Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS SABRINA CALAZANS LOBO E CAMPOS A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO E ROTAÇÃO MANDIBULAR ARARAS/SP DEZEMBRO/2005 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 1 Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS SABRINA CALAZANS LOBO E CAMPOS CIRURGIÃ DENTISTA A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO E ROTAÇÃO MANDIBULAR Dissertação apresentada ao Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, para obtenção do Título de Mestre em Odontologia, Área de Concentração em Ortodontia. Orientador: Prof. Dr. Manuel Gomes Tróia Júnior e-mail: [email protected] ARARAS/SP DEZEMBRO/2005 2 FOLHA DE APROVAÇÃO 3 DEDICATÓRIA Ao meu pai José Francisco, exemplo de vida e profissional a seguir, e minha mãe Vera exemplo de dedicação, carinho e por ser a base dessa família. A eles não tenho palavras para agradecer todo esforço que fizeram para que eu chegasse até aqui Ao meu querido marido, Júnior agradeço pelo amor, amizade e compreensão durante todo esse tempo que estamos juntos. 4 AGRADECIMENTOS Ao Professor Dr. Mario Vedovello Filho, pela oportunidade da realização desse trabalho. Ao Professor Júlio Vargas Neto pela extrema colaboração e atenção dada a mim para realização desse estudo, meus mais sinceros agradecimentos Aos professores Heloísa C. Valdrighi, Adriana S. Lucato, Eloísa M. Boeck, Sílvia A S.Vedovello e Úrsula A W. Vargas pelos ensinamentos e pela amizade que sempre me foram dispensadas. Aos amigos do mestrado IV, agradeço pela união, pelo apoio, pelos ensinamentos e pela amizade verdadeira. Ao Centro Universitário Hermínio Ometto; à Magnífica Reitora Prof. Dra. Miriam de Magalhães Oliveira Levada; e ao Magnífico Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Augusto Marretto Esquisatto, pela oportunidade de nos aperfeiçoarmos nos estudos. Ao Professor Ary Mendes pela grande colaboração na realização da análise estatística desse estudo. À Professora Letícia Boari, Mestre em Otorrinolaringologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo por compartilhar seus conhecimentos na área de Otorrinolaringologia sempre que preciso. Á Professora Christiane Boari Brandina, Mestre em Fonoaudiologia pela Universidade de São Paulo por compartilhar conhecimentos e materiais nessa área. Á Professora Sandra Maria Lobo pela revisão gramatical realizada nessa pesquisa. 5 Aos funcionários da Biblioteca da UNIARARAS pelo auxílio dispensado nas tarefas de levantamento bibliográfico. Aos funcionários do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Rosana e Cidinha, pelo carinho com que sempre fui tratada. Aos funcionários da minha clínica particular pela compreensão e apoio nos momentos de ausência. A todos que de uma forma ou de outra auxiliaram na elaboração desse trabalho, minha eterna gratidão. 6 RESUMO Esse estudo foi realizado com o objetivo de verificar uma possível influência do padrão respiratório na tendência de crescimento facial e rotação mandibular. Foram examinadas 83 telerradiografias em norma lateral de indivíduos leucodermas, de ambos os gêneros, brasileiros, na faixa etária dos 7 aos 13 anos, portadores de maloclusão de Classe I ou II de Angle e nunca submetidos a tratamento ortodôntico prévio, selecionados do arquivo de documentações ortodônticas da clínica de Pós-graduação em Ortodontia do Centro Universitário Hermínio Ometto- UNIARARAS. Em seguida, os indivíduos foram reclassificados segundo o padrão respiratório em respiradores bucais e nasais, sendo 42 respiradores nasais e 41 respiradores bucais, considerandose os seguintes critérios: Anamnese, observação clínica da postura habitual dos lábios, e exame otorrinolaringológico. As medidas cefalométricas utilizadas para análise da tendência de crescimento da amostra foram NS.GoGn, FMA, NMe e Eixo Y . Foi aplicado também o Método Estrutural de Björk (Björk, 1965) para avaliação da tendência de rotação mandibular. Através desse estudo pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência de crescimento e de rotação da mandíbula, mostrando forte significância estatística entre a presença de respiração bucal e as medidas NSGoGn, FMA e Eixo Y além das características mandibulares ângulo goníaco (AG), chanfradura (Chan) e paralelismo entre os Planos Oclusal e Mandibular (PlMPLO) apresentarem-se desfavoráveis nesse grupo determinando uma tendência de rotação no sentido horário. Palavras-chaves: Ortodontia / Respiração Bucal / Obstrução Nasofaringeana / Crescimento Facial 7 ABSTRACT The purpose of this study was determined the influence of mouth breathing in facial growth and determination of mandibular morphology and rotation.It was examined 83 lateral cephalometric X-rays from subjects male and female, aged 7-13 years, with Angle Class I or II malocclusion. The sample was classified in 41 mouth breathing and 42 nasal breathing, considering a questionary, answered for parents, clinical observation and otorhinolaryngologists diagnosis.The cephalometric values used in this study, that determined the tendency of facial growth,were NSGoGn, FMA, NMe and Axis Y. It was also applied the Structural Method Of Björk (1965) do predict the tendency of mandibular rotation. The results showed that mouth breathing had influence in facial growth and mandibular rotation that became more vertical. Keys-words: Orthodontics / Mouth breathing / Nasopharyngeal obstruction / Facial growth 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Desenho das estruturas anatômicas................................................53 Figura 2 – Pontos cefalométricos de interesse para esse estudo.....................54 Figura 3 – Ângulo NS.GoGn - inclinação da mandíbula em relação à base do crânio.................................................................................................................56 Figura 4 – Eixo Y – Frankfurt e S.Gn – resultado vetorial de crescimento mandibular.........................................................................................................56 Figura 5 – NMe - Altura Facial Total..................................................................57 Figura 6 – FMA - Plano de Frankfurt e Plano Mandibular- representa a inclinação da mandíbula com relação ao plano horizontal................................57 Figura 7 – Inclinação do Côndilo mandibular.....................................................59 Figura 8 – Ângulo Goníaco................................................................................59 Figura 9 – Chanfradura Antigonial.....................................................................60 Figura 10 – Morfologia da Sínfise......................................................................60 Figura 11 – Ângulo Interincisivo.........................................................................61 Figura 12 – Paralelismo dos planos oclusal e mandibular.................................61 Quadro 1 – Análise Estrutural de Björk.............................................................62 Quadro 2 – Análise Estrutural de Björk – Interpretação....................................62 Quadro 3 – Identificação do paciente: R.V.M, 9 anos e 2 meses - Respirador Bucal..................................................................................................................63 Gráfico 1 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência de rotação mandibular.......................................................................66 Gráfico 2 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência de crescimento facial.........................................................................69 Gráfico 3 – Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação mandibular segundo a condição de favorabilidade............................................72 Gráfico 4 – Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo grupo de respiração e valores t0 e de p.............................................................75 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Critério utilizados para determinação do padrão respiratório..........51 Tabela 2 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência da rotação mandibular.......................................................................66 Tabela 3 – Valores de χ o2 e de p segundo a tendência de rotação mandibular.........................................................................................................67 Tabela 4 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência de crescimento facial.........................................................................68 Tabela 5 – Valores de χ o2 e de p segundo a tendência de rotação mandibular.........................................................................................................69 Tabela 6 – Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação mandibular segundo a condição de favorabilidade............................................71 Tabela 7 – Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação mandibular segundo a condição de favorabilidade............................................73 Tabela 8 – Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo grupo de respiração e valores t0 e de p.............................................................74 10 SUMÁRIO Resumo................................................................................................................6 Abstract................................................................................................................7 Lista de Ilustrações..............................................................................................8 Lista de Tabelas...................................................................................................9 1. Introdução......................................................................................................11 2. Objetivos........................................................................................................14 3. Revisão da Literatura.....................................................................................15 4. Material e Métodos........................................................................................49 4.1 Material.....................................................................................................49 4.2 Métodos....................................................................................................50 4.2.1 Método de obtenção das telerradiografias........................................50 4.2.2 Método de determinação do padrão respiratório..............................50 4.2.3 Método de avaliação cefalométrica..................................................51 4.2.4 Método de análise estatística...........................................................64 4.2.4.1 Planejamento Estatístico.............................................................64 5. Resultados.....................................................................................................66 5.1 Análise Estatística...............................................................................66 6. Discussão......................................................................................................77 7. Conclusões....................................................................................................89 Referências Bibliográficas.................................................................................90 Anexos...............................................................................................................98 11 1. INTRODUÇÃO Até 1950, o crescimento do esqueleto craniofacial era tido como predeterminação genética, um padrão imutável, semelhante aos dos ossos longos. (SICHER, 1947). As pesquisas experimentais, a partir dos anos 50, evidenciam que o crescimento facial apresenta variações individuais bem mais numerosas e importantes que apenas a predeterminação genética não poderia prever. VELLINI FERREIRA (1999) cita a teoria da matriz funcional fundamentada por MOSS (1969), relatando a influência genética dos tecidos moles sobre as estruturas com as quais se relacionam, o que, sumariamente, pode-se resumir como “a função modela o órgão”. O crescimento e desenvolvimento da face, portanto, resulta da associação de fatores genéticos, metabólicos e extrínsecos (ambientais). A estreita relação entre os fatores ambientais, assim como a obstrução das vias aéreas, e as variações indesejáveis na conformação da face têm sido demonstradas em diversos estudos. A complexidade desses mecanismos envolvidos nos processos de crescimento e desenvolvimento, assim como a natureza de suas interações, às vezes individuais, e a latência necessária à sua exteriorização completa, explicam as dificuldades encontradas pelos pesquisadores nesse assunto. Desde o nascimento a respiração, sendo um processo vital e elementar para o ser humano, constitui um estímulo constante e ininterrupto sobre o sistema estomatognático, portanto, com grande influência sobre o crescimento e desenvolvimento do terço médio da face. A respiração nasal é a única respiração considerada fisiológica, pois a cavidade nasal esta preparada para receber, aquecer e filtrar o ar, conduzindoo aos pulmões. Segundo GURGEL et al. (2003), esse padrão respiratório garantirá uma conformação craniofacial induzida pelo padrão morfogenético. Se por algum motivo o indivíduo apresentar obstrução das vias aéreas superiores, irá complementar ou substituir a respiração nasal pela respiração bucal. De acordo com EMSLIE; MASSLER; ZWEMER (1952), as causas da respiração bucal são múltiplas, sendo possível salientar: hipertrofia das 12 conchas nasais, alergias, condições climáticas, rinite e sinusite crônica, hipertrofia das adenóides, desvio de septo nasal, pólipos nasais, atresia coanal congênita, hábito residual, imitação, hábito de boca aberta,e posição dorsal da cabeça durante o sono. A respiração bucal, por ser uma função adaptativa do sistema estomatognático, promove alterações e desequilíbrios dentários e esqueléticos. Desde o início do século muitos autores avaliam as alterações causadas pela respiração bucal. ANGLE considerou: “Das mais variadas causas das maloclusões, a respiração bucal é a mais potente, constante e variada em seus resultados... causando desenvolvimento assimétrico dos músculos, como dos ossos do nariz, maxila e mandíbula, e uma desorganização das funções exercidas pelos lábios bochecha e língua...a mandíbula fica posicionada para trás e tem falta de desenvolvimento, sendo geralmente menor que o normal em seu comprimento...” A respiração, pelo conjunto de seus componentes e devido ao seu caráter permanente pode, assim ser considerada como uma verdadeira “matriz funcional” capaz de influenciar no crescimento das unidades esquelética, podendo levar a uma série de influências prejudiciais ao processo dinâmico de crescimento e desenvolvimento dentofacial. Essas influências são alterações compensatórias ao ajuste neuromuscular para o novo padrão respiratório. Muitos autores, entre eles INTERLANDI (1999), afirmam que as tendências de crescimento da face residem especialmente na mandíbula, o osso facial ortodonticamente mais importante. Essas tendências poderão ser antecipadas com aceitável grau de predição, combinados com a Análise de BJÖRK (1969). Considerando-se a grande procura de crianças e adolescentes por tratamento ortodôntico, que ainda apresentam potencial de crescimento é de grande importância que o ortodontista conheça antecipadamente as tendências de crescimento da face e as condições que levariam a uma alteração na direção desse crescimento. Desse modo poderá ser realizado um plano de tratamento mais adequado e conseqüentemente atingindo resultados mais satisfatórios. 