AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ID O PE LA LE I DE DI R EI TO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE OT EG GESTÃO DO CONHECIMENTO: O GERENCIAMENTO DO CU M EN TO PR DO CAPITAL INTELECTUAL NAS EMPRESAS Elem Rodrigues de Oliveira VITORIA/ES 2009 2 ELEM RODRIGUES DE OLIVEIRA GESTÃO DO CONHECIMENTO: O GERENCIAMENTO DO CAPITAL INTELECTUAL NAS EMPRESAS Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Estratégia e Qualidade. Por: Elem Rodrigues de Oliveira Orientadora: Profª. Marcia Andréia Rodrigues de Lima Pereira VITORIA/ES 2009 3 AGRADECIMENTOS A Deus, Ao meu esposo e minha mãe pela força que me deram. A minha professora Orientadora que dedicou parte de seu orientação deste trabalho. tempo na 4 DEDICATÓRIA Dedico ao meu amado filho Samuel. 5 RESUMO O conhecimento e a tecnologia constituídos como chaves para a qualidade podem ser utilizados pelas empresas modernas como um fator gerador de riqueza e melhoria da gestão organizacional. Diante desse cenário, as organizações entendem que se torna de vital importância o conhecimento e a tecnologia, pois, através destes objetos, os gestores saberão qual o melhor caminho para atingir seus objetivos e chegar à frente de seus concorrentes. Assim, este estudo pretende verificar se a gestão do conhecimento aliada à valorização da área de Recursos Humanos constituídos como chaves para a qualidade podem ser utilizados pelas empresas modernas como um fator gerador de riqueza e melhoria do desempenho organizacional. Entre os pontos importantes abordados, destacam-se: a importância do capital intelectual; as empresas e a importância do conhecimento; as empresas, a competitividade e o setor de RH. As conclusões mostraram que existem vários benefícios para a empresa que adota processos de gestão do conhecimento e que dá importância à tecnologia da informação, destacando-se o fato de que se tornam mais competitivas no mercado. Palavras chave: gestão - conhecimento - tecnologia - recursos humanos 6 METODOLOGIA Como metodologia será utilizada a pesquisa bibliográfica, que é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................. 8 CAPITULO I - A importância do capital intelectual ....................... 10 1.1- O capital intelectual..................................................................... 10 1.2 A nova economia da informação .................................................. 11 1.3 Ferramentas para medir e gerenciar o capital intelectual ......................................................................... 13 1.4 A inteligência competitiva nas empresas ..................................... 14 1.5 A carreira na era da informação ................................................... 15 CAPÍTULO II - As empresas e a importância do conhecimento .................................................................................. 17 2.1 A gestão do conhecimento nas empresas.................................... 17 2.2 O risco do conhecimento ............................................................. 20 2.3 A gestão do conhecimento voltada para o mercado ....................................................................................... 22 2.4 Analisando alguns tipos de conhecimento ................................... 23 CAPÍTULO III - Empresas: competitividade e o setor de Recursos humanos ......................................................................... 27 3.1 A busca da competitividade ......................................................... 27 3.2 A nova visão estratégica de empresa .......................................... 28 3.3 Gestão de pessoas para a competitividade.................................. 30 3.4 O setor de recursos humanos na empresa .................................. 34 3.5 A interação entre pessoas e organizações................................... 39 3.6 O papel de RH nas organizações ................................................ 41 CONCLUSÃO .................................................................................... 45 REFERÊNCIAS ................................................................................. 48 8 INTRODUÇÃO Na era da informação o recurso mais importante deixou de ser o capital financeiro para ser o capital intelectual, baseado no conhecimento junto com a informação está adquirindo muito mais importância. Percebe-se o surgimento de um novo paradigma voltado para a produtividade. A gestão do conhecimento inclui a identificação e mapeamento dos ativos intelectuais, a geração de novos conhecimentos para criar vantagem na competição do mercado e disponibilizar grandes quantidades de informações corporativas, compartilhando as melhores práticas e tecnologias. A intenção deste estudo é abordar a gestão do conhecimento como fator chave para a qualidade. Assim, nota-se que em todos os setores, as empresas bem-sucedidas são as que têm as melhores informações e o melhor capital humano, ou seja, as que as controlam de forma mais eficaz - não necessariamente as empresas mais fortes. Diante deste contexto, delimitou-se como problema de investigação a seguinte questão: A valorização do capital intelectual é fator de melhoria e crescimento organizacional? A fim de responder a este questionamento estabeleceu-se como objetivo geral analisar a gestão do conhecimento como um recurso de valor estratégico para as organizações modernas. Entre os objetivos específicos destacam-se: apresentar a qualidade e a produtividade como alvos estratégicos na gestão do conhecimento; identificar os antigos e os novos paradigmas da gestão empresarial no ambiente organizacional; demonstrar a relevância do conhecimento e do setor de RH como fator competitivo no cenário nacional atual. Portanto, a relevância do estudo deste tema se justifica à medida que 9 pretende mostrar que gerenciar conhecimento para a qualidade e produtividade significa, antes de mais nada, adotar uma postura estratégica no gerir de Capital Humano. Neste contexto, significa visualizar alvos, objetivos de qualidade e produtividade para os quais se direciona os esforços. Esta postura, contudo, não é a tônica da maioria das empresas. É importante dizer, que a otimização das atividades, tarefas e problemas de recursos humanos costumam passar ao largo de objetivos em alvos estratégicos, notadamente da qualidade e produtividade. 10 CAPÍTULO I 1 A importância do capital intelectual O capitulo I trata da importância do capital intelectual, entre outros tópicos importantes, aborda o capital intelectual; a nova economia da informação; as ferramentas para medir e gerenciar o capital intelectual; a inteligência competitiva nas empresas e a carreira na era da informação. 1.1 O capital intelectual Para Stewart (1998), o Capital Intelectual é o valor agregado aos produtos e aos serviços da organização por meio do conhecimento adquirido. O capital intelectual é composto pelas habilidades e conhecimentos das pessoas, pela tecnologia de produtos e de processos ou pelas características específicas de uma organização. Assim, Terra (2001, p. 103) afirma que: “na Era do Conhecimento, parece-nos que um dos papéis fundamentais da alta administração é a definição de ‘áreas de conhecimento’ a serem exploradas pela empresa e o estabelecimento de macrovisões para a condução de projetos inovadores. Essas visões além de redefinir resultados esperados em termos de produtos e adição ao estoque de conhecimento da organização ajudam as pessoas a tomarem dezenas de decisões no dia-a-dia e a elevar o moral geral, pois permitem relacionar as várias atividades individuais algo maior, a um propósito ou a um destino final.” A experiência, o conhecimento e a tecnologia adquiridos pelas pessoas integram a memória histórica de uma organização, que é base para o aprendizado contínuo. Os fatos e dados tratados adequadamente se transformam em informação. A análise da informação produz o conhecimento. O conhecimento utilizado, de maneira organizada, como forma de incrementar o acervo de 11 experiências, a cultura da organização e o valor agregado aos produtos, se constitui em capital intelectual. 1.2 A nova economia da informação Não é por acaso que somos o homo sapiens, o homem que pensa. O conhecimento sempre foi importante, e hoje é ainda mais. Historicamente, a vitória sempre esteve com quem detinha o conhecimento. Especialmente hoje,, o capital intelectual é importante porque estamos no meio de uma revolução econômica que está criando a Era da Informação. Revolução, segundo o dicionário Aurélio, é uma “transformação radical e, por via de regra, violenta de uma estrutura.” Para qualquer um no mundo dos negócios, a definição parece estar correta. Para entender o que é capital intelectual, os motivos de sua importância e como aumentá-lo e gerenciá-lo, é crucial entendermos o que significa “Era da Informação”. De acordo com Stewart (2002, p. 38), “Não se trata de um slogan cujo objetivo é vender aparelhos de fax e linhas telefônicas adicionais. O conhecimento tornou-se um recurso econômico proeminente - mais importante que a matéria-prima; mais importante, muitas vezes, que o dinheiro. Considerados produtos econômicos, a informação e o conhecimento são mais importantes que automóveis, carros, aço e qualquer outro produto da Era Industrial. Começaremos a ver como o conhecimento e os ativos do conhecimento operam e se manifestam, e entenderemos por que gerenciar o capital intelectual deve ser a prioridade número um de uma empresa.” Todas as modificações ocorridas não são meras tendências, mas fruto de forças poderosas e incontroláveis, como a globalização, que abriu enormes novos mercados, mas também, como consequência necessária, gerou uma gigantesca quantidade de concorrentes. Produziu ainda, a disseminação da tecnologia da informação e o crescimento das redes de computadores; o desmantelamento