A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR Jamili Souza Costa1 RESUMO Avaliar vem do latim segundo o autor Cipriano Carlos Luckesi (2006, p. 92) provém da composição a-valere, que quer dizer “dar valor a...” Em decorrência de padrões históricos- sociais, que se tornaram crônicos em exercícios pedagógicos escolares, a avaliação no ensino assumiu a prática de provas e exames, o que tem gerado um desvio no seu uso. Deixou de ser utilizada para a construção de resultados satisfatórios tornou- se um meio para classificar e titular; tem significado um poder que só o professor detém e o torna capaz de decidir sobre a mudança de série, classe, ou nível do aluno, perdendo o seu verdadeiro papel: auxiliar o crescimento e a aprendizagem dos educandos. Palavras – chave: avaliação, aprendizagem, educandos. INTRODUÇÃO A avaliação é uma constante em nosso cotidiano, em casa, em nossa trajetória profissional, durante a folga, quando nos relacionamos, tudo que fazemos inclui um julgamento de valor um apreço ou merecimento. A avaliação faz parte da vida humana, ela acompanha o ser humano em todos os seus processos decisórios, ela é um dos motores da vida na escola, na família, nas comunidades, nas gestões educacionais ela é presença nas relações interpessoais, sociais e culturais – nas mais diversas dimensões da vida de homens e de mulheres. 1 Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia- CFPCentro de Formação de Professores. Av. Nestor de Melo Pita, n. 535, Centro, Amargosa/BA, Brasil. CEP: 45.300000. E- mail: [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD A avaliação neste sentido implica um ato de julgamento e classificação do que é bom ou não para nós para nossa família e para o nosso futuro. A escola igualmente assim acaba tendo sua prática de julgar que não deixa de ser também excludente. Segundo Luckesi(2006) “a avaliação pressupõe acolhimento, tendo em vista a transformação”, porém a prática avaliativa de provas e exames visa a separação entre os que conseguiram atingir um meta e os que não conseguiram, se pensada desse jeito ela acaba sendo um julgamento de valor. Na verdade a avaliação por ser uma ação humana deveria envolver um ato amoroso, sendo que: “este é o que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é). Assim manifesta- se o ato amoroso consigo mesmo e com os outros... o ato amoroso é um ato que acolhe atos, ações, alegrias e dores como eles são; acolhe para permitir que cada coisa seja o que é, neste momento. Por acolher a situação como ela é, o ato amoroso tem a característica de não julgar. Julgamentos aparecerão, mas, evidentemente, para dar curso à vida( à ação) e não para excluí- la. ( LUCKESI, 2006, p. 171) Esse sentimento precisa estar presente principalmente nas relações em sala de aula, o professor precisa respeitar as dificuldades e o processo de aprendizagem dos alunos, dando todo apoio e orientação necessária para ampliar sua formação enquanto estudante e ser social. “Um outro lado na questão avaliativa é o aspecto normativo do sistema de ensino que diz respeito ao controle social. À escola é socialmente delegada a tarefa de promover o ensino e a aprendizagem de determinados conteúdos e contribuir de maneira efetiva na formação de seus cidadãos; por isso a escola deve responder à sociedade por essa responsabilidade.” (BRASIL, 1997,p. 90) De acordo com o exposto é possível observar que é por esta questão que existem as notas escolares, o retorno que a sociedade deseja é a através da atribuição de pontuações que resultará no avanço ou permanência do aluno de uma série para outra. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD O fenômeno da avaliação tem múltiplos olhares e por ser uma ação humana a concepção que cada um dos professores tem da mesma é dependente também de sua história de vida, de suas recordações escolares, como acontecia o processo de ensino e de avaliação, e igualmente suas perspectivas sobre a classe que leciona, da maneira como discerne a educação no Brasil, bem como seu compromisso frente à profissão de educador. Se o professor é um profissional que não investe pedagogicamente e não exerce a profissão por amor e compromisso, com certeza em sala de aula será apático pouco se preocupando se realmente houve aprendizado e desenvolvimento dos educandos. Neste sentido avaliação terá objetivo apenas de classificação e exclusão. Mas se por outro lado o educador é comprometido com seu papel social ele sempre estará atento ao que acontece em sua sala de aula e estará sempre desempenhado a buscar