13 Esses estudos acima citados direcionaram a linha de pesquisa do presente trabalho, que busca correlacionar características morfológicas da mandíbula com os padrões respiratórios e padrão de crescimento facial do indivíduo. 14 2. OBJETIVOS Avaliando jovens leucodermas respiradores bucais e nasais, esse estudo se propõe a fazer uma investigação, no que se refere a: • Influência do padrão respiratório na tendência de crescimento facial e na rotação mandibular; • Correlação entre características mandibulares (inclinação do côndilo,chanfradura,ângulo goníaco, paralelismo entre os planos Oclusal e Mandibular e ângulo interincisivo) e o padrão respiratório. 15 3. REVISÃO DA LITERATURA ANGLE (1907) apud KRAKAUER; GUILHERME (2000) descreveu como exemplo clássico da correlação entre obstrução das vias aéreas e crescimento anormal do crânio e da face as seguintes características, rosto alongado e estreito, olhos caídos, olheiras profundas, lábios entreabertos, hipotônicos e ressecados e sulcos nasolabial e nasogeniano profundos. EMSLIE; MASSLER; ZWEMER (1952) avaliaram os efeitos e a etiologia da respiração bucal. Esses autores verificaram que as causas da respiração bucal são múltiplas, tais como: desvios de septo nasal, condições climáticas, hipertrofia das tonsilas faringianas, alergias, sinusites e rinites crônicas, pólipos nasais, atresia coanal congênita, hábito residual, imitação, hábito de boca aberta e posição dorsal da cabeça durante o sono.Também enfatizaram o efeito da respiração bucal no sistema respiratório, nas estruturas bucais, no crescimento craniofacial e na saúde geral do paciente. Concluíram que a respiração bucal apresentava grande influência nos processos de crescimento crânio-facial e no desenvolvimento das maloclusões. Estudos feitos por BJÖRK (1955), usando implantes metálicos em avaliações cefalométricas longitudinais demonstraram que o corpo da mandíbula sofre rotação durante o crescimento e que o tipo de crescimento da mandíbula correlaciona-se com o sentido de crescimento condilar e, além disso, que o formato da mandíbula é altamente característico do tipo de crescimento condilar. LEECH (1958) estudou 500 pacientes que estavam sendo submetidos a tratamento por apresentarem obstrução nasal. Desses, 19% foram classificados como respiradores bucais, sendo que2/3 deles tinham problemas com adenóides e 1/3 apresentavam problemas alérgicos, rinites infecciosas ou desvios de septo. A altura facial em média era 3mm maior para o grupo com adenóide hipertrofiada.Mais de 60% dos respiradores bucais foram classificados como Classe I de Angle, 25% Classe II e 10% Classe III. BOSMA (1963) afirmou que um dos fatores mais importantes na postura da cabeça é a manutenção das vias aéreas com adequado espaço respiratório.A posição da língua em relação à mandíbula e maxila, determina as 16 variações de diâmetro do espaço bucofaríngeo. O autor ainda destacou que indivíduos respiradores bucais, por permaneceram longos períodos de boca aberta, alteram a direção do crescimento da mandíbula, apresentando uma rotação para baixo e para trás. FISH (1964) afirmou que a posição de repouso mandibular é identificada quando a respiração é a única função exercida pelas estruturas anatômicas adjacentes. A forma e a posição da língua influencia na postura da mandíbula durante a respiração, visto que a parede anterior da faringe constitui-se na própria superfície posterior dorsal da língua. HAWKINS (1965) afirmou que a respiração bucal é, dentre outras,a alteração ambiental que mais comumente atua sobre o sistema estomatognático,e, talvez a que produza as conseqüências mais severas. Estima-se que 85% de todas crianças apresentam algum grau de insuficiência nasal e que 20% respiram habitualmente pela boca. Avaliando a diminuição das vias aéreas, causadas pela hipertrofia da adenóide ou amígdalas, as alergias crônicas, pólipos nasais e defeitos estruturais do nariz, RICKETTS (1968) afirmou que isto pode causar uma respiração bucal crônica, resultando em alterações de tecidos moles e duros inclusive, a postura anormal da língua.Ainda considerou que o fator hereditário é o fator primário para o desenvolvimento craniofacial, mas fatores ambientais, como respiração bucal, podem alterar esse desenvolvimento. Em pesquisas realizadas por STEELE; FAIRCHILD; RICKETTS (1968) avaliaram a relação entre a maloclusão e a presença de tonsilas faringeanas e palatinas hipertrofiadas. Foram avaliados as principais características presentes na Síndrome da Obstrução Respiratória, em pacientes submetidos à cirurgia de tonsilectomia, adenoidectomia e aqueles que haviam realizado a cirurgia. Clinicamente os pacientes apresentavam respiração bucal, mordida cruzada posterior uni ou bilateral, mordida aberta anterior e interposição lingual durante a deglutição. Contudo, concluiu que não poderia esquecer do fator genético, pois era uma consideração básica para toda morfologia craniofacial e considerar também a influência do meio ambiente sobre o padrão respiratório e sobre a deglutição, que são necessários para um correto diagnóstico ortodôntico. Segundo os autores existe uma diferença no diagnóstico entre otorrinolaringologistas, pediatras e ortodontistas. Para os pediatras as cirurgias 17 para remoção das tonsilas são indicadas mais comumente quando havia o comprometimento da porção média do ouvido, entretanto deveriam ser muitas bem analisadas, pois, em muitos casos não seriam necessárias. Para os otorrinolaringologistas, a cirurgia é indicada baseando-se em observações superficiais, como repetidas infecções agudas, hipertrofias que causavam obstruções e presença de infecções crônicas. Sob o ponto de vista dos ortodontistas, o fator primário da obstrução na via aérea superior estava relacionada à localização e ao tamanho do tecido linfóide em relação à nasofaringe. Todavia, poderiam existir outros fatores locais obstrutivos tais como: desvio de septo nasal, rinite crônica, infecções recorrentes no trato respiratório superior, alergias, asma, pólipos, corpos estranhos, fraturas não reduzidas e tratamento cirúrgico de pacientes fissurados. BJÖRK (1969) apresentou uma análise com o objetivo de avaliar a tendência de rotação da mandíbula - Análise Estrutural de Björk.Identificaramse características estruturais da mandíbula como determinantes da rotação mandibular durante o seu crescimento. Essas características podem ser constatadas antes mesmo do traçado cefalométrico e incluem: (a) inclinação da cabeça do côndilo; (b) ângulo goníaco mandibular; (c) chanfradura antigonial; (d) morfologia da sínfise; (e) ângulo interincisivo e (f) paralelismo entre os planos mandibular e oclusal. MOSS (1969) relatou que o desenvolvimento craniofacial é dependente do crescimento e função das matrizes funcionais. Funcionalmente, a cabeça é composta de várias funções interrrelacionadas: olfato, respiração, visão, digestão, fala, audição, equilíbrio e interação neural. Cada função se realiza por um grupo de tecidos moles apoiados ou protegidos por elementos esqueléticos. Em conjunto, os tecidos moles e os elementos esqueléticos relacionados a uma só função são denominados componentes funcionais cranianos. A totalidade dos elementos esqueléticos associados a uma só função se designa unidade esquelética. A totalidade dos tecidos moles associados a uma só função é denominada matriz funcional.Afirmou também que o crescimento e a manutenção dependem quase que exclusivamente, de uma matriz funcional relacionada. É o crescimento da matriz funcional que fornece força primária do crescimento: os ossos respondem secundariamente. Partindo da análise funcional, a mandíbula está composta de vários componentes funcionais. A 18 “teoria da matriz funcional”, diz que os tecidos moles da língua, lábios e bochechas trabalham como fatores diretos na posição de equilíbrio dos dentes. Entretanto o autor também salientou o papel de fatores indiretos, tais como a respiração, mastigação, fonação, considerados por ele fatores de controle de crescimento facial. Em um estudo realizado em 1970, LINDER-ARONSON, com objetivo de avaliar se a adenóide estava associada à respiração bucal e se a posição da língua abaixada é mais comum nesses indivíduos comparados àqueles que apresentam respiração bucal, mostrou que a obstrução nasofarigeana influencia significativamente a inclinação do plano mandibular com relação à base do crânio( aumento do ângulo cefalométrico). Foi utilizada uma amostra de 162 crianças divididas em cinco grupos: 37 respiradores nasais; 33 com pequena hipertrofia adenoideana; 11 com hipertrofia severa; 21 adenoidectomizados por problemas de otites médicas recorrentes e 60 com adenoidectomias; por problemas obstrutivos respiratórios. Este estudo demonstrou que a respiração bucal como fator intermediário, esta diretamente relacionada às mudanças de postura da língua, da mandíbula e outros músculos faciais responsáveis pelas alterações dentofaciais. O autor ainda destacou, que se a boca permanece por um longo período de tempo aberta, o crescimento da mandíbula apresenta-se mais com uma rotação para baixo e para trás do que nos pacientes com postura normal. Utilizando-se de uma amostra constituída por telerradiografias em norma lateral de indivíduos de ambos os gêneros que foram divididos em dois grupos – respiradores nasais e bucais, FEO et al. (1972) analisaram as possíveis diferenças esqueléticas entre os dois grupos.Observaram com essa pesquisa, que nos respiradores bucais a dimensão antero-posterior do assoalho da área nasal encontrava-se diminuída. HARVOLD; VARGERVIK; CHIERICI (1973) avaliaram se o tônus muscular influenciava na distância entre as arcadas, se a mudança do padrão respiratório de nasal para bucal causava desequilíbrio entre os músculos da face; se a falta de contato entre os dentes e a língua influenciava a posição destas estruturas e se a manutenção da respiração bucal ocasionava falta de contato entre os dentes e a língua. Para isso foi utilizada uma amostra de 18 macacos Rhesus (Macaca mulatta), agrupada em parceria - um animal do 19 grupo controle e outro do grupo experimental, cujo nariz havia sido obstruído por um plug de silicone. De todos os animais foram realizadas radiografias cefalométrica, modelos de gesso e pesagem corporal em intervalos de três meses durante quinze meses de experimento. Após analisarem os resultados, salientaram que depois de nove meses algumas características eram comuns aos macacos do grupo experimental, que apresentavam aumento da altura facial, diminuição da distância intercaninos superiores e inferiores, diminuição da relação transversal da maxila, mudança no formato da língua e todos se tornaram respiradores bucais, embora entre eles não fosse idêntico o padrão respiratório. No entanto, concluíram que a mudança do padrão respiratório de nasal para bucal alterava a distância entre as arcadas, e que a manutenção da respiração bucal interferia na morfologia harmônica das estruturas bucais. PAUL; NANDA (1973) utilizaram uma amostra de 100 pacientes do gênero masculino, que foram divididos em respiradores nasais e bucais.A seleção do padrão respiratório foi realizado através de uma mecha de algodão colocado embaixo do nariz e na frente da cavidade bucal. Quando o algodão estava embaixo do nariz, e esse movimentava-se o paciente era considerado respirados nasal. TULLEY (1973) apresentou o conceito de silêncio elétrico, verdadeira posição onde ocorre repouso mandibular, uma vez que a posição mandibular habitual necessita de atividade muscular para sua manutenção.Esta posição requer esforço sensorial contínuo para manutenção da postura.Nos indivíduos com competência labial a posição mandibular de repouso com silêncio elétrico é obtida com o selamento anterior dos lábios. Os indivíduos que não apresentam selamento labial (por exemplo, os respiradores bucais), não apresentam contato entre eles quando a mandíbula encontra-se em repouso.O rompimento do selamento labial ocasiona a queda da mandíbula de 1 a 2 milímetros. Ao forçar contato labial, a mandíbula deixa a posição de repouso e passa para uma posição habitual postural. Em novo estudo ARNOLD apud CARVALHO (2003) descreveu que a musculatura e a posição de repouso mandibular constituíam fatores importantes no desenvolvimento da oclusão dentária. A obstrução nasal induz a um posicionamento mandibular mais inferior, facilitando a respiração bucal. Para o autor, as amígdalas hipertrofiadas e a obstrução da via aérea superior, 20 causam um aumento do tônus do Pterigóideo lateral, do Milo-hióideo e do Digástrico, músculos depressores da mandíbula.Paralelamente, observa-se um relaxamento dos músculos Temporal, Masseter, Pterigóideo interno e músculos elevadores da mandíbula.A relação postural entre as bases ósseas e as estruturas anatômicas que estão relacionadas são passivas, pois não existem pressões ou tensões acentuadas sobre os músculos. Por exemplo, macroglossia ou amígdalas hipertrofiadas podem provocar um deslocamento anterior da língua e conseqüentemente uma posição postural mandibular deslocada para baixo. Além disso, a postura se adapta à necessidade respiratória, proporcionando uma passagem aérea sempre desobstruída. Se a obstrução permanecer durante meses, a musculatura se adapta à nova relação entre as bases ósseas, romovendo o estabelecimento dessa posição. Segundo ele, alguns trabalhos demonstram que a reinserção muscular é um importante fator no processo de adaptação às mudanças na relação entre as bases ósseas. A possível influência dessas mudanças no crescimento não é ainda bem conhecida. Uma discreta variação postural pode ser suficiente para modificar a ação da matriz muscular. SUBTELNY (1975) apud BIZETO et al. (2004) concluiu após pesquisar na literatura que as faces adenoideanas apresentavam como características: lábio inferior evertido, lábio superior curto, olheiras, face estreita e manutenção da boca aberta. Esse autor também afirmou que, apesar de muito usadas pelos ortodontistas para avaliar a presença de amígdalas hipertrofiadas, as telerradiografias em norma lateral da cabeça não forneciam informações tridimensionais desse tecido. THUROW (1975) através de estudos clínicos verificou que indivíduos com tipos faciais diferentes podem apresentar obstrução da função respiratória (respiração bucal), discordando assim da idéia de que todo paciente respirador bucal tem face adenoideana e vice-versa. BECKER; COCARO; CONVERSE (1976) definiram a curvatura antegonial como uma concavidade na superfície inferior, em seguida do ângulo goníaco. A etiologia dessa concavidade esta associada a desordens congênitas e adquiridas, tendendo a ser mais longa nos estados congênitos do que nos adquiridos e o ramo ascendente mandibular apresenta um ângulo mais obtuso com o corpo. 