da hierarquia empresarial composta por vários níveis a arquitetura característica da organização industrial e o downsizíng (com enorme carga política) e o aumento 12 do desemprego. Neste contexto, surge a economia da nova Era da Informação, cujas fontes fundamentais de riqueza são o conhecimento e a comunicação, e não os recursos naturais ou o trabalho físico. Nota-se que as transformações: globalização, informatização, desintermediação econômica e intangibilização (uma palavra feia, mas alguém tem de usá-la) estão interrelacionadas. Comparar o surgimento da Era da Informação aos deslocamentos e à transformação que marcaram a Revolução Industrial é algo comum. É importante recordar um pouco dessa história porque ela nos ajuda a sentir a grandeza do que o futuro nos reserva e também porque existem paralelos instrutivos entre parte do sofrimento econômico de nossa era e as lutas da Revolução Industrial (STEWART, 2002). A Revolução Industrial acabou ocasionando a enorme expansão da classe média e elevou o padrão de vida de todos; porém, inicialmente, na verdade ela aumentou mais ainda a lacuna já grande entre ricos e pobres, da mesma forma que a Revolução da Informação está fazendo hoje (STEWART, 1998, p. 7). É de bom termo dizer que valor agregado que estatisticamente significa a diferença entre o custo dos materiais e suprimentos e o preço recebido pela mercadoria acabada; a diferença entre toda compra externa e o dinheiro obtido com as vendas realizadas (STEWART, 1998). Segundo Stewart (1998, p.11) “O conhecimento tornou-se o principal ingrediente do que produzimos, fazemos, compramos e vendemos. Resultado: administrá-lo, encontrar e estimular o capital intelectual armazená-lo, vendê-lo e compartilhá-lo tornou-se a tarefa econômica mais importante dos indivíduos, das empresas e dos países”. Houve certa dificuldade para entender isso, mas não é mais algo incomum. A primazia da capacidade mental está evidente em toda parte, basta procurarmos. A nova economia transformará a antiga economia e reduzirá sua importância a relativa mas não a matará. Percebe-se que a Revolução Industrial não acabou com a agricultura e a Revolução da Informação não 13 acabará com a indústria. Não há nenhuma certeza quanto as novas formas de trabalho resultantes desta revolução. Fica evidente que o sucesso em uma economia baseada no conhecimento depende de novas habilidades e novos tipos de organizações e gerenciamento. Portanto, a nova era já chegou, mas suas transformações sociais e econômicas ainda não chegaram ao auge. A transição pode ser difícil (STEWART, 1998, p.15). 1.3 Ferramentas para medir e gerenciar o capital intelectual É polêmica a avaliação da aquisição e uso dos ativos do conhecimento, alguns tem bastante interesse nessa questão enquantos outros são céticos. Até as pessoas que condenam a inadequação da contabilidade praticada atualmente preocupam-se com medidas não-comprovadas, possivelmente subjetivas e não-financeiras nos relatórios anuais. Há certa confusão nos demonstrativos de resultados das empresas com valor do patrimônio, encargos de restruturação e outros itens, que muitos alegam já não descrever claramente o desempenho financeiro. Stewart (2002, p. 199) mostra que se misturar medidas de capital intelectual com dados financeiros seria uma abordagem incorreta, um erro ainda maior seria não usálas. O capital intelectual depende definitivamente de se encontrar alternativas rigorosas de acompanhá-lo, correlacionadas a resultados financeiros. Os dados que desejamos deveriam, em primeiro lugar, permitir que a gerência avaliasse o desempenho a cada ano - medisse o progresso em direção às metas e, em segundo lugar e ainda mais difícil, permitir comparações entre empresas. Sem dúvida a avaliação de ativos do conhecimento deve ser imprecisa, mas também há muita adivinhação nos números “isolados”. Se o processo de avaliação de tangíveis fosse à prova de erros, as empresas nunca teriam que baixar contabilmente esses tiros ou discutir com as autoridades fiscais se a vida útil desses ativos (e, conseqüentemente, seu índice de depreciação) deve ser de cinco, dez, vinte ou mais anos. Para ser mais exato, a experimentação entusiasmada de medições é a mellhor forma de aprimorá-las. Há muitas alternativas para tentar mensurar partes do capital intelectual. Valores em dólar podem ser atribuídos ao valor da marca e a 14 grupos de clientes, por exemplo. No passado, a “contabilidade do capital humano” tentou atribuir valores a esse componente do capital intelectual. Outras medidas não tentam associar um valor em dólar ao valor de intangíveis, embora avaliem processos ou resultados que dependem dele. 1.4 A inteligência competitiva nas empresas Na nova economia, romperam-se paradigmas antes irrefutáveis, provocando uma verdadeira revolução na sociedade e nas organizações. O capital físico e o financeiro cederam espaço ao capital intelectual, nos dias atuais, considerado como o principal ativo das empresas e organizações. De acordo com Santos Júnior (2001, p. 45), A globalização da economia, o ciclo de vida cada vez menor dos produtos, as mudanças tecnológicas vertiginosas e a profusão da oferta de informações da internet impõem a valorização do conhecimento, demandando a utilização de metodologias modernas de gestão, como Inteligência Competitiva (Competitive Inteligence) ou a Prospecção e Monitoramento Tecnológicos (Veille Technologique). Elas constituem instrumentos capazes de coletar, tratar, analisar e fazer uso das informações disponíveis no mundo sobre tendências, eventos, inovações, novos mercados etc., propiciando às empresas e organizações a tomada de decisões estratégicas para o presente e o futuro. Através do pensamento reflexivo sobre o futuro, sobre a produção, os mercados, as possibilidades tecnológicas, a qualidade e a competência do pessoal, que se desenvolverá o desejo de mudar, de inovar. Neste sentido, a inteligência competitiva é um processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão, seja ela estratégica ou operacional. É um processo sistemático que visa descobrir as forças que regem os negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, bem como proteger o conhecimento gerado. Esse processo se compõe de várias etapas: coleta e busca ética de dados, informes e informações formais e informais (do macroambiente, do ambiente interno da empresa e dos concorrentes), análise de forma filtrada e 15 integrada e disseminação. O processo de inteligência competitiva origina-se nos métodos utilizados pelos órgãos de inteligência governamentais, que visavam basicamente identificar e avaliar informações ligadas à Defesa Nacional. Essas ferramentas foram adaptadas à realidade empresarial, sendo incorporadas ao processo informacional as técnicas da ciência da informação, principalmente quanto ao gerenciamento de informações formais; pela tecnologia da informação, dando ênfase as suas ferramentas de gerenciamento de redes e informações e às ferramentas de mineração de dados; e pela administração, representada por suas áreas de estratégia, marketing e gestão. 1.5 A carreira na era da informação Comparando o passado recente com o presente, Stewart (1998) sentencia: Houve uma época, em que os funcionários ascendiam em hierarquias tão elegantes e monumentais quanto templos astecas. Os degraus eram claros, o caminho parecia óbvio - abstraia o fato de que quem chegava ao topo eram sacerdotes ou vítimas de sacrifícios humanos. Hoje o trabalhador, o gerente e o executivo andam para lá e para cá em empresas que se assemelham mais a placas de circuitos do que a pirâmides, onde as linhas de energia e controle se esbarram pelo caminho; onde as rampas são muitas e, as escadas, poucas e curtas; onde o princípio organizacional é a reorganização infinita e onde é difícil saber o que é uma carreira, e mais ainda como desenvolvê-la. Nota-se que atualmente as empresas não aceitaram a visão de emprego temporário da mesma forma como os funcionários a aceitaram. Falam da maravilhosa oportunidade de carreira nessa excelente empresa em crescimento. Na Era da Informação, as carreiras seguem um novo modelo. É verdade, confusão e contradição não faltam, é preciso contradizer a imagem produzida pela empresas e proclamar que se deseja gerentes com habilidades amplas, generalistas, e depois lamenta a dificuldade e necessidade de manter 16 talentos técnicos. E é verdade, a segurança no emprego também chegou ao fim, talvez para sempre. Segundo Stewart (1998, p. 122) os indícios apóiam essa declaração: segundo uma pesquisa realizada pela American Management Associatíon, nos doze meses que terminaram em junho de 1995, 50% das empresas de grande e médio porte eliminaram empregos. A maioria dessas empresas também criou empregos contratando com uma mão e demitindo com a outra. No todo, sua força de trabalho diminuiu apenas 1,1 % e outras empresas aproveitaram bem essa folga; entre as 1.003 empresas que fizeram parte da pesquisa, o nível de emprego total aumentou 4,5%. Esse índice tornou-se um fato da vida; apesar do crescimento econômico, o percentual de empresas que elimina empregos vem crescendo a cada ano, desde 1991. Portanto, não se pode navegar nos mares econômicos de hoje guiando-se apenas pelas estrelas; é preciso utilizar meios seguros de adequação à nova economia da informação. É preciso monitorar a contribuição, não a posição. As carreiras serão definidas menos pelas empresas e mais pelas profissões; serão moldadas menos pelas hierarquias e mais pelos mercados. Existem algumas regras para o sucesso e novos sinais de advertência que indicam a existência de problemas. Como sempre, quanto maiores os riscos, maiores as recompensas. 