz) (MI, 2004). O mapa do ANEXO 1 (vide sua legenda) ilustra essa divisão da bacia em regiões fisiográficas. O “Velho Chico” deve sua existência a seus afluentes, que são uma espécie de sangue que dão força e vivacidade para fluir de forma perene por tantos quilômetros em condições climáticas nem sempre favoráveis (JN, 2005). Pode-se observar também, no ANEXO 1, a localização de alguns de seus principais afluentes, como os rios, de montante para jusante, Paraopeba, das Velhas, Paracatu, Urucuia, Corrente, Grande, Jacaré, Pajeú, Ipanema, entre outros. No entanto, deve-se destacar que através de avaliação da geologia, do relevo e dos solos da bacia, concluiu-se que o principal manancial responsável pela regularização das vazões do rio no período seco do ano é o sistema aqüífero Urucuia. Sua descarga de base representa quase metade da vazão do rio São Francisco a partir de alguns de seus rios afluentes como os citados rios Grande e Corrente. Eles tendem a ter vazões regulares mesmo nos períodos secos do ano ou em períodos de alguns anos com baixa precipitação média. Esse fenômeno é relacionado à função reguladora do aqüífero, que funciona como um grande pulmão hídrico para a bacia do São Francisco (Campos, 2005). É fato que o desmatamento vem aumentando continuamente na bacia, estimulado principalmente pela necessidade de carvão para alimentar siderúrgicas. Outro fato alarmante é que praticamente não existe mais mata ciliar ao longo do São Francisco. No lugar das árvores, só tem capim, e as pastagens avançam até o leito. Segundo cálculos dos ambientalistas, 80% das matas ciliares do rio São Francisco foram destruídas (JN, 2005). 17 O desmatamento da bacia adicionado ao crescimento descomunal dos volumes de água captados dos rios e do aqüífero Urucuia para fins de irrigação, fazem com que as vazões dos principais rios da região e, conseqüentemente, a regularidade das vazões do São Francisco no período seco do ano, deva sofrer diminuições significativas nos próximos 10 ou 20 anos (Campos, 2005). Apesar de todos esses fatores negativos, ao final de seu longo trajeto, o rio encontra força para desembocar no mar. Sua foz é do tipo estuário, pois é constituída por um longo canal de forma afunilada, ou seja, a medida que ele se aproxima do mar, suas margens tornam-se cada vez mais próximas uma da outra, formando uma passagem única e direta (Hermuche, 2000). 2.1.1 Clima O clima da bacia é muito diversificado devido a sua grande dimensão e características distintas, como diferenças de relevo e de proximidade com o mar. O alto São Francisco caracteriza-se por possuir umidade alta e altitude elevada, sendo a estação chuvosa na época de verão e a seca durante o inverno. As precipitações médias anuais variam de 1000 a 1500 mm e a temperatura média anual é de cerca de 23º C. O clima dessa região é considerado como sendo úmido e sub-úmido. O médio São Francisco, por ser a maior das regiões fisiográficas da bacia, possui diferentes tipos de clima. Essa região, em seu início, tem clima parecido com o Alto São Francisco, com precipitações médias anuais de 1000 mm. No entanto, passado esta parte, há um trecho de região semi-árida onde a precipitação é baixa, havendo anos em que a média anual fica abaixo de 600 mm. A temperatura média anual é de cerca de 24º C. Os climas dessa região são caracterizados como sub-úmido seco e semi-árido. 18 O sub-médio São Francisco abriga a região mais seca de toda a bacia. Nesse local a precipitação média anual varia de 350 a 800 mm, distribuída irregularmente durante o ano. Os meses chuvosos ocorrem no verão e os outros 9 meses do ano caracterizam-se por serem muito secos. A temperatura média anual é de cerca de 27º C. Pode-se classificar os climas dessa região como semi-árido e árido. O baixo São Francisco caracteriza-se por um clima um pouco mais ameno pela proximidade do mar. Nessa região, há uma forte mudança na distribuição anual da chuva do interior para o litoral, já que na foz do rio elas são bem distribuídas ao longo de todo o ano, sendo um pouco mais intensas na época de outono e inverno. As precipitações médias anuais variam de 800 a 1300 mm, e a temperatura média anual é de cerca de 25º C. Os climas desta região variam entre semi-árido e semi-úmido úmido (Hermuche, 2000). Devido a essa diferença nas características climatológicas da bacia, as chuvas que chegam ao rio variam muito de volume ao longo do seu percurso. A média anual varia de 1.900 mm na nascente, em Minas Gerais, a 400 mm no semi-árido nordestino. A taxa evaporação varia de 500 mm anuais, nas nascentes, a 2.200 mm, em Petrolina, perto da fronteira da Bahia com Pernambuco. Essa evaporação elevada, característica do semi-árido nordestino, dificulta a manutenção de água nos açudes da região, que não são abastecidos por rios perenes (Izique, 2005). Os ANEXOS 2 e 3 mostram, respectivamente, a precipitação média em diversas localidades da bacia do rio São Francisco e o mapa da bacia do rio São Francisco com detalhes de informações pluviométricas de diversas estações localizadas nas várzeas do rio São Francisco. Comprova-se, através da análise desses mapas e dos dados neles contidos, a grande variação de distribuição de chuvas ao longo do rio e de sua bacia hidrográfica. Por essa razão, 19 juntamente ao fato de ser uma bacia importante no âmbito nacional, torna-se imprescindível a elaboração de estudos que visem à melhora da gestão hídrica nessa bacia. 2.1.2 População Como mencionado anteriormente, o rio possui um extenso vale. Esse vale abrange aproximadamente 500 municípios de 7 estados brasileiros. Cerca de 16,14 milhões de pessoas (9,5% da população do país) habitam a bacia, com maior concentração no alto (56%) e médio São Francisco (24%). A população urbana representa 77% da população total e a densidade populacional é de 22 hab/km2. Nas demais regiões observa-se percentual de população da ordem de 10% no sub-médio e no baixo São Francisco (Silva et al., 2005). Os dados referentes à população urbana e rural e taxa de urbanização estão apresentados na Tabela 5: Tabela 5 – Dados populacionais das sub-bacias do São Francisco População (hab) Sub-bacia Urbanização (%) Urbana Rural Total Alto 6.461.510 269.230 6.730.740 96 Médio 2.814.511 2.302.782 5.117.293 55 Sub-médio 1.375.230 1.080.538 2.455.768 56 Baixo 901.713 938.518 49 Total 11.552.964 4.591.068 16.144.032 1.840.231 77 Fonte: Silva et al., 2005 20 2.1.3 Disponibilidade hídrica O mapa do ANEXO 4, que retrata a disponibilidade hídrica na área da bacia do São Francisco, ilustra que a área de maior escassez hídrica da bacia corresponde às sub-bacias localizadas em seu trecho médio e sub-médio. É justamente, nessa região, que se localizarão as captações hídricas (eixo Norte e eixo Leste) que estão previstas pelo projeto de transposição hídrica. 2.2. Os aproveitamentos hidrelétricos da bacia do São Francisco As usinas hidrelétricas situadas na bacia do São Francisco produzem 10643,9 MW, ou seja, aproximadamente 17% do total produzido no país. As situadas no próprio leito do rio estão entre as maiores do Brasil (Porto, 2005). O ANEXO 5 localiza as diversas usinas hidrelétricas da bacia. Pode-se observar, pelo ANEXO 6, que as usinas localizadas no leito do São Francisco são responsáveis por grande parte da energia produzida na bacia. A soma da energia instalada nessas usinas responde por aproximadamente 97% do total da energia hidrelétrica instalada na bacia. A Figura 6 ilustra o esquema topológico da geração hidrelétrica no rio São Francisco. Neste esquema há informações de posicionamento de seus aproveitamentos hidrelétricos e principais afluentes do rio São Francisco. A Tabela 6 exibe numericamente as principais características dos reservatórios localizados no rio São Francisco. 21 Figura 6 – Topologia das usinas hidrelétricas da bacia do rio São Francisco Fonte: Freitas, 2002. 22 Tabela 6 – Principais características dos reservatórios hidrelétricos do rio São Francisco UHE Dist. até foz (km) 3 Marias 2220 Sobradinho 800 Itaparica Dist. usinas (km) Área de drenagem (km2) A. de drenagem incremental (km2) Vútil (hm3) Pinstalada (MW) 50560 50560 15278 396 1420 498425 447865 28669 1050 310 490 587000 88575 3548 1500 Moxotó 270 40 599200 12200 226 400 P. A. 1/3 270 0 599200 0 90 1423 P. A. 4 270 0 599200 0 30 2460 Xingó 210 60 608700 9500 5 3000 Fonte: ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2002. Na bacia do rio São Francisco, existem basicamente dois tipos de usinas hidrelétricas – as barragens com reservatório, que se caracterizam pela possibilidade de controlar cheias e regularizar o rio a jusante das mesmas, e as barragens sem reservatório, conhecidas como usinas a fio d’água. Como se pode observar pelo quadro exposto acima, a maior área de drenagem entre 2 usinas hidrelétricas ocorre no trecho entre Três Marias e Sobradinho, portanto, para evitar inundações catastróficas em regiões próximas ao “Velho Chico”, decidiu-se que essas 2 barragens deveriam possuir grandes reservatórios, visando a regularização do rio a jusante e o impedimento da passagem da onda de cheia. As usinas hidrelétricas de Três Marias e Sobradinho regularizam o rio com uma vazão de, respectivamente, 517m3/s e 1.815m3/s (quando somada à regularização de Três Marias). Além de evitar inundações à jusante, essas duas represas também exercem fundamental papel estratégico, pois através da regularização do rio São Francisco, possibilita a geração de energia hidroelétrica, durante todo o ano, nas 23 usinas a jusante de Sobradinho, isto é, Itaparica, Moxotó, Complexo de Paulo Afonso e Xingó. No entanto, cada uma das grandes usinas hidrelétricas do “Velho Chico” operam segundo normas que atendam a certas restrições de vazões e níveis de água, restrições essas que visam garantir, além do suprimento hídrico para atendimento aos diversos usos da água, o controle de cheias para evitar catástrofes em regiões habitadas situadas em sua margem. A Figura 7, além de dar características gerais, ilustra a composição dos principais reservatórios da bacia do São Francisco. Figura 7 – Principais reservatórios hidrelétricos da bacia do rio São Francisco Fonte: ANA,2005 A seguir, caracteriza-se brevemente cada uma das usinas hidrelétricas expostas na Figura acima. 24 2.2.1 Três Marias: Inaugurada em 1952 pela CEMIG - Centrais Elétricas de Minas Gerais S.A., a barragem tem 2.700 metros de comprimento e forma um reservatório de cerca de 21 bilhões de metros cúbicos de água. Situa-se a 2.221 Km acima da foz do rio e foi construída para fins de uso múltiplo das águas de seu reservatório. Usos como produção de energia hidrelétrica, controle de enchentes, irrigação e melhoria das condições de navegabilidade do São Francisco. A usina e seu lago estão localizados na parte central de Minas Geral, pertencente a MRH - 173, compreendendo os municípios de: Felixlândia, Morada Nova de Minas, Biquinhas, Paineiras e Barreiro Grande. Esses municípios situam-se ao redor da represa da hidrelétrica e tiveram parte de suas áreas inundadas. A represa de Três Marias tem papel estratégico importante para a bacia do São Francisco, já que é através de sua operação que o rio ganha força para enfrentar um clima hostil, característico do sertão. Situada a 95 km a montante de Pirapora, onde começa o principal trecho navegável do São Francisco, a barragem de Três Marias retém as enchentes nos períodos chuvosos e garante os níveis mínimos de água para a navegabilidade durante as estiagens. Essa vazão controlada, cujos benefícios vão repercutir até na usina de Paulo Afonso, possibilita ainda o desenvolvimento de irrigação às margens do rio, afastando os efeitos danosos de eventos chuvosos. A hidrelétrica, além de importante função de controle de cheias no rio São Francisco, tem instalada 6 unidades de geração elétrica que somam um total de 396 MW. 25 2.2.2 Sobradinho Inaugurada em 1979 pela CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco, Sobradinho localiza-se na Bahia e constitui-se em um dos projetos hidrelétricos mais importantes executados na bacia do São Francisco, em função de sua capacidade de fazer regularização plurianual do rio São Francisco. A regularização plurianual permite que Sobradinho garanta uma vazão mínima de 2.060 metros cúbicos por segundo e possibilita, assim, a utilização plena dos demais aproveitamentos hidrelétricos, situados a jusante. Os 34,1 bilhões de metros cúbicos de água da represa de Sobradinho inundam uma área de 4.214 Km2, formando o maior lago artificial da América Latina e um dos maiores do mundo. Para fins de ordem de grandeza, o lago ocupa uma área 10 vezes maior do que a Baía de Guanabara - RJ. Para a formação de tão grandioso lago, quatro cidades - Casa Nova, Santo Sé, Remanso e Pilão Arcado – tiveram que ser submersas pelas águas. A hidrelétrica, além de importante função de regularização plurianual do São Francisco, tem instalada 6 unidades de geração elétrica que tem um total de 1050 MW, potência esta que acrescenta cerca de 4 bilhões de KW anuais de energia firme para o Nordeste. 