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Nº 1041 - SETEMBRO/2014 CIRCULAÇÃO NACIONAL R$ 9,90
ELEIÇÕES 2014
AS FALSAS PROMESSAS
ÁREA ECONÔMICA
Lula manteve um
diálogo de tons
realistas com Dilma:
se for reeleita, o
controle da área
econômica será dele.
“Acabarei a
burocracia no Brasil”
“Imposto único para
todos os brasileiros”
“Reduzirei os
ministérios para 12”
“Banco Central será
independente”
“Criarei o Ministério
da Infraestrutura”
DESASTRE POLÍTICO
Romulo F. Federici
escreve ensaio sobre
o pós-Eduardo
Campos: “Desastre
Aéreo, Desastre
Político, o que se
confirma com a
mudança do cenário
eleitoral do país.
“Criarei o Ministério da
Segurança Pública”
“Decretarei o fim
da corrupção”
“Inflação no
centro da meta”
“Salário mínimo de
R$ 1.OOO,OO”
“Fim do fator
previdenciário”
“Ampliarei a
Bolsa Família”
“Escola integral
para todos”
“BRUXOS”
LULA-DILMA
EXCLUSIVO. Conversa mais do
que sincera e objetiva:
Lula traça com Dilma roteiro
para corrigir erros e aprumar
visões na campanha.
Said Farhat, notável articulador de bastidor e como empresário de
comunicação deixa o palco que sempre o cativou: a política e o poder
RANKING
OS
10 MAIS
INFLUENTES
NA POLÍTICA E
DIAS TOFFOLI
Na presidência do TSE
comanda o processo
eleitoral com diligência e
presente a tudo.
RENATA CAMPOS
PODER EM AGOSTO
BETO ALBUQUERQUE
Candidata a personalidade
do ano pela energia,
capacidade de aglutinação
e fidelidade.
Candidato a vice de
Marina Silva, da linha
mais próxima a Eduardo, é
aceito pelo empresariado.
ABILIO DINIZ
FERNANDO GABEIRA
Empresário vocaliza o
mercado com ideias cada
vez mais lúcidas sobre
gestão e governabilidade.
Chega ao auge da
experiência e tirocínio com
entrevistas precisas na
GloboNews e artigo na Folha.
LUIZA ERUNDINA
JOÃO SANTANA
Marqueteiro oficial da
campanha de Dilma
Rousseff controla
absolutamente as rédeas.
ANDRÉ LARA RESENDE
Coordenadora geral da
campanha de Marina Silva,
volta por cima que destaca
habilidade.
Um dos pais do Plano
Real, o economista foi
chamado integrar a equipe
econômica de Marina Silva.
JUNITI SAITO
JORGE BORNHAUSEN
Comandante da
Aeronáutica com atuação
profissional e técnica
irrepreensível no Cessna.
Empresário, político,
liderança nacional do PSD,
atua com intensidade no eixo
das articulações no eixo sul.
(*) Esse ranking será publicado mensalmente para compor os 10 MAIS INFLUENTES DO
PODER DO ANO DE 2014, na edição de dezembro próximo.
2
CONTEÚDOS DESTA EDIÇÃO
2 - OS MAIS INFLUENTES NA POLÍTICA E NO
25/26/27/28/29 - ENSAIO POLITICO
PODER DE AGOSTO -DESASTRE AÉREO, DESASTRE POLÍTICO
3 - CONTEÚDOS EDIÇÃO AGOSTO/DO
30/31/32- POLÍTICA - PROMESSAS DE
LEITOR/EXPEDIENTE CAMPANHA; FALSAS COMO R$3 4 - POLÍTICA - SENADO:10 TENTAM
33/34 - FÓRUM POLÍTICO DAS MULHERES
REELEIÇÃO 35 - PODER - O SÁBIO HABITO DE
6 - POLÍTICA - EQUILÍBRIO SERÁ MANTIDO
DIZER “NÃO” 7 - POLÍTICA - “CARDEAL” MAIS
36/37- MAIS SONAR - RICARDO RAMOS RESPEITADO FALA
38/39- POLIS CONFIDENCIAL
8/9- A ARTE DA POLÍTICA/CONSELHOS DE
4O/41 -SWING POLÍTICO (II)
MAURÍCIO DE NASSAU 42/43 - MEDICINA - IMEB, PIONEIRO NA
1O/11 - COLUNA LEONARDO MOTA NETO MEDICINA DIAGNÓSTICA 12/13 - OS ‘BRUXOS’ DE
45/46/47 - WEB - O MELHOR DOS
BRASILIA - SAID FARHAT CONTEÚDOS DE www.cartapolis.com.br
14/15 - SWING POLÍTICO (I)
48/49 – JUDICIÁRIO: O JUGAMENTO DE
16/17 - POLÍTICA - LULA QUER FICAR
CESARE BATTISTI
COM A ECONOMIA
5O/51 - PÁGINAS AZUIS -
18 - POLÍTICA - LULISMO NÃO PASSA,
ANTÔNIO AURELIANO
DILMISMO FICA
52/53 - ÚLTIMO SONAR - ÁLVARO DE
19 - POLÍTICA - PMDB SEGUIRÁ MANDANDO
CAMPOS
20/21 - SONAR - ALBERTO CAEIRO
54 - EDITORIAL - PORQUE INSISTIR NO BRASIL 22/23 - FRASES DO MÊS
54 - OPINIÃO - ELLEN BARBOSA
EXPEDIENTE
CARTA POLIS revista mensal de bastidores do poder em Brasília.
Editor-responsável: Leonardo Mota Neto ([email protected])
Diretora: Ellen Rôse Aguiar Barbosa ([email protected])
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Redação, Comercial e Administração: SCN, Qd 1, Lote 50, Bl. E, Sala 512, Ed. Central Park, CEP: 70.711.903. Tel: 61 3201 1224 CARTA POLIS é uma publicação da POLIS.COM; Todos os direitos reservados.
*Os artigos assinados nesta edição são de responsabilidade de seus autores. CARTA POLIS não se responsabiliza pelos conceitos neles emitidos.
3
POLÍTICA
SENADO
APENAS DEZ TENTAM REELEIÇÃO
O
Senado Federal terá renovação de um terço de suas cadeiras nas eleições deste ano, mas não são apenas os
senadores eleitos em 2006 que estão no páreo por sua
reeleição.
Na verdade, dos 27 senadores que têm seu mandato encerrado em janeiro de 2015, apenas 10 estão tentando retornar
para mais um período de oito anos. São eles: Álvaro Dias (PR),
Fernando Collor (AL), Gim (DF), Jayme Campos (MT), Mario Couto (PA), Mozarildo Cavalcanti (RR), Maria do Carmo
Alves (SE), Kátia Abreu (TO), Acir Gurgacz (RO) e Eduardo
Suplicy (SP).
Dos outros 17 eleitos para o período 2007-2015, muitos
estão se aposentando e outros se candidatam a outros cargos,
como governador, deputado federal e vice-governador.
Apesar da renovação de um terço das cadeiras, na verdade
são 38 os senadores que participam das eleições em 2014.
Para o cargo de governador, são 21 os senadores que participam das eleições: Benedito de Lira (PP-AL), Eduardo Braga
(PMDB-AM), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Lobão Filho (PMDB-MA), Delcídio Amaral
(PT-MS), Pedro Taques (PDT-MT), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Vital do Rêgo (PMDB-PB, Armando Monteiro (PTB-PE),
Wellington Dias (PT-PI), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Roberto
Requião (PMDB-PR), Lindberg Farias (PT-RJ), Marcello Crivella (PRB-RJ), Angela Portela (PT-RR), Ana Amélia (PP-RS),
Paulo Bauer (PSDB-SC), Eduardo Amorim (PSC-SE), Ataídes
Oliveira (Pros-TO) e Lídice da Mata (PSB-BA).
Outro sete senadores concorrem para cargos diversos. São
os casos de Francisco Dornelles, do PP, que é candidato a vice-governador no Rio de Janeiro.
Já para o cargo de deputado federal estão concorrendo os
senadores Alfredo Nascimento (PR-AM) e Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE).
Para deputada estadual, tenta uma vaga a senadora Ana
Rita (PT-ES). Cyro Miranda, do PSDB de Goiás, que se tornou
senador por ser suplente, concorre novamente como suplente
neste ano, desta vez na chapa do candidato Vilmar Rocha, do
PSD.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, concorre à vice-presidente, na chapa de outro senador tucano, Aécio Neves, de Minas Gerais.
Dos 43 senadores que estão fora da campanha deste ano,
31 permanecerão no Senado, seis não receberam legenda de
seus partidos para concorrer, e outros seis se aposentam.
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POLÍTICA
SENADO:
EQUILÍBRIO SERÁ MANTIDO NAS BANCADAS
E
m relação às perspectivas de mudanças na correlação de
forças partidárias, analistas que se dedicam à movimentação eleitoral no Congresso analisam que pouco deverá
mudar na atual composição atual das bancadas no Senado. O
PMDB, o maior partido do Senado, com 20 parlamentares, continuará liderando o ranking das maiores agremiações, embora
tenha chance de ver diminuída sua bancada.
Segundo as atuais pesquisas, o PMDB tem cinco senadores liderando nos estados (Gilvan Borges, no Amapá; Geddel
Vieira Lima, na Bahia; Simone Tebet, no Mato Grosso do Sul;
José Maranhão, na Paraíba; e Kátia Abreu, no Tocantins), e
como são seis os que encerram seus mandatos em fevereiro de
2015, o partido iniciaria a próxima legislatura com uma bancada de 19 membros.
Os dois partidos que estão logo abaixo do PMDB – o PT e
o PSDB – teriam pouca ou quase nenhuma mudança no tamanho de suas bancadas. O PT, atualmente possui 13 senadores, e
perderá três no encerramento da atual legislatura.
Como no momento apenas dois petistas lideram as pesquisas para o Senado em seus estados (João Coser, no Espírito
Santo, e João Paulo, em Pernambuco), o partido ficaria em 2015
com uma bancada de 12 senadores.
O PT acabaria assim empatando com
o PSDB que hoje conta com 12 senadores
e tem a perspectiva de se manter neste
mesmo patamar a partir do ano que
vem. Isto porque ao mesmo tempo
em que serão seis os tucanos a deixar
o mandato em 31 de janeiro de 2015,
outros seis postulantes ao cargo lideram no momento as pesquisas em
seus estados (Tasso Jereissati, no
Ceará; Antonio Anastásia, em Minas Gerais; Mario Couto, no Pará;
Álvaro Dias, no Paraná; (PSDB);
Anchieta Junior, em Roraima; e
José Serra, em São Paulo).
Atualmente a quarta colocação no ranking das bancadas no Senado é dividida
por PTB e PDT, ambos com
seis parlamentares. Se o resultado de momento das
pesquisas for confirmado
nas urnas, essa situação
será drasticamente alterada com a entrada em cena
de uma nova quarta força
no Senado Federal: o PSB,
agora liderado por Marina Silva.
O PSB, até recentemente liderado pelo falecido Eduardo
Campos, tem uma bancada de quatro senadores que só deixarão seus mandatos em 2019.
A esses quatro podem vir a se somar cinco novos senadores socialistas: Roberto Rocha, no Maranhão; Wilson Martins,
no Piauí; Romário, no Rio de Janeiro; Wilma de Faria, no Rio
Grande do Norte; e Paulo Bornhausen, em Santa Catarina. O
PDT poderá vir logo atrás do PSB, pois ao passo em que perderá
dois senadores devido ao fim do mandato, ganhará, segundo
as pesquisas, três novas posições para sua bancada (Reguffe,
no Distrito Federal; Lasier Martins, no Rio Grande do Sul; e
Acir Gurgacz, em Rondônia), chegando a uma bancada de sete
membros.
Entre os partidos que estão em posição baixa na lista descrita acima, a situação mais dramática em 2014 é a do PTB. O
partido de Roberto Jefferson conta atualmente com uma bancada de seis senadores, e cinco deles precisarão se reeleger neste ano.
Pelas pesquisas até aqui, entretanto, apenas um estaria
eleito – Fernando Collor, em Alagoas – o que faria a bancada
petebista murchar para meros dois senadores.
Os outros partidos que podem eleger senadores de acordo
com as sondagens estaduais realizadas até este dia 22 de agosto, não terão mudanças significativas em suas bancadas. É o
caso do PP, que pode eleger Gladson Camelli no Acre para
substituir um senador que deixará o mandato em 2015 e
manter sua bancada de cinco senadores, mesma situação
vivida pelo PR, que pode vir a eleger Wellington Fagundes,
no Mato Grosso, para manter seu tamanho atual (quatro
senadores).
Os outros dois partidos que podem eleger senadores
neste ano – o PSD e o DEM – vivem situações distintas. O PSD, que hoje conta apenas com o senador
Sérgio Petecão, poderá vir a ampliar sua bancada, caso seja confirmada a eleição de Omar
Aziz, no Amazonas. O DEM, ao contrário, com
a eleição de Ronaldo Caiado, em Goiás, não
compensará integralmente a perda de dois
parlamentares que encerram mandatos em
2015. Se Caiado for realmente eleito, o DEM
cairá de quatro para três senadores em sua
bancada.
Das outras legendas que possuem senadores atuando (PCdoB, PRB, Pros, PSOL,
PV e Solidariedade), apenas o PCdoB terá
mudanças em sua bancada, já que dos dois
atuais senadores, ficará apenas um (Vanessa
Grazziotin).
Senadora Kátia Abreu
POLÍTICA
“CARDEAL” MAIS
RESPEITADO DO VATICANO
PETISTA ADVERTE:
A
PRECISAMOS NOS RENOVAR!
quele considerado de raciocínio político mais elaborado do PT para a subciência de conquistar e
manter o poder, nesse momento transita por graves meditações a respeito do futuro de sua agremiação.
Tido como “camelengo” – o mais velho e preparado
intelectualmente – da alta cúria do PT – ele passa imediatamente da meditação à análise pontiaguda de uma crise
que perpassa o PT: a do envelhecimento.
Cita inúmeros casos em que a gerontologia passou a
ser uma categoria médica muito respeitada entre os petistas.
Para essa análise de situação a troca dos candidatos
a governador de São Paulo, de Marta Suplicy por Alexandre Padilha – foi feita sob o signo de rejuvenescimento.
O antídoto ao velho e bolorento já havia sido o móvel da escolha de Fernando Haddad para se candidatar a
prefeito de São Paulo.
Dos quadros atuais no governo preocupa-se com os
ministros que estão envelhecendo, conformados e conformistas, disputando pequenas quinquilharias de espaços.
Cita logo um caso visível: o ministro Aloysio Mercadante, que para ele é o “Serra do PT”. Por quê? Provavelmente por constituir um mundo próprio para se encerrar
nele.
O “cardeal” mais respeitado do Vaticano petista – o
“camelengo” do sacro colégio – deu, portanto, a palavra
de ordem: é preciso renovar o PT!
7
A PRESIDENTE
A arte da política
CONSELHOS DE
MAURÍCIO DE NASSAU
À DILMA
(ficção bem humorada)
“C
om os oficiais convém que V. Sª proceda de um modo
cortês e polido, sem, todavia admiti-los à familiaridade e às relações íntimas de amizades, pois sei, por
experiência, que tal convivência é muitas vezes fontes e origem
de muitas desordens.”
(Conselho: polidez nos contatos com os chefes
militares!).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“Cumpre que V. Sª proveja sempre os lugares vagos com os
mais dignos, não prestando ouvidos a paixões, a considerações
de partido, de sociedade, a importunas recomendações e a coisas semelhantes.”
(Conselho: notadamente dos partidos políticos
da base).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“A preterição de pessoas que merecem é coisa que produz
perniciosos efeitos secretamente e sem que se sinta, principalmente quando [os preteridos] vêem que foram preferidos sujeitos inferiores.”
(Conselho: atenção para ex-ministros que permanecem em ronda).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“Neste particular não se pode fazer muito fundamento em
gente ínfima, pois, se um dia dizem a verdade, em outro en8
ganam com muitas mentiras. Devem, contudo, ser admitidos
para que V. Sª aproveite de suas comunicações o que lhes parecer bem, pois, às vezes, de algum deles se pode tirar alguma
coisa de importância.”
(Conselho: o reino do leva-e-traz palaciano muitas vezes é altamente eficiente).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“Mas, os avisos e as comunicações mais seguras devem ser
procuradas entre os mais qualificados. Um ou dois deles bastam para comunicar segredos que, a não ser assim, escapariam
a V. Sª.”
(Conselho: esses têm os nomes de Aloysio Mercadante e Beto Vasconcelos).
“Não convém desgostar o governador da Bahia por coisas
de pouca monta.”
(Conselho: prática obrigatória desde Antônio
Carlos Magalhães).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“Quanto à matéria civil, cumpre autorizar a um do conselho de V. Sª para despachar e assinar o despacho das petições e
se não fizer assim, cairá no ódio e no descrédito público.”
(Conselho: para a pasta de Ricardo Berzoini).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“Deve V. Sª abster-se de lançar novos impostos, pois os tributos geram indisposições no povo.”
(Conselho: muito cuidado, Guido Mantega, com o impulso de uma mão solta).
Quem foi
NASSAU?
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
Johann Mauritius Van Nassau Siegen nasceu em Dillenburg( Alemanha) em 1604 e morreu em Kiev (Alemanha), em 1679. Era sobrinho-neto do príncipe Guilherme I de Orange,
governador provincial da Holanda.
Coronel de cavalaria, ele governou o Brasil
holandês de 1637 a 1644.
Notável administrador, Nassau modificou o
sistema das câmaras municipais, substituindo-o pelo dos conselhos de escabinos, dividiu o
Brasil holandês em administrações distritais, desapropriou e alienou os engenhos de açúcares
abandonados pelos seus proprietários, proibiu
os juros extorsivos ao setor agrícola e instaurou
um clima de relativa tolerância religiosa.
O Recife substituiu Olinda como capital pernambucana e a cidade foi inteiramente remodelada, com o aproveitamento dos rios, a abertura de
canais, construção de pontes e novos palácios.
Da Europa vieram pintores, como Franz
Post, Albert Eckbout e Zacarias Wagener; cartógrafos como Cornelius Golijatb; astrônomos,
como Georg Marcgrave .
Em razão de divergência com a Companhia
das Índias – sobretudo contra o rigor na cobrança dos financiamentos aos senhores de engenhos – Nassau partiu para a Europa em maio
de 1664.
E deixou, ao sucessor, recomendações
para seu governo. Numa livre adaptação da
CARTA POLIS, sempre mantendo o bom humor,
eis os conselhos a Dilma Rousseff. O livro-fonte
é “Conselhos aos Governantes, editado pelo Senado Federal.”
9
“O povo é um rebanho de carneiros que se tosquiam, mas quando a tosquia vai até à carne, produz
infalivelmente dor e, como esses
carneiros raciocinam, por isso mesmo se convertem muitas vezes em
terríveis alimárias.”
(Conselho: quem consome
via crédito fácil quer muito mais).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“O país não deve ser esgotado
de dinheiro corrente porque este é o
músculo e o nervo, sem os quais este
corpo nenhuma força pode ter.”
