UM OLHAR SOBRE A APRENDIZAGEM DE EDUCANDOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS INCLUIDOS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Pereira, Eder Paulo – SEED/PR [email protected] Área Temática: Educação: Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Atualmente a Educação Inclusiva vem sendo amplamente debatida em todas as esferas da sociedade, porém, não basta apenas incluir educandos com necessidades educacionais especiais no ensino fundamental ou médio. Faz-se necessário um real acompanhamento de como está sendo a aprendizagem destes educandos e por conseqüência a prática pedagógica dos professores que estão diretamente ligados a estes educandos. Este artigo é resultado das discussões em diversos espaços e momentos da escola pesquisada, que resultou num projeto de intervenção pedagógica junto aos professores do Colégio Estadual Sertãozinho no município de Matinhos, tendo como objetivo compreender de que maneira ocorre a aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais incluídos nos anos finais do ensino fundamental. A relevância do referido tema justifica tal iniciativa, pois, esta possibilitou a coleta de informações do cotidiano escolar dos professores e que mediante debates pode-se refletir e contribuir na melhoria da prática pedagógica dos sujeitos envolvidos no processo educativo da referida instituição numa perspectiva inclusiva. A metodologia desenvolvida na realização da pesquisa de campo foi mediante aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas a professores regentes que atuam em diferentes áreas do conhecimento nos anos finais do ensino fundamental, sobre a maneira como conduzem sua prática pedagógica em relação à aprendizagem de educandos inclusos com necessidades educacionais especiais, bem como a observação não participante do ambiente estudado. Para fundamentar este estudo utilizou-se de diferentes fontes bibliográficas e específicas da área da educação inclusiva. O que nos leva a considerar que o professor não se sente preparado para verificar a aprendizagem destes educandos, tornando assim seu trabalho pedagógico muitas vezes sem um objetivo final. Isto se deve uma falta de estrutura física, humana e teórica para fundamentar este professor em sua prática docente. Pois tais profissionais não se sentem aptos para promover uma aprendizagem de qualidade para estes educandos, sendo necessário uma gestão escolar que promova momentos diversificados para dar condições de trabalho a este professor. Formando assim um sistema de rede entre todos os componentes da escola, envolvidos diretamente com o objetivo de promover a aprendizagem de todos os educandos, bem como seu sucesso na escola e por conseqüência na vida. 3883 Palavras-chave: Aprendizagem. Necessidades Educacionais Especiais. Prática Pedagógica. Introdução Percebendo que a educação é um dos mais importantes instrumentos para mudança de uma sociedade, diversas tendências pedagógicas surgiram através dos tempos para aprimorar o âmbito educacional. Porém, para que exista uma educação de qualidade é necessário que exista um processo dialético entre ensino e aprendizagem. A aprendizagem apresenta diferentes aspectos dependendo dos objetivos que se deseja alcançar, fazendo necessária a utilização de metodologias de ensino apropriadas a cada um destes objetivos. Neste contexto a escola se apresenta como um espaço democrático para que esta aprendizagem ocorra de forma eficaz a todos os indivíduos que dela desejam se apropriar. Sendo assim, podemos observar que um dos principais desafios que o sistema educacional contemporâneo enfrenta, é no que diz respeito à aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais que estão incluídos em no ensino regular. Portanto, a escola é o ambiente onde ocorrem diversos debates a respeito da maneira que ocorre esta aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais. Para isso a Declaração de Salamanca (1994, p. 10), ressalta que: Cada escola deveria ser uma comunidade coletivamente responsável pelo sucesso ou fracasso de cada estudante. O grupo de educadores, ao invés de professores individualmente, deveria dividir a responsabilidade pela educação de crianças com necessidades especiais. Pais e voluntários deveriam ser convidados assumir participação ativa no trabalho da escola. Professores, no entanto, possuem um papel fundamental enquanto administradores do processo educacional, apoiando as crianças através do uso de recursos disponíveis, tanto dentro como fora da sala de aula. Uma das maiores dificuldades que o sistema educacional está enfrentando nos dias atuais trata da aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais incluídos no ensino regular. Tal estudo tem como meta principal debater de que maneira ocorre a aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais incluídos em escolas regulares. Pesquisa esta realizada em um colégio estadual do litoral do Paraná. 