2.2.3 Itaparica (Luiz Gonzaga) Inaugurada em 1988 pela CHESF, Itaparica localiza-se em Pernambuco, mais especificamente a cerca de 10 km a jusante da cidade de Petrolina-PE e constitui-se de barragem de seção mista (terra/enrocamento), associada às estruturas de concreto da casa de máquinas e do vertedouro, com uma extensão total da crista de 4.700 m. O reservatório acumula quase 11 bilhões de m³. A formação do lago inundou áreas da Bahia e Pernambuco, como as cidades de Rodelas (BA), Petrolância e Itacuruba (PE), antes 26 habitadas por 10 mil e 500 famílias que foram reassentadas em 3 cidades e um povoado, em projetos de irrigação que hoje contam com mais de 15.000 hectares em operação. A hidrelétrica, apesar de prever na etapa final de seu projeto final a instalação de 10 unidades geradoras com potência de 250 MW cada uma, possui atualmente somente 6 unidades, somando um total de 1500 MW instalados. A usina de Itaparica estará interligada, através de linhas de 500 KV, com a usina de Sobradinho e com o complexo hidrelétrico de Paulo Afonso, por onde escoará a sua energia para o sistema de transmissão existente. 2.2.4 Moxotó (Apolônio Sales) Inaugurada em 1977 pela CHESF, a usina hidrelétrica de Moxotó localiza-se entre os aproveitamentos de Paulo Afonso e Itaparica, e constitui-se de barragem de terra e enrrocamento, formando um reservatório de regularização pluri-semanal do rio, com o volume de 1,2 bilhões de metros cúbicos, e de uma casa de máquinas com 4 unidades geradoras de 100 MW, perfazendo o total de 400 MW. Integrante do complexo hidrelétrico de Paulo Afonso, Moxotó localiza-se cerca de 3 km a montante da primeira barragem, de modo que a água que aciona suas turbinas, através de queda líquida de 21 metros, aciona também as unidades geradoras das usinas de Paulo Afonso I, II e III, num segundo desnível em cascata. Além disso, através de um canal escavado a partir de sua margem direita, o reservatório de Moxotó fornece água para acionar a Usina de Paulo Afonso IV. Deve-se mencionar o importante papel estratégico do reservatório de Moxoto pois, através de sua água acumulada, permite a operação racional das usinas de Paulo Afonso I, II, III e IV, não restringindo geração de energia por parte das mesmas nem em época de estiagem. 27 2.2.5 Paulo Afonso I, II, III e IV: A história das usinas de Paulo Afonso confunde-se com a história de sua criadora, a CHESF, já que a criação da empresa, em 1948, teve como finalidade imediata a construção da primeira usina de Paulo Afonso. Paulo Afonso I foi implementada para aproveitar eletricamente o potencial hidráulico de um desnível natural de 80 metros do rio São Francisco - a cachoeira de Paulo Afonso. Portanto, em 1948 foram iniciadas as obras do acompanhamento e implementados os estudos técnicos e o projeto para construção de Paulo Afonso I. As obras foram parcialmente concluídas seis anos depois, em setembro de 1954, quando fez-se o fechamento do rio. As duas primeiras unidades geradoras de Paulo Afonso I entraram em operação ainda no final de 1954, passando a produzir energia para o abastecimento das duas principais cidades da região - Recife e Salvador. No mês de outubro do mesmo ano, a obra foi finalmente concluída, com a entrada em funcionamento de sua terceira unidade. Prevendo-se a grande expansão que viria a ocorrer no mercado de energia elétrica regional, provocada principalmente pela própria oferta criada pela usina de Paulo Afonso I, a barragem de Paulo Afonso fora projetada de modo a permitir a ampliação do aproveitamento em condições econômicas extremamente favoráveis, através da construção de mais duas tomadas de água e respectivas casas de máquinas, que mais tarde viriam a ser chamadas de Paulo Afonso II e III . A usina de Paulo Afonso II foi executada dentro da mesma concepção da anterior, porém com maior dimensão, com seis unidades geradoras, totalizando 445 MW. As obras dessa segunda usina começaram em 1955, e as suas duas primeiras máquinas entraram em funcionamento no final de 1961. As demais foram sendo instaladas até o ano de 1967, quando entrou em serviço a sexta e última unidade geradora. 28 Já a terceira usina, Paulo Afonso III, teve o seu projeto aprimorado, avançando-se a tomada d'água em relação às duas outras, obtendo-se, com isso um melhor rendimento de altura e queda. A usina tem potência total instalada de 800 MW e foi iniciada em 1967 e concluída em 1974. As 4 usinas de Paulo Afonso totalizam 3885 MW instalados, e permite o aproveitamento da água oriunda da barragem de Moxotó. 2.2.6 Usina de Xingó A Usina Hidrelétrica Xingó é bastante recente, pois tem como data de início de operação o ano de 1994. Constitui-se de uma das hidrelétricas mais modernas do Brasil e a maior em potência instalada de toda a bacia do São Francisco, já que suas unidades geradoras totalizam 3000 MW instalados. Localizada na divisa dos Estados de Alagoas e Sergipe, a 210 quilômetros da foz, Xingó é a última usina do rio São Francisco. Ela é totalmente automatizada. Através do centro de controle informatizado, são operadas as unidades geradoras da usina e a subestação elevadora de 500 kV. 2.3. Conclusão da caracterização da bacia Aproximadamente 75% das vazões no rio São Francisco são provenientes do seu terço superior (Minas Gerais). Por essa razão, a derivação de água em quantidade significativa em qualquer trecho a montante de Xingó trará impactos relevantes na geração de energia. Sendo o “Velho Chico” o rio mais representativo na geração de energia da região Nordeste do Brasil, e considerando que já houve crise energética no país (em 2001), nada mais lógico do que estudar as conseqüências do projeto de transposição do rio São Francisco nas usinas dessa importante bacia. 29 CAPÍTULO 3 O PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO PARA O NORDESTE SETENTRIONAL 3.1 Detalhes do projeto de transposição do rio São Francisco Este capítulo visa resumir brevemente o atual projeto de integração do rio São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional elaborado pelo Ministério da Integração Nacional. O projeto tem como principal objetivo aumentar a garantia de atendimento hídrico de 45% da população do Nordeste setentrional, o que corresponde a ajudar cerca de 12 milhões de pessoas que atualmente sofrem por viver nesta região hidricamente castigada (Izique, 2005). A situação hídrica da região a ser beneficiada com o projeto é caótica. Segundo a ONU, a mínima disponibilidade hídrica per capita para mantimento de vida sustentável é de 1500 m3/hab.ano e a disponibilidade no Nordeste setentrional é de apenas 450 m3/hab.ano, ou seja, inferior a 1/3 deste mínimo (Silva, 2005). Por possuir cerca de 70% do total de água doce do Nordeste em sua bacia, concentrado principalmente no leito de um rio perene, e pelo fato de se localizar relativamente próximo a região hidricamente problemática, o São Francisco foi escolhido pelo Ministério da Integração Nacional para ser o doador hídrico do projeto de transposição (Gomes, 2005). A transposição consiste, portanto, na integração da bacia do maior rio perene da região Nordeste às bacias dos rios intermitentes de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará (Silva, 2005). 30 O projeto prevê o desvio médio de 2% da vazão disponível no rio São Francisco nos pontos de captação (cerca de 2 bilhões de m3). Esta vazão desviada beneficiará as seguintes bacias: • do rio Jaguaribe, no Ceará; • do rio Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte; • do rio Apodi, no Rio Grande do Norte; • do rio Paraíba, na Paraíba; • dos rios Moxotó, Terra Nova e Brígida, em Pernambuco, na bacia do rio São Francisco. O Ministério da Integração Nacional almeja, com tal transposição, o desenvolvimento social e econômico das regiões beneficiadas. Este desenvolvimento fará com que grande parte dos nordestinos não precisem mais sair de onde moram a procura de melhores condições de vida. Espera-se, também, que grande parte daqueles que já foram para os pólos urbanos e atualmente vivem em condições miseráveis, retornem as suas origens, amenizando assim o problema social urbano (favelização, criminalidade, etc.). Para isso, o projeto implica fornecer água de forma complementar para açudes existentes nesta região, reduzindo assim as diferenças regionais causadas pela oferta desigual da água entre bacias e populações. O projeto consiste em dois sistemas independentes, denominados eixo Norte e eixo Leste, que capta água do rio São Francisco entre as barragens de Sobradinho e Itaparica, no estado de Pernambuco. O eixo Norte tem seu ponto de captação na cidade de Cabrobó e o eixo Leste capta água no próprio reservatório de Itaparica (ANEXO 7). Esses dois eixos são compostos, basicamente por canais, estações de bombeamento de água, pequenos reservatórios (ANEXO 8) e duas pequenas centrais hidrelétricas no eixo 31 Norte. Os eixos objetivam garantir abastecimento de municípios do Semi-Árido, do Agreste Pernambucano e da cidade de Fortaleza. Os eixos levarão a água para os grandes açudes importantes da região: Castanhão (CE), Armando Ribeiro Gonçalves (RN), Entremontes (PE), Pau dos Ferros (RN), Santa Cruz (RN), Chapéu (PE), Poço da Cruz (PE) e Boqueirão (PB). A captação de água pelo projeto de integração se dará de forma intermitente, ou seja, de acordo com as necessidades hídricas das bacias receptoras, capta-se mais ou menos água através dos eixos. No entanto, de acordo com a ANA, a vazão firme disponível para bombeamento, nos dois eixos, a qualquer tempo, foi estipulada em 26,4 m³/s – vazão correspondente à demanda projetada para o ano de 2025, para consumo humano e dessedentação animal na região receptora do projeto. O ANEXO 9 contém os trechos mais relevantes da outorga concedida pela ANA para o projeto de transposição (DOU, 2005). Excepcionalmente, será permitida a captação máxima diária de 114,3 m3/s e instantânea de 127 m3/s. No entanto, para que o projeto possa captar vazões tão elevadas, será necessário que o nível d’água do reservatório de Sobradinho esteja acima do menor valor entre o nível correspondente ao armazenamento de 94% do volume útil e o nível correspondente ao volume de espera para controle de cheias (DOU, 2005). Já contando com tais restrições de derivação, o Ministério da Integração Nacional previu que o projeto terá vazão média de 63,5 m3/s (MI, 2004). A vazão firme do projeto, outorgada pela ANA, é garantida por lei. Segundo a lei 9433 de 1997, a prioridade de alocação hídrica é justamente o consumo humano e a dessedentação animal, antes de qualquer outro uso múltiplo da água. Portanto, deve-se atender este tipo de consumo antes de qualquer outro, inclusive a geração elétrica. 32 Os dois canais condutores de água percorrerão um total de cerca de 720 km, e sua seção transversal é retangular com 25 metros de largura e 5 metros de profundidade. Eles serão revestidos de concreto e, durante o seu percurso, haverá bombas, túneis, aquedutos e pequenos reservatórios; elementos necessários para transportar a água do São Francisco até os açudes receptores (Gomes, 2005). Os canais condutores lançarão água às calhas de alguns rios intermitentes da região para, assim, a água ser conduzida a seus destinos finais. Os canais se ligarão ao rio Salgado, no qual a água percorrerá 60 km; ao rio Jaguaribe, 80 km; ao rio Apodi, 90 km; ao rio Piranhas-Açu, 130 km; ao rio Paraíba, 150 km. A água percorrerá, portanto, 510 km em rios. O eixo Norte transportará um volume médio de 45,2 m³ de água por segundo pelo sistema. Ele levará água para os rios Brígida (PE), Salgado (CE), do Peixe e Piranhas-Açu (PB e RN) e Apodi (RN), garantindo o fornecimento de água para os açudes Chapéu (PE), Entremontes (PE), Castanhão (CE), Engenheiros Ávidos (PB), Pau dos Ferros (RN), Santa Cruz (RN) e Armando Ribeiro Gonçalves (RN). Pela sua extensão, foi dividido em cinco trechos, denominados: Trechos I, II, III, IV e VI (MI, 2004). O eixo Norte é composto por, aproximadamente, 402 km de canais artificiais, 4 estações de bombeamento, 22 aquedutos, 6 túneis e 26 reservatórios de pequeno porte. Nesse eixo, ainda estão previstas duas pequenas centrais hidrelétricas junto aos reservatórios de Jati e Atalho, no Ceará, com, respectivamente, 40 MW e 12 MW de capacidade (Gomes, 2005). O eixo Leste tem cerca de 220 km, e se estende até o rio Paraíba, na Paraíba, tendo vazão média de 18,3 m³/s. Esse Eixo levará água para o açude Poço da Cruz (PE) e para o rio Paraíba, que é responsável pela manutenção dos níveis do açude Epitácio Pessoa (PE), também chamado de Boqueirão. Esse Eixo é chamado também de Trecho V. Compõe-se de 5 estações de bombeamento, 5 aquedutos, 2 túneis e 9 reservatórios de pequeno porte. 33 As diferenças de cota entre os locais de captação de água no rio São Francisco e os pontos receptores, que chegam a 165 m no eixo Norte e a 304 m no eixo Leste, serão vencidas através da utilização de estações de bombeamento. Deve-se frisar que cada um dos eixos serão operados de maneira independente, de acordo com a necessidade hídrica de cada uma das regiões favorecidas por cada um dos eixos. A obra será, portanto, composta por dois eixos, que terão um total de nove estações de bombeamento para superar os desníveis de altitude, 27 aquedutos, 8 túneis e 35 reservatórios de pequeno porte e 2 pequenas centrais hidrelétricas. O projeto de transposição do rio São Francisco para bacias hidrográficas do Nordeste setentrional está estimado em US$ 1,5 bilhão. O eixo Norte está estimado em US$ 1,03 bilhão, e o eixo Leste, em US$ 472 milhões. Após a conclusão do projeto de transposição do São Francisco, espera-se que cesse o maior pulso migratório do país, que corresponde justamente à região do Nordeste Setentrional, cujo motivo principal é, sem sombra de dúvida, a baixíssima disponibilidade per capita de água desta região. 