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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Caroline de Oliveira
Guinaria Alves Pereira
Vaneila de Medeiros Ferreira
Viviane Gomes de Oliveira
Wdsom Rosa Gonçalves
QUEIMADURAS NA INFÂNCIA: CARACTERÍSTICAS E INTERVENÇÕES
PREVENTIVAS E CURATIVAS DE ENFERMAGEM
Governador Valadares
2008
1
Caroline de Oliveira
Guinaria Alves Pereira
Vaneila de Medeiros Ferreira
Viviane Gomes de Oliveira
Wdsom Rosa Gonçalves
QUEIMADURAS NA INFÂNCIA: CARACTERÍSTICAS E INTERVENÇÕES
PREVENTIVAS E CURATIVAS DE ENFERMAGEM
Monografia apresentada ao Curso de
Enfermagem da Universidade Vale do Rio
Doce - UNIVALE, como requisito parcial à
obtenção do título de graduado em
Enfermagem.
Orientadora: Patrícia Carvalho do Canto
Governador Valadares
2008
2
Caroline de Oliveira
Guinaria Alves Pereira
Vaneila de Medeiros Ferreira
Viviane Gomes de Oliveira
Wdsom Rosa Gonçalves
QUEIMADURAS NA INFÂNCIA: CARACTERÍSTICAS E INTERVENÇÕES
PREVENTIVAS E CURATIVAS DE ENFERMAGEM
Monografia apresentada em 18 de novembro de 2008, para a banca examinadora
constituída pelos examinadores:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Orientadora: Patrícia Carvalho do Canto
__________________________________
Profª: Eliane Maria de Oliveira
__________________________________
Enfermeira: Aline Valéria de Souza
3
Dedicamos este estudo a todas as crianças vítimas de
queimaduras que, mesmo nos momentos de dor mais
pungente, não perdem aquele olhar doce no horizonte cheio
de esperança em sua reabilitação.
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradecemos a Deus por ter nos dado a oportunidade de
estar no mundo.
Aos nossos pais e familiares, agradecemos todo o amor, carinho,
compreensão e respeito.
Aos amigos da Univale, que nos "aturaram” todos os dias. As pessoas que
também ficaram longe da família em busca de um ideal comum.
À nossa orientadora Patrícia do Canto, sem ela esse trabalho não
chegaria ao fim.
A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a concretização
deste sonho.
Para vocês, oferecemos este trabalho
Que os versos do dia-a-dia formem os mais belos poemas da poesia da
vida...
Muito obrigado a todos!
5
RESUMO
As queimaduras são alterações estruturais dos tecidos de grande relevância pública
no Brasil. Contudo, até hoje, existem poucas estatísticas disponíveis e satisfatórias
para orientar programas de prevenção e tratamento. O presente estudo examina os
tipos de acidentes domésticos e as características das queimaduras, em especial
nas crianças. As estratégias para redução da incidência do trauma térmico deveriam
atender a dois pontos principais: a eliminação de fatores de risco no próprio
ambiente e a implementação de programas educativos, veiculados principalmente
através de meios de comunicação como o rádio e a televisão. Utilizou-se como
método a pesquisa bibliográfica. Para análise da literatura científica procedeu-se
uma busca através de obras de divulgação em Enfermagem e publicações
periódicas indexadas nas bases de dados SciELO (Scientic Eletronic Library Online Fapesp). A análise realizada dos estudos possibilitou verificar que se faz necessário
refletir acerca da formação do profissional da enfermagem através de sua atuação
no caso das queimaduras e a realidade dos acidentes domésticos com crianças.
Palavras-Chave: Enfermagem. Criança. Queimadura.
6
ABSTRACT
Burnings are structural alterations of the tissues of great public relevance in Brazil.
However, even today there are few available and satisfactory statistics to orient
prevention and treatment programs. This study exams all kinds of domestic accidents
and the characteristics of the burnings, especially in children. The strategies to
reduce the incidence of thermal trauma should take care of two main points: the
elimination of risk factors in the environment itself and the implementation of
educational programs, broadcasted mainly through the means of communication as
the radio and television. The bibliographic research was used as the method. For the
analysis of the scientific literature a search was carried out through spreading works
in nursing and periodic publications based on the data bases SCIELO (Scientific
Eletronic Library Online – Fapesp). The analysis carried out about the studies made
it possible to verify that it is necessary to reflect upon the formation of the
professional of nursing through his performances in cases of burnings and the reality
of domestic accidents with children.
Key words: Nursing. Child. Burning.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................
8
CAPÍTULO 1: PELE E QUEIMADURAS............................................................
13
1.1 ESTRUTURA DA PELE.................................................................................
13
1.2 CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS......................................................
14
1.3 TIPOS DE QUEIMADURAS..........................................................................
15
1.4 EXTENSÃO...................................................................................................
16
CAPÍTULO
2:
QUEIMADURAS
EM
CRIANÇAS
E
O
PAPEL
DA
ENFERMAGEM.....................................................................
18
MEDIDAS
E
ASSISTÊNCIA EMPREGADAS
NAS
QUEIMADURAS.......................................................................
3.1 MEDIDAS A SEREM TOMADAS CONFORME O AGENTE CAUSADOR
28
CAPÍTULO3:
DA QUEIMADURA......................................................................................
33
3.2 MITOS E VERDADES NOS CUIDADOS IMEDIATOS ÀS QUEIMADURAS
33
CAPÍTULO 4: MEDIDAS PREVENTIVAS..........................................................
35
CONCLUSÃO......................................................................................................
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................
41
8
INTRODUÇÃO
A queimadura é toda e qualquer lesão produzida pela ação curta ou
prolongada de temperaturas extremas no tecido de revestimento presente no ser
vivo, denominado pele, podendo atingir mucosas, músculos, vasos sanguíneos,
nervos e ossos. As queimaduras podem ser superficiais ou profundas e estão
classificadas de acordo com a gravidade, pelo grau da lesão e pela extensão da
área atingida. São geralmente provocadas por agentes físicos e químicos.
Segundo Deliberato (2001) pode ser leve, superficial, moderada ou pode
ser uma queimadura crítica causando grande risco de vida se acometer mais de
10% da área corporal de uma criança. Ainda de acordo com o autor as queimaduras
são bastante freqüentes em crianças as quais podem se queimar, brincando com
fósforos, ao encostarem-se em aparelhos quentes, no fogo ou fogão ou até mesmo
serem queimadas pelo sol, produtos químicos ou certos animais e vegetais.
Segundo a SBQ - Sociedade Brasileira de Queimaduras, os agentes
físicos têm origem no frio ou no calor, através de condução - troca de calor que
acontece entre corpos em contato - ou de radiação eletromagnética - troca de calor
que se produz através de ondas eletromagnéticas entre corpos com diferentes
temperaturas. Os agentes químicos são provocados por produtos corrosivos que
podem ser bases fortes ou de origem ácida. As queimaduras térmicas podem ser
através de geada, neve, raios solares, vapores, fogo, líquidos e sólidos ferventes. As
queimaduras por radiação eletromagnética podem ser através de eletricidade, raios
e radiação.
O
acompanhamento
pela
equipe
de
enfermagem
a
vítimas
de
queimaduras faz desta equipe o seu maior cúmplice e confidente nas dores físicas e
emocionais,
medos
e
ansiedades
participando
de
toda
sua
assistência,
procedimentos técnicos e administrativos, pois indiscutivelmente está mais próxima
ao paciente exercendo papel fundamental no tratamento. Além de um paciente
grave, a vítima de queimadura é um paciente trabalhoso, poli - solicitante e poli queixoso desencadeando um desgaste físico e psicológico a toda equipe que
convive com seus problemas de humor, relacionamento pessoal, familiar e social.
Sendo assim, a equipe de enfermagem deve estar preparada para quaisquer
intercorrências junto ao paciente, orientando-o desde a internação até a alta, no
9
auto-cuidado, na prevenção e atenta a todas as providências que terão de ser
tomadas acompanhando-o durante todo o seu período de internação inteirando-se
do andamento e encaminhamento de cada passo da evolução do seu tratamento em
todos os casos.
De acordo com Brunner & Suddarth (2002), a enfermeira que cuida de
pacientes com queimadura requer alto nível de conhecimento sobre as alterações
fisiológicas que acontecem depois de uma queimadura, além de habilidade para
detectar alterações sutis na condição do paciente. Deve ser capaz de oferecer
cuidados sensíveis aos pacientes criticamente doentes. Deve ainda ser capaz de
comunicar-se efetivamente com pacientes queimados e familiares aflitos e ainda
com a equipe que acompanha esse paciente. Assim, os cuidados aumentam a
probabilidade de sobrevida e contribuem na promoção de qualidade de vida.
As queimaduras estão entre as principais causas de atendimento em
unidades de Emergência Pediátrica, sendo responsáveis por um considerável
número de óbitos em crianças. Levam também a seqüelas e deformidades físicas
potencialmente graves, sendo causa de grande sofrimento, tanto dos pequenos
pacientes como de seus pais e responsáveis (BRUNNER & SUDDARTH, 2002).
