UM OLHAR SOBRE A APRENDIZAGEM DE EDUCANDOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS INCLUIDOS NOS
ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Pereira, Eder Paulo – SEED/PR
[email protected]
Área Temática: Educação: Diversidade e Inclusão
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Resumo
Atualmente a Educação Inclusiva vem sendo amplamente debatida em todas as esferas da
sociedade, porém, não basta apenas incluir educandos com necessidades educacionais
especiais no ensino fundamental ou médio. Faz-se necessário um real acompanhamento de
como está sendo a aprendizagem destes educandos e por conseqüência a prática pedagógica
dos professores que estão diretamente ligados a estes educandos. Este artigo é resultado das
discussões em diversos espaços e momentos da escola pesquisada, que resultou num projeto
de intervenção pedagógica junto aos professores do Colégio Estadual Sertãozinho no
município de Matinhos, tendo como objetivo compreender de que maneira ocorre a
aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais incluídos nos anos
finais do ensino fundamental. A relevância do referido tema justifica tal iniciativa, pois, esta
possibilitou a coleta de informações do cotidiano escolar dos professores e que mediante
debates pode-se refletir e contribuir na melhoria da prática pedagógica dos sujeitos envolvidos
no processo educativo da referida instituição numa perspectiva inclusiva. A metodologia
desenvolvida na realização da pesquisa de campo foi mediante aplicação de questionários
com perguntas abertas e fechadas a professores regentes que atuam em diferentes áreas do
conhecimento nos anos finais do ensino fundamental, sobre a maneira como conduzem sua
prática pedagógica em relação à aprendizagem de educandos inclusos com necessidades
educacionais especiais, bem como a observação não participante do ambiente estudado. Para
fundamentar este estudo utilizou-se de diferentes fontes bibliográficas e específicas da área da
educação inclusiva. O que nos leva a considerar que o professor não se sente preparado para
verificar a aprendizagem destes educandos, tornando assim seu trabalho pedagógico muitas
vezes sem um objetivo final. Isto se deve uma falta de estrutura física, humana e teórica para
fundamentar este professor em sua prática docente. Pois tais profissionais não se sentem aptos
para promover uma aprendizagem de qualidade para estes educandos, sendo necessário uma
gestão escolar que promova momentos diversificados para dar condições de trabalho a este
professor. Formando assim um sistema de rede entre todos os componentes da escola,
envolvidos diretamente com o objetivo de promover a aprendizagem de todos os educandos,
bem como seu sucesso na escola e por conseqüência na vida.
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Palavras-chave: Aprendizagem. Necessidades Educacionais Especiais. Prática Pedagógica.
Introdução
Percebendo que a educação é um dos mais importantes instrumentos para mudança de
uma sociedade, diversas tendências pedagógicas surgiram através dos tempos para aprimorar
o âmbito educacional. Porém, para que exista uma educação de qualidade é necessário que
exista um processo dialético entre ensino e aprendizagem. A aprendizagem apresenta
diferentes aspectos dependendo dos objetivos que se deseja alcançar, fazendo necessária a
utilização de metodologias de ensino apropriadas a cada um destes objetivos.
Neste contexto a escola se apresenta como um espaço democrático para que esta
aprendizagem ocorra de forma eficaz a todos os indivíduos que dela desejam se apropriar.
Sendo assim, podemos observar que um dos principais desafios que o sistema educacional
contemporâneo enfrenta, é no que diz respeito à aprendizagem de educandos com
necessidades educacionais especiais que estão incluídos em no ensino regular. Portanto, a
escola é o ambiente onde ocorrem diversos debates a respeito da maneira que ocorre esta
aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais.
Para isso a Declaração de Salamanca (1994, p. 10), ressalta que:
Cada escola deveria ser uma comunidade coletivamente responsável pelo sucesso ou
fracasso de cada estudante. O grupo de educadores, ao invés de professores
individualmente, deveria dividir a responsabilidade pela educação de crianças com
necessidades especiais. Pais e voluntários deveriam ser convidados assumir
participação ativa no trabalho da escola. Professores, no entanto, possuem um papel
fundamental enquanto administradores do processo educacional, apoiando as
crianças através do uso de recursos disponíveis, tanto dentro como fora da sala de
aula.