sempre bons subsídios tanto para seu trabalho docente quanto para o desenvolvimento dos discentes. Por esse ângulo a avaliação terá caráter acolhedor. “A avaliação só pode funcionar efetivamente num trabalho educativo com essas características. Sem essa perspectiva dinâmica de aprendizagem para o desenvolvimento, a avaliação não terá espaço; terá espaço, sim, a verificação, desde que ela só dimensiona o fenômeno sem encaminhar decisões. A avaliação implica a retomada do curso de ação, se ele não tiver sido satisfatório, ou a sua reorientação, caso esteja se desviando.” ( LUCKESI, 2006, p. 100) Por tudo que foi exposto é possível compreender que como ato humano a avaliação é inerente a nossa vida, e na escola sendo um espaço de aprendizagem, onde nos relacionamos com outras histórias e culturas não será diferente. Porém é preciso ter cuidado e refletirmos sobre a função que atribuímos a ela, assim e fundamental que cada educador se sinta desafiado a repensar sobre sua atuação pedagógica reconhecendo a necessidade de construir UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD métodos avaliativos eficientes que atendam a toda a sua classe, e contribua para a progressão da aprendizagem dos alunos. AVALIAÇÃO NA PRÁTICA ESCOLAR: FUNÇÕES E CLASSIFICAÇÃO Existem vários modalidades de avaliação como, por exemplo, a somativa em que seu principal foco é classificar os alunos ao final de cada unidade, para rotula-lo como aprovado ou reprovado, a classificatória que se objetiva verificar a aprendizagem através de quantificações: Este tipo de avaliação pressupõe que as pessoas aprendam do mesmo modo, nos mesmos momentos e tenta evidenciar competências isoladas. Ou seja, algumas, pessoas que por diversas razões têm maiores condições de aprender, aprendem mais e melhor. Outras, com outras características, que não respondem tão bem ao conjunto de disciplinas, aprendem cada vez menos e são muitas vezes excluídos do processo de escolarização. (SANTOS, VARELA, 2007, p.3) A avaliação formativa tem o propósito de informar sobre os resultados durante o desenvolvimento das atividades escolares, ela indica como os alunos estão referentes aos objetivos propostos, um outro tipo de avaliação conhecida é a diagnóstica, ela se dá como uma espécie de sondagem sobre o que o aluno aprendeu e geralmente ocorre no inicio de cada ciclo para uma tomada de decisões em favor do ensino. A avaliação também tem varias funções dentre elas: ...condiciona os fluxos de entrada e de saída do sistema escolar, bem como as passagens entre os diferentes subsistemas, classes e cursos; torna possível o controle parcial sobre os professoresquer por parte dos administradores da educação quer por parte dos próprios pares; define as informações e as mensagens a transmitir aos pais e aos organismos de tutela; constitui um elemento importante na gestão da aula na medida em que influencia as aprendizagens, o sistema de disciplina e as próprias motivações dos alunos; fornece ao professor informações importantes sobre a sua própria imagem profissional e UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD sobre os métodos pedagógicos que utiliza. (M. BONAMI, 1986, PP. 63-64, Apud AFONSO, 2005, p. 18) No entanto a presente pesquisa se remete a avaliação da aprendizagem que visa determinar se os objetivos pedagógicos elaborados no inicio do processo estão sendo atingidos pelos sujeitos participantes. A avaliação da aprendizagem deve ser uma parceria entre professor e aluno, e estes devem ser avaliados em suas capacidades levando em conta não só o que ele sabe, mas também como utiliza o saber. “A avaliação da aprendizagem existe propriamente para garantir a qualidade da aprendizagem do aluno. Ela tem a função de possibilitar uma qualificação da aprendizagem do educando.”( Luckesi, 2006, p. 66) A avaliação da aprendizagem escolar subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre sua prática, para a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos e ajustados para adéqua- los ao processo de aprendizagem de todo o grupo. Para o aluno é o instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganização de seus investimentos na tarefa de aprender. Para a escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das ações educacionais demandam maior apoio. Tomar a avaliação nessa perspectiva e em todas essas dimensões requer que esta ocorra sistematicamente durante todo o processo de ensino e aprendizagem e não somente após o fechamento de etapas do trabalho, como é o habitual. Isso possibilita ajustes constantes, num