Por dentro da notícia maio/2009 Sem verba, Brasil vira sócio de reator de fusão nuclear O s físicos brasileiros que estudam fusão nuclear parecem finalmente ter conseguido fundir seu conhecimento e gerar força para que essa linha de pesquisa tome rumo no Brasil. Após longa negociação, um acordo permitirá ao país participar do maior experimento de fusão do mundo, e a partir deste ano brasileiros concentrarão seus esforços num novo laboratório, na cidade de Cachoeira Paulista, no vale do Paraíba. Dentro de alguns meses, um acordo formal deve ser assinado para que o país possa enviar pesquisadores ao Iter, protótipo de reator gigante que está sendo construído em Cadarache (França), numa colaboração entre diversos países. A fusão nuclear é hoje o “Santo Graal” da física aplicada. Ao imitar o modo de produção de energia do Sol, ela oferece a possibilidade de gerar força sem emitir gases-estufa e usando combustível barato, hidrogênio, o elemento mais abundante do Universo, que pode ser extraído da água. Se um dia se tornar viável, quase não vai gerar lixo radioativo, diferentemente de sua prima “suja”, a fissão, que move as usinas nucleares atuais. “Apesar de não ter abrigado nenhum grande experimento, o Brasil tem atuado na pesquisa de fusão com bastante reconhecimento internacional”, diz Ricardo Galvão, diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio. Hoje, o país possui dois tokamaks, protótipos de reatores experimentais de fusão. Um deles fica no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, e outro no Instituto de Física da USP. “Os materiais dentro do Iter terão de suportar um enorme bombardeamento de nêutrons e também enorme calor”, explica Neil Calder, porta-voz do projeto em Cadarache. “A temperatura não será problema. Já para os nêutrons, nós temos materiais que podem resistir a eles, mas a questão é saber por quanto tempo.” Adaptado de Folha de S.Paulo, 16 fev. 2009. 1. a) Faça uma comparação entre os processos de fissão e fusão nuclear. b) Explique o que ocorre com o hidrogênio no Sol. 2. a) O que é um tokamak? b) Como é possível a união de prótons se eles se repelem eletricamente? Expectativa de resposta 1. a) A fissão nuclear é simplesmente a quebra de um núcleo atômico. Essa quebra pode ser espontânea (em átomos instáveis) ou forçada (bombardeamento de nêutrons em usinas nucleares ou bombas atômicas). Na fusão o processo é inverso: dois ou mais núcleos atômicos se unem para formar um núcleo de maior número atômico. O processo de fusão, em geral, libera muito mais energia do que consome, daí o enorme interesse no seu controle. b) Devido à enorme gravidade do Sol, sua massa tende a ir para o interior do astro. Isso provoca uma pressão tão elevada, que é capaz de causar a fusão de átomos de hidrogênio, formando átomos de hélio. Esse processo pode ser dividido nas seguintes etapas: 1. dois prótons se unem para formar um deutério, um pósitron e um neutrino; 2. união de um átomo de deutério e um próton, formando um átomo de hélio 3 e um raio gama; 3. união de dois átomos de hélio 3, formando um átomo de hélio 4 e dois prótons. 2. a) Tokamak é uma palavra que vem do russo e significa câmara toroidal magnética. Pode-se dizer que ele é um reator experimental de fusão nuclear;.inventado por volta dos anos 1950, consiste basicamente num eletroímã muito potente para confinamento de plasma. b) A repulsão eletrostática entre os prótons ocorre até certa distância. Se eles puderem se aproximar o bastante, passa a predominar a força nuclear forte, que é mais intensa que a força elétrica.