0 UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA O EFEITO DO TREINAMENTO MENTAL NA APRENDIZAGEM DO MORTAL GRUPADO PARA TRÁS NO TRAMPOLIM ACROBÁTICO RAONE BIANCHETTI FERNANDES Ijuí – RS 2014 1 RAONE BIANCHETTI FERNANDES O EFEITO DO TREINAMENTO MENTAL NA APRENDIZAGEM DO MORTAL GRUPADO PARA TRÁS NO TRAMPOLIM ACROBÁTICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como avaliação parcial para obtenção do grau em Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Leopoldo Schonardie Filho Ijuí – RS 2014 2 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todas as pessoas que me incentivaram a continuar com meus estudos, de modo especial minha mãe Maria Claudia Bianchetti, minha avó Maria Nair Cardoso Bianchetti, meu Avó Arlindo Bianchetti, meu pai Ari Mosack e minha irmã Luana Bianchetti Mosack, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade vivida. A minha família pelo total apoio concedido. Meus colegas, amigos e professores, que de alguma forma contribuíram para meu empenho e crescimento, como estudante na busca pelo conhecimento adquirido. E em especial a minha namorada Raquel Cichowicz, por me apoiar incondicionalmente durante minha graduação. 4 O EFEITO DO TREINAMENTO MENTAL NA APRENDIZAGEM DO MORTAL GRUPADO PARA TRÁS NO TRAMPOLIM ACROBÁTICO 1 Raone Bianchetti Fernandes2 RESUMO O mortal grupado para trás é uma habilidade motora que vai exigir do ginasta uma boa preparação física, técnica e cognitiva. Jovens iniciantes na ginástica terão de enfrentar diversos desafios corporais, pois ginástica requer domínio das habilidades motoras. O trabalho procura investigar o efeito do treinamento mental para a aprendizagem do mortal grupado para trás, realizado no trampolim acrobático. A pesquisa experimental tem a característica de analisar aprendizagem do mortal grupado para trás em uma amostra de crianças voluntárias com idade de 9 a 11 anos. A amostra é divida em dois grupos, o de Controle e o Experimental, o de Controle apenas recebeu as informações da prática da habilidade e o Experimental, que recebeu além da prática da habilidade a técnica do treinamento mental. A coleta dos dados foi realizada em três momentos denominados de pré-teste, teste e pósteste. Esses momentos foram registrados em ficha individual de desempenho da habilidade e por filmagem. Os resultados foram transformados em pontos para cada criança e somados entre os grupos. Embora não houve uma análise estatística para verificar o nível de significância percebeu um melhor desempenho por parte do grupo Experimental em relação ao grupo de Controle. Esta pesquisa visa incentivar os profissionais da ginástica para buscarem técnicas alternativas que facilitem uma melhor e mais rápida aprendizagem dos movimentos. Palavras-chave: Ginastas. Crianças. Habilidade. 1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física da UNIJUÍ. Ijuí/RS – 2014. 2 Acadêmico do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da UNIJUÍ. 5 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático ................ 28 Quadro 2: Somatório das três aulas analisadas do grupo experimental extraído da ficha de avaliação individual e do gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático, dezembro de 2013 .................................................................. 34 Quadro 3: Somatório de três aulas analisadas do grupo de controle extraído da ficha de avaliação individual e do gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático, dezembro de 2013 .................................................................. 35 Quadro 4: Dados comparativos do somatório das aulas analisadas entre o grupo experimental e o grupo de controle, em cada fase analisada, dezembro 2013 ......... 37 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 8 1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 9 1.2 PROBLEMA ......................................................................................................... 10 1.3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 10 1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 10 1.3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................... 12 2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR ........................................................................... 12 2.1.1 Fase Motora Reflexiva..................................................................................... 14 2.1.2 Fase de Movimentos Rudimentares .............................................................. 14 2.1.3 Fase de Movimentos Fundamentais .............................................................. 15 2.1.4 Fase de Movimentos Especializados............................................................. 15 2.2 HABILIDADES MOTORAS................................................................................... 16 2.2.1 Classificação das Habilidades Motoras ........................................................ 18 2.3 APRENDIZAGEM DE HABILIDADE MOTORA .................................................... 21 2.3.1 Nível de Ansiedade.......................................................................................... 22 2.3.2 Habilidade Motora “Mortal Grupado para Trás” ........................................... 23 2.4 TREINAMENTO MENTAL (TM) ........................................................................... 24 2.4.1 Técnicas para o Treinamento Mental............................................................. 25 2.5 TRAMPOLIM ACROBÁTICO ............................................................................... 26 2.5.1 Gabarito do Trampolim Acrobático ............................................................... 27 2.5.2 Fases do Movimento no Trampolim Acrobático ........................................... 28 3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 30 3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................................ 30 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................. 31 3.3 INSTRUMENTOS E MATERIAIS ......................................................................... 31 3.4 PROCEDIMENTOS .............................................................................................. 31 3.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................... 32 4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................... 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 38 7 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 40 7 ANEXO.................................................................................................................... 42 8 1 INTRODUÇÃO O interesse de pesquisar tal habilidade está relacionado com o ensino/aprendizagem motora de um elemento acrobático, este por sua vez, é uma habilidade conhecida como “mortal grupado para trás” da ginástica, que gera dificuldades e limitações em aprender a executar. Trata-se de um movimento que vai exigir bastante das capacidades físicas, como coordenação, força, equilíbrio, flexibilidade entre outras, também, necessita de um domínio motor e concentração do executante. Para ensinar os elementos da ginástica, na perspectiva do professor é fundamental que ele domine técnicas de informação, segurança, movimentação corporal, espacial, temporal e as diferentes formas de exercícios educativos que auxiliam na progressão da aprendizagem. Além de muita técnica, segurança e pedagogia de ensino. Atribui-se ao professor a importância relevada em identificar e reconhecer os fundamentos3 da ginástica. Assim o fator investigativo desse trabalho é voltado para a aprendizagem do mortal grupado para trás no trampolim acrobático, com auxilio das técnicas mentais no grupo experimental, e também toda a aparelhagem de ginástica utilizada durante as aulas. No trampolim acrobático o ginasta salta no sentido vertical com o corpo em extensão, seu objetivo é realizar uma rotação no sentido transversal sobre seu próprio eixo para trás. Apresentação do gabarito e fases de movimento no trampolim acrobático é esclarecida no capítulo 2.5. Portanto essa pesquisa tem como objetivo testar um instrumento, voltado à resolução de problemas concretos, tendo em vista, alcançar um objetivo ou realizar uma possível transformação dentro do tema definido (GAYA et al., 2008, p. 114). A apresentação, análise e discussão dos dados é feita de forma descritiva através da comparação dos quadros de somatório (quadro 2; quadro 3; quadro 4). 3 Os fundamentos da Ginástica é base da aprendizagem das habilidades avançadas da Ginástica Artística. Os fundamentos da ginástica são relatados de maneira diferente por cada autor: “Padrões Básicos de Movimento da Ginástica”, Russell e Kinsman (1986); “Padrões de Movimento”, Schembri (1983); “Ações Musculares Carrasco” (1982v); “Ações Motoras”, Leguet (1987); Habilidades Temáticas”, Werner (1994); Categorias de Movimento”, Malmberg (2003); entre outros (NUNOMURA; NISTA-PICCOLO, 2005, p. 38). 