64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA MONTANA (MATA ATLÂNTICA) NO LITORAL NORTE ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL 1* 2 3 4 Rodrigo Ferreira de Morais , Carolina Biscola Jardim , Cinthia Aparecida da Silva , Carlos Alfredo Joly , 5 Marco Antonio Assis 1,2,5 Universidade Estadual Paulista, Rio Claro- SP; 3,4 Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP; * [email protected] Introdução A Mata Atlântica contém um dos ecossistemas mais diversos e ameaçados do mundo, está reduzido a menos de 8% de sua área original, e é considerado um dos 34 hotspots mundiais [1]. As amplas variações de latitude, altitude, condições climáticas e edáficas ao longo da costa brasileira propiciam a formação de micro-hábitats distintos em distâncias relativamente próximas, que podem ocasionar níveis elevados de endemismo, mudanças na composição florística e na estrutura da comunidade vegetal ao longo deste gradiente [2], [3]. O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento florístico e análise estrutural da comunidade arbórea de um trecho de Floresta Ombrófila Densa (FOD) Montana aos 600m de altitude na Serra do Mar, Ubatuba-SP e comparar com os outros levantamentos. schottiana (Spreng.) Perkins, que tiveram os altos VIs influenciados pelos elevados valores de densidade e frequência relativas.As análises de similaridade permitem observar diferenças florística entre as parcelas amostradas na cota de 600 metros de altitude (J < 0,50). Em comparação com os demais trabalhos realizados para região entre 50m-1000m de altitude, pode-se observar diferenças florística por faixas altitudinais que parecem ser mais evidentes em consonância com a classificação proposta pelo IBGE [4]. Na análise de cluster (figura 1) nota-se agrupamentos dos levantamentos realizados em FOD de Terras Baixas (B, E, D e C), dos levantamento G, H, I e J localizadas nas altitudes de 200 a 400 metros (Submontana), o isolamento das áreas dos 600m e 800 metros se posicionando de forma intermediária entre as Submontanas e aquelas das parcelas de FOD Montana (K, N e M), que estabelecem um outro grupo entre si e estão localizadas em torno dos 1000 metros de altitude. Metodologia A área do trabalho situa-se no Núcleo Picinguaba, em Ubatuba-SP (23º 17’ a 23º 24’ S e 45º 03’ a 45º 11’ W). Para o levantamento florístico-estrutural da comunidade, foram demarcadas quatro parcelas permanentes de 50 m x 50 m (= 1ha), subdivididas em subparcelas de 10 m x 10 m. Nessas subparcelas foram amostrados e medidos (PAP e altura) todos os indivíduos com PAP (perímetro à altura do peito a 1,30m do solo) ≥ 15 cm, incluindo palmeiras e samambaias. A nomenclatura utilizada segue a proposta da APG III. Os descritores fitossociológicos utilizados foram densidade, frequência e dominância (absolutas e relativas) e valor de importância (VI). Foram calculados os índices de diversidade de Shannon (H’) e a equabilidade de Pielou (J’). A análise de similaridade (Jaccard – J), realizada entre as quatro parcelas levantadas nos 600 metros de altitude e com os outros estudos desenvolvidos no âmbito do * projeto Gradiente Funcinal , foi utilizado o método de UPGMA com uso da matriz florística. Resultados e Discussão Foram amostradas 202 espécies pertencentes a 48 famílias. A densidade foi de 1.552 ind./ha e área basal de 2 44,50 m /ha. O diâmetro médio foi de 13,7 cm com valor máximo de 138,8 cm e mínimo de 4,8 cm. A altura média foi de 9,2 m com máximo de 36 m e mínima de 1,6 m. O valor do índice de diversidade de Shannon (H’) foi = 4,14 e equabilidade de Pielou (J’) = 0,78. As famílias de maior representatividade em número de espécies foram Myrtaceae (53 espécies), Rubiaceae (23), Lauraceae (16), Fabaceae (10), Sapindaceae e Boraginaceae (6), e Melastomataceae (5), tendo as demais quatro a uma espécie. As cinco espécies com maiores VIs representaram 66,9 % do VI total, sendo essas Coussarea accedens Mull. Arg., Meriania calyptrata (Naudin) Triana, Euterpe edulis Mart., Bathysa australis (A.St.-Hil) K.Schum, Mollinedia Figura 1 – Análise de cluster pelo método UPGMA para as parcelas permanentes ao longo do gradiente de altitude no PESM, Ubatuba – SP. Conclusões O levantamento corrobora outros trabalhos realizados em FOD Montana em termos de composição florística e quanto à influência da altitude. Agradecimentos *À FAPESP pelo financiamento do Projeto “Estrutura da Floresta Ombrófila Densa Atlântica dos Núcleos Picinguaba e Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo, Brasil (Processo FAPESP 2010/50811-7)”. Ao CNPq pela bolsa de doutorado para Rodrigo Ferreira de Morais Referências Bibliográficas [1] Myers, N., Mittermeier, R.A., Mittermeier, C.G., Fonseca, G.A.B., Kent, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403:853-858. [2] Leitão-Filho, H. F.1987. Considerações sobre a florística de florestas tropicais e subtropicais do Brasil. IPEF, n.35,41-46. [3] Nettesheim, F. C; Menezes, L. F. T., Carvalho, D. C.; Conde, M. M.S; Araujo, D. S. D. 2010. Influence of environmental variation on Atlantic Forest tree-shrub-layer phytogeography in southeast Brazil. Acta bot. bras. 24(2): 369-377. [4] Veloso, H.P., Rangel-Filho, A.L.R.;Lima, J.C.A. 1991. Classificação da Vegetação Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal. IBGE, Rio de Janeiro.