HANS ALBRECHT BETHE – FUSÃO NUCLEAR Antônio Carlos Leite – 13179 [email protected] Professor: Paulo Sizuo Waki Universidade Federal de Itajubá, Departamento de Física e Química E-mail: [email protected] Resumo. Este artigo foi feito baseado no trabalho principal de Bethe: a fusão nuclear. Uma breve biografia é apresentada dando ênfase aos principais acontecimentos de sua vida. Em seguida, apresenta – se o seu trabalho. A fusão nuclear foi o primeiro processo de reações que o universo presenciou, segundo a teoria do Big Bang. No início dos tempos não havia tantos elementos para reagirem, o único processo que existia era a fusão de núcleos. Esse processo ainda hoje é de extrema importância, pois é a fonte de energia das estrelas como propôs Bethe. A partir de um ciclo de consecutivas reações, há a formação de elementos pesados e liberação de energia. Bethe descreve todos os processos de fusão em seu trabalho, o que lhe garante o prêmio Nobel. A fusão como fonte de energia na Terra ainda não é possível. Existem certas peculiaridades que impedem que o processo seja realizado de modo satisfatório. Hoje, consome – se mais energia do que a gerada, mas existem diversos estudos e centros especializados buscando aperfeiçoar o processo. Abstract. This article was made based in the Bethe’s main work: the nuclear fusing. One soon biography is presented giving emphasis to the main events of his life. After that, it presents his work. The nuclear fusing was the first process of reactions that the universe witnessed, according to the Big Bang theory. At the beginning of the times it didn’t have as many elements to react, the only process that existed was the nuclei fusing. This process still today is of extreme importance, therefore it’s the stars’s power plant, as Bethe considered. From a cycle of consecutive reactions, it has the formation of heavy elements and energy release. Bethe describes all the processes of fusing in his work, what it guarantees himself Nobel prize. The fusing as power plant in the Earth isn’t possible. Only peculiarities exist that hinder that the process is carried through in satisfactory way. Today, it consumes more energy of what the generated one, but exists diverse studies and specialized ceters searching to perfect the process. Palavras – chave: Fusão, Estrelas, Núcleos, Energia, Reatores. 1. INTRODUÇÃO Nascido em 2 de julho de 1906, em Estrasbourgo, que hoje faz parte da França, mas naquela época pertencia à Alemanha. Bethe estudou física em Fankfurt e fez o doutoramento na Universidade de Munique, que foi defendido em julho de 1928 e orientado por Arnold Sommerfeld. Depois fez o instinto pós-doutorado em Cambridge e no laboratório de Enrico Fermi, em Roma. Lecionou nas universidades de Frankfurt, Munique e Tubingen até 1933 quando perdeu o cargo de Professor Assistente na Universidade de Tubingen, depois da vitória do regime nazista na Alemanha e à ascensão ao poder de Adolf Hitler (sua mãe era judia). Quando fugiu da Alemanha, em outubro daquele ano, ele emigrou para a Inglaterra e no ano escolar 1933-1934 deu aula na Universidade de Manchester. No outono de 1934 ele foi para a Universidade de Bristol. Com Peierls, desenvolveu uma teoria para o deutério (1934). Em fevereiro de 1935 foi para os E.U.A., onde se ligou a Universidade de Cornell assumindo o cargo de Professor Assistente, sendo promovido a Professor Titular no verão de 1937. Em Cornell, Bethe ficou conhecido como um dos físicos teóricos líderes da sua geração. Junto com outros grandes físicos como Stanley Livingston (um pioneiro do cíclotron) e depois, após a guerra, o experimentalista Robert R. Wilson e o teórico Robert Bacher, colocou Cornell no mapa mundial da física. Durante a Segunda Guerra Mundial, depois de trabalhar no Laboratório de Radiação