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19-09-2013
Nº 33
setembro 2013
9:57:31
Notícias
ITER adjudica contrato de 2 milhões de euros a unidade
de investigação portuguesa
16-09-2013 15:14
Lúcia Vinheiras Alves
Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, do Instituto
Superior Técnico, é a unidade escolhida pelo ITER
para desenvolver um diagnóstico de determinação da
temperatura de um plasma de fusão nuclear. O
contrato tem o valor de 2 milhões de euros.
© ITER
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O ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor) é uma organização internacional onde
decorre a grande experiência científica que conta com a colaboração de investigadores de todo o mundo
para a construção de um reator de fusão nuclear. O objetivo é demonstrar que é possível produzir energia
por fusão nuclear com potencial de vir a ser comercializada e sem impactos negativos para o ambiente.
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Atualmente, no ITER são desenvolvidas e testadas tecnologias que serão essenciais para a construção
de reatores nucleares, que se esperam venham a apresentar-se como o estado-de-arte da tecnologia
futura de produção de energia.
Agora, o ITER adjudicou um contrato ao consórcio constituído pelo Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear
(IPFN), do Instituto Superior Técnico (IST) e pela Universidade Técnica da Dinamarca, para o
desenvolvimento de um diagnóstico de micro-ondas para determinar a temperatura de um plasma de
fusão nuclear.
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Bruno Soares Gonçalves, investigador do IPFN e um dos líderes do projeto explica, em declarações à TV
Ciência, que «as reações de fusão nuclear (entre núcleos de isótopos do hidrogénio) ocorrem a
temperaturas bastante elevadas».
Neste sentido, «a operação do reator de fusão nuclear em condições ótimas depende de conseguirmos
otimizar a temperatura do plasma de forma a maximizar as reações de fusão nuclear, pelo que a
determinação da temperatura é bastante importante para o controlo e operação do ITER», afirma o
investigador.
Para determinar a temperatura certa, os cientistas vão desenvolver «um sistema de emissão de um feixe
de microondas que interage com o plasma (o gás onde ocorrem as reações de fusão nuclear) e num
recetor que recebe o sinal gerado pela interação com o plasma e a partir do qual se extrai uma medida da
temperatura do plasma (tipicamente da ordem das centenas de milhar de graus centigrados)», explica
Bruno Soares Gonçalves.
Este é um trabalho complexo que exige vários desenvolvimentos. O investigador explica que «para
podermos inserir e coletar os feixes de microondas no interior de um reator nuclear é necessário
desenhar os sistemas para ‘canalizar’ o feixe de microondas desde o exterior, os espelhos que refletem
os sinais obtidos para o recetor», assim como «a integração de todo o sistema no dispositivo
experimental, que é bastante grande e complexo».
Os investigadores sabem que têm de trabalhar num ambiente muito agressivo, já que «muitos dos
componentes estarão sujeitos a temperaturas elevadas e a um nível de radiação também bastante
elevado pelo que é necessário fazer vários estudos para otimização do desenho final de forma a
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desenvolvermos um sistema de medida fiável», afirma o cientista.
O contrato agora adjudicado ao consórcio tem um orçamento global de 7 milhões de euros para um
período de quatro anos, dos quais 2 milhões de euros correspondem à participação nacional, ou seja, ao
trabalho desenvolvido pelo IPFN.
Atualmente, o financiamento do IPFN é garantido em 65% por fundos europeus e 35% de financiamento
da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), pelo que a capacidade de ganhar contratos desta
natureza permite «ao IPFN continuar a desenvolver uma das suas áreas de atividade», ou seja, «este
tipo de projetos é essencial para a manutenção de uma unidade de excelência como é o caso do IPFN»,
afirma Bruno Soares Gonçalves.
O investigador adianta que o financiamento recebido através deste tipo de contratos é essencial ao nível
da manutenção dos recursos humanos, já que vai permitir «dar continuidade a emprego qualificado,
formação avançada de pessoal possibilitando também a contração de bolseiros, dando-lhes a
possibilidade de iniciarem ou prosseguirem a sua carreira científica».
Por outro lado, são contratos «fundamentais para o reconhecimento internacional das competências do
IPFN aumentando a possibilidade de ganharmos novos contratos», afirma Bruno Soares Gonçalves.
Este é já o oitavo contrato que o IPFN consegue estabelecer nos últimos anos. Uma capacidade de
captação de fundos que, o investigador explica, está relacionada com a existência no IPFN de «um grupo
de engenharia e integração de sistemas de fusão nuclear com competências reconhecidas
internacionalmente na área de diagnósticos de microondas e sistemas de controlo e aquisição de
dados».
Bruno Soares Gonçalves acrescenta que «a equipa do IPFN já desenvolveu vários sistemas de
diagnósticos de microondas para o maior dispositivo de fusão nuclear atualmente em funcionamento (o
Tokamak JET, no Reino Unido) e para várias outras máquinas europeias e do Brasil».
Nesta área específica de desenvolvimento de diagnóstico de microondas «este é o segundo grande
contrato com o ITER, uma vez que a mesma equipa já se encontra a trabalhar noutro diagnostico de
microondas para determinação da posição plasma – um contrato no valor de 8,5 milhões de euros
liderado pelo IPFN» .
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