34 CAPÍTULO 4 O SISTEMA DE SUPORTE A DECISÃO (SSD ACQUANET) 4.1. Introdução O SSD AcquaNet é um modelo matemático, baseado na teoria de fluxos em rede, que visa dar suporte a tomada de decisões no gerenciamento de recursos hídricos. Esse modelo matemático foi aperfeiçoado no Laboratório de Sistemas de Suporte a Decisões da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (LabSid / USP) através de algumas mudanças feitas do modelo que o originou – o ModSim - que foi desenvolvido no Colorado State University, nos Estados Unidos, na década de 1980 (LABADIE, 1995). Houve melhoramentos em sua interface gráfica, que era pouco amigável, e em seu sistema de gerenciamento de dados, que passou a ser feita através da criação e utilização de banco de dados no formato Access. O SSD AcquaNet foi desenvolvido, portanto, para ser um sistema amigável, de fácil comunicação usuário - computador, formulação do problema e interpretação dos resultados por ele obtidos. Os próximos itens abordarão detalhes do funcionamento do SSD AcquaNet, desde sua programação até sua interface gráfica. 4.2. A programação do modelo matemático O SSD AcquaNet é um modelo matemático baseado na teoria de fluxos em rede. Uma rede de fluxo é a representação do sistema complexo da bacia através de uma sucessão de arcos (elos) e nós. 35 Os arcos representam os elementos mais dinâmicos da bacia onde ocorrem os fluxos propriamente ditos (rios, canais, dutos, etc.) e correspondem às ligações entre os nós. Os nós representam os elementos mais estáticos da bacia, ou seja, pontos de entrada e saída dos fluxos (reservatórios, demandas, confluências, entre outros). Os fluxos de cada um dos arcos da rede correspondem à quantidade transportada de um determinado produto por unidade de tempo. A Figura 8 ilustra os elementos constituintes de uma rede de fluxo. Figura 8 – Representação de uma rede de fluxo com nós e arcos Através da rede de fluxo montada no próprio modelo matemático ocorre a otimização da rede, ou seja, procura-se através da disponibilidade hídrica e outros dados de entrada do modelo, alocar a água de maneira ótima. O algoritmo utilizado para tal otimização das redes de fluxo elaboradas no SSD AcquaNet prevê que a rede de fluxo desenhada pelo usuário seja pura. Para ser considerada rede de fluxo pura, esta deve apresentar certas características, tais como: possuir limites máximo e mínimo de fluxo em cada um de seus arcos (rede capacitada); não pode haver perdas no nó, ou seja, o fluxo total afluente a um nó é exatamente igual à soma dos fluxos efluentes a este (rede conservativa) e cada arco deve ter associado a si um custo unitário de transporte. Desta forma, a rede de fluxo desenhada no modelo matemático é assim caracterizada: • rede capacitada Ii , j ≤ X i , j ≤ Si , j 36 • rede conservativa ∑X • i, j = ∑ X j, k custo do fluxo no arco (i,j) Ci , j ⋅ X i , j • custo total da rede ∑C i, j ⋅ Xi, j Os parâmetros de rede capacitada – Ii,j e Si,j – são fornecidos como dado de entrada de cada uma das conexões da rede. O Ii,j corresponde a capacidade mínima (m3/s) e o Si,j corresponde a capacidade máxima mensal (m3/s). Os parâmetros de rede conservativa – Xi,j e Xj,k – respectivamente vazões afluentes e efluentes, são fornecidos como dado de entrada através da vazão natural da série histórica de cada um dos nós da rede. O parâmetro do custo do fluxo pelo arco – Ci,j – é fornecido como dado de entrada através da estipulação de prioridades para alocação da água em cada nó de demanda (prioridade para atender uma determinada demanda) e para alocação da água em cada nó reservatório (prioridade para atender determinado volume meta). Os dados de entrada “prioridade de demanda” e “prioridade de volume meta” são valores estipulados pelo usuário e que dependem das características do estudo realizado (política que se pretende adotar), podendo variar de 1 (alocação prioritária) à 99 (alocação menos preferencial). Nota-se que a ligação que sai de determinado nó i para outro nó j que possui alto valor de prioridade (ex: prioridade = 1), deve obrigatoriamente possuir o menor custo unitário de fluxo pelo arco - Ci,j. 37 Para programar esta alocação hídrica baseada em prioridades, adotou-se a precificação unitária dos volumes alocados nos nós. O custo é baseado na seguinte equação: C=10P – 1000 onde: C - custo da alocação (C=-990 para P=1; C=-10 para P=99) P - prioridade (varia de 1 a 99) No caso de déficit hídrico nos reservatórios da bacia, as altas demandas vinculadas a menores prioridades não têm o seu fornecimento hídrico 100% atendidos. Exemplo dessa situação seria no caso em que a prioridade de atingimento do volume meta de um reservatório seja 40, de outra demanda hídrica 50 e haja um arco ligando esses 2 elementos. A demanda só será atendida por este reservatório, total ou parcialmente, se seu volume meta já tenha sido alcançado, pois, nesta situação, é mais importante para a bacia hidrográfica que o reservatório poupe água para atingir seu volume meta do que ceder para atender a esta demanda. O cálculo feito pelo modelo segue a seguinte lógica: Ele calcula os custos de cada alternativa, ou seja, para prioridades 40 (reservatório) e 50 (demanda), os custos serão “Custos reservatório” = -600 e “Custo demanda” = -500. Para minimizar o custo total da rede, o modelo aloca água no reservatório até atingir seu volume meta. Uma vez atingido esse volume meta, água estará sendo cedida para o atendimento da demanda. Se houver depleção do reservatório, a água será novamente alocada no reservatório para que seja atingido o seu volume meta novamente. O AcquaNet, portanto, resolve a rede escrevendo como função objetivo minimizar o custo do transporte do fluxo pelos arcos, sujeitos à manutenção das condições de rede capacitada e conservativa (que são as restrições), ou seja: 38 Função objetivo Min∑ Cij X ij sujeita às seguintes restrições Lij ≤ X ij ≤ U ij ∑X ij = ∑ X jk A formulação acima é facilmente resolvida através de técnicas de programação linear. No caso do SSD AcquaNet, o algoritmo empregado para sua resolução denomina-se Out-ofKilter. O Out-of-Kilter é um algoritmo de programação linear primal-dual que foi desenvolvido na década de 1970 especialmente para a solução eficiente de problemas de minimização de custos em redes de fluxo. Sua forma geral de otimização da rede é a seguinte: Minimizar: m m ∑∑ c i =1 j =1 ij ⋅ x ij sujeita a: m m j =1 j =1 ∑ xij − ∑ x ji = 0, i = 1, ..., m x ij ≥ Lij , i, j = 1, ..., m x ij ≤ U ij , i, j = 1, ..., m onde: cij - custo do transporte de uma unidade de fluxo através do arco ij 39 xij - quantidade de fluxo que passa pelo arco ij Lij - capacidade mínima do arco ij Uij - capacidade máxima do arco ij O desenvolvimento do algorítmo Out-of-Kilter pode ser obtida nas referências bibliográficas desta dissertação (PORTO, 2005 & CLAUSEN, 1968). 4.3 Passos para resolução de problemas utilizando o SSD AcquaNet 4.3.1 O desenho da rede de fluxo O primeiro passo para resolver o problema através do AcquaNet consiste na elaboração da rede de fluxo, ou seja, o desenho da topologia da bacia em estudo no modelo matemático. Esse desenho pode ser feito de maneira bastante simples, utilizando apenas o mouse e uma série de ícones que representam os elementos de uma bacia hidrográfica, que são: reservatórios, canais, nós de passagem, demandas hídricas, etc. A Figura 9 ilustra a tela principal do módulo base do SSD AcquaNet, e a Figura 10, os botões de construção e edição do traçado da rede, a ser feita na tela principal do módulo base e estão localizados em seu canto superior esquerdo (vide novamente Figura 9). Os botões são utilizados, observando-os da esquerda para a direita, para criar nó de passagem, criar reservatório, criar demanda, criar arco, apagar elementos, mover elementos e marcar/desmarcar elementos. 40 Figura 9 –Tela principal do módulo base Fonte: Porto, 2002 Figura 10 – Botões para construção/edição do traçado principal do módulo base Fonte: Porto, 2002 Utilizando os botões da Figura 10, é possível montar redes com um grande número de reservatórios, demandas, nós de passagem e arcos, representando o problema em estudo. 4.3.2 Configurando as Definições Gerais As definições gerais são informações que servirão de base para a entrada de dados, o cálculo e os resultados a serem gerados pelo modelo. Ao clicar no botão de sigla DG - Figura 11, localizado também na tela principal do módulo base (vide Figura 9), surgirá a tela de definições gerais. 41 Figura 11 – Botão de definições gerais Fonte: Porto, 2002 Nesta tela, deve-se fornecer as seguintes informações ao modelo matemático: tolerância dos volumes, tolerância das demandas, o tipo de Simulação (Simulação Contínua – para efetuação de cálculos seqüenciais no tempo - ou Planejamento Tático - para análises estatísticas de longo prazo), e a Opção de Cálculo (Estados Hidrológicos ou Calibração). Na Figura 12 é mostrada a tela de definições gerais quando as opções escolhidas são Simulação Contínua e Calibração. Figura 12 –Tela de definições gerais Fonte: Porto et al, 2005 A presente dissertação rodará o modelo matemático utilizando como tipo de simulação e opção de cálculo, respectivamente, Simulação Contínua e Calibração. 42 4.3.3 Escolha do módulo secundário no SSD AcquaNet O AcquaNet constitui-se de um módulo base e de 5 módulos secundários. Os módulos secundários são escolhidos em função do objetivo do estudo, e podem ser: (1) módulo de alocação de água, (2) de avaliação da qualidade da água, (3) de alocação de água para irrigação, (4) de produção de energia elétrica, e (5) de valores econômicos de decisões de alocação. O módulo base é responsável pelo traçado, leitura, salvação dos projetos, comunicação entre os diferentes módulos secundários e definição do módulo secundário ativo. Os módulos secundários utilizam um algoritmo de fluxos em rede para a solução dos problemas e funcionam de forma independente. O sistema dispõe de um banco de dados que armazena os dados de entrada dos modelos, assim como os resultados gerados por eles. Esse banco é parte fundamental em todo o processo de comunicação entre o módulo base e os outros módulos. O ANEXO 10 apresenta um esquema da arquitetura do AcquaNet e contém um resumo das funcionalidades de seus módulos de análise. Apesar de o SSD AcquaNet possuir 5 módulos secundários, somente será aqui detalhado o módulo produção de energia, já que todas as operações de resolução do problema, objeto da dissertação, são realizadas utilizando somente esse módulo secundário. 4.3.3.1 O módulo produção de energia O principal objetivo deste módulo secundário é simular a produção de energia firme desejada proveniente das descargas dos reservatórios, considerando a análise dos múltiplos usos da água. O esquema e o funcionamento de uma usina hidrelétrica está ilustrado na Figura 13. 43 Figura 13 – Esquema de funcionamento de uma usina hidrelétrica Fonte: Roberto, 2002 O cálculo dos resultados nesse módulo é feito considerando a demanda de energia (vazão turbinada) com uma dada prioridade. A partir do valor de potência a ser gerada em dado mês, é calculada a vazão média a ser turbinada. O cálculo, neste módulo secundário, é realizado através da equação de potência e restrições operacionais da usina expostos abaixo. Deve-se notar que R’ é a vazão turbinada e R’’é a vazão do vertedouro da barragem. A descarga total é então (R’+R”). Outra observação importante é que a carga hidráulica média em um mês é H = (Hi – Hf)/2 P(MW ) = 9.81 × 10 3 × η × (H − H T ) × R ′ Hi − H f P(MW ) = 9.81 × 10 3 × η × − HT 2 Restrições operacionais da usina × R′ Limites da vazão turbinada: ′ ≤ R′ ≤ Rmax ′ × ID Rmin 44 Potência máxima: onde: P ≤ Pinst × ID R’min e R’max – Turbinagem mínima e máxima das máquinas (m3/s) Pinst – Potência instalada da usina (MW) ID – Índice de disponibilidade (potência média disponível no mês descontadas as horas paradas para manutenção) Portanto, os dados de entrada necessários para rodar o programa no módulo “energia” são: Tabela cota x volume do reservatório Tabela cota x vazão do canal de fuga a jusante do reservatório Tabela queda x vazão máxima turbinada (m3/s) Engolimento mínimo (m3/s) Índice de disponibilidade das máquinas Potência instalada (MW) Potência a ser gerada (MW) e prioridade para a geração 4.3.4 Os dados de entrada requeridos pelo modelo matemático Para inserir os dados de entrada em qualquer elemento da rede, basta clicar com o botão dois do mouse sobre ele. Irá surgir uma tela com todos os dados necessários ao elemento escolhido. Uma parte da tela de dados de um reservatório é mostrada na Figura 14. 