3884 O principal objetivo deste estudo está em compreender de que maneira ocorre a aprendizagem de educandos inclusos com necessidades educacionais especiais, mediados por professores dos anos finais do ensino fundamental que possuem apenas formações especificas de suas disciplinas de formação inicial. Desta maneira, tal estudo tem como método uma pesquisa bibliográfica para construir bases conceituais que serão abordadas no que se refere à aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais incluídos no ensino regular. Fazendo a utilização de pesquisa com questionários mistos, ou seja, com perguntas abertas e fechadas aplicados a professores regentes dos anos finais do ensino fundamental, como também a observação não participante deste ambiente educacional. Desenvolvimento Um dos grandes desafios da escola contemporânea é promover a aprendizagem de qualidade de todos os educandos acomodando todos, independente dose problemas físicos, cognitivos ou sociais que este educando apresente. Estas novas estratégias buscam uma aprendizagem de qualidade para todos, onde o papel da escola é adaptar sua rotina para atender os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem. Sendo assim Rosa (2003, p.138) afirma que: Um dos princípios fundamentais da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível independente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Só assim haverá a possibilidade de se assegurar uma educação de qualidade a todos. Deve-se ter o bom senso de que a educação inclusiva deve atender a especificidade de cada educando, promovendo uma real aprendizagem deste cidadão. A aprendizagem não deve ser verificada apenas pelos conteúdos acadêmicos, mas sim por todo um contexto sócioeducativo que a escola pode oferecer a este educando. Ainda neste contexto Fonseca (1995, p.202), declara que: 3885 A inclusão subentende uma ação em prol dos direitos humanos e cívicos, tende a modificar a essência e a estrutura da própria escola. A escola terá de adaptar-se a todas as crianças, ou melhor, a variedade humana. Como instituição social não poderá continuar a agir no sentido de escorraçar ou segregar aqueles que não aprendem como os outros, sob pena de negar a si própria. Segundo Goffredo (1999), para que uma escola seja realmente inclusiva, todo o sistema educacional deve passar por uma profunda renovação e reorganização de suas bases pedagógicas. Esta nova concepção pedagógica deve levar em consideração acima de qualquer aspecto às diferentes formas de aprendizagem que compõe a comunidade escolar. Portanto, o trabalho inclusivo deve primar por uma prática educacional coletiva onde todos os elementos ligados direta ou indiretamente formam um sistema integrado para o melhor desenvolvimento dos educandos. Para Fernandes (2005, p.28) o trabalho inclusivo deve ser: Desde o momento em que são instituídas as políticas educacionais até sua concretização nas salas de aula. Legitimando este trabalho na idéia de que as práticas pedagógicas inclusivas funcionam em rede e devem permear todo o processo educacional, e não apenas a prática do professor em sala de aula. Sendo assim, cada cidadão que possui necessidades educacionais especiais, deve ser muito bem avaliado em todo o seu contexto. A inclusão deve respeitar as reais condições desse educando em ser incluído, promovendo assim uma inclusão com responsabilidade social. O processo de inclusão educacional deve ter como objetivo principal, analisar se esta inclusão que está sendo praticada realmente significa um beneficio e avanço para o maior interessado, que neste caso é o educando que será incluído. Sendo assim Paulino (2006, p.42) destaca que: “É prudente também afirmar que o aluno com necessidades educacionais especiais deve ser incluído quando suas condições assim permitirem e quando a inclusão significar para este um beneficio”. Segundo Carvalho (1997), a educação especial não deve ser vista pela sociedade como um subsistema