Uma das maiores dificuldades que o sistema educacional está enfrentando nos dias
atuais trata da aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais incluídos
no ensino regular. Tal estudo tem como meta principal debater de que maneira ocorre a
aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais incluídos em escolas
regulares. Pesquisa esta realizada em um colégio estadual do litoral do Paraná.
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O principal objetivo deste estudo está em compreender de que maneira ocorre a
aprendizagem de educandos inclusos com necessidades educacionais especiais, mediados por
professores dos anos finais do ensino fundamental que possuem apenas formações especificas
de suas disciplinas de formação inicial.
Desta maneira, tal estudo tem como método uma pesquisa bibliográfica para construir
bases conceituais que serão abordadas no que se refere à aprendizagem de alunos com
necessidades educacionais especiais incluídos no ensino regular. Fazendo a utilização de
pesquisa com questionários mistos, ou seja, com perguntas abertas e fechadas aplicados a
professores regentes dos anos finais do ensino fundamental, como também a observação não
participante deste ambiente educacional.
Desenvolvimento
Um dos grandes desafios da escola contemporânea é promover a aprendizagem de
qualidade de todos os educandos acomodando todos, independente dose problemas físicos,
cognitivos ou sociais que este educando apresente. Estas novas estratégias buscam uma
aprendizagem de qualidade para todos, onde o papel da escola é adaptar sua rotina para
atender os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem.
Sendo assim Rosa (2003, p.138) afirma que:
Um dos princípios fundamentais da escola inclusiva é o de que todas as crianças
devem aprender juntas, sempre que possível independente de quaisquer dificuldades
ou diferenças que elas possam ter. Só assim haverá a possibilidade de se assegurar
uma educação de qualidade a todos.
Deve-se ter o bom senso de que a educação inclusiva deve atender a especificidade de
cada educando, promovendo uma real aprendizagem deste cidadão. A aprendizagem não deve
ser verificada apenas pelos conteúdos acadêmicos, mas sim por todo um contexto sócioeducativo que a escola pode oferecer a este educando.
Ainda neste contexto Fonseca (1995, p.202), declara que:
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A inclusão subentende uma ação em prol dos direitos humanos e cívicos, tende a
modificar a essência e a estrutura da própria escola. A escola terá de adaptar-se a
todas as crianças, ou melhor, a variedade humana. Como instituição social não
poderá continuar a agir no sentido de escorraçar ou segregar aqueles que não
aprendem como os outros, sob pena de negar a si própria.
Segundo Goffredo (1999), para que uma escola seja realmente inclusiva, todo o
sistema educacional deve passar por uma profunda renovação e reorganização de suas bases
pedagógicas. Esta nova concepção pedagógica deve levar em consideração acima de qualquer
aspecto às diferentes formas de aprendizagem que compõe a comunidade escolar.
Portanto, o trabalho inclusivo deve primar por uma prática educacional coletiva onde
todos os elementos ligados direta ou indiretamente formam um sistema integrado para o
melhor desenvolvimento dos educandos.
Para Fernandes (2005, p.28) o trabalho inclusivo deve ser:
Desde o momento em que são instituídas as políticas educacionais até sua
concretização nas salas de aula. Legitimando este trabalho na idéia de que as
práticas pedagógicas inclusivas funcionam em rede e devem permear todo o
processo educacional, e não apenas a prática do professor em sala de aula.
Sendo assim, cada cidadão que possui necessidades educacionais especiais, deve ser
muito bem avaliado em todo o seu contexto. A inclusão deve respeitar as reais condições
desse educando em ser incluído, promovendo assim uma inclusão com responsabilidade
social.
O processo de inclusão educacional deve ter como objetivo principal, analisar se esta
inclusão que está sendo praticada realmente significa um beneficio e avanço para o maior
interessado, que neste caso é o educando que será incluído.