do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Bethe liderou a equipe de Física teórica que trabalhava no Projeto Manhattan para o desenvolvimento da bomba atômica. Ele publicou uma série de artigos sobre física nuclear, sintetizando muito do que era conhecido naquele tempo, um trabalho que ficou conhecido como 'A bíblia de Bethe'. Continuou o trabalho padrão no assunto por muitos anos. Nesse trabalho, ele continuou no caminho onde outros tiveram desistido, e preencheu lacunas da antiga literatura. De 1935 a 1938, ele estudou reações nucleares e reações seção eficaz (ciclo carbono-oxigênio-nitrogênio), dirigindo a sua importante contribuição a nucleossíntese estrelar. Desenvolveu a teoria das reações nucleares e dos núcleos compostos. Estes trabalhos levaram Bethe a descobrir as reações que fornecem energia para as estrelas. A reação nuclear mais importante nas estrelas brilhantes é o ciclo carbono-nitrogênio, enquanto que nas estrelas mais fracas, como o Sol, são as reações próton-próton. Essa pesquisa foi posteriormente proveitosa para Bethe, desenvolvendo a teoria de complexo nuclear Niels Bohr. Em 1941 tornou-se um cidadão natural dos Estados Unidos. Bethe casou-se com Rose Ewald, com quem teve dois filhos, Henry e Mônica. Enquanto cientista, Bethe postulava, juntamente com George Gamov, como as estrelas produzem energia através do processo de fusão nuclear. Os núcleos de hidrogênio são fundidos, dando origem a átomos de hélio e há uma libertação de energia. Em conseqüência da sua investigação, Bethe mostrou que praticamente toda a energia produzida pelas estrelas mais brilhantes é gerada a partir de uma reação de fusão tendo o carbono como catalisador e o hidrogênio como combustível. O reconhecimento da qualidade e importância do trabalho de Bethe culminou com a atribuição do Prêmio Nobel da Física em 1967. Em 16 de julho de 1945, foi uma das testemunhas do teste nuclear no Novo México. Na época, não demonstrou preocupação com as conseqüências para o mundo, mas apenas com a perfeita execução do teste. Ele se justificava: "Não sou um filósofo!". Mas, depois da guerra, uniu-se a Einstein na formação do "Comitê de Emergência de Cientistas Nucleares", cujo objetivo era informar o público a respeito da energia atômica. Mais tarde fez campanha para restringir a pesquisa em armas nucleares e incentivou o uso pacífico da energia nuclear, tendo participado em vários encontros não oficiais a fim de discutir políticas de controle desse tipo de armamento, inclusivamente contribuiu para a proibição, em 1973, de testes nucleares atmosféricos. Nas décadas de 1980 e 1990 batalha pelo uso pacífico da energia nuclear. Bethe também desenvolveu trabalhos em Física Atômica, teoria das colisões, teoria do estado sólido - incluindo a separação nos níveis de energia que surge quando uma impureza é introduzida em uma rede cristalina e que é um dos modelos fundamentais para toda a eletrônica moderna baseada em semicondutores - além de ser um dos responsáveis pelo desenvolvimento da moderna teoria da eletrodinâmica quântica. Depois de muitos anos de trabalho intenso e contínuo Bethe faleceu em 06 de março de 2005, aos 98 anos em Ithaca, Nova Iorque. 2. FUSÃO NUCLEAR 2.1 Introdução No início do tempo, quando toda a matéria do universo encontrava – se concentrada em um único ponto de todo o espaço, reações químicas e trocas de energia, que acontecem no nosso dia a dia e que estamos acostumados, não existiam. O que existia era uma massa eletricamente neutra, formada por nêutrons altamente comprimidos. Num primeiro instante, surgem as primeiras reações (reações de fusão e decaimento de partículas): 1 n0 1H1 + e- + ν ν + 1H1 1n0 + e+ 1 H1 + 1n0 1H1 + 1n0 + γ e- + e+ γ + γ γ e- + e+ O resultado é um sistema em equilíbrio que possui nêutrons, prótons, elétrons, pósitrons, antineutrinos