Deliberato (2001) afirma que as crianças atingidas por queimaduras
necessitam de atenção especial da equipe clínica, porque há que se considerarem
condições diferenciadas em comparação com o adulto. A criança é um ser em
desenvolvimento, sua noção de si mesma e seu relacionamento com a realidade são
frágeis, não existe tempo de experiência vivido suficiente para que ela tenha
amadurecido estas condições tão fundamentais para a vida humana.
Crianças estão em especial risco de exposição às queimaduras,
principalmente as associadas a acidentes domiciliares, como escaldamentos,
choques elétricos e as brincadeiras com líquidos inflamáveis, como o álcool etílico.
Os acidentes na infância são um dos maiores problemas de Saúde Pública no Brasil
e no mundo, pois acometem indivíduos podendo causar perda nas condições de
produtividade e auto-estima devido às seqüelas. A maioria deles ocorre em casa e
são atribuídos a lapsos na atenção dos pais e cuidadores em relação aos perigos
domésticos e à mobilidade e curiosidade características do desenvolvimento infantil
(BRUNNER & SUDDARTH, 2002).
A família é responsável pela manutenção da saúde física e mental da
criança, por isso se faz necessário conhecê-la na contemporaneidade, sua
10
vulnerabilidade frente às adversidades que apresenta no cotidiano. O fato de os
acidentes domésticos ocorrerem freqüentemente no ambiente doméstico faz pensar
sobre como as famílias têm cuidado de suas crianças no sentido de protegê-las ou
serem elas mesmas fatores de risco para essa criança.
De acordo com Alves (2004) a família, desde os tempos mais antigos,
corresponde a um grupo social que exerce uma influência significativa sobre a vida
das pessoas, sendo encarada como um grupo com uma organização complexa,
inserido em um contexto social mais amplo com o qual mantém constante interação.
Este grupo tem um papel fundamental na constituição dos indivíduos, sendo
importante na determinação e na organização da personalidade, além de influenciar
significativamente no comportamento individual através das ações e medidas
educativas tomadas no âmbito familiar.
É no contexto familiar que a criança encontra um espaço vital para seu
desenvolvimento saudável, de acordo com Alves (2004). É, portanto, ali que a
criança deve receber proteção e segurança, além de cuidados com a sua saúde.
Assim, deve-se entender que a prevenção sempre foi a melhor estratégia para
combater índices crescentes de acidentes com crianças, começando pela família.
Segundo Filócomo (2007), o enfermeiro é um educador, estando apto para
realizar programas educacionais que envolvam pais e crianças através da
conscientização da necessidade de prevenção de acidentes. Para o exercício desta
função, o autor afirma que as enfermeiras que trabalham em ambulatórios, creches,
escolas e centros de saúde encontram-se em posição mais propícia para a
implementação de programas de prevenção. Todavia, é possível e necessário inserir
também as enfermeiras que trabalham no ambiente hospitalar neste contexto,
utilizando este período de permanência como estratégia de desenvolvimento destes
programas, que devem dirigir-se inicialmente aos pais, com temas que englobam
desde o conhecimento sobre o desenvolvimento neuro-psico-motor da criança, sua
relação com os tipos de acidentes, as principais noções de segurança, até a
necessidade de uma supervisão mais efetiva. Estas considerações estão imbricadas
com as várias mudanças de paradigma que se têm observado no atendimento
hospitalar, onde se destaca a educação continuada em saúde, entendendo-se as
altas hospitalares como processos de transição, visando a qualidade de vida da
população atendida.
11
De acordo com Aragão, Weinn e Aquino (1993, p. 31):
O enfermeiro deve ocupar esse espaço como educador sendo agente de
mudanças, minimizando a carência do conhecer da população que o
cerca, cobrindo novos horizontes, desmistificando certos pensamentos,
gerando maior saber e confiança, respeitando e compreendendo a
diversidade dos hábitos e modos da conduta de cada família
contribuindo, em particular, para a preservação de sua identidade.
Sendo assim, acidentes domésticos na infância é um fato que chama a
atenção pela alta incidência com que ocorrem.
O objetivo deste estudo é refletir as características fisiopatológicas sobre
os acidentes domésticos que vêm acometendo as crianças nos primeiros anos de
vida, assim como as ações educativas utilizadas no reconhecimento dos fatores de
risco e dos aspectos preventivos no ambiente doméstico na tentativa de
compreender a dinâmica familiar, suas formas de estruturação buscando
justificativas que atendam aos questionamentos sobre o fato de serem comuns os
acidentes com crianças atendidas em hospitais de todo o país e ainda compreender
o significado das conseqüências que a falta de prevenção da queimadura pode
causar em crianças, uma vez que o número de acidentes tem aumentado a cada
dia.
A partir destes questionamentos este trabalho passa a fazer sentido com
base na análise e verificação dos principais fatores relacionados à incidência de
acidentes domésticos referentes a queimaduras na população infantil; as formas de
intervenção preventivas e curativas no sentido de minimizar o quadro em todo o
país.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e este tipo de investigação,
segundo Siqueira (2002), precede todo estudo mais aprofundado de uma questão
científica. Seu principal objetivo é identificar e sistematizar o que já foi publicado
sobre o tema estudado. Consiste na seleção, leitura e sistematização do material da
pesquisa em pauta.
Do ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa pretendeu-se
qualitativa, pois “não apresenta rigidez em sua condução. (...) O processo e seu
significado são os focos principais de abordagem” (SIQUEIRA, 2002).
Assim, realizou-se a partir da leitura e análise da literatura científica: obras
de divulgação em Enfermagem, publicações periódicas indexadas nas bases de
12
dados SciELO (Scientic Eletronic Library Online - Fapesp), além de sites oficiais
como
ANVISA e SBQ – Sociedade Brasileira de Queimaduras. Os descritores
utilizados
foram:
Enfermagem,
Queimaduras,
Crianças.
Este
procedimento
possibilitou a explicitação do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relações entre
as informações científicas e o objetivo da pesquisa, bem como a verificação de sua
consistência em relação ao que é apresentado pelos principais teóricos sobre o
tema e a delimitação das contribuições culturais e científicas desta pesquisa.
O avanço do processo de pesquisa bibliográfica deu-se a partir da leitura:
1) Exploratória sobre o tema, verificando a bibliografia editada e seu
interesse à pesquisa;
2) Seletiva, determinando o material de fato interessante à pesquisa em
função dos objetivos de investigação delineados; e
3) Analítica, ordenando e sumariando as informações contidas nas fontes
a fim de obter respostas em relação ao tema de pesquisa proposto.
No primeiro capítulo foram abordados tópicos relacionados à questão
estrutural da pele e tipos de queimaduras.
O segundo capítulo descreve a queimadura em crianças na tentativa de
esclarecer fatores que levam aos acidentes com crianças e os locais de risco.
O terceiro capítulo apresenta as medidas e assistências empregadas nas
diversas formas de tratamento das queimaduras tanto no âmbito clínico terapêutico,
quanto nos cuidados de enfermagem, além de apresentar mitos e verdades em
relação ao atendimento a pessoas que sofreram queimaduras.
O quarto capítulo esclarece acerca da necessidade de trabalhos de
prevenção por parte de profissionais que atuam na área da enfermagem para com a
população atendida.
13
CAPITULO 1
PELE E QUEIMADURAS
1.1 ESTRUTURA DA PELE
Considerado o maior órgão do corpo humano de acordo com a Sociedade
Brasileira de Queimaduras - SBQ, a pele veste o corpo como uma roupa sob
medida, pesa aproximadamente 5 kg e esticada mede mais de 2 metros quadrados,
aquece no frio e refresca no calor, armazena uma quantidade enorme de sensores,
é a parte do corpo que se mostra para o mundo, cobrindo todas as estruturas abaixo
dela, em suas diferentes variedades de textura e cores, ela diz sua origem, estado
de espírito e idade. Sua estrutura é constituída de duas camadas: epiderme e
derme. Abaixo da derme está o tecido conjuntivo, onde se encontram os músculos e
os ossos.
Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), a
pele tem como funções: barreira física e mecânica; isolante térmico (controle da
temperatura corporal); proteção contra invasão bacteriana (agindo como linha de
defesa); controle de entrada e saída de líquidos e eletrólitos; percepção de
informações do meio ambiente; controle de entrada e saída de líquidos e eletrólitos;
receptora dos raios solares para a formação de vitamina D.
A epiderme é a camada que fica em contato com o meio exterior, é
renovada a cada seis semanas, composta de tecido epitelial pavimentoso
estratificado no qual se distingue o estrato córneo (camada descamante), e o estrato
germinativo. Entre a epiderme e derme fica a camada de melanina de cor marrom
(trilha escura na camada interna da epiderme). Contém uma microbiota transitória.
A derme é a sala de máquinas que controla o funcionamento da capa do
corpo humano fica abaixo da epiderme, é formada de colágeno e elastina dividida
em camada papilar (papilas dérmicas) camada reticular (formações correspondentes
a anexos da pele) e camada subcutânea ou hipoderme (células adiposas). É onde
surgem os folículos pilosos, glândulas sebáceas, sudoríparas, veias e arteríolas.
