INFÂNCIA E ESCOLA: O PRAZER DE LER E O RELACIONAMENTO COMO
(DES)MOTIVAÇÃO PARA VIR/ESTAR NA ESCOLA
Franciéli Gonçalves Pan Menegat 1
Nilda Stecanela 2
Lisandra Pachedo da Silva 3
Resumo
O presente artigo apresenta os resultados de uma investigação sobre a educação infantil e os fatores
que motivam ou desmotivam esses alunos a estarem na escola. O objetivo do trabalho era identificar
quais fatores levam os alunos das séries iniciais do ensino fundamental a se desmotivarem em
relação à escola e o que os leva a gostar da escola. A pesquisa foi realizada em uma escola de
Ensino Médio da rede pública estadual, no município de Flores da Cunha. Foram realizados
questionários com trinta e dois alunos com idades entre seis e doze anos, sendo dezoito do sexo
masculino e quatorze do sexo feminino. Para Bock, Furtado e Teixeira (2002), a motivação para
acontecer é necessário considerar os três tipos de variáveis: o ambiente (familiar, escolar e o meio
social); as forças internas ao indivíduo (necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso e instinto)
e o objeto que atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação da força interna que o mobiliza. As
análises realizadas dos dados apontam que 38% dos alunos entrevistados gostam de ler e este é um
aspecto que os motiva a estar na escola. Isso é confirmado quando 32% dos questionados relatam
que ler e escrever é a atividade mais interessante durante as aulas, sendo superada apenas por
atividades artísticas com 37%. Conforme Paulo Freire, linguagem e realidade precisam ser
relacionadas e a experiência de vida dos alunos ser valorizada. Pode-se concluir que isso esteja
acontecendo já que os alunos da escola se motivam com a leitura. Os resultados também apontam
como aspecto desmotivacional o relacionamento entre colegas onde 15% dos entrevistados relatam
que não gostam das brigas ocorridas na escola e 38% responderam que o que mais lhes desmotivam
em relação à escola são os colegas e 29% dizem que a escola seria melhor se não houvesse
bulliyng. Pesquisas apontam que agressões caracterizadas como bulliyng desestimulam os alunos a
aprender e faz cair o rendimento escolar. O estudo empreendido encontrou algumas respostas para a
(des)motivação dos alunos das séries iniciais em relação à escola, ao mesmo tempo que finaliza com
novas indagações: que práticas precisam ser efetivadas para reduzir os problemas de relacionamento
entre os alunos?
Palavras-chave: Prazer de ler e escrever, Relacionamento entre colegas, Bulliyng.
Introdução
As reflexões que se pretende abordar neste texto foram produzidas a partir de
vivências como professora da Escola Estadual de Ensino Médio São Rafael, no
município de Flores da Cunha. Através de curso de formação de professores –
Escola e Pesquisa: um encontro possível - tivemos a oportunidade de realizar um
1
Licenciada em Química. Especialista em Administração, Supervisão e Orientação Escolar.
Orientadora. Doutora em Educação. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Centro de
Filosofia e Educação da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
3 Mestre em Educação pela UFRGS. Especialista em Educação a Distância pela UCS e Licenciada em
Pedagogia pela UCS.
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questionário com os alunos das séries iniciais obtendo respostas sobre o que os
motiva ou desmotiva em relação à escola.
Desafiados a explicitar nossas inquietações sobre os desafios da docência na
Educação Básica, considerando o cotidiano da escola contemporânea, voltamos
nossa reflexão sobre os aspectos que transversalizam nossas práticas, os quais
tanto dificultam quanto potencializam a relação pedagógica.
Deste modo, gostaríamos de saber o motivo pelo qual alguns alunos estão tão
desmotivados e quais são as reais causas da desmotivação dos alunos em relação à
escola.
Observamos que na mesma escola, na mesma sala de aula, temos alunos
motivados e outros desmotivados. Pensamos que seja necessário escutar o que os
alunos esperam da escola e o que consideram interessante para uma aula. Será que
as manifestações de apatia e/ou de rebeldia em relação à escola são elementos que
caracterizam motivação ou desmotivação dos alunos pela escola?
Para Bock, Furtado e Teixeira (2002), a motivação para acontecer é necessário
considerar os três tipos de variáveis: o ambiente (familiar, escolar e o meio social);
as forças internas ao indivíduo (necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso e
instinto) e o objeto que atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação da força interna
que o mobiliza.