educacional, ou seja, um sistema à parte. Deve ser observada como um sistema que transversal a todos os demais segmentos da sociedade. Um conjunto de recursos 3886 e serviços que devem ser utilizados para melhorar uma prática pedagógica dentro e fora da escola, favorecendo uma aprendizagem significativa a todos os educandos. A falta de informação é o grande desafio para a inclusão. Diversos profissionais se sentem desconfortáveis quando são questionados no que diz respeito à inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais. Isto ocorre devida ao movimento natural da educação inclusiva, pois profissionais das mais diversas áreas da educação passam a rever suas concepções a respeito da educação e por conseqüência revendo suas práticas de ensino. O que promove um movimento benéfico para a educação, realizando um repensar no aspecto ensino e aprendizagem de todos os indivíduos ligados direta ou indiretamente à educação. Ainda neste contexto Fernandes (2006, p.85), indica que: O desafio imposto pelo processo de inclusão desestabilizou concepções e práticas arraigadas tanto na educação regular como na educação especial. Por um lado, professores do ensino regular se dizem despreparados para atuar com alunos com necessidades educacionais. Por outro lado, os professores especialistas dominam estratégias metodológicas específicas relacionadas às práticas de reabilitação que não mais têm sustentação no contexto inclusivo. Um trabalho participativo desde a elaboração das adaptações curriculares presentes no planejamento, passando pelos procedimentos metodológicos utilizados em sala de aula, chegando à avaliação e em como esta avaliação é desenvolvida no ambiente escolar, com o objetivo final de atingir uma aprendizagem significativa seja no aspecto acadêmico, social, cultural, emocional entre outros. Segundo Carvalho (2004), a aprendizagem não se reduz apenas ao ambiente escolar propriamente dito, mas sim em todo um contexto social que os indivíduos estão inseridos. São inúmeras às vezes, que a aprendizagem ocorre em espaços que trazem experiências que são significativas para o educando, levando o mesmo a vários processos reflexivos desenvolvendo cada vez mais sua autonomia. Para que isso ocorra Carvalho (2004, p.114), indica que: 3887 Em escolas inclusivas, o ensinar e o aprender constituem-se em processos dinâmicos nos qual a aprendizagem não fica restrita aos espaços físicos das escolas e nem nos alunos, como se fossem atores passivos, receptáculos do que lhes transmite quem ensina. Quando se trata do ensino e aprendizagem para a inclusão de educandos com necessidades educacionais especiais, deve estar muito claro que isso implica acima de qualquer coisa uma mudança de postura frente a esta nova realidade educacional. O profissional que atua direta ou indiretamente na educação deve rever suas concepções, transformando assim sua prática docente auxiliando cada vez mais educandos envolvidos neste processo, sejam eles educandos com necessidades educacionais especiais ou não. Com estas declarações Paulino (2006, p.33), indica que: Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e olhar acerca da deficiência. Implica quebra de paradigmas, reformulação do nosso sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade, na qual o acesso, o atendimento adequado e a permanência sejam garantidos a todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades. Desta maneira a educação inclusiva estabelece uma reforma em toda a formação de profissionais da educação e na maneira como os mesmos entendem o processo de ensino e aprendizagem, organizando assim modelos de superação de práticas pedagógicas que na atendem as necessidades de todos os educandos, sejam eles portadores de necessidades especiais ou não. Neste contexto educacional Fernandes (2006, p.80), declara que: O eixo norteador da discussão deve se assentar em uma política de formação profissional que ofereça subsídios políticos, teóricos e técnicos para a análise, compreensão e superação do modelo de escola que opera na manutenção dos processos de exclusão e marginalização de amplas parcelas da população escolar brasileira, incluídos aí os alunos com necessidades educacionais especiais. 