17 CAPÍTULO II 2 As empresas e a importância do conhecimento Este capítulo deixa claro uma abordagem a respeito das empresas e a importância do conhecimento, mostrando pontos relevantes de estudo, como a gestão do conhecimento nas empresas; o risco do conhecimento; a gestão do conhecimento voltada para o mercado e uma análise de alguns tipos de conhecimento. 2.1 A gestão do conhecimento nas empresas Em se tratando da gestão do conhecimento é importante dizer que o componente intelectual aumentou e o físico diminuiu. De modo geral, a informação tornou-se a fonte de aproximadamente três quartos do valor agregado nas indústrias. No auge do antigo modelo industrial, fazia sentido as empresas reunirem sob o mesmo teto o máximo possível do que precisavam para executar seu trabalho. Conforme relata Stewart (2002, p. 97), a fábrica integrada verticalmente de Henry Ford, em River Rouge, Detroit, onde a Ford fabricava seu próprio aço, suas próprias peças e, obviamente, automóveis, era uma das maravilhas industriais de sua época. Hoje, os avanços da Era da Informação em logística, projetos auxiliados por computador e comunicação permitem que as empresas terceirizem o trabalho de fábrica - o próprio trabalho que antes as definia. Três em cada dez grandes empresas industriais dos Estados Unidos terceirizam mais da metade de sua produção. Segundo a revista Purchasing, em 1995 a empresa média gastava quase cinco vezes mais na compra de peças, suprimentos e serviços do que apenas quatro anos antes.’ Os fabricantes de automóveis norte-americanos já não produzem atualmente o aço que utilizam e produzem cada vez menos das peças que compõem seus carros. A 18 Chrysler terceiriza 70%) É um exagero, mas não seria um exagero chocante dizer que as Três Grandes são basicamente estudios de projetos e comerciantes, não fabricantes. Observa-se que cada vez compramos mais conhecimento puro no setor de serviços. Como relata Stewart (1998), a hora de um sócio de uma empresa de advocacia de Nova York não custa US$400 porque seus ativos físicos - sua mesa de trabalho, o busto de Oliver Wendell Holmes - são caros; você paga pela sua capacidade mental. As indústrias que transportam informações estão crescendo mais rápido do que as que transportam mercadorias: o tráfego internacional de telefone vem aumentando cerca de 16% ao ano, o de dados aproximadamente 30% ao ano e o tráfego na Internet aumenta com maior rapidez ainda. Stewart (2002, p. 99) afirma que No setor de transporte aéreo, todos os lucros provêm da informação. O Official Airline Guide é rentável, mas as empresas aéreas perderam coletivamente bilhões no inicio da década de 90 - prejuízos que teriam sido ainda maiores se ato tivessem sido parcialmente compensados pelos lucros de seus sistemas de reserva. Só 10% da receita da AMR, a empresa-mãe da American Airlines, são provenientes das tarifas cobradas pelo sistema de reservas Sabre, mas em 1995, depois que as empresas aéreas voltaram a ser lucrativas, o Sabre foi responsável por 44% dos lucros da empresa antes de descontados os impostos. Na verdade, poderíamos dizer que o setor de transporte aéreo se dividiu: o setor de transporte em si, na melhor das hipóteses marginalmente lucrativo, e o setor de informações sobre vôos, que gera os maiores lucros. Stewart (2002, p. 101) diz que, até o dinheiro se desmaterializou. Já se foi o tempo, na época em que os países trocavam moeda, em que os altos funcionários do Federal Reserve Bank de Nova York carregavam barras de ouro em carrinhos e as levavam do cofre de um - para o de outro; hoje, negocia-se cerca de US$1,3 trilhão por dia, e esse dinheiro nunca assume uma forma tangível: o dinheiro está deixando de ser unidade de valor padrão - um ativo fixo e limitado, uma «verdade” substancial e absoluta – e se tomando algo etéreo, volátil e eletrônico. Ao longo dos 25 anos ,ele vem deixando de ser uma equivalência ditada pelo governo- US$35 equivalem a libra de ouro, um conceito desenvolvido há 5 mil anos assumindo uma nova forma eletrônica. Tomou-se nada além de um conjunto de uns e zeros, as unidades fundamentais da informática. São esses - e zeros, representando o dinheiro, 19 que são bombeados, sem quilômetros de fios, em estrada de fibra ótica, enviados a satélites e irradiados de uma estação de retransmissão de microondas a outra. Esse novo dinheiro é como uma sombra que pode ser vista, porém não pode ser tocada. É apenas uma imagem. Assim como a Revolução Industrial, a Revolução da Informação afeta tudo. Segundo Stewart (2002, p. 103), os norte-americanos precisam de quantidades tão menores de massa muscular que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos recomenda uma dieta de 2.000 calorias por dia - bem menos que as 3.700 calorias que os norte-americanos consomem, motivo pelo qual os assentos dos estádios esportivos são pequenos demais, e menos do que as 3.752 calorias que compunham a alimentação diária dos escravos da plantação de George Washington em 1790, poucos dos quais, presume-se, eram gordos. Graças a pesquisas sobre grãos híbridos de alta produtividade, os agricultores produzem cerca de cinco vezes mais milho por hectare do que produziam na década de 20; em outras palavras, atualmente uma espiga de milho contém 80% de conhecimento. Para os estrategistas militares, a informação está assumindo o papel que as fábricas desempenharam durante um século. As forças armadas investem muito mais em treinamento e educação do que antigamente. Stewart (2002, p. 104), afirma ainda que: Durante a Guerra do Vietnã, quando as pessoas instruídas faziam o possível e o impossível para evitar o alistamento, 15% dos militares não tinham o segundo grau; hoje, 99,3% completaram o segundo grau; o percentual com pós-graduação mais do que dobrou. A Guerra do Golfo mostrou o poder devastador das “bombas inteligentes” - mísseis e similares -, onde uma enorme quantidade de informações e inteligência especificam o alvo certo e provocam uma destruição muito mais eficaz, com muito menos dinamite do que o bombardeamento estratégico da Segunda Guerra Mundial ou o bombardeamento pesado da Guerra do Vietnã. Os estrategistas do Pentágono imaginam guerras que não serão travadas em campos de batalhas nem em fábricas, mas no reino invisível da informação. Os principais alvos das guerras do futuro provavelmente serão sistemas de informação, inclusive serviços financeiros e sistemas de telefonia, bem como planos de ação militar. O estudo sobre como lançar ou se defender de “um ataque a Pearl Harbor em nossa infra-estrutura de informação” vem mantendo acesas as lâmpadas do Pentágono até tarde. (Stewart, 2002) 20 Ele reforça que na antiga economia, as pessoas compravam e vendiam recursos congelados - uma grande quantidade de material unida por um pouco de conhecimento. Na nova economia, compramos e vendemos “conhecimento congelado”, uma grande quantidade de conteúdo de conhecimento em uma pequena caixa. 2.2 O risco do conhecimento O Capital estrutural pega o que se sabe e entrega aos clientes. Organiza os recursos da empresa para ampliar e apoiar idéias e o trabalho particulares. Mas pode também convidar os burocratas da empresa a se calarem. Pode fornecer informações que ajudem a realizar um trabalho melhor. Mas pode também destruir com informações triviais. É possível ter ativos intelectuais em excesso, da mesma forma como é possível ter em excesso muitas outras coisas boas. Stewart (1998, p. 116) afirma que: Com invenções gerando a cada dia novos browsers da Web, chíps novos e mais poderosos e novas máquinas de todos os tipos, é importante notar que as retortas e alambiques do capital estrutural são essencialmente conservadores, não inovadores. Seu papel é reunir, testar, organizar, refinar e distribuir o conhecimento existente de forma mais eficaz. Em seu magistral The City in History, Lewis Mumford escreveu sobre o papel da universidade medieval no desenvolvimento da vida urbana. Mumford apontou que as universidades não começaram como centros de educação humanística (isso veio mais tarde, como invenção das classes altas), e sim como escolas profissionais de medicina, direito e teologia, o apogeu da associação de artesãos. Substitua “cidade” por “empresa” e “universidade” por “capital estrutural” e você começará a entender como os sistemas administrativos, bancos de dados e outras formas codificadas de conhecimento organizacional mantêm a chama, mas não servem como seu combustível. Como outras formas de associações de artesãos, o objetivo da universidade era preparar o indivíduo para o exercício de uma vocação e para regular as condições sob as quais seus membros realizariam seu trabalho. Na universidade, a busca do conhecimento era enobrecida em uma estrutura duradoura, cuja continuidade não dependia de nenhum grupo de 21 padres, eruditos ou texto s. O sistema de conhecimento era mais importante que o objeto do saber. Na universidade, as funções de acúmulo, disseminação e intercâmbio cultural, além do acréscimo criativo talvez as três funções mais essenciais da cidade eram adequadamente executadas. A própria independência da universidade com relação aos padrões de mercado e de cidade estimulou o tipo especial de autoridade que ela exercia: a sanção da verdade verificável. Freqüentemente, as grandes contribuições de conhecimento, de Newton a Einstein, de Gilbert a Faraday, foram feitas fora das paredes da universidade. Não obstante, o aumento e transmissão da herança intelectual seria inconcebível, na escala realmente alcançada desde o século XIII, sem o aparecimento da universidade. Stewart (1998, p. 118) afirma que o capital estrutural não pode quebrar o molde, porque ele é o molde. O mercado é a mãe das inovações. Sim, as novas estruturas básicas do capital estrutural - patentes, aperfeiçoamento de produtos e processos, bancos de dados, redes podem remodelar ou substituir a velha arquitetura. Por exemplo, pode-se argumentar que a simples existência do