(Conselho: de vez em
quando é sempre bom olhar a coluna dos gastos públicos)
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“No eclesiástico ou em coisas
da Igreja, a tolerância ou condescendência é mais necessária ao Brasil do que entre qualquer outro povo
a que se tenha concedido liberdade
religiosa.”
(Conselho: receber Dom
Raimundo Damasceno, da CNBB,
de 4O em 4O dias, é uma ótima
providência).
>>>>>>>>ooo<<<<<<<<
“Cumpre que V. Sª não admitam queixas particulares em matéria de religião.”
(Conselho: ao gabinete
do ministro Gilberto Carvalho).
COLUNA
LEONARDO MOTA NETO
DILMA MUDA_______
Na cabeça da presidenta Dilma paira nomes que poderão compor um eventual segundo mandato em cargos-chaves do
governo. A avaliação é feita a partir de conversas com colaboradores da presidenta que conhecem muito bem suas preferências e estilo. Assim, é que se poderia apostar em pelo menos três mudanças no chamado “grupo de elite do governo”. Todas
elas com remanejamentos no atual ministério.
Fazenda - Aloysio Mercadante - considerada uma solução natural;
Casa Civil - José Eduardo Cardozo (foto);
Comunicações - Ricardo Berzoini.
CAMPANHA MUDOU_______
A campanha eleitoral está insossa em relação às anteriores. Saíram inteiramente de moda os comícios e carreatas, a palavra “palanque” foi extirpada do dicionário político. Prevalecem outras fórmulas
de seduzir o eleitor com conversas em residências com pequenos grupos, famílias e vizinhos. O hábito do passado que vigora, é o dinheirinho no bolso do candidato: se for para a rua para um corpo a corpo e
não levar uma graninha para distribuir, estará frito.
DECOLAGEM CARA_______
Um Cessna Citation daquele modelo que vitimou o candidato
Eduardo Campos para decolar de qualquer aeroporto brasileiro, exige
R$ 7 mil em combustível. Some-se a isso as taxas de aeroporto e o pagamento de hotel para os dois pilotos na cidade de destino. Na
volta são as mesmas despesas.
RANKING DO PETITÓRIO_______
Assessores parlamentares do
Congresso Nacional elaboraram um,
“ranking” do que os eleitores mais pedem aos senadores e deputados federais
em mandato. A lista é pela ordem de intensidade dos pedidos:
* emprego para si mesmo;
* emprego para filhos e parentes;
* passagens aéreas ou de ônibus;
* solução para problemas médicos;
* ajuda para chamamento após
aprovação em concursos;
* dinheiro.
MÍDIA BRABA_______
Uma frase antiga do deputado federal sergipano Albano Franco continua ribombando no Congresso para
medir a influência junto à mídia de um senador, em contraposição a um governador:
- “Vale muito mais um mandato de senador que um de governador. Logo que toma posse um governador
começa a se isolar e o senador começa a aparecer”.
SACRO COLÉGIO_______
No famoso encontro de São Paulo que sucedeu
a primeira pesquisa que deu Marina Silva com 21% das
intenções de votos - um a mais que ele -, Aécio Neves
chamou para consultas, seu sacro colégio de cardeais.
Imediatamente, nomeou o grupo que consultará em seu
eventual governo em qualquer crise: FHC - o decano José Serra, Geraldo Alckmin, Aloysio Nunes Ferreira.
Pelo DEM, José Agripino. Quem ficou de fora será bispo,
não cardeal, se Aécio for presidente.
ATÉ NOVEMBRO_______
Quando Dilma Rousseff tinha Aécio Neves e
Eduardo Campos como adversários, investidores
estrangeiros olhavam o Brasil de soslaio, mas não
passavam disso. A partir do momento em que Marina Silva entrou no páreo, precipitaram-se o movimento para efetuarem investimentos para identificar oportunidades de negócios. Tudo fica para
novembro. Grupos chineses são os mais prudentes
de todos.
FRANCISCANO
DEMAIS_______
Reguffe, deputado federal
(PDT), candidato a senador disparado nas pesquisas, é um fenômeno
em matéria de “franciscanismo”. Simples, despojado, não tem santinhos,
cartazes, diretório, carros, muito menos faixas e bandeiras. O único
cabo eleitoral é ele mesmo.
Faz sua campanha a pé, de
chinelos, apenas conversando com as pessoas.
E - o mais curioso: não
aceita doações. Orçou
sua campanha em 1 milhão de reais, mas quer
economizar 2OO mil.
PETROBRÁS ESPERA_______
Na bolsa de cotações de Brasília, o presidente dos Correios Wagner Pinheiro é considerado futuro diretor de um cargo estratégico
na Petrobrás, isso ainda no primeiro mandato
de Dilma. Será uma escadinha para prepará-lo a assumir a presidência em lugar de Graça
Foster num eventual segundo mandato. Para
o lugar dele nos Correios só se fala em Carlos
Eduardo Gabas.
CAVOUCAR POSTALIS_______
Os operadores do mercado financeiro garantem que a crise
do Postalis, fundo de pensão dos Correios, não chegou ainda à superfície. Há muito mais a cavoucar. A direção é política para averiguar porque o PMDB - ala Edison Lobão - afastou a ala Renan
Calheiros, expulsou do jogo o parceiro de diretoria PT e passou a
imperar sozinho na outrora capitalizadíssima fundação, uma das
joias do mercado. As investigações têm encontrado tantos indícios de sevícias ao patrimônio dos funcionários dos Correios que
a prisão de um dos ex-presidentes do Postalis é dada como certa.
11
POLÍTICA
OS “BRUXOS” DE BRASÍLIA
S AID FARHAT:
J
O FAZEDOR DE PRESIDENTES
ornalista, publicitário, cientista político, empresário, escritor, advogado, Said Abrahim Farhat,
nascido em Rio Branco, Acre, o que mais poderia
ser? Foi presidente da Embratur no governo Geisel
(1974-1979) e secretário de Comunicação Social da
Presidência da República (com “status” de ministro)
no governo João Figueiredo.
Recentemente falecido em São Paulo, participou de tudo no Brasil que foi inovador e extremamente ousado. Foi “Publisher” da revista Visão, no
Rio, que marcou época.
Um ângulo de sua biografia que poucos conhecem é o de fazedor de presidentes. Tinha o fato atestado para a arte do “build up” - a construção de perfis
presidenciais.
Contemos uma história para esclarecer o que se
chama fazedor de presidentes: Nos idos de 9O, governo de João Batista Figueiredo, seu compromisso gravado em bronze - era ser o último do regime militar, o que efetivamente cumpriu, mas sabe-se lá a que
custo. Nos desvãos do governo pululavam as linhas
duras que desejavam eternizar o ciclo. Por esta razão
o general Golbery do Couto e Silva, um apaixonado
da abertura para os civis, foi expulso do jogo após o
episódio do Riocentro.
Said Farhat estava entre os que admitiam
que um dos perfis civis era de Petrônio Portella,
o ascético e magérrimo ministro da Justiça,
fumante inveterado de cigarrihas Du
Mourier, e com uma universalmente reconhecida capacidade de
dialogo com o Congresso, governadores e chefes militares.
A oposição - do então MDB o aceitava porque portava o
discurso do desarmamento de espíritos. Portella
urdira a Lei da Anistia
que permitiu a volta
dos exilados o primeiro dos quais, Leonel Brizola.
Naquela manhã de 5 de janeiro de 80, em um sábado, Farhat, que
enxergava à distância os emergentes à Presidência, saiu de sua casa na
Península dos Ministros (era ministro da Comunicação Social de Figueiredo) para a Base Aérea de Brasília aguardar a chegada do HS da
FAB que trazia Petrônio Portella de uma viagem a Santa Catarina.
Não era recepção festiva nem um pulo na base para um cochicho
político com Portellaque. Não poderia falar por telefone. Farhat soubera que o ministro da Justiça havia sido acometido por um infarto de
proporções leves em Florianópolis. Mas, sempre um infarto. Seguiu-se
que seu chefe de Gabinete queria levá-lo direto a São Paulo para uma
consulta de emergência no Hospital do Coração.
Petrônio avaliou bem a situação, e como já se sentia melhor, embora pálido e com mãos trêmulas, mandou tocar o HS da FAB para
Brasília. “Já viu candidato a presidente internar-se em hospital?” - teria
dito.
Foi por isto que o diligente Farhat estava ao pé do jatinho quando
pousou na pista da Base e taxou até o pavilhão das autoridades. Insistiu
muito com Petrônio para que fossem dali direto ao Hospital das Forças
Armadas fazer um checkup. Petrônio recusou-se a ir. Quis ir para casa.
Um bom repouso resolveria tudo.
No dia seguinte, domingo, 6 de janeiro, o
candidato de Farhat e da metade civilista do governo, sentiu-se mal depois do almoço com a
família e amigos do Piaui. Uma ambulância
o levou às pressas ao Hospital Sana Lúcia.
Nem chegou lá. Quando cruzou a Presidente
Costa e Silva (nome de presidente), o coração
de Petrônio Portela não suportou.
SaId Fahat sofreu muito.
“Bruxos” também sofrem
a perda de um projeto
presidencial. (Leonardo Mota Neto).
Farhatianas (I)
MARKETING DA ABERTURA
Anchieta Hélcias, um dos amigos mais próximo de Farhat desde a correspondência da “Visão” no Nordeste, estava engendrado escrever
cm Said Farhat um livro-súmula da transição democrática. A ideia foi de Antonio Lavareda, cientista político e grande admirador de Farhat,
que se propunha a financiar o projeto e se dispunha a escrever o prefácio. Chamar-se-ia: “O Marketing da Abertura”, apenas versando sobre
a temporada que Said vivenciou na transição de Geisel para Figueiredo sob a liderança farhatiana e a inspiração de Golbery do Couto e Silva
para afirmar ao país, não apenas à sociedade civil, mas em especial aos estamentos militares, que Figueiredo seria o último general presidente e, após ele, o Brasil entraria em pleno regime democrático. O que aconteceu! O projeto não pode nem deve morrer com a morte de Farhat!
Farhatianas (II)
O HOMEM DE VISÃO
Quando Anchieta Hélcias estava secretário do Desenvolvimento de Pernambuco, Frahat, presidente da Embratur e do Fungetur, aprovou os projetos estaduais de turismo e garantiu os recursos para construção do Centro de Convenções de Pernambuco
(entre Olinda e Recife). Iniciou a organização e regularização do litoral pernambucano. Um PROJETO estruturante que o Banco
do Nordeste e o BID tomaram como modelo para o Projeto Costa Dourada, englobando os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte,
Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco. Farghat, o homem de visão, além de ter sido homem da Visão.
Farhatianas(III)
“RESUMINHO” DO RÁDIO
Mário Nelson Duarte, repórter de rádio no Palácio do Planalto durante a era Figueiredo, guarda de Farhat as melhores lembranças
começando pelo respeito aos radialistas, pouquíssimo lembrados pelos secretários de imprensa palacianos. Sofrem horrores nas coletivas.
Lembra Mário Nelson que Faghat instituiu (depois de encher muito o saco dele, é claro) o “resuminho” para “as rádias” depois do briefing
coletivo. Detalhe (“Sincronicidade”): Farhat foi dono de rádio em Belém, do Pará quando saiu do Acre para lá. Explicado, Mário Nelson?
Farhatianas (IV)
PORTA-VOZ ESCOLHIDO
Jantar na casa dos Farhat em Brasília, após a eleição indireta de Figueiredo. Ray Farhat, a anfitriã sempre espirituosa, determinada e franca diante da qual Said pouco falava, era a hierarquia natural se exercendo. O convidado era um jornalista político,
colaborador da campanha. Seguiu-se uma dificílima conversa para o convidado. Foi uma sondagem sobre o perfil do porta-voz do
governo - Assessor de Imprensa da Presidência - que trabalharia sob as ordens de Said Farhat, já escolhido ministro. Conversa vai e
vem com nomes sendo lembrados e quase todos derrubados, sobraram três. Farhat, constrangidíssimo, porque o convidado havia
trabalhando com ele lado a lado e era seu favorito para porta-voz. E era também de Ray. Mas, os dois outros candidatos, grandes
profissionais, eram mais palatáveis pelos militares. O convidado percebeu a situação e desempatou o jogo:
- Acho que deve o ser Marco Antônio Kramer.
O casal não disse palavra, mas agradeceu. No dia seguinte, o jornalista gaúcho Marco Antonio Kramer foi anunciado oficialmente.
Farhatianas (V)
A CAIXA DE CHOCOLATES
Ray, “Raimundinha” para os mais carinhosos, era uma mulher extraordinária. Uns 7O%do que foi Farhat devia-se à ela, à sua
pertinácia, inteligência e intuição conjugada com visão empresarial e talento para separar boas das más pessoas. Um dia de trabalho normal, Farhat chega no carro oficial para almoçar com a mulher. Já eram decorridos os primeiros dois anos do governo. Ray
lia, deitada. No sofá do quarto de casal, Farhat passou a ler documentos. Tocam a campainha. A empregada vai abrir. Eram flores
e uma caixa de chocolates para Dona Ray, dizia tão somente o cartão. Não constava o nome do subscritor. Farhat - que estava sob
pressão terrível das “forças ocultas” que não queriam abertura coisa alguma - desconfia. Pede a mulher para não mexer na caixa
de chocolates. Farhat pega a caixa e joga longe. A caixa explode. Era uma bombinha infantil arrumada no interior da caixa, mas
mortífera, caso aberta se um só chocolate retirado.
Farhatianas (VI)
A CHAPA VERDE-AMARELA
Logo no início do governo, o carro oficial que servia o ministro da Comunicação estava demorando a receber a chapa verde-amarela.
Utilizava um carro com chapa de bronze, e por isso tinha acesso mais imitado que seus colegas de ministério às solenidades e estacionamentos reservados a ministros. Enfim, um estorvo para quem precisava chegar na frente de todos. Ele reclamava e nada acontecia. Um
dia, um alto hierarca do Planalto ofereceu-lhe um carro com chapa verde-amarela. Era o carro reserva do presidente da República. Farhat,
descendente de libaneses, portanto, desconfiadíssimo, pensou e teve a exata intuição de uma armadilha promovida por forças estranhas.
Um fotógrafo, quem sabe, já estaria a postos para colher o flagrante dele se servindo de um carro presidencial reserva. Era tudo que queriam
para intrigá-lo com Figueiredo. Seria o pecado da soberba manifestado. Mas Said Farhat jamais entrou no carro número 2 de Figueiredo.
13
SWING POLÍTICO I
FARHAT ESCREVIA DISCURSOS PARA
FIGUEIREDO COM CUIDADO PARA
QUE NÃO FALASSE “NÓS VAI”
S
aid Farhat, paraense, jornalista, publicitário, mas, sobretudo homem de
ideias ousadas, era o pensador de comunicação externa do presidente
João Batista Figueiredo.
Nada de “marquetagem” simples, mas um intelectual que elaborava desde discursos às estratégias de longa durabilidade do general, que prometia
ser o último do ciclo militar e repassar o poder aos civis.
A campanha de Figueiredo foi feita para uma eleição indireta pelo Congresso, e precisava conquistar apoios militares e políticos. O principal, porém,
tinha sido o apoio do presidente Geisel, e este já fôra obtido graças ao trabalho de convencimento de Humberto Barreto e Heitor Ferreira.
Sucederam-se viagens do candidato pelos estados para se encontrar
com os grupos da sociedade, como se fosse campanha presidencial aberta.
Em cada estado, um discurso. Em cada discurso, o dedo de Said Farhat,
sempre claro e preciso em seu texto.
Quanto mais aproximava a eleição, mais discursos para Farhat escrever.
Certo dia já não mais suportando a carga da demanda de discursos,
Said Farhat chamou seu principal assessor, jornalista Anchieta Hélcias, e lhe
disse:
- Olhe, tome conta disso. Vão escrevendo rápido. Não liguem muito para
o estilo. Basta não escrever “nós vai” que tudo estará bem para o Figueiredo.
PREFEITO DE PAU DOS FERROS
DEU LIÇÃO PRÁTICA DE PACTO
A AGRIPINO E MACIEL
Q
uando o atual senador José Agripino era governador do Rio
Grande do Norte, reuniu os prefeitos do PFL de todo o Estado para ouvir a pregação do senador Marco Maciel sobre o Pacto
Social.
Maciel, líder nacional do PFL, viajava pelo país para vender a
ideia de um pacto globalizante que incluía reforma política, Constituinte e o Pacto Federativo.
Era uma salada teórica difícil de entender pelos prefeitos.
Não deu outra. Ao finalizar a palestra, o prefeito de Pau dos
Ferros, José Fernandes, tio do jornalista Calazans Fernandes, levantou a mão e pediu a palavra. Queria dar sua opinião sobre os
pactos.
- Senador, o que a gente vai fazer no agreste quando o Aluízio
Alves tirar nossos empregos do PFL e passar para o PMDB? Será
esse o pacto social?
E o astuto prefeito concluiu, para espanto de Maciel e Agripino:
- Os caminhos da pátria passam pelo quintal de minha casa.
Maciel há de ter pensado dez vezes antes de prosseguir a
campanha pelo Pacto Social.
14
SWING POLÍTICO I
ARRUDA DEVE CONSULTAR
EPISÓDIO OCORRIDO
COM JK E LACERDA PARA
FORTALECER SUA CRENÇA
A
eleição de José Roberto Arruda a
governador no Distrito Federal estava por um fio. O TSE poderia impugná-lo antes mesmo da eleição. O ambiente judicial era hostil ao ex-governador
afastado do poder devido ao que ele
chama de “golpe” engendrado pelo PT.
E também apelidou a Lei das Fichas
Limpas de “leizinha”.
Os advogados do candidato do
PR e apoiado pelo Joaquim Roriz, no
entanto, estavam bem confiantes. A
teoria do fato consumado e do direito
adquirido era para eles maior que a lei
da ficha limpa. Arruda obteve o registro
de candidato.
Existe uma passagem na história
política recente do país que os advogados “arrudistas” poderiam levá-lo em
conta, pois é maior do que
qualquer súmula jurídica.
Passou-se em 56. JK,
então governador de Minas, apresentou-se como
candidato a presidente
pelo PSD.
Carlos Lacerda, udenista ferrenho, governador
do Estado da Guanabara,
rancoroso contra JK como
havia sido contra Getúlio,
dispara sua metralhadora
giratória:
- Juscelino não será
candidato. Se for, não se elege. Se se
eleger, não toma posse. Se tomar posse, não governa…
Ou seja, Lacerda dispunha-se a
TRÊS CORTES DE
SARNEY: NÃO BATIA
NA MESA, QUERIA VER
CHARGES E ÍA A FESTAS
DE INIMIGOS
G
overno Sarney. O presidente da Câmara dos
Deputados e do PMDB nacional, Ulysses
Guimarães, mantém praticamente um governo
paralelo. Chama constantemente os ministros
do PMDB à sua residência oficial na Península para passar diretrizes de comportamento e
ação. Sarney, que se lixe.