Sendo assim Paulino (2006, p.42) destaca que: “É prudente também afirmar que o
aluno com necessidades educacionais especiais deve ser incluído quando suas condições
assim permitirem e quando a inclusão significar para este um beneficio”.
Segundo Carvalho (1997), a educação especial não deve ser vista pela sociedade como
um subsistema educacional, ou seja, um sistema à parte. Deve ser observada como um
sistema que transversal a todos os demais segmentos da sociedade. Um conjunto de recursos
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e serviços que devem ser utilizados para melhorar uma prática pedagógica dentro e fora da
escola, favorecendo uma aprendizagem significativa a todos os educandos.
A falta de informação é o grande desafio para a inclusão. Diversos profissionais se
sentem desconfortáveis quando são questionados no que diz respeito à inclusão de pessoas
com necessidades educacionais especiais.
Isto ocorre devida ao movimento natural da educação inclusiva, pois profissionais das
mais diversas áreas da educação passam a rever suas concepções a respeito da educação e por
conseqüência revendo suas práticas de ensino. O que promove um movimento benéfico para a
educação, realizando um repensar no aspecto ensino e aprendizagem de todos os indivíduos
ligados direta ou indiretamente à educação.
Ainda neste contexto Fernandes (2006, p.85), indica que:
O desafio imposto pelo processo de inclusão desestabilizou concepções e práticas
arraigadas tanto na educação regular como na educação especial. Por um lado,
professores do ensino regular se dizem despreparados para atuar com alunos com
necessidades educacionais. Por outro lado, os professores especialistas dominam
estratégias metodológicas específicas relacionadas às práticas de reabilitação que
não mais têm sustentação no contexto inclusivo.
Um trabalho participativo desde a elaboração das adaptações curriculares presentes no
planejamento, passando pelos procedimentos metodológicos utilizados em sala de aula,
chegando à avaliação e em como esta avaliação é desenvolvida no ambiente escolar, com o
objetivo final de atingir uma aprendizagem significativa seja no aspecto acadêmico, social,
cultural, emocional entre outros.
Segundo Carvalho (2004), a aprendizagem não se reduz apenas ao ambiente escolar
propriamente dito, mas sim em todo um contexto social que os indivíduos estão inseridos. São
inúmeras às vezes, que a aprendizagem ocorre em espaços que trazem experiências que são
significativas para o educando, levando o mesmo a vários processos reflexivos desenvolvendo
cada vez mais sua autonomia.
Para que isso ocorra Carvalho (2004, p.114), indica que:
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Em escolas inclusivas, o ensinar e o aprender constituem-se em processos dinâmicos
nos qual a aprendizagem não fica restrita aos espaços físicos das escolas e nem nos
alunos, como se fossem atores passivos, receptáculos do que lhes transmite quem
ensina.
Quando se trata do ensino e aprendizagem para a inclusão de educandos com
necessidades educacionais especiais, deve estar muito claro que isso implica acima de
qualquer coisa uma mudança de postura frente a esta nova realidade educacional.
O profissional que atua direta ou indiretamente na educação deve rever suas
concepções, transformando assim sua prática docente auxiliando cada vez mais educandos
envolvidos neste processo, sejam eles educandos com necessidades educacionais especiais ou
não.
Com estas declarações Paulino (2006, p.33), indica que:
Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e olhar acerca da
deficiência. Implica quebra de paradigmas, reformulação do nosso sistema de ensino
para a conquista de uma educação de qualidade, na qual o acesso, o atendimento
adequado e a permanência sejam garantidos a todos os alunos, independentemente
de suas diferenças e necessidades.
Desta maneira a educação inclusiva estabelece uma reforma em toda a formação de
profissionais da educação e na maneira como os mesmos entendem o processo de ensino e
aprendizagem, organizando assim modelos de superação de práticas pedagógicas que na
atendem as necessidades de todos os educandos, sejam eles portadores de necessidades
especiais ou não.
Neste contexto educacional Fernandes (2006, p.80), declara que:
O eixo norteador da discussão deve se assentar em uma política de formação
profissional que ofereça subsídios políticos, teóricos e técnicos para a análise,
compreensão e superação do modelo de escola que opera na manutenção dos
processos de exclusão e marginalização de amplas parcelas da população escolar
brasileira, incluídos aí os alunos com necessidades educacionais especiais.