e radiação gama. A radiação “esfria” por causa de sucessivos deslocamentos Doppler e constitui a radiação de corpo negro isotrópico de 3K. Num pequeno intervalo de tempo posterior, antes do sistema expandir, quando ainda se encontrava em alta densidade, formou – se hélio pelas reações: 1 H1 + 1n0 2H1 + γ 2 H1 + 2H1 3He2 + 1n0 2 H1 + 2H1 3H1 + 1H1 3 He2 + 1n0 3H1 + 1H1 3 H1 + 2H1 4He2 + 1n0 Toda essa matéria se espalhou pelo espaço formando o universo. Em certos pontos o gás rarefeito acumulou – se e contraiu – se, aumentando a pressão interna até o ponto de surgirem as estrelas. 2.2 Fusão nuclear Na fusão nuclear, dois ou mais núcleos se juntam para formar um outro de maior número atômico e maior massa. Existem várias formas de ocorrer a fusão e existe a fusão de elementos de vários tipos. Nas estrelas, por exemplo, a principal forma de fusão é a do hidrogênio em hélio segundo a equação: 4 1H1 4He2 + 2e+ + 2n + γ onde e+ é um pósitron e n um neutrino, γ é a energia correspondente à fusão. Mas o processo em si não é tão simples e depende da massa da estrela e da temperatura onde ocorre a fusão. Em estrelas pequenas como o Sol, ocorre a fusão da forma próton – próton e em estrelas maiores ou em pontos onde a temperatura é mais elevada, ocorre a fusão na forma do ciclo do carbono (CNO). Para que ocorra a fusão, uma barreira de energia deve ser vencida. Sabe – se que os prótons se repelem mutuamente devido à força eletrostática (coulombiana), mas se estes são aproximados o suficiente, a força nuclear forte torna – se efetiva e sobrepõe – se à força eletrostática, mantendo os prótons unidos. Um sistema que tenha apenas prótons, é instável e tende a se desfazer, por isso é necessário a introdução dos nêutrons. Um próton ou um nêutron é chamado núcleon. Quando dois núcleons são aproximados, a força de atração de curto alcance os mantêm unidos. Essa força é maior nos núcleons do centro, visto que estes possuem mais vizinhos. É de se esperar, então, que a força de ligação nuclear cresce com o aumento do tamanho do núcleo. Mas, experimentalmente, notou – se que esta força possui um valor máximo que corresponde ao máximo de vizinhos que cada núcleon pode possuir. A força eletrostática, por outro lado, sempre aumenta com a adição de prótons. O resultado da soma dessas duas forças gera um núcleo estável (situação de equilíbrio das duas forças) e a energia de ligação do núcleo cresce até núcleos do tamanho do núcleo de ferro (Fe) ou níquel (Ni) e a partir daí, começa a diminuir. Eventualmente, essa energia pode se tornar negativa e os núcleos tornam – se instáveis. Os quatro núcleos blindados mais compactos, em ordem decrescente de energia de ligação são 62Ni,58Fe,56Fe e 60Ni. Embora o núcleo de 62Ni seja mais estável, o isótopo 56Fe é mais comum e abundante. Isto é devido à grande razão de desintegração do 62Ni conduzida por absorção de fóton. Uma exceção à regra é o núcleo de hélio – 4He, que é mais estável que o lítio – 6Li, o próximo elemento mais pesado. O princípio de exclusão de Pauli explica o fato – prótons e nêutrons são férmions e não podem coexistir num mesmo estado. Cada estado energético pode abrigar duas partículas de spins opostos. O núcleo de hélio tem uma banda de energia de ligação anormalmente grande porque seu núcleo possui dois prótons e dois nêutrons, então todos os núcleons estão em estado fundamental. Qualquer núcleon adicionado deve ir para um estado energético alto. Para que ocorra a aproximação e posterior união entre os núcleons, é necessária muita energia. Esses núcleons devem ter uma energia cinética muito grande para que se aproximem o suficiente para haver atuação da força nuclear forte. Mas é raro que os núcleons se encontrem em movimento com tal energia. Para que isto ocorra, normalmente têm – se altas temperaturas. Como a temperatura é a medida da energia cinética média das partículas, esse fato fornece a energia necessária. Essas temperaturas são muito elevadas devido à grande barreira que deve ser vencida. Nem sempre o núcleon necessita receber toda a energia para superar a barreira, pode acontecer o tunelamento quântico. 