Os assessores palacianos vão ao presidente. Advertem-no que Ulysses está comendo sua
autoridade pelas bordas. Que a opinião pública
o está considerando um frouxo. Pedem para
que bata na mesa e enquadre os ministros do
PMDB. Sarney, prudentemente, com seu estio
conciliativo:
- “Meu filho, se eu bater pesado na mesa ou quebro a
não deixar JK cumprir as quatro etapas,
tanto quanto levou Getúlio ao suicídio.
JK acabou eleito, e Lacerda saiu
da história com uma morte natural até
hoje suspeita.
mesa ou quebro os dedos…”
Em outra ocasião os assessores comentaram com Sarney, indignados com a enxurrada de charges e caricaturas
depreciativas sobre ele, publicadas nos jornais de todo o
País.
Aconselham-no a usar a força de pressão publicitária
do governo para coibir os chargistas.
Sarney abre um sorrisinho “matreito” e responde:
- “Nada disso. Até gosto dessas charges. Na verdade
as recorto dos jornais e coleciono...”.
A trilogia se completa com um episódio
ocorrido no aniversário da Revista Veja, que
tratava Sarney com dura aversão editorial.
O patriarca Victor Civita vem pessoalmente a Brasília convidá-lo a ir à recepção
do aniversário da revista na Academia de
Tênis.
A conversa no gabinete do presidente transcorre cordialmente, e Sarney
aceita o convite para a festa.
Quando Civita sai, entra no gabinete seu secretário de imprensa, com voz
ativa sobre ele:
- “Sarney, como é que você aceita ir
à festa de uma revista que lhe “desce o pau”
todas as semanas?”
- “Querido, ele não me “desceu o pau hoje…”
15
POLÍTICA
L U L A FICARÁ COM
U
CONTROLE DA ÁREA
ECONÔMICA SE DILMA
GANHAR A REELEIÇÃO
ma conversa recentíssima entre
Lula e Dilma, em São Paulo, entre
quatro paredes – suas únicas testemunhas – teve ingredientes inimagináveis
de crueza. Jogaram ali toda a roupa suja
acumulada para lavar e enxaguar. E depois
passaram a ferro.
Aos pouquíssimos que ouviram essa
versão, a conversa soa como absurda e inacreditável por sua rude essência.
É importante ressaltar esse detalhe: foi a pedido dela, fato que mudou a
psicologia do encontro. Lula sentiu-se à
vontade mais que nunca como mestre do
universo.
O colóquio foi longo entremeado
com muitas frases cortantes. Lula e Dilma
puseram na mesa todos os escondidos ressentimentos e queixas.
Ela, humilde, admitia diante do criador que estava em dificuldades extremadas de sustentação de sua candidatura e
poderia vir a perder a reeleição.
Nada parecido com aquela Dilma
de um ano e pouco atrás, antes das manifestações de rua, quando pairava sobre os
seus 75% de aprovação.
Lula não se fez de rogado. Diante da
sua criatura, que está a apenas 4 pontos de
perder o privilégio de decidir a eleição no
primeiro turno, uma vez que Aécio encosta
cada vez mais. Essa conversa ocorreu bem
antes dos episódios dessa semana e particularmente do Datafolha em que Marina
Silva já ultrapassou o tucano em ponto.
Lula vivenciava um daqueles dias em
que diz as verdades com palavras chãs na
cara do freguês. Dilma estava mesmo disposta a manter uma conversa definitiva
com aquele que muitos julgam estar jogando capciosamente com ela, ao incentivar o
“Volta Lula”.
A presidenta fixou logo de início sua
impressão de si mesma:
- “Sou sua sucessora!” (Ou seja, leia-se: “Não sou mais o poste de 2010!”).
Como a dizer: “Não sou mais aquele
“poste” da primeira eleição. Portanto, mereço respeito pelo que fiz, (faço e poderei fazer mais ainda”). Afinal, foi ela quem pediu
a conversa para apelar a Lula por seu apoio
cerrado e fechado, sem medidas capciosas.
Deva-se dizer que Dilma jamais acreditou nas manobras sub-reptícias de Lula
para fragilizá-la. Repele quem se aventura
a abordá-la com esse tema. Porém, as realidades são mais “A economia faz água”. A
receita “Mantega” está dando errado e o
16
ministro atingiu o fundo do poço, com
confiabilidade zero como “czar” da equipe econômica.
Lula teceu uma análise fria sobre
as deficiências de comando de Dilma
nessa área. Sua mania de ser ministra
da Fazenda de si mesma. Passou para
a seara política. Criticou cruamente a
forma como a campanha de reeleição
está sendo conduzida, desde a estratégia geral à temática e ao discurso. A
distância que Dilma mantém do PT e
de sua direção nacional foi também
lembrada. Por delicadeza, Lula não
deve ter repisado uma velha suspeita
que corre no partido de que Dilma é
brizolista de coração, não petista.
Tudo foi jogado na mesa, afinal
decidia-se ali o apoio de Lula para retirar
Dilma de sua estação no inferno.
Lula foi com tudo. Repassou todas
as dificuldades que a cercam.
Analisou o cenário regional e deu
com o praticamente perdido o Sudeste:
Minas, São Paulo e Rio. São 55% do eleitorado do país.
Indicou com derradeira chance de
ganhar, apostar tudo no Nordeste que garantiu a eleição dela em 2010. Lula não quer
que Dilma foque sua campanha ali. Ele próprio vai cuidar disso: mergulhar nos grotões
e sertões. Espera com isso compensar a perda do Sudeste. Tarefa de Dilma será enfurnar-se nas demais regiões para tentar obter
o maior volume de votos sem Lula por perto.
Dilma seguia concordando com tudo.
Não esqueça que ela solicitou a conversa.
Afinal cedeu, prometeu emprestar
total apoio, mas impôs condições severíssimas. Bem mais caras (no sentido literal da
palavra, de serem altamente dispendiosas
para Dilma se reeleita) que as de 2010.
POLÍTICA
O XEQUE-MATE:
“TEMOS DE JOGAR TUDO AGORA...”
E
m certo momento da conversa, Lula deu o xeque-mate:
- Olha Dilma, eu te elegi em 2010. Se você não
se reeleger, nós dois perderemos já que não poderei me
eleger em 2018. Nosso projeto estará liquidado. Temos
que jogar tudo agora nessa reeleição. Não devemos mais
ligar para diferenças sobre modo de governar e fazer
campanha. Tudo isso é secundário agora.
Dilma, concordando.
Senhor absoluto da situação, Lula ia pondo seu “molho” próprio na conversação. Foi quando largou o bote:
- Se tudo der certo, como vai dar, e você se reeleger
no primeiro turno, vou ter uma participação ampla no
governo para não deixar mais acontecer o que aconteceu
na economia e na política.
Citou expressamente as áreas que receberão sua intervenção para que o governo não aderne até 2018, criando dificuldades para sua eleição.
E citou quais: toda a área econômica será polvilhada
por nomes indicados por ele. Tudo em aberto, não nos
bastidores. O consulado “lulista” cobrirá a Fazenda, o
Planejamento, o Banco Central e os bancos oficias.
E Dilma? Aceitando, claro. Ela é que pediu a conversa.
Lula ainda fez um arremate ao seu estilo. Lembrou
que se Dilma se reeleger, no atual estado da economia
e do pessimismo do mercado, deverá ter muito cuidado
com o PMDB.
Advertiu que nos primeiros anos de seu segundo
mandato, se os indicadores da economia continuarem
ruins, o PMDB, orquestrado por Michel Temer, poderá
conspirar para desestabilizar seu governo.
Lembrou o que aconteceu com Collor. “O que derrubou Collor foi a economia, não a política”.
Fez uma pausa e recordou o que fez José Alencar,
seu vice, quando estourou o processo do mensalão: ficou
neutro.
Dar toda a área econômica e os bancos a Lula não
será um preço tão caro assim. Lula já não manda integralmente no BNDES?
Também não será uma conta salgada Dilma expelir
do eventual segundo governo o secretário do Tesouro
Arno Augustin – que Lula considera o fim da picada. Será
um prêmio à disciplina dela.
17
POLÍTICA
LULISMO
NÃO PASSOU,
MAS DILMISMO É LEGÍTIMO
Gabinete da Presidência
A
presidenta Dilma tem toda a
razão para se sentir monitorada pelos representantes do
“lulismo” em seu governo. E o ex-presidente Lula tem toda a razão para se
sentir responsável pelos destinos do
governo Dilma.
Essa é a velha história do criador
e da criatura em suas variações mais
contemporâneas. Entretanto, mais
uma variante sobre a culpa: Lula está
se sentindo mais fora do poder do que
Dilma dentro. O criador é culpado
pelos males que sofre entre os quais
o orgulho, soberba e superestima.
Quando o criador cria, está criado
e pronto. A criatura deve ser deixada livre, andando com suas próprias
pernas, regida por seus próprios cuidados, auto gerenciada e comandada
por seus planos e programas. Não há
cargo no Brasil de “Super Condestável
da República”.
Se ela errou, deverá se substituída por outro presidente, legítima e
democraticamente eleito.
Reeleição é para isto mesmo:
para confirmar se o presidente da hora
foi bem ou não. Se foi bem, será reeleito. Se não foi bem, passe a faixa.
Como dizia Disareli: “Ou faça ou saia”.
“Sem choro nem vela”, a derrota
18
sempre dói, mas seria republicana.
Nesse caso, todos os que ocupam os
lugares do avião devem desembarcar
e deixar seus assentos livres para os
passageiros da outra coligação que
embarcará.
Chato? Sim, mas um fato histórico. Perder muitas vezes não é feio. Perder é uma contingência do momento.
Não é um decreto de longevidade.
O criador pode sentir-se até mesmo feliz vendo que a criatura cumpriu
o dever de casa, com exatidão e honra.
Mas, se perder, as circunstâncias terão
sido mais fortes. Se ganhar, ela é que
ganhou sozinha.
POLÍTICA
PMDB:
DARÁ AS
CARTAS
COM
RECORDE DE
PARTIDOS
R
ecentes rodadas de pesquisas dos institutos Datafolha,
Ibope e Vox, o resultado das disputas para os 27 governos estaduais projeta duas constatações iniciais: a primeira, a de que o PMDB segue firme para ser o grande vencedor
das eleições gerais de 2014; a segunda, que a multiplicação de
partidos (são 32 os que se
habilitaram para participar
do pleito deste ano) vem
causando o efeito de levar
a uma maior pulverização
nas intenções de voto dos
brasileiros.
Se em 2010 os governadores eleitos ingressavam as fileiras de apenas
seis partidos, em 2014, se
os que lideram as atuais
pesquisas acabarem sendo
eleitos, seria 10 as agremiações que obteriam vitórias
para os governos estaduais.
O PMDB, que está
participando da disputa estadual em 18 estados, possui nada menos que nove líderes nas atuais pesquisas.
São eles: Renan Filho, em
Alagoas; Eduardo Braga,
no Amazonas; Eunício Oliveira, no Ceará; Paulo Har-
tung, no Espírito Santo; Helder Barbalho, no Para; Henrique
Alves, no Rio Grande do Norte; Confúcio Moura, em Rondônia;
Jackson Barreto, em Sergipe; e Marcelo Miranda, no Tocantins.
Se houvesse um índice que medisse a taxa de sucesso do
PMDB em relação ao número de candidaturas, o partido estaria
atingindo a marca de 50% de vitórias.
Em segundo lugar no ranking dos partidos que mais têm
líderes de pesquisas para os governos estaduais são o PT e o
PSDB, cada qual com quatro até aqui vitoriosos.
O PT, que lançou 16 candidaturas, até aqui venceria em
apenas quatro estados: no Acre, com Tião Viana; no Mato Grosso do Sul, com Delcídio Amaral; em Minas Gerais, com Fernando Pimentel; e no Piauí, com Wellington Dias.
A taxa de sucesso do PT seria de apenas 25%. Já o
PSDB obteria vitórias em Goiás, com Marcone Perillo; na
Paraíba, com Cássio Cunha Lima; no Paraná, com Beto
Richa; e em São Paulo, com Geraldo Alckmin. Como lançou apenas 12 candidatos para disputar o cargo de governador, o PSDB estaria melhor do que o PT no ranking de
aproveitamento, com taxa de sucesso de 33,3%.
Na sequência do ranking de partidos que mais conseguem
obter vitórias nas eleições para os governos estaduais aparecem
PR e o PP, com duas vitórias.
O PR vem liderando as pesquisas no Distrito Federal,
com José Roberto Arruda, e no Rio de Janeiro, com Anthony
Garotinho. Já o PP vence, até aqui, no Rio Grande do Sul, com
Ana Amélia, e em Roraima, com Neudo Campos. Os outros
partidos que conseguiriam eleger apenas um governador são
o DEM (Paulo Souto, na Bahia), o PCdoB (Flávio Dino, no
Maranhão), o PDT (Pedro Taques, no Mato Grosso), o PTB
(Armando Monteiro, em Pernambuco) e o PSD (Raimundo
Colombo, em Santa Catarina).
19
S
NAR>>>>>
Alberto Caeiro
TELEFONE MUDO
No final de agosto, em Amapá, onde está, o senador José Sarney tentou falar com a presidenta Dilma várias
vezes. Ela estava disponível, em viagem. Recebeu o recado e não quis atender. Mandou um recado para ele
dizendo que na segunda-feira seguinte o chefe do gabinete pessoal, Beto Vasconcelos, ligaria para ele. Sarney
insistiu que era urgente. Resposta dela:
- “Urgente pra ele...”
GUARARAPES DECOLA
A escassez crônica de caixa do governo já está inspirando simulações para um eventual segundo
mandato de Dilma. Os estrategistas da logística entendem que para dar certo em mais um ano, terá que
com ela ser engendrada agora. Uma das mais viáveis é privatização de um novo lote de aeroportos em
importantes capitais. A joia da coroa nessa segunda seria o Aeroporto Internacional de Recife/Guararapes, considerado o melhor aeroporto do Brasil operacionalmente e o segundo melhor da América do Sul,
de acordo com o ranking 2012 da Skytrax, é o maior complexo aeroportuário do Norte-Nordeste brasileiro.
DESGOSTOS PRESIDENCIAIS
Se for feito um balanço no final deste primeiro
mandato dos assessores da presidenta Dilma
que lhe causaram maior decepção, o ranking
poderá ser encabeçado pelo ex-homem-forte,
Bernardo Figueiredo, ex-dono do setor da logística
governamental. A seguir, Nélson Barbosa, ex-czar dos
bastidores da política econômica.
PRESSÃO ALTA
“Marineiros” acusam pressão do governo
para evitar que doadores institucionais
poderosos migrem para a candidatura
de Marina Silva. Essa cantilena não vale,
entretanto, para o Itaú.
20
PREVISÃO PETISTA
Um estrategista do PT nacional, do mais alto coturno em capacidade de uso da bola de cristal teceu
uma previsão não tão sombria da o quadro de candidatos a governador do partido. Dividiu-os em blocos:
1) devem eleitos; 2) devem disputar; 3) têm condição de disputar. Bloco 1: Delcídio Amaral (Mato Grosso
do Sul),Tarso Genro (Rio Grande do Sul),Tião Viana (Acre),Camilo Capiberibe (Amapá) e Padre Ton (Rondônia). Bloco 2: Fernando Pimentel (Minas) e Alexandre Padilha (São Paulo). Bloco 3: Rui Costa (Bahia).
INVESTIMENTOS ATRASAM CRISTIANIZAÇÃO VOLTA
Empresários estrangeiros atualmente refratários
a trazerem seus dólares, euros, libras, yuans e ienes
para o Brasil, apostam que os horizontes do país
somente se desanuviará quando o futuro presidente for eleito e anunciar sua equipe econômica. Se
houver segundo turno, esse procedimento atrasará
ainda mais. Entre os candidatos existe uma leve
preferência pela pregação de Aécio Neves.
TUDO CONSERVADOR
Uma frase de especialista em componentes
humanos é uma aposta em que em São Paulo os
modelos estratificados superam as aventuras. Lá há
dicotomia PT x PSDB e o PMDB é livre atirador. Não
acredita no sucesso de Paulo Skaf e põe Padilha
no segundo turno. E mais: Skaf apoiará Padilha no
segundo. A frase é:
- “Os dois (Padilha e Skaf) são petistas, mas
falam como PMDB. Lula foi buscar o mais conservador do PT (Padilha) para agradar o PMDB e
combater o PSDB...”
O pessoal mais ligado a Eduardo Campos, que viu
em Recife a candidatura presidencial faz advertência
a Marina Silva:
_ “Se o grupo que o Eduardo articulou e escolheu
para concorrer a governador nos estados for sabotado pelos “marineiros”, o pessoal do PSB tira o carro e
ela ficará reduzida à Rede.”
A isto se chama “cristianização”. Já aconteceu em
Minas, com o então candidato Cristiano Machado.
AGRIPINO PONTIFICA
Sobre as dificuldades que Marina Silva encontraria
no Congresso Nacional, caso eleita e não quisesse
manter o regime do “toma lá da cá”, um consultor
político que há 3O anos circula os gabinetes mais influentes, relembra uma conversa que manteve com o
senador José Agripino, quando crepitava no primeiro
mandato de Lula o fogo morro acima de seu impeachment:
- “Aqui no Congresso só se vota o “impeachment”
de algum presidente quando o povo bate à porta.”
GAZA MARANHENSE
Uma cena rude, terra a terra, afastou de vez os clãs Sarney e
Lobão no Maranhão. Deu-se num diálogo extremamente azedo
entre a governadora Roseana Sarney e o ministro Edison Lobão em
torno do apoio do governo estadual à candidatura do senador Lobão
Filho a governador. Isto é: não haverá apoio algum. Roseana recebeu Lobão pai, rispidamente. Lembrou que nas horas de
maior aperto por que passou ultimamente não contou
com a solidariedade do clã número 2.
Lobão pai ficou indignado com a conversa, dizendo
que sem o apoio do governo a candidatura, vai para o
sal. E que Edinho só entrou porque houve a promessa
do engajamento da máquina do governo Roseana.
Sarney, pai, observava tudo, mas não disse palavra.
O clã se dar por satisfeito se eleger alguns deputados
- federais e estaduais - e o senador, o ex-ministro do
Turismo, Gastão Vieira. Para este, sim, haverá “apoio”.
21
FRASES DO MÊS
ção”.
“Não há quem controle a corrup
rvalho,
(Do ministro Gilberto Ca
vista à Veja).
em entre-
que qualquer agente dela,
“A Petrobrás é muito maior do
es, equívocos e que sejam
diretor ou não, que cometam crim
condenação da empresa.
condenados. Isso não significa
as instituições. A Petrobrás
Homens e mulheres falham, não
está acima disso.
entrevista coletiva on(Da presidenta Dilma, em
rada, segundo O Globo)
tem no Palácio da Alvo
“A Marina ainda vai crescer mu
ito. Inicialmente, achávamos
que ela ia trazer votos para o Ed
uardo, mas agora é o Eduardo que vai trazer votos para ela
”.
(Do deputado Júlio Delga
do, do PSB de Minas,
após a missa em memó
ria de Eduardo Campos na Catedral de Bras
ília. segundo O Globo)
“Tragédia com Campos marca
rá a história do País”.
