ÁREAS AMBIENTALMENTE SENSÍVEIS - AAS
Índice
1.
INTRODUÇÃO GERAL
-
O que é uma área ambientalmente sensível - AAS
Porque fazer análise de áreas ambientalmente sensíveis
O que é preciso para fazer uma análise de AAS
Quem deve fazer a análise e como ela deve ser conduzida
Como podem ser apresentadas as informações referentes ao meio ambiente
2.
CONCEITOS E ABORDAGENS PARA
AVALIAÇÃO DE ÁREAS AMBIENTALMENTE SENSÍVEIS - AAS
Abordagem multidisciplinar
Abordagem ecológica
Abordagem ecológica no contexto sócio-econômico
ABC das AAS
Considerações para a realização da análise das AAS
Critérios para a avaliação das AAS
Sumário
-
3.
SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOREFERENCIADAS:
UMA INTRODUÇÃO
4. SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS
5.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
AVALIAÇÃO DE AAS: ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE LANGLEY
Arcabouço e abordagem
Características e processos considerados para a avaliação de AAS
Coleta e análise dos dados básicos
• Características abióticas
• Características bióticas
• Características culturais
Processo de consulta pública
Critérios para a análise das AAS potenciais
Mapas componentes e banco de dados SIG
Designação das AAS
Sumário dos objetivos e recomendações para o gerenciamento
Aspectos importantes a serem considerados para a delineação das AAS
Sumário das AAS
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
Os sistemas naturais estão cada vez mais sob pressão devido ao crescimento
populacional, aumento da urbanização e padrões de consumo insustentáveis. A
compreensão de que não se pode mais seguir a filosofia de ‘usar e descartar’, tão
dominante nas sociedades ocidentais, está finalmente sendo assimilada como essencial à
manutenção de um meio ambiente saudável e que ofereça condições adequadas de vida.
Os aspectos da sustentabilidade ambiental tem sido objeto de muitas publicações nos
últimos anos, e o assunto referente ao redirecionamento da economia na direção de um
caminho mais sustentável tem sido tratado não somente por acadêmicos, agências e
instituições governamentais, mas também por indústrias e empresas mais esclarecidas e
pró-ativas.
Os problemas do meio ambiente e dos conflitos gerados pelo uso do solo inadequado são
mais aparentes nas periferias das áreas metropolitanas, sujeitas a crescimento muito
acelerado, onde ficam claros os usos conflitantes do solo para atividades urbanas e rurais.
A preocupação com a proteção das características naturais e com os problemas gerados
por usos do solo conflitantes também aparecem nas atividades agrícolas, de
reflorestamento e de mineração. Esses problemas ambientais incluem:
•
manter a qualidade do meio ambiente e dos processos ecológicos
•
manter as áreas naturais e proteção da vida animal nativa e dos recursos de pesca
•
assegurar a biodiversidade
•
manter a quantidade e qualidade da água, inclusive as áreas de várzea
•
assegurar o uso do solo para atividades agrícolas produtivas
•
preservação da características rurais e históricas
•
reduzir as fontes de poluição da água e do ar
•
reduzir o risco de desastres geológicos tais como enchentes, terremotos e
deslizamento do solo.
2
Para a proteção das características naturais e redução dos problemas de usos conflitantes
do solo é importante que as informações referentes ao meio ambiente sejam
georeferenciadas e estejam disponíveis de forma adequada, em termos de tempo e
formato.
Neste contexto, deve-se responder as seguintes questões:
1. o que é uma área ambientalmente sensível?
2. porque se deve realizar a análise das áreas ambientalmente sensíveis?
3. onde ela é necessária?
4. como devem ser apresentadas as informações referentes ao meio ambiente?
1. O que é uma Área Ambientalmente Sensível – AAS
Uma AAS é a porção da paisagem (terreno) que contem características naturais ou
culturais de grande valor para o funcionamento dos ecosistemas e que pode ser afetada
negativamente por atividades humanas. Uma AAS pode incluir características culturais,
físicas ou biológicas ou uma combinação dessas características. Os atributos de uma AAS
podem incluir:
•
terrenos que estão sujeitos a desastres geológicos, inadequados para o
desenvolvimento e ocupação;
•
características geológicas únicas;
•
terrenos com importante função hidrológica ou ecológica
•
habitat de espécies raras ou em extinção
•
habitats raros ou remanescentes de habitats anteriormente prevalecentes e mais
amplos
•
grande diversidade de plantas, insetos e animais
•
grandes extensões de habitat para espécies que são sensíveis às atividades humanas
•
terrenos que funcionam como corredores para o movimento de animais silvestres ou
migratórios
•
comunidade ou ecosistema representativo e significativo
3
•
formações geológicas, espécies, ou comunidades importantes regional ou
nacionalmente
•
características culturais, tais como edifícios ou paisagens modificadas pelo homem, e
que são importantes por motivos arqueológicos, históricos ou por razões culturais.
2. O que é uma avaliação de AAS
A degradação do meio ambiente é geralmente um processo vagaroso e não-linear, e as
conseqüências do desenvolvimento são de longo prazo e não podem ser medidas
facilmente em valores monetários. Tem se colocado muita fé na capacidade tecnológica
de recuperar e melhorar as condições ambientais quando elas estão ou foram
deterioradas. Soluções de engenharia têm permitido que se continuem atividades mesmo
em condições onde o meio ambiente oferece grande desafio. A medida que os recursos
naturais se tornam escassos, as conseqüências econômicas tornam-se mais evidentes. A
prevenção da deterioração do meio ambiente, a conservação dos aspectos naturais, e o
manejo sustentável dos recursos são muito mais efetivos e representam uma abordagem
mais benéfica economicamente. A informação sobre o meio ambiente deve tornar-se
parte integrante do processo de planejamento e desenvolvimento, particularmente nas
áreas sujeitas à rápida expansão urbana.
Há muitas razões que explicam porquê as considerações ambientais não foram
consideradas importantes ou mesmo levadas em conta nos processos de planejamento e
desenvolvimento:
•
durante períodos de recessão econômica, a geração de empregos é considerada mais
importante do que as preocupações com o meio ambiente;
•
ainda sabe-se pouco em relação ao funcionamento dos sistemas ambientais
•
os processo ambientais e suas interações são complexos e não facilmente predizíveis
•
considerações de longo prazo sobre a disponibilidade de recursos a serem distribuídos
no contexto local, nacional e global não têm sido atentamente consideradas.
4
Em décadas recentes, têm-se tratado os aspectos ambientais de uma forma
compartimentalizada, num contexto disciplinar (por exemplo, demanda de água potável,
disposição de lixo, transporte, estabilidade do solo, etc.). Há escassez de métodos mais
completos e holísticos, preparados para integrar esse tipo de informações complexas
dentro de um processo de planejamento total, completo. A poluição do solo, da água e do
ar, a redução da diversidade das espécies, a escassez de recursos naturais, o
funcionamento dos ecosistemas e a manutenção da capacidade produtiva são aspectos
críticos que precisam ser levados em consideração. Há uma grande necessidade de
focalizar estudos na interdependência dos recursos naturais. O desenvolvimento recente
da tecnologia de computadores tem permitido que se leve em conta aspectos ambientais
dinâmicos e muito complexos, inclusive sistemas de manejo de banco de dados e
sistemas de informações georeferenciadas. O uso dessas ferramentas deve permitir aos
planejadores produzirem cenários de desenvolvimento e ocupação do solo que reflitam
uma harmonia maior com o meio ambiente e conduzam ao uso mais racional de recursos
naturais escassos.
A avaliação das áreas ambientalmente sensíveis deve ser o primeiro passo na organização
de um banco de dados ambientais para ser usado no planejamento da ocupação e nos
processos de tomada de decisão sobre manejo de áreas. Dessa forma, procura-se prevenir
conflitos entre diferentes usos do solo e preservar a integridade do meio ambiente.