correio eletrônico e redes de bancos de dados na empresa ameaça inerentemente a hierarquia tradicional dos negócios e acabará destruindo-a. Mas essas novas estruturas criam suas próprias dificuldades - tais como a substituição da mão sufocante da burocracia pela vinha asfixiante do excesso de informações. Thomas W. Malone, professor da Sloan School of Management do MIT, diz: “No velho mundo, a informação era muito cara, por isso nos virávamos com uma quantidade relativamente pequena dela; desenvolvemos organizações capazes de funcionar em um deserto de informações.” Hoje, acumular, mover e encontrar informações é tão barato e fácil que “nos encontramos dentro de algo como uma selva de informações”, complementa Malone. Técnicas de sobrevivência que funcionavam nos desertos não serão mais eficazes. Quem aprendeu a tirar vantagem econômica dessa quantidade crescente de informações será muito mais bemsucedido. Percebe-se que a sobrecarga de informações é um fenômeno totalmente real que aponta para um importante desafio na gerência do capital intelectual. Apesar de todos os interessados na gerência de informações poderem contar histórias sobre subinvestimentos em conhecimento - habilidades 22 ignoradas, idéias órfãs -, não gerenciar ativos intelectuais provavelmente levará ao inverso: investir demais em conhecimento. Quem está no ramo do conhecimento vem conseguindo se safar da acusação. Uma vez que não temos como medir e não gerenciamos o que temos, conseguimos fugir da responsabilidade pelo que fazemos. Os princípios gerenciais básicos não deveriam ser ignorados frente a paixão pelos valores do capital intelectual. Deve haver um esforço permanentemente para usar os ativos de forma mais eficiente, tirar maior proveito deles, fazer mais com menos. Ativos não-utilizados constituem um empecilho para o desempenho. Numa comparação do corpo humano com os prncípios contábeis de aceitação geral a gordura seria contabilizada como um dos ativos do organismo. No entanto, seu excesso traz transtornos. Podemos deduzir dois objetivos aos quais o capital estrutural deve servir. Um, é codificar arcabouços de conhecimento que podem ser transferidos a fim de preservar as receitas que, do contrário, poderiam se perder. O segundo objetivo do capital estrutural é ligar as pessoas a dados, especialistas e expertise - incluindo conjuntos de conhecimentos. 2.3 A gestão do conhecimento voltada para o mercado O capital humano produz capital intelectual estrutural que, por sua vez, produz capital humano. É uma mudança sutil, mas é a chave para conciliar as demandas aparentemente conflitantes do capital humano e estrutural. O propósito dos sistemas de gestão do conhecimento não é acumular conhecimento para seu próprio beneficio, mas sim para beneficiar funcionários e clientes. Os trabalhadores do conhecimento, que criam valor, gostam de sistemas. Eles usam atalhos, esquecem de dizer ao chefe e ignoram o trabalho 23 em equipe. Os clientes, que pagam pelo valor, também não gostam de sistemas. Os empregadores estão certos em querer manter o capital humano para o grupo, - o teste final de qualquer sistema de codificação e gerência de conhecimento não é dificultar, mas facilitar a vida de seus funcionários e clientes. 2.4 Analisando alguns tipos de conhecimento Hoje o conhecimento tornou-se a principal matéria-prima e resultado da atividade econômica. Neste contexto, a inteligência organizacional deixou de ter um papel coadjuvante e assumiu o papel principal. O capital intelectual tornou-se tão vital que não é justo dizer que uma organização que não está gerenciando o conhecimento está prestando atenção ao negócio. Seus líderes precisam entender como e por que os ativos intelectuais deixaram de ser gerenciados e perceber os enormes custos dessa negligência - o dinheiro desperdiçado, as oportunidades não aproveitadas. De acordo com Rey (1996, p. 79), “os conhecimentos provêm de informações que se recebem dos diferentes tipos de comunicação que se recebe durante a vida, seja ela através da educação, do ensino ou do próprio convívio no dia-a-dia”. Ele destaca ainda que a maior parte dos conhecimentos é adquirida através do princípio de autoridade, segundo esse princípio, se aceita um dito por que se acredita que a pessoa que está transmitindo a informação seja confiável. Caso o informante não transmita segurança, certamente a informação dada não será facilmente creditada. Já Galliano (1986, p. 16) destaca que “o conhecimento adquirido pelos cientistas do século passado serão inferiores aos conhecimentos dos que vivem neste século”. Segundo ele, “existem duas maneiras de conhecer. Uma delas é através dos sentidos, através da sensibilidade física; outra através do pensamento”. 24 Na sensibilidade física se conhece os objetos físicos através da visão, audição, olfato, paladar e tato, já a do pensamento, adquiri-se mediante um processo intelectual. Numa palestra, por exemplo, a voz do palestrante é apenas um veículo. O conhecimento sobre o conteúdo trabalhado, ou seja, a apropriação das idéias é intelectual. De acordo com Ruiz (1996, p. 89), “o ser humano é dotado da capacidade de conhecer e de pensar. Conhecer e pensar constitui não somente uma capacidade, como também uma necessidade para o homem”. Para o autor, “o conhecimento intelectual não atinge a aparência, o fenômeno, a coisa em si, mas operando sobre as imagens sensoriais, e ultrapassando-as, formula conceitos gerais, abstratos, definições universais, relações ideais”. De acordo com Galliano (1986), existem pelo menos quatro tipos fundamentais de conhecimento: o vulgar, o científico, o filosófico e o teológico descritos e seguir: Conhecimento vulgar: Para Cervo e Ruiz (1996) e Galliano (1986) conhecimento vulgar, também denominado como empírico, é todo conhecimento adquirido através da vida cotidiana, é o conhecimento do povo, onde adquiri através de diálogo ou do que viu através de terceiros. Ele é ametódico e assistemático. Exemplificando, Galliano (1986, p. 18) diz que “não é necessário estudar psicologia para se saber que uma pessoa está alegre ou está triste. Você conhece o estado de humor dessa pessoa porque empiricamente já passou por muitas experiências de contato com pessoas alegres ou tristes”. Galliano (1986) destaca ainda que, “embora de nível inferior ao científico, o conhecimento vulgar não deve ser menosprezado. Ele constitui a base do saber e já existia muito antes do homem imaginar a possibilidade da ciência”. Ruiz (1996, p. 95) declara que “todo homem no decorrer da existência, vai acumulando conhecimentos daquilo que viu pessoalmente, daquilo que ouviu de terceiros; vai acumulando vivências, vai interiorizando as tradições da coletividade”. 25 Conhecimento científico: Diferentemente do conhecimento vulgar este é metódico e sistemático ele procura conhecer além do fenômeno, suas causas e lei. Rey (1996) diz que: “distingue-se o conhecimento científico por ter origem na observação minuciosa e objetiva dos fatos”. Enquanto Ruiz (1996, p. 96) afirma que “o conhecimento vulgar e vai além deste, porque explica os fenômenos e não só os aprende”. Rey (1996) menciona o fato de que a melhor maneira para definir o conhecimento científico é contrapondo-o com os outros modos de conhecer, dessa forma ele coloca que: O especialista em lógica conhece lógica cientificamente; o psicólogo conhece psicologia cientificamente e o químico farmacólogo conhece os componentes e forma de atuação dos medicamentos cientificamente. O homem comum pode conhecer tudo isso de outro modo, não cientificamente, mas de maneira vulgar e empírica. Conhecimento teológico: De acordo com Galliano (1986), para se obter o conhecimento teológico “é necessário que se acredite em Deus, uma vez que esse conhecimento proporcionado pela fé humana onde tais conhecimentos foram transmitidos ao longo da história por outras tradições ou pelo livro sagrado”. Para Barros (1986, p. 52) diz que “pelo fato do conhecimento sagrado estar exposto no livro sagrado, para conhecê-lo não precisa ser cristão”. Já na visão de Cervo (1996, p. 12) “o conhecimento revelado - relativo a Deus aceita pela fé teológica, constitui o conhecimento teológico. É aquele conjunto de verdades a que os homens chegaram, não com o auxilio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina”. Conhecimento filosófico: De acordo com Ruiz (1996, p. 109), “o conceito que geralmente se faz da Filosofia e, conseqüentemente, do conhecimento filosófico é bastante nebuloso e impreciso”. Neste contexto, realmente a palavra Filosofia é muito ouvida em nosso meio seja na sala de aula, comentário esportivo, jornais; enfim é muito lida, ouvida e usada, porém difícil de definir ou traduzir sua significação. Ruiz (1996, p.110) define o sentido da Filosofia como sabedoria humana, diz ele: Assim como se pode distinguir pelo paladar o que está bom do que 26 está deteriorado, o que é bom do que é ruim, como fazem deste muito cedo as criancinhas, assim também se pode ser incorreto. Sabedoria é, pois, a capacidade de saborear, de perceber as coisas do espírito, do reconhecer o que é bom, o que é verdadeiro, o que é justo, sábio é o homem que julga com acerto. Assim, como o paladar não se engana, também a mente do sábio não erra em seus julgamentos. Em sentido etimológico, Filosofia significa devotamento à sabedoria, isto é, interesse em acertar nos julgamentos sobre a verdade e a falsidade, sobre o bem e sobre o mal. Nesse sentido, podemos concluir a importância do gestor saber discernir seus conhecimentos para poder tomar decisões de forma refletida, a fim de minimizar desacertos de suas decisões. 