(De Roberto Freire, pres
idente nacional do PPS,
a TV UOL)
22
“Às vezes digo para os meus
filhos: posso perder a esperança
porque tenho 68 anos e vou
completar 69 em 27 de outubro.
Meus sonhos e esperanças têm
que ser menores do que o son
ho
e a esperança de um moleque
de
16, 17 anos, que está em casa,
que está no iPad falando mal de
alguém. Além de sentar na fren
te
da televisão, do computador e
xingar todo mundo, dizer que nin
guém presta, é preciso pergun
tar:
o que eu fiz?”
(Do ex-presidente Lula,
em vídeo gravado ontem
no Instituto Lula, dirigi
do
aos jovens, questionand
o
o uso abusivo das redes
sociais, segundo o Porta
l
A Tarde).
uardo Cam“Depois de Miguel Arraes e Ed
(PSB) é
tido
pos, a maior liderança do par
Renata (Campos)”.
esidente
(De Roberto Amaral, pr
ura do
nacional do PSB, a abert
Recife,
encontro do partido em
segundo O Globo)
FRASES DO MÊS
e esse conhecimento
“Comoção gera conhecimento,
pessoa que melhor
se transforma em referencial. A
cial é Marina”.
pode representar esse referen
nheiro, do PT
(Do senador Walter Pi
eira pesquisa
da Bahia, sobre a prim
ra presidente,
sobre Marina Silva pa
segundo O Globo)
reforma política. Há um
“Sou a favor do voto distrital na
eleição proporcional já não
sentimento de que esse tipo de
e ninguém mais está disdá mais, que o que se gasta hoj
fala numa campanha de
posto a pagar. Em São Paulo se
s, federal, R$8 milhões.
deputado estadual de R$5 milhõe
e fora de propósito”.
Isso é impossível, completament
residente na chapa tu(Do candidato a vice-p
rreira, em entrevista
cana Aloyzio Nunes Fe
ndendo à pergunta:
ao Globo, ontem, respo
o do governo, tirar
Como será, na formaçã
de receber ministério
hábitos tão arraigados
paredar o presidende porta fechada, de em
troca permanente?)
te, governar sem essa
um querendo valorizar a
“Não é hora de ficarmos cada
Nosso compromisso
parte. É hora de lutar pelo todo.
mandato será um mané pelo fim da reeleição. O meu
que eu quero é ajudar
dato de apenas quatro anos. O
a renovar a política.”
“Vamos deixar claro: o PSB não
é a Rede, nem a Rede é
o PSB. Nem Marina é Eduardo,
nem Eduardo era Marina.
São dois projetos que se encont
raram. Se todos pensássemos igualmente, não seríam
os partidos diferentes. As
divergências são salutares. Fic
o muito feliz quando vejo o
debate das ideias e dos projeto
s dentro do PSB. Só partidos stalinistas conhecem a una
nimidade.”
obo)
(De Marina Silva, a O Gl
(De Roberto Amaral, pr
esidente nacional do
PSB, em entrevista a O
GLOBO)
de Eduardo Campos, se
“Marina não representa o legado
não aceito isso. Eu que não
comportou muito mal comigo e
Não aceito, não continuarei
quis ficar na coordenação dela.
porque meu compromisso era
na coordenação da campanha
representa o legado dele,
com Eduardo Campos. Ela não
entar o legado. Eram muito
ela está muito longe de repres
gicamente, em todos os sendiferentes politicamente, ideolo
a, mas como se está numa
tidos. Não tenho mágoa nenhum
é o que ela é, tem que se
instituição como hospedeira, que
rer mandar na instituição.
respeitar a instituição e não que
a, não no PSB. No PSB,
Ela que vá mandar na Rede del
mandamos nós”
“Se isso for verdade (denúncia da venda do patrimônio
imobiliário por Graça Foster para evitar bloqueio de bens)
e, dependendo da sua extensão, isso configura uma
burla ao processo de apuração da irregularidade. Então é
gravíssimo. É grave porque é como se fosse uma tentativa
de burlar o caso.”
-coordenador-geral da
(De Carlos Siqueira, ex
va, ao deixar a função
campanha de Marina Sil
va, segundo O Globo)
brigado com Marina Sil
23
(Do ministro José Jorge, do TCU e relator
do caso do bloqueio de bens da presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a
notícia publicada ontem por O Globo, se
confirmada, é gravíssima)
www.tse.jus.br
CONHEÇA O PASSO A PASSO
NA HORA DO VOTO.
AO CHEGAR À SUA SEÇÃO, NÃO SE ESQUEÇA DE APRESENTAR
UM DOCUMENTO OFICIAL COM FOTO.
• Você vota primeiro para deputado estadual/distrital. Para esse cargo,
são cinco dígitos. Após conferir o nome, a foto e o número, pressione
CONFIRMA ou CORRIGE.
• O segundo voto é para deputado federal. Agora são quatro dígitos.
Proceda da mesma forma para confirmar ou corrigir.
• O terceiro voto é para senador. O número deverá ter três dígitos.
Atenção: ao digitar o número, aparecerão também a foto e os dados dos suplentes.
• O quarto voto é para governador. Ao digitar o número do seu candidato,
a tela mostrará também os dados e a foto do candidato a vice na mesma chapa.
Lembre-se de que agora são dois dígitos apenas.
• Por último, o voto é para presidente. Também são dois dígitos e, da mesma
forma, ao digitá-los, aparecerão a imagem e os dados do candidato a vice.
• Confira bem o seu voto. Ao digitar e confirmar um número de candidato
ou partido que não existe, o seu voto será anulado.
• Para votar em branco, pressione a tecla BRANCO e depois CONFIRMA.
Se você desejar votar em branco para todos os cargos, deverá repetir o
procedimento um a um.
• Seu voto estará concluído quando a urna emitir um sinal sonoro mais
longo e a tela exibir a mensagem FIM.
24
ENSAIO POLÍTICO
DESASTRE AÉREO: UM
DESASTRE POLÍTICO
Romulo F. Federici*
U
m tempo chuvoso, visibilidade nenhuma, uma pista
de aterrissagem primitiva numa base aérea mal equipada, uma manobra complicada, uma tragédia aérea sem sobreviventes que vem gerando uma enorme
barafunda política.
Antes dos bombeiros chegarem ao local do acidente que
matou EDUARDO CAMPOS e seus acompanhantes naquele
avião, o mundo político entrou em convulsão via internet. Todos os candidatos, principalmente os aspirantes à Presidência
da República entraram numa catarse coletiva - o que Aristóteles
definia como uma reação dos espectadores impressionados e
atarantados após assistirem uma representação dramática.
Mesmo postando-se como compungidos e em luto respeitoso diante dos holofotes, passados os primeiros momentos
todos os políticos e respectivos entourages começaram a correr pelos bastidores em busca de soluções para suas ambições
diante do novo quadro que se apresentava.
Eduardo Campos era um jovem que vinha sendo uma das
opções de LULA para suceder DILMA ROUSSEFF daqui a quatro
anos. A cria, que vinha sendo alimentada era, no entanto, ambicioso e havia sido criado sob a sombra de MIGUEL ARRAIS, político inteligente e matreiro, que lhe transmitiu todas as habilidades
para sobrevivência na selva política. Desconfiado, Campos preferiu liberar-se do mestre e lançar candidatura própria sabendo que
não tinha muita chance de vitória, mas sabendo que tinha todas
JID WEBB
as chances de consolidar seu nome para as futuras eleições Presidenciais, dificultando que lhe puxassem o tapete mais adiante.
Para lhe acompanhar como Vice-Presidente usou a veia
política que lhe foi transmitida pelo seu famoso antecessor e deu
uma tacada de alto risco: Convidou MARINA SILVA, uma pessoa
que não tinha nada a ver com ele, mas tinha votos, muitos votos
e não tinha partido naquele momento.
Sabia que MARINA era mais forte que ele no imaginário
coletivo, predominantemente ingênuo e que prioriza o sonho em
detrimento do mundo real. Ele sabia que nesse mesmo imaginário ela era vista como uma vestal que reunia todas as virtudes
humanas, mas, sabia também que ela tinha muitos votos e era
isso que interessava naquele momento. Sabia que teria engolir
muitos sapos porque ela era uma pessoa que misturava religião
com política e não abriria mão disso porque não poderia abrir
mão da legião de votos carreados pelos crentes. Sabia que teria
de ter muita paciência porque se tratava de uma figura autoritária e cercada de dogmas, mas confiava que o mundo real, onde
ela teria de encarnar, se encarregaria de desmantelar esta casca.
Sabia, enfim, que ter MARINA no cangote era o preço que teria
de pagar, mesmo com todos os riscos que isso trazia.
*Consultor de Relações Institucionais, Direito
Político e Administrativo.
[email protected]
25
ENSAIO POLÍTICO
UMA “SANTA”
EM TROCA DE
UM PARTIDO
O
grande trunfo que CAMPOS tinha era o partido, o PSB, pouco expressivo, mas pedra fundamental para qualquer projeto político dele
e, principalmente de MARINA, que não conseguiu regularizar seu próprio partido, a REDE. Passariam
a estar inexorável e umbilicalmente ligados e mutuamente
dependentes, mas, ao mesmo tempo, tinham consciência
de que, na primeira oportunidade, um deles abandonaria
o outro.
Lançaram a chapa unindo CAMPOS para Presidente
e MARINA para vice, mas no dia seguinte, a turma de um
lado já passou a brigar e disputar poder com o outro lado.
No entanto, vinham se tolerando com olhos fincados no
projeto de poder que estava em jogo.
MICHEL ZAIDAN, cientista político da UNIVERSIDADE
FEDERAL DE PERNAMBUCO, foi incisivo ao sentenciar: “A
ex-senadora do Acre não tem nada a ver com a agenda do
PSB, nem na forma nem no conteúdo. Não é e nunca foi
socialista, ela é evangélica” ... “O que ocorre é a presença
de um partido (REDE) dentro de outro partido (PSB), por
mera conveniência político-eleitoral”. (Jornal Brasil, 247
em 25/08/14).
As candidaturas, a partir da “fusão” vinham caminhando com menos velocidade e abrangência com que
sonhavam. Marina trouxe votos, mas não o suficiente.
Veio a neblina, a chuva, a pista de um aeródromo
sem recursos, a tentativa lograda de pouso, a arremetida,
a manobra para retorno e nova tentativa... O fim!
De repente e, não mais que de repente, a musa coadjuvante transformou-se na RAINHA que agora como a
dona do pedaço, reeditou a frase histórica de D. PEDRO:
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação,
diga ao povo que FICO”. A partir daí, passou a atrair um
tsunami de votos até então vacilantes. Os fiéis abraçaram
sua “santa”, o imaginário coletivo tomou sua decisão e
todos os sonhadores deste país lançaram-se aos pés de
MARINA SILVA. Estavam, como estão, convencidos que ela
irá eliminar, definitivamente, todos antros de corrupção do
país bem como todos os demais males, trazendo a “felicidade geral da nação”.
Sim, o potencial eleitoral de MARINA SILVA está assentado, predominantemente, nos crentes, nos conservacionistas e nos sonhos daquela enorme parcela da sociedade que tem uma cultura política superficial, alimentada
pelas informações das manchetes de jornais e revistas semanais que, via de regra, não tem nenhum interesse em
repassar informações consistentes, senão que comprometam seus próprios interesses.
Esse apoio é reforçado pelas pregações religiosas e
pelos devaneios intelectuais e “intelectualóides” que poucos compromissos têm com este purgatório a céu aberto
que é o mundo real.
26
ENSAIO POLÍTICO
“RICHELIEU”
GIANNETTI
DA FONSECA
ABRE O
JOGO:
D
e repente convencionou-se que a “Santa” traria uma
nova era de virtudes que iria eliminar todos os defeitos e malfeitos da vida pública; que implantaria uma
época de bem-aventuranças, com a solução dos
problemas econômico, financeiros, sociais e os demais que
atormentam o brasileiro comum.
Mas, eis que vem o balde de água fria em nossas
cabeças:
EDUARDO GIANETTI DA FONSECA, o “Cardeal de
Richelieu” de MARINA para assuntos econômicos, dá longa
entrevista à FOLHA DE SÃO PAULO (25/08/2014) dizendo,
nada mais nada menos que:
Marina Silva quer LULA e FHC como aliados e procurará
pessoas do PT e do PSDB para formar sua equipe de governo.
Confessando a falta de interlocução de seu grupo na
área política, diz que os ex-presidentes LUIZ INÁCIO DA SILVA
e FERNANDO HENRIQUE CARDOSO poderiam colaborar.
Confessa-se preocupado com a possível ida de SARNEY, RENAN e COLLOR para a oposição, e aí lança a pergunta e
ao mesmo tempo a resposta: “Com quem se governa e com
quem se negocia? É com LULA e FHC” sentencia.
Pois é, confessa o valor de SARNEY, RENAN e COLLOR e
teme a fuga deles para a oposição, pois sabe que, mesmo não
sendo “santos”, garantem base de apoio a qualquer cristão...
digo, evangélica ...
E acrescenta: “O PSDB é um partido de muitos técnicos
e pouca liderança”; “O PT também tem técnicos de excelente
qualidade que trabalharam no primeiro mandato de Lula e a
gente adoraria trazê-los”.
Um pequeno lapso do dedicado conselheiro: Além de
LULA e FHC, são fundamentais para qualquer governo o poderoso PMDB com todos os seus RENANs espalhados pelos
plenários do Congresso, o baixo clero que tem o poder de
criar inúmeros problemas, o PR comandado por WALDEMAR
COSTA NETO desde a cadeia onde cumpre pena de 7 anos e
10 meses de prisão, o PTB comandado também da cadeia por
outro presidiário não muito equilibrado, ROBERTO JEFFERSON, além de outros não mencionados para evitar a monotonia da leitura.
Sem isto, meu caro RICHELIEU GIANETTI DA FONSECA, ninguém governa sem eles, nem mesmo uma “santa”, sob
pena do risco de impeachment e/ou destruição de imagem.
Perca uns minutos e converse com o COLLOR e com JOSÉ
DIRCEU e ele lhes dirão quão perigoso é afrontar o poder devastador de um CONGRESSO NACIONAL aborrecido.
Seguem-se uma série de considerações que misturam os
fundamentos macro econômicos de FHC e as conquistas sociais de LULA.
Assim, o discurso de MARINA, que induz a grandes mudanças, é desmentido por GIANNETTI, que informa vir por aí,
mais do mesmo, misturando o “liberalismo” do PSDB com o
“progressismo” do PT, algo como misturar azeite e água... Só
com milagre da “santa”.
Falando sério: Tal como todos os outros, MARINA vai ter
de se despir do manto santo, dos fundamentalismos e ir ao
CONGRESSO, ajoelhar no milho, e barganhar os indispensáveis apoios para governar, como todos os outros mortais que
passaram pelo PALÁCIO DO PLANALTO. O resto é figuração!
27
ENSAIO POLÍTICO
UM “EBOLA”
POLÍTICO
M
arina chegou semeando a destruição de votos e apoios
políticos a tucanos e petistas.
O fenômeno era previsto, mas subestimado pelos
“analistas” (sempre eles) porque foi analisado no contexto da parceria de MARINA com EDUARDO CAMPOS.
Era evidente que o neófito CAMPOS, com raio de ação limitado inclusive por preconceitos no “sul maravilha” (saudades do ENFIL)
contra nordestinos, prejudicava MARINA, cuja “santidade” já lhe tinha valido sua consolidação política e cerca de 20 milhões de fiéis,
digo, votos nas eleições presidenciais anteriores.
Com MARINA sozinha, o contágio “marineiro” foi perverso porque sugou eleitores justamente nos principais redutos do PSDB e PT,
abduzindo os votos de nicho dos dois partidos:
OS TUCANOS:
Assistiram a aspiração de votos das elites, notadamente da
classe média clássica que tem aversão ao viés populista do PT e onde
se alojam contingentes de doutrinados pela grande mídia. O engraçado é que parte desse segmento não percebeu o viés populista-evangélico de MARINA e a recepcionou como opção à bipolaridade radical em curso.
Lamentou fuga de muitos artistas, formadores de opinião e da
intelligentsia em geral, encantados, tal como mariposas, pela luz
emanada da santa figura.
Certamente veremos multidões de artistas despindo camisetas
retratando o simpático tucano e vestindo camisetas personalizadas
em homenagem à MARINA (de punhos erguidos), declamando palavras de louvor à ela.
Marina se dá ao luxo de desfrutar do apoio entusiástico de uma
banqueira, importante acionista de um dos grandes bancos brasileiros, que não se cansa de manifestar seu fascínio pela candidata.
Não se sabe o montante da ajuda eleitoral, mas não deverá ser desprezível.
Resta saber se os demais sócios, executivos e decisórios da organização, focados no “bottonline” que fotografa os vultosos ganhos
do banco, estão formando um jogral a ecoar os mesmos cânticos da
referida senhora. Há controvérsias.
E isso se dá numa candidatura, a de AÉCIO NEVES, que, apesar do imenso esforço em seu favor por parte das elites mais conservadoras e da grande imprensa, com seus colunistas, blogueiros,
“especialistas consultados”, “fontes” e tudo o mais, permanece patinando sem uma decolagem firme, consistente e convincente, pelo
menos até o momento em que estas mal traçadas linhas são digitadas.
Parecem confirmadas as previsões de que a “troika” paulistana,
que controla e vem desconstruindo o PSDB, não encontrou à sua
volta lideranças capazes de manter a estatura do partido. Isto porque
vêm embalsamando as velhas figuras, incrustradas no comando do
partido e espantando os novos valores com potenciais de renovação
e interlocução popular. Ah! José Serra? Nem pensar, os velhos senho-
res têm pavor dele!
AÉCIO NEVES foi uma saída de emergência e uma tentativa de
mostrar algo que pensavam ser uma “cara nova”.
O mineiro esforçou-se: Partiu para uma operação plástica que
não foi tão feliz assim. Continua com cara de “tiozinho”.
O discurso começou ultraliberal, mas, rapidamente, teve de ser
mudado porque não vinha produzindo resultado. O mantra (já meio
monótono) de cortes no orçamento (praticamente engessado), congelamento de salários, mexidas nos benefícios sociais e outras pérolas politicamente incorretas e com as feições do banqueiro ARMINIO
FRAGA, teve de ser mudado.
Só que, de uma hora para outra, o discurso passou para o lado
oposto: a pregação passou a representar mais gastos e chegou ao
ponto de, virtualmente, acabar com o “FATOR PREVIDENCIÁRIO”
mediante a invenção de um bônus para os aposentados comprarem
remédios. Faça-me o favor! Neo-petismo não!
OS PETISTAS: Também foram seriamente afetados!
Não podemos esquecer que MARINA foi petista militante por
muitos anos e só abandonou o partido quando percebeu que os
espaços disponíveis eram pequenos para o tamanho de seus projetos
e pretensões.
Conhece bem as entranhas do PT, sua história, seu pensamento, suas convicções, seus projetos de poder e seus maneirismos.
Ninguém melhor do que ela para enfrentar o petismo.
