RESUMO da Obra MORTE E VIDA SEVERINA
Sérgio Moreira dos Santos: www.informacaoutil.com.br
RESUMO DA OBRA “MORTE E VIDA SEVERINA”
O presente estudo teve por objetivo auxiliar o estudante numa compreensão das
principais características desta grande obra, e ainda, ajudando-o a ter um melhor desempenho
nas provas em que a obra for objeto da avaliação.
Vejamos abaixo informações relevantes.
Sobre o Título, a Estrutura e o Enredo:
1) Dois procedimentos chamam à atenção de imediato no título do livro. A inversão do
sintagma vida e morte e a adjetivação do substantivo próprio Severino.
2) Severino o protagonista, que, desde a apresentação, insiste no caráter comum de seu
nome, antes um "a-nome" no contexto em que vive. De substantivo próprio, "Severino" passa a ser
comum; daí a ser adjetivo é um passo. Será interessante advertir que o uso de "severino" como
adjetivo no auto cabralino não é senão a reversão da palavra à sua origem. Diminutivo de "severo",
"severino" é originariamente um adjetivo.
3) Livro demonstra o percurso feito por Severino durante a peça. Sai da morte para
alcançar a vida. A estrutura geral da peça, ou sua macroestrutura, apresenta exatamente este
caminho.
3) Morte e Vida Severina se divide em 18 cenas ou fragmentos poéticos, todos precedidos
por um título explicativo de seu conteúdo, praticamente resumos do que encontramos nos poemas
em si.
4) Podemos separá-los em dois grandes grupos.
4.1) As primeiras 12 cenas descrevem a peregrinação de Severino, seguindo o rio
Capibaribe, fugindo da morte que encontra por toda parte, até a cidade do Recife, onde, para seu
desespero, volta a encontrar apenas a miséria e a morte. Trata-se do Caminho ou Fuga da Morte.
Nesta parte o poeta habilmente alterna monólogos de Severino a diálogos que trava ou escuta no
caminho.
4.2) As últimas 6 cenas apresentam O Presépio ou O Encontro com a Vida, em que é
descrito o nascimento do filho de José, mestre carpina, em clara alusão ao nascimento de Jesus. A
peça se encerra, portanto, com uma apologia da vida, mesmo que seja severina. Toda esta parte,
com exceção do monólogo final do mestre carpina, foi adaptada por João Cabral de Melo Neto
(João C.M.N) dos Presépios ou Pastoris do folclore pernambucano
5) Algumas das ideias do escritor:
5.1) Eu (João C.M.N.) acho que o verso livre já foi longe demais, há uma necessidade de
se voltar a uma certa disciplina. (...)
5.2) De forma que eu vou usar o verso de oito sílabas, tenho a impressão de que a maioria
dos meus versos é escrito em oito sílabas.
5.3) Agora a rima. Eu sou um sujeito estragado pelo que me davam no colégio para ler. Eu
acho a rima o troço mais chato do mundo, e o decassílabo um negócio sinistro. De forma que eu
procuro escrever um tipo de verso que pareça verso livre, mas que me dá uma grande dificuldade
para escrever. Claro, um verso metrificado pelo meu ouvido. Talvez pelo fato de eu não ter ouvido,
eu pense que estou escrevendo rigorosamente metrificado e na verdade estou escrevendo em verso
livre sem saber. O verso de oito sílabas que eu uso com uma acentuação irregular interna dá a
impressão de prosa. E a rima toante, como eu sei que ela não soa no ouvido do brasileiro, dá a
impressão de que o poema não é rimado.
OUTROS ASPECTOS
Morte
= na obra é o que ocorre com maior freqüência em comparação com a vida
(conforme podemos inferir dos Capítulos V/1, VI/24 da Obra). Sob o aspecto de quem fica, a morte
tem relações com o lucro (rezadeira, coveiro, farmacêutico) (conforme podemos inferir do Capítulo
VI/30). Sob o aspecto de quem morre, é a única maneira de se conseguir uma terra (conforme
podemos inferir do Capítulo VIII/3 e 7), de se ficar protegido contra a vida serevina que esta acima
e lugar onde a pessoa vira adubo (conforme podemos inferir do Capítulo VIII/8 e 12), lugar também
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onde a pessoa é auto suficiente (conforme podemos inferir do Capítulo VIII/11, VIII/26 a 30, adubo
para a planta, o fruto cai e volta a ser adubo).
Vida Severina = vida que é mais defendida do que vivida (defendida da fome, da peste, da
sede,...) (conforme podemos inferir do Capítulo V/1, IV/4 e 5) = vida defendida + vida vivida,
Sendo que: vida defendida  vida vivida
Características de Severino:
1. Religioso não assumido, às vezes não se mostra ter fé vê as coisas como são sem levar em
consideração a representação de fé que se mostra, caso da descrição rosário (conforme podemos
inferir dos Capítulos I/1, III/1, VIII/31 a 38)
2. Não espera grandes coisas (conforme podemos inferir do Capítulo XI/1)
3. Se conforma com as emboscadas que vê, não existe punição pelos crimes (conforme
podemos inferir do Capítulo II/21 a 23);
4. Lavrador. Mas também sabe cozinhar, pastorear (conforme podemos inferir do Capítulo
VI/3, VI/10, VI/13, VI/15).
5. Trabalhador, não faz corpo mole.
Perspectiva de vida do Pernambucano, apontada na obra: pouco menos de 30 anos.
Local de origem: Serra da Costela – Pernambuco.
O que faz a população da religião dele? Abrandar pedras, suando-se muito, tentar despertar
terra sempre extinta, tentar arrancar algum roçado da cinza (conforme podemos inferir do Capítulo
I/1). Ser consumida pelo sofrimento (VIII/19 a 24).
Qual o motivo das mortes por emboscada antes dos 20 anos? Cobiça, em virtude de terras,
ainda que pouca, mas que produza pelo menos palha (II/14)
Qual a esperança de Severino ao ir em direção ao litoral? Encontrar vida (V/1), terra boa 
menos trabalho  mais vida vivida (VII/1), fugir da morte (IX/1)
Local onde ficou Severino ao chegar em Recife? Margens do Rio Capibaribe, entre lama e
mal cheiro com a diminuição do nível de água (X/27, XIV/2)
Severino ao final do percurso teve contentamento? Não, ficou decepcionado uma vez que
teve que viver à marginalização (margem do rio), buscando algo para se comer. Chegou a pensar
que melhor seria a morte (XI/1, XII), mas vê-se que no final com o nascimento de uma criança de
morador das margens do rio, o nascimento luta contra a morte, e a esperança em vida melhor,
melhor a vida ainda que severina.
Fim do presente estudo.
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Araçatuba/SP; 20 de setembro de 1995.
Sérgio Moreira dos Santos.
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