14
1.2 CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS
As queimaduras segundo Nettina (2003) são um tipo de lesão traumática
causada por agentes térmicos, elétricos, químicos ou radioativos. Podem ser
classificadas de várias formas. Uma das principais é de acordo com a profundidade
da lesão. De acordo com esse sistema, encontramos os seguintes tipos:
Primeiro Grau - Atinge apenas a epiderme, o local apresenta hiperemia ou
vermelhidão, calor, edema discreto, ardência e ressecamento da pele. Geralmente,
aparecem em pessoas que se expuseram demasiadamente ao sol (raios ultravioleta)
e/ou ao calor extremo. Quando atinge mais da metade do corpo, torna-se grave
(NETTINA, 2003).
De acordo com Sullivan (1993, p. 590) “nesta queimadura, o traumatismo
e as lesões celulares ocorrem apenas na parte externa da epiderme”.
Segundo Grau - Atinge a derme, podendo ser superficial e profunda. Tem
como característica a presença de flictenas ou bolhas com conteúdo líquido ou
colóide, apresenta edema que atinge regiões circunvizinhas, apresentando dor
intensa devido à sua relação íntima com vasos e terminações nervosas periféricas,
podendo sangrar. Há perda de água e eletrólitos que podem provocar desidratação
e são geralmente causadas por vapor, líquidos e sólidos escaldantes (NETTINA,
2003).
Neste tipo de queimadura “a camada epidérmica é completamente
destruída, mas a camada dérmica sofre apenas lesão leve a moderada” (SULLIVAN,
1993, p. 591).
Terceiro Grau - Destrói todas as camadas da pele, atingindo tecidos
adjacentes e profundos originando cicatrização hipertrófica por segunda e/ou
terceira intenção geralmente relacionadas por chama direta do fogo. A pele
apresenta-se endurecida, de coloração acinzentada, provoca dores muito fortes,
podendo em alguns casos ser indolor devido à completa destruição das terminações
nervosas na área e não apresenta sangramento (NETTINA, 2003).
De acordo com Sullivan (1993, p.592), “todas as camadas epidérmicas e
dérmicas estão completamente destruídas”.
Quarto Grau – Sullivan (1993) cita a queimadura de quarto grau como
destruição completa de todos os tecidos desde a epiderme até o tecido ósseo
15
subjacente. “Na queimadura de quarto grau a lesão estende-se além da camada
gordurosa subcutânea para outros tecidos subjacentes como fáscia, músculo ou
osso” (SULLIVAN, 1993, p. 592).
1.3 TIPOS DE QUEIMADURAS
Queimaduras químicas - São os produtos químicos, como ácidos, soda e
outros. Muitos podem até estar presentes nos produtos de limpeza doméstica.
As queimaduras químicas são causadas tanto por substâncias líquidas, quanto
sólidas e podem afetar a pele, os olhos e até repercutir nos órgãos internos
(MARTINS & ANDRADE, 2007).
Os autores acima ressaltam que estatísticas apontam que os homens, na
faixa etária dos 21 a 30 anos são os mais atingidos pelas queimaduras químicas.
Também foi constatado que muitos dos acidentes ocorrem no ambiente de trabalho,
principalmente quando utilizam produtos como cal, ácidos de limpeza, soda cáustica,
thiner, gasolina (mesmo sem que haja fogo), entre outros.
Informação
e
educação
são
os
elementos-chave
para
prevenir
queimaduras químicas, reafirmando o caráter educativo, assim como muito cuidado
no manuseio dos produtos. Lidar com soluções ácidas, básicas (tipo soda cáustica)
ou corrosivas necessita conhecimento, cautela e proteção, pois cada caso requer
cuidados específicos. Assim, prevenir é o melhor remédio, porém tão importante
quanto a prevenção são os conhecimentos básicos de primeiros socorros no caso
de queimaduras químicas.
Queimaduras
térmicas
-
Anualmente,
o
número
de
vítimas
de
queimaduras é muito elevado e a maior responsável por esta estatística são as
queimaduras térmicas provocadas principalmente pelos líquidos aquecidos e os
inflamáveis. Podem também ser causadas diretamente pelo fogo, como por
exemplo, nos incêndios, ou provocadas por vapores, objetos aquecidos e o sol
(MARTINS & ANDRADE, 2007).
Nas queimaduras térmicas os líquidos aquecidos, geralmente água, café,
sopa, leite e afins, tanto quanto os líquidos inflamáveis, combustíveis e o álcool
líquido de consumo caseiro são os principais causadores de acidentes com
16
queimaduras.
Ainda segundo Martins & Andrade (2007) as crianças são as mais
atingidas pelas queimaduras térmicas provocadas por líquidos aquecidos e, na
maioria dos casos os acidentes ocorrem dentro de casa.
Queimaduras biológicas - Podem ser causadas por animais como, por
exemplo, a lagarta-de-fogo, água-viva e a medusa e ainda por vegetais como o látex
de certas plantas, urtiga, entre outros.
1.4 EXTENSÃO
Existem vários tipos de queimaduras que dependendo de seu grau e
extensão (área corporal) podem levar até a morte do paciente. Por isso, o socorrista
deve identificar de imediato a área corporal, o grau de gravidade da queimadura e o
agente causador da queimadura.
As queimaduras são classificadas quanto à área do corpo atingida. Para
áreas pequenas, usa-se uma comparação da área queimada com a palma da mão
do queimado que equivale a 1% da superfície corporal queimada - SCQ. Quando a
área afetada é maior que a da palma da mão, a vítima deve receber assistência
qualificada depois que lhe forem prestados os primeiros socorros.
Com relação a sua extensão, calcula-se a área de superfície corporal
queimada (SCQ) através da regra dos nove. O sistema, de acordo com Brunner &
Suddarth (2002), determina percentuais em múltiplos de nove para as principais
superfícies corporais. Nesta regra, cada braço tem 9% da SCQ, a cabeça outros 9%,
tórax 9%, abdome 9%, dorso 18%, coxas 9% e pernas 9%, totalizando 99%. O 1%
restante é o pescoço. Queimaduras de segundo grau até 10% da superfície corporal
geralmente podem ser tratadas ambulatorialmente, desde que não sejam em mãos,
face ou articulações e não estejam complicadas com infecção.
De acordo com Vale (2005) para se calcular a extensão queimada deve-se
levar em consideração a idade do paciente. Vejamos:
17
Quadro 1: Regra dos nove para cálculo da superfície queimada em crianças até 10
anos de idade.
Até 1 ano
Segmento corporal
Porcentagem (SC)
Cabeça e pescoço
19
Cada membro inferior
13
Demais segmentos
Até 10 anos
Cabeça e pescoço
Cada membro inferior
Demais segmentos
= adulto
19 - idade
13 + idade : 2
= adulto
Quadro 2: Regra dos nove para cálculo da superfície queimada em adultos e
crianças a partir de 10 anos de idade.
Segmento corporal
Cabeça e pescoço
Porcentagem
9
Cada membro superior
9x2
Cada quadrante do tronco
9x4
Cada quadrante da coxa
9x2
Cada quadrante perna e pé
9x2
Genitais e períneo
Total
1
100
As queimaduras maiores devem ser tratadas em Centros de Tratamentos
de Queimados, com risco de morte aumentado conforme aumenta a área afetada,
pois são uma importante causa de morte em crianças.
18
CAPÍTULO 2
QUEIMADURAS EM CRIANÇAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM
No Brasil, de acordo com o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, a
cada ano um número bem elevado de queimaduras provocadas por acidentes
ocorrem, sendo que 30% destes casos envolvem crianças menores de 12 anos. A
situação é preocupante e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras SBQ, esses casos representam a sexta maior causa de mortes de meninos e
meninas até 14 anos no Brasil. Ainda de acordo com a SBQ - Sociedade Brasileira
de Queimaduras, no Brasil acontece um milhão de casos de queimaduras a cada
ano, 200 mil são atendidos em serviços de emergência, e 40 mil demandam
hospitalização. As queimaduras estão entre as principais causas externas de morte
registradas no Brasil, perdendo apenas para outras causas violentas, que incluem
acidentes de transporte e homicídios. As queimaduras em crianças, na maioria dos
casos, acontecem no ambiente doméstico e são provocadas pelo derramamento de
líquidos quentes sobre o corpo, como água fervente na cozinha, água quente de
banho, bebidas e outros líquidos quentes, como óleo de cozinha. Nesses casos
costumam ser mais superficiais, porém mais extensas.
A criança no seu desenvolvimento psicomotor adquire habilidades que irão
auxiliar em seu crescimento. Na faixa etária de 0 a 06 anos de idade,
especificamente, buscam explorar a si mesmas e o mundo ao seu redor tornando-se
mais susceptíveis a lesões térmicas. As seqüelas que este trauma ocasiona não se
restringem apenas à superfície cutânea, pois, podem gerar alterações metabólicas,
funcionais, estéticas e emocionais na vida não somente do paciente, mas também
daqueles que a acolhem nos momentos de dor e angústia (OLIVEIRA, PENHA &
MACEDO, 2007).
O acidente doméstico que envolve queimaduras é muito importante devido
ao alto índice de crianças que se queimam, e dos cuidados que se deve ter em
razão da gravidade das seqüelas deixadas na vida destas crianças. A criança
19
encontra-se em estado de estresse tanto fisiológico quanto psicológico, estando
muito deprimida e fragilizada, tendo dores intensas e muito medo da desfiguração.
De acordo com Gimeniz-Paschoal & Cols (2007), as queimaduras estão
entre os principais tipos de acidentes infantis, sendo a quarta causa de morte,
depois do trânsito, afogamento e quedas, e a sétima em admissão hospitalar.