45 Figura 14 –Tela para entrada/edição de dados de um reservatório Fonte: Porto, 2002 Os dados necessários para rodar o modelo matemático no módulo energia são os mesmos necessários no módulo alocação, com acréscimo de alguns dados caso o reservatório seja definido como usina hidroelétrica. A representação das usinas na rede AcquaNet está ilustrado na Figura 15 e seu quadro de definição na Figura 16. Figura 15 – Representação das usinas hidroelétricas Fonte: Porto, 2002 46 Figura 16 – Quadro para definir se o reservatório é ou não uma usina hidroelétrica Fonte: Porto, 2002 Caso o reservatório seja definido como usina hidrelétrica, a tela para entrada/edição de dados de um reservatório aumentará consideravelmente (vide Figura 18 e compare-a com Figura 14), pois além de todos os dados referentes ao módulo alocação, deve-se prover informações sobre: prioridade da geração e potência mensal desejada (como demonstrado na Figura 17), e dados de geração (potência total instalada, número de turbinas, rendimento do conjunto turbina-gerador, índice de disponibilidade, engolimento mínimo para a turbina, curva de engolimento máximo da turbina em tabela queda por engolimento máximo, e finalmente, curva-chave de jusante). Figura 17 – Valores da prioridade da geração e da potência mensal desejada Fonte: Porto et al, 2005 47 Figura 18 – Tela de dados de um reservatório no módulo de energia Fonte: Porto et al, 2005 4.3.5 A efetuação do Cálculo e obtenção dos resultados Para o módulo de alocação efetuar os cálculos basta clicar no menu "Calcular" ou no botão respectivo (vide Figura 19). Ao fazer isto, o módulo de alocação iniciará os cálculos, apresentando uma tela que indica o andamento do processo. Ao final dos cálculos, o módulo de alocação está pronto para apresentar os resultados. Figura 19 – Botão para acionar o cálculo Fonte: Porto et al, 2002 Para acessar os resultados, que vêm em forma de planilhas ou gráficos, basta clicar no menu "Resultados" ou no botão respectivo (Figura 20). 48 Figura 20 – Botão de resultados Fonte: Porto et al, 2002 4.3.5.1 Resultados da Simulação Contínua Os resultados da Simulação Contínua são escolhidos através da tela mostrada na Figura 21, na qual o usuário define os elementos e os resultados que deseja visualizar. Isto torna o processo mais eficiente, já que somente os resultados escolhidos pelo usuário serão lidos do banco de dados. Neste módulo, todos os resultados podem ser mostrados individualmente ou como sistema (todos os elementos de um mesmo tipo são mostrados como se fossem um único). Para isto basta ativar/desativar a opção "Resultados do Sistema" existente no canto inferior direito da tela mostrada na Figura 21. Finalmente, o resumo dos resultados, além de ser apresentado em planilha, também pode ser apresentado em formato gráfico, conforme mostrado na Figura 22. Como a presente tese não visa focar-se na explicação detalhada de todos os recursos do modelo matemático, caso haja interesse de conhecer melhor os tipos de simulação e as opções de cálculo, pode-se consultar tanto o Manual do Usuário como o livro “Métodos Numéricos em Recursos Hídricos 6” (PORTO, 2005). 49 Figura 21 – Tela para escolha dos resultados na Simulação Contínua Fonte: Porto, 2002 Figura 22 – Resumo dos resultados em formato gráfico Fonte: Porto, 2002 50 CAPÍTULO 5 O ESTUDO DOS IMPACTOS NA GERAÇÃO HIDRELÉTRICA DEVIDO À TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO 5.1 Introdução Este capítulo visa, através de dados da bacia hidrográfica e das usinas hidrelétricas nela situadas (descritos no capítulo 2), do entendimento do recente projeto de transposição proposto pelo Ministério da Integração Nacional (descrito no capítulo 3), e da compreensão do modelo matemático que será utilizado (capítulo 4), determinar os impactos energéticos nas usinas hidrelétricas localizadas na calha do rio São Francisco que virão a ocorrer nos primeiros 5 anos de operação do projeto de transposição de águas deste rio, considerando seu início de operação janeiro de 2006. Para estudar esses impactos energéticos, foram criados 10 casos que simulam 10 situações de transposição do São Francisco e um caso, denominado referência, em que não se considera qualquer transposição hídrica. O caso referência foi utilizado como base comparativa para os demais casos. Os 11 casos de transposição variam entre si de acordo com a quantidade hídrica demandada para a transposição. Os casos foram assim estipulados: • Caso Referência – Demanda de transposição nula, ou seja, não há qualquer impacto na geração de energia devido à transposição; 51 • Caso 1 - Demanda de transposição equivalente a 10% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição. É o caso mais brando a ser analisado no estudo, ou seja, é o que haverá menor impacto na geração de energia devido à transposição; • Caso 2 - Demanda de transposição equivalente a 20% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; • Caso 3 - Demanda de transposição equivalente a 30% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; • Caso 4 - Demanda de transposição equivalente a 40% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; • Caso 5 - Demanda de transposição equivalente a 50% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; • Caso 6 - Demanda de transposição equivalente a 60% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; • Caso 7 - Demanda de transposição equivalente a 70% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; • Caso 8 - Demanda de transposição equivalente a 80% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; 52 • Caso 9 - Demanda de transposição equivalente a 90% da vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição; • Caso 10 - Demanda de transposição equivalente a vazão diária máxima autorizada na outorga da transposição. É o caso em que maiores impactos na geração hidrelétrica são sentidos devido a transposição do rio São Francisco. Para a montagem dos casos de transposição, utilizou-se como parâmetro o valor da vazão máxima diária para a transposição permitida pela outorga da Agência Nacional de Águas, que foi estipulada em 114,3 m3/s (DOU, 2005). A percentagem deste valor (função do caso de transposição) foi dividida pelos eixos Norte e Leste considerando o seguinte critério: Qmáx,transposição = Qmáx,eixo norte + Qmáx,eixo leste = 114,3 m3/s Segundo o Relatório dos Impactos sobre o Meio Ambiente do projeto (RIMA), a vazão média de cada um dos eixos do projeto de transposição é: Qméd,eixo norte = 42,4 m3/s e Qméd,eixo leste = 21,1 m3/s Qméd,transposição = Qméd,eixo norte + Qméd,eixo leste = 42,4 + 21,1 = 63,5 m3/s Portanto, por analogia, para obter Qmáx,eixo norte e Qmáx,eixo leste fez-se regra de três simples: Qmáx,transposição = 114,3 m3/s ------------ X% Qméd,transposição = 63,5 m3/s ------------- 100% X = 180 % 53 Portanto: Qmáx,eixo norte = X . Qméd,eixo norte = 1,8 . 42,4 = 76,32 m3/s Qmáx,eixo leste = X . Qméd,eixo leste = 1,8 . 21,1 = 37,98 m3/s Estes valores de Qmáx,eixo norte = 76,32 m3/s e Qmáx,eixo leste = 37,98 m3/s serão utilizados como dados de entrada para a demanda de transposição no caso 10 do modelo matemático. Para os demais casos, basta realizar as respectivas percentagens destes valores. Portanto: • Caso 1 – Demanda de transposição é equivalente a 10% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 7,362 m3/s e 3,798 m3/s; • Caso 2 – Demanda de transposição é equivalente a 20% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 15,264 m3/s e 7,596 m3/s; • Caso 3 – Demanda de transposição é equivalente a 30% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 22,896 m3/s e 11,394 m3/s; • Caso 4 – Demanda de transposição é equivalente a 40% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 30,528 m3/s e 15,192 m3/s; • Caso 5 – Demanda de transposição é equivalente a 50% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 38,16 m3/s e 18,99 m3/s; 54 • Caso 6 – Demanda de transposição é equivalente a 60% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 45,792 m3/s e 22,789 m3/s; • Caso 7 – Demanda de transposição é equivalente a 70% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 53,424 m3/s e 26,586 m3/s; • Caso 8 – Demanda de transposição é equivalente a 80% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 61,056 m3/s e 30,384 m3/s; • Caso 9 – Demanda de transposição é equivalente a 90% da vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 68,688 m3/s e 34,182 m3/s; • Caso 10 – Demanda de transposição é equivalente à vazão diária máxima, ou seja, demandas dos Eixos Norte e Leste, respectivamente, 76,32 m3/s e 37,98 m3/s. Deve-se observar que para que utilizássemos estes valores no modelo matemático e estivéssemos obedecendo as normas de outorga estabelecidas pela ANA, seria necessário que o reservatório de Sobradinho estivesse, em todos os meses da simulação, com nível d’água mínimo correspondente ao armazenamento de 94% de seu volume útil. Essa restrição foi colocada no modelo para não permitir que haja qualquer transposição não autorizada na outorga concedida pela ANA. O capítulo divide-se em 3 itens. O primeiro consistirá na exposição dos dados de entrada do modelo, o segundo, a seqüência de procedimentos realizados para rodar o modelo e obter os resultados desejados, e finalmente, o terceiro, mostrará os resultados obtidos pelo SSD AcquaNet. 55 5.2 Dados de entrada do modelo matemático Os dados de entrada requeridos para rodar o modelo no módulo geração de energia dividem-se basicamente em quatro tipos: dados de reservatórios, dados de demandas, dados de usinas hidrelétricas e dados de prioridades de atendimento. 5.2.1 Dados de reservatórios requeridos pelo modelo Volume Máximo, Volume Mínimo e Volume Inicial Estes dados correspondem aos limites de armazenamento inferior e superior dos reservatórios das Usinas Hidrelétricas (UHEs), volume mínimo e máximo respectivamente. O volume inicial corresponde ao volume armazenado em cada um dos reservatórios em 31/12/2005 (ONS). Tabela 7 – Volume Máximo, Volume Mínimo e Volume Inicial UHEs / Volumes Vmáx (Mm3) Vmín (Mm3) Vinicial (Mm3) TRÊS MARIAS SOBRADINHO ITAPARICA PAM Xingó 19528 34116 10782 1373 3800 4250 5447 7234 1373 3800 15632 24710 8955 1373 3800 Como as UHEs PAM e Xingó operam a fio d’água e não têm função de contenção de cheias, considerou-se como Volume inicial, respectivamente 1373 e 3800 Mm3. 56 Tabela Cota vs. Área vs. Volume As tabelas Cota vs Área vs. Volume são obtidas através do uso dos polinômios característicos de cada um dos reservatórios simulados. Tabela 8 – Polinômio Cota vs. Volume. 3 Marias a0 5,30E+02 a1 6,08E-03 a2 -4,84E-07 a3 2,20E-11 a4 -3,85E-16 Sobradinho 3,74E+02 1,40E-03 -5,35E-08 1,16E-12 -9,55E-18 Itaparica 2,76E+02 6,76E-03 -8,87E-07 7,07E-11 -2,24E-15 PAM Xingó 2,52E+02 1,38E+02 Fonte: SIPOT,2001 Tabela 9 – Polinômio Área vs. Cota 3 Marias a0 1,21E+07 a1 -8,93E+04 a2 2,48E+02 a3 -3,06E-01 a4 1,42E-04 Sobradinho -5,04E+05 4,91E+03 -8,97E+00 -1,89E-02 4,65E-05 Itaparica -2,00E+05 1,82E+03 -4,44E+00 -1,92E-03 1,29E-05 PAM Xingó 2,13E+02 6,00E+01 Fonte: SIPOT,2001 Estes polinômios característicos dos reservatórios do rio São Francisco associam características físicas proporcionais através de uma equação polinomial. O polinômio cota vs. volume, por exemplo, permite que, através de dados de volume de um determinado reservatório, obtenha-se a cota referente a esse volume. O modelo matemático requer, como dado de entrada, valores que completem uma tabela cota-área-volume. Para obtermos a referida tabela, fez-se: 57 (1) Interpolou-se 3 valores entre o volume máximo e mínimo de cada um dos reservatórios estudados. Fica-se então com 5 valores de volumes para completar a tabela - os valores máximos e mínimos e os outros 3 valores interpolados. (2) Calculou-se, através do polinômio cota vs. volume, a cota correspondente a cada um dos volumes a serem analisados. Analisando o caso do reservatório de 3 Marias, por exemplo, através de seu polinômio cota/volume, montou-se a seguinte equação característica: Z = 5,3. 102 . V0 + 6,08. 10-3.V1 – 4,84. 10-7.V2 + 2,20 10-11.V3 – 3,85. 10-16.V4 Para o caso de V = Vmín = 4250 Mm3, tem-se: Z = 5,3. 102 + 6,08. 10-3. 4250 – 4,84. 10-7.42502 + 2,20 10-11.42503 – 3,85. 10-16.42504 Z = 548.985 m Com as cotas referentes a cada um dos volumes, entra-se no polinômio área/cota e monta-se a seguinte equação característica: A = 1,21. 107 . Z0 – 8,93. 104.Z1 + 2,48. 102 .Z2 - 3,06 10-1 .Z3 + 1,42. 10-4.Z4 Para o caso de Z = Zmín = 548.985 m, tem-se: A = 1,21. 107 – 8,93. 104. 548.985 + 2,48. 102. 548.9852 - 3,06 10-1. 548.9853 + 1,42. 10-4. 