27 CAPÍTULO III 3 Empresas: competitividade e o setor de RECURSOS HUMANOS O capítulo III a seguir realiza uma investigação a respeito das empresas e a competitividade no setor de RH. Os destaques deste capítulo são tópicos importantes enfatizados, como a busca da competitividade; a nova visão estratégica de empresa; a gestão de pessoas para a competitividade; o setor de recursos humanos na empresa; a interação entre pessoas e organizações e o papel de RH nas organizações. 3.1 A busca da competitividade É inteiramente possível para uma empresa colocar em prática a reengenharia sem nunca confrontar a necessidade de regenerar sua estratégia principal, sem nunca ser forçada a repensar as fronteiras de seu setor, sem nunca ter que imaginar o que os clientes desejarão nos próximos dez anos e sem nunca ter que redefinir fundamentalmente o "mercado servido". Contudo, sem essa reavaliação fundamental, a empresa será surpreendida a caminho do futuro. A defesa da posição atual de liderança não substitui a criação da futura liderança. (HAMEL E PRAHALAD, 1995). Hamel e Prahalad (1995, p. 17) destacam que a liderança de mercado hoje certamente não significa a liderança de mercado amanhã. Eles destacam 28 que independentemente do mercado dominado pela empresa hoje, é bem provável que ele mude substancialmente nos próximo dez anos. O problema da competitividade enfrentado atualmente por tantas empresas não é um problema de competição "estrangeira", mas um problema de competição "não tradicional". O verdadeiro problema competitivo é retardatários versus desafiantes, líderes versus inovadores, inerciais e copiadores versus criativos. (HAMEL E PRAHALAD, 1995). Segundo Hamel e Prahalad (1995) o desafio da mudança organizacional enfrentado atualmente por tantas empresas é, em muitos casos, resultado direto de sua incapacidade de reinventar seus setores e regenerar as estratégias específicas da empresa há uma década ou mais. Nas empresas retardatárias, os problemas de transformação organizacional são proporcionais às crises, pois perderam liderança na tarefa de transformação do setor. A gestão eficaz da empreitada de transformação organizacional é capaz de enxugar e dinamizar a empresa, mas não é capaz de transformá-la em líder do setor. O desafio principal é ser o autor da transformação do setor, pois embora ser um seguidor rápido seja melhor do que ser um seguidor lento, nenhuma dessas opções é uma receita para um extraordinário crescimento e lucratividade. Segundo Hamel e Prahalad (1995, p. 22), "Para ser líder, uma empresa precisa assumir o processo de transformação do setor". 3.2 A nova visão estratégica de empresa Seguindo esta linha de pensamento podemos nos perguntar o que leva algumas empresas a se preocuparem pelo desafio do futuro e a outras não? Hamel e Prahalad (1995, p. 26), afirmam que são necessários quatro elementos: • Compreensão de que a competição pelo futuro é uma competição diferente; 29 • Um processo para descoberta e percepção das oportunidades futuras; • Habilidade de energizar a empresa de cima abaixo para o que pode ser uma longa e árdua jornada em direção ao futuro; e • Capacidade de superar os concorrentes e chegar primeiro ao futuro, sem correr riscos desmedidos. Destaca-se nestes quatro elementos uma nova visão de estratégia que, segundo os autores Hamel & Prahalad (1995, p. 26), Esta visão de estratégia reconhece que uma empresa precisa desaprender grande parte de seu passado para poder descobrir o futuro. Esta visão de estratégia reconhece que não é suficiente colocar a empresa em uma posição ótima dentro dos mercados existentes, o desafio é penetrar na nuvem de incerteza e desenvolver uma grande capacidade de previsão dos paradeiros dos mercados de amanhã. Desta forma, os autores chamam a atenção para superar a noção de planejamento anual incrementalista e atender a uma realização da construção das competências necessárias para dominar os mercados futuros. De acordo com Hamel & Prahalad (1995, p. 27), esta visão estratégica está menos preocupada em garantir uma adequação total entre metas e recursos e mais preocupada em criar metas que superem os limites e desafiem os funcionários a conseguir o aparentemente impossível. Em síntese, estratégia é a peleja para suplantar as limitações de recursos através de uma busca criativa e infindável da melhor elevação dos recursos. Esta linha estratégica reconhece que as falhas de produto muitas vezes são inevitáveis, mas são capazes de proporcionar a oportunidade de prever onde pode estar exatamente a origem das futuras demandas. Para enfrentar o futuro competitivamente será necessário que as empresas reconheçam que a competição pela liderança das competências essenciais antecede a competição pela liderança de produtos, que é fundamental se acercar dos concorrentes e que a questão não é o tempo de lançamento do produto no mercado. Embora existam variadas reflexões a respeito da necessidade de um novo paradigma organizacional (mais enxuto, mais nivelado, virtual, modular, etc.) não há uma conclusão ou definição por um novo paradigma da estratégia. 30 3.3 Gestão de pessoas para a competitividade É verificado que o mundo mudou bastante nos últimos anos. Vive-se atualmente em uma realidade completamente diferente de outras já experimentadas, uma vez que os fatos e evidências das transformações do mundo dos negócios são bastante claros e sentidos pelas empresas em geral. Talvez por se estar vivendo essas mudanças e por serem elas graduais e contínuas, não se sente os impactos por elas causados nas empresas. Moura (1997, p. 4) afirma que nada mais constante que a mudança. Além daquelas ocorridas recentemente, o mundo está mudando e vai mudar ainda mais. Se mudam as regras do jogo, deve-se mudar o jeito de jogar. Em geral, as empresas não acompanham as mudanças ocorridas no âmbito ou o fazem mais lentamente. Isso quer dizer que, via de regra, a organização e o modo de gestão das empresas não tem acompanhado as transformações do mundo dos negócios. Além de conhecer o que está mudando, é muito importante, para o sucesso das empresas, observar as tendências ou para onde caminha a realidade e, mais importante que saber e conhecer as mudanças, é necessário avaliar como elas afetam as empresas e o que pode ser feito para a empresa se adequar a essa realidade que se altera constantemente. Buscando fazer uma análise da conjuntura e suas recentes alterações, podem ser observadas algumas alterações significativas no ambiente em que estão inseridas as empresas. Neste contexto, Moura (1997, p. 2-3) descreve o seguinte cenário: - A abertura da economia brasileira, ocorrida a partir de 1990, proporcionou a entrada de produtos importados que passaram a concorrer diretamente com as empresas brasileiras, pressionando o mercado nacional. - O crescimento dos negócios pelo aumento do número de empresas e diversificação da atuação das mesmas fez com que aumentasse a concorrência e competição entre elas. - A estabilidade da economia brasileira, observada a partir do Plano Real, proporcionou a redução e o controle da inflação, eliminando a cultura inflacionária e o ganho financeiro que havia nas empresas. - As campanhas educativas, o código de defesa do consumidor e a 31 evolução em si do mercado fizeram com que os consumidores ou clientes passassem a ser mais exigentes que antigamente. - A globalização da economia, que representa a atuação das empresas nos vários mercados mundiais, ofertando produtos diversos a preços competitivos face à escala de produção e ao livre comércio. - Surgiram algumas pressões sociais sobre as empresas, como as negociações trabalhistas, proporcionando um aumento significativo nos salários dos trabalhadores e também a reação das empresas em reduzir os postos de trabalhos para serem competitivas. - A forte preocupação com as questões ambientais vem exigindo das empresas o controle do seu impacto sobre o ambiente. - A influência do governo sobre as empresas com uma forte carga tributária, em que passa de 50 o número de impostos e taxas que uma empresa deve se preocupar, e também as constantes alterações na legislação que afeta as empresas. - O chamado "Custo Brasil", entendido como os encargos que incidem sobre os produtos das empresas brasileiras, relacionados à infra-estrutura do país, de transporte, impostos, sindicatos, etc., aumentando os preços praticados após os produtos serem produzidos, devido à legislação antiga e defasada. Nos dizeres que Moura é observado que esses são alguns fatores que, quer se queira ou não, atingem as empresas. São as chamadas influências ou restrições impostas pelo ambiente. Essas situações não dependem da ação ou desejo das empresas porque as empresas estão sujeitas a essas restrições do mercado, devendo se adequar a elas se querem continuar sobrevivendo, para tanto, é necessário que as pessoas que nela atuam estejam em consonância em seus departamentos e setores. É fácil entender que as empresas que não se adaptarem a esse universo de constantes mudanças terão grande dificuldade de continuar existindo. É certo que irão surgir empresas mais velozes, mais fortes, e mais bem preparadas, que atuarão em melhores condições, embolsando a parcela de mercado daquelas menos preparadas. As mudanças que vêm ocorrendo e aquelas que estão por vir afetam bastante a atuação das empresas. Conseqüentemente, deve-se buscar um meio de organização que permita à empresa sobreviver, obtendo sucesso nesse mundo de constantes mudanças. 