mecanismo de regulação do processo de ensino e aprendizagem, que contribui efetivamente para que a tarefa educativa tenha sucesso. “Somente podemos considerar que uma avaliação do rendimento escolar seja eficiente quando é produto de uma observação constante, e não somente concentrada nos momentos de provas e exames” (Antunes 2002) Partindo destes pressupostos apresentados por Antunes (2002) é possível afirmar que não existe avaliação se não existir perspectiva por resultados. Assim, o primeiro passo a ser dado para se pensar em uma UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD mudança no critério utilizado para a avaliação da aprendizagem é esclarecer que quando um professor propõe uma atividade escolar ele pressupõe a melhoria da capacidade de seus alunos, suas inteligências e suas competências. A avaliação investigativa instrumentalizará o professor para que possa por em pratica seu planejamento de forma adequada as características de seus alunos. Esse é o momento em que o professor vai se informar sobre o que o aluno já sabe de determinado conteúdo para a partir daí estruturar sua programação, definindo os conteúdos e o nível de profundidade em que devem ser abordados. Para Hoffmann (1993) a avaliação pode ser entendida como uma atividade constante do professor que segue passo a passo o processo de ensino-aprendizagem. Pela avaliação é possível analisar os resultados obtidos pelo aluno, comparando-os aos objetos propostos, verificando os progressos e dificuldades, na qual o professor deve saber que cada aluno possui um modo de aprender diferente e utilizar metodologias adequadas para seus alunos. A avaliação escolar é muito importante, pois faz com que o aluno assuma poder sobre si mesmo, tenha consciência do que é capaz de melhorar. O ato de avaliar por sua constituição mesma, não se destina a um julgamento definitivo sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois que não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico e por isso mesmo, a inclusão; destina- se a melhoria do ciclo de vida. Desse modo, por si, é um ato amoroso. (LUCKESI, 2006, p. 180). Assim constata-se que a avaliação da aprendizagem é inerente e indissociável ao processo de aprendizagem do aluno, pois com ela o mesmo é capaz de reconhecer o seu erro e através dele buscar futuros acertos e novos aprendizados; para o professor esse instrumento é capaz de revelar possíveis mudanças na sua prática e lhe conduzir a novos meios para transformar as dificuldades de seus educandos em fontes de virtudes. Diante de todas essas questões, percebe- se que a avaliação depois do processo de ensino é o eixo mais importante na formação do individuo e por isso se faz necessário uma quebra total do tradicionalismo que infelizmente nos dias de hoje ainda encontra-se inserido na maioria das escolas. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO: PERSPECTIVAS SOCIOFORMATIVAS A avaliação permite uma reflexão para mudança da prática e do planejamento, através dela é possível diagnosticar o que está favorecendo ou o que está impossibilitando o avanço do aluno. A avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre a sua prática, sob a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados e reconhecidos como adequados para o processo de aprendizagem individual ou de todo grupo. (BRASIL, 1997, P. 81) Vista dessa forma a avaliação deve ocorrer durante todo o processo e não somente no final das etapas de unidades, a avaliação deve ter como fim a aprendizagem dos alunos e não somente a nota, pois esta acaba gerando desconforto e certo medo nos mesmos que já entram na escola com a visão de que as provas são apavorantes e que precisam tirar uma nota para ser aprovado, não dando nenhuma importância ao aprendizado, o qual na verdade deveria ser o foco principal da avaliação. Paro (2001) vem sabiamente dizer que “a educação se dá por meio da ação pedagógica que, como atividade adequada a um fim, constitui trabalho especificamente humano, passível de avaliação como todo trabalho humano”. O autor acrescenta que a ação pedagógica é também trabalho, pois possui propriedades e especificidades, e tem como objeto e sujeito o educando. ...o educando é ao mesmo tempo objeto e sujeito. É objeto porque, como todo objeto de trabalho é a “matéria” sobre a qual se aplica o trabalho e cuja transformação se busca, não acertadamente a transformação física, mas a transformação em sua personalidade viva por meio da aquisição da cultura (novos conhecimentos, valores, crenças, habilidades, competências etc.). Mas