548.9854 A = 187.122 km2 58 Portanto, seguindo este exemplo para todos os volumes interpolados, obtém-se a tabela cota vs. Área vs. Volume para 3 Marias. Obedecendo a mesma seqüência de etapas, obtem-se a tabela para as outras usinas hidrelétricas do sistema – Sobradinho, Itaparica, PAM e Xingó. Tabela 10 – Tabela Cota vs. Área vs. Volume para as UHEs localizadas no rio São Francisco UHE 3 Marias Cota (m) Área (km2) Volume (Mm3) 548.985 187.122 4.250.000 557.817 373.467 8.069.500 563.554 530.263 11.889.000 568.429 697.018 15.708.500 572.711 877.454 19.528.000 UHE Sobradinho Volume Cota (m) Área (km2) (Mm3) 380.376 1.128.752 5.447.000 385.359 2.007.893 12.614.250 388.352 2.787.032 19.781.500 390.541 3.482.549 26.948.750 392.510 4.201.749 34.116.000 UHE Itaparica Cota (m) Área (km2) Volume (Mm3) 298.963 606.899 7.234.000 300.375 660.537 8.121.000 301.703 714.031 9.008.000 302.923 765.897 9.895.000 303.976 812.882 10.782.000 UHE PAM Cota (m) Área (km2) Volume (Mm3) 251.500 213.000 1.373.000 UHE Xingó Cota (m) Área (km2) Volume (Mm3) 138.000 60.000 3.800.000 Fonte: ONS, 2006 59 Vazões naturais aos reservatórios das hidrelétricas Vazões naturais a um reservatório é a contribuição longitudinal que a bacia hidrográfica fornece aos rios que afluirão para um reservatório. É o equivalente a vazão afluente total àquele reservatório subtraído da vazão efluente do reservatório de montante. As vazões naturais futuras de cada uma das hidrelétricas do rio São Francisco referentes aos anos de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 foram obtidas através da utilização de dois modelos matemáticos desenvolvidos pelo CEPEL. Estes modelos são constantemente utilizados pelo Operador Nacional do Sistema - ONS para a otimização da operação do Sistema Interligado Nacional – SIN. Ambos os modelos têm como dados de entrada a série histórica de vazões naturais a cada um dos reservatórios do São Francisco (dados históricos do O.N.S., que vão desde Janeiro de 1931 até Dezembro 2005). Através de cálculos estatísticos, estes modelos conseguem expandir a rede para o futuro. Para o estudo da presente tese, o ano de 2006, de Janeiro a Dezembro, foi obtido pelo modelo matemático Previvazm, pois este consegue expandir a série histórica por até 1 ano e, para a previsão dos demais anos (2007 a 2010), utilizou-se o modelo Gevazp, que tem capacidade de expandir a série histórica por até 5 anos. Tabela 11 – Vazões naturais aos reservatórios UHE 3Marias 3M 3M 3M 3M Sobradinho Sobr Sobr Sobr Sobr Itaparica Itap Ano 2006 2007 2008 2009 2010 2006 2007 2008 2009 2010 2006 2007 Jan 1805 1688 1411 1846 703 5823 5732 5703 5440 3563 5610 5865 Fev 1498 1519 803 1956 698,9 5129 6874 4691 5445 3256 5251 7103 Mar 1182 958,6 802,6 1670 563,5 5832 5195 3413 6660 2080 5866 5481 Abr 832 329 514 1001 581 3689 2208 2446 4691 2654 3949 2342 Mai 453 391 300 426 331 2252 3130 1704 1606 1943 2412 3238 Jun 331 271 212 269 206 1509 1606 1215 1290 1143 1351 1628 Jul 271 260 211 261 187 1334 1408 1165 1228 960 1353 1422 Ago 233 196 174 233 155 1160 1120 1001 1141 791 1190 1136 Set 223 144 164 224 179 1141 970 957 1102 971 1045 994 Out 306 244 132 219 252 1197 1149 841 1045 1058 1181 1173 Nov 587 306 641 295 535 1897 1633 1527 1764 2147 1814 1671 Dez 1088 772 1643 871 707 3461 2740 4083 3599 3624 3395 2812 60 Itap Itap Itap PAM PAM PAM PAM PAM Xingó Xingó Xingó Xingó Xingó 2008 2009 2010 2006 2007 2008 2009 2010 2006 2007 2008 2009 2010 5842 5555 3656 5610 5865 5842 5555 3656 5584 5865 5842 5555 3656 4854 5593 3364 5251 7103 4854 5593 3364 5338 7103 4854 5593 3364 3587 6994 2180 5866 5481 3587 6994 2180 5825 5481 3587 6994 2180 2583 1759 1231 1177 4953 1652 1307 1239 2802 2006 1158 969 3949 2412 1351 1353 2342 3238 1628 1422 2583 1759 1231 1177 4953 1652 1307 1239 2802 2006 1158 969 4035 2651 1471 1392 2342 3238 1628 1422 2583 1759 1231 1177 4953 1652 1307 1239 2802 2006 1158 969 Fonte: ONS, 2006 1015 1156 802 1190 1136 1015 1156 802 1224 1136 1015 1156 802 981 1127 994 1045 994 981 1127 994 1153 994 981 1127 994 860 1067 1079 1181 1173 860 1067 1079 1180 1173 860 1067 1079 1551 1806 2192 1814 1671 1551 1806 2192 1785 1671 1551 1806 2192 4167 3697 3727 3395 2812 4167 3697 3727 3362 2812 4167 3697 3727 Taxa de evaporação nos reservatórios das hidrelétricas É a velocidade pela qual a água armazenada nos reservatórios evapora. Neste estudo de caso, esses dados são bastante relevantes, porque a região analisada por esta dissertação apresenta as maiores taxas de evaporação do país. Tabela 12 – Evaporação líquida (mm/mês) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TOTAL 3 Marias Sobradinho Itaparica PAM 2 118 140 140 0 106 109 109 22 81 81 81 40 132 105 105 51 153 109 109 55 142 101 101 50 158 123 123 42 181 158 158 57 197 180 180 48 189 195 195 23 114 158 158 29 98 152 152 419 1669 1611 1611 Fonte: ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2002 Xingó 140 109 81 105 109 101 123 158 180 195 158 152 1611 61 Volumes Meta Corresponde a uma tabela que indica o volume que o tomador de decisão tem como meta em cada um dos reservatórios nos diversos meses de análise. Os volumes meta estipulados, neste estudo, foram, para cada um dos reservatórios, de janeiro de 2006 a dezembro de 2010, em relação a seu respectivo volume máximo: • Vmeta, 3 Marias = 0,8 (usina para geração e contenção de cheias) • Vmeta,Sobradinho = 0,94 (Volume mínimo exigido em outorga para haver transposição) • Vmeta,Itaparica = 0,8 (usina para geração e contenção de cheias) • Vmeta,PAM = 1,0 (usina que funciona a fio d`água) • Vmeta,Xingó = 1,0 (usina que funciona a fio d`água) 5.2.2 Dados de demandas requeridos pelo modelo A série das demandas hídricas futuras de cada um dos reservatórios foi calculado pela CHESF. Para fazê-la, a empresa utilizou-se de dados reais de demandas hídricas de diversos setores consumidores de água do período de 1931 a 2004, e expandiu esta rede até 2010. As planilhas originais fornecidas pela CHESF tinham dados temporais referentes à demanda rural, urbana, de irrigação, de dessedentação de animais e industrial. Cada uma dessas demandas possuía dados de retirada e retorno de água ao sistema. Para obter o consumo total daquela demanda não retornável ao sistema, efetuou-se, em planilha Excel, a diferença entre retirada e retorno hídricos. Somaram-se todos os consumos totais dos 5 setores de demanda em cada um dos reservatórios para, finalmente, obter o total demandado em cada um dos reservatórios da rede. As tabelas utilizadas como dados de entrada para cada um dos reservatórios, derivadas das planilhas da CHESF, são as seguintes: 62 Tabela 13 – Demandas consuntivas dos reservatórios Demanda total de 3 Marias Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2006 4,94 9,593 6,291 11,061 7,443 9,601 9,282 8,26 9,329 5,773 4,326 4,201 2007 5,006 9,753 6,384 11,25 7,56 9,76 9,435 8,392 9,483 5,855 4,38 4,253 2008 5,073 9,915 6,479 11,443 7,678 9,923 9,591 8,528 9,64 5,94 4,435 4,305 2009 5,142 10,081 6,576 11,639 7,799 10,089 9,751 8,666 9,8 6,026 4,491 4,359 2010 5,213 10,25 6,675 11,839 7,923 10,258 9,913 8,807 9,964 6,114 4,548 4,413 Demanda total de Sobradinho Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2006 49,58 64,29 33,92 75,47 74,55 81,36 76,45 88,33 93,63 49,98 20,51 19,65 2007 50,48 65,48 34,51 76,89 75,95 82,89 77,89 90 95,41 50,89 20,83 19,95 2008 51,4 66,7 35,11 78,34 77,37 84,46 79,36 91,71 97,23 51,82 21,16 20,26 2009 52,34 67,94 35,72 79,81 78,83 86,06 80,86 93,46 99,09 52,76 21,49 20,58 2010 53,29 69,21 36,35 81,32 80,32 87,69 82,39 95,24 100,98 53,73 21,83 20,9 Demanda total de Itaparica Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2006 99,53 104,27 49,69 118,15 118,31 117,09 117,92 139,59 154,64 111,68 83,17 56,06 2007 101,41 106,25 50,57 120,4 120,57 119,33 120,17 142,27 157,62 113,8 84,72 57,07 2008 103,33 108,26 51,48 122,7 122,87 121,61 122,47 145,01 160,67 115,97 86,31 58,1 2009 105,29 110,32 52,4 125,05 125,22 123,93 124,81 147,8 163,77 118,19 87,93 59,16 2010 107,29 112,42 53,34 127,45 127,62 126,31 127,2 150,65 166,94 120,45 89,58 60,24 Demanda total de PAM Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2006 203,51 212,38 101,06 240,24 240,32 236,57 238,15 282,52 314,04 227,88 171,41 115,29 2007 207,36 216,41 102,86 244,83 244,91 241,08 242,69 287,95 320,1 232,21 174,62 117,38 2008 211,29 220,52 104,7 249,5 249,59 245,68 247,33 293,49 326,28 236,64 177,89 119,51 2009 215,29 224,71 106,58 254,27 254,36 250,38 252,06 299,14 332,59 241,15 181,23 121,68 2010 219,38 228,99 108,49 259,14 259,23 255,17 256,88 304,91 339,02 245,76 184,64 123,9 Demanda total de Xingó Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2006 102,08 106,51 50,76 120,42 120,44 118,47 119,28 141,45 157,29 114,24 86,08 57,91 2007 104,01 108,53 51,66 122,72 122,73 120,73 121,55 144,16 160,32 116,41 87,69 58,96 2008 105,98 110,59 52,58 125,06 125,08 123,03 123,87 146,94 163,42 118,63 89,33 60,03 2009 107,99 112,69 53,52 127,45 127,47 125,38 126,24 149,77 166,58 120,9 91,01 61,12 2010 110,04 114,83 54,49 129,89 129,91 127,78 128,65 152,65 169,8 123,2 92,72 62,24 Fonte: CHESF, 2005 63 Existe uma outra demanda na foz do rio São Francisco determinada pelo órgão ambiental IBAMA que exige uma vazão perene mínima na foz do rio. Esta vazão é necessária e visa a manutenção ecológica da área e foi estipulada em 1300 m3/s. Finalmente, há a demanda hídrica da transposição. Como dito e explicado no início deste capítulo, consideram-se casos de transposição em que essa demanda varia desde 100% da vazão média outorgada pela ANA (o que resulta em 76,32 m3/s para o eixo norte e 37,98 m3/s para o eixo leste) até 10 % desta vazão (o que resulta em 7,632 m3/s para o eixo norte e 3,798 m3/s para o eixo leste). Tabela 14 – Demanda hídrica dos diversos casos de transposição em cada um dos eixos do projeto Casos Demanda Eixo Norte 3 (m /s) Demanda Eixo Leste 3 (m /s) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 7,632 15,264 22,896 30,528 38,16 45,792 53,424 61,056 68,688 76,32 3,798 7,596 11,394 15,192 18,99 22,788 26,586 30,384 34,182 37,98 5.2.3 Dados de usinas hidrelétricas requeridos pelo modelo Tabela 15 - Potência instalada das UHEs do rio São Francisco Aproveitamento TRÊS MARIAS SOBRADINHO ITAPARICA MOXOTÓ P.AFONSO1/3 P.AFONSO4 XINGÓ Potência Instalada (MW) 396 1050 1500 400 1423 2460 3000 Fonte: ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2002. 64 Deve-se notar que a potência de PAM será a soma de Moxoto, Paulo Afonso 1/3 e Paulo Afonso 4, logo a tabela fornecida como dado de entrada é: Tabela 16 – Potência total instalada Aproveitamento Potência Instalada (MW) TRÊS MARIAS SOBRADINHO ITAPARICA PAM XINGÓ 396 1050 1500 4283 3000 Rendimento do conjunto turbina-gerador Corresponde a eficiência das máquinas responsáveis por gerar energia em uma hidrelétrica. É dado pelo produto do rendimento da turbina e gerador elétrico. Tabela 17 – Rendimento turbina-gerador (%) UHE UHE 3 Marias UHE Sobradinho UHE Itaparica UHE PAM UHE Xingó Rendimento turbina-gerador (%) 87.3 92 91 92.1 93 Fonte: SIPOT, 2001. 65 Índice de disponibilidade Corresponde a porcentagem de tempo em que as turbinas de uma hidrelétrica estão em operação. Temos os seguintes valores: Tabela 18 – Índice de disponibilidade UHE UHE 3 Marias UHE Sobradinho UHE Itaparica UHE PAM UHE Xingó ID 0.894 0.894 0.849 0.86 0.86 Fonte: ONS, 2006. Potência desejada nas UHEs do São Francisco Para o cálculo da potência desejada em cada uma das usinas a serem analisadas, fez-se a seguinte operação: Pdesejada = Pinstalada *ηturbina, gerador * ID Realizando o cálculo acima em planilha Excel, obteve-se as seguintes potências desejadas: Tabela 19 – Rendimento, Índice de Disponibilidade e Potência desejada Rendimento (%) Índice de Disponib. Pdesejada (MW) TRÊS MARIAS 87,3 0,894 309,1 SOBRADINHO ITAPARICA PAM XINGÓ 92 0,894 863,6 91 0,849 1158,9 92,1 0,86 3392,4 93 0,86 2399,4 66 Número de turbinas Corresponde ao número total de turbinas presentes fisicamente em uma hidrelétrica, não interessando se ela está sendo utilizada como reserva ou se ela só gera em determinados períodos. Tabela 20 - Número total de turbinas UHE UHE 3 Marias UHE Sobradinho UHE Itaparica UHE PAM UHE Xingó ID 6 6 6 23 6 Fonte: ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2002. Tabela de engolimento máximo da turbina Tabela 21 - Polinômio engolimento máximo vs. queda UHE ao a1 a2 3 Marias 3,74E+02 9,12E+00 Sobradinho 1,73E+03 7,81E+01 Itaparica 1,46E+03 2,98E+01 PAM 1,96E+03 1,80E+01 Xingó 1,28E+03 1,11E+01 a3 a4 Fonte: ONS, 2006. Os cálculos para a construção desta tabela são efetuados da mesma forma que para a elaboração da Tabela Cota vs. Área vs. Volume, explicados no início deste capítulo. Utilizando o polinômio engolimento máximo vs. queda, obtêm-se os seguintes dados de entrada: 67 3 Marias Tabela 22 – Queda vs. Queda (m) Engolimento máximo (m3/s) 0 373.90 15 510.66 30 647.43 45 784.19 60 920.95 engolimento máximo Sobradinho Queda (m) 0 Engolimento máximo (m3/s) 1727.11 8 2351.55 16 24 32 2975.99 3600.42 4224.86 Itaparica Queda (m) 0 15 30 45 60 Engolimento máximo (m3/s) 1462.72 1909.38 2356.04 2802.69 3249.35 PAM Queda (m) 0 30 60 90 120 Engolimento máximo (m3/s) 1955.59 2496.35 3037.12 3577.89 4118.66 Queda (m) 0 35 70 105 140 Engolimento máximo (m3/s) 1278.51 1666.96 2055.42 2443.87 2832.33 Xingó 68 Tabela Curva-chave de jusante Tabela 23 – Polinômio Cota de jusante vs. Vazão de jusante UHE ao a1 a2 a3 a4 3 Marias 5,15E+02 1,61E-03 -2,55E-07 2,89E-11 -1,18E-15 Sobradinho 3,60E+02 1,96E-03 -2,97E-07 2,51E-11 -7,70E-16 Itaparica 2,52E+02 PAM 1,29E+02 2,08E-03 -5,27E-08 6,66E-11 2,23E-17 Xingó 1,95E+01 Fonte: ONS, 2006. Aplicando as equações polinomiais, tem-se: Tabela 24 – Cota de Jusante vs. vazão de jusante das UHEs do rio São Francisco 3 Marias Cota de Jusante (m) 514.66 Vazão de jusante (m3/s) 0 515.00 225 516.00 970 516.26 1200 517.01 1950 Sobradinho Cota de Jusante (m) Vazão de jusante (m3/s) 359.65 0 360.08 225 361.30 970 361.62 1200 362.53 1950 Itaparica Cota de Jusante (m) Vazão de jusante (m3/s) 251.50 0 251.50 225 251.50 970 251.50 251.50 1200 1950 PAM 69 Cota de Jusante (m) 129.04 Vazão de jusante (m3/s) 0 129.51 225 131.01 131.46 132.90 970 1200 1950 Xingó Cota de Jusante (m) Vazão de jusante (m3/s) 19.50 19.50 19.50 19.50 19.50 0 225 970 1200 1950 5.2.4 Dados de prioridades de atendimento requeridos pelo modelo Como mencionado anteriormente, o estudo da presente tese conta com a modelagem de dez situações ou casos de transposição e um caso referência, em que não há transposição. Este último servirá para comparação de resultados dos outros casos, obtendo assim os impactos na geração nas usinas hidrelétricas devido à transposição. Sabendo-se que o menor número de prioridade indica o uso hídrico que será primeiramente atendido, para o caso referência, sem transposição, considerou-se a seguinte hierarquia de atendimento às demandas hídricas: Tabela 25 – Prioridades do Caso Referência Caso Referência Dem. Ambiental Demandas Tots Volume meta Geração Prioridades 1 2 3 4 Para os demais casos em que se modelou a transposição, casos em que há demanda por transferência hídrica, em maior ou menor quantidade, consideraram-se a seguinte hierarquia de atendimento aos usos da água: 70 Tabela 26 – Prioridades dos diversos casos de transposição Casos 1 ao 10 Dem. Ambiental Demandas Tots Volume meta Eixo Norte Eixo Leste Geração Prioridades 1 2 3 4 4 5 Observa-se pela seqüência de atendimento aos usos da água, mostrada na tabela acima, que a prioridade maior é o cumprimento da norma ambiental (demanda na foz de 1300 m3/s), seguido das diversas demandas hídricas da própria bacia, do atendimento de volumes meta dos reservatórios, da transposição (eixos norte e leste), e finalmente, da geração de energia elétrica nas usinas hidrelétricas. A seqüência de prioridades Demandas totais nos reservatórios - Volume Meta – Transposição - Geração não é mero acaso. Considerou-se que antes de qualquer coisa, a água deve ser garantida e utilizada pelos membros da própria bacia do São Francisco sendo, portanto, o suprimento hídrico aos usuários da própria bacia e o atingimento do Volume meta prioritários à Transposição. Inclusive a própria outorga concedida pela ANA versa sobre o assunto ao mencionar que a transposição só poderá ocorrer se Sobradinho estiver com 94% de seu volume útil cheio. A geração de energia elétrica foi considerada menos prioritária que a transposição, porque somente assim poder-se-ia obter os impactos energéticos devido à transposição. 