Segundo os autores, dados do National Burn Repository revelam que, entre 1995 e
2005, no Brasil, ocorreram mais de 6.000 queimaduras em crianças menores de dois
anos, 2.987 nas de dois a quatro anos e mais de 3.000 naquelas acima de cinco
anos. Além de graves seqüelas, tais acidentes exigem vários dias de internação e
acompanhamento terapêutico após a alta hospitalar. As crianças menores de três
anos são mais suscetíveis às queimaduras térmicas e às escaldaduras, devido à
curiosidade natural, à impulsividade e à falta de experiência para avaliar os perigos.
Na maioria das vezes, se queimam na cozinha, por contato direto com fontes de
calor e líquidos superaquecidos. Ainda de acordo com os autores, estudos mostram
que os meninos são os mais acometidos, por adquirirem liberdade mais
precocemente do que as meninas e serem menos vigiados pelos adultos.
Martins & Andrade (2007) citam em seus estudos o predomínio do sexo
masculino acerca dos acidentes infantis relacionado, provavelmente, com as
diferenças de comportamento de cada sexo e com fatores culturais, que determinam
maior liberdade aos meninos e, em contrapartida, maior vigilância das meninas. As
diferentes atividades desenvolvidas também justificam os percentuais encontrados,
estando os meninos mais expostos por exercerem atividades de maior risco.
A idade deve ser colocada como fator de risco para as causas acidentais,
de acordo com Rossi et al. (2007). De modo geral, crianças menores sofrem mais
queimaduras, afogamentos, quedas e intoxicações; as maiores sofrem mais
atropelamentos, quedas de bicicletas; adolescentes estão mais sujeitos à
afogamentos, traumas no trânsito e lesões por armas de fogo. A incidência maior de
queimaduras na idade de um ano, possivelmente está associada às características do
desenvolvimento da criança nesta fase, cuja curiosidade, imaturidade e falta de
coordenação motora a colocam em situações de perigo. Além dessas características,
o fácil acesso à cozinha e a supervisão inadequada da criança podem contribuir para
a ocorrência desses eventos. Segundo o autor, em seus estudos, foram encontrados
maior freqüência de escaldaduras (queimaduras provocadas por substância quente)
entre crianças vítimas deste evento.
20
Poucos estudos trazem a região corpórea afetada. A concentração maior
de queimadura em cabeça/pescoço/tronco/membros pode estar relacionada,
provavelmente, com a posição da criança em relação à fonte das chamas. As
crianças pequenas puxam para si os recipientes com líquido quente, como as panelas
em cima do fogão, as travessas em cima da mesa e as bacias com roupa de molho
em água quente, atingindo com freqüência a cabeça, pescoço e tórax. O contato com
aparelhos domésticos quentes também explica a queimadura de membros
superiores, especialmente as mãos, colocadas por curiosidade sobre o objeto. Os
adolescentes, ao acenderem churrasqueiras e similares, encontram-se normalmente
em pé ao lado da mesma, sendo, portanto, atingidos mais no rosto, tronco e membros
superiores. As crianças menores, ao brincarem com fósforos e acendedores,
normalmente encontram-se sentadas no chão com o instrumento entre as pernas, o
que facilitaria a queimadura de membros inferiores (MARTINS & ANDRADE, 2007).
Rossi et al. (2007) encontrou resultados semelhantes em seus estudos
quanto à taxa de internação entre crianças expostas a substâncias quentes ou fontes
de calor (15,0%) com a extensão corpórea atingida, geralmente nos membros
superiores. Os autores ressaltam que as áreas atingidas pela queimadura, em
crianças menores de 3 anos, são, principalmente, a cabeça, tórax anterior e posterior.
Isto ocorre porque os líquidos quentes, na maioria das vezes, são despejados sobre
as crianças em acidentes que ocorrem nas proximidades do fogão. Os acidentes com
líquidos inflamáveis geralmente ocorrem quando as crianças estão brincando com
esses produtos, atingindo principalmente o tórax anterior e os braços.
Ainda de acordo com Rossi et al. (2007) seus estudos sobre causas de
acidentes domésticos confirmam que moradias precárias, sem energia elétrica, que
congregam materiais inflamáveis para utilização em lamparinas e fogões
improvisados, facilitam a ocorrência de incêndios, provocando queimaduras por
chamas diretas e atingindo principalmente crianças menores de 3 anos, que, muitas
vezes, estão dormindo no momento do acidente. As crianças do sexo masculino e
com idade entre 07 e 11 anos são em geral, as mais atingidas por queimaduras.
Nesta faixa etária, as queimaduras parecem estar relacionadas com as brincadeiras
com álcool e outros materiais inflamáveis que, em nossa cultura, são mais comuns
entre os meninos.
Quanto a exposições a fumaça, fogo e chamas, a maior ocorrência entre
adolescentes (10 a 14 anos) também foi observada, de acordo com Rossi et al
21
.(2007). A ausência deste tipo de acidente em menores de um ano pode ser
explicada pela incapacidade motora de lidar com fósforos ou acendedores manuais,
ao contrário de crianças maiores e adolescentes que se acidentam, muitas vezes,
ao tentarem acender churrasqueiras e similares.
Em seus estudos, Martins & Andrade (2007) também apontam para os
fósforos, isqueiros e combustíveis como os principais causadores de exposição ao
fogo entre as crianças. Apesar destes agentes não estarem presentes nas
descrições dos prontuários hospitalares, acredita-se que álcool, gasolina e
querosene só entraram em combustão a partir do contato com fósforos ou
acendedores. O fácil acesso da criança a estes agentes desperta para a
necessidade de se retirar estes produtos do alcance, e chama a atenção no sentido
de questionar a verdadeira necessidade de se manter álcool, gasolina e querosene
no domicílio.
Rossi et al. (2007) aponta que os incêndios desencadeados por fósforos
e acendedores ocorrem em horários em que as mães encontram-se no trabalho fora
do lar (das 8 às 20 horas). Este fato vem reafirmar a falta de vigilância adequada e
a necessidade de campanhas de conscientização de pais e comunidades. Medidas
mais específicas como dispositivos de segurança na fabricação de acendedores e
fósforos que dificultem o manuseio da criança, também devem ser considerados, a
fim de reduzir a incidência destes eventos.
Para combater o problema da facilidade de se adquirir álcool em farmácias
e supermercados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) editou em
2002 uma resolução proibindo a venda do produto no país. A ação causou a
redução de 60% de casos nos primeiros meses de validade da medida. No entanto,
dias antes da validação da resolução que proibiu a venda do álcool líquido, uma
liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília-DF, permitiu à
Associação Brasileira de Produtores de Álcool (Abraspea) a venda do produto a
drogarias, supermercados e outros estabelecimentos comerciais. Percebe-se que
existe uma incoerência em relação à necessidade de prevenção e as ações
preventivas realizadas pelo governo, comprometendo assim a segurança de
crianças e adultos expostos a acidentes.
De acordo com Souza & Cols. (2000), a Organização Mundial de Saúde
(OMS) define acidente como um acontecimento casual que independe da vontade
humana, ocasionado por um fator externo originando dano corporal ou mental,
22
entretanto, ultimamente, a palavra acidente inclui o questionamento do “acidental” e
suas graves conseqüências. Esta nova visão do problema fez com que o programa
de prevenção de acidentes da Organização Mundial de Saúde modificasse seu
nome para “Programa de Prevenção de Danos”.
Em trabalho realizado Souza & Cols. (2000), observou que as
queimaduras estão incluídas nos acidentes domésticos mais freqüentes em
crianças, principalmente nas menores de 5 anos, no Brasil. Na sua grande maioria, é
acidental, porém, decorrentes das situações facilitadoras, das características
peculiares às fases da criança, de comportamentos inadequados dos familiares e de
pouco incentivos às medidas e comportamentos preventivos. Ainda de acordo com
Souza & Cols. (2000), as queimaduras envolvendo crianças alcançaram uma
dimensão preocupante. Estão inseridas no ambiente das famílias, no cotidiano, na
visão cultural de como a família se comporta no domicílio e com tudo que o rodeia.
No entanto, as queimaduras infantis podem ser prevenidas por meio de
orientação familiar, alteração no ambiente, elaboração de leis específicas e
cumprimento daquelas já existentes. A orientação dos adultos pode contribuir na
modificação do ambiente, reduzindo os riscos que cercam as crianças, pois,
sozinhas, elas são incapazes de se proteger. A orientação aos adultos poderia ser
oferecida aos pais ou responsáveis de crianças que recebem atendimento em
ambiente hospitalar, aproveitando sua presença nesse local. Entretanto se questiona
a possibilidade de avaliação da ação educativa, uma vez que a presença no hospital
pode ser pontual, sem freqüência regular, o que dificulta o acesso às famílias para
maiores informações e acompanhamento da criança (GIMENIZ & COLS, 2007).
