1/1/04 15:28 Page 45 DIVULGAÇÃO art tharciso.qxd ARTIGO Por THARCISIO BIERRENBACH DE SOUZA SANTOS Reformas, ciência e tecnologia Nós formamos menos mestres e doutores que outros países em desenvolvimento ntre as reformas que o momento está exigindo e que poderão criar as condições necessárias para um processo de desenvolvimento sustentável, com a concentração dos recursos do Estado naquilo que é realmente prioritário, se encontram certamente as questões da educação e da ciência e tecnologia. Torna-se repetitivo e desnecessário enfatizar a importância da educação na busca do aumento de competitividade do País. Num momento em que o mundo vive a idade do conhecimento, é essencial formar quadros para atender às necessidades que os negócios e a vida global estão exigindo. A questão da alocação de recursos para a educação ganha um sentido especial. É necessário aproveitar os parcos recursos disponíveis de forma a otimizar os resultados que se podem alcançar. Nosso país precisa garantir uma educação fundamental de qualidade para todos: necessitamos de um curso fundamental que possa se tornar universal, atingindo todos os segmentos da sociedade, ao mesmo tempo em que apresenta uma qualidade adequada, de forma a preparar o educando para os desafios a serem enfrentados durante a vida profissional. O requisito de qualidade, ao lado da necessidade de abarcar todo o contingente populacional, exige soluções novas e criativas por parte de formuladores de política educacional, de professores e de pessoas que tenham a responsabilidade de decisão no país. É essencial disponibilizar um volume adequado de recursos, que permita não apenas incluir todas as parcelas da população em uma nova etapa do processo de educação fundamental, com professores adequadamente preparados, com graduação universitária e pós-graduação, mas também profundamente motivados para a guerra que E deverá ser travada em busca da construção de novos quadros humanos à altura dos desafios do presente. Remuneração e vantagens deverão ser adequadamente pesadas de modo a reforçar essa motivação: a nação estará lhes entregando o que ela tem de mais precioso, o seu futuro. No campo da ciência e tecnologia, outro enorme desafio. Se compararmos o desenvolvimento vertiginoso que vem sendo experimentado pelos países emergentes com os quais competimos na busca de um futuro mais risonho para nosso povo, veremos que a produção intelectual verificada no Brasil é tremendamente inadequada. Anualmente formamos menos mestres e doutores em relação à população total do País que qualquer dos países que se encontram no mesmo estágio de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, o número de patentes requeridas em nosso país é infinitamente menor que aquele de países como China, Índia e Coréia do Sul, entre outros. A relação entre os investimentos em ciência e tecnologia e o valor do PIB apresentada pelo Brasil é baixa, mas além disso ocorre uma dispersão de recursos, o que contribui fortemente para reduzir nossas possibilidades de geração de conhecimento. É imperioso aplicar mais em educação, ciência e tecnologia, mas também é fundamental entender que a gestão desses recursos e a busca de otimização de resultados devem ser uma tarefa contínua. De nada adianta dispor de mais recursos, se sua alocação não se achar concentrada nos pontos em que sabemos e podemos fazer a diferença. É preciso garantir a gestão de recursos da educação FORBES BRASIL ■ 4 DE NOVEMBRO DE 2005 Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos - Professor titular das Faculdades de Administração e Economia da Faap, vice-diretor da Faculdade de Administração da Faap, professor e diretor do Faap MBA 29