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Este processo inclusivo traz consigo uma profunda revisão de conceitos e concepções.
Não apenas do professor, mas a revisão de toda uma sociedade que esta conectada direta ou
indiretamente a educação.
Com a educação inclusiva a escola passa a buscar cada vez mais recursos para atender
da melhor maneira estes educandos. Esta busca é caracterizada por elementos como serviços
especializados, apoio educacional, reorganização de metodologias adequadas entre outros.
Esforços concentrados em um objetivo comum, que é a aprendizagem significativa de todos
os educandos.
Sendo assim Martins (2006, p.20), estabelece que:
O processo educativo inclusivo traz sérias implicações para os docentes e para as
escolas, que devem centrar-se na busca de rever concepções, estratégias de ensino,
de orientação e de apoio para todos os alunos, a fim de que possam ter suas
necessidades reconhecidas e atendidas, desenvolvendo ao máximo as suas
potencialidades.
Sendo assim o foco do trabalho pedagógico passa a ser o aluno e como atendê-lo da
melhor maneira, suprindo assim suas reais necessidades de educativas.
Observando aspectos que vão desde a maneira como o professor trata o seu
planejamento até na relação que ele estabelece com seus alunos no desenvolvimento das
atividades propostas, visando sempre uma metodologia adequada à aprendizagem deste
educando.
Neste momento é possível observar se o discurso presente no projeto político
pedagógico e no planejamento está de acordo com a prática pedagógica desenvolvida pelo
professor em sala de aula e a aprendizagem efetiva destes educandos. Pois mesmo nos
momentos em que ocorrem práticas voltadas para o ensino e aprendizagem o educando com
necessidades educacionais especiais não deve ser tratado de maneira excludente, ou seja, com
tratamentos e métodos que o deixem separado do restante da classe.
Em acordo com isso Rodrigues (2006, p.315) declara que:
Todos os enquadramentos permitem que as situações de aprendizagem sejam
adequadas as diferentes características do trabalho e do aluno. Desenvolver uma
gestão de sala de aula inclusiva não pressupõe, pois, um trabalho individual, mas
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sim o planejamento e a execução de um programa no qual o aluno possa
compartilhar vários tipos de interação e identidade.
Neste sentido a metodologia do professor deve ser inovadora, porem esta metodologia
não deve ser inovadora apenas para o educando incluso, mas sim para toda a classe. Desta
maneira todos os educandos poderão se beneficiar de um processo de ensino e aprendizagem
dinâmico e de acordo com suas expectativas. Estabelecer uma metodologia diferenciada
apenas para este educando é excluir toda a classe da oportunidade de uma aprendizagem de
qualidade.
Para que isso ocorra à comunidade deve incentivar a elaboração de políticas públicas
que possibilitem a concretização dessa formação contínua dos profissionais que irão atuar em
uma educação inclusiva. Pois com profissionais capacitados, os mesmos podem promover
uma aprendizagem real a todos.
Neste mesmo segmento Paulino (2006, p.66), aponta que:
A importância de construir e cultivar culturas, políticas e práticas de inclusão
durante o processo de formação como um processo permanente, ou seja, ocorre
antes, durante e após a formação acadêmica especifica, sendo permeada por valores
que são construídos ao longo da vida do sujeito e de acordo com o contexto de sua
formação enquanto pessoa e profissional.
Com esta nova realidade educacional, a educação inclusiva surge para atender a
grupos minoritários, que por séculos foram massificados por uma sociedade injusta e
homogenizadora.
Demonstrando que o desenvolvimento de uma sociedade esta nas diferentes maneiras
de se atender o diferente, promovendo assim uma sociedade justa e igualitária todos.