21 Em um estudo utilizando os dados armazenados pelo Conselho de Pesquisa Infantil de Denver (USA) HANDELMAN; OSBORNE (1976) acompanharam anualmente indivíduos desde o primeiro ano de vida até os dezoito anos, através de telerradiografias. O objetivo da pesquisa era avaliar o desenvolvimento do tecido adenoideano, o padrão de crescimento da nasofarige e a capacidade de fluxo da via aérea. Os autores utilizaram uma amostra composta por 12 indivíduos, sendo metade do gênero masculino e metade do gênero feminino, independente do tipo de maloclusão e do padrão respiratório apresentado nos quais foram ou não realizadas cirurgias desobstrutivas. Ao analisarem os resultados, puderam verificar que (1) para ambos os gêneros o crescimento desenvolvimento facial aconteceu dentro dos padrões normais (2) o espaço aéreo da nasofaringe aumenta na adolescência devido à involução natural do tecido adenoideano, (3) a obstrução do espaço nasofaringeano parece não ter afetado o ângulo do plano mandibular. HOLMBERG; LINDER-ARONSON (1979) salientaram a importância para Ortodontia de se avaliar a função respiratória e sua influência no desenvolvimento facial e da oclusão.O método utilizado pelos autores foi a telerradiografia em norma lateral. A amostra foi constituída de 162 crianças entre 6 e 12 anos de idade, sendo 40% do gênero feminino e 60% do gênero masculino. Para analisar o tamanho da via aérea nasal de cada paciente foi utilizada, além da telerradiografia, a rinoscopia posterior e, para medir o fluxo nasal, foi realizada a rinomanometria posterior ativa. LINDER-ARONSON (1979) utilizou uma amostra composta por de 81 indivíduos respiradores bucais (com adenóides hipertróficas) onde a remoção das adenóides foram realizadas comparando com um grupo similar que não apresentavam obstruções nasais.Os resultados demonstraram que os respiradores bucais apresentavam características comuns, tais como: aumento da altura facial ântero-inferior e total, profundidade sagital menor da nasofaringe, posição lingual mais inferior. Após a remoção das adenóides constataram uma normalização da profundidade sagital da nasofaringe e da inclinação do plano mandibular em relação à maxila. O autor também afirmou “Se a boca é mantida aberta durante um longo período de tempo é possível que haja uma rotação mandibular para baixo e para trás. Estes resultados 22 claramente suportam a teoria de que distúrbios na respiração nasal podem afetar tanto a morfologia facial como a dentição”. WHITE (1979) mostrou que a respiração bucal prolongada por afetar o crescimento craniofacial era de grande interesse para os cirurgiões-dentistas. O autor ainda salientou que a respiração bucal poderia resultar em estreitamento do arco superior, alta incidência de mordida cruzada posterior, incisivos inferiores retroinclinados, diminuição da largura transversal da nasofaringe, aumento da altura facial e rotação posterior da mandíbula. DIAMOND (1980) revisando a literatura, encontrou vários autores relacionando deformidades dentofaciais e esqueléticas com padrão respiratório bucal, que podem ser parciais ou totais, e levam a uma adaptação fisiológica contínua resultando em inúmeras variações morfológicas do complexo craniofacial. A relação entre o complexo craniofacial e a mandíbula foi descrita por RUBIM (1980) afirmando que essa relação seria influenciada, em parte, pela função dos músculos elevadores, e que um dos fatores atuantes nestes músculos seria a posição de repouso da mandíbula, que por sua vez poderia ser influenciada pelo padrão respiratório. Um padrão respiratório bucal prolongado resultaria em um abaixamento da mandíbula para permitir a passagem do ar para boca. O autor também demonstra a importância do ortodontista reconhecer os sinais precoces do desenvolvimento da Síndrome da face longa e encaminhar o paciente para os especialistas, com sugestões apropriadas para proporcionar um crescimento facial favorável e saudável. Aos doze anos de idade, idade na qual, muitos tratamentos ortodônticos são realizados, já ocorreu 90% do crescimento facial.Algumas características faciais, que antes eram consideradas de origem esquelética ou genética, podem ter tido sua origem influenciada pelo meio ambiente. SUBTELNY (1980) observou que se ocorrer obstrução, e esta for suficiente para impedir a passagem de ar pelas vias aéreas superiores, o resultado poderia ser uma adaptação para o modo respiratório pela boca, e esta respiração bucal poderia causar adaptações posturais das estruturas na região da cabeça e do pescoço, assim como ocorrer mudanças nas posições dos maxilares e desenvolvimento de maloclusão. 23 Realizando estudos em macacos para avaliar a relação entre a obstrução nasal e distúrbios no desenvolvimento facial, HARVOLD et al. (1981) induziram a obstrução das vias aéreas superiores, desenvolvendo nesse grupo uma respiração bucal.Assim, nesse grupo observaram algumas características comuns, tais como altura facial aumentada, dimensão transversal da maxila e mandíbula diminuídas, mordida cruzada posterior, excesso no plano mandibular e aumento do ângulo goníaco. Os autores também concluíram que a respiração bucal nos seres humanos também pode causar vários sintomas, indo do normal até alterações esqueléticas e dentais. MCNAMARA JR. (1981) apresentou casos clínicos com face adenoideana associadas à respiração bucal e inclinação acentuada do plano mandibular comparando com casos que apresentavam padrão normal de crescimento, com o objetivo de avaliar algumas relações entre a respiração bucal prolongada e o crescimento craniofacial. Um dos casos apresentados pertencia a um paciente do gênero masculino, com 7 anos e 2 meses de idade, com obstrução nasal, relação Molar de Classe I, comprimento do arco superior e inferior diminuído, mordida aberta anterior, tendência de mordida cruzada posterior e biprotrusão alveolar. Cefalometricamente apresentava uma relação maxilo mandibular de Classe III. A altura facial anterior apresentava um excesso de ao menos 10 mm, a maxila estava retrognata em relação à base do crânio. A mandíbula retrognata produzia uma rotação no sentido horário, indicando um padrão de crescimento vertical. Foi realizada remoção das adenóides, e após um ano foi verificado fechamento espontâneo da mordida aberta, normalização das dimensões transversais entre a maxila e mandíbula, diminuição da altura facial anterior e do plano mandibular. Em todos os casos demonstrou-se a relação que existe entre as alterações da função respiratória e sua influência no padrão de crescimento craniofacial. Estudando as causas da obstrução das vias aéreas SAADIA (1981) classificou-as por sua origem de congênitas e adquiridas.Entre as causas congênitas podemos citar: narinas estreitas, conchas nasais aumentadas e coanas atrésicas. Em relação às causas adquiridas ou desenvolvidas, as mais comuns eram: desvio do septo nasal, hipertrofia dos tecidos linfóides da nasofaringe, pólipos nasais, neoplasias, rinites alérgicas, traumas e fatores iatrogênicos.Ainda segundo o autor, a incidência de obstrução nasal chegava a 24 85% das crianças, e a persistência da respiração bucal poderia ocasionar alterações na morfologia esquelética e facial. WEBERZ; PRESTON; WRIGTH (1981) apresentaram a relação entre o padrão respiratório, a postura da cabeça e a morfologia craniofacial. A presença de obstrução da cavidade nasal em 85% das crianças, também foi observada nos estudos de JOSEPH (1982). Esse autor afirmou que a respiração bucal na infância causa desenvolvimento severo da maloclusão e de deformidades faciais.Características como face adenoideana, ângulo do plano mandibular aumentado, abaixamento da língua, deglutição com pressionamento da língua, altura facial inferior diminuída, mordida cruzada posterior, mordida aberta anterior, olheiras, diminuição da largura transversal do complexo craniofacial, alteração da postura da cabeça, hiperplasia gengival e ocasionalmente bruxismo e língua geográfica. QUINN (1983) através de experiências clínicas em animais concluiu que as deformações no complexo dentofacial são resultado do desequilíbrio neuromuscular facial causado por distúrbios respiratórios, tais como a respiração bucal. Daí a grande importância do diagnóstico e tratamento precoce desses distúrbios BRESOLIN et al. (1983), em seus estudos consideraram limitados os dados que confirmam a relação entre respiração bucal e alterações no padrão facial. Foi utilizada uma amostra composta por 45 jovens norte-americanos, de ambos os gêneros, com idades entre 6 e 12 anos, das quais 30 possuíam respiração bucal e 15 respiração nasal.Após analisar os resultados obtidos verificaram que a altura facial anterior total foram levemente maiores nos respiradores bucais. A grandeza angular formada pela linha Sela-Násio e o plano mandibular maior nos respiradores bucais. Entretanto segundo os autores seria necessária a realização de estudos longitudinais, para avaliar se essas alterações são reais. ADAMIS; SPYROPOULOS (1983) analisaram o efeito da obstrução nasal causada por hipertrofia das adenóides na posição da língua, da mandíbula e do osso hióide.Os autores compararam 56 crianças na faixa etária dos 9 anos com oclusão “ideal”, face harmônica e sem obstrução nasal, com 51 crianças respiradoras bucais ( adenóides hipertróficas), de mesma idade e maloclusão de Classe I. Como resultados, observaram nos respiradores bucais 25 aumento na altura facial ântero-inferior, posicionamento lingual mais anterior e inferior e maior inclinação do plano mandibular. SANTOS-PINTO (1984) realizou um estudo cefalométrico de 50 jovens, de ambos os gêneros, com idades entre 9 e 14 anos, portadores de maloclusão de Classe I e II de Angle, com o objetivo de analisar alterações nasofaringeanas e craniofaciais em pacientes com adenóide hipertrófica. Metade dos pacientes apresentavam espaço nasofaringeano livre de qualquer obstrução, e a outra metade apresentavam redução desse espaço. Através de medidas cefalométricas angulares e lineares foram realizadas comparações referentes à posição e forma de estruturas craniofaciais, dentárias e faringeanas.Na análise dos dados obtidos, observaram: (1)medidas maiores para as medidas cefalométricas SN.Gn e SN.GoM (medidas que representam a tendência de crescimento facial), dentre outras, nos pacientes portadores de adenóide hipertrófica; (2)há retrusão da maxila e mandíbula em relação à base do crânio; (3)os planos oclusal e mandibular apresentam uma inclinação acentuada em relação à base do crânio, divergindo de posterior para anterior; (4)há um posicionamento mais inferior e posterior do mento; (5)a altura facial anterior encontra-se aumentada; (6)há uma menor curvatura ou inclinação da parede faringiana posterior; (7)não ocorrem alterações no ângulo da base do crânio; (8)o ângulo goníaco mandibular não sofre alterações. VARGEVIK et al. (1984) avaliando uma amostra formada por oito macacos que tiveram a respiração nasal obstruída com a colocação de plugs de silicone, estudaram as mudanças ocorridas no padrão neuromuscular, dentária, e esquelética provocada por essa obstrução. As primeiras alterações foram observadas logo após a obstrução e conseqüente respiração bucal. Outras mudanças foram observadas até dois anos após a retirada dos obliteradores. Os autores concluíram que as alterações no padrão neuromuscular eram resultantes das alterações posturais da língua, mandíbula e lábio superior. O ângulo SN.GoGn e a AFAI encontravam-se aumentadas, entretanto após a retirada dos obliteradores (período controle) algumas dessas alterações foram revertidas. Foram observadas também, alterações em tecidos moles. No período controle alguns animais apresentaram a manutenção dos lábios separados e mandíbula rebaixada. 