Aliás, se por um lado o PSDB demonstra flagrante fadiga de
material, o PT também já dá os primeiros sinais do fenômeno que, se
não tratado a tempo, levará o partido para o mesmo esgotamento
político do seu rival.
A base eleitoral do PT e de MARINA são similares e ambos
bebem da mesma fonte:
A principal fonte são as camadas populares, secularmente
abandonadas e marginalizadas, e que começaram a ser resgatadas
há relativamente pouco tempo.
Uma área que sempre farejou elitismo no PSDB, e que recebeu
de braços abertos o PT. Mas, agora, os evangélicos chegaram no
pedaço e, sem cerimônia, se estabeleceram. O território está inexoravelmente dividido, ainda não em partes iguais, mas com um belo
naco ocupado pelos fiéis.
Talvez o PT esteja enfrentando o maior desafio de sua história
isto porque, além do fenômeno MARINA, tem de administrar o fenômeno DILMA que, ao invés de catalisar votos incondicionais como
LULA, mostra uma figura tecnocrática, sem o mesmo carisma, sem
os sorrisos e os braços aberto jogando-se nos braços da multidão.
Portanto, sem os ingredientes históricos do grande líder popular o
partido. É lógico que a posição do PT parece ser melhor que a do
PSDB, mas não dá para ter garantia de nada. Os petistas devem
ganhar o primeiro turno, porque os tucanos não devem ser páreo,
principalmente depois do advento MARINA que dividiu a oposição e
ficou com o maior pedaço.
Mas, o segundo turno está totalmente em aberto, pois ninguém
sabe para onde irão os votos tucanos:
Os vingativos deverão ir para MARINA por revanche; os radicais podem votar em branco, anularem o voto ou simplesmente
não votar; os conformados, mais prudentes, temerosos de aventuras,
podem votar no PT simplesmente porque já conhecem os limites do
partido. Impossível quantificar cada uma dessas fatias e, consequentemente, cravar quem vencerá mas ... as primeiras projeções revelam
um empate de alto risco para DILMA.
28
ENSAIO POLÍTICO
OS RESTOS DO
DESASTRE
E A COZINHA
DE MARINA
ecolhidos e analisados, os fragmentos do desastre
político revelam uma possibilidade real de termos
de encarar a santa senhora, MARINA SILVA, descendo dos céus e se acomodando no PALÁCIO
DO PLANALTO.
É extremamente preocupante o fato de um estado laico como o Brasil, em plena marcha para um novo patamar
Preocupa o fato de que ao assumir o poder efetivo (o
PSB terá posição secundária) a banda religiosa-ambientalista-fundamentalista que, há anos vem tentando influir, com
pouco sucesso, deslumbre-se ao ter nas mãos o comando
supremo da nação.
Preocupa o fato de que as inevitáveis dificuldades para
formar uma base parlamentar sólida não produzam um mínimo de estabilidade do poder liderado por MARINA. Seria
ingênuo supor que o PSDB e o PT contribuam para a perpetuação da REDE SUSTENTABILIDADE no poder.
O PMDB, por seu turno poderá fragmentar-se.
A entrevista de EDUARDO GIANETTI DA FONSECA, o
“Cardeal Richelieu” de Marina Silva tinha o objetivo de transmitir tranquilidade à opinião pública e aos agentes econômicos, teve efeito inverso: trouxe mais preocupação.
Em primeiro lugar, quando valoriza e espera um futuro
apoio de SARNEY, RENAN, COLOR, LULA e FHC demonstra que vai contar com os mesmos do mesmo jeito. Depois
demonstra extrema fragilidade política diante da impossibilidade confessa de formatar uma base de sustentação no
Congresso com seus próprios meios, desprezando as velhas
geopolítico, tendo de interagir pelo mundo afora com toda
a sorte de lideranças e tendências, inclusive nos BRICS, se
apresente guiado por uma senhora fundamentalista religiosa.
Seria extremamente preocupante que tenhamos, em pleno momento de desenvolvimento, uma liderança que discrimina setores importantes da economia como o agronegócio
que, na prática, vem sustentando nossa balança de pagamentos.
Somos um verdadeiro subcontinente em construção
onde ainda existe muito a fazer e a construir. A inadiável
construção de represas, usinas hidroelétricas, termoelétricas,
estradas, tuneis, portos, aeroportos, enfim toda infraestrutura
da qual ainda estamos carentes poderia ser retardada e mesmo paralisada se analisadas com viés radical no aspecto do
meio ambiente.
lideranças.
E arremata dizendo que “tentaria levar para a cozinha
do governo os membros das siglas rivais”, referindo-se ao PT
d PSDB, confessando-se muito interessado nos técnicos de
ambos os partidos.
Difícil imaginar LULA e FHC sentadinhos da antessala da
cozinha do governo MARINA, esperando para serem atendidos e dando palpites. Façam-me o favor, poupem-me.
Francamente: Para ter a mesma base de apoio e a mesma estrutura do PT e PSDB, é melhor votar nos originais e não
na cópia a ser montada com retalhos dos dois partidos, sob
a liderança imprevisível de MARINA SILVA.
CONCLUSÃO:
Rezem, façam suas orações se forem religiosos ou cruzem os dedos se forem laicos.
R
29
POLÍTICA
E
les prometem tudo nas campanhas para presidente da
República, governadores senadores e deputados. Prometer não dói. Prometer vem do italiano “promittere”, que
significa “atirar longe”.
Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves estão atirando longe demais nesse exercício de pseudo-conquista do eleitor, insistindo numa tática equivocada, pois na verdade os candidatos encontram uma parede compacta de convicção.
tante do tempo se dediquem às atividades de consultas particulares.
Seria uma alternativa ao Mais Médicos, mas o eleitor logo
percebe que é uma balela a mais, porque representaria um
rombo na despesa pública do Tesouro. A crise da saúde é estrutural e não será resolvida via BNDES com suas taxas de juros
astronômicas. Não é meta de banco oficial conceder sacos de
bondades, candidato!
TUDO É PROMETIDO,
QUASE NADA SE
PODERÁ FAZER
O Datafolha,
último de agosto,
assegura a persistência desse erro,
ao mostrar que
cresce mais ainda
a quantidade de
eleitores que exige
reformas de métodos, de costumes e
de palavreado políticos. O eleitor está sabendo o que cola e o que não cola no
discurso de cada candidato.
O fenômeno da alta capacidade de informação do eleitor
brasileiro é novíssimo e peculiar a esta eleição. É derivado das
redes sociais. Em 2O10 não havia tal onda de opinião própria
disseminada via computadores, laptops. celulares e e-mail super-rápidos como o whatsApp.
Hoje, todo internauta se fez comunicador e dono de sua
opinião. Também disseminador de dados conjunturais e distribuidor de opções políticas. É um integrador de tendências
e um divulgador de imagens instantâneas. Nada escapa ao poderio interativo desse repercutidor solto na globosfera. Atingiu
de chofre o pensamento do eleitor. Para construir e destruir.
O eleitor bem informado está repelindo os discursos
com promessas que sabe serem irrealizáveis. Outro dia, Aécio
prometeu no interior de São Paulo que, se eleito presidente,
colocará o BNDES a serviço de um programa para financiar a
abertura de consultórios médicos no interior para que os profissionais da medicina doem meio expediente ao SUS e no res30
D i l m a
Rousseff também
comete
seus pecadilhos
na sua campanha. Em Jales,
São Paulo, no
encontro com
os prefeitos do
PMDB, prometeu (sempre o
“promittere”: atirar longe) acabar a burocracia pública no seu
segundo mandato.
Ora, a burocracia é tão velha que pode morrer. Chegou ao
Brasil com Pedro Álvares Cabral. Se Dilma quisesse ter priorizado o fim da burocracia no seu primeiro governo teria usado
do mesmo voluntarismo do ministro Hélio Beltrão, que no governo Costa e Silva, de uma só penada, acabou com mais de mil
exigências que fazem as delícias dos cartórios e dos apanhadores de propinas.
Marina Silva não ficou para trás nesse páreo. Defendeu
a retomada do programa nuclear brasileiro, que empacou há
20 anos .É um programa caríssimo, e além das possibilidades
do Tesouro - e logo depois voltou atrás, passando a defender a
energia alternativa.
Aliás, de promessas vazias os candidatos a presidente alcançam rapidamente o estágio de contradições. Das contradições chegam às impropriedades. Quando um deles se sentar na
cadeira de presidente (Dilma eventualmente pela segunda vez)
verá então que a realidade é outra, bem outra.
POLÍTICA
ESPLANADA REDUZIDA:
FALSO COMO NOTA DE R$ 3
T
udo começou nas manifestações de rua de junho do ano
passado. As faixas e cartazes em todo o país foram mais
insistentes ao pedirem a redução do atual fotografia da
Esplanada dos Ministérios Nenhum clamor público foi mais
incisivo. Perpassou a era dos protestos, sobreviveu à Copa do
Mundo - ganhando do “Não Vai ter Copa” - e chegou à campanha eleitoral como maior grito de protesto da cidadania.
A mais constante das promessas dos candidatos oposicionistas do governo Dilma - incluindo os “nanicos” - é sem dúvida a redução do número atual de ministérios, 39. Uns, mais
drásticos, querem passá-los a 12. Outros, a 2O. Dilma, realista.
Não fala em mexer em nenhum. Sabe que para sua estabilidade
governamental teve que negociar a atual estrutura de pastas.
Quando o novo presidente puser os pés no Palácio do Planalto começará a entender porque não pode mexer no desenho
dos ministérios. Toda a arquitetura ministerial está negociada
com os partidos políticos da base.
A base poderá ser outra, de acordo com o presidente eleito
- se for Marina Silva, por exemplo, esta seria mais drástica nas
reformas, mas é inadmissível que, tendo um PSB tão restrito no
número de senadores e deputados federais queira se indispor
com o Congresso Nacional logo de saída.
Como um presidente recém-empossado confrontará o
Congresso, onde serão aprovadas as reformas que este mesmo
presidente irá propor? Na memória de todos está a malfadada
tentativa de Fernando Collor de constituir um eixo de poder independente do Legislativo, poiado por uma mínima base congressual. Deu em “impeachment”. O alerta é para Marina Silva,
mais radical em suas propostas.
A única saída para Marina, se eleita presidente, e se dispuser a reduzir os ministérios, seria tangenciar a via da negociação
política e partir para a democracia direta, apelando às massas
para que pressionem o Congresso. Mas, se assim o fizer, ganhará contornos bolivarianos.
Caso eleita, Marina precisará do Poder Legislativo para
aprovar a redução de pastas ministeriais dentro de uma reforma administrativa ampla a ser negociada pelo governo com sua
base no Congresso, com apoio de outros partidos, mesmo PT
e PSDB. Do contrário, seria uma aventura perigosamente ditatorial.
Se Aécio Neves for o eleito, o PSDB no poder tenderá
manter a atual filosofia de repartição de ministérios uma vez
que já foi utilizada no governo de Fernando Henrique Cardoso. A aprovação da emenda constitucional da reeleição seguiu
essa lógica de negociação com a base governista, da qual participou o indefectível PMDB. Aécio tenderá a manter o atual
cenário uma vez que revela um pensamento mais conservador
que Marina.
31
POLÍTICA
INFRAESTRUTURA,
Q
IDEIA RECORRENTE
Não se conhece nem sequer o nome de seu titular. Seria um
favor à pesca brasileira se o novo presidente o devolvesse ao Ministério da Agricultura.
Da mesma forma, a Secretaria de Portos com seu
monstruoso orçamento e uma política de concessões na
fase dois, que a torna a joia da coroa. Seu titular tem “status” de ministro, mas deveria por racionalidade pura voltar
ao aconchego do Ministério dos Transportes. Lá atrás, no
governo Lula, essa secretaria foi criada apenas para agasalhar Ciro Gomes e sua trupe.
Se Dilma Rousseff for reeleita, não se espere nenhuma reforma nesse capitulo dos 39 ministérios. Seus compromissos
político-partidários para manter a governabilidade a amarram
e a continuarão amarrando.
uando se menciona a redução do número de ministérios se começa com o Ministério da Infraestrutura,
com a junção das pastas de Minas e Energia, Transportes e Comunicações.
Mesmo porque essa experiência já foi tentada no governo
Collor e não deu certo. Sob a legítima pretensão de integrar-se
três pastas gigantescas que cuidam da infraestrutura do país e
que lidam com obras públicas de notável envergadura, logo se
avaliou que o monstrengo não funcionou, pois trata de questões que não se ligam com uma coordenação única.
Aécio é o campeão dessa proposta. Porém, bem mais racional seria - se o novo presidente se dispuser a encarar o desafio de mudar os prédios da Esplanada - atacar os pontos mais
óbvios: o Ministério da Pesca, por exemplo, é uma aberração.
O POLVO QUE TOMA CONTA DA DECISÃO FINAL
O
governo - seja com Dilma, Marina
ou Aécio - é coordenado por um
emaranhado de interesses coordenado por um presidente da República
que os medeia. Tome-se a imagem de um
polvo e suas ramificações para se ter uma
exata ideia do quanto é limítrofe a relação
entre o poder federal e o establishment
brasileiro.
Observe-se: estamos falando não
de elite mas de establishment, que não
tem ainda uma conotação mais clara no
Brasil. É uma espécie de rede de poder
invisível - às vezes, visível demais - que
conglomera a banca financeira, as empreiteiras e as grandes organizações de
comunicação. Basta? Tem mais. A elite
política dos partidos é apenas serviçal
deles que atuam como doadores das
campanhas eleitorais.
Essa turma é capaz de, a um olhar
para o colega de “ranking” de poderosos,
saber que o outro está em dificuldades.
Como são solidários - concorrência, só
no exterior - tratam de manter os gabinetes do poder abertos para os demais.
O polvo prefere lidar com Dilma
Rousseff mais quatro anos porque seria ganhar tempo: já a conhece. Já sabe
quais são suas reações, e elas são previsíveis. Ademais, aprenderam o caminho do Instituto Lula para expor ao
ex-presidente alguma dificuldade que
porventura se interponha entre eles e
o governo.
Se não for Dilma a nova presidente, o polvo terá que se adaptar,
mas não o preocupará demasiado a
mudança. Será uma mudança apenas
pontual porque o Brasil não pode ser
reinventado a cada quatro anos. Sabe
que as regras do mercado - um dos
campos de batalha do establishment,
mas não o único - são imutáveis, porquanto elas mandam no mundo e o
Brasil não quererá ser uma ilha com
Marina ou Aécio.
O polvo confia mais em Aécio,
acompanhando a tendência dos “advisers” internacionais das grandes corporações. Os investidores estrangeiros não
escondem essa preferência - os norte-americanos à frente. Aécio seria aceito
até com certo alívio, mas também eles
aceitam Marina no clube.
Dilma é ainda a melhor opção,
pois, bem ou mal, está com as rédeas na
mão e poderá mudar no eventual segun32
do mandato para uma ação de maior eficácia gerencial, conquanto ainda pesem
sobre ela a suspeita do bolivarianismo e
o excessivo intervencionismo na economia. Não obstante, ela detém a bandeira
do pré-sal, nosso maior trunfo para os
próximos anos.
Marina tem a seu favor um sopro
de renovação democrática após 12 anos
de governos do PT, os quais se assemelham ao PRI mexicano. O establishment considera a hora a mais precisa
para mudar, fazer como o México fez:
uma revolução consentida, sem armas
e sem sangue, por uma reavaliação do
papel do Estado e a introdução de um
governo desenvolvimentista, como no
Peru, Colômbia e Chile, enquanto o
Brasil estreita laços com Argentina, Venezuela. Bolívia e Equador.
Marina oferece para isto a legitimidade com as ruas, determinismo nas
reformas política, tributária, administrativa e do pacto federativo, e uma leve aragem ideológica, porém contida no ramal
ambiental-religioso-direitos humanos,
não entrando na condenação do atual
sistema - o polvo dos polvos, ou seja, sua
filosofia de domínio.
POLÍTICA
FÓRUM
P
CO
I
T
Í
OL
DAS MULHERES
“NECA”, MARINISTA
E HERDEIRA DO ITAÚ
No debate da Band, Marina Silva foi interpelada por outro candidato
sobre sua parceria com Maria Alice Setúbal, a “Neca”, herdeira (um dia, é
claro) do Banco Itaú.
Um dos melhores perfis de “Neca” foi descrito pelo jornal O Globo, recentemente:
“Reservada, fala pausada, estatura alta (1,76 metro) e elegante, Maria Alice Setúbal
também é conhecida por “Neca”, de “boneca”. O apelido foi dado pelo pai, o falecido
dono do Banco Itaú, Olavo Setúbal, encantado pela única filha mulher, nascida em
1951, a segunda de outros seis, todos homens. Maria Alice não nega suas origens
de herdeira — a fortuna da família é avaliada em mais de R$ 5 bilhões —, mas
procura ir além disso. Dirige uma fundação, a Tide Setúbal, e fundou o Centro
de Pesquisa para Educação e Cultura (Cenpec), entidade de referência no setor. Doutora em Psicologia da Educação pela
PUC de São Paulo, ela também administra, ao lado do marido, um hotel-fazenda no interior paulista chamado Capoava
(diárias a partir de R$ 1 mil).”
E por aí vai. Ajudou Marina a construir seu novo partido, a Rede Sustentabilidade.
No primeiro debate na Band, “Neca” acompanhou Marina (foto). A candidata enfrentava as câmeras
com um, par de óculos de grau com armação vermelha. Bastou um sinal de “Neca”, sentada na plateia,
para Marina tirá-lo. Ficou muito melhor, diga-se.
ANA PAOLA: ESTEIO
COM PIMENTA
Ana Paola Pimenta da Veiga ajuda intensivamente, 24 horas por dia,
seu marido, João Pimenta da Veiga a se eleger governador Minas pelo PSDB
e imensa coligação de partidos. Revelando seu extremo dinamismo - como é
de seu feito, sabido por quem a conhece em Brasília, capaz de executar dez
projetos simultaneamente - o casal compartilham uma estratégia bem mineira: Pimenta da Veiga vai para uma região do estado em campanha e Ana
Paola para outro. Jornalista, filha de peixe: do saudoso jornalista mineiro
Wilson Frade, que marcou época como o colunista de maior credibilidade e raio de amizades na imprensa de Minas. Até hoje.
33
POLÍTICA
FÓRUM
CO
I
T
Í
OL
P
DAS MULHERES
LEILA
DO VÔLEI
QUER CÂMARA
A mais carismática jogadora de vôlei que o a
seleção brasileira feminina já teve, Leila, brasiliense
da gema, é candidata a deputada distrital pelo PRB do
Distrito Federal. O nome oficial da candidata é Leila do
Vôlei. Bem a propósito. Ela encantou as plateias de todo o
mundo pelos fundamentos técnicos nas quadras, mas sobretudo por sua esfuziante simpatia. Leila Gomes de Barros Rêgo - este o nome de batismo - pretende, na Câmara
Legislativa do DF, transformar em letra viva um antigo projeto de associar a educação ao esporte. Uma
boa sacada. Aliás, um ótimo saque. Um “ace”!