Análise dos dados
Esta pesquisa referente a aprendizagem de alunos com necessidades educacionais
especiais foi realizada no Colégio Estadual Sertãozinho do município de Matinhos no litoral
paranaense e contou com a participação de 20 professores atuantes nos anos finais do ensino
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fundamental. São professores regentes de diversas disciplinas que possuem alunos com
necessidades educacionais especiais em suas respectivas salas de aula. Atualmente, o Colégio
conta com 24 turmas de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental da Educação Básica, 11 turmas
do 1º ao 3º Ano do Ensino Médio da Educação Básica, 01 sala de CAEDV, 01 Sala de
Recursos, 02 Salas de Apoio a Aprendizagem, totalizando aproximadamente 1400 alunos.
Os educandos deste colégio em sua grande maioria são carentes financeira e
emocionalmente e buscam na escola um local para se divertir e se alimentar. Observou-se
também que ocorre um mínimo de envolvimento dos pais no âmbito escolar, tendo em vista
que a população é flutuante, pois muitas famílias chegam próximo ao final do ano letivo para
trabalhar na temporada de verão e, às vezes, não permanecem mais de que alguns meses. O
que dificulta ainda mais o processo de aprendizagem, porém, em se tratando da educação
enquanto prática social cabe destacar a necessidade de uma prática pedagógica adequada para
atender estes desafios regionais.
A este respeito à Declaração de Salamanca (1994), indica que a escola deveria ser um
espaço para minimização de todo o tipo de exclusão, realizando uma ligação direta entre
alunos, pais, poder público e comunidade. Criando dessa maneira um sistema de rede que
seria responsável pelo sucesso ou fracasso do aluno, desenvolvendo práticas pedagógicas
adequadas a cada realidade educacional. Vencendo desta maneira os desafios educacionais
contemporâneos, promovendo uma aprendizagem de qualidade.
Uma das questões apresentadas visa observar, segundo estes professores, qual o maior
sentido para a inclusão de educandos com necessidades educacionais especiais no ensino
regular. Neste contexto 10% desses profissionais declararam que ocorre uma aprendizagem
significativa dos conteúdos escolares para todos os alunos, pois todos têm direito a educação.
Outros 10% afirmaram que ocorre porque a lei assim determina, justificando não haver uma
aprendizagem de qualidade para estes educandos com necessidades educacionais especiais. Já
20% argumentam que ocorre um repensar nas práticas educacionais por parte da escola, pois
as práticas educacionais devem contemplar os anseios da sociedade e a inclusão dos alunos
especiais é uma prática que ainda necessita de muita reflexão. Porém 60% indicam que a
inclusão tem maior sentido, pois ocorre uma grande socialização entre todos os componentes
do sistema educacional, trazendo experiências novas para o educando incluso e para as
demais pessoas como alunos, professores, funcionários entre outros.
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Para Martins (2006), a inclusão estabelece um repensar nas práticas educacionais da
escola, desde sua concepção de ensino e aprendizagem até o atendimento necessário a cada
aluno. O processo inclusivo não esta centrado apenas na socialização ou na apropriação dos
conteúdos, mas sim em conjunto de elementos que podem tornar o educando um cidadão
capaz de superar sua suas dificuldade seja na vida ou na escola.
Um segundo questionamento visa observar qual é a principal preocupação deste
professor ao receber em sua classe um aluno com necessidades educacionais especiais. Tais
profissionais pesquisados afirmaram que existem diversas preocupações quando alunos com
necessidades educacionais especiais são incluídos em classes do ensino regular. Para 10%
desses profissionais a principal preocupação está com a aceitação dos demais alunos, criando
estratégias para que este educando perceba que foi aceito pelo grupo, estabelecendo assim
uma relação de cooperação entre todos. Outros 10% afirmam que suas preocupações estão
centradas com as barreiras arquitetônicas que este educando irá enfrentar, justificando que
nem todas as escolas estão preparadas e adaptadas para receber tais educandos com
necessidades educacionais especiais. Mas 80% dos professores pesquisados indicam que
ficam muito preocupados com a aprendizagem desse educando que será incluído, afirmando
que muitos professores não estão preparados para trabalhar com esses alunos e os que se
sentem preparados esbarram em dificuldades como salas superlotadas, carga horária extensa,
falta de profissionais especializados para orientações especificas, pouco tempo para criar
atividades diversificadas, entre outras dificuldades que podem atrapalhar a real aprendizagem
do educando em questão.