3888 Este processo inclusivo traz consigo uma profunda revisão de conceitos e concepções. Não apenas do professor, mas a revisão de toda uma sociedade que esta conectada direta ou indiretamente a educação. Com a educação inclusiva a escola passa a buscar cada vez mais recursos para atender da melhor maneira estes educandos. Esta busca é caracterizada por elementos como serviços especializados, apoio educacional, reorganização de metodologias adequadas entre outros. Esforços concentrados em um objetivo comum, que é a aprendizagem significativa de todos os educandos. Sendo assim Martins (2006, p.20), estabelece que: O processo educativo inclusivo traz sérias implicações para os docentes e para as escolas, que devem centrar-se na busca de rever concepções, estratégias de ensino, de orientação e de apoio para todos os alunos, a fim de que possam ter suas necessidades reconhecidas e atendidas, desenvolvendo ao máximo as suas potencialidades. Sendo assim o foco do trabalho pedagógico passa a ser o aluno e como atendê-lo da melhor maneira, suprindo assim suas reais necessidades de educativas. Observando aspectos que vão desde a maneira como o professor trata o seu planejamento até na relação que ele estabelece com seus alunos no desenvolvimento das atividades propostas, visando sempre uma metodologia adequada à aprendizagem deste educando. Neste momento é possível observar se o discurso presente no projeto político pedagógico e no planejamento está de acordo com a prática pedagógica desenvolvida pelo professor em sala de aula e a aprendizagem efetiva destes educandos. Pois mesmo nos momentos em que ocorrem práticas voltadas para o ensino e aprendizagem o educando com necessidades educacionais especiais não deve ser tratado de maneira excludente, ou seja, com tratamentos e métodos que o deixem separado do restante da classe. Em acordo com isso Rodrigues (2006, p.315) declara que: Todos os enquadramentos permitem que as situações de aprendizagem sejam adequadas as diferentes características do trabalho e do aluno. Desenvolver uma gestão de sala de aula inclusiva não pressupõe, pois, um trabalho individual, mas 3889 sim o planejamento e a execução de um programa no qual o aluno possa compartilhar vários tipos de interação e identidade. Neste sentido a metodologia do professor deve ser inovadora, porem esta metodologia não deve ser inovadora apenas para o educando incluso, mas sim para toda a classe. Desta maneira todos os educandos poderão se beneficiar de um processo de ensino e aprendizagem dinâmico e de acordo com suas expectativas. Estabelecer uma metodologia diferenciada apenas para este educando é excluir toda a classe da oportunidade de uma aprendizagem de qualidade. Para que isso ocorra à comunidade deve incentivar a elaboração de políticas públicas que possibilitem a concretização dessa formação contínua dos profissionais que irão atuar em uma educação inclusiva. Pois com profissionais capacitados, os mesmos podem promover uma aprendizagem real a todos. Neste mesmo segmento Paulino (2006, p.66), aponta que: A importância de construir e cultivar culturas, políticas e práticas de inclusão durante o processo de formação como um processo permanente, ou seja, ocorre antes, durante e após a formação acadêmica especifica, sendo permeada por valores que são construídos ao longo da vida do sujeito e de acordo com o contexto de sua formação enquanto pessoa e profissional. Com esta nova realidade educacional, a educação inclusiva surge para atender a grupos minoritários, que por séculos foram massificados por uma sociedade injusta e homogenizadora. Demonstrando que o desenvolvimento de uma sociedade esta nas diferentes maneiras de se atender o diferente, promovendo assim uma sociedade justa e igualitária todos. Análise dos dados Esta pesquisa referente a aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais foi realizada no Colégio Estadual Sertãozinho do município de Matinhos no litoral paranaense e contou com a participação de 20 professores atuantes nos anos finais do ensino 3890 fundamental. São professores regentes de diversas disciplinas que possuem alunos com necessidades educacionais especiais em suas respectivas salas de aula. Atualmente, o Colégio conta com 24 turmas de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental da Educação Básica, 11 turmas do 1º ao 3º Ano do Ensino Médio da Educação Básica, 01 sala de CAEDV, 01 Sala de Recursos, 02 Salas de Apoio a Aprendizagem, totalizando aproximadamente 1400 alunos. Os educandos deste colégio em sua grande maioria são carentes financeira e emocionalmente e buscam na escola um local para se divertir e se alimentar. Observou-se também que ocorre um