Simão de Miranda, mestre em educação e doutor em psicologia pela
universidade de Brasília, educador e psicólogo, acredita que um dos principais
geradores de desestímulo nos alunos é a falta de motivação no próprio professor. É
uma cadeia. O professor desmotivado não se mobiliza para encontrar iniciativas
criativas e inovadoras dentro do contexto da Educação. Ele espera que as soluções
para suas aulas apareçam prontas, como num toque de mágica, ou venham de
autoridades públicas, sendo que também cabe ao professor buscar novos recursos
pedagógicos e metodologias que estimulem seus alunos em seus aprendizados. Um
professor estimulado acredita no seu potencial de educador e aproveita devidamente
os recursos que tem em mãos ou que sua escola oferece. Tem consciência de que é
uma peça-chave da sociedade na formação de cidadãos. O educador precisa crer
no valor de sua profissão, saber que esse ofício vai muito além da missão de passar
conteúdos didáticos. E este pode ser um pensamento promissor para o professor se
sentir mais motivado e conseguir transmitir mais paixão aos alunos, estimulando-os
também.
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Seria possível motivar os alunos, despertando-lhes o interesse pelo ambiente
escolar e comprometê-los em alcançar bons resultados. No entanto, se afirmamos
que há desmotivação, talvez, seja necessário descobrir quais são as causas e/ou
motivos que levam os alunos, com o passar dos anos, a se desmotivarem em
relação à escola. Percebemos que as crianças têm motivação pela escola mais
elevada do que os jovens e os adultos.
Menezes (2010) cita dois fatores que contribuem para a falta de interesse por
parte dos alunos. O primeiro é o fato de eles acharem que o saber oferecido pela
escola é supérfluo, uma vez que eles convivem com quem já esqueceu tudo o que a
escola ensinou e não sente falta. Um segundo fator é os alunos esperarem aulas–
show semelhantes a certos entretenimentos que apenas exigem um consumo
passivo de seus expectadores, quando não encontram, se frustram e se
desmotivam.
Neste sentido, quais seriam os fatores (internos ou externos) que levariam os
jovens a se distanciarem daquilo que a escola quer ensinar?
Para Demo (2003, p.7), a educação centrada unicamente no repasse dos
conteúdos escolares, não corresponde mais às necessidades da sociedade
contemporânea, pois [...] a aula que apenas repassa conhecimento, ou a escola que
somente se define como socializadora de conhecimento, não sai do ponto de
partida, e, na prática atrapalha o aluno, porque o deixa como objeto de ensino e
instrução. Portanto, os espaços de aprendizagem precisam possibilitar uma nova
linguagem que ajude e comprometa os alunos na construção de um novo
conhecimento de mundo e em sua transformação.
1 A pesquisa: sociografia do entrevistado
Em nossa formação em nível de graduação, muito se falou sobre a
necessidade do respeito à “realidade de cada aluno”. Então, a aproximação entre
esta realidade e a escola é importante. É a realidade, a vivência dos alunos, um dos
motivos que os distancia do conhecimento oferecido pela escola.
Em relação à docência, Rossi e Schaffer (2010, p. 15), afirmam que [...] as
aulas não se sustentarão em práticas que desconheçam as aspirações e a realidade
de tais jovens. Por mais difícil que seja, há necessidade dos professores
conhecerem seus alunos, saberem como pensam, o que sabem, o que aspiram e
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como compreendem a escola. Nesse processo de aproximação da escola com o
aluno, é também, necessário encontrar formas de convivência entre gerações:
professor-aluno, professor-professor, aluno-aluno.
Assim como os alunos provocam os docentes a propor outras linguagens para
aprender, talvez possamos também pensar em outras formas de registro de nossas
experimentações docentes. Com isso, poderemos manter viva e em movimento a
autoria docente, tendo como principal sujeito o professor-autor. Segundo Traversini e
Pereira (2010),
Aquele que, sabendo dos limites impostos pelas circunstâncias específicas
de sua atividade pedagógica, se volta ao que lhe é possível fazer, contorna
as dificuldades, operando no nível das suas possibilidades, dando conta da
variável que lhe é mais próxima, a sua formação. (TRAVERSINI; PEREIRA,
2010, p.22)
O professor precisa refletir reiterando a permanente ação que possa lhe
tornar um professor autor, sujeito capaz da construção cotidiana de suas práticas, do
depoimento sobre elas, permitindo a leitura e o entendimento sobre o que
efetivamente se faz na escola na contemporaneidade.