é também sujeito, pois o objetivo central da educação é precisamente a atualização histórica do homem. (PARO, 2001, p. 36). Essa ação pedagógica requer um cuidado na avaliação da aprendizagem, pois o sujeito não pode ser visto apenas como objeto, no qual a UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD escola fará a transposição de informações e ao fim deste processo verificará se os conteúdos formam aprendidos, mas sim como sujeitos únicos e singulares e a avaliação concebida durante todo o processo com a possibilidade de retomar os aspectos que não foram atingidos. A avaliação deve garantir a boa qualidade do aprendizado, o cuidado com o ensino e com a formação do indivíduo. Nunca se deve esquecer que a importância de um processo educativo deriva do fato de que é em seu interior que se realiza a formação humana de cujo êxito depende o futuro do indivíduo e também o da sociedade. Por isso a importância da avaliação é função direta da necessidade de se evitar a má formação do indivíduo, que lhe impõe marcas indeléveis que nunca serão detectadas pelos mecanismos convencionais da avaliação do produto, mas que poderão comprometer irremediavelmente sua vida e seu desempenho social. (PARO, 2001, p. 39). Quando a avaliação ocorre com a função de fornecer subsídios para analisar o processo e corrigir os erros cometidos em busca de objetivos, ela demonstra o cuidado com a qualidade do ensino e com o aprendizado dos educandos, quando isso acontece o aluno se sente contemplado, pois em geral fazemos construções por meio dos significados que atribuímos aos fenômenos em que nos rodeiam no contexto em que vivemos, logo os alunos farão um significado positivo da avaliação. A avaliação deveria ser e entendida por educadores e educandos como aquela que tem como propósito a modificação e a melhora continua, ela é um instrumento educativo que informa e valoriza o processo de aprendizagem e oportuniza a propostas educacionais mais apropriadas. É ou deveria ser flexível, uma intervenção nos próprios planejamentos para adéqua- lós as necessidades da turma. A adoção do conceito de educação como atualização histórico- cultural de indivíduos leva a constatação não apenas da extrema importância da contínua avaliação para o bom desenvolvimento do processo, mas também da necessária consciência do sujeito a respeito desse andamento, ou seja, da auto - avaliação. Se educação é processo de apropriação da herança histórico - cultural pelo individuo, isto se dá com o fim de construir a própria personalidade deste, sendo crucial, para tanto, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD a autoconsciência de seus progressos e dificuldades. (PARO, 2001, 43) Observa – se através da afirmação citada por Paro (2001) que o sujeito de todo o processo é o aluno e este deve querer aprender tornando assim sua aprendizagem prazerosa e significativa, porém a avaliação tradicional de práticas de provas e exames para a reprovação ou aprovação não contribui para essa conquista, pelo contrário essa prática torna os alunos reféns de um processo de seleção e classificação. A avaliação na perspectiva de auxiliar o conhecimento e formação plena do individuo é a aquela que provoca no aluno o desejo de aprender e corrigir os seus erros, porém quando ela é utilizada como punição e repreensão ela vem carregada de medos e insatisfação. O prazer de aprender desaparece quando a aprendizagem é reduzida a provas e notas; os alunos passam a estudar para se dar bem na prova e para isso têm de memorizar as respostas consideradas certas pelo professor ou professora. Desaparecem o debate, a polêmica, as diferentes leituras do mesmo texto, o exercício da dúvida e do pensamento divergente, a pluralidade. A sala de aula se torna um pobre espaço de repetição, sem possibilidade de criação e circulação de novas ideias. (GARCIA, 1999, p. 41apud MELO e BASTOS, 2012, p. 6) Não basta apenas para os alunos adquirir os conhecimentos isolados sem nenhum significado e não saber usa-lós para a vida em comunidade é preciso que esses novos conhecimentos sejam introduzidos de maneira que os alunos compreendam a sua aplicabilidade. A finalidade, por conseguinte do ensino e da avaliação da aprendizagem é criar condições para desenvolvimento das capacidades dos alunos. Nesta percepção o professor é o mediador desse conhecimento é ele quem oferece condições para que ocorra a aprendizagem dos alunos, sua presença é indispensável para que aconteça de forma competente a ação educativa. O papel dos alunos é estar abertos a esses novos