ERUNDINA,
EXPERIÊNCIA
REQUISITADA
Nos tristes acontecimentos que cercaram a morte
trágica de Eduardo Campos lá estava ela, solidária, prestativa, silenciosa. Luiza Erundina, deputada federal, como
uma boa paraibana, sabe respeitar a dor. Integrante da Executiva
Nacional do PSB, foi primeiro as Santos cuidar das providências práticas com Marina Silva, Roberto Amaral e Beto Albuquerque. Depois,
o grupo foi a Recife prestar solidariedade à viúva Renata Campos.
Sempre foi uma voz que soprou o nome de Marina para quem ainda
tinha dúvidas. Para surpresa de Luiza, acabou sendo a primeira
escolha efetiva de Marina nessa campanha presidencial, para
o cargo de coordenadora-geral. Pode dar muitos conselhos,
uma vez que foi prefeita de São Paulo, então eleita pelo
PT, além de queridíssima na Câmara dos Deputados e em todo o Congresso.
34
PODER
O NOVO GOVERNO:
MÁQUINA CALCULADORA NA MÃO E CORAGEM
PARA DIZER
O
novo presidente da República chegará a seu
gabinete no dia 2 de
janeiro de 2015 com cenho franzido e pressa em se assenhorar
dos dados do Tesouro. Sobretudo em era recessiva tecnicamente ou recessiva de fato, não
haverá tempo a perder.
Se o PIB revisto para 0,9%
em 2014 for confirmado, o novo
presidente (ou Dilma reeleita)
terá pela frente os quatro anos
mais minguados de recursos
públicos para investir em infraestrutura dos últimos três
mandatos do PT. Com baixa arrecadação, com o aumento dos
dispêndios para rolar a dívida
pública interna e o aperto necessário para cumprir a meta do superávit primário em 1,9% do PIB,
o mandatário instalado no Palácio do Planalto será um sofredor.
Claro que no seu discurso
de posse jurará um solene engajamento com a manutenção
das colunas mestras da macroeconomia, representadas nos
princípios da estabilidade econômica que vigem no país desde a criação do Plano Real.
São: 1) câmbio flutuante;
2) inflação no centro da meta;
3) compromisso com o superávit primário, e, 4) respeito à
lei de responsabilidade fiscal.
Outra aragem em favor do novo
presidente será o efeito positivo
que obtiver no mercado e na população com a apresentação de
seu ministério e particularmente da equipe econômica. Meio
caminho andado, a depender
da receptividade e da junção entre os nomes e as promessas de
mudanças.
Nem Dilma, em um segundo mandato, nem Marina
N
Ã
O
ou Aécio poderá fazer mais do que
isso: levar o carro à frente com velocidade moderada e nenhuma ousadia
ao volante.
Terão que lidar inicialmente
com um orçamento que já está delineado para 2015 através da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO)
enviada ao Congresso Nacional no
último mês de agosto. Significa que
se o novo presidente for da oposição, terá que lidar com um orçamento no qual não poderá mexer.
É o orçamento de Dilma. O senador Renan Calheiros, presidente
do Congresso, prometeu aprová-lo
até dezembro. Marina ou Aécio não
deverá fazer mais do que a manutenção, em 2015. Ficarão engessados. Se iniciarem novas obras de
infraestrutura e flexibilizarem as
que vêm sendo tocadas pelo PAC,
acrescentarão graves distorções de
caixa, uma vez que obra inacabada
exige recursos mais polpudos para
sua retomada.
O drama desses dois eventuais
presidentes será lidar com as vinculações obrigatórias desse orçamento e
as transferências crescentes aos programas sociais que serão mantidos e
até mesmo ampliados por qualquer
um dos três candidatos. Esse item é
sagrado e intocável, tipo Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
Somente em 2016 o novo presidente, de fato, poderá respirar e
governar de acordo om seu orçamento, seu programa de governo e suas
metas. Se for oposicionista, passará
todo o 2015 lidando com as contas e
compromisso do governo atual. Se
Dilma for a reeleita o impacto entre
o governo e outro será bem menor,
mas terá que mudar sua equipe econômica para angariar confiança do
mercado e da população. Estarão os
três condenados a serem presidentes
do “não”.
Ricardo Reis
MAIS S
NAR>>>>>
SEM MUNIÇÃO
HOMENS FORTES
A revista “Veja” concedeu
“Páginas Amarelas” aos
candidatos a “todo-poderoso”
da economia no eventual
governo Aécio Neves, o
economista Armínio Fraga.
Supõe-se que ofereça também
ao mago das finanças de
um governo Marina Silva, o
economista Eduardo Gianetti
da Fonseca. E quem sabe
ofereça a Dilma Rousseff
ouvir suas ideias econômicas
para um segundo mandato
através de seu homem forte
na economia.
Os candidatos a senador, deputado federal e estadual,
tanto da base governista federal como oposições, estão até
este setembro a ver navios. Ou seja, a aguardarem em vão
ajuda financeiros das direções nacionais. Os doadores estão
ariscos, e quando aceitam doar, entregam somente uma parte, quando os tesoureiros vão buscar. A alegação é a recessão econômica. Acontece sobretudo com o PT. Considera-se
fora da realidade o projeto “lulista” de eleger uma bancada
federal de 10O deputados.
BURRAS ABERTAS
Numa outra ponta do problema da escassez de recursos
para a campanha dos candidatos reside a expectativa de que
neste setembro, após um trimestre de drástica contenção das
liberações de recursos orçamentários - de junho a agosto - o
governo federal venha a abrir suas burras. São as chamadas
“chuvas de setembro”, para irrigar as eleições.
BALAS ATIRADAS
Aécio Neves está prevalecendo nas pesquisas
no Rio para presidente, mas eleitores do tucano
o advertem para abandonar a temática das
comunidades pacificadas. Isto tira voto do cidadão
carioca e fluminense. Não deve prometer ampliar os
equipamentos das comunidades (escolas e postos de
saúde) quando morre uma média de um policial por
dia com balas perdidas e balas atiradas.
MIL OLHOS
Um problema a mais nesta campanha eleitoral de 2014:
está complicado para as empresas entregar recursos de caixa
2 aos candidatos através de seus arrecadadores. Existe temor
generalizado dos mil olhos da Polícia Federal. Hotéis são os
maiores alvos. No Nordeste, a aflição é maior.
CORRIDA AÉREA
Em sua existência, nunca a ANAC foi tão solicitada quanto
agora, após a tragédia com o Cessna Citation, para regularizar
a situação jurídica dos jatinhos em operação em todo o país
pelos candidatos às eleições em todo o país.
36
OS 7 PECADOS CAPITAIS DE MARINA
Os admiradores de Marina Silva, embora apreciando seu desempenho na TV, emitem
desagrado quando se se mencionam os pontos fracos da candidata presidencial do PSB, uma
vez que ela demostra forte resistência a mudar seu estilo. Os pés de barros - seus 7 pecados
capitais, são :
1. contradições de ideias e propostas;
2. excessivo messianismo (do tipo “eu sou a salvação e a força”);
3.incapacidade de sustentar debate sem irritação (sem malícia);
4. intratabilidade em conversas normais do político (teme o “o Brasil sempre foi assim”);
5. adere muito rápido a uma ideia nova ( do tipo “o PSB procurará o PT e o PSDB para governar”);
6. leve tendência ao deslumbramento (“síndrome de Marta Suplicy”);
7. ojeriza a todo e qualquer empresário (do tipo “todos são iguais, só querem lucro fácil e “mamar nas têtas” do estado”).
EM EXTINÇÃO
Um empresário que embarca todas as semanas
em aviões da ponte-aérea Rio-São Paulo notou uma
sensível mudança no comportamentalismo dos aeroportos: “A classe A está em extinção” - exclamou para
si mesmo quando deparou a quantidade de passageiros emergentes - que hoje mandam no consumo
brasileiro - nas filas de embarque envergando
camisetas e chinelos. Daí entendeu as pesquisas eleitorais.
CÍRCULO PERVERSO
Os bancos estão fazendo uso da
injeção do crédito de R$ 2O bilhões nos
bancos para financiar carros novos aos
consumidores, Porém, está ocorrendo
retração da compra de carros pela
alta inadimplência da classe média e
dos emergentes.E nunca os bancos
tomaram de volta tantos carros financiados por inadimplência.
PRIMEIROS EXCLUÍDOS
Depois dos primeiros enfrentamento dos debates na TV e da propaganda eleitoral gratuita nos
estados, com reflexos as pesquisas, dá-se como
definitivamente alijados do páreo os candidatos a
governador pelo PT Lindbergh Farias (Rio), Alexandre Padilha (São Paulo) e Gleisi Hofmann (Paraná). Lindbergh e Gleisi têm o consolo de mais anos
37
POLIS Confidencial
LIRA, O NINJA
DE GETÚLIO
VARGAS
Os 60 anos de morte de Getúlio Vargas levaram ao
pódio da venda de livros de não ficção no Brasil “O ‘’Getúlio
1945-1954” de Lira Neto (foto). O título da Companhia das
Letras nem sequer estava ente os dez mais vendidos na
semana anterior. O escritor cearense é considerado
um ninja da pesquisa histórica pelo “detalhismo” com que se entrega à obra.
ERMÍRIO,
BILIONÁRIO
DO TERNO
DE BRIM
Antônio Ermírio de
Moraes foi agraciado cm
o apelido de “Tonhão”
nos meios do teatro
paulistano por causa de
suas três peças e o hábito de transitar a pé pelas
movimentadas ruas do
centro de São Paulo. Nessas andanças a pé era efusivamente cumprimentado
pelos transeuntes comuns.
“Tonhão!, Tonhão!” - cumprimentavam-lhe. Apreciava muito os
contatos humanos e costuma a envergar um
terno barato, geralmente de brim azul pálido,
não muito refinado para o bilionário dono da
Votorantim, primeira empresa do Brasil por
mais de 3O anos.
POLIS Confidencial
HARLEY: TENTAÇÃO DE AGNELO E JEFFERSON
Político adora certos símbolos do poder, todos identificados com a boa vida: viagens a Nova York ou Paris, primeira
classe de voos internacionais bons restaurantes, carros de luxo,
jatinhos - estão no primeiro grupo como objetos do desejo.
Dois políticos, porém, desprezam tudo o mais e incorporam um novo fetiche: as potentíssimas e elegantes motos Harley-Davidson, as pontas de linha de duas rodas.
Um está cumprindo pena numa penitenciária de Niterói,
Rio de Janeiro: Roberto Jefferson, presidente licenciado do PTB,
teve recentemente negado pelo STF seu recurso para prisão domiciliar. Adora sua Harley.
Outro polít8ico disputa a reeleição para governador
do Distrito Federal: Agnelo Queiroz também adora a sua
Harley, mas há dias ela lhe pregou um susto. Seu proprietário escorregou quando a pilotava na Granja de Águas
Claras, residência oficial, ela tombou sobre a perna e o
obrigou a ir a um hospital (público) fazer curativo.
“DIDI”, PREFERIDO E PRETERIDO
Por um momento durante o longo período da atual crise economia o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine
(foto), elogiado seu “incrementalismo” à frente da instituição, chegou a
ser citado nos bastidores do governo
como solução para o Ministério da
Fazenda. O vento favorável a Bendine foi soprado graças à deferência
com que a presidenta Dilma o trata,
chamando-o de “Didi”, o apelido com que é conhecido da diretoria e alto escalão do banco,
Mas, “Didi” não emplacou. Mas - dizem - somente por enquanto...
SWING POLÍTICO II
EDUARDO CAMPOS FOI
SUCESSOR DO AVÔ NO DIA
EM QUE PEGOU O BONÉ
QUE ARRAES JOGOU
PARA O ALTO
A
história (ou será lenda?) passou-se mais ou menos assim: Miguel
Arraes, bem para lá de octogenário, no terceiro mandato como governador de Pernambuco, começou a emitir sinais de que preparava sua
sucessão politica escolher quem levaria à frente a tocha do “arraizismo”.
Eduardo Araújo era o presidente da Assembleia Legislativa e com intimidade suficiente para abordar o velho cacique sobre tema tão delicado.
Sondou-o com muito cuidado, num dia bom.
- “Dr. Arraes, quem o sr. está pensando em ser seu sucessor?”
Arraes lançou o olhar de olhos verdes em direção ao amigo. Com
solicitude respondeu, num aparente enigma:
- “Vou jogar meu boné para cima. Quem pegar será meu
sucessor.”
Parecia uma brincadeira, mas não era. Mais uma vez o velho
demiurgo dava mais uma lição de genialidade.
Quem pegou o boné no alto, na queda, foi o que tinha maior
altura entre os colaboradores mais íntimos de Arraes.
Era seu neto, Eduardo, que iniciava a carreia política
como deputado estadual.
Valendo-se de sua estatura saltou mais alto e pegou o
boné. Ninguém ficou chateado. Foi uma questão de altura.
FHC ENFRENTOU BUCHADA DE BODE NO NORDESTE SÓ
DEPOIS QUE LHE DISSERAM SER IGUARIA FRANCESA
A
propósito de campanha eleitoral e de suas
orgias gastronômicas, Fernando Henrique
Cardoso foi ao Nordeste pedir votos para sua
candidatura presidencial.
Tinha sido ministro da Fazenda de Itamar
Franco, mas nunca tivera ganas para enfrentar o
implacável sol do sertão nordestino. Um dia teria
que ir lá. E foi. Mas somente na campanha.
Reservaram para ele um jumento com sela
nobre. Tinha que montar, ao contrário passaria
vergonha. Montou, tirou fotos com um chapéu de
vaqueiro.
Até aí tudo ia bem. O jumento era amestrado.
Foi almoçar. Ofereceram-lhe uma autêntica
buchada de bode à nordestina, com todos os ingredientes. A buchada é preparada com os miúdos e tripas do bode, aproveitando-se sangue,
cabeça e pés.
O candidato fez cara de nojo, mas não podia voltar atrás: valia voto.
Estava ainda hesitando quando um assessor chegou a seu ouvido e lhe sussurrou:
- Coma, presidente, o Sr. vai gostar. Na França esta iguaria se chama
“trip à la mode Caen”.
Foi então que FHC se entregou
ao prato como se estivesse entre estivadores de Caen, na França.
Comeu e repetiu.
40
SWING POLÍTICO II
GETÚLIO TEVE CORAGEM PARA MUDAR DE
PERFIL MAS NÃO PARA ENTRAR NUMA BRIGA
DE ÁRABE COM JUDEU
E
rnane Galvêas, economista, capixaba de Cachoeiro de
Itapemirim, ex-ministro da Fazenda no governo Figueiredo, atualmente conselheiro do presidente da CNC Antônio de Oliveira Santos, cultiva histórias que engrandecem o
gênio da brasilidade.
A propósito do massacre na Faixa de Gaza, e o contraste que a generosa índole do povo brasileiro com a harmoniosa e pacífica convivência de árabes e judeus em nossa terra, Galvêas conta uma história deliciosa.
No seu último governo, de 51 a 54, Getúlio Vargas tinha
como ministro da Fazenda um descendente de judeus, o banqueiro Horácio Lafer.
O presidente do Banco do Brasil era
um descendente de árabes, Ricardo
Jaffet. Os dois viviam às turras.
Oswaldo Aranha, que como
ministro das Relações Exteriores
dera o voto de desempate na
ONU para a criação do Estado de
Israel, e que mais tarde ocupou
a Fazenda, um belo dia, quando
Lafer ainda era ministro, foi ao
Palácio do Catete para reclamar
com Getúlio:
- Presidente, o Lafer e o Jaffet
não o se entendem vivem brigando,
é isso é muito rum para o governo!
Vargas, com aquela pachorra
de sempre, abre um sorriso malicioso, e responde:
- Deixa pra lá. Se a raça
deles está brigando há uns 4 mil
anos, quem sou eu para conciliar
os dois agora…
MALUF COMETEU SACRILÉGIO POLITICO, PEDINDO
A AURELIANO VOTO CONTRA TANCREDO
A
ureliano Chaves, vice-presidente da República de João
Figueiredo, era um político seríssimo.
Não admitia com ele conversas de miudezas ou que
tangenciassem o interesse
público.
Paulo Maluf, candidato a presidente da República no colégio eleitoral
indireto de 1984 contra
Tancredo Neves, foi procurá-lo. Minas, sua terra, estava
1OO% fechada com Tancredo.
Ao mesmo tempo,
corria por todo o país
a fama de Maluf de aliciador de votos, não
medindo consequências na ousadia mercadejar apoio, a que
muitos atribuam uma
luzida cara de pau.
- Aureliano, vim
aqui para pedir se voto
no colégio eleitoral.
41
O vice-presidente, filiado à Frente
Liberal, egressa da cisão aberta pelo
PDS com o governo, sufragava a candidatura Tancredo.
- Maluf, não posso apoiá-lo. Estamos comprometidos com a candidatura
que une Minas.
- Mas me assegure pelo menos a
certeza de que sou sua segunda opção...
Aureliano e irritou-se com a impertinência. Mas os honestos e sérios
também ser educados: mostrou a Maluf porta de saída.
MEDICINA
IMEB
B
IMPORTA EQUIPAMENTO
DE ÚLTIMA GERAÇÃO
rasília continua dando saltos em matéria de medicina de ponta. Cada dia são divulgadas novidades antes compartilhadas
somente por centros mais tradicionais como São Paulo.
A incorporação, neste ano, de três novos equipamentos de
última geração de radiologia - um gama-câmara: GE Brivo NM
630; um gama-câmara Cardíaca de CZT (Discovery NM 530c), e
um ecógrafo: GE Logiq S7 - fez do IMEB - Imagens Médicas de
Brasília - um dos mais equipadas clínicas de medicina diagnóstica,
por meio de aparelhos altamente sensíveis.
Para quem começou em 1988 com um cintilógrafo Linear
Pho-Dot, um aparelho de captação e um contador de poço, seus
contemporâneos não reconheceriam o IMEB de hoje.
Com oito unidades situadas em regiões estratégicas e de fácil
acesso no Distrito Federal, o IMEB – Imagens Médicas de Brasília
– comemorou em 2012, 24 anos de fundação.
O IMEB é uma das principais clínicas de Medicina Nuclear e
Radiologia do Centro-Oeste e atua com excelência na área de diagnóstico por imagem.
Utiliza equipamentos modernos e de elevada sofisticação
tecnológica.
A constante atualização do parque tecnológico, aliada à
qualidade profissional do corpo clínico – formado por médicos
nucleares, radiologistas e cardiologistas – garante o atendimento
humanizado e eficiente.
As unidades do IMEB foram planejadas de forma a dar total
atenção às demandas de médicos e pacientes e, principalmente,
atender às áreas específicas de medicina diagnóstica.
Hoje, quem busca os serviços do IMEB tem a comodidade de
realizar consultas e exames em um único local, com a vantagem de
ser atendido por especialistas das mais diversas áreas.
42
MEDICINA
O
MERCADO DA
MEDICINA DIAGNÓSTCA
SÓ TENDE A CRESCER
mercado de Medicina Diagnóstica engloba exames de
análises clínicas, Radiologia e diagnósticos por imagem. Até o início dos anos 90, os exames de análises
clínicas eram conduzidos por médicos de uma forma não padronizada, nos seus consultórios ou em laboratórios de pequeno ou médio porte. O mercado era altamente fragmentado e
dependente do reconhecimento de marcas locais.