Mas, ao mesmo tempo, sabemos que os alunos têm outros interesses, mais
prioritários que os estudos como, por exemplo, as redes sociais, o trabalho, a
diversão, entre outros.
De acordo com Xavier (2008, p.29), a perda de interesse do aluno pelas
atividades escolares não é nova. Por vezes, os discursos educacionais têm tratado
essa questão como uma novidade que emerge com a sofisticação dos recursos
tecnológicos e a criação de redes sociais na internet. Desinteresse pelos
conhecimentos a serem aprendidos é parte do processo de escolarização desde sua
invenção. Isso tem se acentuado à medida que a escola se universalizou e que
privilegiou aprendizagens de conhecimentos, aquisição de hábitos e valorização de
modos de vida da chamada classe média. Outra condição que pode ter acentuado
tal desinteresse, nas últimas décadas, é o processo de escolarização não ser
garantia de ascensão social, mas essa não tem sido uma realidade para todos os
sujeitos que passam pela escola.
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A pesquisa foi realizada com alunos em que a maioria era do sexo masculino,
56%, e a minoria do sexo feminino, 44%, num total de 32 estudantes entrevistados,
como visto no gráfico abaixo.
Quanto a idade, a maioria dos estudantes possuíam entre 6 e 8 anos, visto
que as séries entrevistadas foram as iniciais. Não temos alunos fora da idade-série
ideal. Abaixo o gráfico demonstra esta e outras idades.
Referente à questão com quem os alunos moram, a maioria relatou que mora
com o pai e com a mãe. Este fato demonstra que a maioria dos nossos estudantes
ainda tem a conformidade tradicional de família, o que ajuda no desempenho
escolar. Mas 16% vive apenas com a mãe, trazendo uma nova conformidade de
família que para Toscano, 2004, as mudanças ocorridas no âmbito social econômico
são as responsáveis pela desestruturação da família tradicional. Muitas vezes,
esses novos arranjos familiares passam por um período de transição, por problemas
na construção de limites e na consolidação de uma autoridade definida. Abaixo o
gráfico demonstra as outras conformidades de família.
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Sabemos que a motivação é interna, desencadeada pelo professor como
agente de mediação na busca do conhecimento. É corrente a opinião entre os
professores que o meio social, familiar, cultural determina a motivação. Desta forma,
a realidade vivenciada pelos alunos é um dos fatores que os distanciam do mundo
da escola.
2 Aspectos que motivam o aluno para estudar e/ou para vir a escola
A relação que o professor desenvolverá com os alunos acontecerá com o
tempo e o conhecimento das individualidades de cada turma. Há grupos para os
quais é necessária uma atividade mais estimulante, ao passo que outro grupo
responderá muito bem a tarefas que exijam apenas concentração silenciosa.
Um bom relacionamento de professor-aluno e vice-versa também depende de
bom relacionamento entre Direção e Professores e pais de alunos. Quando há um
diálogo interativo entre todos fica mais fácil chegar aos fins propostos, porque todos
se sentem responsáveis e respeitados.
Sobre o questionamento feito aos alunos do que mais gostam de fazer na
escola 38% dos alunos respondeu que é ler. Esse resultado contradisse o censo
comum, que propaga o brincar como sendo preferência nessa faixa etária. A opção
pela leitura e pelas viagens de estudo (passeios) indica a necessidade de propostas
de aprendizagem que incluam essas práticas pedagógicas no cotidiano escolar,
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pelo significado que elas estão imprimindo na aprendizagem das crianças em fase
de alfabetização. Abaixo o gráfico demonstra outros dados.
O gosto pela leitura se confirmou quando 32% dos entrevistados apontaram
ler e escrever como as atividades mais interessantes durante as aulas, opção
superada apenas por 37% que consideram mais importante as atividades artísticas,
conforme pode ser observado no gráfico abaixo.
A leitura para alguns é uma atividade prazerosa, para outros é um desafio a
conquistar.
Segundo Paulo Freire, linguagem e realidade precisam ser relacionados
dinamicamente e a experiência de vida dos alunos ser valorizada. Não basta
identificar as palavras, mas fazê-las ter sentido, compreendendo, interpretando
relacionando o que se lê com a própria vida, ações, sentimentos. As crianças lêem
quando os textos apresentam significados para elas.