3. Onde a avaliação é necessária
As avaliações das AAS são necessárias em escalas locais, regionais e nacionais. O foco
deste documento é principalmente na escala local ou municipal, especialmente para as
comunidades que estão sob pressão constante de crescimento na periferia das grande
metrópoles. A avaliação é também importante em escala regional assim como onde quer
que a preservação da qualidade ambiental esteja sob risco devido a atividades
agropecuárias, de reflorestamento, de mineração ou recreacionais.
5
Uma vez que o monitoramento e avaliação das condições ambientais e dos recursos
naturais frágeis e únicos leva muito tempo, torna-se imperativo que o inventário
ambiental e a avaliação sejam realizados antes da implementação ou início das atividades
relacionadas ao desenvolvimento da área.
4. Quem deve fazer a avaliação e como a mesma deve ser desenvolvida
Os dados das AAS devem tornar-se parte integral dos programas de planejamento
municipal e regional. Entretanto, o desenvolvimento de um banco de dados ambientais
abrangente, e a sistematização das análises das AAS, não constituem-se em um processo
fácil. A maneira mais efetiva de construir esse banco de dados é usando uma abordagem
multidisciplinar.
As disciplinas (assuntos) a serem considerados incluem:
•
engenharia
•
análise de solo
•
recursos hidrológicos
•
fauna silvestre
•
biologia
•
biologia de peixes
•
botânica/ reflorestamento
•
paisagismo
•
história
•
parques e recreação
•
planejamento do uso do solo
•
gerenciamento ambiental
A equipe deve procurar envolver grupos ambientais locais, para obter informações sobre
recursos ambientais que eventualmente não tenham sido inventariados de uma forma
sistemática por agências governamentais (por exemplo, animais silvestres, peixes,
pássaros, áreas de várzea, etc. )
6
Uma importante ferramenta de integração é um banco de dados computadorizado que
seja georeferenciado e acessível a todos os especialistas das diversas disciplinas e outros
usuários. Existem ferramentas de software que podem ser usadas prontamente no
desenvolvimento de sistemas de gerenciamento adaptados à realidade local. Informações
sobre os atributos no gerenciamento do sistema de banco de dados (SGBD) podem ser
ligadas ao software do sistema de informações georeferenciado (SIG), permitindo a
demonstração e manipulação das informações espaciais em forma de mapas.
5. Como as informações ambientais devem ser apresentadas
A junção do SGBD com o SIG é a fundação de um sistema de informações ambientais
flexível, abrangente, e fácil de usar. O meio ambiente é dinâmico, com mudanças
contínuas do uso do solo, portanto a facilidade de atualizar as informações ambientais e a
estrutura do banco de dados é um requisito chave. O banco de dados pode ser projetado
de tal forma que os usuários possam procurar e ter acesso a todas as informações, mas as
informações integrantes só podem ser mudadas pela equipe responsável pelo
gerenciamento do banco e pela qualidade das informações colocadas. O banco de dados
ambientais deve também ser compatível com outros sistemas de informações utilizados
para o gerenciamento do uso do solo (por exemplo, cadastro, utilidades públicas,
zoneamento, etc.).
Instantâneos gerados pelo SIG podem ser apresentados em arquivos gráficos, de fácil
compreensão. Podem também ser combinados com as informações do banco de dados de
forma a organizar uma apresentação em hipermídia que pode ser produzida a baixo custo
e amplamente distribuída, permitindo fácil acesso por muitos usuários. (Hipermídia é um
software ambiental que é usado para navegar e que pode combinar textos, gráficos, som e
vídeo). Com a tecnologia de computadores é possível produzir e refinar planos de
ocupação do solo que permitam comparações rápidas, bem como melhorias nos planos
atuais a partir de informações mais atualizadas e/ou mais acuradas.
7
3. CONCEITOS E ABORDAGENS PARA AVALIAÇÃO DAS AAS
Tradicionalmente, agências governamentais e consultores tem produzido inúmeros
inventários e avaliações dos recursos naturais das regiões e comunidades. Na maioria dos
casos, não é fácil usar e integrar as informações históricas existentes porque os objetivos
das pesquisas individualmente conduzidas, o tempo e a escala dessa avaliações, bem
como a qualidade dos dados são muito diferentes entre si. Também, na maioria das
pesquisas históricas os processos relacionados às interações dos recursos não foram
enfatizados. Estudos baseados em processos requerem um monitoramento mais intenso
do que inventários, e são mais demorados e requerem um sistema de operação que é mais
caro.
Mudanças de políticas governamentais, acesso restrito às informações, falta de clareza na
jurisdição entre diferentes níveis de governo, bem como as pressões geradas pela
necessidade de desenvolvimento fazem com que as avaliações das AAS sejam bastante
dificultadas.
Abordagem multidisciplinar
A abordagem por uma equipe multidisciplinar (onde especialistas de diferentes
disciplinas interagem durante a elaboração do inventário e da fase de avaliação) tem sido
defendida por ecologistas e cientistas ambientais como sendo a abordagem mais
apropriada. Com esse tipo de abordagem, as informações de diferentes disciplinas são
integradas já durante o processo de coleta de dados. Tradicionalmente, pesquisas
específicas sobre recursos são conduzidas preliminarmente, e então a informação é
combinada, fazendo com que a desejada integração dos dados se constitua num processo
bastante difícil. Infelizmente, existem poucos exemplos de abordagem multidisciplinar
porque as pessoas não tem sido treinadas o suficiente em trabalhos científicos integrados,
dando margem ao surgimento de dificuldades de coordenação das atividades da equipe e,
8
até recentemente, tanto o governo quanto a estrutura educacional não haviam incorporado
essa visão e se preparado efetivamente para esse tipo de abordagem.
Porquanto que a abordagem realizada por uma equipe multidisciplinar é a mais desejável,
na maioria dos casos ela não é prática, uma vez que para se chegar à avaliação das AAS
torna-se necessário reportar-se aos dados existentes, e esses são específicos para cada
disciplina, historicamente coletados e não integrados. Considerando-se que o
financiamento para inventários e monitoramento tem se tornado cada vez mais escasso,
novas pesquisas integradas não serão facilmente conduzidas. Uma aproximação híbrida é
a mais provável de ser efetiva, onde uma equipe de especialistas colabora na integração
dos dados existentes, por disciplinas, e pesquisas interdisciplinares só são iniciadas
naquelas áreas onde há falta de informação. Os sistemas de gerenciamento dos bancos de
dados e do SIG são importantes ferramentas computacionais, úteis na integração dos
inventários dos recursos naturais.
A Abordagem Ecológica
Muito já se tem escrito sobre a abordagem ecológica de planejamento. A abordagem em
termos de ecosistema no planejamento tem sido primariamente concentrada nos sistemas
naturais sobre os quais tecnologia e atividades humanas tem sido superpostas.
Tecnologia, na maioria das vezes, produz fluxos não-cíclicos e subsistemas que na
maioria dos casos são considerados instáveis. A abordagem de ecosistema significa
considerar todos os aspectos do sistema natural, em termos de ganhos e perdas, e as
transformações e movimentos dentro do mesmo. O desenvolvimento dos programas de
conservação tem sido freqüentemente pensado como mecanismos compensatórios na
prevenção de fluxos não-cíclicos.
A maioria das tentativas de modelação ecológica tem sido comprovadamente complexa e
difícil, porque o conhecimento científico dos processos e relações de causa e efeito tem
sido insuficientes e de curto prazo. Estudos de longo prazo são necessários para melhor
medir essas mudanças e processos induzidos pelas atividades humanas. O desafio aos
9
cientistas ambientais é como isolar e comparar os efeitos dos processos naturais com as
mudanças e processos induzidos pelo homem. A controvérsia sobre a modelação das
mudanças climáticas é somente um dos muitos exemplos onde a complexidade envolvida
tem impedido se chegar a predições fidedignas. Devido a essas incertezas, muita ênfase
tem sido dada às estratégias de conservação como uma abordagem que assegura a
diversidade das espécies e a sustentabilidade dos sistemas que suportam a vida.