32 Segundo Moura (1997, p. 2-3), as mudanças representam fatos novos que caracterizam o ambiente. Ocorrem como conseqüência de um conjunto enorme de situações que não seguem uma regra fixa ou conhecida. Essa é a grande dificuldade das empresas de tentar entender qual a tendência do mundo para que então possam definir como irão atuar ou se organizar para isso. O ambiente, segundo Chiavenato (1992, p. 57) é definido como tudo aquilo que a empresa não pode controlar, porém que influencia a sua atuação, é caracterizado por uma diversidade de situações e atores distintos, como meio ambiente, países, governos, concorrentes, clientes, mercado, etc. Dito de outra forma, o ambiente é onde a empresa está inserida, não nos aspectos físicos, mas as situações às quais está sujeita representado pelo que está fora da empresa e que afeta a sua existência. As mudanças verificadas, outras que estão por vir e a realidade do ambiente em si se constituem em pressões às empresas. São restrições à atuação das mesmas que dificultam o seu negócio, criando condições às vezes desfavoráveis a sua existência. Chiavenato (1992, p. 59) afirma que: uma empresa para existir é responsável pelo atendimento de uma certa parcela do mercado. Definida como participação no mercado ou marketshare, esse atendimento ao mercado pode ser representado pelo faturamento, volume de vendas, percentual do mercado atendido, ou outro indicador que represente o espaço da empresa. As restrições atuam submetendo as empresas a dificuldades que tendem a diminuir esse espaço. Essas pressões podem ser de toda ordem, porém, algumas, nos termos de Moura (1997, p. 68) podem ser destacadas: - Acirrada disputa de mercado entre empresas, provocando a queda dos preços finais. - Exigências ambientais, submetendo a empresa às pressões da legislação, adoção das normas ISO 14000 (gestão ambiental), entre outras. - Pressão dos consumidores, seja pela crescente exigência dos mesmos ou devido ao Código de Defesa do Consumidor. - Impostos elevados que as empresas estão sujeitas, criando condições desfavoráveis para competição mundial. - Adoção das normas ISO 9000 como exigência de algumas 33 empresas e seus fornecedores. - Pressão trabalhista devido às reivindicações e atuação de sindicatos dos trabalhadores, legislação trabalhista e outros. Frente ao quadro exposto, a qualidade hoje assume um caráter mais amplo e pressupõe a interação de todas as áreas da empresa: diretoria, finanças, pessoal, produção, controle, etc., em torno de um objetivo comum e fundamental, de acordo com Oliveira (1993, p. 48) “colocar o cliente em primeiro lugar, o que significa possibilidade de conquistá-lo e de estar à frente da concorrência. Quanto mais acirrada a concorrência, maior será a luta pela conquista do consumidor”. Ele conclui afirmando que: Até empresas públicas e de economia mista, com tradição de tratarem o consumidor como um objeto, um “mal necessário”, estão promovendo mudanças estruturais e desenvolvendo programas que visam adaptação e preparo, para tratarem os clientes com respeito humano e dignidade. (Oliveira, 1993, p. 149) Para lidarem com as inovações ora decorrentes, mais do que nunca carecem as empresas de lideres ativos, dinâmicos, empreendedores, com acentuadas habilidades humanas e administrativas, capazes de preverem em tempo hábil as transformações no mercado consumidor com disposição e agilidade para promoverem mudanças e adaptações com disposição e agilidade para promoverem mudanças e adaptações necessárias. A extensão do conceito de qualidade (produtos+serviços) envolve investimentos além da fronteira da tecnologia, ou recursos materiais. É chegada à hora de se buscar a qualidade dos “potenciais humanos”, que invariavelmente são responsáveis tanto pelo sucesso, quanto pelo fracasso nas organizações. São as pessoas que detêm a cultura, a filosofia e a missão da empresa. São elas que expressam a conscientização, a determinação, a motivação. Moura (1997, p. 45) declara que “eles são os colaboradores que fazem as coisas acontecerem”. É preciso então, que se pense na empresa como um todo, quando se pretende falar em qualidade no atendimento. Vale ressaltar a importância de que se reveste o “corpo-a-corpo” com o consumidor, uma vez que ao contrário 34 do que ocorre com produtos e mercadorias, o serviço é produzido e “vendido” simultaneamente. O produto, se apresentar defeito de fabricação, ao passar pelo departamento de controle de qualidade ficará retido nele. De forma que sempre cheguem ao cliente os “aprovados”. Com o atendimento - o serviço, não é bem assim. Neste caso, nem sempre um erro pode ser reparado. O que se parece, por conseguinte, é que serão competitivas num mercado tão exigente, e com maior liberdade de escolha, haja vista a diversificação de produtos similares, inclusive importados, as empresas que envidarem todos os esforços necessários para “encantarem” os consumidores. 3.4 O setor de recursos humanos na empresa Constantemente, somos alertados para a importância dos recursos humanos nas organizações. Não só os políticos de órgãos do Governo, mas também os educadores e os diversos grupos comunitários, associações e sindicatos, mostram interesse pelos problemas dos empregados. Nas organizações, o interesse pela gestão eficaz dos recursos humanos é um grande desafio, pois são as pessoas que tomam iniciativas e desenvolvem ações para o alcance dos objetivos empresariais. Portanto, todas as atenções dos gerentes devem estar voltadas para o envolvimento, capacitação e motivação dos seus empregados. A administração de recursos humanos das organizações tem por objetivo planejar, organizar, dirigir e controlar as funções de recrutar, selecionar, desenvolver, assistir, manter e utilizar, os recursos humanos para o alcance dos objetivos empresariais, de seu pessoal e da sociedade. Os recursos humanos são fatores básicos e fundamentais da atividade econômica. Máquinas, equipamentos e recursos financeiros são apenas 35 resultados e produtos da habilidade humana. O desenvolvimento de recursos humanos é o que impulsiona o desenvolvimento de índices nacionais de produtividade e desenvolvimento econômico. Os recursos humanos são os estimuladores dos recursos totais para a obtenção de resultados empresariais ótimos. Dai, a importância da Administração de Recursos Humanos. Convencionalmente, a organização é considerada a conjugação de três ordens de recursos: financeiros, materiais e humanos. Todos eles estão voltados para a realização de objetivos pré-fixados produtos ou serviços resultantes de suas atividades de transformações. É quase unânime a consideração de equiparação dos recursos humanos com outras ordens de recursos. Só mais recentemente, tem havido uma tímida divulgação de uma conceituação diversa, reçonhecendo, então, os recursos humanos fundamentalmente diferentes dos demais componentes das organizações, e na verdade, seu mais importante integrante. Daí, deriva a recente preocupação com o homem, não só na sua qualidade de trabalhador, mas como participante da organização social e, por conseguinte, como cidadão. A diversidade mencionada é, exatamente, a de que não se pode comparar recursos humanos aos outros recursos, na exata medida em que estas não são prioridades das organizações. Tanto estas como aqueles têm responsabilidades sociais universalmente consagradas. Assim, a palavra “recursos” define apenas a quantidade e qualidade de energia humana disponível para aplicação remunerada das atividades das organizações. Por outro lado, as pessoas que trabalham participam de uma organização maior que é a sociedade. Sua realização e evolução pessoais, dão-se, preponderantemente, pelo trabalho, e é desta constatação que se deriva a responsabilidade das organizações pela sua qualidade de vida. 36 Assim considerando, temos que, através do desenvolvimento da qualificação profissional dos recursos humanos, que a empresa pode retribuir socialmente o uso que faz de meios humanos para atingir seus fins. Desta forma, diversificaram-se os procedimentos e complexificaram-se os esquemas de controle, de tal sorte que num determinado momento parecia ter-se a organização voltada para si mesma, com fim em si. . Antes mesmo da década de 1950 já existiam, mesmo que embrionariamente, opiniões bastantes diversas, que ganharam força a partir de então. Estas idéias anunciavam um componente prioritário, mas primariamente considerado: o homem. Foi então que se tornou recorrente os temas que vinham já preocupando os pesquisadores da Psicologia Social em particular e das ciências humanas básicas: a organização dos grupos humanos, a liderança, a dinâmica de grupos. Fazendo-se um parênteses, por outro lado, administradores com formação em Ciência Social como Drucker (2002), já vinham repondo o problema administrativo, como basicamente o da definição de alvos, objetivos e metas organizacionais e do controle dos resultados, por oposição à excessiva preocupação com o controle de processos . Aqui , deixa de existir o executivo “certo”, mas o resultado obtido. O papel da gerência passa, então a ser muito menos voltado para a execução, os rituais burocráticos do desempenho e a personalidade, para encarar o que se quer obter, deixando ampla margem de autonomia técnica ao executor, passando este a ser responsável pelos seus resultados . Dizia-se que a mudança de enfoque, ou seja trazer um homem para o centro das preocupações, proporcionou o desenvolvimento de modelos explicativos do comportamento humano nas organizações. De certo modo, podemos afirmar que todas as grandes linhas surgidas, a partir dos anos 50, concordam ao considerar que é o cumprimento de algumas condições básicas para o homem que pode garantir não só a 37 produtividade, mas a eficiência do desempenho humano, o que promove a eficácia organizacional. Desenvolvimento será considerado o conjunto de providências que visam obtenção de melhorias nas condições dos empregados, com: oportunidades profissionais e socio-culturais de formação e aperfeiçoamento profissional, de continuidade, da escolarização formal e informal, visando aprimorar conhecimentos gerais e específicos, atitudes de integração ao mundo do trabalho e à ambiência cultural. É reconhecido o fato de que, desde Taylor e Fayol tenta-se, basicamente, compreender o comportamento humano no interior das organizações complexas, que se desenvolveram