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Nossas percepções, embora vinculadas ao nosso fazer e à nossa
experiência, refletem a parcialidade do olhar, do lugar do professor. Para uma
aproximação mais estreita à realidade vivenciada em nossa escola e com os nossos
alunos, foi bom a realização de uma pesquisa para enumerar as principais situações
que está levando o aluno a desmotivar-se e a distanciar-se do ambiente escola. Com
isso, poderemos resgatar a motivação do professor e do aluno, esclarecendo as
dúvidas que nós professores temos sobre esta desmotivação, a qual nos deixa
angustiados, tanto no momento do planejamento quanto no da execução das nossas
aulas.
3 Aspectos que desmotivam o aluno para estudar e/ou para vir a escola
Nossas metodologias de ensino precisam ser revistas e atualizadas de modo a
atender às demandas dos novos cenários da educação contemporânea. Para
sabermos o que motiva o aluno na sala de aula, talvez seja necessário também
saber o que há de tão atrativo para eles fora dela.
Autores como Dubet (1997), Dayrell (2007) e Xavier (2008) chamam atenção
para o fato da escola ser um lugar ambivalente para jovens e adolescentes. A
ambivalência manifestada pela valorização da escola como um local de encontro
com amigos para trocas de informações sobre seus artefatos culturais e para
convivências entre si, e, ao mesmo tempo pela apatia , pelo desinteresse pela
principal função da escola: transmitir/compartilhar/problematizar os conhecimentos
acumulados pela humanidade.
É fundamental que o professor entenda que os alunos aprendem além dos
muros da escola e favoreça ações que ampliem os espaços de aprendizagem para o
entorno da escola, para a cidade. Essa torna-se um rico espaço educativo de
múltiplas interações, trocas e (transform)ações.
Dessa forma o lugar dos sonhos, da utopia, indispensáveis para planejamento
da matriz conceitual de projetos de formação continuada, cada vez mais complexos,
tenham lugar, também de buscar alternativas concretas, que deem continuidade às
iniciativas de educação formais além dos ideais políticos partidários.
Esse desinteresse pode ser fruto de uma educação “precária” em casa, pelo
distanciamento hierárquico professor/aluno, pelos métodos ultrapassados da
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didática utilizada, pela cultura pobre que a mídia “empurra” na cabeça dos jovens,
pelo fato de terem tudo pronto.
Certamente somos indivíduos e, portanto, individuais no que diz respeito a
opinião, fazendo com que haja diferenças entre gerações, entre a formação cultural,
o meio social e o familiar, pois o ambiente familiar e social são diferentes e a
assimilação de ideias é diferente para cada indivíduo. As pessoas possuem
características e informações diferentes, pois cada ser pensante pensa de forma
diferente e de acordo com seu contexto. Diferentes vivências e personalidades
formam diferentes opiniões e até caráteres.
Na pesquisa realizada foi detectado que a maior causa de desmotivação é o
relacionamento. Na pergunta o que mais lhe desmotiva em relação a escola, 38%
relataram que são os colegas, como visto no gráfico abaixo.
Já na pergunta o que você não gosta na escola, 15% relataram que são as
brigas, fazendo um vínculo com a questão anterior. Abaixo o gráfico mostra outros
aspectos.
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Quando questionados sobre como a escola seria melhor, 29% colocaram que
seria melhor se não houvesse bullying. Nos leva a crer na necessidade de um
estudo sobre como se estabelecem as relações entre os alunos desse nível de
ensino. O gráfico mostra outras opções.
O termo bullying deve ser empregado para exemplificar comportamentos
agressivos ou violentos entre pares, independentemente de estarem iniciando a
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escolaridade ou concluindo a universidade. Tal prática compreende todas as
atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente,
adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor ou sofrimento,
sendo executadas em uma relação desigual de poder, tornando possível a
intimidação da vítima. Identificar o bullying entre os alunos não é tarefa simples, por
se tratar de uma forma de violência bastante específica, muitas vezes velada e
silenciosa.
A escola deve estar atenta a como acontece o relacionamento de cada aluno
com os seus colegas, se está ocorrendo bullying ou não porque, segundo Vygotsky
(1896-1934), para compreender o funcionamento cognitivo (razão ou inteligência), é
preciso entender o aspecto emocional. Os dois processos são uma unidade: o afeto
interfere na cognição, e vice-versa. A própria motivação para aprender está
associada a uma base afetiva. Piaget(1896-1980), também afirmou que a afetividade
influencia positiva ou negativamente os processos de aprendizagem, acelerando ou
atrasando o desenvolvimento intelectual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do trabalho foi identificar quais fatores levam os alunos das séries
iniciais do ensino fundamental a se desmotivarem em relação à escola e o que os
leva a gostar da escola. As análises realizadas dos dados apontam que 38% dos
alunos entrevistados gostam de ler e este é um aspecto que os motiva a estar na
escola. Isso é confirmado quando 32% dos questionados relatam que ler e escrever
é a atividade mais interessante durante as aulas, sendo superada apenas por
atividades artísticas com 37%.