9 Para atingirmos o propósito, a pesquisa apresenta-se em cinco capítulos que seguem como: sustentabilidade teórica; os elementos metodológicos que conduzem o interesse do pesquisador; análise dos dados com a comparação e a discussão apoiados pelos referenciais teóricos; e as considerações finais que confronta a intenção da pesquisa com os resultados obtidos. A intenção da pesquisa é de colaborar com as pesquisas científicas já existentes, traçando novas informações aos profissionais e aos aspirantes à atleta da ginástica. 1.1 JUSTIFICATIVA É com enorme satisfação que apresentamos a produção desse trabalho de cunho investigativo no Curso de Educação Física da UNIJUI, especialmente na área da ginástica. No entanto a ginástica da Universidade incentiva à participação da comunidade local e regional, conquistando assim mais espaço. A nossa trajetória na ginástica acrobática iniciou-se no ano de 1998, junto ao Curso de Educação Física da UNIJUI. Onde, enquanto ginasta realizava os primeiros treinamentos na modalidade. Esta participação nos incentivou a tomar posições e buscar novas informações de aperfeiçoamento que teve o reconhecimento e o incentivo dos professores do Curso e também da comunidade um modo geral. Através de treinamentos, houve aprimoramentos da qualidade técnica na execução de movimentos, ganhando assim força, flexibilidade, resistência e maior controle das capacidades motoras e dos movimentos corporais, entendemos que a ginástica proporciona o desenvolvimento e domínio das habilidades motoras qualificadas, para os movimentos acrobáticos. Projeta no ginasta o reconhecimento de ser importante assim Abrahão (2007, p. 150) ao falar do comportamento humana observa: O ser humano além de suas necessidades biológicas possui também estados de necessidades psicológicas e sociais, os esportes ginásticos desenvolvem os aspectos de personalidade, motivação para seus afazeres, inteligência geral, especifica e psicomotora, criatividade, raciocínio espacial e abstrato, influencia verbal, memória auditiva e visual, atenção e concentração, inteligência social. Visando a educar e a desenvolver o controle de suas emoções, cognições, comportamentos psicomotores e sociais, proporcionando-lhe as melhores condições psicológicas para a obtenção na sua qualidade de vida. 10 A busca por novos métodos de desenvolvimentos pedagógicos foi incansável, participando em cursos entre os melhores centros de treinamento e desenvolvimento da ginástica no Estado como: Clube Grêmio Náutico União (GNU); Sociedade Ginástica Porto Alegre (SOGIPA); e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Portanto, o esporte denominado ginástica, compreendido com suas diferentes ramificações regulamentadas pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e a Federação Riograndense de Ginástica (FRG) é área de interesse nos estudos acadêmico/científico. Despertando a vontade de investigar mais a fundo o processo de aprendizagem motora, através do método de ensino denominado prática mental4. Abrindo espaço para futuras discussões sobre o assunto, com propósito em acrescentar algo a mais no processo de ensino aprendizagem de crianças e adolescentes na iniciação esportiva da ginástica. 1.2 PROBLEMA Para Pelegrin (2009) a psicologia do esporte, apesar de ser uma área recente tem por objetivo de estudo as particularidades psicológicas da atividade esportiva e do esportista. Sendo assim é levantado o seguinte problema: É possível o treinamento mental ser uma técnica adequada e consistente para auxiliar no aprendizado da habilidade motora do mortal grupado para trás no trampolim acrobático, em crianças aspirantes em se tornar ginastas e praticar a modalidade esportiva de trampolim acrobático? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo Geral Verificar se o treinamento mental é relevante para a aprendizagem do mortal grupado para trás no trampolim acrobático em crianças. 4 Repetição cognitiva de uma habilidade física na ausência de movimentos físicos manifestos. Implica em imaginar o desempenho real do movimento (MAGILL, 1984, p. 231). 11 1.3.2 Objetivos Específicos - Comparar o desempenho da habilidade motora na aprendizagem do mortal grupado para trás para ambos os grupos, Experimental e de Controle. - Identificar se as dez aulas de ginástica de 30 minutos, dividida em três seções por semana, são suficientes para a aprendizagem do mortal grupado para trás. - Evidenciar a eficiência do treinamento mental, aplicada ao grupo experimental. 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR O mundo se transformou, e as acelerações no acesso as informações fizeram com que o homem se adaptasse a essa nova rotina de mundo globalizado, desencadeando o processo de conhecimento sobre questões atuais. Cada geração acompanha o seu tempo de existência, hoje em dia as crianças tem tendência a serem adultos sedentários em razão do computador, vídeo game, televisão entre outros. Uma criança quando nasce tem seu inicio de existência aqui na terra. Todo processo de desenvolvimento motor e biológico, educação e convivência devem ser monitoradas de perto pela família. Tani et al. (1998, p. 50) argumentam que a “progressão do organismo, desde sua concepção até a maturidade plena compreende dois aspectos que são o crescimento e o desenvolvimento”. O mesmo autor acrescenta que o crescimento se refere ao aumento no número de hiperplasia que é o aumento de número de células nos órgãos e tecidos, ou hipertrofia das células que compões os diversos tecidos do organismo. O desenvolvimento é considerado como transformações funcionais que ocorrem nas células e, consequentemente, nos diferentes sistemas do organismo. O processo de desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comportamento motor (GALLAHUE; OZMUN, 2001). Essas alterações ocorrem durante todo o período da infância até a vida adulta, onde o corpo humano permanece sempre em constante desenvolvimento, sendo assim “o processo de desenvolvimento motor é um estudo das alterações ou áreas do nosso organismo sendo dividida em cognitivo afetivo, motor e social” (GALLARDO, 1997, p. 55). Para entender melhor sobre a importância do funcionamento de um organismo do ser humano, utilizamos uma comparação, não de forma equivocada, porém para melhor entendimento do nosso corpo. Pode ele ser comparado a uma maquina, digamos o motor de um carro, no qual possuímos todas as peças essenciais, engrenagens, fios transmissores, fluídos, proteção e pontos de partida. Toda a estrutura deve realizar sua função perfeitamente, se em algum caso uma dessas ferramentas não estiver funcionando bem, nosso corpo não responderá da mesma forma. 13 É preciso prestar atenção no crescimento e desenvolvimento das crianças, certificando-se que tudo esta funcionando bem. Nosso corpo “máquina” é fragilizado, os órgãos são tão vitais, que necessitam de constante reabastecimento de energia, para continuar se desenvolvendo e crescendo. Quando um problema é diagnosticado é procurado ajuda de um profissional ou médico experiente na área. As mudanças no comportamento motor, afetivo e social ocorrem individualmente, através de processos mentais como a motivação, processos físicos como o peso e altura, e de inclusão social, que são resultantes do processo de maturação de cada um. O indivíduo é visto como um ser único, não existe igual, seu processo de desenvolvimento motor e aprendizagem dependem individualmente de si mesmo. É através dessas individualidades que modelos são propostos para explicar a sequência de desenvolvimento motor e também aprendizagem de habilidade motora, que Gallardo (1997, p. 57) propõe uma divisão em três períodos: 1. Movimentos reflexos. 2. Habilidades específicas do ser humano: a) habilidades de manipulação simples (empurrar puxar e carregar ou transportar); b) habilidades de locomoção, de acordo com a posição em que é realizada (rastejamento ventral, dorsal e lateral, gatinhando, sentado; quadrupeda ventral e dorsal; e bipedia); c) habilidades de manipulação combinada (lançar e recebe; saltar e cair; e subir e descer). 