Desde meados dos anos 90, o mercado de análises clínicas
tem sofrido mudanças significativas, como resultado da acele-
ração do desenvolvimento tecnológico e da implementação de
novas técnicas e serviços capazes de processar testes diagnósticos com alta precisão, eficiência e em volumes maiores.
O uso dos recursos da robótica e da computação tem sido
o diferencial nas estratégias competitivas. O nível de investimento necessário para a implementação de tais tecnologias
aumentou a importância de se alcançar economias de escala,
consequentemente conduzindo o movimento de integração
do mercado.
PORQUE CRESCE
Atualmente, o segmento apresenta algumas
tendências que são comuns entre os mercados globais e o brasileiro:
O desenvolvimento do diagnóstico por imagem como uma ferramenta importante para a o
mercado de medicina diagnóstica;
O desenvolvimento de novas tecnologias
para o desempenho das análises clínicas e o uso da
robótica e de novas máquinas automatizadas capazes de processar exames em maior velocidade e
precisão;
atendimento, para a conveniência dos pacientes;
Aumento de segurança e confiança pelos médicos nos testes diagnósticos, aumentando, assim,
a demanda por estes exames e a receita gerada por
eles;
Envelhecimento da população e aumento da
expectativa de vida;
Aumento do conhecimento público sobre
saúde em geral e medicina diagnóstica por causa
da mídia e da Internet;
Consolidação do mercado, através de estratégias para aquisições em novas regiões, seguidas de
expansão orgânica;
Criação de novos exames direcionados para
detecção de doenças, consolidando o conceito de
medicina preventiva;
Oferecimento de serviços de apoio (serviços
de laboratório-para-laboratório) para laboratórios
de pequeno e médio porte, e mesmo para os grandes, em caso de exames raros;
Constante desenvolvimento de novos medicamentos, gerando a demanda de pesquisa clínica
para a sua aprovação;
Convergência entre análises clínicas, Radiologia e diagnósticos por imagem - assim são feitos os dois tipos de exames na mesma unidade de
Busca incessante por certificados de qualidade;
Racionalização da administração.
43
Informe
INFORME publicitário
PUBLICITÁRIO
Hemocentro em dia
Captar e fidelizar é a meta do Hemocentro.
A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) desenvolve vários projetos para captar e fidelizar
doadores voluntários de sangue, assegurando um atendimento humanizado, eficiente e de
qualidade antes, durante e após a doação de sangue. Para cumprir essa missão, a Gerência do
Ciclo do Doador desenvolve ações educativas voltadas para a conscientização pró doação de
sangue. Uma destas ações consiste em trabalhar com os doadores do futuro, que são as crianças
e adolescentes.
“Com a ampliação da faixa etária para a doação de sangue, os adolescentes a partir dos 16 anos
podem fazer sua primeira doação, sempre com o consentimento dos responsáveis legais. Para
sensibilizarmos esses estudantes oferecemos palestras em escolas, onde repassamos a
importância e as condições para se tornar um doador voluntário e oferecemos visitas ao
Hemocentro (Hemotour) mostrando todas as etapas do nosso trabalho”, diz Rodolfo Firmino,
Gerente do Ciclo do Doador.
Para agendar uma palestra ou um Hemotour favor entrar em contato com o NCRO pelos telefones
3327-4413/4447
Doadores e usuários têm transporte gratuito para o
hemocentro
Desde 2013 a Fundação Hemocentro de Brasília(FHB)
disponibiliza, para os doadores voluntários de sangue e
pacientes do Ambulatório de Hemofilia uma linha de transporte
gratuito que faz o percurso Rodoviária do Plano
Piloto/Hemocentro/Rodoviária do Plano Piloto.
Os ônibus ficam estacionados na plataforma inferior da
Rodoviária do Plano Piloto, do lado Asa Sul e saem de lá a
partir das 8h30, de meia em meia hora.
Campanha interna traz parceiros para a FHB
Este é um outro projeto do Hemocentro voltado para
diversos segmentos da sociedade, com o objetivo de captar e
fidelizar doadores. Podem ser nossos parceiros empresas,
igrejas, órgãos públicos e privados, ONGs, entre outras
instituições. Para isso, basta entrar em contato com a FHB
pelos telefones 3327-4413/4447 e marcar um encontro com
nossos profissionais que repassarão orientações sobre a
doação de sangue, agendarão as coletas e, se necessário,
disponibilizarão um transporte para trazer grupos de 15 a 70
pessoas.
44
CONTEÚDOS DA www.cartapolis.com.br
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
9 DE AGOSTO
DOIS PRESENTES E UM ABACAXI
EXPEDIENTE TRIPLO
Roseana Sarney ganhará dois presentes em tempo
próximo: 1) um livro de seu pai José Sarney, a ser intitulado: “Carta a Roseana”; 2) um neto. Mas não ganhará a eleição para o governo. Porém, ela não está nada
preocupada com isso. A lei do Palácio dos Leões é: que
o candidato a governador Lobão Filho cuide de suas
próprias fraldas.
Em vários retratos de campanha do candidato a govenador Pimenta da Veiga, em Minas, aparece o candidato a senador Antônio Anastásia observando atentamente.
Como é chefe do dispositivo da eleição de Aécio Neves, a
ilação é de que faz expediente triplo: 1) assessora o candidato presidencial tucano; 2) pode votos para ele próprio; 3)
observa o comportamento de Pimenta para informar Aécio.
PLEBE RUDE
CONTRADIÇÃO PURA
É revigorante, pela rude plebe dos políticos de hoje
em dia, quando lemos um deles cometendo alguma citação literária. Pois, em O Globo de ontem, Aloysio Nunes Ferreira, vice do Aécio Neves, retirou do alforje o
dito francês “tout bien dans votre peau” (“todos bem em
sua pele”) para dizer que todos os tucanos vão bem em
suas campanhas em São Paulo. É bom sentir a diferença,
Monsieur Ferreira!
Impressionante como Eduardo Campos sempre se impõe com o que extrai melhor vantagem de suas aparições
em debates e sabatinas, pelo discurso afinado com o tom
que os empresários querem ouvir. Porém, na hora da apuração das intenções de votos, pimba! - não sai dos 8 e 9%.
Contradição das contradições.
BRISA IDEOLÓGICA
Em Brasília, as duas categorias profissionais mais informadas sobre as eleições locais e nacionais são sem dúvida, os garçons e os motoristas de táxi. Sabem tudo, de tudo
e de todos. Antecipam as pesquisas de institutos locais e
nacionais. Querem saber das tendências? Pegue um táxi,
sente numa mesa de restaurante e converse com um deles...
melhor que aguardar os próximos Ibope, Datafolha, etc.
Acredita-se que Dilma Rousseff, se ganhar a reeleição, sinta-se fortalecida para não continuar empurrando Barack Obama para as cordas do ringue e resolver
de vez visitar Washington. Poderão esclarecer pessoalmente no Salão Oval da Casa Branca as dúvidas no
seu caminho. Países sérios (somos?) não se relacionam
através de muxoxos. A alemã Angela Markel vai logo
para o tudo ou nada. Ela não pode perder um dia no PIB
alemão. Nós podemos. Abaixo do Rio Grande, todos os
“Hermanos” vivemos de brisa ideológica.
MIMETISMO FRENÉTICO
O Aécio Neves está cada vez mais se comportando
como o avô Tancredo Neves, o que lhe confere avançado
grau de matreirice. Isso é bom em campanha. Deixa suas
bases eleitorais asseguradas de que têm um político que
pode ser presidente sem dizer muita coisa, ouvindo muito
e sorrindo sempre.
ALIÁS...
Tancredo Neves mordia a ponta da gravata sempre que
não estava gostando de algo, as vezes de uma conversa com
um interlocutor daqueles chatos Aécio nessa campanha
não foi visto mordendo a ponta de sua gravata. Logo, está
gostando de tudo.
GURUS AFIADOS
DILMA RESPEITA
Acho que a presidenta Dilma não aprovaria jamais uma
sandice como essa de manipular os dados do Wikipédia de
dois jornalistas. Nesse seu governo e até em contraposição
a Lula, ela tem mostrado apreço pela imprensa - mesmo a
econômica - não deixando de saudá-la em todas as suas aparições nas solenidades e ao fazer a nominata das presenças.
Podem criticá-la por outras coisas, mas por essa não.
APAGAR AS VELAS
O eleitor fluminense vive dias tortuosos, tendo que escolher um governador entre Marcelo Crivella, Anthony Garotinho, Luiz Fernando Pezão e Lindbergh Farias. Tortura
maior na Zona Sul do Rio; A elite intelectual, ensandecida,
tem saudades do Fernando Gabeira. Este, brilha na Globonews em seu programa, e agora substitui Caetano Velloso
na coluna semanal de O Globo. Rumo a 1916? (eleições para
prefeito). Pode ser. Gabeira é um animal político. Antes que
Sininho emplaque.
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CONTEÚDOS DA www.cartapolis.com.br
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
17 DE AGOSTO
FOTOGRAFIA DE EDUARDO
CAMPOS FOI UM PRESSÁGIO DE
ARES FECHADOS
Como as fotos trazem presságios mal encobertos! Basta não apenas passar os olhos rapidamente
sobre elas, mas visualizá-las, procurar enxergar os
contornos nem sempre visíveis numa primeira mirada.
Vejam a foto acima do velório de Ariano Suassuna no Palácio Campo das Princesas, em Recife, o
mesmo local em que está sendo hoje velado o corpo
de Eduardo Campos.
Vejam bem à direita, lá por trás do primeiro e
segundo naipe de compungidos visitantes do esquife, como se escondido estivesse, o então candidato
Eduardo Campos.
Das duas uma: 1) não queria aproximar-se de
Dilma por razões de natureza política; 2) queria continuar sendo o que sempre foi: um homem que conhecia o seu lugar.
ALCKMIN NÃO FOI UM
PERDIDO EM SANTOS
Gerado Alckmin ganhou a batalha da solidariedade humana, coordenando as providências para a
liberação dos corpos da tragédia de Santos. Não há
julgamento político nisso, apenas valoração do gesto,
a dedicação e o interesse.
Extraio um trecho de O Globo de ontem que diz
tudo:
...o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que está
em São Paulo, os trabalhos do IML já foram concluídos. O atestado de óbito deverá ser lavrado em Santos, no litoral paulista, e o governador Geraldo Alckmin disponibilizou um helicóptero para que seja
providenciado o trâmite burocrático.
- O governador esteve aqui várias vezes para
acompanhar a identificação dos corpos. Não foi um
apoio protocolar, foi um apoio de amigo - disse Delgado.
Vejam só - agora comento eu: Alckmin esteve lá
diversas vezes! E nem era preciso tanto!
ANCHIETA DEFINE
EDUARDO E LUIZ EDUARDO
Dois políticos jovens, mortos na tenra idade dos
que ainda descobriam o que o destino lhes reservaria
no poder nacional, e ambos naturais opõem-se para
serem presidentes da República em mais ou menos
tempo se vivos estivessem: Luiz Eduardo Magalhães
e Eduardo Campos.
Parecidíssimos em atitudes, programas, estilos.
Anchieta Hélcias foi amigo chegado dos dois. Chocadíssimo, ele assim resume o conhecimento que teve
dos dois:
-”Uma vez. disse para Eduardo ver nele o que via
em Luiz Eduardo.”
E perguntei-lhe o que era comum aos dois. Resposta;
- “Força de vontade. Acreditar no que faz. Pensar
que pode ser agente maior para operar mudanças.”
Finalmente, se vai ao velório e enterro do amigo:
- “Irei para a missa de 30º dia. Então visitarei Antônio, o irmão, Renata, a mulher, e Ana.”
Quando as águas que caem pelo rosto estiverem
apascentadas e a saudade virar sentimento calmo.
BRIGADEIRO DO BEM E DO ZEM
Sempre que o brigadeiro Juniti Saito estiver
numa empreitada tenham a certeza que a coisa será
resolvida dentro do maior profissionalismo. E mais:
com a frieza levemente cartesiana do “japonês”.
Pois, ele está agora em mais uma: a perícia de
nosso controle aeronáutico dos registros dos equipamentos de gravação de sons na cabine do Cessna Citation que vitimou Eduardo Campos e sua comitiva.
Saito anunciou que não havia registros de som.
Estavam desligados! O jatinho pode ter decolado do
Rio para Santos com uma criminosa irregularidade.
Não vamos embarcar na teoria da conspiração,
admitindo a hipótese de um atentado. Quem gostaria de liquidar o Eduardo? Um político que toda
senhora de meia idade gostaria de ter como genro?
Acreditar, eu não.
Saito, o brigadeiro do bem, zen como seus antecedentes, lança, entretanto, uma intrigante indagação no ar. O ar é com ele.
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CONTEÚDOS DA www.cartapolis.com.br
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
24 DE AGOSTO
MUITO PERGUNTADEIRA
Além de boa dona de casa, avó extremada,
mãe diligente, boa cozinheira, cuidadora das
plantas do Palácio da Alvorada, a presidente
Dilma é “muito perguntadeira”.
Esta última qualidade não foi revelada
pelo filme bem feito da campanha eleitoral na
TV, mas pelo brigadeiro Juniti Saito.
O comandante da Aeronáutica declinou a
qualidade da presidente depois de ido dar-lhe
os informes sobre a queda do jatinho que vitimou Eduardo Campos.
Foi aí que ela se revelou, segundo brigadeiro, “muito perguntadeira”.
Para a Aeronáutica isto não é ruim de
todo. Para o Exército talvez seria.
BORNHAUSEN INDICOU
O mercado especula qual seria o perfil do ministro da Fazenda de Marina Silva, a
candidata do PSB herdou duas indicações que
haviam sido feitas a Eduardo Campos por Jorge Bornhausen, seu aliado em Santa Catarina.
Campo aceitou-as imediatamente e incorporou-os à sua equipe: os economistas André Lara
Resende e Eduardo Gianetti da Fonseca.
Dois pesos-pesados que sinalizam ao
mercado que tudo irá bem se Marina se eleger
presidente, sem precisar escrever uma “carta
aos brasileiros” versão 2.
PITONISA ERUNDINA
Luiza-Erundina1Luiza Erundina, ainda no
PT, protagonizou uma excelente gestão como
prefeita de São Paulo.
Na época respondeu aos questionamentos, por ser mulher e ainda por cima nordestina. “Como ela poderá administrar a maior cidade do Brasil”- diziam os ultraconservadores.
Erundina administrou, e bem. Rebateu os
argumentos preconceituosos com esse vaticínio:
- “Um dia, São Paulo será dirigida por uma
mulher, negra, favelada e desdentada”.
Vamos aguardar para conferir.
OLHEIRAS PROFUNDAS
As olheiras de Aécio Neves em seus últimos programas
eleitorais não se devem a noites perdidas de sono pelo candidato
por causa da entrada de Marina Silva na corrida.
Devem-se à perda recente de e um ponto nas pesquisas por
Pimenta da Veiga, candidato a governador, e único tucano que
não pode perder a eleição, pois será a desgraça do “aecismo”.
“Não pode perder nenhum pontinho em Minas! – foi a ordem passada para os marqueteiros da campanha de Pimenta.
Na terra da máxima – “o feio é perder” – a tal ordem foi mesmo
implacável. E gerou olheiras em Aécio.
TIRO MATUTINO
O Museu da República, no Rio, no Palácio do Catete, que
guarda as relíquias de Getúlio Vargas, tem estado asseado, em
ótimo estado de conservação, nivelando-se aos melhores museus do mundo do gênero memorial de presidentes.
O visitante encontra ali, fechado em prateleiras de madeira
nobre, pijama que Getúlio Vargas envergava quando se deu o
tiro no coração em 24 de agosto de 1954.
Também o original de sua Carta-Testamento e o revólver
que usou para se matar.
O visitante, pagando um módico ingresso, também pode
ter acesso o quarto de Getúlio mantido como na época em que
ocorreu o suicídio.
Há uma cafeteria no térreo com serviço expedito e bem
servido. Um parque público, no antigo quintal do Catete, está
aberto às famílias, este, gratuito.
O único problema é que, de vez em quando, os funcionários do IPHAN, que administra o museu, entram em greve e passam semanas negociando a volta ao trabalho. Então se dá outro
suicídio, o da memória cívica brasileira.
PAPALÉGUAS ROUSSEFF
Há meses, o famoso médico Roberto Khalil, do Hospital Sírio
e Libanês, alertava a presidente Dilma que não podia viajar muito
de avião, pois a despressurização poderia afetar-lhe a saúde.
Sem dar bola para o Khalil – que aliás, encolheu-se na mídia – Dilma viaja como uma papa-léguas.
Todos os dias pega o avião e visita obras pelo país para aparecer nos filmes da sua campanha na TV.
Onde está o Khalil agora para dizer-lhe que não pode viajar? Dilma mostra-se firme, forte, e não liga para a tal de despressurização.
47
JUDICIÁRIO
O JULGAMENTO DE
CESARE BATTISTI
(*) Capítulo inédito do livro de Leonardo Mota Neto
CAPÍTULO XIV
O aparelhamento
N
ão houve na história do Judiciário Brasileiro caso algum parecido com o ocorrido no final do governo do Presidente
Luiz Ignácio Lula da Silva.
Ao deixar de obedecer à Constituição, diante de uma insofismável decisão do Supremo Tribunal Federal – extraditar Cesare Battisti para a
Itália – o primeiro magistrado da nação incorreu
em solércia, determinando à Advocacia Geral da
União que providenciasse um parecer que lhe
permitisse manter Battisti no Brasil.
A AGU, dirigida pelo advogado Luiz Adams, pressurosamente acedeu à voz de comando,
e elaborou um parecer camaleônico em que alegou razões humanitárias para manter o prisioneiro no Brasil na condição de refugiado.
E o fez no último dia de seu governo, em
31 de dezembro de 2010, como a deixar claro que
havia permeado todos os recursos extralegais
para satisfazer seu capricho.
Desse mesmo capricho havia compartilhado o Ministro da Justiça, Tarso Genro, na época
do julgamento do refúgio pelo CONARE, quando
adotou uma oposição unilateral na esfera administrativa, ao passar por cima da decisão de seu
próprio Conselho Nacional para os Refugiados.
Lula não só desobedeceu a uma sentença
expressa do STF, contida no Acórdão, lavrado
cuidadosamente sobre os termos do julgamento
do pedido de extradição, como, de fato, e capciosamente, aparelhou a corte suprema de Justiça
do Brasil, com o estilo petista de agir para seus
inconfessáveis desígnios.
A Imprensa Brasileira e internacional, com
a insistência em afirmar nas suas manchetes que
o STF havia decidido por delegar a Lula a decisão
final sobre Battisti (discricionalidade absoluta),
caiu no logro do Presidente, ajudando a dissemi48
nar sua facciosa elaboração.