2.3 O ciclo do carbono Bethe foi o primeiro a desenvolver a teoria sobre a fusão nuclear. Calcula – se que, para vencer a barreira coulombiana, que pode ser dada por: onde 1 fermi (fentometro) vale 10-15 As partículas precisam de uma energia cinética que é determinada pela distribuição de velocidades correspondente à energia térmica: kT = 8,62 x 10-8 T k eV Para temperaturas elevadas, da ordem de dezenas e centenas de milhões de kelvin, para ocorrer a fusão, o modelo deve ser o de tunelamento quântico. Bethe mostrou como quatro hidrogênios se juntam e formam um hélio e libera energia. O processo envolve uma complexa cadeia de seis reações conhecido como ciclo do carbono (ciclo CNO). O cálculo utiliza a temperatura do interior do Sol estipulada pelos astrônomos da época, dita como sendo 20 milhões de kelvin. Ocorre, então, a reação: C6 + 1H1 13N7 + γ 12 Estipulou –se uma meia – vida de 106 anos ao 12C devido à difícil colisão entre os núcleos 12C e 1H. Já o 13N é um emissor de pósitron e tem meia – vida curta (10min). O produto seguinte 13C é um núcleo estável e tem uma meia – vida de 50.000 anos. A reação seguinte ocorre entre o 13C e outro 1H: C6 + 1H1 14N7 + γ 13 criando o 14N que possui uma meia – vida de 4.106 anos, também longa devido à estabilidade do núcleo. Então, ocorre a reação: 14 N7 + 1H1 15O8 + γ cujo produto é um núcleo instável que possui uma meia – vida curta de apenas 2min. Decaindo por emissão de um pósitron, torna – se um núcleo estável, o 15 N7 com meia – vida de 20 anos. A última reação ocorre da forma: 15 N7 + 1H1 4He2 + 12C6 o que restaura o carbono consumido inicialmente e converte 4 núcleos de hidrogênio em um núcleo de hélio. Essa reação em cadeia é mantida enquanto houver prótons disponíveis e a temperatura for suficientemente alta. A figura ilustra o ciclo CNO: Mas essa reação não ocorre tão facilmente desta forma. Do mesmo modo do ciclo anterior, o que temos é uma seqüência de reações que envolvem os núcleos de hidrogênio (próton) e resultam em um núcleo de hélio. O ciclo se inicia da seguinte reação: 1 H1 + 1H1 2H1 + e+ + γ + 1n0 Onde os prótons se unem formando um núcleo de deutério, liberando um pósitron e um neutrino. A esse núcleo se une outro próton, formando um núcleo de 3 He2 com a liberação de um neutrino: 2 H1 + 1H1 3He2 + 1n0 Por fim, esses núcleos se combinam na reação: 3 He2 + 3He2 4He2 + 1H1 + γ E tem – se o produto final de 4He2 e dois prótons são liberados para reagirem com outros núcleos livres dentro de um processo em cadeia. 2.5 Formação de elementos mais pesados O ciclo do carbono é muito lento, como notamos pela vida média dos principais reagentes citados. A estimativa de Bethe é que um ciclo completo gaste uma média de 6 milhões de anos. Com base nesta hipótese, ele conseguiu fazer uma estimativa da produção de energia do Sol, a qual se aproxima satisfatoriamente à radiação emitida por ele. Enquanto esse ciclo prevalece nas proximidades do centro do Sol, onde as temperaturas são suficientes para que ocorra, afastando – se do centro, em temperaturas ligeiramente menores, teremos uma reação que requer menor energia de ativação. Esse processo é o ciclo próton – próton, que tem menor probabilidade de acontecer. 