3. Habilidades culturalmente determinadas. A influência do ambiente cultural está presente nos três períodos. Ao propor uma tarefa para uma criança estamos associando o fator ambiente que de certa maneira influenciara no desenvolvimento da aprendizagem. O ambiente é uma característica externa as quais se apresentam como sendo físicas, de natureza própria (superfície, temperatura, iluminação e outras) e ainda socioculturais, dependendo da influência do ambiente social e cultural ao qual o indivíduo está inserido (MAZZONETTO, 2012, p. 14 apud HAYWOOD; GETCHELL, 2004; GALLAHUE; OZMUN, 2005). Outro fator relacionado ao desenvolvimento motor da criança é a influência dos pais, “a interação entre os pais e a criança cria um relacionamento mutuamente recompensador e satisfatório, cuja importância não pode ser minimizada” (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 69). É preciso dosar a intensidade de estímulos, não 14 sobrecarregar a criança com muitas atividades, deixar que ela tenha sua própria opinião sobre o que quer aprender. Para quem está estudando sobre o desenvolvimento motor, Gallardo (1997, p. 56) contribui argumentando que um dos principais interesses é compreender o processo pelo qual os indivíduos desenvolvem as habilidades motoras através da vida. A importância de saber cada passo, cada caminho por onde o desenvolvimento percorre é fundamental, para compreender o desenvolvimento motor e a aprendizagem de habilidade motora. No entanto o desenvolvimento motor se da através de fases e estágios. Nos próximos capítulos é buscado o entendimento do modelo teórico citado por Gallahue e Ozmun (2001). 2.1.1 Fase Motora Reflexiva É caracterizada pelos primeiros movimentos do bebê, que de forma involuntária os realiza, através do contato, da luz, do som, entre outros. Inicia-se na idade fetal e persiste até um ano de idade. Nessa fase inicial os indivíduos passam pelo estágio de codificação de informações, através das atividades de reflexos o bebê obtém resultados imediatos sobre o ambiente. Esses movimentos involuntários fazem com que a criança comece a compreender e conhecer seu corpo e o mundo que o cerca. Dentro da fase motora reflexiva existem dois tipos de reflexos que ajudam a compreender o desenvolvimento dessa fase, que são: Os movimentos reflexos primitivos classificados como agrupadores de informações e caçadores de alimentação e de reações protetoras, além de estimular a atividade cortical e o desenvolvimento. E os reflexos posturais que compõe a segunda forma de movimento involuntário e são notavelmente similares, mas são inteiramente involuntários (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 99-100). 2.1.2 Fase de Movimentos Rudimentares É a fase inicial de movimentos voluntários, ocorre desde o nascimento até aproximadamente dois anos. Envolvem movimentos estabilizadores como: erguer a cabeça, pescoço e músculos do tronco, tarefas que envolvem a manipulação como 15 alcançar, soltar, agarrar, além dos movimentos de locomoção que é o arrastar-se, engatinhar e o caminhar (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 101-102). 2.1.3 Fase de Movimentos Fundamentais É a fase em que a criança começa a explorar e experimentar suas habilidades motoras. Da descoberta de como usufruir de uma variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos. Os movimentos fundamentais sofrem influência do ambiente, que oportunizam a prática e encorajam a criança, tendo grande relação para a aquisição das habilidades fundamentais maduras. Sendo vivenciado dos dois aos sete anos. Esta fase é caracterizada por três estágios: 1. o estágio inicial é onde a criança começa a realizar as primeiras tentativas de desempenhar uma habilidade fundamental. Ocorrendo entre os dois e três anos; 2. o estágio elementar envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos fundamentais, porém os movimentos ainda são restritos, tem início no quarto ano de vida indo até os cinco anos; 3. o estágio maduro é caracterizado por desempenho de movimentos eficientes e controlado. Ocorrem dos seis aos sete anos (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 103-105). 2.1.4 Fase de Movimentos Especializados Depende exclusivamente dos movimentos fundamentais, porém nessa fase o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a outras atividades, onde são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações mais complexas. Esse período depende de fatores ambientais, de tarefa e do próprio indivíduo. Ocorre dos sete anos em diante. Passa por três estágios, sendo eles: O Estágio Transitório associa aplicar os movimentos fundamentais ao desempenho de habilidades motoras especializadas, proporcionando ações mais controladas. As habilidades motoras transitórias contêm os mesmos elementos que os movimentos fundamentais, mas confirma uma precisão e controle maior. Ocorrendo no período de sete e oito anos de idade ou mais. 16 Estágio de Aplicação, o indivíduo é capaz de decidir, tomar decisões de aprendizado e participação baseados em fatores da tarefa, individuais e ambientais, ocorre aproximadamente aos onze anos se estendendo aos treze anos. O Estágio de Utilização Permanente consiste na utilização dos movimentos aprendidos durante toda a vida, ocorre dos 14 anos em diante (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 105-107). A amostra da presente pesquisa encontra-se no Estágio Transitório. Os mesmos autores afirmam que os indivíduos frequentemente funcionam em fases diferentes, dependendo de seus ambientes de experiências e de certas estruturas genética, bem como a cultura, o estimulo familiar e o escolar. Na verdade esse modelo serve como um quadro de referência, onde é possível identificar/observar todas as fases que uma criança deverá passar até se tornar um adulto autônomo e independente. Ao analisar o modelo citado à cima, professores e estudantes da aprendizagem motora, contam com uma grande contribuição que objetiva auxiliar na construção de um modelo de ensino para todas as crianças. Concordamos com Tani et al. (1998) que esse modelo de classificação do desenvolvimento motor tem como propósito servir de base para a programação de atividades motoras para a educação física normal. 2.2 HABILIDADES MOTORAS Habilidade motora pode ser classificada como forma de movimento desenvolvida através de experiências ou práticas que levam a mudanças permanentes no organismo (SCHMIDT, 1993; MAGILL, 1984; GALLARDO, 1997). De maneira geral a habilidade motora é relacionada, com qualquer atividade realizada pelo corpo humano, tais como, dirigir um carro, escrever, passar uma roupa. Experiências práticas contribuem para o aprendizado das habilidades, ao repetir diariamente uma mesma tarefa o indivíduo é capaz de realizar essa tarefa com mais praticidade. O corpo vai se costumando com o movimento realizado, fazendo com que a tarefa fique mais fácil de executar. Sendo assim “A produção de comportamentos habilidosos e a aprendizagem que leva ao seu desenvolvimento são fortemente interligadas, na experiência humana” (SCHMIDT, 1993, p. 3). 17 A intenção também aprofundar o conhecimento da habilidade motora em questão “mortal grupado para trás” realizado no trampolim acrobático, conhecendo os diferentes componentes que fazem parte do aprendizado desta habilidade. O desenvolvimento da aprendizagem nos esportes nos conduz a acreditar que a sua prática contribui com a qualidade da aprendizagem do indivíduo. Sendo assim: A habilidade motora é uma ação complexa e intencional, envolvendo toda uma cadeia de mecanismos sensórias, central e motor que, através do processo de aprendizagem, se tornou organizada e coordenada, de forma a alcançar objetivos predeterminados com máxima certeza (GALLARDO, 1997, p. 55 apud WHITING, 1975). Tani et al. (1988, p. 87 apud WICKSTROM, 1997) definem uma habilidade motora básica, como uma tarefa comum, com uma meta geral, sendo ela a base para atividades motoras mais avançadas e altamente especificas. Então, aprendizagem motora é um caminho no qual a criança se adapta a novas formas de aprender. Uma característica que não pode ser descartada, quando tratamos de aprendizagem de habilidades motora é: Quase todo ato motor ou movimento pode ser considerado uma habilidade. É interessante observar, porém que todos esses atos que consideramos habilidades motoras têm em comum a propriedade de que cada um precisa ser aprendido para poder ser executado corretamente... Podemos definir, então, habilidade neste contexto quando relacionada especificamente a habilidades motoras, como aqueles atos ou tarefas que requerem movimento e devem ser aprendidos a fim de ser executados corretamente (MAGILL, 1984, p. 9). A execução e ou aprendizagem de uma habilidade motora é observada e associada ao indivíduo, que pode ser classificada no modelo teórico apresentado por Gallahue e Ozmun (2001). Essa classificação aponta para a existência de uma variedade de modelos que podem estruturar a prática da aprendizagem. Um exemplo citado é quando um indivíduo encontra-se na fase de: Habilidades motoras especializadas do desenvolvimento é, na essência, a elaboração da fase fundamental. Habilidades especializadas são mais precisas que habilidades fundamentais, pois, frequentemente, envolvem a combinação de habilidades motoras fundamentais e requerem maior grau de precisão (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 115). 