mínimo de envolvimento dos pais no âmbito escolar, tendo em vista que a população é flutuante, pois muitas famílias chegam próximo ao final do ano letivo para trabalhar na temporada de verão e, às vezes, não permanecem mais de que alguns meses. O que dificulta ainda mais o processo de aprendizagem, porém, em se tratando da educação enquanto prática social cabe destacar a necessidade de uma prática pedagógica adequada para atender estes desafios regionais. A este respeito à Declaração de Salamanca (1994), indica que a escola deveria ser um espaço para minimização de todo o tipo de exclusão, realizando uma ligação direta entre alunos, pais, poder público e comunidade. Criando dessa maneira um sistema de rede que seria responsável pelo sucesso ou fracasso do aluno, desenvolvendo práticas pedagógicas adequadas a cada realidade educacional. Vencendo desta maneira os desafios educacionais contemporâneos, promovendo uma aprendizagem de qualidade. Uma das questões apresentadas visa observar, segundo estes professores, qual o maior sentido para a inclusão de educandos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Neste contexto 10% desses profissionais declararam que ocorre uma aprendizagem significativa dos conteúdos escolares para todos os alunos, pois todos têm direito a educação. Outros 10% afirmaram que ocorre porque a lei assim determina, justificando não haver uma aprendizagem de qualidade para estes educandos com necessidades educacionais especiais. Já 20% argumentam que ocorre um repensar nas práticas educacionais por parte da escola, pois as práticas educacionais devem contemplar os anseios da sociedade e a inclusão dos alunos especiais é uma prática que ainda necessita de muita reflexão. Porém 60% indicam que a inclusão tem maior sentido, pois ocorre uma grande socialização entre todos os componentes do sistema educacional, trazendo experiências novas para o educando incluso e para as demais pessoas como alunos, professores, funcionários entre outros. 3891 Para Martins (2006), a inclusão estabelece um repensar nas práticas educacionais da escola, desde sua concepção de ensino e aprendizagem até o atendimento necessário a cada aluno. O processo inclusivo não esta centrado apenas na socialização ou na apropriação dos conteúdos, mas sim em conjunto de elementos que podem tornar o educando um cidadão capaz de superar sua suas dificuldade seja na vida ou na escola. Um segundo questionamento visa observar qual é a principal preocupação deste professor ao receber em sua classe um aluno com necessidades educacionais especiais. Tais profissionais pesquisados afirmaram que existem diversas preocupações quando alunos com necessidades educacionais especiais são incluídos em classes do ensino regular. Para 10% desses profissionais a principal preocupação está com a aceitação dos demais alunos, criando estratégias para que este educando perceba que foi aceito pelo grupo, estabelecendo assim uma relação de cooperação entre todos. Outros 10% afirmam que suas preocupações estão centradas com as barreiras arquitetônicas que este educando irá enfrentar, justificando que nem todas as escolas estão preparadas e adaptadas para receber tais educandos com necessidades educacionais especiais. Mas 80% dos professores pesquisados indicam que ficam muito preocupados com a aprendizagem desse educando que será incluído, afirmando que muitos professores não estão preparados para trabalhar com esses alunos e os que se sentem preparados esbarram em dificuldades como salas superlotadas, carga horária extensa, falta de profissionais especializados para orientações especificas, pouco tempo para criar atividades diversificadas, entre outras dificuldades que podem atrapalhar a real aprendizagem do educando em questão. Para Paulino (2006), para promover uma educação inclusiva e uma aprendizagem de qualidade é necessário uma revisão de conceitos sobre o processo educacional por parte da escola e de todos os seus componentes. O professor deve estar preocupado com a aprendizagem destes educandos tornando-os cada vez mais independentes na sua vida diária, pois desta maneira, tais educandos poderão se sentir verdadeiramente incluídos no grupo que estão inseridos. Outra questão abordada nesta investigação discute qual a atitude do professor quando verifica que o aluno incluso com necessidade educacional especial não esta tendo uma aprendizagem de qualidade. Professores em um total de 20% afirmam que