Os
resultados
também
apontam
como
aspecto
desmotivacional
o
relacionamento entre colegas onde 15% dos entrevistados relatam que não gostam
das brigas ocorridas na escola e 38% responderam que o que mais lhes desmotivam
em relação à escola são os colegas e 29% dizem que a escola seria melhor se não
houvesse bulliyng. Pesquisas apontam que agressões caracterizadas como bulliyng
desestimulam os alunos a aprender e faz cair o rendimento escolar.
A diversidade sociocultural tem relação direta com o problema da
(des)motivação, uma vez que agrega concepções familiares, culturais, religiosas,
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políticas, econômicas e sociais. A relação família/escola/aluno se entrelaça à uma
relação de “dependência” do mundo virtual.
Com os resultados da pesquisa que desenvolveremos através deste projeto
poderemos repensar e reorganizar as práticas pedagógicas da escola para
dinamizar o papel do professor.
Ao desenvolver um projeto de pesquisa sobre um tema que nos inquieta
poderá nos ajudar a aprimorar a relação professor-aluno e a desenvolver aulas
atrativas e que despertem o interesse do aluno.
Os resultados da pesquisa sobre nossos próprios contextos de atuação
docente poderão contribuir para modificar nossas práticas de sala de aula e/ou
refletir sobre as mesmas. Ao escutar os alunos, poderemos compreender a situação,
as causas da desmotivação e mudar a forma de ensino, confrontando e discutindo
as informações com o grande grupo, de modo a tornar públicas nossas reflexões e a
desafiar o replanejar da prática pedagógica, pois, após identificar as causas
pretende-se aperfeiçoar a prática do dia a dia em sala de aula. Os resultados da
pesquisa poderão vir em benefício de um ensino melhor e mais qualificado, visando
o desenvolvimento do aluno.
Ainda para BECKER, o professor é aquele que não apenas ensina, mas reflete
sobre o resultado de suas ações didático-pedagógicas: sobre como os alunos
recebem o ensino; os retornos que fornecem; as elaborações eventualmente
originais que apresentam nas avaliações ; os motivos que ele encontra para a não
aprendizagem; as dificuldades intelectuais de toda ordem que os alunos
apresentam; as explicações que constrói sobre a excelência de alguns alunos; os
obstáculos não cognitivos, mas afetivos, de alguns outros.
O estudo empreendido encontrou algumas respostas para a (des)motivação
dos alunos das séries iniciais em relação à escola, ao mesmo tempo que finaliza
com novas indagações: que práticas precisam ser efetivadas para reduzir os
problemas de relacionamento entre os alunos?
REFERÊNCIAS
BECKER, Fernando. Ensino e pesquisa: qual a relação? In: BECKER, Fernando; MARQUES, Tânia
Beatriz Iwasko (Org.). Ser professor é ser pesquisador. Porto Alegre: Mediação, 2007.
BECKER, Fernando. A Origem do Conhecimento e a Aprendizagem Escolar. 2003.
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GUIMARÃES, Maria Otília Minin. Pesquisa na escola: Que espaço é esse? O do conteúdo ou o
do pensamento crítico. Educ. rev. n° 48. Belo Horizonte. Dec.2008.
MORAES, Roque. Participando de jogos de aprendizagem: A sala de aula com pesquisa. In:
Anais do VII Seminário “Escola e Pesquisa um encontro possível”. Universidade de Caxias do Sul,
Caxias do Sul, outubro de 2007.
Revista Nova Escola, Maio de 2010.
SCHAFFER, Neiva Otero, TRAVERSINI, Clarice Salete, TOUGUINHA, Lizete Alves. A Construção
Cotidiana no Ensino Médio. (ORGS.) 2013.
SIQUEIRA, Denise de Cássia Trevisan. Relação Professor- Aluno: Uma revisão Crítica. 2004.
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/relacao-professorinterfere-aprendizado-desempenho-622296.shtml. Acesso em 18 de outubro de 2013.
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