26 MCNAMARA JR. (1984) afirmou que o posicionamento lingual é muito importante para o diagnóstico de algumas maloclusões, tais como mordida cruzada dentoalveolar, biprotrusão e no prognatismo mandibular.Verificou-se que a posição anterior da língua estava freqüentemente associada com amígdalas hipertrofiadas e respiração bucal. Modificando o padrão respiratório de trinta adultos respiradores bucais por curtos períodos de tempo (30 minutos), para uma respiração bucal, HELLSING et al. (1986) analisaram a postura da cabeça e da mandíbula, à distância interoclusal, além das atividades posturais musculares mastigatórias e cervicais através de eletromiografias. Como resultado, observaram que a respiração bucal, como função compensatória promove a extensão da cabeça e o abaixamento da mandíbula, sendo fatores determinantes na morfologia craniofacial e no crescimento do indivíduo portador de obstrução nasal por um longo tempo. KLEIN (1986) selecionou 106 pacientes em fase de pré-tratamento ortodôntico com sinais clássicos da Síndrome da face longa provocada por adenóide. Foi realizada anamnese com os pais, exame clínico e de modelos, fotografias e telerradiografias em norma lateral. Realizou-se uma análise estatística para avaliar a influência entre os sinais da Síndrome da face longa, a história do tratamento e com o padrão respiratório. Concluíram que a obstrução da respiração nasal poderia alterar o desenvolvimento craniofacial. Tentando comprovar se existia modificação da direção de crescimento mandibular após a remoção das adenóides LINDER-ARONSON; WOODSIDE; LUNDSTROM (1986) realizaram um estudo durante cinco anos após a adenoidectomia em 75 crianças (38 pós-adenoidectomias e 37 respiradoras bucais) com idades entre 7 e 12 anos. Foram realizados traçados cefalométricos, modelos de gesso e rinomametria posterior ativa durante 5 anos, uma vez ao ano. Comparado ao grupo controle o grupo adenoidectomizado inicialmente apresentou AFAI significantemente maior, mandíbulas mais retro-inclinada e ângulo do plano mandibular aumentados. Os autores também concluíram que o restabelecimento de um crescimento horizontal estava associado à adenoidectomia. WEIMERT (1986) verificou que dentre 1100 pacientes encaminhados à sua clínica por ortodontistas a maioria apresentava obstrução das vias aéreas 27 superiores. Verificou-se também que todos os pacientes que apresentavam respiração nasal, todos também respiravam pela boca, mesmo que por períodos intermitentes. SINGER; MAMANDRAS; HUNTER (1987) associaram características morfológicas da mandíbula e padrões de crescimento mandibular. Foram avaliados telerradiografias de 50 pacientes tratados ortodonticamente sendo 25 com curvatura antegonial mandibular profunda e 25 com curvatura rasa, comparando as características craniofaciais e o potencial de crescimento desses dois grupos.Aqueles que mostravam curvatura acentuada apresentavam maior retração mandibular, com corpo curto, pequena altura do ramo e ângulo goníaco maior do que os casos com curvatura rasa. A altura facial anterior inferior encontrava-se aumentada no primeiro grupo e NS.GoM (ângulo mandibular) e NS.Gn (eixo facial) estavam mais direcionados verticalmente. BERKINSHAW; SPALDING; VIG (1987) por considerarem o assunto controverso enfatizaram a importância de estudar a influência do meio ambiente na função respiratória e desse sobre o crescimento craniofacial. Nos estudos de MEREDITH (1987) os pacientes dolicofacias, respiradores bucais e com deficiência neuromuscular, apresentam maior susceptibilidade a desenvolver Síndrome da face longa, enquanto pacientes com hipertrofia da língua e tonsilas e respiração bucal seriam mais susceptíveis a desenvolver prognatismo mandibular. RUBIM (1987) afirmou que a característica mais freqüente na Síndrome da face longa é o aumento do terço inferior da face e que esse nome foi dado devido à rotação mandibular no sentido horário. TRASK; SHAPIRO; SHAPIRO (1987) avaliando uma amostra de 50 crianças (25 respiradoras bucais e 25 nasais) observou no sentido vertical o aumento AFAI, NS.GoM nos respiradores bucais. Evidenciou-se também que os efeitos da respiração bucal expressava-se primeiramente no sentido vertical, e que o relacionamento antero-posterior seria determinado principalmente por fatores genéticos. TIMMS; TRENOUTH (1988) realizaram um estudo com a finalidade de correlacionar a resistência do fluxo aéreo nasal com algumas medidas lineares e angulares obtidas a partir de cefalogramas de telerradiografias em norma 28 lateral de 47 pacientes, sendo 21 do gênero masculino e 26 do gênero feminino. Não houve diferença estatisticamente significante nos parâmetros entre os gêneros. O ângulo formado pelos planos maxilar e mandibular, à distância palato-língua, e o índice facial demonstraram uma correlação positiva com a resistência nasal, a profundidade do palato demonstrou uma correlação negativa. Avaliando 71 pacientes que apresentavam dificuldades respiratórias e analisando a morfologia craniofacial e padrão facial CHENG (1988) analisou os efeitos da deficiência respiratória no desenvolvimento da face de crianças em crescimento. A amostra foi dividida em dois grupos de igual número. O grupo com deficiência respiratória demonstrou combinações e características de deformidades craniofaciais, face adenoideana e maloclusões. Assim o reconhecimento precoce desses padrões faciais , como síndrome da face longa, pode ser utilizado para identificar os indivíduos com comprometimento da respiração, os quais têm uma provável tendência a desenvolver certos tipos de maloclusão e alteração craniofacia. Segundo SMITH; GONZÁLES (1989) a obstrução das vias aérea superiores resultaria em respiradores bucais que poderia ocasionar alterações no crescimento craniofacial. Entretanto apesar de considerarem a respiração bucal uma importante causa de alterações no desenvolvimento facial, os autores não descartam outras etiologias.Assim seria necessária uma extensa avaliação clínica para verificar a verdadeira causa da alteração assim como um tratamento multidisciplinar envolvendo pediatra, odontopediatra, ortodontista e otorrinolaringologista. Estudando o contorno mandibular em crianças antes e após a adenoidectomia e comparando com um grupo controle KEER; MCWILLIAN; LINDER-ARONSON (l989). Foi observado que o grupo experimental após a cirurgia apresentaram um crescimento mandibular mais horizontal, uma rotação posterior da mandíbula e alguma reversão da tendência inicial. Com o objetivo de avaliar a influência da hipertrofia amigdaliana com alterações no crescimento e morfologia facial, MARTINS et al. (1989) realizaram um estudo cefalométrico em 120 pacientes com idades entre7 e 10 anos, sendo que metade apresentava amígdalas normais e a outra metade hipertrofiadas. O ângulo NS.GoM apresentou-se significantemente aumentado 29 demonstrando tendência de crescimento vertical. A AFAI também foi influenciada pela presença de amígdalas hipertrofiadas. Esses dados foram considerados semelhantes aos encontrados na literatura. HARTGERINK; VIG (1989) desenvolveram um estudo em 38 pacientes ortodônticos e em 24 não tratados ortodonticamente (grupo controle), com idades entre 8 e 14 anos. Foram realizadas associações de avaliações estatísticas entre a altura facial anterior inferior-AFAI, postura labial, padrão respiratório e resistência nasal, antes da expansão, após uma semana e depois de 9 a 12 meses. Concluiu que a postura labial não estava relacionada com resistência nasal, mas sim com o padrão respiratório. Observou que não houve nenhuma correlação significativa entre AFAI e resistência nasal; a AFAI estava aumentada no grupo com postura labial aberta. Nenhuma correlação entre percentual de respiração nasal e AFAI foi constatada; os indivíduos com aumento da AFAI não apresentavam maior resistência nasal ou um componente oral maior de suas respirações do que em indivíduos com variações normais da AFAI. BEHLFELT; LINDER-ARONSON; NEANDER (1990) também realizaram estudo cefalométrico para avaliar a influência das amígdalas hipertrofiadas na tendência de crescimento facial. Notou-se que esse grupo apresentava mandíbula mais retrognata, face longa, plano mandibular e AFAI aumentado e inclinação do plano mandibular.Verificaram também que fatores posturais, funcionais e morfológicos, tais como falta de vedamento labial, postura da língua mais anteriorizada e respiração bucal noturna eram associadas às mudanças no padrão esquelético, que se torna mais vertical e com maior retrognatismo mandibular. TURNE (1990) verificou em seu estudo que alterações no padrão respiratório de nasal para bucal promove adaptações funcionais e alterações no crescimento e desenvolvimento craniofacial que incluíram aumento do ângulo goníaco, da altura facial total (NMe), do plano mandibular e conseqüentemente um desenvolvimento mais vertical da face. RIBAUT (1990) analisou crianças de 5 a 13 anos as quais foram tratadas ortodonticamente, avaliando os resultados da respiração bucal. Os autores verificaram que incompetência nasal era quatro vezes mais comum em crianças com anormalidades ortodônticas e que essa respiração bucal 30 promoveria distúrbios de crescimento e face longa. Concluíram também que a prevenção da respiração bucal (e suas conseqüências) assim como o tratamento precoce são importantes para um desenvolvimento e crescimento equilibrados garantido a estabilidade dos resultados obtidos com o tratamento ortodôntico. Segundo MARTINA; LAINO; MICHELOTTI (1990), as conseqüências das alterações causadas pela implantação de uma respiração bucal podem ser normalizadas por meio do tratamento precoce dos fatores obstrutivos. UNG et al. (1990) analisaram padrões respiratórios e seus efeitos sobre o desenvolvimento dentofacial através de 49 pacientes na faixa etária de 10 a 16 anos. Foram realizadas medidas do fluxo aéreo oral e nasal, obtendo-se medições em ocasiões diferentes. Foi realizada também, comparação entre o padrão respiratório, à resistência nasal e a força da respiração nasal. Os resultados indicaram, nas avaliações objetivas dos modos de respiração e características dentofaciais, um padrão esquelético de Classe II para os respiradores bucais e retroinclinação dos incisivos inferiores e superiores. Ao contrário, na percepção subjetiva da respiração bucal, houve associação entre uma altura facial longa e ângulo do plano mandibular aumentado. Aos autores ainda salientam a necessidade de métodos mais completos de verificação do padrão respiratório. Com objetivo de estudar crescimento e desenvolvimento facial BORRERO; O´REILLY; CLOSE (1991) realizaram uma pesquisa para determinar uma relação entre dimensão vertical esquelética, crescimento da mandíbula, contorno da sínfise e contorno da borda mandibular em indivíduos do gênero masculino antes e depois do crescimento puberal. Foram utilizadas as seguintes medidas: altura da parte superior e inferior anterior da face, altura da sínfise, comprimento total da mandíbula, proporção entre altura e largura da sínfise e proporção entre a altura da parte superior e inferior da face. A dimensão vertical foi a única que apresentou diferença significante entre os grupos. De acordo com HICKHAM (1991) a oclusão normal dificilmente ocorreria em circunstâncias anormais. Indivíduos que apresentam obstrução das vias aéreas superiores, e que, portanto, mantém a boca constantemente aberta para permitir a passagem do fluxo aéreo, causariam um pressionamento 31 anormal da língua, comprometendo assim, o tratamento ortodôntico. O autor ainda salientou, que mesmo após a amigdalectomia e adenoidectomia, em alguns pacientes poderia persistir a respiração bucal sendo necessária uma intervenção clínica como por exemplo, a utilização de guia de vedamento labial. Questionando à falta de critérios para definir o padrão respiratório FIELDS et al. (1991) estudaram medidas cefalométricas em 32 jovens entre 11 e 17 anos de ambos os gêneros os quais apresentavam face longa (definida pela altura facial ântero-inferior - AFAI aumentada), comparando com 16 jovens com morfologia dentro da normalidade. Foram ainda classificados de acordo como tipo facial. Diante dos resultados concluíram que os dolicofaciais (AFAI aumentada) apresentaram aumento na altura facial total, na inclinação do plano mandibular e nas dimensões verticais com predominância da respiração bucal. Já 80% dos indivíduos que apresentavam crescimento normal apresentavam respiração nasal e 63% dos indivíduos com face longa apresentavam padrão de respiração bucal. WOODSIDE et al. (1991) utilizando sobreposição de traçados cefalométricos de 38 crianças antes e após a adenoidectomia analisando a quantidade de crescimento mandibular. A sobreposição feita sobre o ponto G (gnátio) e observou medidas significantemente maiores no grupo que realizou cirurgia para retirada das adenóides, principalmente na região do mento e um maior crescimento do terço médio da face. Os autores ainda concluíram que após o restabelecimento da respiração nasal (pós-cirurgia) as estruturas faciais mostraram alto grau de recuperação. MOTT; PFIETER (1992) selecionou uma amostra composta por 70 indivíduos com crescimento predominantemente vertical (grupo 1) e 81 indivíduos com crescimento harmônico ou predominantemente horizontal (grupo 2) para realizar uma comparação do tamanho da adenóide nos dois grupos. A amostra foi avaliada através de telerradiografias em norma lateral e exame otorrinolaringológico (rinoscópio e endoscópio com lupa). Como resultado os autores observaram que 61% dos indivíduos do grupo 1 eram respiradores bucais contra apenas 13% do grupo 2.Os exames sobre o aumento de volume das partes posteriores da adenóide apresentam uma grande correlação entre os grupos estudados. O aumento das adenóides e conseqüente diminuição da ventilação nasal foi identificado como possível 32 fator causal de um maior crescimento no sentido vertical. Portanto os autores afirmam a importância dos pacientes que apresentam tendência de crescimento vertical praticarem uma “respiração nasal livre”. Comparando a oclusão dentária e as características faciais entre crianças asmáticas e normais, VENETIKIDOU (1993) selecionou uma amostra composta por 64 crianças com idades que variavam de 3 a 16 anos, sendo 50% de crianças asmáticas e os outros 50% sem distúrbios respiratórios. Nas crianças que apresentavam asma foi verificada uma alta prevalência de respiração bucal, tendo nesse grupo uma tendência à face longa quando comparados ao grupo controle. PROFFIT (1993) relataram os mecanismos que levariam a respiração bucal provocar alteração na direção de crescimento facial. Segundo os autores para instalação da respiração bucal seriam necessários um abaixamento da mandíbula, da língua e uma inclinação da cabeça para trás. Assim haveria um aumento da altura facial e extrusão dos dentes superiores-posteriores, fazendo com que a mandíbula girasse para trás e para baixo.Entretanto os autores acreditam ser difícil determinar qual o grau de obstrução nasal poderia comprometer o crescimento e desenvolvimento da face. Pacientes que respiram com os lábios abertos não podem ser considerados respiradores bucais uma vez que pode haver respiração nasal mesmo com os lábios entreabertos. Assim com essa pesquisa os autores concluíram que: a) a obstrução nasal total parece mesmo alterar o crescimento e desenvolvimento facial; b)a maioria dos respiradores bucais apresenta face longa, entretanto o inverso não pode ser afirmado; c) de um modo mais direto, a respiração bucal pode contribuir para o desenvolvimento de problemas ortodônticos, porém é difícil indica-la como um agente etiológico freqüente. Um estudo de FRICKE et al. (1993) selecionaram crianças de acordo com a postura labial com objetivo de demonstrar se crianças com postura labial aberta (grupo experimental) apresentavam resistência nasal e morfologia mandibualar diferente das crianças com postura labial fechada (grupo controle). Esse estudo demonstrou que aquelas crianças que não apresentavam selamento labial possuíam um aumento significante do ângulo NS.GoM (base do crânio-plano mandibular) indicando uma tendência de crescimento facial. A 33 rinomanometria anterior, assim como a mensuração do espaço faríngeo medido na radiografia lateral, não apresentou diferenças entre os dois grupos. LIMME (1993) concluiu que apesar de existir controvérsia sobre a influência da respiração bucal sobre o desenvolvimento facial inúmeros estudos comprovam alterações na direção de crescimento mandibular e aumento da altura facial ântero-inferior. SANTOS PINTO et al. (1993) com o objetivo de avaliar alterações dentofaciais em função da redução da ENF (menos espaço faríngeo), selecionaram uma amostra composta por indivíduos leucodermas na faixa etária dos 8 aos 14 anos. Assim a amostra foi subdividida em cinco grupos: 1)jovens com adenóide ausente e ENF maior que 8mm; 2) jovens com adenóide pequena e ENF entre 8 e 6.1mm; 3) jovens com adenóide moderada e ENF entre 6 e 4.1mm; 4) jovens com adenóide volumosa e ENF entre 4 e 2.1mm e 5) jovens com adenóide obstrutiva e ENF entre 2 e 0mm. Os autores verificaram que ENF menor ou igual a 4 resulta em alterações dentofaciais importantes que podem comprometer o desenvolvimento da criança. Com relação aos vetores de crescimento mandibular, representados pelos ângulos NSGoM e NS.Gn, foi observado que sofrem influência pela redução do ENF, caracterizando uma tendência de rotação do plano mandibular no sentido horário, confirmando a ocorrência de um padrão de crescimento facial. GROSS et al. (1994) propuseram a investigar a relação entre a postura de boca aberta e o desenvolvimento dentofacial, levando-se em conta a associação feita entre respirador bucal e ausência de selamento labial. Realizara, pois, um estudo longitudinal onde acompanharam durante quatro anos, um grupo de crianças, com idades entre 5 e 7,5 anos, cujos resultados sugeriram que a postura de boca aberta, com ou sem quantificação do volume das vias aéreas, pode ser um fator potencialmente indesejável no desenvolvimento dentofacial. Sugeriram também, que, usando um procedimento padronizado, a avaliação da postura da boca aberta pode ser realizada facilmente por profissionais, pais ou professores, a custos baixos. Recomendaram ainda, que os adultos observem e indiquem uma apropriada postura de selamento labial às crianças devido à alta incidência de selamento labial na população ortodôntica e de uma relação observada entre o comprimento do arco e a postura da boca aberta. 