18 Dessa maneira surgem diferentes estudos a respeito da aprendizagem de habilidades motoras. Uma vez que ela varia de estágio para estágio na fase de crescimento e desenvolvimento. Gallardo (1993, p. 53 apud TANI et al., 1998; GALLARDO, 1993; MEDINA, 1983) apontam as principais características da abordagem na aprendizagem motora sendo: 1. Uma abordagem microscópica que pretende atender as necessidades e as expectativas da criança. 2. É uma visão interna que procura verificar o que ocorre no sistema nervoso central do aluno quando este passa de uma estado de nãoconhecimento da habilidade para um estado onde esta habilidade se torna aprendia e automatizada. 3. É uma visão finalista, pois sua meta principal é o domínio de Fe habilidade de forma eficiente, sendo isso que direciona do o processo da aprendizagem. 4. Seu objeto de estudo é o movimento e o seu paradigma de trabalho é o controle/informação. 5. Na educação física se deu a partir do estudo de crianças maiores para se chegar até crianças menores, ao contrario da psicologia que preocupa-se com mudanças de comportamentos mas orienta sempre para a gênese delas. A aprendizagem de uma habilidade é a área que pode ser naturalmente transformável e pesquisada, levando em conta o objetivo que essa aprendizagem possui. O Educador, sim precisa conhecer o desenvolvimento motor da criança por completa e também dominar o campo das habilidades motoras. 2.2.1 Classificação das Habilidades Motoras De acordo com as literaturas estudas as habilidades motoras são definidas em sentido amplo, como um complexo processo de desenvolvimento onde o aprendiz tende em realizar qualquer tarefa do seu dia. Esse desenvolvimento pode ser considerado na indústria, na terapia física quanto na terapia ocupacional, rendimento esportivo e outras. A área da aprendizagem motora, apesar de apresentar dificuldades que tornam distintos o seu progresso, como no caso da terapia ocupacional onde a (re) aprendizagem requer mais atenção. Schmidt (1993, p. 4) argumenta que as “capacidades físicas adquirida dos alunos possam variar amplamente, os princípios que levam à aplicação com sucesso são sempre os mesmos”. 19 “A classificação das habilidades motoras é útil ao dar a oportunidade para considerar habilidades motoras em termos do que ela tem em comum, em vez de considerar quão diferentes elas são” (MAGILL, 1984, p. 14). Schmidt (1993, p. 6) acrescenta que “existem vários sistemas de classificação de habilidades que orientam para um olhar mais específico dentro do estudo”. Já Magill (1984) argumenta que “quando analisamos habilidades motoras, devemos constatas que não estamos apenas tratando de habilidades motoras altamente complexas, mas também estamos comparando habilidades bem diferenciadas em sua natureza”. Continuando com a classificação das habilidades motoras, é apresentado a proposta de Schmidt (1993) “onde os princípios da performance e aprendizagem humanas dependem de alguma forma do tipo de habilidade de movimento a ser executado”. Seguindo dessa forma sua classificação: Habilidade motora aberta – é aquela no qual o ambiente é variável e imprevisível durante a ação. Habilidade motora fechada – é aquela o qual o ambiente é estável e previsível. Habilidade discreta – normalmente tem um inicio e fim definido, frequentemente com uma duração de movimentos muito breve, lançar o receber uma bola. Habilidade continua – não tem um inicio ou fim específico, o comportamento flui por muitos minutos. Ex: nadar correr ou pedalar. Habilidades seriadas – considerada com um grupo de habilidades discretas sequenciadas para se transformar em uma ação habilidosa nova e mais complexa. Habilidade motoras e cognitivas – nessa relação compreende-se que o principal êxito da habilidade motora é a própria qualidade do movimento, onde a percepção e as decisões de que movimento realizar estão quase ausentes. Em relação a habilidade cognitiva a natureza do movimento não é levado em conta, e sim as decisões de que movimento fazer são muito importantes. Magill (1984, p. 15-17) destaca a classificação das habilidades motoras considerando quatro aspectos, em que cada sistema de classificação está baseado na natureza geral das habilidades motoras relativas a certos aspectos específicos dessa habilidade. 20 A primeira classificação é relacionada com a precisão de movimento, levando ao desenvolvimento de duas categorias: as habilidades motoras globais e habilidades motoras finas. As habilidades motoras globais não necessitam tanto da precisão de movimento, já que envolvem a utilização de grandes grupos musculares. A maioria das habilidades esportivas é considerada global. Habilidades motoras finas são caracterizadas por envolver os pequenos músculos do corpo, tornando seu desenvolvimento um objetivo de execução bem sucedida da habilidade. As habilidades motoras finas por sua natureza requerem um grande foco na precisão de movimento. Pontos iniciais e pontos finais bem definidos também abre espaço para uma subclassificação de acordo com sua natureza. Habilidade motora discreta que possui pontos de inicio e fim do movimento. Habilidade motora continua onde não tem pontos distintos de inicio e término do movimento. E habilidades motoras seriadas, quando surgem respostas a outros estímulos imediatamente ou a para um estimulo seguinte. Estabilidade do ambiente totalmente relacionada com a situação real do ato da execução da habilidade, abrindo classificação para dois tipos de habilidade as abertas e as fechadas. As habilidades abertas envolve um ambiente imprevisível e com continua mudanças. Já as habilidades motoras fechadas denominam-se pelo ambiente sendo estável e previsível. Além do mais outra situação surgiu com expressão de autocompassada designada a medida com que o executante inicie a ação. Controle de Feedback (retroinformação) relativamente associada a informação da tarefa, gerando assim duas naturezas de habilidades, as de circuito fechado e as de circuito aberto. Habilidades de circuito fechado diz respeito se indivíduo pode usar a informação durante o percurso do próprio movimento. As habilidades de circuito aberto referem-se quanto ao retorno de informações, onde não pode sofrer ajustes frente a uma situação. Então é possível afirmar que em ambos os estudos, os autores classificam o processo de desenvolvimento e aprendizagem motora de forma segmentada. Onde Magill (1984) parte de quatro pontos essências para desenvolver a classificação das habilidades motoras. No qual Schmidt (1993) corrobora e argumenta sobre cada classificação da habilidade motora. 21 Toda classificação vai depender de como a habilidade motora é observada, quais os mecanismo que ela utiliza e qual é sua interação em relação ao movimento e o espaço. Todo movimento pode ser melhorado pelo seu executante, se devidamente orientado, através do domínio progressivo da aprendizagem de novas habilidades. No caso da habilidade em estudo no presente trabalho podemos classifica-la sendo uma habilidade motora fechada, discreta e por tratar-se de iniciação da aprendizagem motora de predominância cognitiva. Onde a informação é relevante para que o domínio da aprendizagem seja satisfatório, levando ao indivíduo o desafio de aprender uma nova habilidade motora da ginástica. 2.3 APRENDIZAGEM DE HABILIDADE MOTORA O processo de aprendizagem de habilidades sofre grandes mudanças ao longo dos anos, a partir da década de 70, se procura investigar os mecanismos internos básicos responsáveis pela produção de movimento e a mudança no comportamento (TANI et al., 1998). Dai em diante, os estudos a cerca da aprendizagem motora, procuram mostrar não apenas como o indivíduo aprende, mas também o que ocorre com seu corpo. Um dos grandes objetivos da aprendizagem motora é relacionado às novas mudanças no comportamento motor. Pois quando o indivíduo aprende novas habilidades, ele está sujeito a responder corporalmente e mentalmente sobre o resultado dessa aprendizagem. “Neste processo é possível investigar o que acontece com o indivíduo, quando este passa de um estado em que não sabia, para um estado que agora esta sabendo” (TANI et al., 1998, p. 91). Aprender uma nova habilidade motora requer a capacidade de desenvolver no indivíduo novas tendências de movimentos. Colocando o indivíduo frente a uma nova realidade a ser aprendida, para que no futuro ela possa ser apresentada. “O desenvolvimento é um processo continuo em todos os domínios do ser humano” (OLIVEIRA, 2002, p. 17). Para Gallardo (1997, p. 66 apud CANFIELD, 1981) “um aluno está apto a aprender atividades mais complexas quando as destrezas e as habilidades que antecedem estiveram presentes no repertório motor”. Ele só ira aprender o novo se estiver o domínio das habilidades motoras básicas, e se estiver preparado 22 fisicamente e psicologicamente para receber uma nova etapa de informações e aprendizagens. A aprendizagem motora requer estabelecer novos princípios para continuar aprendendo. Influenciar o corpo a não regressar se acomodando com o que já foi aprendido. Como Kosloski (2006, p. 18) afirma que a “aprendizagem é como uma ação de aprender, adquirir uma nova conduta ou modificar uma conduta anterior”. 