No livro “Desenhando com a natureza (1969), McHarg sugeriu que o uso e ocupação do
solo deveriam ser determinados pelos processos naturais. Ele propôs a mudança do
determinismo econômico pelo uso dos processos naturais como o fator determinante do
uso do solo. O foco deveria ser dirigido para aspectos como a qualidade inerente dos
sistemas, produtividade, desempenho do solo e possíveis riscos naturais, internos ou
externos. A abordagem de McHarg envolveu um inventário do ecosistema que se centrou
nos processos naturais, e usou um processo de sobreposição manual para chegar a
produtos representativos de geologia, topografia, solos, clima, recursos hidrológicos e
vegetação. O processo de sobreposição manual, contudo, consumia muito tempo e as
múltiplas camadas tornavam-se muito complexas e difíceis de serem visualizadas
claramente. O método necessitava de um grande número de dados, e o resultado nunca
atingia às expectativas dos departamentos de planejamento. Entretanto, esse conceito, que
focalizava nos processos naturais, relacionados com a qualidade do solo e da água, ciclo
de nutrientes, produtividade, performance, diversidade de espécies e os riscos naturais
(enchentes, deslizamentos, etc.) continuam até hoje a ser os aspectos que devem ser
levados em conta. O acesso às técnicas do SIG fez com que se superasse algumas das
limitações e problemas encontrados por McHarg, e sua abordagem deverá cada vez mais
encontrar novas aplicações no gerenciamento e planejamento ambiental.
A Abordagem Ecológica no Contexto Socio-econômico
Para que as análises AAS sejam mais úteis, as considerações não devem ser somente em
relação aos processos ecológicos, mas também aos processos sócio-econômico e políticos
que governam o uso dos recursos naturais. Essa abordagem inclui os processos de tomada
10
de decisão, ética, e valores da comunidade. As considerações ecológicas incluem a
identificação e definição dos recursos únicos, em perigo e altamente valorizados,
estratégias de longo prazo para proteção desses recursos, e manutenção e atualização de
bancos de dados. As considerações legais envolvem a jurisdição entre agências
governamentais, os direitos públicos de área comum e da ecologia, estabelecendo padrões
e assegurando que os regulamentos sejam aplicados de maneira justa e em todos os níveis
institucionais. Finalmente, as considerações políticas devem incluir a possibilidade de
aceitação política em todos os níveis de governo, e o equilíbrio das pressões
desenvolvimentistas, assegurando-se financiamento adequado para a proteção ambiental
e envolvimento constante do público nos processos de tomada de decisão.
Nessa abordagem combinada, sugere-se que qualquer plano de AAS deve ser legal,
política e financeiramente aceitável para que seja implementado com sucesso. O plano
deve, portanto, ser integrado à estrutura socio-econômica da municipalidade.
Muitos componentes de um ecosistema não podem ser medidos em termos da economia
de mercado, mas eles são essenciais ao funcionamento do sistema natural. Os métodos e
modelos necessitam, portanto, evoluir das análises econômicas de custo/benefício etc.,
para métodos e avaliações híbridas que permitam a incorporação dos valores relacionados
aos aspectos ambientais. Avaliações de múltiplo peso e atributos múltiplos são modelos
que permitem comparações entre indicadores do meio ambiente econômicos e nãoeconômicos. As opções de desenvolvimento são comparadas não somente em termos
econômicos, mas também em termos de suas funções ecológicas, de conservação e de
saúde ambiental.
O ABC da Análise de AAS
O método de planejamento e a pesquisa ABC dos recursos tem uma aproximação
holística por considerar as características biofísicas e os processos do meio ambiente
tanto quanto as atividades de uso do solo e outros processos culturais que resultam em
mudanças ambientais. Este método foi desenvolvido na Universidade de Waterloo
11
durante uma pesquisa para identificar as áreas ambientalmente significativas na região do
Yukon, no Canadá. As informações físicas (Abióticas), biológicas (Bióticas) e culturais
(C) são coletadas e analisadas por uma equipe composta por membros de diversas
disciplinas. As informações são interpretadas para produzir mapas ABC com as áreas de
terreno identificadas em relação à sua importância ou restrições ambientais.
A importância ambiental é medida em termos de valor dos recursos para a manutenção
dos processos ecológicos, suporte da vida animal e vegetal, ou patrimônio cultural.
As restrições ambientais incluem sensibilidades biofísicas, riscos geológicos e conflitos
de uso do solo.
A Figura 1 ilustra a abordagem ABC, que incorpora um número progressivo de dados
integrados a cada passo. Exemplos de tipos de fonte de dados são apresentados na Tabela
1. As fontes de dados, inclusive as características e processos biofísicos e culturais são
analisadas e interpretadas usando um conjunto de índices ou critérios para definir as
parcelas de área de importância ambiental ou restrições ambientais. Os mapas
componentes ABC são então combinados para produzir mapas sumários da importância
ambiental ou restrições ambientais. Os mapas de importância ambiental são usados em
conjunto com os mapas de restrições, para produzir uma proposta de gerenciamento que
preserve os valores dos recursos, ao mesmo tempo permitindo o uso apropriado dos
recursos. O desenvolvimento da proposta de gerenciamento deve considerar as políticas,
regulamentos, e leis vigentes, e deve estar de acordo com os atributos das AAS com o
arranjo institucional mais adequado para o gerenciamento.
(Space FIGURA 1)
12
TABELA 1. TIPOS DE FONTES DE DADOS A SEREM CONSIDERADOS NA
METODOLOGIA ABC DE PESQUISA DE RECURSOS
ABIÓTICAS
Características
•
estruturais ou •
morfológicas
•
•
•
•
Processos
Funções
ou •
•
•
•
•
BIÓTICAS
Formações
•
•
Declividade
Relevo
•
•
Drenagem
•
Padrões
Regime
de •
umidade
•
Erosão
Avalanche
Deslizamento
Água
subterrânea
Recarga
•
•
Comun. de vegetação
Composição das espécies
Cobertura
Idade
Vida silvestre
Usos por habitats
Adequação dos habitats
CULTURAIS
•
•
•
•
Produtividade das plantas
•
Vida silvestre: criação,
alimentação, migração
•
•
•
Uso
do
solo
passado e presente
Sítios históricos e
arqueológicos
Rotas
de
transporte
Assentamentos
humanos
Zoneamento de
uso do solo
Transporte
Corredores
Arcabouço
institucional
Considerações nas Avaliações das AAS
Escala
Regional
1:20.000 até 1:50.000
Local ou urbana
1:500 até 1:5.000
Tipos de Dados
Dados físicos
!
!
Mapa da base topográfica
Solo, geologia, materiais de superfície
13
!
!
Riscos geológicos e linhas de cheia
Levantamento dos recursos hidrológicos e corpos d’água
Dados biológicos
!
!
!
!
Inventários de vegetação
Habitat e distribuição da vida animal silvestre
Recursos de pesca
Áreas de pântano
Dados culturais
! Características históricas e arqueológicas
! Uso do solo
! Zoneamento
! Áreas de recreação e paisagens significativas
Critérios para Análise de AAS
Biofísico
!
!
!
!
!
!
!
!
Tamanho/forma
Risco geológico potencial/sensibilidade do terreno
Diversidade: comunidades de vegetação, formação geológica, flora , fauna
Raridade/excepcionalidade: espécies, comunidades, formações geológicas
Posição geográfica ou proximidade
Fragilidade / vulnerabilidade
Representatividade
Estado natural
Biológico
!
!
!
!
!
Cultural
!
!
!
!
!
!
Produtividade
Importância ecológica ou função
Dependência de habitat da fauna
Suscetibilidade a incêndio
Conectividade
Valor educativo
Valor científico
Saúde pública e segurança
Valor estático ou apelo intrínseco
Excepcionalidade histórica ou significação
Valor comunitário
14
Delineação e Integração das Áreas
!
!
Sobreposição dos mapas componentes ou
Delineação das unidades de área
- baseada em características comuns
- baseada em características selecionadas
Classificação das Áreas Delineadas
!