mudariam sua metodologia de ensino pesquisando por conta própria, indicando que o auxilio da equipe pedagógica ou de outros professores pouco ajuda. Observando ainda que nem professores e 3892 nem equipe pedagógica, tiveram uma formação adequada para atender essa nova realidade educacional. Mas 40% destes professores declaram que iriam procurar apoio com a equipe pedagógica da escola, justificando tal opção alegando que a equipe pedagógica possui um maior acesso a informações e recursos eficientes para atender as necessidades desses alunos. Outros 40% declaram que iriam procurar apoio com profissionais especializados da escola, pois segundo estes professores, tais profissionais especializados estão mais preparados para dar este suporte, sendo que conhecessem não apenas a necessidade apresentada pelo educando como também a realidade em que a escola está inserida. Para Fernandes (2005), a educação inclusiva não é fruto apenas da prática pedagógica em sala de aula, mas sim de diversos fatores que possibilitam uma aprendizagem de qualidade para alunos com ou sem necessidades educacionais especiais. O Processo educacional deve funcionar em rede com professores capacitados, equipe pedagógica atuante e capacitada, profissionais especializados em educação especial, entre outros. Pois o professor sozinho em sua pratica docente não é capaz de dar conta da aprendizagem efetiva de todas essas diferenças presentes em sala de aula. A aprendizagem ocorre de formas diferenciadas para cada pessoa, dependendo da metodologia adotada pelo professor. Sendo assim, um dos questionamentos deseja investigar qual a atitude metodológica deste professor ao perceber que não esta ocorrendo uma aprendizagem de qualidade em relação a este educando incluso com necessidades educacionais. Dos profissionais consultados 10% indicam que mudariam sua metodologia para toda a classe e não apenas para o educando com necessidade educacional especial, justificando que assim como o aluno incluso poderá melhorar sua aprendizagem, outros alunos da classe com dificuldades também poderão aumentar sua aprendizagem nesta mudança de metodologia para toda a classe. Porém, 90% declaram que mudariam sua metodologia apenas para o educando com necessidades educacionais especiais, pois segundo estes educadores o trabalho pedagógico deve ser individualizado, considerando que este educando com necessidades educacionais especiais precisam de um tempo maior para sua aprendizagem e para correção de tais atividades solicitadas. Para Rodrigues (2006), é necessário que o professor crie mecanismos e metodologias que sejam capazes de envolver toda a classe em suas atividades, não permitindo que o educando incluso seja excluído dentro da própria sala por atividades extremamente diferentes 3893 do grupo. Sendo assim, o trabalho pedagógico deve primar pela aprendizagem coletiva do grupo, tornando a aprendizagem eficiente a cada um dos educandos. Uma abordagem indaga estes professores sobre a aprendizagem desses educandos inclusos com necessidades educacionais especiais, em relação aos demais alunos que não possuem nenhuma necessidade educacional especial. Sendo assim, 40% desse professores indicam que a aprendizagem é igual aos demais educandos que não possuem nenhuma necessidade educacional especial, justificando que a aprendizagem depende muito da visão que o professor possui sobre a aprendizagem de seus alunos. Tais professores complementam ainda que muitas vezes o aluno não responde no momento específico da avaliação, mas corresponde em outros momentos informais que superam as expectativas. Porém, 60% dos professores consultados afirmam que a aprendizagem é menor que os demais alunos que não possuem necessidades educacionais especiais, pois segundo tais profissionais os educandos com necessidades educacionais especiais precisam de um tempo maior para sua aprendizagem. Neste contexto afirmam também que a aprendizagem depende muito do apoio especializado que este educando recebe, pois sem este apoio especializado ocorre uma aprendizagem de qualidade. Para Goffredo (1999), a escola contemporânea deve rever suas concepções de aprendizagem, se conscientizando que cada indivíduo possui uma maneira de aprender diferente do outro. Neste sentido, deve compreender que não se deve medir a aprendizagem dos educandos, mas sim considerar como extremamente valioso todo o tipo de aprendizagem produzido ou não pela escola. Com isso a escola passará a desempenhar seu verdadeiro papel, que é o de zelar pela aprendizagem de qualidade de todas as pessoas independente de diferenças culturais, sociais, físicas, políticas ou de qualquer outra natureza. Considerações Finais O estudo permanente do espaço educacional torna-se cada vez mais importante para o enfrentamento dos desafios que surgem nos dias atuais. Este estudo em específico procura analisar: como ocorre a aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais que estão incluídos no ensino regular. 