conhecimentos, portanto ele também é um elemento ativo no processo ensino- aprendizagem. Não é possível separar a prática avaliativa da prática educativa tendo em vista que elas se constituem em um conjunto que se completam e tem como fim o processo ensino-aprendizagem. Assim a avaliação e a prática UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD educativa assume o papel de formação do individuo em sentido amplo e emancipatório. Para que isso ocorra à avaliação deve subsidiar a formação de sujeitos é preciso que ela assuma o papel de guia para o trabalho pedagógico para que seja um processo construtivo que busque conhecer o desempenho dos alunos e a partir dele refazer, ajustar e aprimorar o fazer pedagógico para trazer resultados efetivos para que os indivíduos desenvolvam as competências previstas e obtenham aprendizagem proveitosa tanto para o presente como para o futuro, se vista deste ângulo a avaliação permitirá formar e inserir indivíduos com percepção, criatividade posicionamento e criticidade. Partindo do pressuposto acima citado é fundamental que ocorra uma entrega do professor e também do aluno para que ambos estejam aliados na busca deste novo significado para a avaliação da aprendizagem escolar, a fim de que ela seja um instrumento que venha a favorecer nos aspectos mais amplos do processo ensino aprendizagem. A Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996, não prioriza o regra rígida de notas, de acordo com ela a avaliação deve privilegiar os resultados obtidos durante todo o processo e não somente no final das etapas, ela determina que a avaliação devem ter critérios contínuos e cumulativos, com prioridades dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Para tal o professor deve conscientizar- se que aspectos não são apenas notas são registros de acompanhamentos do percurso e direcionamento do caminhar dos alunos. CONCLUSÃO Para que os processos avaliativos executados em sala de aula venham contribuir para a aprendizagem é preciso que haja um diálogo entre professores e alunos a fim de discutir o que vem contribuindo ou não e o que poderia ser feito para melhorar o processo. A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Por meio dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD dificuldades e, também, reorientar o trabalho docente.( BARBOSA, 2008, P. 1) Através das palavras da autora é possível evidenciar que é preciso haver uma sintonia, pois a avaliação reflete não só a aprendizagem dos alunos, mas também a qualidade do trabalho do professor, esta avaliação da aprendizagem deve se refletir em processo contínuo tendo o professor como observador das mudanças e objetivos alcançados para decidir sobre o caminhar de seus planejamentos e ações. No processo interativo entre docentes e discentes a avaliação assume um caráter de cooperação para a aprendizagem, sendo o professor um facilitador para esse processo e o diálogo a peça chave para que essa interação professor aluno aconteça, e a educação provém dessas relações. Avaliar por simplesmente avaliar não traz nenhum resultado satisfatório porque se o professor não faz uma reflexão com os docentes acerca do que está incorreto ele talvez nunca saberá os caminhos necessários para o acerto. “O processo avaliativo deverá ocorrer em favor do aluno, sujeito do processo, aliado de sua aprendizagem e promover o desenvolvimento de sua autoestima, gerando o desejo de conhecer mais e fortalecendo o seu vínculo com a escola.” (Santos, Varela, 2007, p. 6) Este processo deve ser um procedimento dinâmico de constante interação entre professor e aluno e não uma espécie de castigo onde o professor o utiliza como uma forma de punição ou repreensão para os alunos que não se enquadram dentro um padrão estabelecido pela sociedade. A relação professor aluno tem um papel essencial para estimular os alunos a buscar a aprendizagem e o professor é o grande responsável por fazer com que os alunos desenvolvam suas capacidades, pois os alunos reconhecem quando um professor está disposto a ensinar, dialogar, a respeitar as diferenças, toda a sua pratica reflete na vida escolar dos alunos. As condutas do professor influem sobre a percepção que os alunos têm de sua própria relação com os professores. Não basta o que o professor faz; é necessário que o aluno perceba o interesse do professor. O trato do professor com alunos concretos (ou com todos, cada um em seu momento) tem um impacto muito poderoso nos alunos. (MORALES, 1999, p. 60 apud GUEDES, 2010, p. 17). UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Esta