5.3 - Trabalhando com o SSD AcquaNet Todos os dados de entrada foram colocados no modelo matemático e, assim, os dez casos de transposição e o caso referência pôde ser rodado. A configuração da rede montada no modelo matemático está exposto abaixo: 71 Figura 17 – Configuração da rede montada no AcquaNet para os diversos casos de transposição Para cada um dos 10 casos de transposição e para o caso sem transposição, foi feito um projeto. Todos estes projetos em arquivos distintos, mas com a configuração idêntica à figura de acima. Entre os casos de transposição, muda somente as demandas requeridas pela transposição. Entre os casos de transposição e o caso referência, a diferença se dá no fato de que a demanda pela transposição deste último é igual a zero, sendo, portanto esta demanda livre de impactos sobre os outros usos. Após rodar os 11 arquivos referentes aos 11 casos, utilizou-se uma ferramenta do modelo matemático chamado “Análise e Comparação”. Esta ferramenta permitiu fazer a comparação entre os dez casos de transposição e o caso referência – sem transposição – e assim obter os impactos energéticos que as usinas hidrelétricas do “Velho Chico” sofreram com cada um dos casos de transposição estudados. 72 5.4 – Resultados obtidos Após o modelo expor os resultados da simulação para os 11 casos a serem analisados, transferiu-se todos os resultados destes casos referentes à potência gerada (MW) para o Excel com o intuito de construir gráficos e, assim, melhor compreender os resultados. O ANEXO 11 apresenta os resultados obtidos do modelo já arrumados na planilha Excel. Os primeiros gráficos a serem obtidos foram os de potência gerada em cada uma das usinas hidrelétricas, totalizando 5 gráficos distintos, com os valores de potência do caso 1, caso 5 e caso 10 (vide início deste capítulo) pelos meses de simulação, totalizando 60 meses (de Janeiro 2006 a Dezembro 2010). Somando a potência gerada de todos os meses, em cada uma das usinas, em todos os casos, obteve-se 5 resultados de potência gerada para cada caso (um resultado para cada usina em cada um dos casos). Para obter os impactos energéticos para cada um dos casos, somou-se esses 5 resultados ditos anteriormente. Com esses números altamente representativos, pôde-se construir uma importante tabela resumo e seu gráfico derivado. Tabela 27 – Resultado do modelo matemático: Perda de potência com os diversos casos de transposição Sem Transposição Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Caso 9 Caso 10 Perda de Potência das UHEs em 5 anos 0 445,726 916,788 1400,312 2182,633 2684,213 3186,032 3914,671 6275,384 7031,802 7508,001 73 Figura 18 – Resultado do modelo matemático: Perda hidro-energética com os 10 casos de transposição Impactos na geração das UHEs do rio S. Francisco pela transposição em 5 anos 7508,001 8000 7000 7031,802 Pperdida - MW 6000 6275,384 5000 4000 2684,213 3000 3186,032 3914,671 2182,633 2000 1000 445,726 916,788 1400,312 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Casos de transposição Impactos na geração em 5 anos De acordo com a Figura 18, nota-se que a mesma pode ser dividida em 4 partes, de acordo com a relação “crescimento da potência perdida e aumento de vazão demandada pelo projeto de transposição”. Na primeira parte do gráfico, representada por uma linha, composta por segmentos retilíneos, que liga o caso 1 ao caso 7, há pequena perda adicional com o crescimento da demanda de transposição. Nela, observa-se linha ascendente com pequena inclinação, ou seja, pouca potência é perdida quando se aumenta a demanda de transposição de 10% para até 70% da vazão máxima diária permitida pela outorga (DOU,2005). A segunda parte do gráfico é a mais crítica do estudo por apresentar comportamento exponencial na relação “crescimento da potência perdida por aumento da demanda de transposição”. Nesse trecho do gráfico, o efeito do aumento da demanda de transposição de 70% para 80% da vazão máxima do projeto acarreta os maiores impactos na geração elétrica. Para se ter, portanto, um aumento de 10% na demanda de transposição, perde-se cerca de 2361 MW de geração, potência essa diluída em 5 anos de operação das usinas. 74 A terceira parte do gráfico representa a região de transição do comportamento exponencial da região anterior para novamente um comportamento linear, conforme o primeiro trecho do gráfico. Corresponde um segmento linear que liga os casos 8 a 9, respectivamente, 80% e 90% da vazão máxima diária concedida ao projeto de transposição. A quarta e última parte do gráfico evidencia novamente um comportamento linear, representando os efeitos do aumento da demanda de transposição de 90% para 100% da vazão máxima diária concedida ao projeto de transposição. Nota-se, claramente, a semelhança do comportamento desse trecho com o trecho da primeira parte do gráfico. Em ambos os trechos, há comportamento linear com pequeno coeficiente angular. Os resultados ora analisados mostram que, no pior dos casos de transposição (caso em que a demanda perene equivale ao valor máximo de vazão diária permitida na outorga da ANA) haverá um impacto de aproximadamente 7508 MW em 5 anos de operação. Esta quantidade de energia equivale à usina de Xingó (potência instalada de 3000 MW) operando com toda a plena potência instalada durante 2 meses e meio. A vazão permitida pela ANA para o projeto de transposição em qualquer tempo – 26,4 m3/s – levaria a um impacto energético de aproximadamente 1078 MW em 5 anos, equivalendo à usina de Xingó operando à carga total durante 11 dias. Já a vazão média calculada pelo Ministério da Integração Nacional em ambos os eixos – 63,5 m3/s – causaria um impacto energético de aproximadamente 2900 MW em 5 anos, equivalendo à usina de Xingó operando à carga total durante 29 dias. No entanto, para uma análise definitiva sobre os impactos da transposição na geração hidrelétrica no rio São Francisco, deve-se incluir também no cálculo o consumo energético das bombas que necessárias para elevar a água dos pontos de captação até as regiões a serem beneficiadas pelo projeto. Grandes alturas vão ter que ser vencidas (eixo Norte, 165m, e eixo Leste, 304m). Logo, esse impacto energético não deve ser desprezado. 75 CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Os impactos energéticos devidos à transposição variam bastante com o aumento ou diminuição da vazão a ser transposta, como é mostrado no item 5.4 dessa dissertação. O modelo é limitado principalmente por sua rigidez em relação à alocação hídrica com as prioridades. Essa limitação ocorre porque as prioridades estão relacionadas a um custo de elo (mencionado no Capítulo 4). Lembra-se que, para maior clareza no entendimento do que se está expondo, pelas definições do modelo para custos de elo, quanto maior o número indicativo da prioridade, menor é esta prioridade. Assim, prioridade igual a 1 é prioridade maior de atendimento do que prioridade igual a 5. Este modelo matemático, baseado em prioridades rígidas, faz com que haja variações bruscas mês a mês no nível das águas dos reservatórios da rede (há meses de enchimento, visando atingir o volume meta, e meses em que o reservatório libera água normalmente para todos os usos da bacia) fazendo com que as alocações consuntivas e de geração também sofram com essas variações e se comportem de maneira semelhante. Recomenda-se a introdução de lógica Fuzzi para tornar o AcquaNet um modelo mais flexível e que melhor simule a realidade (flexibilidade de atendimento às demandas de acordo com as prioridades). A lógica Fuzzi fará com que o modelo matemático aloque a água de acordo com prioridades menos rígidas de atendimento aos diversos usos da bacia. Uma outra observação que pode ser feita em relação ao modelo matemático utilizado é que, na minimização de custos (critério adotado pelo modelo AcquaNet) pode ocorrer que, em certos meses de enchimento de reservatórios, algumas demandas da bacia sequer sejam parcialmente atendidas. 76 É importante salientar que a filosofia do modelo AcquaNet é robusta, embora tenha algumas limitações que poderiam ser amenizadas através de futuras pesquisas. Deve-se realçar que, para uma conclusão definitiva sobre a viabilidade da transposição das águas do rio São Francisco, é necessário complementar o presente trabalho com outros estudos sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos devido a esse mega-projeto. 77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • ANDRADE, Renata. “Da transposição das águas do Rio São Francisco à revitalização da bacia: as várias visões de um rio”. Fundação Joaquim Nabuco, Agosto, 2002. Disponível no site < http://www.fundaj.gov.br/docs/tropico/desat/renata_andrade.html> • ANA - Agência Nacional de Águas. Panorama nacional dos recursos hídricos, <http://www.ana.gov.br/pnrh/DOCUMENTOS/5Textos/4PanoramaNacional04_04_03.pdf>, 2005. • ANA/GEF/PNUMA/OEA. Projeto de gerenciamento integrado das atividades desenvolvidas em terra na bacia do São Francisco, Subprojeto 4.4-Determinação de subsídios para procedimentos operacionais dos principais reservatórios da bacia do São Francisco – Resumo executivo do relatório final. 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Oxford University Press, Oxford, 1998. 80 ANEXO 1: Mapa da bacia do rio São Francisco (fonte: ANA) 81 ANEXO 2: Mapa com informações de precipitação média na bacia do rio São Francisco (fonte: ANA, 2004) Fonte: PROJETO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM TERRA NA BACIA DO SÃO FRANCISCO, ANA/GEF/PNUMA/OEA Subprojeto 4.5C – Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco -PBHSF (2004-2013) Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF – Nº 01 DISPONIBILIDADE HÍDRICA QUANTITATIVA E USOS CONSUNTIVOS Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos, Bolivar Antunes Matos, José Luiz Gomes Zoby Abril de 2004 82 ANEXO 3: Mapa da bacia do São Francisco com principais postos pluviométricos (fonte: ANA) 83 ANEXO 4: Mapa da bacia do São Francisco com dados de disponibilidade hídrica (fonte: ANA) 84 ANEXO 5: Mapa da bacia do São Francisco detalhando suas principais hidrelétricas (fonte: ANA) 85 ANEXO 6: Usinas pertencentes à bacia do rio São Francisco (fonte: CHESF) Usina Alto Fêmeas I Benfica Britos Cachoeira Bento Lopes Cachoeira do Rosário Cachoeira Velonorte Cajurú Caquende Catumbi Cor. João de Cerqueira Lima Dorneles Gafanhoto João de Deus Luiz Gonzaga (Itaparica) Marzagão Mata Velha Moxotó (Apolônio Sales) Pacífico Mascarenhas Pandeiros Paraúna Paulo Afonso I Paulo Afonso II Paulo Afonso III Paulo Afonso IV Presidente Goulart Queimado Rio de Pedras Rio de Pedras Salto do Paraopeba Samburá Sítio Grande Sobradinho Três Marias Unaí Baixo Xingó Pot.