8 Segunda-feira, 20 de abril de 2015 Vida de startup Beyond Raio-X MARCELO G. RIBEIRO/JC Empresa: Beyond (automação residencial) Empreendedor: CEO Felipe Delvan, com mais dois sócios Sede: Incubadora Raiar (Tecnopuc), em Porto Alegre Fundação: julho de 2013 Fase do negócio: finalização de produto para lançar no mercado em julho A Beyond, que criou um interruptor de energia com chip embarcado para controle de equipamentos domésticos com uso de rede sem fio, ocupa, desde janeiro, espaço na incubadora Raiar, localizada no Tecnopuc. Fundada pelo engenheiro eletricista Felipe Delvan, 30 anos, que colocou em prática o projeto de conclusão da graduação na Ufrgs, a startup é um fenômeno. Começou em meados de 2013, logo depois de Delvan pedir demissão e largar um salário de R$ 8 mil em uma multinacional de máquinas agrícolas. “Estava bem-colocado, mas vivia inquieto.” Antes de trocar o certo pelo risco, ele teve brotoejas pelo corpo, suou frio. Mesmo assim, a Beyond nasceu em julho do mesmo ano, com aporte de R$ 120 mil. “Consegui o capital com sócios que só viram a ideia em um PowerPoint”, conta o cofundador. Eram 13 acionistas na época. Delvan teve um ano para provar que seu plano era viável. Para moldar o produto, conversou com mais de 300 empreendedores, foi a dezenas de eventos e falou com 40 mentores. “Minha conclusão foi que um bom negócio não tem nada a ver com uma boa ideia”, observa. No final de 2014, a empresa recebeu investimento de R$ 1,2 milhão do fundo Bambuza, gerido pelo ex-CEO da Oi Francisco Valim. Julho deve ser a estreia dos interruptores inteligentes em lojas de itens para casa. Os próximos três meses vão render muitas brotoejas pela frente. 3D Protos Dada a l Quem pensa que vida de startup é moleza está por fora. E se alguém acha que pode se intitular empresa nova e inovadora vai ter de entregar o que diz ser. Portanto, não adianta parecer startup, tem de ser. E essa convicção pode levar tempo e cobrar sacrifícios. Patrícia Comunello [email protected] A pretensão de lançar algo novo, que possa gerar milhões de dólares em poucos anos move empreendedores a cada segundo em diversos pontos do planeta. Mas da mesma maneira que nasce um negócio, morrem outros tantos. As histórias que serão apresentadas nesta reportagem descrevem a vida de startups gaúchas nos estágios iniciais. Todas têm em comum a busca para emplacar uma ideia, além de muitas provações pelo caminho. Qual é o produto? Vai ter mercado? Os sócios se complementam? Vale a pena largar o emprego com salário garantido para se dedicar ao que o empreendedor acredita ser uma tecnologia disruptiva? “O Vale do Silício (Estados Unidos) se tornou obcecado pela disrupção”, detecta o cofundador do PayPal (ícone entre startups), Peter Thiel, no livro De zero a um. Thiel emenda, para deixar claro o alvo de seu combate: “Disrupção recentemente se metamorfoseou em um jargão autocongratulatório para qualquer coisa que se faz passar por nova e moderna”. Os fundadores ou cofundadores Felipe Delvan (Beyond), Jean Michel Winter (E-Aware), Raio-X Empresa: 3D Protos (impressão de órteses e próteses) Empreendedores: sócios Fernando Flores e Vinicius Amatéa Sede: Fabric Lab, bairro São Geraldo, em Porto Alegre Fundação: fevereiro de 2015 Fase do negócio: pesquisa de soluções-testes, sem data para ir ao mercado. Os sócios Fernando Flores (designer de produto), 28 anos, e Vinícius Amantéa (médico), 37 anos, venceram a maratona de empreendedorismo da Ufrgs em 2014. Mas isso só foi o começo da parte mais espinhosa de quem aposta que a impressão 3D vai revolucionar a produção de próteses para tratar pacientes. A dupla se conheceu durante o torneio, que durou quatro meses. Sentaram na mesma mesa, perceberam sintonia em algumas ideias e perfis complementares. Amatéa tem estilo de estrategista, planejador. Flores é mais operacional, de linha de desenvolvimento de protótipos. Até porque dirige, com mais três sócios, o Fabric Lab, espaço colaborativo para atender a demandas de desenvolvedores que não têm como manter máquinas Amantéa e Flores, sócios na 3D Protos Saúde próprias. De olho na crescente popularização da impressão 3D, os dois cada paciente”, aposta o médico. “Deciperceberam que algumas soluções que o dimos tentar desenvolver. A maratona médico Amantéa desenvolveu de forma serviu para isso”, aponta Flores. Há mais intuitiva para vítimas de acidentes pode- perguntas do que certezas na escalada ria virar produto. Os sócios estão ainda dos fundadores da 3D Protos Saúde. Para pesquisando o modelo de negócio e o gerar receita e despertar a curiosidade do produto, o que exigirá mais pesquisa. En- mercado, a dupla criou o babyBe, uma quanto isso, aplicam economias próprias impressão a partir de imagens de ultraspara adquirir equipamentos e testar pro- sonografias de gestantes. O produto pode tótipos. “Há potencial, pois os materiais abrir a janela de oportunidade, enquanto podem ser mais fidedignos ao corpo de o trabalho mais árduo ainda vai começar. FREDY VIEIRA/JC Ecossistema afina ações para Maratonas que podem levar quatro meses ou rodadas de um dia dão as primeiras ferramentas aos iniciantes. Também eventos organizados por aceleradores e outros organismos ligados a empreendedorismo são uma oportunidade de calibrar o produto no confronto com gestores experientes. O diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnick, aponta que, para quem tem boas ideias, há muitos ecossistemas (rede de instituições ligadas a inovação) que ajudam a começar um novo negócio. “O maior desafio é apoiar para o desenvolvimento, o que envolve networking e mercado”, destaca. E há muitos ajustes na largada, previne Prikladnick, que tem operações com incubadora e eventos v O diretor do Tecno a serem afinadas, com tocar a startup: “Uma g tecnologia, mas nem s gestão”. Na busca por re desde mentores (empre maior compartilhamen Programas de em Pucrs e Ufrgs passaram conjuntos. O relações da Secretaria de Dese gico (Sedetec) da Ufr afirma que a intenção é as iniciativas. “Se tive