2.4 O ciclo próton – próton Esse ciclo se resume da seguinte forma: 4 1H1 4He2 + 2 e+ + γ Quando todo (ou quase todo) o hidrogênio se funde em hélio, e libera sua energia, o núcleo e a estrela se colapsam aumentando a pressão e a temperatura ainda mais, fornecendo energia para a reação de fusão que envolve o hélio. A reação triplo – α, onde três átomos de hélio formam um núcleo de carbono da seguinte forma: 3 4He2 12C6 Com isso, surge o carbono no núcleo das estrelas. É desse processo que se origina o carbono que é utilizado no ciclo CNO. Então, mesmo as estrelas cuja energia provem do ciclo do carbono, no início de sua existência, passaram pelo ciclo próton – próton, com a diferença que, por sua massa ser consideravelmente maior do que a massa do Sol, o processo de reação que transforma hélio em carbono se deu antes do esgotamento do hidrogênio disponível. Com o aparecimento do ciclo do hélio em carbono, aumenta a concentração de carbono, a temperatura tende a aumentar devido à pressão, com isso, elementos mais pesados podem ser formados. Inicialmente, o 12C6 captura núcleos de 4He2, podendo formar o 18O8, sucessivamente, com a captura de outros núcleos de 4He2, forma – se o 20Ne10 e depois o 24Mg12. Nesses sucessivos processos, a temperatura continua aumentando até atingir valores da ordem de 109 K. Então, os núcleos passam a ter a energia térmica (cinética) suficiente para transpor a barreira coulombiana, formando núcleos com número de massa par até a formação do núcleo de 56Fe26. Os núcleos com número de massa ímpar, comparáveis a esses, são formados quando estes se afastam do núcleo superaquecido da estrela, forçados por turbulências, atingindo regiões mais frias, onde existe o ciclo próton – próton, podendo ocorrer reações do tipo: 20 Ne10 + 1H1 21Na11 + γ 21 Na11 21Ne10 + e+ + ν 4 21 3. REATORES DE FUSÃO NUCLEAR 3.1 Introdução Um reator de fusão nuclear é qualquer sistema físico que possa produzir e controlar o processo de fusão em cadeia. Embora existam muitos estudos e vários projetos em andamento, esse processo ainda não é obtido de forma satisfatória. 3.2 Reações utilizadas e alguns desses núcleos podem participar de reações produtoras de nêutrons. Um exemplo desse tipo de reação está descrito: 21 pois quando este captura um nêutron, se transforma no 210Bi83 que, por decaimento alfa, transforma – se em 206Ti81. O decaimento é muito rápido, tempo de meia – vida de 5 dias, e ocorre antes que o núcleo possa capturar outro nêutron. Elementos ainda mais pesados podem ser formados por captura de nêutrons emitidos por supernovas, já que estes são rápidos o suficiente para se unirem ao núcleo de 210 Bi83 antes que este decaia. Existem duas reações principais que são consideradas mais importantes, pois liberam mais energia com relação às outras. A primeira é a reação deutério – hélio 3: 2 1 Ne10 + He2 Mg12 + n0 Os elementos mais pesados que o ferro não podem ser formados por fusão, porque tem número de massa maior que 60, que é um valor para o qual a energia de ligação passa por um máximo. Acima desse valor, a força coulombiana entre os prótons torna se grande e um núcleo não pode mais capturar outro do ponto de vista energético. No entanto, pode haver a captura de nêutron, uma vez que esse processo libera 6 MeV. Os núcleos com números atômicos e número da massa até o 209Bi83 são formados por capturas consecutivas de nêutrons e decaimento beta, a partir do 56Fe28. O decaimento beta ocorre quando necessário para ajustar a um valor da razão número atômico/número de massa, que deve ter um valor de um núcleo estável. O núcleo mais pesado que pode se formar por captura de nêutron é o 209Bi83, H1 + 3He2 4He2 + p+ + γ E a outra é a fusão entre deutério e trítio: 2 H1 + 3H1 4He2 + N + γ As energias liberadas são de 18,3 MeV para a primeira e 17,6 MeV para a segunda. Outras reações entre núcleos atômicos leves liberam uma quantidade de energia menor que essas duas, daí o interesse principal nelas. Outras reações que também podem ocorrer são as seguintes: 2 H1 + 2H1 3He2 + N + γ 2 H1 + 2H1 3H1 + p + γ Porém, as reações acima não liberam as mesmas quantidades de energia que foram citadas anteriormente. Nessas reações, a energia liberada na reação deutério – deutério é de 1,3 MeV para a formação de 3He2 e de 4,0 MeV para a formação do trítio. Comparando com os valores anteriores de 18,3 MeV e 17,6 MeV, nota – se que essas reações fornecem menos energia. Por outro lado, o deutério pode ser obtido mais facilmente da natureza. 