Para Martins & Andrade (2007), as lesões por queimadura constituem
importante causa acidental de morbi-mortalidade em todo o mundo, com grande
freqüência entre as crianças, sendo as escaldaduras (produzidas por substâncias
quentes ou fontes de calor) as mais comuns, além das queimaduras químicas,
elétricas e radioativas. A grande ocorrência de queimadura em crianças menores de
cinco anos chama a atenção pelo sofrimento físico e psicológico produzido, além do
elevado custo econômico e social, incluindo gastos hospitalares. De acordo com os
autores acerca das internações em hospitais privados ou conveniados com o
Sistema Único de Saúde (SUS), no ano de 2000, revelou um gasto médio das
internações por queimaduras de R$ 649,43 para os casos não fatais e de
R$1.620,27 para os casos que foram a óbito.
23
Segundo os autores acima em seus estudos, no ano de 2006, foram
internadas pelo SUS 16.573 crianças e adolescentes menores de 15 anos por
queimadura no Brasil, representando 14,0% de todas as internações por causas
externas neste grupo. Em 2005, as queimaduras foram responsáveis por 373 óbitos
em menores de 15 anos em nosso país (10,8% dos óbitos por causas externas
nesta mesma faixa etária). Apesar do conhecimento da morbi-mortalidade, ainda há
necessidade de caracterizar as vítimas no sentido de ampliar o conhecimento
epidemiológico desta expressiva causa de morbi-mortalidade infantil.
Para Souza & Cols (2000), o acidente doméstico tem se revelado como
uma das principais causas dos atendimentos, internações, incapacidades e óbitos
em crianças, nos vários países e tem contribuído, de forma considerável, para
manter elevada a taxa de morbi-mortalidade infantil. Os acidentes domésticos estão
intimamente relacionados com o comportamento da família e rede social, com o
estilo de vida, com fatores educacionais, econômicos, sociais e culturais, como
também, com as fases específicas das crianças, caracterizadas pela curiosidade
aguçada e contínuo aprendizado. Desta forma, na faixa etária de 01 a 05 anos, os
principais casos ocorridos no domicílio são representados pelas quedas,
queimaduras, aspirações ou introduções de corpos estranhos e intoxicações
exógenas.
Sendo assim, é importante ressaltar a necessidade de proteção e
vigilância da família para que esses casos possam ser minimizados e as crianças
vivenciem um processo de amadurecimento sem a necessidade de ter
experienciado situações traumáticas e marcantes. A família tem sido ao longo dos
anos, responsável por promover a saúde e o bem-estar aos seus integrantes,
desempenhando atividades de proteção, segurança, cuidados específicos e
generalizados e, em alguns momentos, tem se surpreendido com as ocorrências
que se dão sob sua responsabilidade se sentindo fragilizadas para esses
enfrentamentos.
Quanto a exposições a corrente elétrica, os mesmos padrões de
internação (100,0%) também foram observados em pesquisa relativa a acidentes
domésticos na infância. Segundo Rossi et al. (2007), fios elétricos expostos ou
descascados, materiais químicos colocados em locais acessíveis e banhos muito
quentes são causas de queimaduras em crianças, por descuido de adultos. Embora
24
existam normas rígidas para adultos em ambiente de trabalho, pouco se tem feito
em relação às crianças em seu domicílio, exceto algumas campanhas na época das
festas juninas.
A forma de prevenir o choque elétrico doméstico seria proteger as
tomadas, retirar as extensões que facilitem o acidente e manter aparelhos elétricos
longe do alcance das crianças. Outra investigação também identificou casos de
queimadura por contato com fios de alta tensão, em decorrência da prática de soltar
pipas. Neste sentido, as crianças maiores que soltam pipas devem ser orientadas a
fazê-lo longe da rede elétrica e fios de alta tensão. A alta taxa de internação, bem
como o óbito ocorrido, evidencia a alta gravidade deste tipo de acidente (ROSSI
et.al, 2007).
Há que se destacar, ainda, segundo Martins & Andrade (2007), a questão
da intencionalidade do evento. Muitas vezes, o profissional da enfermagem
preocupado com a lesão causada pelas queimaduras acaba por suprimir
questionamentos sobre as circunstâncias em que ocorreu o acidente. Determinar a
intenção do evento na ocasião do atendimento se torna fundamental para subsidiar
intervenções. Contudo, muitas vezes o profissional, devido a grande demanda, falta
de uma rotina estabelecida, entre outros fatores, acaba por perder esta importante
informação que não será recuperada, e que pode estar ocultando casos de
violência e maus tratos, dificultando a análise das causas externas quanto a
circunstâncias e distribuição, podendo omitir dados importantes que não contribuem
para o bom êxito das medidas adotadas.
Considerando que só é possível planejar ações de prevenção e
intervenção a partir do conhecimento específico das causas, a melhora na
qualidade
das
informações
sobre
as
causas
externas,
quanto
a
sua
intencionalidade, pode direcionar, de forma mais eficaz, medidas específicas para
sua redução. Diante deste contexto, compreende-se que os profissionais
responsáveis pelo atendimento a crianças e adolescentes devem ser orientados e
treinados em relação a esta problemática. A adoção de protocolos padronizados
para o atendimento das lesões por causas externas poderia contribuir neste sentido.
Com informações precisas, seria possível delinear melhor o perfil epidemiológico
dessas causas sobre a população infanto-juvenil que chega aos hospitais e prontosocorros.
25
Não se pode deixar de enfatizar que o cuidado de saúde no sentido
amplo visa a uma harmonia do ser humano com o seu micro (ambiente interno) e
macro-ambiente (ambiente externo), proporcionando relações de bem-estar e
crescimento saudável. Os fatores de risco presentes no ambiente doméstico podem
comprometer o desenvolvimento da criança, contribuindo para desencadear
diversos tipos de acidentes que, em determinados casos, podem originar graves
lesões e seqüelas irreversíveis. Os acidentes no lar guardam relação com os
aspectos socioculturais da família e parentesco, com o estilo de vida dos pais, mas,
principalmente, com a idade da criança, sua etapa de desenvolvimento psicomotor
e situações facilitadoras de risco.
De acordo com Alves (2004) uma preocupação que fica é relativa às
formas de interação familiar no mundo contemporâneo que compromete o sercriança. Em relação à saúde destaca-se a promoção, por parte dos pais ou
cuidadores de um ambiente incentivador e seguro, onde a criança possa aprender e
se desenvolver, o que infelizmente não acontece com grande parte de nossas
crianças, seja por despreparo ou até mesmo por negligência, onde, muitas vezes, a
família aparece como fator protetivo, em outras, como um fator de risco.
Souza & Cols. (2000) alertam que a prevenção de acidentes há muito se
faz necessária nos currículos dos profissionais de saúde, pois a educação se
constitui um meio importante na transformação e re-padronização de condutas que
proporcionem ambientes saudáveis, diminuindo os fatores de risco que nele existem,
contribuindo para reduzir o índice dos acidentes.
A família se defende e situa de maneira clara a sobrecarga de trabalho da
mulher interferindo na ocorrência dos acidentes domésticos como também o
relacionamento familiar como causa de insatisfação pessoal. Queixa-se de que não
há uma divisão de tarefas eqüitativa entre as pessoas da casa, os companheiros
não cumprem com as responsabilidades de pais, as mulheres ainda têm que cumprir
as estafantes jornadas do mercado de trabalho para contribuir, de forma total ou
significativa, na manutenção das despesas familiares. O desemprego, a falta de
privacidade, a inexistência de harmonia no âmbito familiar foram percebidos como
fatores desestruturantes e desencadeantes dos acidentes domésticos uma vez que
as ocorrências desses acidentes, principalmente as queimaduras, acontecem na
cozinha, local inapropriado para a permanência infantil. Souza & Cols. (2000)
26
afirmam que a maioria é provocada no lar sendo a cozinha o local que se destaca
nas ocorrências desses tipos de acidentes domésticos.
Porém, sendo a mulher responsável pelos afazeres domésticos e tendo
necessidade de cozinhar, passar, além de cuidar dos filhos, as crianças estão quase
sempre na companhia da mãe, onde quer que ela esteja, o que facilita o
acontecimento desses casos, ou ainda, a criança fica procurando imitar as
atividades observadas. A família quando questionada procura demonstrar que as
pessoas se preocupam em minimizar os fatores de risco no ambiente doméstico.
Vejamos:
Aqui a mãe esconde tudo, as tomadas que eram todas baixinhas, ela
mandou altear tudinho, não é? Mas aqui ninguém nunca levou choque,
nem queimou nem nada, só ela aqui (A) que foi a mais danada. Eu
escondo a água sanitária atrás do botijão na cozinha. (SOUZA & COLS,
2000, p. 02).
Abordando fatores de risco presentes no ambiente familiar, os autores
utilizam a prevenção primordial e a interpretam como sendo todo apoio realizado
para fortalecer a promoção do desenvolvimento humano, favorecendo o contexto
social e ambiental, reforçando os fatores protetores, fundamentais no contexto do
acidente doméstico.
Os acidentes são também atribuídos à falta de cuidado da família,
interpretado, aqui, pela mãe ou avó que são as pessoas que mais cuidam das
crianças no nosso meio cultural. Não é raro que a família assuma a culpa pelo
acontecido e afirme que realmente é descuido, afirmam Souza & Cols. (2000, p. 04):
É assim mesmo, aqui a gente tem o costume de fazer as coisas e deixar os
meninos soltos aí. Agora mesmo ela tá aí fazendo o mingau, o que é que
ele está fazendo, ela não sabe, né não? Prá mim é isso.