34 KLUEMPER; VIG; VIG (1995) utilizaram uma amostra composta por 102 telerradiografias, sendo 40 do gênero feminino e 62 do gênero masculino, estando 50% da amostra entre 11 e 16 anos.Para definir a morfologia facial foram utilizadas as seguintes medidas cefalométricas: ANB,IMPA, AFAI e largura da nasofaringe. Diferentemente da maioria dos estudos os autores concluíram que a análise cefalométrica isolada não se mostrou um bom método para diagnosticar a obstrução nasal, não podendo ser definitiva para decidir o tratamento clínico, assim como afirmaram que existem poucas evidências que a respiração bucal influencie no crescimento facial. JOSELL (1995) descreveu a relação entre hábitos bucais e seus efeitos sobre o crescimento e desenvolvimento facial. O autor afirmou que a postura lingual de repouso alterado afeta muito mais o complexo dental e esquelético do que o pressionamento lingual anterior, descrevendo duas formas de postura anormais: a) protração endógena; b) protração adquirida, resultante normalmente de problemas nasorespiratórios. Relatou ainda as alterações posturais decorrentes da instalação da respiração bucal: 1) abaixamento da mandíbula; 2) posicionamento da língua para frente; e 3) extensão da cabeça. Caso essas alterações persistam, elas podem afetar as posições dentais no sentido vertical e horizontal, e com conseqüência influenciar o crescimento da maxila e mandíbula. Em estudos realizados em primatas, TOURNE; SCHWEIGER (1996) verificaram que alteração posturais da mandíbula, que permanece abaixada, provocada pela respiração bucal, pode levar a alterações esqueletais, se mantida por período prolongado. Entretanto o autor salienta que a resposta em primatas é diferente da resposta em humanos, e por motivos éticos a obstrução nasal prolongada não poderia ser testada em humanos. Através da análise da profundidade da curvatura antegonial mandibular, LAMBRECHTS et al. (1996), estudaram as diferenças dimensionais nas morfologias craniofaciais de dois grupos, que apresentavam essa curvatura, rasa e profunda. Utilizaram telerradiografias de 80 indivíduos não tratados ortodônticamente, sendo que metade apresentava curvatura antegonial rasa e a outra metade, profunda. Como resultado os autores verificaram que àqueles indivíduos que apresentavam curvatura rasa demonstraram características morfológicas associadas a um padrão de crescimento horizontal e suas 35 medidas apresentavam-se mais protruídas. Além disso, as mandíbulas com curvatura rasa demonstraram ser maiores do que as que apresentavam curvatura profunda.Na média aquelas de curvatura profunda mostraram ângulos goníacos e ramos posteriores maiores e inclinação maior do plano mandibular. A altura facial total (NMe) nos pacientes com curvatura rasa foi muito menor do que aqueles com curvatura profunda, que por sua vez apresentavam maxilares mais retruídos em relação à base do crânio. BAUMANN; PLIKERT (1996) submeteram uma amostra de 47 jovens, com idades entre 6 e 15 anos, a exame clínico, anamnese, rinomametria, endoscopia e cefalometria.A amostra foi dividida em dois grupos-face normal e face longa determinado a partir do ângulo NS.GoGn, com o objetivo de relacionar a morfologia craniofacial e o padrão respiratório. Após a discussão dos resultados os autores verificaram uma predominância de crescimento vertical nos respiradores bucais quando comparado aos nasais. Também concluíram que esse estudo não esclareceu uma correlação entre a respiração bucal, o desenvolvimento craniofacial e o tamanho da adenóide, determinando a influência dos fatores externos sobre os componentes genéticos dos indivíduos, que atuam diretamente no crescimento craniofacial. Os fonoaudiólogos por muito tempo relacionavam a musculatura facial e bucal somente com a função da deglutição. Entretanto os estudos realizados por MARCHESAN; KRAKAUER (1996) passaram a valorizar também a mastigação e a respiração como funções com extrema influência sobre o crescimento e desenvolvimento craniofacial. A maioria dos pacientes analisados pelos autores, apresentaram posicionamento mais anterior e inferior da língua, crescimento vertical, ângulo goníaco acentuado, face longa, hipotrofia, hipotonia e hipofunção dos músculos mandibulares, hipofunção dos lábios e bochecha, lábio superior curto, lábio inferior evertido ou interposto entre os dentes, alterações corporais, alterações das funções orais e movimentos compensatórios da cabeça. Num estudo onde o objetivo foi comparar alterações miofuncionais características em pacientes com pressão lingual e em pacientes sem essas desordens, NEIVA; WERTZNER (1996) observaram que um padrão respiratório adequado prevalecia no grupo controle enquanto que no grupo com pressão lingual a maioria dos pacientes apresentava respiração bucal ou mista. 36 Os autores estão de acordo com a literatura, que afirma existir um relacionamento entre padrões respiratórios alterados e desordens miofuncionais orais. FERREIRA (1997) investigou a influência de hábitos parafuncionais, principalmente a respiração bucal, nas alterações dentais e esqueléticas. O autor salientou a importância dos ortodontistas reconhecerem precocemente esses hábitos, evitando assim o estabelecimento de alterações dentoesqueléticas e miofuncionais. O tratamento da respiração bucal e suas conseqüências terão mais sucesso quanto mais cedo se intervir. YAMADA et al. (1997) realizaram um estudo com 11 primatas os quais foram divididos em dois grupos – experimental (com obstrução respiratória provocada leve e pesada) e o grupo controle. Foram realizadas análises cefalométricas para comparar os dois grupos, verificando dessa maneira a existência de uma relação entre a obstrução nasal e a rotação mandibular para trás e para baixo, sendo que aqueles que apresentavam obstrução nasal pesada foram os mais afetados. Nesse estudo foi concluído que a presença de obstrução nasal prolongada antes e durante o crescimento puberal pode resultar em alterações craniofaciais. O grupo que apresentava obstrução nasal leve, em relação à postura lingual e as mudanças esqueletais, em sua maioria apresentou padrão similar ao do grupo controle. Mas alguns animais apresentavam deformidades compatíveis ao grupo com obstrução nasal pesada, com aumento significante na tendência de crescimento vertical, da inclinação mandibular e protrusão lingual. Segundo os autores os resultados dessa pesquisa podem ser transferidos para os seres humanos sendo de grande importância para os ortodontistas, pois contribui para um correto diagnóstico e planejamento de casos, já que as alterações respiratórias, interferem no crescimento da face prejudicando o tratamento ortodôntico. Fazendo uma associação entre a postura dos lábios, tonsilas hipertrofiadas, tamanho do espaço aéreo e morfologia facial TROTMAN et al. (1997) concluíram que: a) a ausência de selamento labial é resultado da rotação facial antero-posterior e ao aumento da altura facial anterior inferior (AFAI); b) O reposicionamento e rotação da maxila e mandíbula para frente e o aumento dos ângulos SNA e SNB foram relacionados à presença de tonsilas 37 hipertrofiadas; c) o reposicionamento em bloco antero-posterior da maxila e mandíbula estavam relacionados à diminuição do espaço aéreo. Do estudo realizado por JABOUR et al. (1997) com propósito de investigar a possível correlação entre o padrão respiratório e alterações ortodônticas e miofuncionais, concluiu-se que os pacientes respiradores bucais apresentavam os mais variados tipos de oclusão, entretanto contatou-se uma significativa prevalência de pacientes com tendência de crescimento vertical. A respiração bucal associa-se não só a diminuição do espaço nasofaríngeo como também a fatores como rinites, amigdalites e bronquites. O hábito da respiração bucal pode trazer modificações na arquitetura facial e alterações no equilíbrio muscular. MAIA; SILVA FILHO; MAIA (1998) enfatizaram a importância em se determinar o padrão de crescimento craniofacial dos pacientes antes de iniciar o tratamento ortodôntico.Assim apresentaram um método longitudinal para determinação do padrão de crescimento facial por intermédio de uma única radiografia proposta por Björk. Nesse método, foram identificadas algumas características estruturais da mandíbula como determinantes da rotação mandibular durante o seu crescimento. Essas características estruturais podem ser constatadas antes mesmo do traçado cefalométrico e incluem: (a)inclinação da cabeça do côndilo; (b)ângulo goníaco mandibular; (c)chanfradura antigonial; (d)morfologia da sínfise; (e)ângulo interincisivo e (f) paralelismo entre os planos mandibular e oclusal. Os efeitos da respiração bucal no crescimento e desenvolvimento craniofacial continuaram sendo tema de muitas pesquisas. VIG (1998) considerou uma dificuldade de determinar até que ponto a respiração bucal pode influenciar o desenvolvimento da face antes e após o crescimento. Apesar dos indivíduos que possuem essa obstrução apresentarem características comuns, tais como aumento da altura facial, ausência de vedamento labial, palato ogival, atresia maxilar, base do nariz e narinas estreitas, ainda são necessários, critérios que determinem uma relação estreita entre o padrão respiratório e a morfologia facial. De acordo com VENTILLO (1999), os processos envolvidos na respiração bucal são de máxima importância para a ortodontia, uma vez que as alterações provocadas por essa anomalia, quando não bem compreendidas e 38 corrigidas, poderão resultar no fracasso do tratamento ortodôntico. Segundo o autor além dos diferentes tipos faciais, como dolicofaciais (longa e estreita) e braquifaciais (curta e larga), também estão envolvidos fatores odontogênico. Com a manutenção constante dos lábios entreabertos, é exigida a ação de diferentes músculos para a postura da mandíbula. Essa ação muscular se adaptando alternadamente no curso do desenvolvimento, produz variações morfogenéticas adaptativas, podendo resultar em maloclusões, alterações e desvios esqueléticos faciais. Se a respiração bucal não for adequadamente tratada, o tratamento estaria comprometido. Utilizando uma amostra composta por jovens respiradores bucais com obstrução nasal total TAKAHASHI et al. (1999) afirmaram que a maior pressão exercida pela língua, uma vez posicionada mais anteriormente para permitir o fluxo de ar, não poderia ser responsável por alterações no padrão de crescimento facial e que as pesquisas realizadas sobre respiradores bucais não são suficientes para determinar sua influência uma vez que apenas uma pequena porcentagem são, verdadeiramente, respiradores bucais totais. ANDRADE; MAYOLO (2000) avaliaram indivíduos em fase de crescimento verificando as possíveis alterações craniofaciais decorrentes da obstrução das vias aéreas superiores e conseqüentemente da instalação de uma respiração bucal. Os autores analisaram os resultados e concluíram que os respiradores bucais apresentavam divergência do plano mandibular, aumento da altura facial, retrusão mandibular em relação à base do crânio e rotação mandibular no sentido horário. Foi ainda relatado que indivíduos dolicofaciais com espaço aéreo estreito poderiam apresentar um quadro de obstrução nasal mesmo com adenóides pequenas. Os respiradores bucais apresentavam uma alteração na postura da cabeça, que se inclinava para cima e para trás, alterações na postura lingual, que se posiciona mais inferiormente, fatores esses que restringem os componentes horizontais do crescimento facial e liberando o componente vertical. Os autores ainda afirmaram que ângulos que envolvem a base do crânio (linha SN) não seriam bons indicadores de alterações craniofaciais uma vez que apresentam grande variabilidade e por estarem distantes da área bucal, estando assim pouco sujeitos a alterações ambientais. 