!
!
Classificação supervisionada
Classificação sem supervisão
Híbrida
Sumário
A abordagem convencional determina a classificação das características ambientais em
mapas individuais, e usa-se a sobreposição manual de mapas para se chegar a uma
avaliação integrada das AAS. Hoje em dia, isso pode ser feito de uma forma mais efetiva
e objetiva usando-se SIG. A sobreposição e o processo de busca está bastante facilitado,
as análises e atribuições de valor podem ser feitas dentro de um sistema
computadorizado, e os resultados da integração podem ser mostrados rapidamente, em
várias e inovadoras formas. A criação de um banco de dados integrados e georeferenciados é a chave para a boa avaliação das AAS.
O dilema dos planejadores é que a compreensão total dos processos ambientais é
extremamente desejável, mas tendo em vista a complexidade e o tempo necessários para
tal entendimento, muitas vezes fica mais expediente identificar as áreas sensíveis com um
entendimento relativamente precário dos processos. Nesse caso, o desenvolvimento da
área deve ser redirecionado até que haja tempo para o estudo e entendimento detalhado
dos processos.
4. Sistemas de informação geo-referenciados
15
As técnicas de SIG permitem analisar e demonstrar os dados espacialmente referenciados
de uma maneira flexível e inovadora. Essas técnicas são bastante adequadas para as
avaliações das AAS e podem servir como ferramentas de integração para dados
complexos e problemas interdisciplinares, com múltiplas soluções e opções.
As técnicas analíticas do SIG que são mais úteis na avaliação das AAS incluem:
!
Questionamento
!
Sobreposição
!
Re-classificação e generalização
!
Análise de vizinhanças
!
Estabelecimento de áreas de proteção
!
Análise de redes
!
Modelação e desenvolvimento de cenários
Modelação e desenvolvimento de cenários é um dos aspectos facilitados pelo SIG. A
modelação feita com o SIG, ou dentro de uma base de dados ou outro software e o
software SIG, é utilizada para demonstrar os resultados dos cenários e a elaboração de
análises espaciais.
(Space FIGURA 2)
4. Desenho de sistemas de gerenciamento de banco de dados
Funções
!
Assegurar a integridade dos dados
!
Assegurar a consistência dos dados
!
Reunir os dados de atributos em um só lugar
!
Organizar os dados
16
!
Analisar os dados
!
Processamento automático dos dados
!
Integração com o SIG
Características
!
Abrangência dos dados a serem incluídos (alguns ou todos?)
!
Múltiplos usuários / usuário individual
!
Distribuição do sistema de gerenciamento do banco de dados
!
Sistema stand-alone / requisitos run time
!
Modelo de dados (sistema de gerenciamento de banco de dados relacional / sistema
de gerenciamento de banco de dados orientado por objeto )
!
Dicionário dos dados
Usuários
!
Somente leitura / leitura e escrever
!
Gerente de banco de dados
!
Provedores dos dados
!
Analisadores dos dados
5. Avaliação das AAS : estudo de caso, cidade de Langley, BC, Canadá
Um inventário e avaliação das AAS foi realizado na cidade de Langley, BC, Canada. A
avaliação incluiu toda a cidade e uma zona de proteção de um quilometro nas direções
leste e oeste dos limites da cidade cobrindo, no total, uma área de 36.340 ha.
Meta e Objetivos
A meta geral do estudo foi identificar e avaliar as AAS na cidade de Langley, BC. Os
objetivos específicos foram:
1. delinear as AAS na área toda da cidade de Langley em mapas na escala de 1:20.000
2. documentar as características das AAS delineadas
17
3. avaliar a sensibilidade e importância usando critério estabelecidos
4. preparar as informações do inventário em formato de computador usando o sistema
SIG e atributos das áreas num banco de dados
5. fazer recomendações para opções de gerenciamento
Arcabouço e Abordagem
O arcabouço utilizado nesse estudo foi uma modificação do método de inventário de
recursos ABC descrito anteriormente. Este método considera uma vasta quantidade de
informações ambientais que são agrupadas em características físicas (Abióticas),
biológicas (Bióticas) e culturais (C) da paisagem. As características ambientais ou
processos considerados estão listado abaixo sob os cabeçalhos abióticas, bióticas e
culturais. O arcabouço está descrito na Figura 1.
Características e processos considerados em uma avaliação de AAS
Para a avaliação da sensibilidade ou importância das áreas é importante considerar as
seguintes características ou processos:
ABIÓTICOS
BIÓTICOS
CULTURAIS
Formação geológica
Cobertura vegetal
Sítios arqueológicos
Drenagem
Habitat de peixes
Sítios históricos
Tipos de solos
Habitat de vida silvestre
Zoneamento de ocupação
Linha de cheia
Mapeamento do habitat de pássaros e
Áreas de paisagem significativa
outros animais silvestres
Erosão
Distribuição de susceptibilidade
Susceptibilidade a terremoto
Espécies raras e em extinção
Aqüíferos
Comunidade bióticas
Recreação
Tabela 2. Exemplo de fontes de dados para o inventário das AAS
18
Tipo de dado
Fonte potencial dos dados
abióticos
Topografia, formação geológica, rede de drenagem
Mapas topográficos, 1:20.000
Geologia superficial, tipo de solo, textura de solo
Mapas de solos, 1:25.000
Susceptibilidade a erosão
Potencial de erosão de superfície, 1:25.000
Susceptibilidade a terremotos
Sensibilidade do solo a tremores de terra, 1:50.000
Enchentes nos últimos 200 anos
Mapas das linhas de cheia
Aqüíferos
Mapas de solos 1:25.000
Susceptibilidade a contaminação dos aqüíferos
bióticos
vegetação
Fotografias aéreas, 1:10.000
Mapas de cobertura vegetal/uso do solo 1: 10.000
Inventario da vegetação de várzea
Distribuição de pássaros e habitat
Contagem de pássaros, pesquisa com caçadores,
programas de criação
Distribuição de peixes e habitat
Inventario dos habitat de peixes
Mapas dos habitats ao longo das margens
culturais
Sítios arqueológicos ou históricos
Inventario dos sítios tombados
Inventario dos edifícios tombados
Avaliação visual
Fotos aéreas
Mapas de cobertura vegetal e uso do solo, 1:10.000
Uso do solo
Mapa de uso do solo, 1:10.000
Linhas principais de abastecimento de água e
Mapas cadastrais de água e esgoto
coletores de esgoto
Coleta e análise dos dados dos recursos ABC
Alguns dos dados para as características ABC estavam disponíveis, por exemplo mapas, e
puderam ser digitalizados diretamente dentro do SIG. Outras informações necessitaram
ser interpretadas e modificadas, e em muitos casos não havia uma base comum de
19
informação ou aquela que existia não estava atualizada. Nesses casos, informações
adicionais foram coletadas através de interpretação de fotos aéreas e levantamento de
campo. O banco de dados foi desenhado de forma a acomodar e integrar os dados
sumarizados e para servir como base para a avaliação do SIG.
As áreas potenciais para designação de AAS foram delineadas através da revisão e
sintetização de materiais publicados – mapa e relatórios – que continham informação
sobre as características naturais de captação. Pessoas trabalhando com agências
governamentais e com a universidade foram também consultadas para a obtenção de
dados que eventualmente não chegaram a ser publicados. Além disso, pessoas da
comunidade forneceram informações sobre áreas que eles consideravam deveriam ser
designadas AAS.
Revisão das informações existentes
Os relatórios e mapas utilizados para a avaliação estão listados na Tabela 2. Informações
existentes foram a fonte primária de dados para designar as AAS. Essas informações
existentes foram complementadas pela coleta de dados adicionais sobre a vida animal
silvestre, pássaros, vegetação e características visuais.
Características abióticas:
Riscos geológicos
Os riscos geológicos considerados na avaliação incluíram:
!
Áreas susceptíveis a enchentes, conforme marcado nos mapas de linha de cheia dos
últimos 200 anos
!