2.3.1 Nível de Ansiedade É esclarecido que indivíduos se diferenciam pelo seu processo de desenvolvimento e aprendizagem motora, muitos estudos procuram investigar quais os fatores relativos que interferem na aprendizagem. Um dos estudos feito por Magill (1984, p. 244) cita a interferência da tarefa e o nível de ansiedade, “onde a predisposição de um indivíduo de considerar uma situação ameaçadora”, ou seja, o nível de ansiedade de uma pessoa pode interferir diretamente na sua aprendizagem. Existem dois tipos de ansiedade mencionadas por Magill (1984), sendo elas ansiedade de traço que é característica da personalidade da pessoa e a ansiedade de estado a qual está ligeiramente ligada à ativação ou incitação do indivíduo, onde que a ansiedade de estado é um efeito negativo, que níveis muitos elevados são extremamente desagradáveis ao indivíduo. Por outro lado a ansiedade não pode ser confundida com o medo, pois segundo Pelegrin (2009, p. 1) “a ansiedade é um sentimento característico do ser humano que se manifesta quando o sistema nervoso central recebe excessiva agitação perante situações de perigo, medo, tensão e outras”. Ou quando se esta prestes a desenvolver uma tarefa, que vá exigir do executante máxima concentração, desempenho e superação. Dentro da preparação psicológica, do domínio dos níveis de ansiedade para a aprendizagem motora no esporte o é considerado: [...] que a preparação psicologia esta em acelerar processos naturais de desenvolvimento das qualidades psíquicas e propriedades da personalidade mais relevantes ao esportista. Ela contribui para o desenvolvimento à autoeducação e do autoaperfeiçoamento ativo esportista (PELEGRIN, 2009, p. 15 apud RUBIO, 2001). 23 A preparação psicológica do indivíduo tem como objetivo inibir e contribuir para que ele não sofra com ansiedade em nível de aprendizagem motora. Suprindo assim uma necessidade metodológica imposta junto ao programa de desenvolvimento e aprendizagem de habilidades motoras. Fundamentada na capacidade de fazer pensar e o que pensar para melhorar. 2.3.2 Habilidade Motora “Mortal Grupado para Trás” O modelo técnico de execução do mortal grupado para trás, utilizado como base de comparação de desempenho dos sujeitos da amostra do presente trabalho, é descrito passo a passo seguindo as três fases do salto, mencionada por Peixoto, Fernandes e Martins (1990, p. 70-71): ... o corpo realiza uma rotação transversal à atrás de (360°), em posição engrupada, em que os pontos de encontro, são sempre no centro de gravidade corporal. Fase de impulsão “Take off” – O tronco encontra-se em extensão ligeiramente inclinado para trás, com os membros superiores para cima à vertical e a cabeça em posição normal, com o olhar dirigido as proteções. A bacia deve estar em retroversão, unificando o troco e membros inferiores. O centro de gravidade sobe na vertical e os membros inferiores vão à extensão total a fim de utilizar o máximo de impulsão. Fase aérea – O corpo elava-se animado de uma rotação atrás, depois do alongamento completo, com os braços no seu prolongamento. Os membros inferiores são flexionados colocando as coxas junto ao peito e as mãos agarrando abaixo dos joelhos, definindo a posição engrupada num ângulo máximo de (90º). O olhar deve estar dirigido para os joelhos. Esta posição corresponde à de um rolamento à retaguarda engrupado para trás no solo. Abertura o mais cedo possível e definida a partir dos 180º, através do alongamento do corpo, extensão das pernas e da bacia simultaneamente, parando o movimento de rotação, na preparação da recepção. Tecnicamente é importante a abertura cedo, o que depende de eficácia inicia, permitindo ao aluno ver a zona de recepção e assim melhor controlala. Fase de recepção “Landing” – A rotação prossegue do corpo em extensão correta e após a horizontal nos últimos (45º), prepara-se o impacto na lona através duma ligeira flexão dos membros inferiores sobre o tronco, para uma recepção eficaz. Os braços que se encontravam ao longo do corpo em consequência da abertura, relevam-se durante o impacto com a lona, bloqueando-se antes do fim da impulsão seguinte. Após ter entendido sobre as ações técnicas que devem ocorrer com o corpo ao realizar a habilidade acrobática do mortal grupado para trás no trampolim acrobático. Fica esclarecido que existem três fases de classificação deste movimento, segundo Peixoto, Fernandes e Martins (1990). 24 No presente trabalho essas fases do movimento se apresentam da seguinte forma: 1. Tomada de impulsão; 2 Rotação sobre seu próprio eixo; 3 Execução do mortal e 4. Confiança na execução e auxílio. 2.4 TREINAMENTO MENTAL (TM) O treinamento mental contribui com o desenvolvimento da capacidade de o indivíduo se concentrar frente uma tarefa. Para o treinamento mental se tornar uma ferramenta útil na aprendizagem, é necessário fazer parte do cronograma de desenvolvimento (físico, técnico ou tático). Proporciona ao seu praticante uma preparação psicológica, voltada para o domínio da confiança, medo, ansiedade, que estão diretamente associados na transformação de fazer, ou aprender uma nova habilidade. Sendo assim, “o treinamento das habilidades mentais refere-se aos procedimentos que acentuam a habilidade de o atleta usar sua mente para alcançar de modo efetivo as metas no esporte” (ELLIOTT; MESTER, 2000, p. 100). Weineck (1999, p. 597) argumenta que o “TM é aplicável a qualquer método de treinamento para a otimização das condições de aprendizado, influenciadas por fatores internos e externos”. A área de atuação da psicologia esportiva ganha espaço na medida em que a prática esportiva vai sendo impulsionados, com a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos 2016, eventos sediados no Brasil. Sendo assim, Magill (1984, p. 231) define a prática mental como: A repetição cognitiva de uma habilidade física na ausência de movimentos físicos com a mediação, cuja conotação, geralmente, envolve a mente em pensamento profundo de forma tal a bloquear a consciência do que está acontecendo com o indivíduo ou a seu redor. Treinamento mental, não deve ser confundido com meditação, onde para Magill (1984, p. 231) argumenta que a meditação “envolve a mente em pensamento profundo de tal forma a bloquear a consciência do que está acontecendo com o indivíduo ao seu redor”. E o treinamento mental é um método que vai fazer o indivíduo focar com profundidade no objetivo do resultado do trabalho. 25 Oliveira (2002, p. 35 apud SAMULSKI, 1995, p. 62) entende por treinamento mental um meio de treinar a imaginação de forma planejada, repetida e consciente das habilidades motoras e técnicas esportivas. O simples fato da reflexão, quando focamos nosso ponto poder ser considerado uma forma de prática mental. Em pesquisas recentes da revisão bibliográfica do sobre o treinamento mental Elliott e Mester (2000, p. 103 apud WILLIAMS; KRANE, 1993): Concluíram que certas habilidades mentais e atributos psicológicos foram repetidamente associados ao alto rendimento em alguns atletas, incluindo: organização dos objetivos, aumento da autoconfiança e da concentração, uso da visualização e da imagem, autocontrole da ativação, desenvolvimento de habilidades para lidar, melhor em situações imprevistas e distrações, planos de preparação mental, desenvolvimento de rotinas e de planos de competitividade, níveis altos de motivação e de comprometimento. Mudanças positivas, qualificações em torno do treinamento das capacidades físicas, técnicas, táticas e psicológicas dos atletas vão colaborar para uma melhora na aquisição de novas habilidades motoras. Se trabalhar partindo de um bom cronograma de treinamento, todos os objetivos poderão ser alcançados sem grandes preocupações. 2.4.1 Técnicas para o Treinamento Mental Diferentes técnicas são apresentadas para desenvolver estratégias de aprendizagem através do treinamento mental. Para Weineck (1999, p. 587) esses métodos podem ser classificados de com seus objetivos: 1 método psicológico para melhoria da recuperação e aumento do desempenho físico; 2 métodos psicológicos para melhoria do processo de aprendizagem técnica; 3 métodos psicológicos para a preparação de distúrbios físicos que influenciam o desempenho do esportista. De modo mais objetivo Elliott e Mester (2000, p. 100) esclarecem que o treinamento das habilidades mentais “acentuam a habilidade de o atleta usar sua mente para alcançar de modo efetivo as metas no esporte”. Podendo chegar a máxima performance esportiva através da utilização do treinamento mental durante o treinamento esportiva na ginástica. 