(MW) 10.65 1 0.68 1.4 1.6 0.16 7.2 0.95 14 1.15 1.2 14 1.55 1500 2.02 24 440 3.04 4.2 4.28 180 480 864 2460 8 105 9.28 9.28 2.46 0.8 25 1050 396 21 3000 P total das UHEs da bacia P total no rio S.F. P total fora do rio S.F. 10643.9 10370 273.9 UF BA MG MG MG MG MG MG MG BA MG MG MG MG PE MG MG AL MG MG MG BA BA BA BA BA GO MG MG MG MG BA BA MG MG SE Nome Rio RIO DAS FEMEAS RIO SÃO JOAO RIO SÃO JOAO RIO PARA RIO SAO JOAO RIBEIRAO DOS MACACOS RIO PARA RIO MACAUBAS RIO CARINHANHA RIO SAO JOAO RIO PARA RIO PARA RIO LAMBARI RIO SAO FRANCISCO RIBEIRAO ARRUDAS RIO PRETO RIO SAO FRANCISCO RIO PARAUNINHA RIO PANDEIROS RIO PARAUNA RIO SAO FRANCISCO RIO SAO FRANCISCO RIO SAO FRANCISCO RIO SAO FRANCISCO RIO CORRENTINA RIO PRETO RIO DAS VELHAS RIO DAS VELHAS RIO PARAOPEBA RIO SAMBURA RIO DAS FEMEAS RIO SAO FRANCISCO RIO SAO FRANCISCO RIO PRETO RIO SAO FRANCISCO A. drenag. (km2) 5767 1657.95 2230 346 4648 4 555 2540 1500 591465 200 4209 603683 258 3800 1790 603683 603683 603683 603683 3880 3710 564 564 0 6150 498425 50600 4771 608722 86 ANEXO 7: Mapas do projeto de transposição do rio São Francisco (fonte: MI, 2004) 87 ANEXO 8: Detalhes do projeto de transposição do rio São Francisco (fonte: Gomes, 2005) Esquema das Obras Típicas Bombas Canal Reservatório Aqueduto Açude Galeria Túnel Captação Seção do Canal 25 5m 88 ANEXO 8: Principais trechos da outorga de transposição do rio São Francisco (fonte: DOU, 2005) AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - RESOLUÇÃO No- 411, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005. O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 16, inciso XVII, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução no 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA COLEGIADA, em sua 10ª Reunião Extraordinária, realizada em 22 de setembro de 2005, com fundamento no art. 12, inciso V, da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000, e tendo em vista o que consta no processo no 02501.000006/2001-51, resolveu: Art. 1o Outorgar ao Ministério da Integração Nacional o direito de uso de recursos hídricos do Rio São Francisco, para a execução do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, nas seguintes condições: I - coordenadas geográficas do ponto de captação do eixo norte: 8º 32' 43,32” de latitude sul e 39º 27' 19,86” de longitude oeste; II - coordenadas geográficas do ponto de captação do eixo leste: 8º 48' 34,72” de latitude sul e 38º 24' 23,62” de longitude oeste; III - vazão firme disponível para bombeamento, nos dois eixos, a qualquer tempo, de 26,4 m³/s, correspondente à demanda projetada para o ano de 2025 para consumo humano e dessedentação animal na região; e IV - excepcionalmente, será permitida a captação da vazão máxima diária de 114,3 m3/s e instantânea de 127 m3/s, quando o nível de água do Reservatório de Sobradinho estiver acima do menor valor entre: a) nível correspondente ao armazenamento de 94% do volume útil; e b)nível correspondente ao volume de espera para controle de cheias. Parágrafo único. Enquanto a demanda real for inferior a 26,4 m3/s, o empreendimento poderá atender, com essa vazão, o uso múltiplo dos recursos hídricos na região receptora. Art. 2o A repartição das vazões bombeadas do Rio São Francisco entre os setores usuários e os Estados beneficiados e as tarifas de cobrança pelo serviço de adução de água bruta serão definidas no Plano de Gestão Anual, que será elaborado pelo Conselho Gestor, por meio da Entidade Operadora Federal. Parágrafo único. Para a sua eficácia, o Plano de Gestão Anual deverá ser aprovado pela ANA. Art. 3o Esta outorga tem prazo de validade de vinte anos, contado a partir da data de publicação desta Resolução, podendo ser renovada, por igual período, mediante solicitação do Ministério da Integração Nacional. 89 ANEXO 10: Esquema do SSD AcquaNet (fonte: Porto et al, 2005) 90 ANEXO 11: Tabela de resultados em planilhas Excel. Tabela referente ao Caso Referência – Sem transposição jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,096 309,097 309,104 309,104 28,896 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,109 309,101 309,091 309,104 28,746 25,391 309,104 309,098 309,092 309,099 309,103 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,693 25,346 27,216 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 Referência -- Sem transposição Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,662 1158,011 3392,007 61,171 1158,011 3386,849 61,542 746,479 2678,409 55,416 1158,011 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,575 1154,643 3392,007 54,517 1158,007 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,248 1157,981 3392,007 55,283 1158,01 3392,002 58,872 1158,011 3392,007 60,936 1158,011 2744,65 61,542 738,473 2664,637 37,829 1158,011 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 59,585 1158,011 3392,007 54,659 1158,007 3392,007 863,007 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,398 1158,011 3392,007 57,921 1158,01 3392,002 61,542 1158,011 3392,007 61,542 772,382 2725,112 38,749 730,269 2650,593 37,377 140,166 1288,117 48,664 1158,01 3392,002 59,731 1158,007 3392,007 863,007 1158,012 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1606,318 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 91 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 309,103 309,094 309,098 309,104 28,683 28,857 26,611 309,098 309,101 309,099 309,092 309,098 309,1 309,104 309,098 25,083 26,12 25,173 28,801 309,098 309,095 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 1158,011 910,438 844,475 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,007 1158,01 1158,011 1158,01 820,257 124,8 713,416 838,403 1158,01 1158,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 863,001 57,221 61,422 61,542 61,542 61,542 48,43 59,044 54,044 863,004 863,011 55,248 54,681 58,455 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,168 53,945 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14878,267 64118,673 191918,348 17042,89 135567,804 Soma Total dos Casos 423525,982 Variação de Potência 0 Tabela referente ao Caso 1 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,105 309,106 309,104 309,104 28,904 309,104 309,098 309,096 Caso 1 - 10% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,687 1158,011 3392,007 61,183 1131,474 3386,849 61,542 715,76 2678,409 55,416 1158,011 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,587 1154,563 3392,007 54,517 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 92 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 309,098 309,103 309,094 309,1 309,102 309,101 309,104 28,754 25,398 309,104 309,098 309,101 309,108 309,103 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,7 25,353 27,223 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,691 28,864 26,618 309,098 309,101 309,099 309,092 309,102 309,104 309,104 309,098 25,09 26,128 25,18 28,808 309,098 1158,008 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 1158,011 1131,474 707,753 1131,474 1158,01 1158,011 1158,007 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 1131,474 741,66 699,55 135,102 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 1131,474 879,719 813,753 1158,01 1157,96 1157,968 1157,966 1158,005 1158,01 1158,011 1131,47 789,535 119,736 682,696 807,681 1158,01 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2744,65 2664,637 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2725,112 2650,593 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 863,004 863,011 863,004 55,248 55,28 58,898 60,948 61,542 37,829 61,542 59,597 54,659 863,007 863,011 863,004 55,389 57,936 61,542 61,542 38,749 37,377 48,664 59,743 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,233 61,434 61,542 61,542 61,542 48,43 59,056 54,047 863,004 863,011 55,248 54,708 58,467 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,18 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1606,318 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 93 dez/10 309,095 1157,96 3392,007 53,948 2399,001 Soma 14878,408 63672,599 191918,348 17043,097 135567,804 Soma Total dos Casos 423080,256 Variação de Potência -445,726 Tabela referente ao Caso 2 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,095 309,097 309,104 309,104 28,911 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,11 309,102 309,092 309,104 28,761 25,405 309,104 309,098 309,11 309,099 309,103 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,707 Caso 2 - 20% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,712 1158,011 3392,007 61,195 1100,742 3386,849 61,542 685,03 2678,409 55,416 1158,011 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,599 1154,482 3392,007 54,517 1158,009 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,248 1158,011 3392,007 55,273 1158,01 3392,002 58,925 1158,011 3392,007 60,96 1100,742 2744,65 61,542 677,023 2664,637 37,829 1100,742 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 59,609 1158,011 3392,007 54,659 1158,007 3392,007 863,007 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,38 1158,011 3392,007 57,952 1158,01 3392,002 61,542 1100,742 3392,007 61,542 710,928 2725,112 38,749 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 94 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 25,36 27,23 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,699 28,872 26,625 309,098 309,101 309,099 309,092 309,105 309,108 309,104 309,098 25,096 26,136 25,186 28,816 309,098 309,095 668,82 130,037 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 1100,742 848,989 783,021 1158,01 1157,914 1157,919 1157,927 1158,014 1158,01 1158,011 1100,74 758,802 114,671 651,966 776,949 1158,01 1157,914 2650,593 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 37,377 48,664 59,755 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,245 61,446 61,542 61,542 61,542 48,43 59,068 54,051 863,004 863,011 55,248 54,735 58,479 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,192 53,951 1606,318 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14878,49 63201,249 191918,348 17043,303 135567,804 Soma Total dos Casos 422609,194 Variação de Potência -916,788 Tabela referente ao Caso 3 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,104 Caso 3 - 30% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 95 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 309,107 309,104 309,104 28,919 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,101 309,102 309,101 309,104 28,769 25,411 309,104 309,098 309,1 309,108 309,103 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,714 25,367 27,237 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,707 28,88 26,632 309,098 309,101 309,099 309,092 309,109 309,093 1158,01 1158,011 1070,02 654,3 1145,455 1158,01 1154,402 1158,01 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 1158,011 1070,02 646,293 1070,02 1158,01 1158,011 1158,007 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 1070,02 680,205 638,09 124,974 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 1070,02 818,259 752,299 1158,01 1157,868 1157,867 1157,884 1158,012 1158,01 3392,002 3392,007 3386,849 2678,409 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2744,65 2664,637 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2725,112 2650,593 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 59,736 61,207 61,542 55,416 61,542 58,612 54,517 863,004 863,011 863,004 55,248 55,264 58,952 60,972 61,542 37,829 61,542 59,621 54,659 863,007 863,011 863,004 55,371 57,966 61,542 61,542 38,749 37,377 48,664 59,768 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,257 61,458 61,542 61,542 61,542 48,43 59,08 54,054 863,004 863,011 55,248 54,761 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1606,318 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 96 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 309,104 309,098 25,103 26,144 25,193 28,824 309,098 309,095 1158,011 1070,01 728,08 109,608 621,236 746,227 1158,01 1157,868 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 58,491 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,204 53,955 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14878,593 62717,42 191918,348 17043,505 135567,804 Soma Total dos Casos 422125,67 Variação de Potência -1400,312 Tabela referente ao Caso 4 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,095 309,097 309,104 309,104 28,927 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,092 309,102 309,092 309,104 28,777 25,418 309,104 309,098 309,109 309,099 Caso 4 - 40% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,761 1158,011 3392,007 61,22 1039,287 3386,849 61,542 623,57 2678,409 55,416 1114,723 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,624 1154,322 3392,007 54,517 1158,01 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,248 1158,011 3392,007 55,255 1158,01 3392,002 58,98 1158,011 3392,007 60,984 1039,287 2744,65 61,542 615,563 2664,637 37,829 1039,287 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 59,633 1158,011 3392,007 54,659 1158,007 3392,007 863,007 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 97 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 309,103 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,721 25,373 27,244 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,714 28,888 26,639 309,098 309,101 309,099 309,092 309,094 309,097 309,104 28,619 25,11 26,152 25,2 28,832 309,098 309,095 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 1039,287 649,473 607,36 119,908 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 1039,287 787,529 721,566 1158,01 1157,822 1157,826 1157,841 1158,011 1158,01 1158,011 1039,28 697,348 104,543 590,507 715,494 1158,01 1157,822 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2725,112 2650,593 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 863,011 863,004 55,362 57,981 61,542 61,542 38,749 37,377 48,664 59,78 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,269 61,471 61,542 61,542 61,542 48,43 59,092 54,057 863,004 