Susceptibilidade a terremotos, baseada no tipo de solo e textura, materiais
superficiais, e profundidade do lençol freático
!
Solos susceptíveis a erosão, baseado no tipo de solo, topografia, declividade,
cobertura vegetal, e a quantidade e intensidade de chuvas.
20
Um mapa sobre a fragilidade do aqüífero foi produzido, onde se delineou todos os
materiais de superfície que retém uma grande quantidade de água subterrânea, suprem as
fontes e poços com água essencial para consumo e fluxo dos regatos. A cidade tem
extensos depósitos de pedregulhos que são excelentes fontes de água subterrânea.
Entretanto, devido a camada de solo superficial ser muito fina e a natureza grossa da areia
e dos depósitos de pedregulhos, eles são extremamente vulneráveis à contaminação pelas
atividades de uso do solo, inclusive agricultura e sistemas sépticos.
Todos os cursos d’água foram identificados como importantes e com características
físicas de alta sensibilidade.
Características bióticas
Distribuição de peixes e habitat
Os cursos d’água foram também considerados como importante habitat de peixes, uma
vez que a maioria dos regatos e riachos na cidade são importantes para a criação de
peixes e contêm áreas críticas para migração e desova de salmonídeos e não-salmonídeos.
Foi considerada essencial a manutenção de padrões de excelência para a qualidade de
água devido a proteção das populações e habitat de peixes. Informações sobre a
distribuição dos peixes foi obtida através do Ministério da Pesca e Oceanos, Ministério
do Meio Ambiente, Parques e Solos, e de pesquisadores da UBC. Os sistemas de riachos
e regatos foram divididos em segmentos de forma a mostrar a distribuição dos peixes. O
habitat ao longo das margens foi incluído nos mapas, de acordo com a disponibilidade de
informações.
Vegetação natural
As áreas com vegetação natural foram identificadas e delineadas em fotos aéreas em
escala maior (1:10.000), utilizando como unidade mínima de mapeamento 2 ha. A
vegetação foi dividida em cinco categorias:
!
Floresta deciduous
!
Floresta de coníferas
!
Floresta mista de deciduous e coníferas
21
!
Campos antigos e arbustivas
!
Várzea
Para verificar a designação dos tipos de vegetação, os mapas gerados pelas fotos aéreas
foram conferidos em visitas de campo, sempre que possível.
O mapeamento da vegetação foi usado para analisar as áreas naturais significativas e para
interpretar a importância das áreas para o habitat da vida silvestre, especialmente nas
áreas onde observação da vida animal não era possível. Foi levado em consideração o
grau de acessibilidade de áreas maiores de vegetação natural como potencial corredor
para animais silvestres.
Pássaros e outras espécies silvestres
A distribuição de pássaros tem sido usada como um indicador da vida silvestre.
Informações sobre pássaros, obtidas de conhecidos naturalistas, a partir de rápida
pesquisa sobre a criação de pássaros (ninhos), de observações direta de pássaros e de uma
estimativa de sua diversidade num dado habitat foram organizadas por membros da
equipe de projeto. Os pássaros foram identificados em 32 áreas e agrupados em 4
categorias: predadores, cantantes (passarinhos); aquáticos, e espécies da “lista azul”
(vulneráveis). Informações sobre mamíferos, anfíbios e répteis foram também
compiladas.
O Ministério responsável pela vida silvestre vem desenvolvendo duas listas: a “lista azul”
e a “lista vermelha” para pássaros e mamíferos que são considerados: sensíveis /
vulneráveis (azul) ou ameaçados (vermelha). As espécies que aparecem no manancial
foram identificadas e seu habitat delineado.
Os dados sobre pássaros foram reunidos e organizados para fornecer um índice de valor
da vida silvestre, flexível o bastante para considerar a qualidade relativa da informação
obtida por diferentes observadores. Uma pontuação global do habitat pode ser derivada
do número total de espécies de pássaros observadas ou encontradas com ninhadas na
22
área. Foram definidas três faixas: baixa – 0 a 50 , média – de 51 a 100 ; e alta – > 100 ,
de acordo com a gama total de espécies.
Um procedimento semelhante pode ser aplicado a mamíferos e répteis caso haja dados
suficientes disponíveis. O habitat que é considerado importante para espécies vulneráveis
(> 5 na lista azul) recebeu uma designação especial.
Para fornecer informações mais detalhadas do porquê diferentes áreas podem ser
importantes para a vida silvestre, os dados sobre pássaros foram divididos em pássaros
predadores (gaviões, águias e corujas), pássaros aquáticos (galinhas d’água, patos, cisnes,
gaivotas, etc.), passarinhos (pássaros de canto) e a lista azul (vulnerável) de espécies.
(Tabela 3).
Pássaros predadores foram tratados como grupo especial uma vez que eles ocupam o topo
da cadeia de alimentação e são os mais afetados pelos contaminantes persistentes
(indicadores da saúde do habitat) e necessitarem relativamente grandes áreas para caçar.
Os pássaros aquáticos, passarinhos, outras categorias significantes e da lista azul foram
considerados separadamente. Por exemplo, o grupo total de passarinhos foi considerado
separadamente porque um grande número de pássaros de canto indica uma rica
diversidade de vida silvestre no habitat.
Tabela 3
Categoria do pássaro
Número total na categoria
Baixa
Média
Alta
Predadores
22
1-5
6-10
11-22
Aquáticos
50
1-10
11-25
26-50
Passarinhos
82
1-25
26-50
50-82
Lista Azul
16
1-2
3-5
6-16
Características culturais
23
Qualidade Cênica e Vulnerabilidade Visual
A avaliação da qualidade visual da cidade incluiu uma avaliação da qualidade cênica e da
vulnerabilidade visual da paisagem. A cidade foi inicialmente mapeada em unidades com
paisagens características, determinadas a partir de características semelhantes em relação
ao aspecto do terreno, cobertura vegetal, e modificações feitas pelo homem. Essas áreas
foram então classificadas pelas suas qualidades cênicas, usando a teoria básica que foi
mostrada como a mais provável de predizer a preferência do público (Escritório de
Manejo de Áreas dos EUA). As áreas foram também classificadas pela sua
vulnerabilidade visual ou sua capacidade de incorporar modificações sem perder sua
atual qualidade visual. Cada característica da paisagem foi classificada como alta, média
e baixa, para vulnerabilidade visual e qualidade cênica.
Examinar as qualidades cênicas envolve a predição de quais áreas serão preferidas pelo
público. Dois atributos das qualidades cênicas da paisagem são avaliados: qualidade
cênica ou preferência e vulnerabilidade visual. A escala de classificação tem três classes:
alta, média e baixa. A maior parte do manancial é altamente cênica, e sua classificação
foi dada em relação aos cenários do manancial e não em relação à região em geral ou a
uma área maior. Isto significa que as outras áreas que foram classificadas como altas
representam as áreas mais cênicas do manancial. As áreas que foram consideradas médias
representam uma variedade de cenários, alguns dos quais altamente cênicos mas não na
maior classificação do manancial. As áreas consideradas com baixa qualidade cênica não
são necessariamente degradadas em termos de cenários, mas são relativamente menos
cênicas do que aquelas classificadas como médias.
Qualidade cênica em uma paisagem natural é uma função da intensidade com que as
características da paisagem são expressas, a variedade visual da paisagem, a presença ou
ausência da “naturalidade” expressa na vegetação e corpos d’água, e as formas e graus
em que a paisagem tenha sido visivelmente modificada pelas intrusões humanas ou
culturais. Essas áreas de paisagem que tem a alto grau de “integridade original” (intactas)
24
foram classificadas como tendo altos valores cênicos. “Integridade natural” é a
integridade visual dos sistemas naturais e feitos pelo homem que compreendem a
paisagem, e sua liberdade (independência) dos elementos superpostos ou encrustados.
Adicionalmente, as paisagens que são altamente visíveis são classificadas como tendo
maior valor para proteção do que aquelas que são vistas por número menor de pessoas.