3.3 A fusão em escala industrial Porém, enfrentam – se alguns problemas na implementação dos processos em escala industrial. A reação deutério – hélio 3, por exemplo: o deutério pode ser obtido de forma simples a partir da água do mar, mas o hélio 3 é muito raro e o processo de obtenção requer certa complexidade. A outra reação deutério – trítio tem problemas ligeiramente diferentes: o trítio é raro na natureza e precisa ser obtido por outros processos e os nêutrons que resultam da reação, quando liberados, podem ser facilmente absorvidos por vários outros tipos de núcleos atômicos, podendo originar núcleos que serão radioativos. Pra esse segundo caso de reação, têm – se soluções elaboradas com intuito de driblar os empecilhos. O trítio pode ser produzido de uma forma ligeiramente simples: bombardeando núcleos de lítio utilizando nêutrons que são emitidos em um reator de fissão nuclear, ocorrendo, então, a reação da forma: 6 Li3 + N 4He2 + 3H1 Os nêutrons produzidos na fusão também podem ser utilizados para esse bombardeamento, o que acaba com o segundo problema, tendo ainda a vantagem de produzir mais trítio para o reator. O principal obstáculo para a construção e funcionamento de forma eficaz de um reator de fusão nuclear é a incapacidade que existe em se manter a mistura de deutério – trítio em estado de plasma em altas temperaturas. Que são necessárias e adequadas para que o processo de fusão ocorra da forma de reação em cadeia e possa liberar mais energia do que a que foi consumida para manter esse processo. Isso poderia tornar o processo auto – sustentável, ou seja, a própria energia liberada na fusão manteria o plasma superaquecido e as reações em cadeia. Um dos processos é o confinamento magnético, onde o plasma é comprimido adiabaticamente pelo aumento muito rápido do campo magnético. Com isso, aumenta a temperatura até o acontecimento da fusão. No confinamento inercial, feixes muito intensos de raios laser aquecem e comprimem minúsculas cápsulas contendo plasma de deutério e trítio até atingir o estado de temperatura e pressão adequados. Um projeto em andamento para a obtenção de energia através de fusão nuclear é o ITER (international thermonuclear experimetal reactor), mas o processo ainda não gera energia de forma satisfatória para uso em escala industrial. CONCLUSÃO O processo de fusão nuclear é fundamental para a existência de toda a variedade de elementos em todo o universo. Segundo a teoria do Big Bang, somente existiam nêutrons, mas devido à vários decaimentos alfa, beta, gama e sucessivas fusões nucleares, pôde – se originar outros elementos, começando pelo hidrogênio e em seguida outros mais pesados. A fusão nuclear enfrenta a força de repulsão coulombiana, por isso é preciso muita energia para aproximar dois núcleos o suficiente para interagirem forças nucleares, então esse processo só ocorre quando esses núcleos se encontram superaquecidos em centros de estrelas. Existem certos tipos de fusão que liberam mais energia que outros. E existem reações que são mais favoráveis e possíveis. Por outro lado, usar esse processo de forma a gerar energia, ainda não é possível, devido à necessidade de altas temperaturas. A fusão nuclear hoje consome mais energia do que libera, mas pesquisas têm sido feitas com intuito de aperfeiçoá - la. 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