Segundo os autores acima citados as crianças que se encontram na faixa
etária de 0 a 05 anos de idade necessitam de maior proteção e vigilância por parte
das pessoas responsáveis, porque a noção de perigo ainda não está concretizada.
Pelo contrário, está fluentes a imaginação, a brincadeira, a curiosidade, a ânsia pelo
desconhecido, características do comportamento infantil que, se não vigiados,
podem induzir a sérios acidentes. Na prática da enfermagem, a abordagem
preventiva deve ser enfatizada, pois a educação e saúde devem ser buscadas no
27
cotidiano e entremear com todas as nossas ações, fortalecendo o cuidado, essência
da enfermagem, para com o indivíduo, família e sociedade. Portanto, investir em
medidas específicas de prevenção significa investir na qualidade de vida das
crianças.
Assim, prevenir esses acidentes torna-se um desafio para os órgãos e
profissionais que estão envolvidos no acompanhamento do crescer e desenvolver
das crianças, existindo a necessidade urgente de orientação educacional para a
população e comunidade específicas como as escolas, grupos formais e informais
na faixa infanto-juvenil, visando a despertar mudanças comportamentais, que
possam contribuir para uma redução dos acidentes.
28
CAPÍTULO 3
MEDIDAS E ASSISTÊNCIA EMPREGADAS NAS QUEIMADURAS
O presente capítulo aborda de forma inicial as medidas empregadas para
cada forma de queimadura.
Os primeiros cuidados adequados dispensados à vítima de queimadura
constituem determinante fundamental no êxito final do tratamento, contribuindo
decisivamente para a redução da morbidade e da mortalidade. Para isso é
importante educar a população em geral e treinar grupos populacionais de risco para
agir corretamente diante de um caso de queimadura. Nesse sentido, nos programas
de educação para a saúde deve-se incluir o ensino de procedimentos de primeiros
socorros ao queimados.
Segundo Vale (2005), como primeira medida a ser tomada deve-se
remover a fonte de calor, afastando a vítima da chama ou retirando o objeto quente.
Se as vestes estiverem em chamas, a vítima deve rolar-se no solo e nunca correr ou
ser envolvida em cobertores, que podem ativar as chamas. As vestes devem ser
retiradas, desde que não aderidas à pele; do contrário só devem ser removidas sob
anestesia no momento do debridamento da ferida. Em casos de queimaduras
elétricas, deve-se providenciar a interrupção da corrente antes do contato com a
vítima ou, se isso não for possível, tentar afastá-la com objeto isolante, como
madeira seca.
Em seguida deve-se providenciar o resfriamento da área queimada com
água corrente fria de torneira ou ducha. Nunca deve ser feito com água gelada ou
outros produtos refrescantes, como creme dental ou hidratantes. Além de promover
a limpeza da ferida, removendo agentes nocivos, a água fria é capaz de interromper
a progressão do calor, limitando o aprofundamento da lesão, se realizado nos
primeiros segundos ou minutos, de aliviar a dor, mesmo se aplicado após alguns
minutos, assim como pode reduzir o edema.
Portanto o resfriamento com água corrente deve ser instituído o mais
precocemente possível, durante cerca de 10 minutos, podendo chegar a 20 minutos,
caso seja necessário. Porém deve ser mais breve quanto mais extensa for a
29
queimadura, devido ao risco de hipotermia, não sendo recomendável em
queimaduras superiores a 15% da SC – Superfície corporal. Após o resfriamento, a
área queimada, se menor do que 5% da SC – superfície corporal pode ser protegida
com gazes, compressas ou toalhas de algodão úmidas, em seguida coberta por
plástico ou outro material impermeável, e por fim o paciente deve ser envolvido com
manta ou cobertor. Aqui cabe a lembrança: "resfriar a queimadura, mas aquecer o
paciente" (VALE, 2005).
De acordo com a SBQ – Sociedade Brasileira de Queimaduras, o
atendimento inicial ao paciente queimado definirá a necessidade de internação ou
tratamento ambulatorial. Nesse caso é necessário examinar as condições gerais do
paciente; verificar a necessidade imediata de punção venosa (hidratação, analgesia,
sedação); iniciar banho com água corrente e sabão neutro; história objetiva (como
aconteceu o acidente); avaliar a necessidade de internação; quantificar a superfície
corporal queimada, bem como a extensão e a profundidade.
Quanto à avaliação das condições clínicas e sociais desfavoráveis,
associadas à queimadura deve se levar em conta uma avaliação sumária das
funções vitais cárdio-respiratórias; retirar a roupa do paciente; preencher a ficha do
serviço e fazer o gráfico da extensão corporal queimada; determinar o peso do
paciente.
Quanto às queimaduras de 1º grau o atendimento é ambulatorial por ser
de pequena extensão e consiste apenas em controlar a dor e nos cuidados locais da
área queimada. A analgesia pode ser feita via oral com cloridrato de tramadol
50mg/dose para adultos e 2mg/kg/dose para crianças, a cada quatro ou seis horas.
Outra alternativa para adultos é o paracetamol/fosfato de codeína na dose de
500mg/30mg a cada quatro ou seis horas. Compressas de água fria também
auxiliam no alívio da dor, podendo ainda ser empregado corticosteróide tópico em
loção ou creme, para reduzir a inflamação (VALE, 2005).
Em casos de queimaduras de segundo e terceiro graus, ao mesmo tempo
em que se examina a vítima, colhe-se a história detalhada da queimadura,
procurando identificar possíveis injúrias concomitantes, inalação de fumaça e
tratamento prévio instituído. Se possível, uma breve história médica pregressa deve
ser tomada, incluindo doenças, medicamentos, alergias e vacinações. Deve ser
mantida a calma durante todo o atendimento ao queimado, sendo importante não se
deixar impressionar pelo aspecto chocante da queimadura, que pode desviar a
30
atenção do profissional, deixando passar despercebidas lesões muitas vezes mais
graves, como traumas neurológicos, ortopédicos e viscerais. Se a história do
acidente sugerir trauma com envolvimento da coluna vertebral, especial cuidado
deve ser dispensado a sua avaliação e devida estabilização. Sempre que atingem
face e pescoço são consideradas queimaduras graves, porque podem comprometer
a permeabilidade das vias respiratórias. Nos casos de queimaduras elétricas deve
sempre ser lembrado o risco de parada cardio-respiratória, devido a arritmias
cardíacas.
A despeito de o prognóstico do tratamento ter melhorado dramaticamente,
em especial graças ao reconhecimento da importância do debridamento precoce e
ao progresso no emprego de substitutos biológicos da pele, as queimaduras ainda
configuram importante causa de mortalidade. Esta se deve principalmente à infecção
que pode evoluir com septicemia, assim como à repercussão sistêmica, com
possíveis
complicações
renais,
adrenais,
cardiovasculares,
pulmonares,
musculoesqueléticas, hematológicas e gastrintestinais. Além disso, as queimaduras
resultam em considerável morbidade pelo desenvolvimento de seqüelas, estando
entre as mais graves a incapacidade funcional, especialmente quando atinge as
mãos, as deformidades, sobretudo da face, e também aquelas de ordem
psicossocial. As queimaduras, dependendo da localização, podem ainda causar
complicações neurológicas, oftalmológicas e geniturinárias (VALE, 2005).
De acordo com Brunner & Suddarth (2002), o debridamento, uma das
facetas do cuidado da queimadura, tem duas metas:
1. remover o tecido contaminado por bactérias e corpos estranhos
evitando contaminação.
2. remover o tecido desvitalizado ou a escara da queimadura na
preparação para o enxerto e cicatrização da lesão.
Os acidentes são as principais causas de enfermidades e mortalidade
infantil, por isso, toda criança deve ser constantemente vigiada e supervisionada.
Os acidentes mais comuns ocorrem dentro de casa e podem variar desde uma
simples queda - que pode trazer graves conseqüências – até queimaduras,
intoxicação, sufocação, e outras lesões corporais.
É importante ressaltar, segundo Vale (2005) que as crianças imitam o que
vêem e ouvem, portanto, a prática de medidas de segurança deve ser aplicada não
31
só às crianças, mas também aos pais e educadores. Dizer uma coisa e fazer outra
confunde a criança e traz problemas de disciplina.
Para Vale (2005) apesar dos crescentes progressos obtidos ultimamente
no tratamento dos grandes queimados, ainda são consideráveis as taxas de
mortalidade e morbidade. As estratégias preventivas implementadas ainda não
foram capazes de alterar significativamente o dramático quadro epidemiológico das
queimaduras. Os sobreviventes de queimaduras graves ainda carregam um pesado
fardo de seqüelas físicas e psicossociais que geram grande sofrimento a ser
superado. Não há dúvida de que o prognóstico final de uma queimadura depende
essencialmente de um pronto e adequado primeiro atendimento. Daí a importância
do médico e do enfermeiro estarem habilitados a orientar os primeiros socorros e a
prestar o primeiro atendimento à vítima de queimadura.