Vulnerabilidade visual é uma função da habilidade que uma unidade de paisagem tem de
absorver mudanças e desenvolvimento sem perder seu caracter visual. Esta característica
é uma função das formações terrestres e da cobertura da área. Áreas planas e densamente
arborizadas tem uma grande capacidade de absorção visual em relação a áreas abertas ou
íngremes que são, portanto, consideradas mais vulneráveis visualmente.
Características Históricas e Arqueológicas
As características históricas são categorizadas em três grupos principais: lugares
históricos, caminhos históricos, e sítios arqueológicos. Lugares históricos incluem: casas
de grandes fazendas, velhos fortes, características naturais (tais como velhas árvores
plantadas) e algumas igrejas históricas. Caminhos históricos incluem velhas estradas de
ferro, estradas, e rotas fluviais e portos. Áreas arqueológicas incluem antigos cemitérios
das primeiras nações e velhas moradias.
Processo de consulta ao público
O público foi convidado a nomear os lugares que eram considerados de valor ou sensíveis
em termos de meio ambiente, e as pessoas forneceram informações valiosas, nunca
publicadas anteriormente, sobre as áreas naturais do manancial. Três reuniões públicas
foram realizadas para discutir o desenho do estudo e para receber informação sobre os
lugares nomeados. Aproximadamente 50 lugares foram nomeados, incluindo córregos
d’água, várzeas, áreas naturais importantes, áreas sensíveis ao desenvolvimento, e
características históricas.
25
Os mapas componentes foram apresentados durante a terceira reunião pública, e criaram
uma oportunidade para estimular comentários sobre os tipos de características incluídas
no inventário, bem como para fornecer informação adicional sobre áreas que o público
considerava deveriam ser incluídas.
A participação do público na designação das áreas sensíveis ambientalmente foi crítica
para definir o sucesso do projeto, e importante para aumentar o conhecimento existente
sobre o manancial.
Critérios para a análise de AAS potenciais
Foi identificado na literatura disponível um certo número de critérios que são usados
freqüentemente para avaliar áreas naturais ou áreas ambientalmente sensíveis. Os
critérios para este estudo foram selecionados para avaliar as características naturais e
culturais e as funções ecológicas das AAS potenciais. Os critérios que foram escolhidos
para este estudo estão listados na Tabela 4, e foram formulados como questões como se
indica abaixo. Os critérios foram usados para avaliar cada AAS potencial. Os exemplos
citados abaixo como respostas às questões são somente ilustrativos, e não incluem todas
as possibilidades que poderiam ser encaixadas sob o referido critério.
Critérios como questões
1. Saúde Pública
A saúde pública é ou pode ser afetada por essa área?
Por exemplo, nitratos na água subterrânea afetam a qualidade da água dos poços e podem
eventualmente afetar a saúde pública.
2. Importância Cultural
Essa área contem paisagens ou características culturais que são importantes para a
comunidade?
Por exemplo, um mosaico de campos cultivados é uma característica paisagística cultural
que contribui para o caráter rural da cidade e é considerada importante pela comunidade.
26
Uma vista cênica do topo de um vale ou colina pode ser valiosa para a comunidade. Uma
área de recreação (não os parques ou praças oficiais) pode também ter significado
cultural.
3. Importância patrimonial
Essa área contem alguma característica histórica ou sítio arqueológico?
Áreas que têm sítios arqueológicos ou características patrimoniais históricas são áreas
potenciais para preservação.
4. Risco geológico potencial
Existem riscos geológicos ou outros riscos potenciais que fazem com que a área seja
sensível à modificação provocada pela ocupação?
Encostas íngremes e solos passíveis de erosão são exemplos de riscos geológicos
potenciais. Uma planície de inundação é a área de acúmulo de água durante os períodos
de alta do rio, e é uma área importante na manutenção da segurança pública.
5. Raridade / Presença única
Abiótica: a área designada é ou contem um aspecto do terreno (landform) que é único ou
raro na cidade?
Biótica: a área designada contem comunidade de plantas ou complexos de comunidades
que são raros ou únicos, ou espécies que são raras ou incomuns na escala local, regional
ou provincial?
Uma grande área com características que são raras ou incomuns na cidade deve ser a
mais valorizada.
Áreas que contêm espécies incomuns podem ser áreas prioritárias para preservação.
6. Tamanho
A área é grande em relação às áreas com características similares?
Em geral, as áreas maiores podem sustentar um maior número de espécies do que as
menores. As áreas maiores também podem abrigar espécies com maiores exigências em
termos de espaço. Por exemplo, uma grande área florestada pode ser suficiente para
27
sustentar populações de grande mamíferos, enquanto que uma área menor não poderia.
Várias áreas pequenas próximas ou ligadas podem também sustentar uma maior
abundância de espécies.
7. Localização
A área é contígua a outras áreas com grande valor ecológico?
Uma única área geográfica que contem diversos ecosistemas é considerada mais valiosa
do que aquelas em que os ecosistemas estão separados por grandes distâncias.
8. Conectividade (Contigüidade)
A área conecta duas ou mais áreas naturais e portanto poderia se tornar em um corredor
potencial para a vida silvestre?
Pequenas áreas naturais ou florestadas ligadas a áreas naturais maiores podem se tornar
corredores potenciais para a vida silvestre.
9. Fragilidade
A área é sensível a distúrbios provocados por atividade humanas no local?
Exemplo de distúrbios provocados por atividades no local incluem: compactação de
superfície (atividade de construção de edifícios e trilhas), remoção de vegetação, remoção
de solo, inundação e fogo. Uma área pode ser sensível à poluição da água subterrânea
causada por sistemas sépticos devido a um aumento na densidade das moradias
(urbanização densificada). Aumento do uso recreativo da área pode resultar na
diminuição do uso da área pelas populações mamíferas.
A área é sensível a distúrbios provocados pelas atividade humanas externas à área?
Exemplos de distúrbios externos incluem mudança no regime de run-off (drenagem da
água de chuva), poluição originada por atividades adjacentes de uso do solo, barulho,
remoção de vegetação adjacente, e fragmentação do corredor entre habitats.
10. Diversidade
A área tem um número grande de comunidades vegetais, ou espécies de pássaros,
mamíferos ou peixes dentro de suas fronteiras?
28
Uma área com um grande número de comunidades vegetais será mais importante para
preservação do que uma área com somente um tipo de vegetação. Uma área com diversas
comunidades vegetais provê habitat para uma variedade de espécies silvestres.
Uma área com um número grande de espécies silvestres será mais valiosa para
preservação do que uma área com poucas espécies.
11. Representatividade
A área contem ecosistemas que são representativos de áreas naturais no manancial ou
na região?
Algumas áreas podem representar importantes ecosistemas encontrados na cidade, mas
eles não contêm características inusuais tais como grande diversidade de espécies ou
raridade de espécies ou formações de terreno incomuns.
Tabela 4 . Critérios para Avaliação das Áreas de Terreno e a Designação de
Áreas Ambientalmente Sensíveis ou Importantes
ABIÓTICO
CULTURAL
IMPORTÂNCIA
SENSIBILIDADE
1. SAUDE PÚBLICA
*
*
*
2. IMPORT.CULTURAL
*
*
*
*
CRITÉRIO
BIÓTICO
VISUAL IMPORTANTE
3.IMPORT.
SITIO
PATRIMON.
ARQUEOLÓGICO
SÍTIO HISTORICO
4.RISCO
GEOLÓGICO
POTENCIAL
INUNDAÇÃO
DESLISAMENTO
*
*
SENS. A
TERREMOTOS
*
*
6. TAMANHO
*
*
*
*
7.
*
*
*
*
5.
RARIDADE/ÚNICO
FORMAÇÕES
DE
*
TER.
ESPÉCIES/HABITATS
LOCALIZAÇÃO
(ADJACÊNCIA)
8.