citação nos faz refletir sobre a postura que o professor deve ter com seus alunos e da consciência que ele necessita ter de que em suas salas de aula há uma diversidade de seres, cada um com suas crenças, culturas, saberes e dificuldades e o professor é o mediador para que aconteça a aprendizagem desses alunos. Ainda sobre a relação professor aluno Freitas (2008) vem afirmar que: Ao professor, cabe a responsabilidade inicial de, como ponte, fomentar os seus sonhos e de seus alunos, incentivando-os com seus exemplos e ações. Ao aluno cabe a ousadia de trazer seus sonhos e de não aceitar nada menos do que ser tratado como homem – sujeito – nessa relação; a “rebeldia” de não aceitar nada preestabelecido, mas negociando na parceria as estranhezas. Aos dois, cabe a “loucura” de se permitirem a relação com tudo que é peculiar de suas diversidades. (FREITAS, 2008, p. 21, apud MORALES, 2010, p. 19). Quando ocorre a troca de vivencias de forma afetiva a oportunidade de construir aprendizagem significativa é mais favorável porque o aluno irá atribuir importância ao que esta aprendendo e o professor irá ter um retorno positivo de sua prática. Atualmente a avaliação da aprendizagem assume o papel de provas e exames para atribuir uma nota quantitativa aos alunos promovendo- os ou retendo- os a uma série ou ano, dessa forma ela perde o seu verdadeiro papel que seria um processo de permanente ação mútua educador educando para avaliar o desenvolvimento de ambos visando analise, aprimoramento e mudança. A necessidade de avaliar será sempre necessária não há como não praticá-la, entretanto é possível torná- la mais eficaz se destinando a melhoria do processo educativo, para tanto o educador precisa olhar sempre para seus alunos com olhar atencioso procurando identificar suas ações e reações só assim poderá compreender o que eles necessitam para que a aprendizagem se consolide verdadeiramente. Os alunos esperam sempre serem reconhecidos e valorizados em suas qualidades, sendo assim a relação educador- educando não deve ser uma relação de imposição e sim uma relação de troca, de respeito e de cooperação, sendo o aluno considerado um sujeito ativo para a construção do conhecimento UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD e o professor o mediador desses conhecimentos. Paulo Freire (1996) reflete sobre a influência do professor na relação com os seus alunos: “[...] o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor malamado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca”. (FREIRE, 1996, p.96 apud MIRANDA, 2008, p. 5) Esses sentimentos não devem interferir na prática do professor com seus alunos, pois muitas vezes a relação professor aluno transpõe a sala de aula. É visível que quando existe sentimentos, troças, respeito mútuo, confiança e comunicação uma relação pode se tornar uma ligação que irá durar uma vida toda. Alguns momentos vividos por professores e alunos em sala de aula deixam marcas jamais esquecidas, por esse motivo que ambos precisam estar empenhados para que se concretize uma relação de doação e comprometimento para que a sala de aula se torne um ambiente favorável a aprendizagem. Considerando – se que avaliar requer atenção é crucial que o professor se mobilize a ver sua sala de aula como um espaço de vivências múltiplas, onde o professor precisa estar atento para não romper ou abalar a relação construída ao longo do processo. O professor precisa ter cuidado de planejar a avaliação de acordo com as características de seus alunos para que esta venha favorecer o seu avanço durante o ano letivo. A avaliação da aprendizagem escolar é uma pratica que necessita de mudanças, a medida que estas forem se concretizando a relação professor aluno também mudará, está será pautada no diálogo, reflexão, ação e melhoria da qualidade da aprendizagem dos alunos, e será uma prática inclusiva, dinâmica e construtiva. Considerando, então, a concepção de que deve – se pensar a avaliação da aprendizagem escolar, cabe – nos questionar: a avaliação da aprendizagem que ocorre nas escolas serve para avaliar ou classificar? Para responder essa indagação é preciso propor uma discussão a respeito do significado da avaliação na concepção pedagógica no atual contexto escolar que vivemos. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Avaliação da Aprendizagem Escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. Trabalhando Habilidades: construindo ideias. São Paulo: Scipione, 2003. BARBOSA, Jane Rangel Alves. 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