Vale (2005) ainda ressalta que as causas mais freqüentes das
queimaduras em crianças são a chama de fogo, o contato com água fervente ou
outros líquidos quentes e o contato com objetos aquecidos. Menos comuns são as
queimaduras provocadas pela corrente elétrica, transformada em calor ao contato
com o corpo. São múltiplos os fatores envolvidos nas queimaduras que devem ser
observados em sua avaliação. A profundidade, extensão e localização da
queimadura, a idade da vítima, a existência de doenças prévias, a concomitância de
condições agravantes e a inalação de fumaça têm de ser considerados na avaliação
do queimado. O ambiente da avaliação deve manter-se aquecido, devendo a pele
ser descoberta e examinada em partes, de modo a minimizar a perda de líquido por
evaporação.
O levantamento de dados epidemiológicos também é importante para a
organização de unidades especializadas no tratamento de pacientes portadores de
queimaduras. Existem, no Brasil, poucos centros especializados no atendimento de
queimados, de forma que muitas das vítimas de queimaduras são internadas em
hospitais que não estão equipados para atendê-las (ROSSI et al., 2007).
Segundo Brunner & Studdarth (2002, p. 1440), o cuidado da queimadura
deve ser planejado levando em consideração a profundidade e resposta local,
extensão da lesão e presença ou ausência de uma resposta sistêmica. O cuidado
prossegue através de três fases:
Fase emergencial ou ressuscitativa imediata - Desde o início da lesão até
o término da ressuscitação hídrica;
32
Fase aguda - Desde o início da diurese até quase o término do
fechamento da lesão;
Fase de reabilitação - Desde o fechamento das lesões importantes até o
retorno ao nível ótimo dos ajustes físico e psicossocial do indivíduo.
Ainda de acordo com os autores, a profundidade e extensão da
queimadura serão determinantes para a decisão de encaminhá-lo para um centro de
queimados. Os pacientes encaminhados ao centro de queimados são aqueles que
se encontram nos extremos etários, com problemas de saúde coexistentes que
podem afetar a recuperação e aqueles nas circunstâncias que aumentam riscos de
complicações agudas.
É importante ressaltar que o volume de procedimentos a que as crianças
são submetidas quando queimadas são enormes. Assim, os traumas com
queimaduras fazem parte do cotidiano das crianças, cuja dor está presente nas
queimaduras em suas diversas fases, começando desde o momento da lesão
térmica até o processo de regeneração dos tecidos em que o latejamento e o prurido
são intensos passando pelo tratamento que consiste em procedimentos muitas
vezes sofríveis, como curativos, sondagens, debridamentos e cirurgias reparadoras.
Além da dor física não se pode desconsiderar a dor psicológica que abala o
emocional das vítimas, levando muitas vezes ao quadro depressivo, o que dificulta o
próprio tratamento (OLIVEIRA & LEÃO, 2004).
Assim, de acordo com os autores o trabalho cotidiano com crianças
queimadas é um processo desgastante para os profissionais da área da saúde,
porque o que mais aflige a criança queimada e a família são a dor e o sofrimento
que desestruturam a todos, inclusive os profissionais da enfermagem que devem
estar atentos a qualquer sinal de estresse ou depressão. Lidar cotidianamente com a
dor exige dos profissionais um perfil psicológico bem aprimorado para tal,
aprendendo a lidar com as adversidades, buscando acompanhamento psicológico,
caso julgue necessário.
33
3.1 MEDIDAS A SEREM TOMADAS CONFORME O AGENTE CAUSADOR DA
QUEIMADURA
Queimaduras elétricas: Afastar a vítima da fonte de energia com material
isolante; monitorizar sinais vitais; cuidados com a ferida (entrada e saída da
descarga elétrica).
Queimaduras químicas: Lavar abundantemente o local com água corrente.
Queimaduras por fogo: Chama direta: abafar o fogo, afastar a vítima do
local do acidente. Inalação de fumaça: afastar a vítima do local do acidente, levar
imediatamente ao Pronto Socorro;
Queimaduras provocadas pelo frio intenso: Deve-se neste caso, secar
bem a área e cobri-la com bandagens limpas e quentes, evitando um novo
congelamento. A vítima deverá ser removida para local quente e seco aquecendo-a
com cobertores e líquidos quentes, lavar bem a região com água e sabão (SBQ,
2008).
3.2 MITOS E VERDADES NOS CUIDADOS IMEDIATOS ÀS QUEIMADURAS
A revista AMAGIS, edição nº 39, p. 12, de março de 2006 apresenta
alguns mitos e verdades acerca da forma de tratamento nos casos relacionados a
queimaduras. Vejamos:
Mito: Passar manteiga, pasta d´água ou pasta de dente na queimadura
hidrata e impede o surgimento de bolhas.
Verdade: Não se deve passar nada na queimadura, deve-se apenas
resfriar o local com água corrente, fria e procurar atendimento médico porque o
tratamento depende do grau da queimadura e só um profissional pode determiná-lo.
Mito: É necessário furar a bolha e retirar a pele velha para que não
atrapalhe a reconstituição da pele.
Verdade: As pessoas devem ater-se a resfriar o local com água corrente e
não furar a bolha, pois isso pode desencadear um processo de infecção. Quanto as
34
bolhas, elas serão avaliadas pelo médico que decidirá se deverão ou não ser
retiradas através de um procedimento cirúrgico.
Mito: Deve-se desgrudar a roupa do local queimado.
Verdade: Não se deve desgrudar a roupa do local atingido, a pessoa tem
que ser levada para o hospital para ali receber tratamento adequado.
Mito: Beber bastante água ajuda na hidratação da área lesada.
Verdadeo: Beber água não vai resolver muito, é mais importante
umedecer o local. E nos casos de queimaduras mais sérias e de grande extensão,
quando há perda de muitos nutrientes e de água, a hidratação tem que ser venosa e
não oral.
Mito: Passar gelo no local queimado é bom para hidratar e diminuir a
ardência.
Verdade: O ideal não é passar gelo porque a pessoa perde a sensibilidade
no local queimado e pode ter a queimadura pelo gelo. Colocar gelo próximo ao local
queimado pode piorar a situação.
• Deve-se tampar com um pano o local queimado para evitar atritos que
possam piorar o estado da lesão.
Verdade: A pessoa pode proteger com um pano, úmido ou não, o local
queimado para livrá-lo de algum atrito, evitando que piore o machucado. Isso
também ajuda no alívio da dor.
•
Deve-se jogar bastante água na área queimada.
Verdade: O ideal é jogar água fria corrente, não se deve usar água
parada. Isso alivia a dor e umedece o local queimado. Tem que tomar cuidado para
a água não ser gelada para não causar hipotermia.
• Nas queimaduras de 3º grau usa-se compressas de água fria para
aliviar e refrescar a área queimada.
Verdade: Sim, pode-se usar compressas frias nesse tipo de queimadura
Foi verificado que a maioria dos mitos citados na população assistida
ainda são utilizados como forma única de tratamento a vítimas de queimaduras o
que evidencia a necessidade de melhores informações à população em geral.
35
CAPÍTULO 4
MEDIDAS PREVENTIVAS
A queimadura está entre os traumas mais graves, pois, além dos
problemas físicos que podem levar o paciente à morte, pode acarretar outros
problemas de ordem psicológica e social. No Brasil, os dados estatísticos sobre as
lesões por queimaduras são escassos. Contudo, estes dados são importantes para
que se possa compreender a magnitude do problema e para que se possa
identificar as populações mais atingidas e as circunstâncias nas quais as
queimaduras ocorrem, de forma que seja possível implementar programas de
prevenção.
As medidas educativas de prevenção consistem em orientar desde cedo
as crianças a evitar situações de risco para queimaduras no ambiente doméstico,
em incluir nos currículos escolares o ensino de prevenção de acidentes, entre eles
as queimaduras, além de campanhas preventivas gerais voltadas para toda a
população. Campanhas educativas particulares, para serem mais eficazes, devem
basear-se
em
dados
epidemiológicos
confiáveis
que
identifiquem
causas
específicas de queimaduras e respectivas populações de risco, às quais devem ser
periodicamente dirigidas. A severidade das lesões decorrentes da exposição a
substância quente ou fonte de calor, aliada aos tratamentos prolongados e a
presença de seqüelas, tanto físicas como emocionais, justificam especial atenção
às medidas preventivas que podem ser tomadas pela família devidamente orientada
(ROSSI et al., 2007).
Gomes (1995) ressalta a importância do fato de que os acidentes
domésticos com queimaduras envolvendo crianças somente diminuirão com
campanhas bem estruturadas e bem planejadas, sendo o apoio da sociedade ponto
fundamental, pois para queimaduras não há “vacina e a prevenção é a principal
arma que tem que ocorrer 24 h por dia, 365 dias no ano”.
O acidente doméstico com crianças segundo Gomes (1995) é um
importante motivo de desajuste entre os familiares. Os responsáveis pelo cuidado da
criança carregam por muito tempo a culpa pelo acidente, pois vivenciam a perda ou
36
um atraso significativo no desenvolvimento da criança sob sua responsabilidade.
Observa-se ainda que os acidentes domésticos têm relação com a idade e fatores
do
ambiente,
desenvolvimento
psicomotor,
condições
culturais,
aspectos
socioeconômicos e comportamentais.