*
CONECTIVIDADE
(CORREDOR
DE
*
VIDA
SILVESTRE)
9. FRAGILIDADE
10. DIVERSIDADE
*
*
*
*
*
29
COMUNIDADE VEG. FAUNA
11. REPRESENTATIVIDADE
*
*
*
Mapas Componentes e Banco de Dados SIG
As características chave foram sumarizadas em cinco mapas que incluíram:
1. Riscos geológicos, incluindo planícies de inundação, materiais sensíveis a terremotos
e lugares sensíveis a erosão do solo;
2. Aqüíferos: recursos disponíveis de águas subterrâneas;
3. Cursos d’água, habitat de peixes, e distribuição das espécies de peixes;
4. Vegetação natural, incluindo várzeas, habitat de pássaros e fauna silvestre;
5. Avaliação visual, incluindo áreas cênicas e grandes visuais.
A informação espacial foi digitalizada usando o sistemas SIG e os dados topográficos na
escala 1:20.000 foram usados no mapa base.
Integração dos mapas componentes
Esses mapas componentes foram combinados em um processo de superposição de forma
a delinear polígonos que tenham pelo menos um/a característica ou processo de
importância ambiental.
Para reduzir o número de polígonos pequenos ou criados por áreas sobrepostas, as bordas
dos polígonos adjacentes foram dissolvidas de forma a criar uma única área com
características biofísicas similares.
Polígonos não-adjacentes que estão próximos e tenham as mesmas características
biofísicas forma agrupados sob uma única designação AAS.
30
As AAS forma designadas baseando-se nas características biofísicas. A facilidade ou
dificuldade de conservar as características biofísicas críticas, do ponto de vista de
engenharia ou perspectiva de tecnologia mais avançadas, não foram consideradas.
A ordem no processo de sobreposição para delinear as AAS foi o seguinte:
Características abióticas
•
Aqüíferos sensíveis
•
Planícies de inundação e materiais sensíveis a terremotos
•
Áreas com grande risco potencial de erosão ao longo dos cursos d’água, e outras
áreas grandes com grande potencial de erosão de solos
Características bióticas
•
Todos os sistemas de riachos e córregos foram delineados e divididos em unidades
baseadas em:
Distribuição das espécies de peixes
Mudança de topografia
Mudança de vegetação adjacente
Bordas do manancial
Um cinturão (buffer) foi delineado à volta dos sistemas de córregos de acordo com as
determinações do Ministério de Pesca e Oceanos / Ministério do Meio Ambiente, Parques
e Terras. No caso de várzeas ou florestas significativas adjacentes ao sistema de córregos
ou bancas dos rios, elas foram incluídas nas unidades.
•
Grandes áreas de vegetação natural, não adjacentes aos sistemas de cursos d’água
foram definidas por seu papel na provisão de habitat para os pássaros e vida silvestre,
corredores de vegetação para conexão, e espaços verdes urbanos.
Características Culturais
•
Algumas áreas foram delineadas baseando-se nas unidade de caráter paisagístico
•
Todas as demais unidades foram definidas a partir de considerações de gerenciamento
relativas aos impactos adjacentes na qualidade visual, qualidade e fluxo da água, vida
silvestre, oportunidades de recreação, e considerações gerais sobre o lugar em termos
de drenagem e uso do solo prevalente.
31
Em geral, quando uma área aparecia com diversas características que atendiam aos
diversos critérios para sua designação AAS , a borda externa foi utilizada para incluir
todas as características dentro da AAS.
Designação das AAS
Uma variedade de características e processo são descritos pelos critérios acima. Para
avaliar o valor ecológico de uma dada área e sua sensibilidade em relação a distúrbios
relacionados a outras áreas no manancial, é necessário um esquema de classificação.
Utilizando um sistema parecido com a avaliação de AAS do município vizinho de Surrey
foi proposto um sistema de categorização em três áreas.
Área Ambientalmente Sensível - AAS 1
Áreas que recebem a designação 1 contêm o maior número de características ou
processos ecológicos de importância, ou os que são os mais susceptíveis a serem
perturbados. O distúrbio ou destruição das área resultaria em perda da biodiversidade,
distúrbio de sua função ecológica, ou colocaria em risco a saúde pública da cidade de
Langley. A área atende um dos critérios críticos de:
•
Saúde pública
•
Raridade/ É único
•
Fragilidade
ou atende a quatro ou mais critérios que indicam importância das características ou
processos ecológicos. A interrupção dos processos naturais pode resultar que a área não
ser recupere a não ser a longo prazo (por exemplo, 100 anos ou mais). Por exemplo, esta
categoria inclui aqüíferos, cursos d’água permanentes, várzeas, e grandes áreas
preservadas que contêm uma grande diversidade de espécies.
Exemplos de Designação AAS 1
•
Aqüíferos
32
•
Cursos d’água permanentes
•
Várzeas
•
Grandes áreas naturais preservadas
Área Ambientalmente Sensível - AAS 2
As áreas que recebem a designação 2 contêm processos ou características ecológicas
importantes, ou são moderadamente susceptíveis a distúrbios ambientais. Distúrbios ou
destruição da área através do seu desenvolvimento resultam em redução na estabilidade
ecológica e na produtividade biológica, acarretam reduzido valor em termos de
amenidades, ou representam reduzida produtividade econômica na cidade. A área
preenche o critério de:
•
potencialmente sujeita a riscos geológicos
ou preenche três dos critérios indicativos de importantes características ou processos. A
interrupção dos processos naturais atuais poderia resultar na possibilidade da área não ser
recuperável a médio prazo(aproximadamente 50 anos ou mais). Por exemplo, solos
altamente passíveis a erosão, áreas de inundação, e grande áreas florestadas podem ser
incluídas nessa categoria.
Exemplos de áreas dentro da designação AAS –2
•
Solos altamente passíveis a erosão
•
Planícies de inundação
•
Grandes áreas naturais florestadas
Áreas Ambientalmente Sensíveis – AAS 3
As áreas que recebem a designação 3 contêm pelo menos uma característica importante
ou apresentam susceptibilidade a distúrbios. A área preenche um ou dois critérios que
indicam características importantes. Objetivos específicos de manejo devem ser descritos
para manter essas características da área,. Exemplos de áreas que poderiam receber essa
designação podem incluir terras dentro da Reserva das Terras de Cultivo da Província, e
outras pequenas áreas naturais dentro dos bairros.
33
É importante reconhecer que esses procedimentos definem sensibilidade ambiental em
termos de estabilidade física e função ecológica. O processo não leva em conta se a
tecnologia ou a engenharia pode prevenir ou mitigar o impacto do desenvolvimento. É no
estágio de planejamento do desenvolvimento que a habilidade de preservar as
características valiosas e sensíveis devem ser considerados.
Exemplos de áreas dentro da designação 3:
Áreas dentro da Reserva de Terras Agricultáreis
Pequenas área naturais dentro dos bairros.
Mapa AAS e a base de dados
A área de estudo foi dividida em unidades AAS, cada uma caindo dentro de uma das
categorias: AAS1, AAS2 ou AAS3 (Figura 3)
A cada área delineada foi dada um número de identificação (1-100). Algumas áreas tem
características e aspectos similares mas estão separadas por barreiras físicas ou usos do
solo diferenciados. Nesses casos, o mesmo número da AAS foi dado a diversas áreas
(polígonos).
A cada AAS foi atribuída uma categoria-tipo de AAS para caracterizar a área. Os tipos
de AAS incluem:
•
Aqüífero
•
Curso d’água
•
Várzea
•
Planície de inundação
•
Floresta
•
Erosão
•
Agricultura
•
Urbano
•
Vista
34
Os dados componentes (derivados das superposições), os dados relevantes e importantes
coletados em campo, as fotos aéreas, e a informação obtida através da nomeação de
lugares pelo público foram colocados em uma base de dados computadorizada. Essa base
de dados está ligada ao mapa das AAS através de um número de AAS. Foram preparadas
folhas-sumário dos dados para cada unidade mapeada.
