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ARTIGO
Por THARCISIO BIERRENBACH DE SOUZA SANTOS
Reformas, ciência e tecnologia
Nós formamos menos mestres e doutores que outros países em desenvolvimento
ntre as reformas que o momento está
exigindo e que poderão criar as condições necessárias para um processo de
desenvolvimento sustentável, com a
concentração dos recursos do Estado naquilo que
é realmente prioritário, se encontram certamente
as questões da educação e da ciência e tecnologia.
Torna-se repetitivo e desnecessário enfatizar a
importância da educação na busca do aumento de
competitividade do País. Num momento em que
o mundo vive a idade do conhecimento, é essencial formar quadros para atender às necessidades
que os negócios e a vida global estão exigindo.
A questão da alocação de recursos para a educação ganha um sentido especial. É necessário aproveitar os parcos recursos disponíveis
de forma a otimizar os resultados
que se podem alcançar. Nosso país
precisa garantir uma educação
fundamental de qualidade para todos: necessitamos de um curso fundamental que possa se tornar
universal, atingindo todos os segmentos da sociedade, ao mesmo tempo em que apresenta uma qualidade adequada, de forma a preparar o educando
para os desafios a serem enfrentados durante a vida profissional. O requisito de qualidade, ao lado da
necessidade de abarcar todo o contingente populacional, exige soluções novas e criativas por parte
de formuladores de política educacional, de professores e de pessoas que tenham a responsabilidade
de decisão no país.
É essencial disponibilizar um volume adequado de recursos, que permita não apenas incluir
todas as parcelas da população em uma nova etapa do processo de educação fundamental, com
professores adequadamente preparados, com graduação universitária e pós-graduação, mas também profundamente motivados para a guerra que
E
deverá ser travada em busca da construção de novos quadros humanos à altura dos desafios do
presente. Remuneração e vantagens deverão ser
adequadamente pesadas de modo a reforçar essa
motivação: a nação estará lhes entregando o que
ela tem de mais precioso, o seu futuro.
No campo da ciência e tecnologia, outro enorme desafio. Se compararmos o desenvolvimento
vertiginoso que vem sendo experimentado pelos
países emergentes com os quais competimos na
busca de um futuro mais risonho para nosso povo, veremos que a produção intelectual verificada
no Brasil é tremendamente inadequada.
Anualmente formamos menos
mestres e doutores em relação à
população total do País que qualquer dos países que se encontram
no mesmo estágio de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, o número de patentes requeridas em
nosso país é infinitamente menor que aquele de
países como China, Índia e Coréia do Sul, entre
outros. A relação entre os investimentos em ciência e tecnologia e o valor do PIB apresentada pelo Brasil é baixa, mas além disso ocorre uma dispersão de recursos, o que contribui fortemente
para reduzir nossas possibilidades de geração de
conhecimento.
É imperioso aplicar mais em educação, ciência
e tecnologia, mas também é fundamental entender
que a gestão desses recursos e a busca de otimização de resultados devem ser uma tarefa contínua.
De nada adianta dispor de mais recursos, se sua
alocação não se achar concentrada nos pontos em
que sabemos e podemos fazer a diferença.
É preciso garantir a
gestão de recursos
da educação
FORBES BRASIL ■ 4 DE NOVEMBRO DE 2005
Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos - Professor titular das
Faculdades de Administração e Economia da Faap, vice-diretor da Faculdade
de Administração da Faap, professor e diretor do Faap MBA
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