26 Oliveira (2002, p. 37 apud EBERSPÄCHER, 1990, p. 81) argumenta que o treinamento mental esta dividido em três seguimentos ou, seja: “treinamento subvocal, treinamento ideomotor, treinamento oculto da preparação”. Explicados da seguinte forma: a) Treinamento subvocal: definido como um repetição mental do movimento em forma consciente por meio de uma auto conversação. b) Treinamento ideomotor: em contraposição ao treinamento oculto da percepção, o treinamento deve utilizar e profundamente a percepção interna do movimento. Nesse processo, todo o indivíduo deve procurar transladar-se em movimentos para poder sentir, vivenciar a sensação dos processos internos que ocorrem na execução do movimento. c) Treinamento oculto da percepção: deve-se observar por meio dos olhos mentais (imaginação), uma visão, sobre a prática do movimento que a própria pessoa realiza. Visto de forma, seria como se o atleta visse um filme dele próprio executando uma habilidade motora, ou seja, ele seria o espectador. Na presente pesquisa, durante a realização da seção mental, foi utilizado o treinamento ideomotor, onde o ginasta deitava nos solo de maneira confortável e relaxada e imaginava toda a ação a ser desenvolvida por ele, com os olhos fechados e fim de realizar também uma reflexão da ação a ser executada. Para Weineck (1999, p. 596) o TM é tão importante quanto o treinamento prático e se divide em exercícios mentais de informação verbal, de concepção do movimento (imaginação do movimento) e exercícios de observação. Nesse sentido, o pesquisador se torna o orador da situação em que o ginasta deve se submeter a executar. Informando verbalmente toda a ação por ele a ser desenvolvida com finalidade de atingir seu máximo êxito em sua performance durante a prática do movimento. 2.5 TRAMPOLIM ACROBÁTICO O Trampolim acrobático, também conhecido popularmente como camaelástica, faz parte do quadro de modalidades pertencentes à ginástica em nível Internacional, Nacional e Gaúcho. O Trampolim como esporte foi criado por George Nissen em 1936 e foi institucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Educação Física em escolas, universidades e treinamentos de militares (POL et al., 2006). 27 Para os mesmos autores, o trampolim acrobático é criado como uma forma de diversão onde pessoas poderiam saltar cada vez mais alto, aterrissar de diferentes formas do corpo, proporcionando satisfação em realizar movimentos diferenciados. Aterrissar de joelhos, sentado, costas barriga, além de sentir o corpo voando no espaço é maneiras de explorar o aparelho. Em sua trajetória foram sendo agregados outros mecanismos que poderiam ser desenvolvidos nas pessoas. Como na preparação de pilotos da força aérea dos EUA, que objetivava o treinamento da concentração, também servindo para contribuir com o treinamento de astronautas, simulando as diferentes posições do corpo durante o voo, durante a segunda guerra mundial (POL et al., 2006, p. 3). Além de atividade recreativa e também orientada para o desenvolvimento militar, o trampolim acrobático é visto por Peixoto, Fernandes e Martins (1990, p. 9) como uma excelente maneira que permite “o aluno uma compreensão e aquisição de técnicas cada vez mais complexas, partindo de movimentos simples que são no fundo, técnicas de execução numa concepção modelo”. É uma atividade que por sua natureza envolve mecanismos contínuos, onde a troca de movimentos corporais é constante. O trampolim acrobático é composto por uma estrutura de ferro em forma de um retângulo medindo 5,05 m de comprimento e 2,91m de largura. A estrutura é conectada por uma rede através de molas essa rede tem as seguintes medidas 4,28 m de comprimento e 2,14 m largura ficando a 1,55 m de altura. Na rede do trampolim existe uma área chamada zona de salto, ela é destacada com linhas vermelhas sua medida é 2,15 m de comprimento e 1,08 m de largura, sendo mais restrita ela auxilia na orientação dos saltos que o ginasta executa. 2.5.1 Gabarito do Trampolim Acrobático Ver quadro 1 na página a seguir. 28 1 Tomada de impulsão: Pressão/altura, perfeita coordenação dos membros inferiores, superiores e tronco; boa altura do corpo. 2 Rotação sobre seu próprio eixo: Altura máxima, grupamento das pernas com o um ligeiro abraçar das pernas, inferindo velocidade no giro do corpo. 3 Execução do mortal: Conclusão do giro, extensão de pés e pernas e controle de braços e queda equilibrada e sem auxílio. 4 Confiança na execução e auxílio. 1 Ponto (I): apenas consegue elevar-se da lona sem qualquer percepção com a postura. 2 Pontos (S): consegue sair da lona e tem noção de estender as pontas dos pés. 3 Pontos (B): consegue estender as pontas dos pés e as pernas. 4 Pontos (MB): coordena as pontas dos pés, estender as pernas com elevação lateral dos braços. 5 Pontos (E): perfeita coordenação dos membros superiores, inferiores e tronco com altura ideal (platô). 1 Ponto (I): sem altura e queda de costas. 2 Pontos (S): pequena altura com extensão de pés e pernas com giro caindo sobre os joelhos. 3 Pontos (B): altura média, extensão de pés e pernas e elevação de braços e tentativa de grupar as pernas, caindo sobre os joelhos. 4 Pontos (MB): boa altura, coordenação de pés, pernas e elevação dos braços, ligeiro abraçar de pernas, rotação do tronco, abertura das pernas e queda sem controle. 5 Pontos (E): boa altura, coordenação de pés, pernas e elevação dos braços, ligeiro abraçar de pernas, rotação do tronco, abertura das pernas com controle da queda e braços elevados. 1 Ponto (I): não conseguir girar e abrir o tronco. 2 Pontos (S): giro mas não consegue abrir o tronco. 3 Pontos (B): abre o tronco mas não consegue dominar os membros superiores, inferiores e tronco. 4 Pontos (MB): abre o tronco, estende os braços, as pernas, pés e tronco mas não consegue cair equilibrado. 5 Pontos (E): execução perfeita do mortal para trás, domínio de membros, tronco e equilíbrio. 1 Ponto (I): totalmente contraído sem qualquer domínio do corpo. 2 Pontos (S): continua contraído e depende do auxílio. 3 Pontos (B): depende do auxilio com confiança no mesmo, mostrando descontração. 4 Pontos (MB): depende do auxilio mas domina perfeitamente os movimentos. 5 Pontos (E): executa o mortal e não depende do auxilio do professor. Quadro 1: Gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático Fonte: Schonardie Filho e Fernandes (2013). 2.5.2 Fases do Movimento no Trampolim Acrobático Durante a realização dos saltos, em sua trajetória vertical, Peixoto, Fernandes e Martins (1990, p. 13) segmentam as fases do salto em três classificações: Fase 1 – A saída da lona: após o contato inicial para desenvolver a pressão máxima na lona, a lona sede para baixo, voltando para a posição inicial e impulsionado o ginasta para cima, tem duração de ¼ de tempo em que o ginasta se encontra em fase aérea. 29 Fase 2 – Fase aérea: durante a fase aérea é realizado todas as técnicas possíveis. Seu tempo é quase metade do tempo gasto para a execução de uma técnica, desde o salto até sua recepção na lona. Fase 3 – A recepção: consiste no último ¼ do tempo total, em que se inicia o seu contato com a lona, até sua depressão máxima. Para aprender uma habilidade acrobática no trampolim é fundamental que o ginasta domine as fases do salto, bem como utilize as técnicas essenciais para conseguir êxito. O domínio da postura com a qual o ginasta aborda o aparelho é muito importante, através do centro de massa é possível controlar o corpo no momento em que ele se desloca sobre o aparelho. 30 3 METODOLOGIA Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos do presente estudo, bem como: o tipo de pesquisa, população e amostra envolvida, instrumentos e materiais utilizados, e os procedimentos da coleta de dados de forma descritiva. Segundo Cruz e Ribeiro (2003, p. 17) a pesquisa caracteriza-se com experimental que “envolve técnicas de coleta e apresentação de dados e uma discussão qualitativa de resultados”. 3.1 TIPO DE PESQUISA Esta pesquisa tem como característica testar um experimento, utilizando em sua proposta as técnicas do treinamento mental para a aprendizagem de habilidade motora mortal grupada para trás no trampolim acrobático. “A pesquisa experimental tem como objetivo manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo, proporcionando uma relação de causa e efeito e mostrando de que modo o fenômeno é produzido” (MATTOS, 2004, p. 16). O pesquisador atuou como professor para dois grupos de alunos, onde que o objeto de estudo é a aprendizagem da habilidade motora através do treinamento mental, em aparelho específico da ginástica, o trampolim acrobático. O grupo Experimental é caracterizado por ser uma variável independente, o qual sofre a manipulação do investigador para verificar, influência que exerce sobre um possível resultado, nesse caso, para este grupo, o elemento manipulador é a utilização da técnica do treinamento mental. O outro grupo, o de Controle, é caracterizado como uma variável dependente, que é a consequência da influência de outras variáveis, e não a do treinamento mental, pois neste estudo para o grupo de Controle é utilizado apenas aulas para aprendizagem da habilidade motora, onde não é testado o experimento de treinamento mental (MATTOS, 2004). Assim, ao testar um método de aprendizagem na pesquisa experimental, agrega-se ao trabalho o método descritivo para registrar, analisar e correlacionar os resultados obtidos. 