39 Para verificar a importância da relação entre a morfologia mandibular e do desenvolvimento craniofacial, ERÖZ et al. (2000), utilizaram telerradiografias em norma lateral, além do exame dental de 60 jovens, sendo metade do gênero feminino e a outra do gênero masculino com idades entre 11 e 15,5 anos de idade. Através da análise do ângulo SNGoGn, que determina o padrão de crescimento, a amostra foi dividida em três grupos e em seguida subdividida em subgrupos de acordo com o gênero. Com os resultados os autores concluíram que no ramo, no corpo da mandíbula e sínfise mentoniana não foram encontradas diferenças entre os grupos. Já o ângulo goníaco apresentou-se aumentado no grupo com padrão vertical, quando comparado aos demais grupos. Os autores consideraram de extrema importância o conhecimento da tendência de crescimento facial assim como os fatores que interferem nesse padrão, uma vez que o crescimento harmônico da maxila e da mandíbula são essenciais para que haja equilíbrio no desenvolvimento craniofacial. Segundo KRAKAUER; GUILHERME (2000) desde o nascimento, a respiração nasal é uma situação vital e elementar para o ser humano. Alterar o padrão respiratório, e adquirir uma respiração bucal de suplência, é uma adaptação funcional que acarreta modificações não somente nos órgãos e aparelhos diretamente envolvidos, mas também na dinâmica corporal como um todo. A respiração bucal de suplência, sendo uma função adaptativa do Sistema Estomatognático, promove alterações estruturais que permitam sua instalação e funcionalidade. Essas alterações são acompanhadas de desequilíbrios miofuncionais, que podem causar mudanças nas funções estomatognáticas e no eixo corporal. MACEDO (2000) estudou uma amostra constituída de 100 jovens leucodermas, brasileiros, filhos ou netos de brasileiros descendentes de portugueses, espanhóis ou italianos, de ambos os sexos, na faixa etária dos 8 aos 13 anos, portadores de maloclusão de Classe I e Classe II de Angle, para avaliar uma possível influência do padrão respiratório no desenvolvimento dessas maloclusões, concluindo que o padrão respiratório dos indivíduos estudados, não influenciou na direção de crescimento do complexo facial, encontrando correlação com o selamento labial e a postura mandibular de repouso. 40 JORGE; ABRÃO; CASTRO (2001) avaliaram uma amostra de 30 indivíduos brasileiros, leucodermas, do gênero masculino e feminino, na faixa etária de 14 a 25 anos, com dentição permanente e com maloclusão de Classe II divisão 1a de Angle que não tinham se submetido a tratamento ortodôntico, com o objetivo de determinar a etiologia e a localização das obstruções das vias aéreas superiores. Com esse estudo os autores puderam constatar que a hipertrofia das conchas nasais estava presente em 100% dos indivíduos da amostra; o desvio de septo nasal estava presente em 66,66% dos indivíduos desse estudo; constantemente os fatores obstrutivos demonstraram-se múltiplos e localizados na bucofaringe, nas cavidades nasais e nasofaringe, a hipertrofia das tonsilas faringeanas teria que ser muito grande para afetar a resistência da via aérea nasal. LOPES (2001) objetivando analisar a relação entre o padrão respiratório e a curvatura antegonial mandibular realizou um estudo utilizando a mesma amostra de MACEDO (2000), concluindo que nos respiradores bucais a profundidade da curvatura antigonial e AFAI encontram-se aumentadas nos respiradores bucais Foi também verificada uma correlação entre FMA, NS.GoM, NS.Gn, AFAI e nasofaringe, com a profundidade antigonial. RAHAL; KRAKAUER (2001) afirmaram que atualmente tem-se encontrado um grande número de pessoas, principalmente crianças, que apresentam respiração bucal. Podemos verificar esse fato, não só nos pacientes que procuram algum tipo de tratamento para tentar melhorar a respiração, mas também pelas pessoas que observamos no nosso dia a dia. As autoras atribuem o fato desse aumento do número de indivíduos respiradores bucais às condições de vida nos dias de hoje- alimentação, poluição etc. Em respiradores bucais, muitas vezes, a disfunção muscular pode ser responsabilizada pelas alterações entre forma e função, pois observa-se que as alterações da musculatura facial ficam bastante evidenciadas. A postura labial, por exemplo, tende a estar alterada. Em geral, o lábio superior não cobre os 2/3 superiores dos incisivos centrais e o inferior é evertido. BITTENCOURT; ARAÚJO; BOLOGNESE (2002) com o objetivo de verificar a existência de correlação entre a dimensão do espaço aéreo livre e o padrão facial do paciente no sentido vertical, selecionaram 60 radiografias cefalométricas, em norma lateral, de 60 indivíduos leucodermas, brasileiros, na 41 faixa etária de 10 e 11 anos, sendo 30 do gênero feminino e 30 do masculino.Todos os pacientes eram portadores de padrão esquelético de Classe II, com ângulo ANB maior ou igual a 5o. Foram excluídos aqueles que haviam relatado história de cirurgia das amígdalas e/ou adenóides ou tratamento ortodôntico anterior. Foi avaliado também o modo respiratório através da anamnese e exame clínico. De acordo com os resultados observouse que há correlação entre a dimensão do espaço aéreo livre e o padrão respiratório, tendo sido encontrado menor valor médio em pacientes respiradores bucais e maior valor médio em respiradores nasais; existe fraca relação linear negativa não significativa estatisticamente entre padrão facial do paciente, no sentido vertical e a dimensão do espaço aéreo livre, ocorrendo diminuição desta grandeza em pacientes com maior crescimento vertical. CASTILHO (2002) objetivando avaliar a AFAI (altura facial anterior inferior) estudaram 44 radiografias cefalométricas laterais, divididas em dois grupos de 22 radiografias, de indivíduos com anomalias dentofaciais, de nível socioeconômico médio baixo, de ambos os gêneros, na fase inicial de tratamento ortodôntico, com idade variando dos 8 aos 12 anos. Em seguida a amostra foi dividida em dois grupos. O grupo I apresentou espaço nasofaríngeo igual ou maior do que 8 mm, indicando possivelmente não existir obstrução na passagem de ar nesse local. O grupo II apresentou espaço nasofaríngeo igual ou menor que 5mm, indicando uma possível hipertrofia das adenóides e uma conseqüente obstrução na passagem de ar nesse local. Em um dos mais definitivos estudos sobre respiradores bucais, CARVALHO (2003) afirma que os pacientes respiradores bucais crônicos, mantém a língua baixa e assim sobra um grande espaço livre que permite a passagem do ar pela boca.Comparativamente, a manutenção da via aérea é um reflexo mais vital que a deglutição adequada, ficando dessa forma condicionada à respiração bucal. Além disso, alteração da posição da cabeça altera imediatamente o trajeto mandibular. Dessa forma, a posição anteriorizada da cabeça do respirador bucal é a postura que mais afeta o sistema estomatognático e determina uma oclusão patológica. DUARTE; FERREIRA (2003) realizaram um estudo com o objetivo de comparar por meio de avaliação fonoaudiológica miofuncional, a respiração e mastigação em sujeitos, durante tratamento ortodôntico, com ou sem 42 intervenção fonoaudiológica associada. Participaram desse estudo 17 indivíduos com maloclusão de Classe II de Angle, idade média de 13,1 anos, divididos em dois grupos, um que recebeu intervenção fonoaudiológica associada ao tratamento ortodôntico e outro que realizou somente tratamento ortodôntico. Os dois grupos realizaram quatro avaliações fonoaudiológicas miofuncionais durante dois anos. Comparado-se os dois grupos observou-se que a intervenção fonoaudiológica , em indivíduos portadores de maloclusão de Classe II de Angle, em tratamento ortodôntico, mostrou-se efetiva. O tratamento ortodôntico propiciou modificações no modo respiratório e na mastigação, porém os resultados não foram tão significativos, quando comparados aos obtidos no grupo com intervenção fonoaudilógica associada. Segundo GURGEL et al. (2003), o respirador bucal apresenta deformações esqueléticas características e más posições dentárias variáveis conforme o grau da obstrução nasal e o tempo que o paciente permanece respirando pela boca.A gravidade do caso varia de acordo com o padrão de crescimento do esqueleto cefálico, pacientes com crescimento vertical, bem como as características da Classe II divisão 1a, exibem quadros de faces adenoideanas com prognósticos mais desfavoráveis. Os autores ainda afirmaram a necessidade do auxílio do otorrinolaringologista, da fonoaudióloga e da psicóloga no tratamento de pacientes respiradoras bucais, tendo conhecimento de algumas das particularidades de como cada um desses profissionais atua, como também a finalidade de uma substancial orientação do paciente e dos pais já nas primeiras consultas. Considerando a influencia da respiração bucal e da oclusão dentária na musculatura peribucal, POVH et al. (2003) propôs um estudo eletromiográfico do músculo orbicular do lábio em 88 crianças brasileiras, leucodermas cujas idades variavam entre 6 anos e 1 mês a 8 anos e 2 meses, de ambos gêneros, apresentando modo respiratório nasal ou bucal, com oclusão clinicamente normal ou Classe I. A amostra foi dividida em quatro subgrupos: ONRN (oclusão clinicamente normal e respiração nasal); CLIRN (classe I e respiração nasal); ONRB ( oclusão normal e respiração bucal); CLIRB (classe I e respiração bucal). Através dos resultados puderam concluir que não há diferença na função muscular entre os respiradores nasais e bucais e da mesma forma, entre os indivíduos com maloclusão Classe I e oclusão 43 clinicamente normal; os movimentos de compressão recíproca dos lábios, compressão dos lábios contra os dentes e projeção dos lábios são mais representativos do músculo orbicular superior da boca. PARANHOS; CRUVINEL (2003) através de seu estudo concluíram que a respiração predominantemente bucal afeta as estruturas faciais e a saúde geral do indivíduo. A amamentação é o melhor método de prevenção, por ser simples, eficiente e sem custo, e por possuir todos os nutrientes necessários para os primeiros dias de vida. Descrevendo sobre o tratamento dos respiradores bucais, os autores salientaram que são várias as alternativas para tratar precocemente esses pacientes, evitando seus efeitos deletérios durante os processos de crescimento e desenvolvimento, sob a perspectiva da melhoria da qualidade de vida que podemos proporcionar aos pacientes, não esquecendo que é necessário adotar uma abordagem multidiciplinar, pela qual deverão estar presentes, além do Ortodontista, um Fonoaudiólogo, um Fisioterapeuta, um Alergista, um Pediatra e um Otorrinolaringologista. ALCAZAR (2004) propuseram avaliar se ocorreu diferença nos espaços naso e bucofaríngeo em paciente com maloclusão Classe I e II divisão 1a , com padrão de crescimento normal e vertical, se os grupos estudados apresentaram diferenças estatisticamente significantes comparadas com valores obtidos por MCNAMARA JR que são usados como medida padrão e se segundo os valores de MCNAMARA JR ocorreu a presença de obstrução das vias aéreas superiores e inferiores nesses grupos. A amostra desse estudo consiste em 80 telerradiografias em norma lateral de indivíduos de ambos os gêneros, com faixa etária de 8 e 15 anos sem histórico de cirurgia de tonsilas palatina e/ou faringeana, sem tratamento ortodôntico, respiradores nasais e bucais. A amostra foi dividida em quatro grupos com 20 indivíduos cada. No grupo 1 foram incluídos indivíduos Classe I com padrão normal de crescimento. No grupo 2, os indivíduos Classe I com padrão vertical de crescimento. No grupo 3, Indivíduos Classe II divisão 1a com padrão normal de crescimento, e no grupo 4 foram incluídos os de Classe II com padrão vertical de crescimento.O padrão de crescimento foi avaliado de acordo com as seguintes medidas: FMA, SN.GoGn e SN.Gn. Com base nos resultados obtidos puderam concluir que apenas o espaço nasofaríngeo apresentou diferença estatisticamente significante no grupo com Classe I com padrão vertical de crescimento 44 comparando com as maloclusões de Classe I e II com padrão de crescimento normal, que apresentaram valores menores. O espaço naso e bucofaríngeo se apresentaram significativamente diferentes dos valores de MCNAMARA JR., cujos valores foram menores. Apenas nas maloclusões de Classe II com padrão normal de crescimento, para o espaço nasofaríngeo e nas Classe I com padrão vertical de crescimento, para o espaço bucofaríngeo, apresentaram-se estatisticamente não significante. Não ocorreu obstrução dos espaços naso e bucofaríngeo em nenhum dos grupos avaliados. Comparando cefalometricamente as eventuais diferenças entre algumas grandezas que caracterizam os tipos faciais no sentido vertical em crianças na respiração bucal e nasal, BIZETTO et al. (2004) utilizaram telerradiografias em norma lateral de 95 crianças na faixa etária de 6 a 8 anos, que apresentavam maloclusão de Classe I de Angle ou oclusão normal.Utilizando as seguintes variáveis: FMA ( 21o a 29o ), SN-GoGn (30o a 34o) , SN-Gn (65o a 69o), AFA(55 a 65mm),AFP (36 a46mm) e IAF (0,65 a 0,75%), a amostra foi dividida em três grupos faciais. O grupo 1 consistiu de 6 crianças com face curta, ou seja, com valores abaixo dos valores médios; o grupo 2 de 44 crianças com face média, isto é, com valores dentro desses valores padrões e grupo 3 de 45 crianças com face longa, portanto, com valores acima dos valores médios. Em seguida foram subdivididos de acordo com o tio respiratório, em respiradores nasais (RN) e respiradores bucais (RB). Após analisarem os resultados os pesquisadores concluíram que: 1) No grupo com tipo facial curto, não existem diferenças cefalométricas verticais significativa s, entre as crianças respiradoras bucais e nasais; 2) Nos grupos com tipo facial médio e longo, a variável altura facial anterior está aumentada no subgrupo de respiradores bucais, sendo que nas faces longas esta diferença é maior; 3) Nas crianças com respiração nasal, a variável NS.Gn, não apresentou diferença estatisticamente significante entre os três tipos faciais; 4) Nas crianças com respiração bucal, aquelas que possuem a face longa, apresentaram alteração e mais influência nas variáveis SN.Gn, AFA e AFP, em comparação aquelas com face média e curta; 5) Para verificar a influência da respiração bucal nas alterações de crescimento nos diferentes tipos faciais, devem ser propostos estudos longitudinais. 