desde o advento da revolução industrial. Tal preocupação tem, de fato, o objetivo de maximizar a produtividade do desempenho humano. Essa é uma preocupação eminentemente administrativa. Todo um corpo de pesquisas e análises se vêm avolumando neste século, criando-se, paralelamente, sistemas administrativos, sistemas de trabalho e incentivo e não poucas “escolas” e doutrinas a respeito do comportamento humano no trabalho. A ênfase de todos estes esforços centrava-se, até aproximadamente a metade deste século, nos processos de trabalho. Desde então, consideravamse a estrutura hierárquica, os métodos de produção, os esquemas de horário, incentivos e benefícios, como variáveis mais importantes do processo administrativo. Em outras palavras, importava como se procedia a atividade organizacional e deste ponto de vista fácil derivou o “modo certo de executar”. Derivaram daí os famosos modelos dos padrões de personalidade, para os diferentes tipos de atividades ou funções: Os chamados “perfis profissionais”. Cuidava-se de que estivessem as pessoas certas nos lugares certos. Paralelamente, eram testados os esquemas mais diversos de organizar as 38 variáveis que se acreditava responder pelo “funcionamento” da organização. A ênfase era, o controle dos processos. Em decorrência disto, surge a imagem do “bom funcionário” como aquele que se subordina bem, aquele que exerce bem os rituais (rotinas, regulamentos etc) da organização, inclusive a obediência. Essas condições foram estudadas com mais afinco por Herzberg, McGregor e Likert, entre outros (Hersey e Blanchard, 1996, p. 49). Seriam, resumidamente, os fatores higiênicos e fatores de satisfação no trabalho, para tomar a formulação de Herzberg. Fatores higiênicos são as políticas organizacionais ou administrativas, o aspecto técnico de supervisão, as relações interpessoais com o chefe, colegas e subordinados, o salário, as condições de trabalho e o equipamento de segurança no trabalho. Se esses fatores não forem atendidos em proporção adequada, levariam as pessoas à insatisfação, com consequente redução da produtividade. Os fatores de satisfação dizem respeito à realização no trabalho, ao reconhecimento das realizações, ao progresso, às responsabilidades, ao trabalho em si e à possibilidade de desenvolver-se. O atendimento destas condições leva o funcionário à satisfação, repercurtindo positivamente na sua eficiência e eficácia. O não preenchimento deste fatores leva-o a desmotivação e apenas a executar suas funções de forma burocrática. Voltando a Drucker (2002), observamos que tanto as suas posições como administrador, com as posições dos demais, originam-se do campo das Ciências Humanas Aplicadas. Efetivamente, a tônica destes dois enfoques coincidentes é o da participação dos indivíduos no seu trabalho, com a consequente delegação e responsabilidade que esta implica. Isso tem uma dupla resultante: a) Redução, quando não, supressão do controle, acarretando uma expressiva automatização técnica e funcional do empregado; 39 b) Redimensionamento das funções de supervisão e controle em direção à aplicação correta das mesmas. Exemplo: Diagnóstico, avaliação e treinamento. Assim, fica clara a necessidade de dirigir as ações de treinamento e desenvolvimento, não só para uma preparação mais integrada do homem em seu sentido global, mas tambëm para uma intervenção no ambiente da organização. Segundo a concepção administrativa Autoridade/Controle, cabia ao empregado, em troca de seu salário, executar as tarefas estipuladas pela hierarquia, sendo este conceito extensível, igualmente, à hierarquia e seguir uma série de normas da organização, recebendo desta o complemento salarial dos benefícios. Pode-se afirmar, segundo as mais recentes formulações de Delegação/ Participação, e baseados no conceito de eficácia, que cabe ao trabalhador dos diferentes níveis funcionais, por remuneração, assumir a responsabilidade pelos resultados do seu trabalho, dentro de urna série de normas de comportamento funcional . Por outro lado, ele deve também, trabalhar de forma autônoma e criativa promover a inovação no seu ambiente de trabalho preenchendo na sua organização, as condições de higiene e satisfação. 3.5 A interação entre pessoas e organizações Na visão de Chiavenato (1992, p. 48) pode ser visto que a organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. A cooperação entre elas é essencial para a existencial da organização. As organizações permitem satisfazer diferentes tipos de necessidade dos indivíduos: emocionais, espirituais, intelectuais, econômicas etc. 40 Outro destaque trata da complexidade das organizações, relata que a sociedade moderna é uma sociedade de organizações. As organizações são sistemas extremamente complexos. Elas se revelam compostas de atividades humanas em diversos níveis de análise. As organizações estão passando por mudanças e transformações a cada dia que passa. Seja introduzindo novas e diferentes tecnologias, seja modificando seus produtos ou serviços, seja alterando o comportamento das pessoas, seja mudando seus processos internos, as organizações estão apresentando diferentes características em sua estrutura e em seus processos. Chiavenato (1992, p. 48) afirma que: A organização como sistema aberto é um conjunto de elementos dinamicamente relacionados que desenvolvem uma atividade para atingir determinado objetivo ou propósito. Todo sistema opera sobre matéria, energia ou informação obtidas do ambiente que se constituem os insumos ou entradas de recursos necessários para que o sistema possa operar. Em relação a seus níveis, não é toda organização que se comporta como um sistema aberto em interação como o ambiente, mas apenas parte dela. Acontece que as estrutura e o comportamento organizacional são variáveis independentes, esses três níveis são: nível institucional, nível intermediário e nível operacional. Chiavenato (1992, p. 49) relata que: Outro destaque refere-se ao ambiente, aqui é onde está inserida a organização e se caracteriza por poucas mudanças ou mudanças leves e perfeitamente previsíveis, ele se denomina ambiente estável e estático. Na realidade, são duas situações extremas em um continuo. Assim, em relação ao ambiente de tarefa quanto a sua complexidade, isto é, sob o prisma de homogeneidade versus heterogeneidade. Nesse continuum que vai da homogeneidade á heterogeneidade, as duas pontas extremas são: ambiente de tarefa homogênea e ambiente de tarefa heterogênea. Outra parte do texto refere-se ao conceito de eficácia organizacional, aqui é visto que quase todas as organizações absorvem energia pelos menos de duas formas: pessoas (recursos humanos) como fontes de energia, e materiais (recursos não humanos). As organizações fazem distinções contábeis entre as fontes de energia de pessoas, entre os usos que cada um terá, é a classificação da entrada de energia de pessoas como direta ou indireta (mão- 41 de-obra direta ou indireta ou então mão-de-obra produtiva ou improdutiva). Tratando-se das organizações, nota-se que ao relacioná-lo com o capital humano visualiza-se que ele é constituído das pessoas que fazem parte de uma organização. Na era da informação, o conhecimento está se transformando no recurso organizacional mais importante das empresas. 3.6 O papel de RH nas organizações Há muito se tem falado sobre o novo papel que a área e a função Recursos Humanos devem desempenhar nas organizações. Entretanto, apenas há pouco começam a aparecer os sinais de mudança. É preciso avançar muito mais e muito mais rapidamente. Boog (1999, p. 165) afirma que: Quando me refiro à "função" RH, em vez de área, departamento ou diretoria, quero deixar claro que a responsabilidade pelas relações entre a organização e seus colaboradores é de todos os que nela trabalham, dentro de um processo essencialmente interativo. Assim, não faz sentido entender o papel de RH como uma responsabilidade limitada a uma área específica da organização, no caso a área de RH. Da mesma maneira, a atividade financeira não é responsabilidade isolada de uma controladoria; e a função Vendas também não se restringe à área de Vendas. Todos são responsáveis pela saúde financeira da organização, utilizando adequadamente os recursos dessa natureza, do mesmo modo que todos são responsáveis pêlos resultados de vendas, por meio de um desempenho interno que concorra para viabilizar a atuação da área de vendas propriamente dita e de uma projeção externa de imagem que favoreça essa atuação. "Do ajudante ao diretor... todo mundo é vendedor". Até os vendedores. Essa visão holística da organização, em que todos são interativamente responsáveis pêlos seus resultados, está totalmente coerente e convergente com as concepções atuais que estão mudando completamente a configuração das relações de trabalho (relações estas vistas da maneira mais ampla) nas organizações. A visão da própria pessoa como um ser holístico, a participação responsável, a democratização das informações, a busca de objetivos comuns, a valorização e o respeito pelo indivíduo etc. 42 É essa mudança da configuração das relações de trabalho que está fazendo a diferença entre organizações ganhadoras e perdedoras. A máxima é inexorável - "não mudou, dançou". De acordo como Boog (1999, p. 166): Essa mudança na configuração das relações de trabalho leva, inevitavelmente, a uma mudança no papel da área de RH. Essa mudança deve começar pela mudança do próprio nome da área "Recursos" soa como algo que se compra e se utiliza na medida dos seus benefícios até sua exaustão ou obsolescência, para em seguida ser descartado. Definitivamente, não é o caso de pessoas, que são a essência das organizações, não somente a sua finalidade ou muito menos seus meios. Neste sentido, Boog (1999, p. 167) propõe desde já que, de agora em diante, passemos a nos entender também