Nada mais equivocado. Ao Poder Executivo – esse é o
espírito correto da interpretação, expresso no Acórdão – cabe
a tarefa executória do processo, para entregar o extraditando
ao Estado requerente, no caso, Itália. Não foi reconhecida a
submissão absoluta ou discricionalidade do Presidente da
República. Essa opinião teve votos vencidos (quatro) contra a
maioria que votou na “obrigação apenas de agir nos termos do
Tratado celebrado com o Estado requerente”
Eis o sumo da decisão, de acordo com a melhor tradição
da Constituição Brasileira, do Direito Internacional, do Tratado de Extradição Brasil-Itália e da Convenção de Bruxelas do
qual o Brasil é signatário.
Não houve discricionalidade absoluta transferida a Lula,
como a imprensa noticiou equivocadamente, porém, nos termos do Tratado que o limitava e o vinculava à decisão do julgamento.
Daí Lula ter optado por aparelhar o Supremo, para garantir que sua decisão de manter Battisti, sustentada num parecer
bem adequado da AGU, fosse mantida pelos Ministros da Corte, agora reforçada pelo décimo primeiro juiz, Luz Fux, nomeado em janeiro de 2011 para a vaga de Eros Grau pela Presidente
Dilma Rousseff.
Para efetivar o aparelhamento – tradução: uma Corte enquadrada pela vontade do então Presidente - Lula valeu-se de
“emissários” que foram a São Bernardo do Campo, São Paulo,
domicílio do ex-presidente, tramar com petistas locais a mudança de voto do Ministro Ricardo Lewandowski, um dos que
havia votado originalmente com a maioria, como narrou o repórter do Estado de São Paulo Felipe Redondo, em matéria não
desmentida até hoje.
Mais fundo ainda foi a correspondente doII Fato Quotidiano, no Rio de Janeiro, Sofia Toscani, que especulou que não
somente Lewandoswy era alvo dos aparelhadores, mas também a Ministra Ellen Gracie.
Nos bastidores, correram suspeitas de que o próprio Luis
Adams, chefe da AGU, havia sido o operador dos “emissários” a
que Redondo se referiu.
Por que Lula assim procedeu? Em confidências trocadas
com pessoas de seu acesso íntimo ele sempre dava pistas de
que suas duas maiores queixas ao longo dos dois mandatos
foram as das derrotas sofridas nos poderes que não o Executivo: no Legislativo/Senado, a derrubada a CMPF (Contribuição
Provisória para Movimentação Financeira), e no Judiciário/
Supremo, o julgamento de Cesare Battisti, que sentenciou a
extradição contra sua decisão sobre o refúgio.
Lula colocara em marcha plano vingativo contra essas
duas ofensas à sua autoconsiderada pessoa. E engendrou maneira de obstruir a decisão do Supremo, valendo-se do parecer
da aparelhada AGU, que lhe deu a chave para fechar a porta
da legalidade e entrar na zona sombria da voluntariedade arbitrária.
Já publicados os seguintes capítulos
:
Dezembro (Nº 1032) – Capítulo I e II O PROTEGIDO
DO BRASIL
Janeiro (Nº 1033) – Capítulo III – OS ANT
ECEDENTES
Fevereiro (Nº 1034) – Capítulo IV – OS
ASSASSINATOS
Março (Nº1035) – Capítulo V – A PRIS
ÃO NO RIO DE
JANEIRO
Abril (Nº 1036) – Capítulo VI - O Palc
o e Capítulo VII
–OS DEFENSORES DA ITÁLIA
Maio (Nº 1037) – Capítulo IX – OS JUL
GARES e Capítulo X - O TRATADO DE EXTRADIÇÃ
O
Junho (N° 1038) – Capítulo XI – ER5OS
RETIFICA SEU
VOTO
Julho (Nº 1039) – Capítulo XII - O ACÓ
RDÃO
Agosto (Nº 1040) - Capítulo XIII - Reaç
ões na Itália.
49
PÁGINA AZUL
ANTÔNIO AURELIANO
“NÃO ACREDITO EM
PRESIDENTE QUE NÃO
TENHA DIÁLOGO
COM O CONGRESSO”
O
novo senador da República é um mineiro de ideias claras, que não esconde o que
pensa e vai direto ao ponto em suas conversas e conhecido que político e administrador ágil. Antônio Aureliano, PSDB, filho de presidente da República,
nascido em Itajubá, assumiu a cadeira do senador Clésio Andrade, do PMDB que
renunciou ao mandato.
Antônio Aureliano foi deputado federal e secretário de Transportes nos
governos de Minas e no Distrito Federal. Extremamente objetivo e simples, no
seu discurso de estreia no plenário do Senado, falou concisamente, como é de
seu estilo. O presidente da mesa deu-lhe mais tempo regimental. “Obrigado,
Excelência, mas sempre digo o que preciso dizer em pouco tempo”. Vai marcar época num país que se perde tempo até para dizer “muito obrigado”.
Nessa entrevista a Páginas Azuis, ele aborda o escândalo do momento, o da Petrobras, a que seu partido devota especial atenção no reclamo de
esclarecimentos pelas denúncias.
CARTA POLIS - A Petrobrás vai sobreviver desses escândalos em série?
AA - Eu queria dizer que a Petrobrás nunca esteve em situação tão vulnerável quanto agora. Nunca um presidente da
Petrobras teve questionamentos tão graves. Quando o Tribunal de Contas da União se coloca da maneira como se colocou
de forma correta, é muito preocupante. A principal empresa
brasileira está absolutamente combalida.
A situação da Petrobras é a de uma empresa que tem uma
presidente sub judice. A própria candidata a presidente
50
PÁGINA AZUL
da República, a presidenta Dilma Rousseff, tem sua conduta
como presidente do Conselho de Administração questionada.
A minha visão, como a todos os brasileiros, é de não ter como
uma presidenta de uma estatal do porte da Petrobrás continuar
dirigindo a empresa sob um questionamento desta natureza.
CARTA POLIS - A presidenta Graça Foster ainda tem
condições de dirigir a Petrobras?
AA - A pessoa pública tem o dever de ser e parecer honesta. Eu não estou dizendo que a Sra. Graça Foster Estou dizendo
que a Presidente da Petrobras neste momento está sub judice.
Para se ter mais lisura no processo de esclarecimento, acho que
o Congresso Nacional deveria convocá-la para pedir explicações específicas sobre o assunto.
CARTA POLIS - Os candidatos a presidente da República de oposição devem fazer da Petrobras sua agenda diária de cobrança ao governo?
AA - Acho que cada candidato a presidente da República
deve questionar porque a Petrobras é do Brasil e de todo o povo
brasileiro. A empresa não é do presidente da República, deste
ou daquele partido. O que se questiona nesse momento é que
a condução da Petrobras não está adequada com as tradições
republicanas, segundo as quais uma empresa de capital misto e
com ações na bolsa deve ser fiscalizada pela CVM. O governo
federal deve dar permanentemente exemplos de competência
na gestão eficiente e honesta da empresa.
CARTA POLIS - O Sr. como membro da bancada do
PSDB no Senado ocupará a tribuna para levar esses posicionamentos ao povo brasileiro pelo Sistema de Comunicação do Senado?
AA - Como senador da República devo dizer claramente que questiono. E temos
a obrigação de mostrar ao povo
brasileiro se essas acusações
têm procedência ou não. Se
a qualquer momento a presidente da Petrobras resolveu transferir imóveis
pessoais a filhos ou parentes ela deve explicar
se teve em mente uma
ação eminentemente
familiar e particular
ou se na verdade ela
tinha a intenção de
desviar esse patrimônio apesar de estar sub judice ou se
não tinha essa intenção. Não estou
fazendo qualquer
tipo de acusação
antes da compro-
vação. Mas é obrigação e dever que se faça uma devida apuração
nesse caso.
“QUEM RESPEITA O CONGRESSO NACIONAL RESPEITA O POVO BRASILEIRO”
CARTA POLIS - O que cabe pessoalmente ao candidato de seu partido, o senador Aécio Neves, fazer nesse e nos
demais temas de alto interesse público?
AA - Quero dizer que o povo brasileiro sabe o que o
Aécio Neves é capaz de fazer. Ele está nessa altura de sua
vida absolutamente preparado. Porque o Aécio já fez como
deputado federal, fez como presidente da Câmara dos Deputados, como senador da República, como governador de
Minas em duas oportunidades, sempre com conduta honesta e transparente. O povo brasileiro, com certeza, tem
convicção da eleição do nosso senador Aécio Neves para
presidente. O Brasil merece um candidato que o povo tem
convicção do que ele vai fazer.
CARTA POLIS - Não haverá risco de governabilidade
com Aécio ou outro candidato oposicionista que chegue a
presidência na medida de suas relações com o Congresso?
AA - Juscelino Kubitschek governou este país com a oposição mais competente que se tinha de que se tem história
nesse país, e fez excelente governo, porque sempre respeitou
o Legislativo. Não acredito em candidato ao Executivo que não
respeite a harmonia entre os poderes. Mas, o Aécio teve sempre uma atuação de forma impecável no Legislativo e também
no Executivo de uma maneira muito leve, muito transparente e
muito correta. Então ele fez a simbiose, o equilíbrio entre os poderes. Tem absoluta capacidade de conviver com o Congresso,
valorizando o Congresso Nacional. Quem respeita o Congresso
Nacional, respeita o povo brasileiro.
CARTA POLIS - Uma insistente questão que vem sendo
apresentada pelo presidente nacional do PSDB e candidato
Aécio Neves é a redução do número de atual de ministérios.
Essa proposta é viável?
AA - O povo brasileiro não sabe nem quem são os ministros. Antigamente você tinha referências de homens que davam
o norte de cada ministério e o povo sabia quem eram. Hoje não
se sabe nem quem é ministro de que, de que pasta, e o que está
se fazendo. É preciso reduzir o número de ministérios. Temos
que tornar o Estado cada vez mais leve, mais eficiente, mais
competitivo.
CARTA POLIS - O Sr. não teme que é pouco o seu tempo de mandato - até fevereiro de 2015 - para desenvolver sua
agenda parlamentar?
AA - O tempo é muito relativo. Quero ser agente catalisador das discussões em torno de três principais temas: pacto
federativo, da reforma tributária e reforma político, seguindo
essa ordem. Esses temas têm que ser colocados um a um, logo
no início do governo do próximo presidente.
51
ÚLTIMO S
Álvaro Campos
NAR>>>>>
MARINA BRANCALEONE
Que os golpistas do Congresso Nacional - se houverem - não procurem aplicar um golpe
branco em Marina caso eleita presidente. Não seria nem um pouco parecida com Fernando Collor
- eleita por partido pequeno e com propostas de independência diante de grandes partidos e suas
bancadas, somados à furiosa bancada rural. Marina teria, de saída, um mínimo de 24 deputados
federais (sexta bancada) e 4 senadores do PSB (sexta bancada) como é atualmente, a brigar por
ela. Não é exatamente um exército de Brancaleone.
A HARPA DE LULA
Lula recentemente fez uma comemoração curiosa quando
conversava com um amigo a respeito de que jogava para o
conjunto do companheiro ou é individualista.
- “Existem os tocadores de harpa, que tocam para dentro, e
os tocadores de viola, que tocam prá dentro, mas também prá
fora, distribuindo”.
Os tocadores de viola, é claro, são os preferidos de Lula.
PRIMEIRO-MINISTRO
Os meses em que Dilma Rousseff tem se entregado à
campanha eleitoral têm servido de teste de fogo ao ministro
da Casa Civil, Aloisio Mercadante para pretender alçar
voos maiores no segundo eventual mandato. Nas longas
ausências da presidente ele toca o governo como
autêntico primeiro-ministro.
PROPAGANDA ENGANOSA
O ex-presidente Lula, numa de suas
intervenções no programa eleitoral de Dilma,
afirmou que no seu governo a carne abundava
nas mesas dos brasileiros mais pobres.
Naquele mesmo dia, o Jornal Nacional
que antecedeu a propaganda do PT
exibiu uma reportagem sobre donas
de casa se queixando dos preços
da carne. Uma delas, de classe
média, anunciou que desistira
de comprar qualquer tipo de
carne de segunda pelos
preços abusivos.
XÔ POLÍTICOS!
As doações eleitorais via Internet parecem definitivamente condenadas no
Brasil: somos uma sociedade que abomina doar a políticos. Numa pesquisa
recente da norte-americana MacKinsey, o Brasil foi identificado como quarto
país do mundo em solidariedade de sua população via doações. Entretanto, o
destino delas nada tem de políticas:
* igrejas - 5O%
* esmolas - 4O%
* associações beneficentes - 1O%
* políticos - O%
REUNIÃO JAMAIS
Uma nova lógica está surgindo da atual campanha eleitoral, inédita nos tratados
políticos:
não se deve conclamar eleitores para ouvirem longas reuniões
longas exposições dos candidatos com ajuda de “table
tops” e outros modelos de visualizações.
- “Reunião não ganha eleição”.
A lição é de uma raposa mineira de
Leopoldina.
SEM CREDENCIAIS
O Itamaraty continua com birra do regime
da Líbia, embora o ditador Muamar Kadafi
tenha sido deposto e morto há anos. Com
um novo embaixador em Brasília, indicado há
meses pelo novo regime de Trípoli, reconhecido
pelas grandes potências, o Itamaraty ainda não
adotou a praxe internacional de agendar a entrega de
suas credenciais à presidente Dilma.
DIRCEU JANTA
José Dirceu (foto) tem direito a duas saídas da prisão
por mês, para o fim de semana em casa, obrigatoriamente em
Brasília, se guardar o bom comportamento. Passa-os
em sua casa do Lago Sul, onde mora sua mulher.
Nessas ocasiões, o casal recebe pouquíssimos e
discretos amigos para jantar. Dirceu mantém
uma postura silenciosa para não atiçar as
autoridades penitenciárias e os adversários.
No escritório em que trabalha não
recebe ninguém, nem fala ao telefone.
“No trabalho se trabalha”, disse
recentemente a um amigo. Trabalha,
sim, mas sabe de tudo o que se passa.
53
EDITORIAL
PORQUE
DEVEMOS
INSISTIR NO
BRASIL
*
O Brasil é considerado, em âmbito internacional,
uma superpotência emergente, Desde 2001,
com a criação dos BRICS (Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul), o país passou
a ser um importante ator no cenário mundial,
canalizando investimentos. Em Fortaleza, após a Copa,
foi criado o Banco de Desenvolvimento do BRICs.
*O Brasil é a sexta maior economia do mundo por
PIB nominal (U$ 4,8 trilhões em maio de 2014, IBGE) e
a sétima por paridade de compra.
*Brasil é o sexto maior mercado consumidor do
mundo. Somente a classe C representa sozinha o 18º
maior mercado consumidor do mundo.
* É o maior exportador mundial de carne bovina.
* O Brasil é o maior detentor de bacias de águas
doce do mundo.
* Possui a 9ª maior reserva de petróleo do mundo
após a confirmação em novembro de 2007, na bacia
de Santos, do estoque do pré-sal que vem sendo
estudado desde os anos 1980.
* O potencial hidrelétrico do Brasil é de 260
gigawatts (GW); é o quarto do mundo, atrás do da
China, da Rússia e dos Estados Unidos.
* O Brasil é o país que possui o maior estoque
de terras agricultáveis, um clima favorável à produção
agrícola. Dispõe de 388 milhões de hectares de terras
agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais
90 milhões ainda não foram explorados.
* É o terceiro país na lista de prioridades dos
planos de investimentos das grandes empresas
multinacionais que controlam os mercados de alimentos
e agroenergia.
* O Brasil é o país mais avançado, do ponto de
vista tecnológico, na produção e no uso do etanol como
combustível, seguido pelos EUA A produção mundial de
álcool aproxima-se dos 40 bilhões de litros, dos quais
se presume que até 25 bilhões de litros sejam utilizados
para fins energéticos. O Brasil responde por 15 bilhões
de litros deste total. O álcool é utilizado em mistura
com gasolina no Brasil, EUA, União Europeia, México,
Índia, Argentina, Colômbia e, mais recentemente, no
Japão. O uso exclusivo de álcool como combustível está
concentrado no Brasil.
* No ranking dos maiores produtores de aço
do mundo o Brasil está na nona posição, e teve uma
produção de 32,9 milhões de toneladas.
54
OPINIÃO
300 MIL CARENTES
AGRADECEM:
OBRIGADO PELOS
ESFORÇOS, PARCEIROS!
G
Ellen Barbosa (*)
ostaria de tornar conhecidos alguns movimentos de pessoas que têm trabalhado juntas em busca de promover
uma melhoria nas condições em que muitas famílias brasileiras vivem, e que têm beneficiado muita gente no nosso país.
Sempre me identifiquei muito com essa frase que ouvi na
minha infância:
“A grandeza de um homem é determinada pela causa pela
qual ele vive e pelo preço que ele está disposto a pagar para
alcançar esta causa”.
Isso me acompanha até hoje. Alegra-me a oportunidade de
divulgar o que essas pessoas que tenham pensamentos semelhantes, fazem levá-los à prática.
Que não vivam esperando que apenas os governos e autoridades deem soluções aos problemas de um país.
Significa olhar para o mundo com olhos de esperança, para
que dias melhores nos presenteiem com frutos das nossas ações
nos dias de hoje.
Embora, em 2010, o direito à alimentação tenha sido incluído na Constituição, 13,6 milhões de brasileiros continuam passando fome.
A fome no Brasil tem endereço certo: onde há pobreza e
falta de acesso a direitos básicos.
Embora
os
30,2% dos lares brasileiros onde não há
alimentos em quantidade e qualidade
suficiente espalhado por todo o país,
a fome é mais aguda
nas regiões Norte e
Nordeste, atingindo, respectivamente
40,3% e 41,6% dos
domicílios.
A fome no Brasil não está relacionada à escassez de
comida, mas à falta de acesso das pessoas pobres à renda para
consumir e aos meios para produzir e comercializar alimentos.
Para fazer esse direito valer, vou citar um só exemplo de
instituição comprometida com essa causa. A ActionAid investe em
capacitação no meio rural, produção de conhecimento e mobilização pública.
ActionAid é uma organização sem fins lucrativos,
cujo trabalho atinge cerca de 20 milhões de pessoas
em 45 países. Está no Brasil desde 1999. Com uma
atuação que já envolve 25 organizações parceiras em
13 estados, beneficiando mais de 300 mil pessoas em
cerca de 1.300 comunidades.
Ela tem como missão:
“A ActionAid é um movimento global de pessoas
que trabalham juntas para promover os direitos humanos e vencer a pobreza.”
Perfeito. O Brasil já comporta 205 milhões de habitantes. A ActionAid já atingiu 3OO mil brasileiros com
suas ações. E nós, quantos alcançamos?
(*) Ellen Barbosa é diretora da POLIS.
COM e da CARTA POLIS
Agência de Comunicação Integrada
Consultoria de comunicação
Agência de comunicação integrada e
estratégica:
marketing, presta serviços a clientes dos
· Assessoria de
âmbitos público e privado, com assessorias
Imprensa
de imprensa, corporativa e de relacionamento
· Auditoria de Imagem
· Produção e
institucional. Prepara seus clientes para o
editoração
trato com a mídia. Marketing político para
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campanhas e ações institucionais.
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Fone: (61) 3201-1224
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AS FALSAS PROMESSAS