45 FANTINI; ANDRIGHETTO (2004) avaliaram 15 indivíduos, sem distinção étnica, brasileiros, sendo 7 do gênero masculino e 8 do feminino. As idades variaram entre 15 anos e 7 meses e 20 anos e 2 meses. Todos apresentavam as seguintes características, observadas por meio de anamnese e exame clínico: maloclusão de Classe II de Angle, presença de todos os dentes permanentes, exceto terceiros molares, saúde periodontal, ausência de sinais e sintomas clínicos de distúrbio temporomandibular, dor a palpação muscular, abertura máxima da boca inferior a 40mm travamento ou luxação mandibular. Foram obtidas de cada paciente duas telerradiografias sendo uma antes e outra após a desprogramação muscular. Após análise estatística das variáveis estudadas, não se observou correlação significativa entre a diminuição do espaço aéreo orofaríngeo, aumento da altura facial anterior inferior e a extensão da cabeça em indivíduos submetidos à desprogramação neuromuscular da mandíbula. SANTOS-PINTO et al. (2004) selecionaram 98 radiografias cefalométricas em norma lateral obtidas de pré-adolescentes, sendo 68 do gênero feminino e 30 do gênero masculino, com idades entre 7 e 10 anos dentre as existentes no arquivo do Departamento de Clínica infantil da Faculdade de Odontologia da Araraquara-UNESP. Através da análise do espaço nasofaríngeo a amostra foi dividida em três grupos com número idêntico de indivíduos. Com a finalidade de eliminar uma possível influência da hipertrofia amigdaliana sobre os resultados foram eliminados do estudo todos os casos onde visualizava as imagens da amígdalas. Os pontos cefalométricos obtidos foram digitados em programa cefalométrico específico. Esse programa foi modificado para obtenção das medidas lineares e angulares escolhidas de acordo com os objetivos do estudo. Assim os autores verificaram que o padrão de respiração bucal induz a adaptações funcionais que têm sido associadas a desvios no crescimento craniofacial. A redução do espaço nasofaríngeo está relacionada a alterações no padrão de crescimento mandibular com conseqüente aumento da inclinação do plano mandibular, característica de pacientes com padrão de crescimento vertical. SIMAS NETTA et al. (2004) selecionaram 74 crianças de Curitiba, com idades variando de 6 a 9 anos, leucodermas que apresentavam maloclusão de Classe II, divisão 1a de Angle. Foram realizadas telerradiografias em norma 46 lateral e o diagnóstico clínico do modo respiratório foi realizado segundo a metodologia adotada pelo Programa de Mestrado em Odontologia da PUCPROrtodontia. Esse método baseia-se na observação do selamento labial e no preenchimento de um questionário, respondido pelos pais, que contém informações a respeito do histórico médico das crianças. Com base nesses dados a amostra foi dividida em dois grupos: 35 indivíduos predominantemente respiradores nasais e 39 respiradores predominantemente nasais. Foram as grandezas esqueléticas da análise cefalométrica preconizada pela filosofia Tweed-Marriefild, incluindo também as mensurações do ângulo goníaco, do ângulo formado pela linha SN e plano mandibular e eixo Y. Analisando os resultados, os autores puderam concluir que (1) a altura facial anterior é maior e o índice de altura facial é menor no grupo de respiradores bucais do que no grupo dos respiradores nasais; (2) a altura facial anterior, no grupo de respiradores bucais é maior no gênero masculino que no feminino; (3) as demais variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, quando os grupos foram comparados de acordo com o modo respiratório ou de acordo com o gênero; (4) para estabelecer correta relação de causa e efeito entre o modo respiratório e as alterações na morfologia craniofacial, são necessários meios mais precisos de diagnóstico do modo respiratório, bem como mais estudos longitudinais. BREMEN; PANCHERZ (2005) realizaram um estudo que teve por objetivo aplicar o método estrutural de Björk na tendência de crescimento e rotação mandibular, para responder as seguintes perguntas: (1) O crescimento craniofacial hiperdivergente ou hipodivergente pode ser caracterizado por uma morfologia mandibular específica? (2) Hiperdivergência ou hipodivergência craniofacial severa é mais comum do que crescimento equilibrado? (3) A hiperdivergência ou hipodivergêcia craniofacial apresenta-se mais freqüente em indivíduos mais velhos? Assim, foram utilizadas telerradiografias em norma lateral de 135 indivíduos portadores de maloclusão de Classe I e II. Dos 135 indivíduos, 95 exibiram ângulos do plano mandibular aumentado e 40 um ângulo diminuído. Em 14% dos indivíduos com ângulo mandibular aumentado a hiperdivergência craniofacial foi verificada em todos subitens da análise de Björk, mas em 19% dos indivíduos a hiperdivergência foi verificada em menos da metade dos itens. Em 63% dos indivíduos com ângulo mandibular 47 diminuído, a hipodivergência craniofacial foi reconhecida em todos os itens, entretanto em apenas 2,5%, a hipodivergência foi identificada em menos da metade dos itens.Não houve associação entre hipo e hiperdivergência e a idade. Utilizando o método estrutural de Björk os autores verificaram que a hipodivergência foi reconhecida mais facilmente que a hiperdivergência. IANNI FILHO; SILVA (2005) afirmaram que a respiração bucal pode interferir no crescimento e desenvolvimento craniofacial das crianças. Pode alterar a morfologia dentofacial além de ter efeitos negativos no desenvolvimento psicosocial. Pode ainda provocar atrofia maxilar, protrusão dental e crescimento vertical excessivo o que é indesejável em pacientes dolicofaciais. Assim pacientes respiradores bucais devem ser avaliados e tratados por uma equipe multidiciplinar, incluindo fisioterapeuta, médico, fonoaudiólogo. O ortodontista pode contribuir com o diagnóstico inicial de muitas obstruções nasofaringeanas que podem resultar em respiração bucal. VIEIRA et al. (2005), por meio de um levantamento populacional realizado em crianças cursando a 1ª série do ensino fundamental na rede estadual na rede estadual de ensino público da cidade de Curitiba, selecionaram uma amostra aleatória composta de telerradiografias de 33 crianças portadoras de oclusão “normal” e 55 crianças com de maloclusão de Classe I de Angle, apresentando modo respiratório nasal ou bucal, do gênero feminino ou masculino,brasileiras, leucodermas, cujas idades variavam entre 06 anos e 1 mês e 08 anos e 2 meses. O diagnóstico do modo respiratório foi realizado por meio de critérios essencialmente clínicos. Foram consideradas como respiradores nasais, 32 crianças que respiram pelo nariz durante o exame visual, mantendo o selamento labial quando na posição de repouso, sem qualquer esforço além do fisiológico. Além disso, nesses casos não havia relato de respiração pela boca durante o dia e noite, e de haver ronco e baba noturna.Por outro lado, foram classificadas como respiradoras bucais 56 crianças que não apresentaram selamento labial espontâneo e satisfatório durante o exame anteriormente mencionado e/ou cujos relatos acusaram indícios de respiração bucal, tais como selamento labial intermitente, ronco e/ou baba noturna, quadros alérgicos recorrentes e etc. A amostra foi então subdividida em quatro subgrupos: a)ONRN (oclusão normal e respiração nasal); b) ONRB (oclusão normal e respiração bucal); c)CLIRN (ClasseI e 48 respiração nasal) e; d) CLIRB (Classe I e respiração bucal). Esse estudo teve por objetivo de verificar a existência de correlação entre o modo respiratório bucal, o comportamento dos músculos orbicular inferior da boca e mentoniano e a determinação de características oclusais específicas, na região anterior do arco dentário inferior e padrão facial. Com base nos resultados obtidos pôde-se concluir que não há diferença entre a função muscular de indivíduos respiradores bucais e nasais; não há correlação entre a respiração bucal, a função muscular peribucal, o grau de inclinação vestíbulo-lingual e a discrepância de modelo dos incisivos inferiores; os indivíduos respiradores bucais apresentam padrão facial mais vertical em relação aos respiradores nasais, independente da maloclusão apresentada. 49 4 . MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Material A amostra consistiu de 83 telerradiografias em norma lateral de jovens leucodermas, de ambos os gêneros, brasileiros, na faixa etária dos 7 aos 13 anos, portadores de maloclusão de Classe I ou II de Angle e nunca submetidos a tratamento ortodôntico prévio, selecionados do arquivo de documentações ortodônticas da clínica de Pós-graduação em Ortodontia do Centro Universitário Hermínio Ometto- UNIARARAS. Estabeleceram-se como critérios de exclusão, indivíduos que haviam sido submetidos a tratamento ortodôntico prévio, história de hábitos bucais inadequados (uso prolongado de chupeta, sucção digital), indivíduos que sofreram traumas faciais ou que apresentavam alterações patológicas bem como alterações no tamanho da língua (macroglossia ou microglossia). Nesse estudo foram utilizadas telerradiografias em norma lateral, sobre as quais foi realizado traçado cefalométrico utilizando os seguintes materiais: • Folha de Papel Ultraphan recortado no tamanho 17,5 X 17,5cm; • Jogo de esquadros (Desetec); • Transferidor e régua (Desetec); • Lapiseira 0,3mm. Esse procedimento foi realizado em ambiente sem iluminação, utilizando o negatoscópio. Esses materiais viabilizaram a obtenção, seleção e elaboração dos dados dessa amostra. 50 4.2 Métodos 4.2.1 Método de obtenção das telerradiografias Foram obtidas telerradiografias em norma lateral utilizando-se aparelhos de Raios X marca Yoshida, modelo Panoura, 10-CSU, regulado a 10mA e 85 Kvp, com tempo de exposição de 0,8 segundos. O cefalostato utilizado era do próprio aparelho, com uma distância entre a fonte de irradiação e o filme de 1,53m e o filme radiográfico de tamanho 18 X 24cm da marca KODAK, modelo TMS-U. Essas telerradiografias foram reveladas através de um processador automático cuja marca é MACROTEK e as soluções químicas utilizadas no processo de revelação são da marca KODAK. 4.2.2 Método de determinação do padrão respiratório Em seguida, os indivíduos foram reclassificados segundo o padrão respiratório em respiradores bucais e nasais, sendo 42 respiradores nasais e 41 respiradores bucais, considerando-se os seguintes critérios: Anamnese (Anexo 1), observação clínica da postura habitual dos lábios, e exame otorrinolaringológico. 51 Tabela 1 - Critério utilizados para determinação do padrão respiratório Avaliação Anamnese – História Clínica Foram avaliadas respostas em relação a Preenchida pelos pais ou responsáveis ronco e baba noturna, cirurgias (adenóide, amígdalas etc) e respiração nasal ou bucal Observação Clínica Os respiradores bucais apresentam lábios Postura habitual dos lábios ressecados e permanecem que em entreabertos respiradores nasais repouso / Os apresentam selamento labial passivo Avaliação Otorrinolaringológica Todos os indivíduos foram submetidos a exame clínico otorrinolaringológico (observação clínica e em alguns casos Rx e rinoscopia). 4.2.3 Método de avaliação cefalométrica As medidas cefalométricas utilizadas para análise da tendência de crescimento da amostra foram NS.GoGn, FMA, NMe e Eixo Y . Foi aplicado também o Método Estrutural de Björk (BJÖRK, 1965) para avaliação da tendência de rotação mandibular. Após a seleção das telerradiografias, foi realizado o desenho das estruturas anatômicas. Sobre a telerradiografia foi fixado o papel ultraphan onde foram desenhadas as principais estruturas anatômicas, procedimento realizado sobre o negatoscópio onde essas estruturas e o perfil mole são perfeitamente visualizados. 52 As estruturas anatômicas reproduzidas no cefalograma (Figura 1) foram: • Sela Túrcica: Concavidade situada no osso Esfenóide que abriga a glândula Hipófise. Desenha-se o contorno anterior e posterior da Sela que demarca o ponto médio da base craniana e está localizada no plano sagital mediano. • Glabela e Ossos Nasais: Contorno externo do osso frontal e anterior dos ossos nasais unidos pela sutura fronto-nasal. • Meato acústico externo: Contorno externo do meato acústico, localizado atrás do côndilo mandibular, de forma oval. • Fissura Ptérigomaxilar: Contorno posterior do osso maxilar (túber) e do processo pterigóide do osso esfenóide. Apresenta forma de gota invertida. • Borda inferior da órbita: Desenha-se apenas o contorno inferior.Quando apresenta duas imagens deverá ser desenhada a média entre elas. • Maxila: Contorno superior e inferior. • Mandíbula: Desenhada em sua totalidade.Sínfise, base da mandíbula, corpo mandibular, ângulo da mandíbula, ramo, côndilo, chanfradura, processo coronóide e contorno interno. • Perfil Mole: O traçado é iniciado acima do osso frontal até o mento. • Dentes: Desenhado o contorno dos incisivos superiores e inferiores e os primeiros molares. O desenho dos dentes foi realizado com ajuda do Template*. 53 • Parede posterior da faringe e palato mole: Desenha-se o contorno posterior da faringe e o palato mole. * Template- fabricação Figura 1 - Desenho das estruturas anatômicas Após a realização do desenho das estruturas anatômicas determinaramse os pontos cefalométricos utilizados. A demarcação dos pontos foi realizada pela autora e confirmada por um ortodontista e radiologista. A seguir, a relação dos pontos cefalométricos e suas respectivas definições (Figura 2): • S - Sela Túrcica: Ponto localizado no centro da sela túrcica. • N – Násio: Ponto localizado no plano sagital mediano, no limite anterior da sutura fronto-nasal. • Po – Pório: Ponto mais superior do meato acústico externo. 54 • Or-Orbital: Ponto localizado no limite inferior do contorno inferior da órbita. • Me- Mentoniano: Ponto mais inferior da sínfise. • Go-Gônio: Ponto mais posterior inferior da mandíbula, no sentido 6antero-inferior. Esta localizado na bissetriz do ângulo formado pelo plano mandibular (Go-M) e uma perpendicular a esse plano. • Gn-Gnátio: Ponto mais inferior e anterior do contorno do mento. Determinado pela bissetriz do ângulo formado pelo plano mandibular e linha Nasio- Pogônio. N S Po Or Go Gn Me Figura 2 - Pontos Cefalométricos de interesse para esse estudo. 55 Os pontos cefalométricos possibilitaram o traçado das seguintes linhas e planos : • Linha N-S – linha que liga os pontos S (Sela) e N (Násio). • Linha S-Gn – linha que liga o ponto S (Sela) e Gn (Gnátio). • Linha N-Me – linha que liga os pontos N (Násio) e Me(mentoniano). • Plano de Frankfurt (Po-Or)- plano que passa pelos pontos Po (Pório) e Or (Orbital). • Plano mandibular (Go-Gn)- plano que passa pelos pontos Go (Gônio) e Gn (Gnátio). • Plano Oclusal – Plano que passa pela linha de oclusão dos primeiros Molares em oclusão e na média da incisal dos Incisivos superior e inferior Através dessas linhas avaliaram-se as seguintes grandezas cefalométricas que constituem parte das análises cefalométricas Padrão USP e UNICAMP: • NS.GoGn: ângulo formado pelas linhas NS e GoGn (Figura 3) • Eixo Y: ângulo formado pelo plano de Frankfurt e a linha SGn (Figura 4). • NMe: distância linear entre o ponto N (Násio) e Me (Mentoniano) (Figura 5). • FMA: ângulo formado pelo plano de Frankfurt e o plano Mandibular (Figura 6). 