3894 Pode-se observar que a educação inclusiva em si não se mostra mais como um desafio para os educadores, pois este tema esta sendo amplamente debatido em todos os âmbitos da sociedade atual. Porém, observa-se uma constante preocupação de tais educadores não apenas no fato de incluir educandos com necessidades educacionais especiais, mas sim como será desenvolvido o processo de ensino e aprendizagem em uma sala de aula inclusiva, bem como a aprendizagem destes educandos com ou sem necessidades educacionais especiais. Pois uma das principais atribuições da escola é promover uma aprendizagem de qualidade a todos os educandos. Observa-se que muitos professores que possuem alunos inclusos não sentem segurança em desenvolver sua prática pedagógica, pois não conseguem verificar de forma eficiente se esta existindo uma aprendizagem de qualidade para tais educandos inclusos. Fato como este ocorre devido a diversos fatores como, por exemplo: falta de uma formação adequada, salas superlotadas, pouco apoio de alguns órgãos competentes, poucos profissionais especializados em educação especial nas escolas, equipe pedagógica despreparada, falta de uma equipe multidisciplinar. Porém o que se pode observar e concluir com a pesquisa em questão, é a falta de contato entre os elementos que compõe o ambiente educacional. Para que uma educação inclusiva aconteça em sua totalidade, é necessário que se crie um ambiente de trabalho coletivo, visando a aprendizagem de todos os educandos, independente de suas dificuldades. È necessário um trabalho em rede entre professores, equipe pedagógica, professores especializados em educação especial, pais, alunos em geral, poder público, envolvendo assim toda a comunidade em que a escola está inserida. Torna-se extremamente necessário uma gestão educacional que prime pelo contato contínuo entre tais profissionais, tendo como objetivo principal a aprendizagem de todos os educandos. A escola deve criar momentos específicos para que aconteça a troca entre experiências, estudos de casos, formação contínua, estímulo a pesquisas entre outros mecanismos que podem contribuir para uma prática pedagógica que atenda as necessidades de todos os educandos. Pois este professor ao perceber que possui um suporte teórico, físico e humano para desenvolver seu trabalho docente, irá se sentir capacitado e confiante para promover a aprendizagem de educandos com ou sem necessidades educacionais especiais. 3895 Desta maneira toda a comunidade escolar irá se sentir responsável pelo sucesso da aprendizagem de todos os educandos, promovendo uma educação inclusiva não apenas para pessoas com necessidades educacionais especiais, mas para todos os indivíduos que atualmente são colocados a margem da sociedade que vivemos. REFERÊNCIAS CARVALHO, Rosita Edler. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1997. CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva: com os pingos nos is. Porto Alegre: Mediação, 2004. FERNANDES, Sueli. Metodologia da Educação Especial. Curitiba: IBEPEX, 2005. FERNANDES, Sueli. Fundamentos para a educação especial. Curitiba: IBPEX, 2006. FONSECA, Vitor da. Educação Especial: programa de estimulação precoce, uma introdução as idéias de Feurstein. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995. MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos. Inclusão: compartilhando saberes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. PAULINO, Marcos Moreira. Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas. São Paulo: Cortez, 2006. RODRIGUES, David (Org.). Inclusão e Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. ROSA, Suely Pereira da Silva. Fundamentos teóricos e metodológicos da inclusão. Curitiba: IESDE, Brasil: 2003. SILVA, Cícero (Ed.). Educação Especial: tendências atuais. Brasília: Secretaria de Educação a Distância, MEC, 1999. UNESCO, MEC-Espanha. Declaração de Salamanca e linha de ação. Brasília: CORDE, 1994.