31 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA A população no estudo é constituída por escolares do ensino fundamental da Escola Francisco de Assis de Ijuí – RS de ambos os sexos. A amostra é constituída por seis estudantes de ambos os gêneros nove a onze anos de idades, sendo três alunos participantes do grupo de Controle e três alunos para o grupo Experimental. 3.3 INSTRUMENTOS E MATERIAIS Foram utilizado na pesquisa, folhas de oficio, caneta, Cronômetro, além da estrutura física do ginásio Centro de Treinamentos e Vivências Cadagy, trampolim acrobático, uma filmadora digital marca Sony, modelo: DSC-S930 2,4V, ficha individual de avaliação da execução do mortal grupado para trás, gabarito do mortal grupado para trás, um notebook para armazenamento e análise dos vídeos. 3.4 PROCEDIMENTOS A coleta de dados foi realizada no ginásio Centro de Treinamento e Vivências Cadagy, localizado na Sede Acadêmica da Universidade. O convite para os alunos fazerem parte da pesquisa foi realizado a partir de comunicado escrito para os alunos da Escola Francisco de Assis entregue em sala de aula. No primeiro contato com os integrantes da pesquisa foi realizada a apresentação da proposta de trabalho, juntamente com o objetivo da pesquisa sob a programação de dez encontros. Os alunos entregaram também, a ficha de autorização assinada pelos pais ou responsáveis, com o consentimento de seu em filho participar da pesquisa. No primeiro encontro é aplicado o pré-teste para ambos os grupos. O objetivo do pré-teste é observar o desempenho prático inicial da habilidade motora do mortal grupado para trás no trampolim acrobático de cada aluno. De acordo com os resultados obtidos no pré-teste é possível avaliar o desempenho da execução do aluno com base na “Ficha de avaliação de execução do mortal grupado para trás no trampolim acrobático” (ANEXO A). 32 Essa ficha foi elaborada pelo pesquisador e o orientador do trabalho com base na execução do mortal grupado para trás, segmentando-o em quatro partes importantes da execução do mortal grupado para trás: 1 tomada de impulsão; 2 rotação sobre seu próprio eixo; 3 execução do mortal; e 4 confiança na execução e auxílio. A finalidade dessa ficha é de perceber o nível de execução em que o aluno se encontra. Dentro de cada segmento da habilidade motora, foi atribuída um critério de notas dispostas entre 1 e 5. Como são 4 segmento o valor total que o aluno pode atingir é 20 pontos. Cada pontuação obtida pelo aluno é atribuída a partir do “Gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático” (Ver 2.5.1), que deu origem, através de fundamentações explicativas aos valores das notas da ficha de avaliação, também produzido pelo pesquisador e o orientador do trabalho. O gabarito é uma ferramenta fundamental para a classificação da habilidade motora de mortal grupado para trás, sendo indispensável para a realização da avaliação do desempenho de cada aluno, fornece informações para a detecção do nível apresentado. A ficha de avaliação e o gabarito do mortal são instrumentos que auxiliam na formulação dos resultados obtidos da pesquisa. Durante os dez encontros, as aulas foram realizadas normalmente para ambos os grupos, a diferença está empregada na metodologia nas aulas adotadas de cada grupo. O grupo de controle recebeu apenas orientações práticas para a aprendizagem, e o grupo experimental além das orientações práticas recebeu também a parte do experimento que é a utilização da técnica do treinamento mental (treinamento ideomotor) que implica na execução mental do movimento (WEINECK, 1999, p. 597). No quinto e no décimo encontro foram analisados movimentos tendo-os como teste e pós-teste. Por fim foi realizada uma discussão comparativa dos resultados. 3.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO O estudo foi delimitado por três crianças do grupo Experimental e o de Controle, voluntárias com idades de 9 a 11 anos. Para a análise dos dados foi elaborado em gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático e uma ficha individual que registra o desempenho do aluno no final de cada aula. 33 Foram realizadas dez aulas para ambos os grupos, sendo que o grupo experimental recebeu o reforço das técnicas do treinamento mental. As aulas foram realizadas de 06/11 até 04/12/2013, com três encontros semanais de duração de 30min. A análise do desempenho dos alunos foi feita através da observação direta dos vídeos filmados individualmente e foram escolhidos a 1ª aula como pré-teste, a 5ª aula como teste do desempenho dos alunos e a 10ª aula como pós-teste para verificarmos a que nível de desempenho os alunos atingiram em ambos os grupos. 34 4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A intenção inicial era de analisar o desempenho motor do mortal grupado para trás em todas as dez aulas realizadas para os dois grupos, o Experimental e o de Controle. Percebemos que ao fazer a filmagem de cada executante em cada aula era muito dificultoso devido o pouco tempo que dispúnhamos para as aulas e poderia desviar atenção do pesquisador. Diante deste fato optamos por registrar o desempenho motor do mortal grupado para trás em três aulas: a primeira aula realizada no dia 06/11/2013, como informação de pré-teste; a quinta aula, realizada no dia 18/11/2013 como teste; e a última aula, realizada no dia 04/12/2013 como pós-teste. Não foi feito o reteste que confirmaria se a aprendizagem efetivou-se ou não. Esta parte ficará para uma nova pesquisa que buscará maiores informações, principalmente estatística, sobre aprendizagem motora com auxílio das técnicas do treinamento mental. Fases do mortal grupado para trás 1 - Tomada de impulsão, pressão/altura 2 - Rotação sobre seu próprio eixo 3 - Execução do mortal 4 - Confiança na execução e auxílio Total por aula 1ª aula 5ª aula 10ª aula 7 6 5 8 26 8 6 5 8 27 9 6 5 8 28 Total por fase 24 18 15 24 Quadro 2: Somatório das três aulas analisadas do grupo experimental extraído da ficha de avaliação individual e do gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático, dezembro de 2013 Nas quatro fases da execução do mortal grupado para trás do grupo Experimental foram feitos o somatório do desempenho das crianças na 1ª, 5ª e 10ª aulas. No total de pontos, em cada fase, das três crianças analisadas, percebemos que as crianças demonstraram confiança e coragem na tentativa de executar o mortal e no seu professor. O Grupo Experimental que trabalhou com as técnicas do treinamento mental, obteve um número superior de pontos nas quatro fases do movimento comparados com o somatório do Grupo de Controle no Quadro 3. O treinamento mental requer a repetição cognitiva de uma tarefa motora sem a manifestação corporal (MAGILL, 1984; ELLIOTT; MESTER, 2000; WEINECK, 1999). 35 Durante o treinamento ideomotor denominado por Weineck (1999, p. 597), o qual foi utilizado para o Grupo Experimental, foi percebido que após a seção os alunos deste grupo se sentiam cansados. A seção iniciava solicitando aos alunos deitarem decúbito dorsal no solo, para escutar as informações sobre o treinamento mental, utilizado nos dez encontros: Mentalização: “Agora deite no chão com a barriga para cima, relaxe se corpo e sua mente, esvazie sua cabeça de qualquer pensamento, sinta o silêncio e a paz que esse momento oferece. Respire fundo por três vezes, puxando o ar pelo nariz e soltando devagarzinho pela boca. Agora você esta em cima da cama elástica, e você posicionado em pé, pronto para iniciar a sequência de saltos em extensão. Durante os três primeiros saltos cinta seu corpo subindo e descendo sobre a tela da cama elástica, perceba toda amplitude do seu salto, do inicio até o fim. Imagine agora seu corpo iniciando uma rotação para trás na altura máxima do seu salto. Através do grupamento das pernas em direção ao peito e da leve inclinação do tronco para trás, vai fazer com que você gire sobre seu próprio eixo para trás. O mortal de costas estará completo quando você estender suas pernas para ficar em pé. Respire fundo por três vezes e imagine novamente essa série em sua mente”. Para qualificar o treinamento mental o mesmo Weineck (1999) sugere o treinamento da percepção de informações pró-perceptivas que consiste na observação da realização de um movimento e no treinamento subvocal que é a descrição do movimento para si. Weineck (1999) também alerta que os resultados do somatório se torna razoável pela implantação do treinamento ideomotor no cronograma das aulas, mas que poderia sofrer melhor desempenho, caso fosse utilizado outras