Para Paulino (2006), para promover uma educação inclusiva e uma aprendizagem de
qualidade é necessário uma revisão de conceitos sobre o processo educacional por parte da
escola e de todos os seus componentes. O professor deve estar preocupado com a
aprendizagem destes educandos tornando-os cada vez mais independentes na sua vida diária,
pois desta maneira, tais educandos poderão se sentir verdadeiramente incluídos no grupo que
estão inseridos.
Outra questão abordada nesta investigação discute qual a atitude do professor quando
verifica que o aluno incluso com necessidade educacional especial não esta tendo uma
aprendizagem de qualidade. Professores em um total de 20% afirmam que mudariam sua
metodologia de ensino pesquisando por conta própria, indicando que o auxilio da equipe
pedagógica ou de outros professores pouco ajuda. Observando ainda que nem professores e
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nem equipe pedagógica, tiveram uma formação adequada para atender essa nova realidade
educacional. Mas 40% destes professores declaram que iriam procurar apoio com a equipe
pedagógica da escola, justificando tal opção alegando que a equipe pedagógica possui um
maior acesso a informações e recursos eficientes para atender as necessidades desses alunos.
Outros 40% declaram que iriam procurar apoio com profissionais especializados da escola,
pois segundo estes professores, tais profissionais especializados estão mais preparados para
dar este suporte, sendo que conhecessem não apenas a necessidade apresentada pelo educando
como também a realidade em que a escola está inserida.
Para Fernandes (2005), a educação inclusiva não é fruto apenas da prática pedagógica
em sala de aula, mas sim de diversos fatores que possibilitam uma aprendizagem de qualidade
para alunos com ou sem necessidades educacionais especiais. O Processo educacional deve
funcionar em rede com professores capacitados, equipe pedagógica atuante e capacitada,
profissionais especializados em educação especial, entre outros. Pois o professor sozinho em
sua pratica docente não é capaz de dar conta da aprendizagem efetiva de todas essas
diferenças presentes em sala de aula.
A aprendizagem ocorre de formas diferenciadas para cada pessoa, dependendo da
metodologia adotada pelo professor. Sendo assim, um dos questionamentos deseja investigar
qual a atitude metodológica deste professor ao perceber que não esta ocorrendo uma
aprendizagem de qualidade em relação a este educando incluso com necessidades
educacionais. Dos profissionais consultados 10% indicam que mudariam sua metodologia
para toda a classe e não apenas para o educando com necessidade educacional especial,
justificando que assim como o aluno incluso poderá melhorar sua aprendizagem, outros
alunos da classe com dificuldades também poderão aumentar sua aprendizagem nesta
mudança de metodologia para toda a classe. Porém, 90% declaram que mudariam sua
metodologia apenas para o educando com necessidades educacionais especiais, pois segundo
estes educadores o trabalho pedagógico deve ser individualizado, considerando que este
educando com necessidades educacionais especiais precisam de um tempo maior para sua
aprendizagem e para correção de tais atividades solicitadas.
Para Rodrigues (2006), é necessário que o professor crie mecanismos e metodologias
que sejam capazes de envolver toda a classe em suas atividades, não permitindo que o
educando incluso seja excluído dentro da própria sala por atividades extremamente diferentes
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do grupo. Sendo assim, o trabalho pedagógico deve primar pela aprendizagem coletiva do
grupo, tornando a aprendizagem eficiente a cada um dos educandos.