neste aspecto: em vez de continuarmos a chamar a função e a área de Recursos Humanos, vamos passar a identificá-la como "Gestão de Pessoas"; soa muito melhor. Aliás, algumas organizações já estão mudando essa denominação para, por exemplo, "Patrimônio Humano" e "Talentos Humanos", o que dá uma conotação muito mais adequada ao nome da área. Nos dizeres de Boog (1999, p. 167) a mudança no papel da área e da função de Gestão de Pessoas passa então por uma reformulação total. Os principais aspectos dessa mudança são: - A área de Gestão de Pessoas deixa de ser uma área centralizada e centralizadora e passa a ser descentralizada pelas várias áreas da organização e a ter uma função muito mais orientadora (exercendo a "liderança" da organização no que diz respeito às relações de trabalho), em vez de uma função de comando dessas relações, por meio do estabelecimento de normas e procedimentos e do controle da aplicação desses instrumentos. - A função Gestão de Pessoas passa a ser exercida por todas as pessoas na organização, com base em diretrizes gerais oriundas e aprovadas por toda a organização e coerentes com os objetivos das pessoas e da própria organização. - Os esforços da área de Gestão de Pessoas passam a se concentrar muito mais nos aspectos estratégicos de sua atuação do que nos aspectos operacionais propriamente ditos. Isso implica mudanças profundas também no perfil dos profissionais que atuam na área de Gestão de Pessoas, que se devem tornar muito mais generalistas e empreendedores, deixando as especializações para empresas terceirizadoras. - O poder político da área de Gestão de Pessoas (poder político no sentido de ocupação de espaço para contribuir para os resultados da organização) não está mais ligado ao seu poderio "militar" (grandes estruturas e poder de mando), mas sim à sua competência em 43 contribuir efetivamente para que a organização alcance seus resultados. Isso implica áreas de Gestão de Pessoas menores, descentralizadas, composta de profissionais com competência mais abrangente que visualizam os objetivos da organização (focaremos melhor esse aspecto mais adiante). É de se mencionar que um fato importante na área de Gestão de Pessoas foi a percepção de que ela só poderia contribuir para os resultados da empresa se produzisse e seguisse uma estratégia que interagisse com a estratégia maior da organização. Essa percepção está coerente com a visão holística, em contraposição à visão funcional, reducionista e departamentalizada da organização. Essa visão antiga e obsoleta levava a estruturas organizacionais rígidas, pesadas, de poucas flexibilidades, absolutamente incapazes de responder às necessidades de rápida adaptação à mudança que os dias de hoje exigem. Constata-se que o engajamento de Gestão de Pessoas ao negócio negócio visto como os objetivos da organização - passou a ser vital para o sucesso do próprio negócio, portanto para a sobrevivência e o desenvolvimento da organização. Boog (1999, p. 165) afirma que: a Gestão de Pessoas tem por responsabilidade fazer com que a organização desenvolva e explicite sua visão de futuro, seu "sonho" sua missão e seu objetivo maiores, onde ela quer chegar, que valores devem apoiar esse "sonho" e de quais pontos fortes ela dispõe para chegar lá. Esse é o ponto de partida e ao mesmo tempo vital para qualquer organização. E fundamental que seus dirigentes maiores reflitam e explicitem com clareza essa visão de futuro e que ela seja comunicada a todos os colaboradores. Todas as pessoas na organização precisam saber exatamente para onde ela quer ir para poderem "afiliar-se" sinceramente a ela. É preciso que todos saibam qual é o ponto para onde todos devem orientar-se a fim de que todos remem na mesma direção. Como dizia Sêneca: "Não há ventos favoráveis para quem não conhece a direção do porto...". A explicitação desse norte da organização permite que ela estabeleça suas estratégias de curto, médio e longo prazo, isto é, o "como chegar lá". As estratégias do negócio, que se devem basear na interação de todos os agentes que intervêm no mesmo - os aspectos mercadológicos, tecnológicos, financeiros, de relações com a comunidade etc. -, precisam ser perpassadas 44 pela contribuição esperada das pessoas da organização, uma vez que serão elas que acionarão todos esses aspectos e darão vida a essa estratégia. Assim, fica claro que a estratégia de Gestão de Pessoas é a alma, o coração e o cérebro da estratégia global da organização. A estratégia de Gestão de Pessoas não somente deve fazer parte da estratégia global da organização, mas deve constituir-se no fio condutor dessa estratégia global. 45 CONCLUSÃO Constatou-se que na chegada do novo século, são tão rápidas e irreversíveis as transformações da sociedade em âmbito mundial, que surge a necessidade da organização dessas mudanças. Indivíduos, organizações e sistemas sociais renegociam seus papéis dentro de um espírito de influência mútua. Não há mais problemas isolados e de baixa complexidade. Revendo toda a formação histórica da sociedade em seus estágios, percebe-se que tipos de pessoas e ações características de época anteriores estão sendo transferidas e praticadas nas organizações de hoje, ditas modernas. Hoje, nas organizações identificamos antepassados na figura de gerentes detendo o saber e usando-o para a dominação; os sistemas de corporações caracterizados por chefes que fiscalizam os operários na busca de padronização de produção; e a burguesia similar às pessoas, dita executivos, ditando ordens, mas não se comprometendo no processo, dando sustento a uma hierarquia de poder, controle e alienação. E além do mais, uma boa parte das organizações ainda puramente taylorista onde as relações capital/trabalho ocorrem em clima excessivamente paternalista. Chegou-se à conclusão que conhecimento e gestão de pessoas são riquezas específicas que existem dentro da empresa e que estão inseridos na gestão administrativa. Pôde-se perceber também que uma estrutura organizacional bem definida é de grande importância para uma empresa, visto que possibilita à organização, o alcance de seus objetivos e, ainda, a importância das relações de trabalho estabelecidas entre empregado e empregador. São poucas empresas que se preocupam em saber o que elas mesmas já sabem, em descobrir as qualidades dos seus empregados, 46 colaboradores. Em geral, as empresas desconhecem o que elas sabem. Muitas vezes, colocam a tecnologia como prioridade, quando ela não deve ser considerada o grande patrimônio da empresa, mas sim o funcionário, as pessoas nela presentes. Foi visto que existem vários benefícios para a empresa que adota processos de gestão do conhecimento e que dá importância à gestão de pessoas. Elas conseguem se diferenciar das outras. Hoje, as empresas competem não mais cercadas pelas fronteiras de um país. Estão obrigadas a competir globalmente. Claro que pequenas empresas vão encontrar seus nichos regionais. Mas a maioria delas está condenada a crescer. Nenhuma empresa hoje pode ficar contente quando uma pequena meta é alcançada. Se ela pára, fica condenada a desaparecer. Será absorvida por outra ou simplesmente desaparecerá do mercado. As empresas estão condenadas a um crescimento eterno e indefinido. Observou-se através do estudo que é através do conhecimento que o gestor irá identificar as novas tendências do mercado e com isso fazer a escolha certa para competir no cenário que muda em uma velocidade muito grande. Portanto, a função da Gestão do Conhecimento é gerar riqueza e valor a partir do gerenciamento de elementos que estão fora do contexto habitual de terra, capital e mão de obra. A administração do conhecimento colhe e partilha bens intelectuais visando obter resultados ótimos em termos da produtividade e capacidade de inovação das empresas. É um processo que envolve gerar, coletar, assimilar e aproveitar o conhecimento, de modo a gerar uma empresa mais inteligente e competitiva. Portanto, a sobrevivência das organizações se baseia na competência em identificar seus pontos fortes, atuais e futuros, tanto empresariais, quanto das pessoas que atuam na instituição empresarial. Quem é potência hoje, pode não ser amanhã, o que comprova que os ciclos de desenvolvimento se 47 sucedem. Mas a informação é o grande recurso deste começo do século. Saber utilizá-la através da Gestão da Qualidade ou Reengenharia, e estruturarse a partir dela, faz a diferença e a mudança. Portanto, o profissional de gestão de pessoas não pode ser visto como um corpo estranho à organização como um todo e muito menos na organização de gestão de pessoas. Já foi o tempo em que Gestão de Pessoas e todas as suas funções eram consideradas "caixa-preta" dominada apenas por magos e outras figuras misteriosas. 48 REFERÊNCIAS BOOG, Gustavo G. Manual de treinamento e desenvolvimento. ABTD – 3. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1999. CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica. 1996. São Paulo: Makron Books, CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 5. ed. São Paulo: Makron Books, 1997. __________________ . Administração: teoria, processo e prática. São Paulo: Makron Books. 1992. __________________ . Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 2004. CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano: o talento, a inteligência e o conhecimento como forças econômicas, seu impacto nas empresas e nas decisões de investimento. São Paulo: Atlas, 1998. __________________. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 15. ed. Rio de Janeiro: Makron Books, 1999. GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. 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Gestão do conhecimento : o grande desafio empresarial : uma abordagem baseada no aprendizado e na criatividade. 2.ed. São Paulo: Negócio Editora, 2001.