Sendo assim, afirmam Oliveira & Leão (2004) que a prevenção dos
acidentes na infância é obrigação do profissional da saúde que, através do
estabelecimento de ações educativas, deve orientar os familiares quanto aos riscos
de acidentes domiciliares. O esclarecimento para os pais quanto ao fato de que o lar
deve ser um ambiente saudável e seguro para seus filhos está garantido pela
Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Segundo os autores citados deve haver um diálogo aberto entre as
crianças, pais, enfermeiros e outros profissionais a fim de criar um clima de
confiança durante o período de internação, porque sempre haverá algo mais que o
enfermeiro poderá fazer para amenizar a dor sentida pelas crianças diante de
acidentes onde saem gravemente queimadas. Aos profissionais cabe sempre um
olhar diferenciado, um olhar que transcenda a rotina hospitalar para fixar no sujeito
em sofrimento e atende-lo em suas necessidades físicas e emocionais tão
comprometidas naquele momento de dor.
Para Claro (2004) uma forma de ajudar os pais nesses momentos de
insegurança e dor frente à situação da criança queimada é proporcionar o diálogo
entre os pais na mesma situação para que troquem experiências sobre a situação de
seus filhos. Sendo assim, o enfermeiro poderá formar grupos de pais para discutir
desde como evitar acidentes em casa até como lidar com o enfrentamento do
sofrimento do filho diante do tratamento e possíveis seqüelas advindas da
queimadura.
Lamentavelmente todas as estratégias de prevenção implementadas
ainda não foram capazes de produzir o esperado impacto no dramático quadro
epidemiológico das queimaduras. Contudo, com a melhora nos índices de sobrevida
dos grandes queimados, crescentes progressos vêm sendo alcançados no campo
da reconstrução das áreas destruídas, da reabilitação funcional e psicológica, e da
reintegração social das vítimas de queimaduras.
Segundo Rossi et al. (2007) a maior parte dos acidentes que ocorreram no
ambiente doméstico ou de trabalho poderiam ter sido evitados se medidas
preventivas fossem implementadas. As estratégias para redução da incidência do
37
trauma térmico deveriam atender a dois pontos principais: a eliminação de fatores de
risco no próprio ambiente, envolvendo a modificação de produtos, a legislação que
normatiza a construção de edifícios, o controle de áreas para fumantes, a instalação
de detectores de fumaça; e a implementação de programas educativos, veiculados
principalmente através de meios de comunicação como o rádio e a televisão.
Reafirmando, as exposições a substâncias quentes ou fontes de calor, os
líquidos quentes de acordo com Martins & Andrade (2007) são relatados pelos
estudiosos como o principal agente de queimadura em crianças, devido à facilidade
de acesso a ambientes como a cozinha. Neste sentido, pode-se afirmar que a
modificação do ambiente seria suficiente para minimizar/diminuir as queimaduras
infantis. Manter a criança afastada de fornos aquecidos, não deixar cabos de
panelas voltados para fora do fogão e alimentos quentes em cima de mesas com
toalhas que podem ser puxadas pela criança, manter ferro de passar roupa e
aparelhos elétricos ainda quentes em lugares altos, restringir o acesso da criança à
cozinha e lavanderia são medidas eficazes e de baixo custo que podem evitar
sofrimento e seqüelas impostas às crianças vítimas de queimadura. A presença de
queimadura por contato com escapamento de moto aponta para a necessidade de
local apropriado para a guarda do veículo ou que se estacione o veículo com o
escapamento voltado para a parede, além de atenção especial à criança carregada
na garupa da motocicleta.
Outro fator de perigo e que está presente na maioria dos lares brasileiros
é o álcool líquido, largamente utilizado para limpeza e para acender o fogo. De
acordo com a SBQ – Sociedade Brasileira de Queimaduras, grande parte da
população tem o hábito de utilizar o álcool líquido daí a necessidade de um trabalho
contínuo de orientação e conscientização sobre o uso deste produto que deve ser
evitado de todas as formas em nome da segurança.
Martins & Andrade (2007) concordam que o álcool é o agente causador de
grande parte dos acidentes domésticos. Este produto é utilizado em nosso país no
ambiente doméstico para limpeza e também como substância inflamável e, muitas
vezes, permanece ao alcance de crianças. As queimaduras provocadas por álcool
são mais profundas que as provocadas por água fervente, pois o tempo de
exposição da pele ao calor em queimaduras causadas por líquido inflamável é
maior.
38
De acordo com a ANVISA – Agência Nacional de vigilância sanitária,
álcool gel é apresentado como alternativa a acidentes com crianças. A proibição de
venda de álcool líquido e sua substituição pela versão em gel, medida tomada pela
Anvisa há pouco mais de dois anos, trouxe um grande benefício à sociedade: foi
detectada redução de 60% de casos de queimaduras provocadas por álcool líquido.
No Brasil, aproximadamente 150 mil pessoas são vítimas de queimaduras
provocadas por acidente com álcool líquido por ano.
Contudo, os cuidados na área de enfermagem devem ser muito mais
abrangentes. De acordo com Gomes (2004), o enfermeiro deve ter sempre uma
postura preventiva no que diz respeito aos cuidados habituais e cotidianos da vida.
Não é apenas a preocupação com os cuidados de reparação da vida, em que os
acidentes domésticos têm freqüência digna de registro. O cuidado de enfermagem
está sempre presente onde o ser humano tiver algumas de suas necessidades
básicas não atendidas, oferecendo suporte técnico e prático humanizado.
39
CONCLUSÃO
Os levantamentos apresentados no presente estudo apontam para a
urgência de medidas de controle e prevenção, bem como a realização de novas
pesquisas que preencham lacunas do conhecimento e venham a colaborar no
combate a este importante agravo à saúde infantil, a ocorrência de queimaduras.
Indicam ainda que a maior parte dos acidentes por queimaduras está
relacionada
com atividades
realizadas no
ambiente
doméstico,
atingindo,
principalmente, as crianças. As queimaduras infantis constituem importante causa
de atendimento hospitalar e internação, além de causar seqüelas físicas e
emocionais relevantes. O fato das queimaduras infantis acontecerem, em grande
parte, no ambiente doméstico sugere a modificação do mesmo, como forma efetiva
de prevenção, além da supervisão direta da criança.
Levando-se em consideração que o desconhecimento a respeito das
situações de risco colabora para a ocorrência destes eventos, é preciso desenvolver
ações de sensibilização e orientações através de programas educativos junto a
escolas e comunidades, além de campanhas de prevenção em meios de
comunicação de grande alcance, com incentivo dos poderes públicos constituídos.
A prevenção realmente necessita ser direcionada para cada etapa do
desenvolvimento da criança e as orientações individuais nas atividades de
puericultura, ou coletivas nas escolas e comunidades, é que conferem aos pais e
cuidadores o conhecimento necessário para a prevenção de acidentes na infância.
O álcool foi o agente causador de grande parte dos acidentes. Este
produto é utilizado em nosso país no ambiente doméstico para limpeza e também
como substância inflamável, o que favorece o acesso da criança provocando
acidentes. Apesar de algumas providências terem sido tomadas pela ANVISA o
álcool continua sendo vendido livremente nas redes de supermercados e farmácias
deixando transparecer um descaso das autoridades em relação à prevenção de
acidentes tão comuns com esse produto.
As crianças mais atingidas por queimaduras estão na faixa de 0 a 04
anos. Nesta idade, a curiosidade leva à exploração do meio, mas a criança não tem
desenvolvimento motor e intelectual suficiente para evitar o perigo. Os meninos
estão mais sujeitos às queimaduras, devido a suas brincadeiras mais agitadas e
40
bruscas, em especial em idades acima de 05 anos, quando desperta o interesse por
fogo, pólvora e foguetes.
A situação econômica precária de grande parte da população brasileira e
a necessidade de morar em apartamentos minúsculos, com conseqüente falta de
espaço para brincadeiras, faz com que as crianças pequenas se aglomerem na
cozinha, junto à mãe; isso pode explicar a grande incidência de queimaduras que
acontecem nos horários de preparo das refeições. De acordo com o grau de
instrução dos pais ou do cuidador da criança, temas que abordam desde o
conhecimento sobre desenvolvimento motor e neuropsíquico da criança, sua relação
com os tipos de acidentes, as principais noções de segurança e a necessidade de
uma supervisão mais efetiva devem ser discutidos com o objetivo de reduzir o
número de acidentes e atenuar sua gravidade.
É importante lembrar que, dependendo da faixa etária da criança, as
orientações básicas sobre segurança no ambiente domiciliar devem ser passadas à
própria criança e ser reforçadas ou apresentadas de forma clara e objetiva aos pais
ou responsável pelos cuidados da criança.
A prevenção dos acidentes na infância é obrigação do profissional da
saúde que, através do estabelecimento de ações educativas, deve orientar os
familiares quanto aos riscos de acidentes domiciliares. O esclarecimento para os
pais quanto ao fato de que o lar deve ser um ambiente saudável e seguro para seus
filhos está garantido pela Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do
Adolescente. O enfermeiro é um educador, um agente transformador, estando apto
para realizar programas educacionais que envolvam pais e crianças e tratem da
conscientização da necessidade de prevenção de acidentes.
Concluiu-se que a inserção do profissional de enfermagem no mercado de
trabalho deve vir amparada por uma nova visão: orientador e educador o que
contribui para uma nova construção na maneira de olhar para antigas questões e
legitimar a necessidade de revisão e questionamento das práticas cotidianas,
contextualizadas na realidade de nossas populações.
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