863,011 55,248 54,788 58,503 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,216 53,958 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1606,318 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14598,161 62215,326 191918,348 17043,71 135567,804 Soma Total dos Casos 421343,349 Variação de Potência -2182,633 98 Tabela referente ao Caso 5 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,104 309,107 309,104 309,104 28,935 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,102 309,103 309,102 309,104 28,785 25,425 309,104 309,098 309,1 309,108 309,103 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,728 25,38 27,252 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 Caso 5 - 50% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,786 1158,011 3392,007 61,232 1008,565 3386,849 61,542 592,85 2678,409 55,416 1084,001 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,636 1154,242 3392,007 54,517 1158,011 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,248 1158,011 3392,007 55,245 1158,01 3392,002 59,008 1158,011 3392,007 60,996 1008,565 2744,65 61,542 584,844 2664,637 37,829 1008,565 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 59,645 1158,011 3392,007 54,659 1158,007 3392,007 863,007 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,353 1158,011 3392,007 57,997 1158,01 3392,002 61,542 1008,565 3392,007 61,542 618,751 2725,112 38,749 576,64 2650,593 37,377 114,845 1288,117 48,664 1158,01 3392,002 59,792 1158,007 3392,007 863,007 1158,012 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 57,281 1158,01 3392,002 61,483 1158,011 3392,007 61,542 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1606,318 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 99 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 28,722 28,895 26,647 309,098 309,101 309,099 309,092 309,097 309,101 309,104 28,627 25,116 26,16 25,206 28,839 309,098 309,095 1008,565 756,809 690,844 1158,01 1157,776 1157,774 1157,798 1158,009 1158,01 1158,011 1008,56 666,626 99,479 559,787 684,772 1158,01 1157,776 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 61,542 61,542 48,43 59,104 54,061 863,004 863,011 55,248 54,815 58,515 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,228 53,961 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14598,311 61713,392 191918,348 17043,914 135567,804 Soma Total dos Casos 420841,769 Variação de Potência -2684,213 Tabela referente ao Caso 6 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,095 309,097 309,104 309,104 28,942 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,093 Caso 6 - 60% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,81 1158,011 3392,007 61,244 977,833 3386,849 61,542 562,12 2678,409 55,416 1053,268 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,648 1154,162 3392,007 54,517 1158,012 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,248 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 100 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 309,103 309,093 309,104 28,792 25,432 309,104 309,098 309,109 309,096 309,1 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,735 25,387 27,259 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,73 28,903 26,654 309,098 309,101 309,099 309,092 309,101 309,105 309,104 28,634 25,123 26,168 25,213 28,847 309,098 309,095 1158,011 1158,01 1158,011 977,833 554,114 977,833 1158,01 1158,011 1158,007 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 977,833 588,018 545,91 109,78 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 977,833 726,079 660,112 1158,01 1157,729 1157,733 1157,756 1158,008 1158,01 1158,011 977,83 635,893 94,414 529,057 654,04 1158,01 1157,729 3392,007 3392,002 3392,007 2744,65 2664,637 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2725,112 2650,593 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 55,236 59,036 61,009 61,542 37,829 61,542 59,658 54,659 863,007 863,011 863,004 55,344 58,011 61,542 61,542 38,749 37,377 48,664 59,804 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,293 61,495 61,542 61,542 61,542 48,43 59,117 54,064 863,004 863,011 55,248 54,841 58,527 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,24 53,965 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1606,318 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14598,378 61211,302 191918,348 17044,118 135567,804 101 Soma Total dos Casos 420339,95 Variação de Potência -3186,032 Tabela referente ao Caso 7 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,104 309,107 309,104 309,104 28,95 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,103 309,103 309,103 309,104 28,8 25,438 309,104 309,098 309,099 309,096 309,091 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,741 25,394 27,266 309,098 309,094 Caso 7 - 70% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,835 1158,011 3392,007 61,256 947,11 3386,849 61,542 531,391 2678,409 55,416 1022,546 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,66 1154,081 3392,007 54,517 1158,012 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,248 1158,011 3392,007 55,227 1158,01 3392,002 59,063 1158,011 3392,007 61,021 947,11 2744,65 61,542 523,384 2664,637 37,829 947,11 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 59,67 1158,011 3392,007 54,659 1158,007 3392,007 863,007 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,335 1158,011 3392,007 58,027 1158,01 3392,002 61,542 947,11 3392,007 61,542 557,296 2725,112 38,749 515,18 2650,593 37,377 104,716 1288,117 48,664 1158,01 3392,002 59,816 1158,007 3392,007 863,007 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1379,338 900,72 2399,002 2399,001 102 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,738 28,911 26,661 309,098 309,101 309,099 309,092 309,104 309,109 309,104 28,642 25,13 26,176 25,22 28,855 309,098 309,095 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 947,11 695,349 629,39 1158,01 1157,683 1157,691 1157,713 1158,006 1158,01 1158,011 947,1 605,171 89,351 498,327 623,317 1158,01 1157,683 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,305 61,507 61,542 61,542 61,542 48,43 59,129 54,067 863,004 863,011 55,248 54,868 58,539 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,252 53,968 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14598,508 60709,31 191918,348 17044,321 135340,824 Soma Total dos Casos 419611,311 Variação de Potência -3914,671 Tabela referente ao Caso 8 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,095 309,098 309,104 309,104 28,958 Caso 8 - 80% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,86 1158,011 3392,007 61,268 916,388 3386,849 61,542 500,661 2678,409 55,416 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 103 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,094 309,104 309,094 309,104 28,808 25,445 309,104 309,098 309,108 309,095 309,102 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,748 25,4 27,273 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,745 28,919 26,668 309,098 309,101 309,099 309,092 309,107 309,094 309,104 28,65 25,137 26,184 991,824 1158,01 1154,001 1158,013 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 1158,011 916,388 492,654 916,388 1158,01 1158,011 1158,007 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 916,388 526,574 79,844 99,653 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 916,388 664,619 598,667 1158,01 1157,637 1157,64 1157,681 1158,005 1158,01 1158,011 916,37 574,449 84,287 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2744,65 2664,637 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2725,112 1196,192 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 61,542 58,672 54,517 863,004 863,011 863,004 55,248 55,217 59,091 61,033 61,542 37,829 61,542 59,682 54,659 863,007 863,011 863,004 55,326 58,042 61,542 61,542 38,749 37,377 48,664 59,828 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,317 61,519 61,542 61,542 61,542 48,43 59,141 54,071 863,004 863,011 55,248 54,895 58,551 61,542 41,066 37,872 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1379,338 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 104 set/10 out/10 nov/10 dez/10 25,226 28,863 309,098 309,095 467,597 592,595 1158,01 1157,637 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 36,445 56,489 57,264 53,971 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14598,582 59802,72 190463,947 17044,524 135340,8 Soma Total dos Casos 417250,598 Variação de Potência -6275,384 Tabela referente ao Caso 9 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 3M 309,098 309,103 309,094 309,103 309,104 309,107 309,104 28,622 28,966 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,104 309,104 309,104 309,104 28,816 25,452 309,104 309,098 309,099 309,095 309,093 309,094 309,094 309,103 Caso 9 - 90% Qmáx Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,012 3392,002 863,001 1158,007 3392,007 55,248 1158,01 3392,002 59,884 1158,011 3392,007 61,28 885,666 3386,849 61,542 469,941 2678,409 55,416 961,102 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 58,684 1153,921 3392,007 54,517 1158,014 3392,007 863,004 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,248 1158,011 3392,007 55,208 1158,01 3392,002 59,119 1158,011 3392,007 61,045 885,666 2744,65 61,542 461,934 2664,637 37,829 885,666 3392,007 61,542 1158,01 3392,002 59,694 1158,011 3392,007 54,659 1158,007 3392,007 863,007 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 1158,01 3392,002 55,317 1158,011 3392,007 58,058 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 105 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 309,098 309,104 25,755 25,407 27,28 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,753 28,927 26,675 309,098 309,101 309,099 309,092 309,093 309,098 309,104 28,658 25,143 26,192 25,233 28,871 309,098 309,095 1158,01 885,666 495,852 74,781 94,589 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 885,666 633,9 567,945 1158,01 1157,591 1157,598 1157,638 1158,013 1158,01 1158,011 885,651 543,727 79,224 436,878 561,873 1158,01 1157,591 3392,002 3392,007 2725,112 1196,192 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 61,542 61,542 38,749 37,377 48,664 59,84 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,329 61,531 61,542 61,542 61,542 48,43 59,153 54,074 863,004 863,011 55,248 54,922 58,563 61,542 41,066 37,872 36,445 56,489 57,277 53,975 2399,002 2257,555 1885,562 1379,338 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 Soma 14318,214 59326,466 190463,947 17044,729 135340,824 Soma Total dos Casos 416494,18 Variação de Potência -7031,802 Tabela referente ao Caso 10 jan/06 fev/06 mar/06 3M 309,098 309,103 309,094 Caso 10 - Qmáx transposição Itaparica PAM Sobradinho 1158,012 3392,007 863 1158,013 3392,001 863,011 1158,012 3392,007 863,004 Xingó 2399,001 2399,004 2399,001 106 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 309,103 309,094 309,098 309,104 28,629 28,974 309,104 309,098 309,096 309,098 309,103 309,094 309,095 309,104 309,095 309,104 28,823 25,459 309,104 309,098 309,108 309,094 309,104 309,094 309,094 309,103 309,098 309,104 25,762 25,414 27,287 309,098 309,094 309,094 309,103 309,094 309,103 309,094 309,098 309,104 28,761 28,934 26,682 309,098 309,101 309,099 309,092 309,096 309,102 309,104 28,666 25,15 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 854,924 439,221 930,359 1158,01 1153,841 1158,004 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 1158,011 854,924 431,215 854,924 1158,01 1158,011 1158,007 1158,013 1158,012 1158,01 1158,011 1158,01 854,924 465,109 69,718 89,523 1158,01 1158,007 1158,012 1158,013 1158,012 1158,012 1158,007 1158,01 1158,011 854,924 603,18 537,203 1158,01 1157,544 1157,546 1157,595 1158,012 1158,01 1158,011 854,931 512,984 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 3386,849 2678,409 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2744,65 2664,637 3392,007 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2725,112 1196,192 1288,117 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3392,002 3392,007 2966,298 2636,259 2844,038 3392,002 3392,007 3392,007 3392,001 3392,007 3392,002 3392,007 3233,371 2808,295 863,001 55,248 59,909 61,293 61,542 55,416 61,542 58,696 54,517 863,004 863,011 863,004 55,248 55,199 59,146 61,057 61,542 37,829 61,542 59,706 54,659 863,007 863,011 863,004 55,308 58,072 61,542 61,542 38,749 37,377 48,664 59,853 863,007 863,004 863,011 863,004 863,001 57,341 61,542 61,542 61,542 61,542 48,43 59,165 54,077 863,004 863,011 55,248 54,948 58,575 61,542 41,066 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2220,918 2200,975 2399,001 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2217,496 1652,642 2253,024 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2257,555 1885,562 1379,338 900,72 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2399,002 2399,001 2210,445 2189,278 2193,175 2399,002 2399,001 2399,001 2399,004 2399,001 2399,002 2399,001 2238,128 1755,03 107 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 26,2 25,24 28,878 309,098 309,095 74,157 406,158 531,131 1158,01 1157,544 1196,29 2621,646 2833,569 3392,002 3392,007 Soma 14318,312 58849,968 190463,947 Soma Total dos Casos Variação de Potência 37,872 36,445 56,489 57,289 53,978 17044,93 698,407 1687,173 2243,886 2399,002 2399,001 135340,824 416017,981 -7508,001 108