Uma abordagem indaga estes professores sobre a aprendizagem desses educandos
inclusos com necessidades educacionais especiais, em relação aos demais alunos que não
possuem nenhuma necessidade educacional especial. Sendo assim, 40% desse professores
indicam que a aprendizagem é igual aos demais educandos que não possuem nenhuma
necessidade educacional especial, justificando que a aprendizagem depende muito da visão
que o professor possui sobre a aprendizagem de seus alunos. Tais professores complementam
ainda que muitas vezes o aluno não responde no momento específico da avaliação, mas
corresponde em outros momentos informais que superam as expectativas. Porém, 60% dos
professores consultados afirmam que a aprendizagem é menor que os demais alunos que não
possuem necessidades educacionais especiais, pois segundo tais profissionais os educandos
com necessidades educacionais especiais precisam de um tempo maior para sua
aprendizagem. Neste contexto afirmam também que a aprendizagem depende muito do apoio
especializado que este educando recebe, pois sem este apoio especializado ocorre uma
aprendizagem de qualidade.
Para Goffredo (1999), a escola contemporânea deve rever suas concepções de
aprendizagem, se conscientizando que cada indivíduo possui uma maneira de aprender
diferente do outro. Neste sentido, deve compreender que não se deve medir a aprendizagem
dos educandos, mas sim considerar como extremamente valioso todo o tipo de aprendizagem
produzido ou não pela escola.
Com isso a escola passará a desempenhar seu verdadeiro papel, que é o de zelar pela
aprendizagem de qualidade de todas as pessoas independente de diferenças culturais, sociais,
físicas, políticas ou de qualquer outra natureza.
Considerações Finais
O estudo permanente do espaço educacional torna-se cada vez mais importante para o
enfrentamento dos desafios que surgem nos dias atuais. Este estudo em específico procura
analisar: como ocorre a aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais
que estão incluídos no ensino regular.
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Pode-se observar que a educação inclusiva em si não se mostra mais como um desafio
para os educadores, pois este tema esta sendo amplamente debatido em todos os âmbitos da
sociedade atual. Porém, observa-se uma constante preocupação de tais educadores não apenas
no fato de incluir educandos com necessidades educacionais especiais, mas sim como será
desenvolvido o processo de ensino e aprendizagem em uma sala de aula inclusiva, bem como
a aprendizagem destes educandos com ou sem necessidades educacionais especiais. Pois uma
das principais atribuições da escola é promover uma aprendizagem de qualidade a todos os
educandos. Observa-se que muitos professores que possuem alunos inclusos não sentem
segurança em desenvolver sua prática pedagógica, pois não conseguem verificar de forma
eficiente se esta existindo uma aprendizagem de qualidade para tais educandos inclusos.
Fato como este ocorre devido a diversos fatores como, por exemplo: falta de uma
formação adequada, salas superlotadas, pouco apoio de alguns órgãos competentes, poucos
profissionais especializados em educação especial nas escolas, equipe pedagógica
despreparada, falta de uma equipe multidisciplinar. Porém o que se pode observar e concluir
com a pesquisa em questão, é a falta de contato entre os elementos que compõe o ambiente
educacional.
Para que uma educação inclusiva aconteça em sua totalidade, é necessário que se crie
um ambiente de trabalho coletivo, visando a aprendizagem de todos os educandos,
independente de suas dificuldades. È necessário um trabalho em rede entre professores,
equipe pedagógica, professores especializados em educação especial, pais, alunos em geral,
poder público, envolvendo assim toda a comunidade em que a escola está inserida.
Torna-se extremamente necessário uma gestão educacional que prime pelo contato
contínuo entre tais profissionais, tendo como objetivo principal a aprendizagem de todos os
educandos.
A escola deve criar momentos específicos para que aconteça a troca entre
experiências, estudos de casos, formação contínua, estímulo a pesquisas entre outros
mecanismos que podem contribuir para uma prática pedagógica que atenda as necessidades de
todos os educandos.
Pois este professor ao perceber que possui um suporte teórico, físico e humano para
desenvolver seu trabalho docente, irá se sentir capacitado e confiante para promover a
aprendizagem de educandos com ou sem necessidades educacionais especiais.
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Desta maneira toda a comunidade escolar irá se sentir responsável pelo sucesso da
aprendizagem de todos os educandos, promovendo uma educação inclusiva não apenas para
pessoas com necessidades educacionais especiais, mas para todos os indivíduos que
atualmente são colocados a margem da sociedade que vivemos.
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Download

um olhar sobre a aprendizagem de educandos com