técnicas de treinamento mental, como o subvocal e de percepção. Fases do mortal grupado para trás 1 - Tomada de impulsão, pressão/altura 2 - Rotação sobre seu próprio eixo 3 - Execução do mortal 4 - Confiança na execução e auxílio Total por aula 1ª aula 5ª aula 10ª aula 4 3 3 4 14 6 3 3 6 18 7 3 3 6 19 Total por fase 17 9 9 16 Quadro 3: Somatório de três aulas analisadas do grupo de controle extraído da ficha de avaliação individual e do gabarito do mortal grupado para trás no trampolim acrobático, dezembro de 2013 36 Nas quatro fases da execução do mortal grupado para trás do Grupo de Controle também, foram feitos o somatório do desempenho das crianças na 1ª, 5ª e 10ª aulas. No total de pontos em cada fase das crianças analisadas, percebemos que as fases inicial e final (1ª e 4ª fases) as crianças tiveram um melhor desempenho motor do que nas fases intermediarias (2ª e 3ª fases). A influência dessas fases está relacionada com a tarefa no processo de desenvolvimento motor. Uma vez que as (1ª e 4ª fases) são caracterizadas como movimento inicial de tomada de impulsão e de confiança na execução do movimento final. E a 2ª e 3ª fases, são consideradas como tarefas mais complexas, envolvendo mais habilidade como na rotação do seu próprio eixo e execução do mortal. Com relação à 1ª fase, a de impulsão Magill (1984) e Schmidt (1993) percebe-se que a tomada de impulsão é considerada como uma habilidade motora fechada de natureza global, onde o equilíbrio inicial vai depender de toda a ação motora executada pelo indivíduo. A confiança na execução é transmitida do professor para o aluno através das informações explicativas e da segurança percebidas pelas crianças. A rotação sobre seu próprio eixo e a execução do mortal, são consideradas habilidades motoras fechadas e a exigência da ação motora é considerada de natureza fina os quais “requerem um controle dos músculos pequenos do corpo, a fim de atingir uma execução bem sucedida” (GALLARDO, 1997, p. 71). A habilidade motora em si, mortal grupado para trás, é classificada como uma habilidade motora fechada de maneira seriada, e de natureza motora. Na fase inicial do aprendizado para a criança que está aprendendo as informações de cada ação do movimento é sempre presente (MAGILL, 1984; GALLARDO, 1997; SCHMIDT, 1993). Embora o desempenho deste grupo de Controle Quadro 3, seja menor comparado com o somatório do grupo Experimental Quadro 2, as características apresentadas no desempenho são semelhantes. Podemos presumir que o somatório em prol do grupo experimental tenha haver com a explicação das técnicas do treinamento mental. 37 Fases do mortal grupado para trás 1 - Tomada de impulsão, pressão/altura 2 - Rotação sobre seu próprio eixo 3 - Execução do mortal 4 - Confiança na execução e auxílio Total por aula Grupo experimental 22 18 15 24 79 Grupo de Controle 16 9 9 16 50 Diferença para o grupo experimental 6 9 6 16 29 Quadro 4: Dados comparativos do somatório das aulas analisadas entre o grupo experimental e o grupo de controle, em cada fase analisada, dezembro 2013 O quadro 4 apresenta o somatório do desempenho motor dos dois grupos Experimental e de Controle em cada fase, a diferença me prol do grupo Experimental e o somatório final de cada grupo. Neste quadro, embora apresente uma vantagem em favor do Grupo Experimental em todas as fases, as características do desempenho motor em cada grupo permanecem as mesmas dos quadros anteriores (quadros 2 e 3). Embora o Grupo Experimental apresente um somatório maior comparado com o Grupo de Controle fica difícil afirmarmos que houve uma diferença significativa com as influências das técnicas do treinamento mental em favor do Grupo Experimental. Sugerimos para as futuras pesquisas que sejam observadas as seguintes informações: a) um número maior de participantes; b) aumentar a idade dos indivíduos c) um tempo maior de aula no lugar dos 30 minutos; d) uma filmagem em dois ângulos, frente e perfil; e) que as técnicas do treinamento mental, segundo Weineck (1999) possa ter a participação do treinamento subvocal, proprioceptivo em auxilio ao treinamento ideomotor. 38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse trabalho de pesquisa busca entender o processo do desenvolvimento motor através de suas fases. O processo de desenvolvimento motor da origem a forma do corpo humano se movimentar, manifestando ações motoras que requerem habilidades. O ser humano é dotado de habilidades e as utiliza no seu dia á dia, na execução de suas tarefas. O domínio das habilidades motoras é observado através do desempenho de ações práticas. Quanto maior for o grau de exigência do trabalho prático maior tende a ser o controle das habilidades motoras. A aprendizagem de habilidades motoras, além da prática, também engloba outros fatores que determinam a metodologia de ensino/aprendizagem, no causo o treinamento mental. O treinamento mental é uma prática segura, segundo especialistas, pois envolve a ativação da capacidade do indivíduo concentrar para uma tarefa, de maneira profunda, focando sempre no seu objetivo. O treinamento mental pode ser desenvolvido através de diferentes técnicas de aplicação, como ideomotor, subvocal e propriocepção. A metodologia de treinamento mental utilizada para a pesquisa foi o treinamento através da execução mental do movimento, ideomotor. A divisão de dois grupos o de Controle e o Experimental fundamentou a pesquisa em testar o experimento, em que o grupo de Controle recebeu apenas as informações explicativas e o Experimental além das informações explicativas recebeu apoio técnico do treinamento mental. No entanto dez aulas de 30 minutos não foram o suficiente para a aprendizagem do mortal grupado para trás o nível significativo. Embora os resultados não foram a nível significante percebemos que o treinamento mental é eficiente para a aprendizagem de habilidades motoras. Na análise comparativa dos dados no desempenho do Grupo Experimental, observou-se que as crianças conseguem dominar o exercício com maior facilidade nas fases 1ª e 4ª do mortal grupado para trás. Essas fases são a tomada de impulsão e a confiança no auxílio do professor. A pesquisa mostrou pelos resultados obtidos nas fases 2ª e 3ª que o treinamento mental é relevante na aprendizagem de habilidades motoras. 39 Na análise comparativa dos dados do Grupo de Controle, o somatório do desempenho ficou abaixo em relação aos resultados do Grupo Experimental, mas verificou-se que o nível de desempenho entre os grupos no decorrer das dez aulas são semelhantes. Assim, sugerimos para as futuras pesquisas que sejam observadas as seguintes informações: a) um número maior de participantes; b) um tempo maior da aula no lugar dos 30 minutos; c) uma filmagem em dois ângulos, frente e perfil; d) que as técnicas do treinamento mental, segundo Weineck (1999) possa ter a participação do treinamento “subvocal” em auxílio ao treinamento ideomotor; e) Se crianças com idades de 9, 10 e 11 anos conseguem assimilar as orientações do treinamento mental. Concluímos que para o efeito do treinamento mental na aprendizagem do mortal grupado para trás no trampolim acrobático que durante as ações o processo ensino/aprendizagem tem um papel fundamental no desempenho dessa habilidade motora. Entendendo que os alunos possuem necessidades da participação do professor como mediador no seu processo de desenvolvimento de aprendizagem, onde encontraram segurança e confiança demonstrando assim um melhor desempenho na realização das atividades. 40 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAHÃO, S. R. Educação física: a inclusão de esportes ginásticos. In: IV FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GERAL, 2007, Campinas. Anais. Campinas, 2007. CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, 16(2):221-236, 2003. CIPRIANO, D. A.; CUNHA, V. M. P. A inserção da ginástica artística no ambiente escolar. In: CONGRESSO PAULISTANO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, 2009, São Paulo. São Paulo, 2009. 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Treinamento ideal. 1. ed. São Paulo: Manole, 1999. 42 ANEXO 43 ANEXO A – Ficha de Avaliação Individual da Execução do Mortal Grupado para Trás no Trampolim Acrobático NOME: ________________________________________ IDADE: ______________ GRUPO: _______________________ Movimento 1 Data: 06/11 2 3 4 5 1 Data: 08/11 2 3 4 5 1 Data: 11/11 2 3 4 5 1 Data: 13/11 2 3 4 5 1 Data: 18/11 2 3 4 5 1 Data: 25/11 2 3 4 5 1 Data: 27/11 2 3 4 5 1 Data: 29/11 2 3 4 1 Tomada de impulsão. 2 Rotação sobre seu próprio eixo. 3 Execução do mortal. 4 Confiança na execução e auxilio. Somatório Diferença Somatório: (Insuficiente “I”: 0 – 1), (Suficiente “S”: 1,1 – 2), (Bom “B”: 2,1 – 3), (Muito Bom “MB”: 3,1 – 4), (Excelente “E”: 4,1 – 5). Fonte: Schonardie Filho e Fernandes (2013). 5 1 Data: 02/12 2 3 4 5 1 Data: 04/12 2 3 4 5