(FIGURA 2. EXEMPLO DE MAPA MOSTRANDO AS DESIGNACOES FINAIS DAS
AAS: 1=ALTAMENTE SENSIVEL; 2= MODERADA; 3= BAIXA SENSIBILIDADE)
As folhas-sumário para cada AAS contêm uma lista de considerações sobre o manejo
para essa área específica. Não foram elaborados planos detalhados de manejo para cada
AAS.
As designações AAS podem ser visualizadas em mapas impressos convencionais (papel)
ou no computador (exposição SIG). A área AAS de interesse pode então ser identificada,
a base de dados pode ser usada, e um sumário de duas folhas listando os aspectos
essenciais das unidade AAS pode ser impresso. A informação contida em cada folha
sumário consiste em dados sobre formações de terreno, tipo de vegetação, registros de
vida silvestre, e recursos de pesca. Recursos adicionais sobre componentes das AAS são
também acessíveis na base de dados no computador. A base digital das AAS também
contem uma base de dados mais detalhada sobre pássaros e peixes.
SUMÁRIO DOS OBJETIVOS DE MANEJO E RECOMENDAÇÕES
A responsabilidade de implementação das recomendações sobre o gerenciamento e
manejo precisam reconhecer a divisão de autoridade entre as várias agências e níveis de
governo envolvidos. Para melhorar a cooperação entre os vários níveis de governo,
algumas modificações na legislação vigente podem ser cruciais.
35
1. Proteção dos recursos de água subterrânea
Sistema sépticos residenciais
•
Nas áreas de aqüíferos sensíveis, o uso de sistemas sépticos devem ser minimizados e
restringidos. O desenvolvimento dessas áreas deve prever conexão com o sistema de
esgotos da comunidade.
•
Intensificar as restrições para o desenho/projeto dos sistemas sépticos e zonear as
áreas de aqüífero de tal forma que os lotes individuais sejam grandes suficientes para
acomodar sistemas sépticos sem contaminar o aqüífero.
Práticas de agricultura
•
Reduzir o consumo dos pesticidas, fertilizantes e esterco e melhorar o gerenciamento
de seu uso nas áreas de aqüífero e próximo aos cursos d’água.
Quantidade de água nos aqüíferos
•
Determinar a capacidade de produção máxima dos aqüíferos, de forma a assegurar
um suprimento contínuo de água para todos os usuários enquanto mantendo níveis
adequados de fluxo nos riachos e rios, suficientes para a conservação dos peixes e
outros usos dos corpos d’água.
2. Proteção das planícies de inundação
•
Limitar o desenvolvimento nas áreas das planícies de inundação devido ao risco de
inundação e susceptibilidade a terremotos
•
Manter alto o nível de água nas várzeas e proteger a vegetação natural (de floresta e
de várzea) nas planícies de inundação através da restrição aos usos do solo para
agricultura e recreação de forma a preservar sua função ecológica e sua importância
para a vida silvestre.
3. Áreas sensíveis a erosão
•
Nas encostas acentuadas e íngremes susceptíveis à erosão do solo, manter a vegetação
natural de floresta, ou onde estas encostas foram desmatadas, o solo deve ser
recoberto com vegetação permanente o ano inteiro. Isto é particularmente importante
36
ao longo das margens dos riachos onde a siltagem pode ter efeitos negativos graves
sobre os peixes.
4. Proteção dos cursos d’água
•
Manter a qualidade da águas nos cursos d’água através da prevenção de contaminação
por substâncias prejudiciais penetrando nos canais principais dos riachos. Isto pode
ser conseguido através da implementação de desenhos de valas adequados ou
córregos efêmeros, utilizados para minimizar a entrada de produtos químicos ou silte
nos riachos e córregos permanentes.
•
Usar técnicas de retenção do silte nos terrenos onde esteja havendo construção e
controlar o sistema de drenagem urbano antes da descarga nos corpos d’água através
do uso de lagoas de retenção
•
Manter uma faixa de vegetação natural ao longo dos cursos d’água permanentes e
intermitentes, de acordo com as normas do Departamento de Pesca e Oceanos e do
Ministério do Meio Ambiente, Terras e Parques.
•
Restringir o acesso de gado aos cursos d’água de forma a evitar a adição de nutrientes
à água, a destruição da vegetação nas margens e o aumento da siltagem
•
Concentrar o desenvolvimento através de aumento de densidade em áreas críticas,
mas assegurando-se de que os riachos locais, as zonas riparias e outras características
ecológicas se mantêm preservadas.
5. Proteção do habitat dos peixes
•
Controlar a quantidade da água de drenagem de chuvas de forma a evitar a erosão dos
canais dos riachos e suas margens
•
Minimizar as modificações estruturais dos canais dos riachos colocando diques e
outras estruturas a uma distância suficiente das margens de tal forma que eles possam
continuar seus serpenteamentos ativos onde for possível
•
Projetar o cruzamento das ruas de forma a não criar barreiras à migração dos peixes
•
Proteger o habitat das espécies de peixe em perigo de extinção
6. Conservação das áreas naturais e do habitat da vida silvestre
37
Rede de espaços verdes
Manter uma rede de áreas naturais que possam oferecer habitat à vida silvestre,
corredores para o movimento das espécies nativas e espaços verdes.
•
Elaborar um inventário completo e abrangente das várzeas permanentes e sazonais
dentro da cidade e estabelecer prioridade de conservação para as várzeas e áreas
naturais. Uma rede de áreas naturais representativas e conectadas, correndo ao lado de
áreas utilizadas para agricultura, deve ser implementada ao invés de pequenas áreas
preservadas e isoladas entre si. Conservar a vegetação ao longo dos corpos d’água,
todas as várzeas, e os tipos de vegetação que são raros na cidade, tais como flores
silvestres, flores do campo, e árvores antigas.
Várzeas
•
Preservar as várzeas existentes através da minimizarão da drenagem, restringindo o
aterramento de várzeas permanentes ou sazonais, e manter uma faixa de vegetação
para proteção ao redor das várzeas.
•
Construir várzeas artificiais e reabilitar as várzeas que foram comprometidas são
medidas recomendáveis para prover habitat adicional para vida silvestre e para
funcionar como áreas de estocagem de água pluviais.
Habitat da vida silvestre
•
Todos os futuros planejamentos de vem procurar manter ou melhorar o tamanho e a
diversidade dos habitat de vida silvestre
•
As áreas que apresentam uma grande diversidade de pássaros são candidatas à
preservação
•
Pesquisas detalhadas adicionais sobre pássaros, vegetação e outras espécies nativas,
especialmente aquelas identificadas como em extinção, devem desenvolvidas para
informar o estabelecimento de prioridade de importância das áreas naturais para
conservação
•
Proteger o habitat ao longo dos córregos e criar passagens nos corredores de
transporte mais importantes e com tráfego mais intenso.
7. Qualidade visual
38
•
As áreas com qualidade visual que são mais vulneráveis de ter seu caráter visual
destruído pelo desenvolvimento devem ser protegidas quando houver discussão sobre
futuros desenvolvimentos e/ou ocupações.
8. Recuperação e reabilitação
A recuperação e reabilitação de áreas naturais que foram comprometidas deve ser parte
das estratégias gerias de gerenciamento.manejo da cidade de Langley. Essas áreas podem
incluir antigas áreas de extração de pedregulhos, várzeas comprometidas, terras marginais
utilizadas para agricultura, e bolsões fragmentados de florestas.
MODELAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PROPOSTAS
Uma vez que a base de dados ambientais abrangente está completa, é necessário medir o
ritmo das mudanças e desenvolver modelos para:
•
melhor entender como os ecosistemas funcionam, e
•
conseguir ter respostas à interferências dentro dos sistemas.
Isso pode ser feito através de simulação de modelagem e desenvolvimento de cenários.
Um sistema de informações ligado as SIG pode produzir vários cenários, que podem
então ser comparados usando análise de sensibilidade, método de múltiplos valores, etc.
Os sistemas de SIG que tem grande concentração de dados, são caros, complexos e fáceis
de usar são sistemas que precisam ainda ser desenvolvidos.
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áreas ambientalmente sensíveis - aas