56 S N . G o Gn Figura 3 - Ângulo NS.GoGn- inclinação da mandíbula em relação à base do crânio. Po Or Gn Figura 4 - Eixo Y – Frankfurt e S.Gn – resultado vetorial de crescimento mandibular 57 N Me Figura 5 - NMe- Altura Facial Total Po Or Go Gn Figura 6 - FMA- Plano de Frankfurt e Plano Mandibular- representa a inclinação da mandíbula com relação ao plano horizontal 58 Essas medidas em conjunto definem o padrão do esqueleto cefálico, tipo facial e a tendência de crescimento facial. Valores próximos aos normais indicaram harmonia no crescimento, representando um equilíbrio entre os vetores vertical e horizontal. Valores reduzidos em relação aos padrões normais indicaram uma de direção de crescimento horizontal; e aumentados, uma tendência de crescimento vertical. Abaixo, a relação dos valores normativos considerados para cada grandeza cefalométrica avaliada, e respectivos desvios padrões: • NS.GoGn – 32º ± 2 • Eixo Y –59º ± 2 • Nme –113mm ± 2 • FMA –25º ± 4 Além das medidas cefalométricas citadas acima, as radiografias da presente amostra foram submetidas à Análise Estrutural de Björk. Nesse sentido, identificaram-se características estruturais da mandíbula como determinantes da rotação mandibular durante o seu crescimento. Essas características podem ser constatadas antes mesmo do traçado cefalométrico e incluem: (a) inclinação da cabeça do côndilo (Figura 7); (b) ângulo goníaco mandibular (Figura 8); (c) chanfradura antigonial (Figura 9); (d) morfologia da sínfise (Figura 10); (e) ângulo interincisivo(Figura 11) e (f) paralelismo entre os planos mandibular e oclusal (Figura 12). 59 Figura 7 - Inclinação do Côndilo mandibular. Figura 8 - Angulo Goníaco. 60 Figura 9 - Chanfradura Antigonial. Figura 10 - Morfologia da Sínfise 61 Figura 11 - Angulo Interincisivo Figura 12 - Paralelismo dos planos Oclusal e Mandibular 62 Assim, após analisar cada uma dessas características morfológicas mandibulares, as telerradiografias foram classificadas de acordo com os quadros a seguir: Quadro 1 - Análise Estrutural de Björk Características Favorável Desfavorável Inclinação do côndilo sem inclinação inclinado Ângulo Goníaco agudo obtuso Chanfradura Antigonial ausente presente Morfologia da Sínfise curta e larga alta e estreita Ângulo Interincisivos diminuído aumentado paralelos divergentes Paralelismo dos planos Oclusal e Mandibular Após relacionar as características mandibulares descritas na tabela acima, analisou-se a quantidade de características Favoráveis e Desfavoráveis. Quadro 2 - Análise Estrutural de Björk – Interpretação. Características Mais características favoráveis Interpretação Tendência de rotação mandibular no sentido anti-horário – Crescimento horizontal Equilibrado Tendência de rotação mandibular equilibrada – Mesofacial Mais características desfavoráveis Tendência de rotação mandibular no sentido horário – Crescimento vertical 63 Seguindo o método descrito todos os indivíduos da amostra foram classificados a partir dos dois quadros: a primeira com as grandezas cefalométricas e a interpretação da tendência de crescimento facial; a segunda com a Análise Estrutural de Björk e a interpretação da tendência de rotação mandibular; em fichas individuais. Quadro 3 - Identificação do paciente: R.V.M, 9 anos e 2 meses. - Respirador Bucal Grandeza Cefalométrica Norma Obtido NS.GoGn 32o 47o Eixo Y 59º 66º NMe 113mm 133mm FMA 25º 33o Tendência de Interpretação crescimento vertical *Norma clínica Segundo Vellini,F- 1998 Característica Favorável Desfavorável Inclinação do X côndilo Ângulo goníaco X Chanfradura X Morfologia da X sínfise Ângulo X interincisivo Paralelismo entre X os POcl e PM Interpretação Tendência de rotação horária *Maia & Silva Filho 1998. 64 4.2.4 MÉTODO DE ANÁLISE ESTATÍSTICA 4.2.4.1 Planejamento Estatístico As hipóteses de que a presença da respiração bucal não interfere na direção do crescimento facial e na da rotação mandibular foram verificadas com o auxilio da estatística de Qui-quadrado (χ 2 ) . No caso de rejeição de uma dessas hipóteses, os testes adicionais para se detectar onde ocorreu a interferência foram realizados também com o auxílio desta estatística. O nível de significância escolhido para se testar as hipóteses acima relatadas foi o de 0,05 e a regra de decisão adotada para a rejeição ou não dessas hipóteses foi construída a partir de p = P(χ 2 > χ o2 ) probabilidade de que a estatística de χ 2 seja maior do que seu valor observado χ o2 nos dados da amostra do modo que se segue: se p foi maior do que 0,05, o valor χ o2 foi não significante e a hipótese sob teste foi não rejeitada e, em caso contrário, o valor χ o2 foi significante e a hipótese sob teste foi rejeitada. A caracterização do grupo que utiliza a respiração nasal (ou respiração bucal) quanto à tendência de rotação mandibular, a partir da apresentação da condição favorável ou desfavorável das medidas: Ângulo Goníaco (AG); Ângulo Interincisivo (AI); Chanfradura (Chan); Plano Mandibular – Plano Oclusal (PlMPlO); Sínfise (Sinf) e Inclinação do Côndilo (IC), foi realizada com o auxílio da distribuição de freqüência da condição de favorabilidade e de desfavorabilidade e com o teste de Qui-quadrado (χ 2 ) para se verificar a hipótese de que a porcentagem da condição favorável seja igual à da de desfavorável. A caracterização do grupo que utiliza a respiração nasal (ou respiração bucal) quanto à tendência de crescimento mandibular foi realizada a partir: a) Do cálculo das médias de cada medida com os respectivos desvios padrão; b) Do confronto da média para cada medida de cada grupo com o respectivo padrão das medidas; 65 c) Confronto entre médias de mesma medida segundo grupo de respiração nasal e grupo de respiração bucal. As hipóteses relativas ao item b) que estabelecem que a média da medida cefalométrica para cada grupo de respiração é igual ao respectivo padrão, e as relativas ao grupo c) que estabelecem que para cada medida cefalométrica a média do grupo de respiração nasal é igual à do grupo de respiração bucal, foram verificadas com o auxílio do teste t-Student. Essa verificação foi realizada no nível de significância de 0,05 e a regra de decisão para se rejeitar ou não certa hipótese foi definida com o auxílio de p=P(t>t0) ─ probabilidade de que a estatística t-Student seja maior do que o seu valor observado t0 nos dados da amostra ─ do modo que se segue: se p for maior do que 0,05 o valor t0 foi não significância e a hipótese sob teste foi não rejeitada e se p for igual ou menor do que 0,05 o valor t0 foi significância e a hipótese sob teste foi rejeitada. 66 5. RESULTADOS 5.1 Análise Estatística A) Hipóteses relativas à interferência do tipo de respiração na tendência de rotação ou no crescimento da mandíbula. 1. Tendência de Rotação Mandibular. Para se efetuar a verificação da hipótese de que a presença do tipo de respiração não interfere na tendência de rotação mandibular, foi construída a tabela 2. Tabela 2. Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência da rotação mandibular. Tendência de Resp.Nasal Resp.Bucal __Total___ Rotação FO FR(%) FO FR(%) FO FR(%) Horária 20 47,6 31 75,6 51 61,4 Anti-horária 10 23,8 2 4,9 12 14,5 Equilibrada 12 28,6 8 19,5 20 24,1 Total 42 100,0 41 100,0 83 100,0 Gráfico 1 - Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência de rotação mandibular. 80 60 40 20 0 Resp.Nasal Eqb Ahor Hor Eqb Ahor Series1 Hor % Ilustração da tabela 2 Resp.Bucal Respiração/Rotação 67 Com os dados da tabela 2 obteve-se um valor de χ o2 = 8,495 que foi significante porque p < 0,014 na distribuição de quiquadrado com 2 graus de liberdade. Assim, a hipótese de que a presença da respiração bucal não interfere na tendência de rotação da mandíbula foi rejeitada, isto é, contém os valores de χ o2 e de p relativos aos testes adicionais efetuados para se verificar em qual ou em quais tipos de tendência de rotação ocorreram essa interferência. Na tabela 3, verificou-se que: 1. na tendência de rotação Horária, o percentual induzido pela respiração bucal foi estatisticamente maior do que o propiciado pela respiração nasal, pois o χ o2 = 6,311 a ela relativo foi significante porque p < 0,05 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. Tabela 3. Valores de χ o2 e de p segundo a tendência de rotação mandibular Tendência de Teste Significância χ o2 p< 6,311 s 0,012 Anti-horária 10,827 s 0,001 Equilibrada 1,718 n 0,190 Rotação Horária s = valor significante; n = valor não significante. p<0,05 2. na tendência de rotação Anti-horária, o percentual induzido pela respiração bucal foi estatisticamente menor do que o propiciado pela respiração nasal, pois o χ o2 = 10,827 a ela relativo foi significante porque p < 0,05 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. 3. na tendência de rotação Equilibrada o percentual derivado da respiração bucal foi estatisticamente igual ao derivado da respiração nasal,pois o χ o2 = 1,718 a ela relativo foi não significante porque p > 0,05 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. 68 Tendência de Crescimento Facial. Para se efetuar a verificação da hipótese de que a presença da respiração não interfere na tendência de crescimento facial, foi construída a tabela 4. Tabela 4 - Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência de crescimento facial. Tendência de Resp.Nasal Resp.Bucal __Total___ Crescimento FO FR FO FR(%) FO FR(%) Vertical 17 40,5 28 68,3 45 54,2 4,8 8 19,5 10 12,0 Equilibrado 13 31,0 4 9,8 17 20,5 Horizontal 9 21,4 1 2,4 10 12,0 1 2,4 0 0,0 1 1,3 42 100,0 41 100,0 EquilibradoVertical 2 EquilibradoHorizontal Total 83 100,0 Essa tabela 4 derivou um valor de χ o2 = 18,466 que foi significante porque p < 0,001 na distribuição de quiquadrado com 4 graus de liberdade. Assim, a hipótese de que a presença da respiração bucal não interfere na tendência de crescimento da mandíbula foi rejeitada, isto é, a presença da respiração bucal interfere na tendência de crescimento da mandíbula. A tabela 5 foi construída com os valores de χ o2 e de p relativos aos testes adicionais efetuados para se verificar em qual ou em quais tipos de tendência de crescimento ocorreram essa interferência. 69 Gráfico 2 - Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a tendência de crescimento facial. 80 60 40 20 0 Resp.Nasal Eq.Hz Horz Equb Eq.Vt Vert. Eq.Hz Horz Equb Eq.Vt Series1 Vert. % Ilustração da tabela 4 Resp.Bucal Respiração/Crescimento Tabela 5 - Valores de χ o2 e de p segundo a tendência de rotação mandibular Teste Significânci Tendência de a χ o2 p< Vertical 7,033 s 0,0080 Equilibrado- 8,807 s 0,0030 Equilibrado 10,827 s 0,0010 Horizontal 15,134 s 0,0001 2,204 n 0,1210 Crescimento Vertical EquilibradoHorizontal s = valor significante; n = valor não significante. p<0,05 Observou-se, na tabela 5, que: 1. no crescimento Vertical, a respiração bucal ocasionou um percentual (68,3%) estatisticamente maior do que o ocasionado pela respiração 70 nasal (40,5%) porque o valor χ o2 = 7,033 foi significante, pois p <0,0080 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. 2. no crescimento Equilibrado-Vertical, a respiração bucal ocasionou um percentual (19,5%) estatisticamente maior do que o ocasionado pela respiração nasal (4,8%) porque o valor χ o2 = 8,807 foi significante, pois p <0,0030 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. 3. no crescimento Equilibrado, a respiração bucal ocasionou um percentual (9,8%) estatisticamente menor do que o ocasionado pela respiração nasal (31,0%) porque o valor χ o2 = 18,827 foi significante, pois p <0,0010 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. 4. no crescimento Horizontal, a respiração bucal ocasionou um percentual (2,4%) estatisticamente menor do que o ocasionado pela respiração nasal (21,4%) porque o valor χ o2 = 15,134 foi significante, pois p <0,0001 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. 5. no crescimento Equilibrado-Horizontal, a respiração bucal ocasionou um percentual (0,0%) estatisticamente igual ao ocasionado pela respiração nasal (2,4%) porque o valor χ o2 = 2,204 foi não significante, pois p <0,1210 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade. B) Caracterização do grupo quanto à tendência de rotação mandibular, a partir da apresentação da condição favorável ou desfavorável das medidas. B.1) Respiração Nasal. Com os dados obtidos experimentalmente construiu-se a tabela 6. 71 Tabela 6 - Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação mandibular segundo a condição de favorabilidade. Medida - Favorável Desfavorável --- Total --- Teste Signif. Cefalométrica FO FR(%) FO FR(%) AG 32 25,60 10 7,87 FO FR(%) 42 16,67 χ o2 p< 9,460 0,0021 s AI 29 22,83 13 10,40 42 16,67 4,636 0,0313 s Chanfradura 20 15,75 22 17,60 42 16,66 0,103 0,7483 n PlmPlo 13 10,24 29 23,20 42 16,67 5,095 0,0248 s Sínfise 25 19,69 17 13,60 42 16,66 1,111 0,2918 n IC 30 23,62 12 9,60 42 16,67 5,893 0,0152 s Total 127 100,00 125 100,00 252 100,00 s = valor significante; n = valor não significante. p<0,05 72 Gráfico 3 - Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação mandibular segundo a condição de favorabilidade. Ilustração da tabela 6 23,6 9,6 7,9 25,6 13,6 28,8 19,7 10,4 23,2 10,2 17,6 15,7 AG_F AG_D AI_F AI_D CH_F CH_D PMO_F PMO_D SIF_F SIF_D IC_F IC_D Na tabela 6, notou-se que: • as medidas AG e PlMPlO apresentaram, respectivamente, percentuais para a condição Favorável menores do que os apresentados para a condição Desfavorável, porque os valores relativos de χ o2 foram significantes pois p<0,05; • as medidas A I e I C apresentaram, respectivamente, percentuais para a condição Favorável maiores do que os apresentados para a condição Desfavorável, porque os valores relativos de χ o2 foram significantes pois p<0,05; • as medidas Chan e Sinf apresentaram, respectivamente, percentuais para a condição Favorável iguais aos apresentados para a condição Desfavorável, porque os valores relativos de χ o2 foram não significantes pois p>0,05. B.2) Respiração Bucal. A tabela 7 foi construída a partir dos dados obtidos experimentalmente. 73 Tabela 7 - Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação mandibular segundo a condição de favorabilidade. Medida - Favorável Desfavorável --- Total --- Teste Signif. Cefalométrica FO FR(%) FO FR(%) AG 39 23,08 2 2,60 χ o2 FO FR(%) 41 16,66 p< 13,832 0,0002 s AI 32 41,56 9 5,32 41 16,67 15,134 0,0001 s Chanfradura 5 6,49 36 21,30 41 16,67 7,491 0,0062 s PlmPlo 2 2,60 39 23,08 41 16,66 13,832 0,0002 s Sínfise 12 15,58 29 17,16 41 16,67 0,084 0,7714 n IC 24 31,17 17 10,06 41 16,67 15,134 0,0001 s Total 77 100,00 169 100,00 246 100,00 s = valor significante; n = valor não significante. p<0,05 Na tabela 7, notou-se que: • as medidas AG, Chan, e PlMPlO apresentaram, respectivamente, percentuais para a condição Favorável menores do que os apresentados para a condição Desfavorável, porque os valores relativos de χ o2 foram significantes pois p<0,05; • as medidas AI e IC apresentaram, respectivamente, percentuais para a condição Favorável maiores do que o apresentado para a condição Desfavorável, porque o valor de χ o2 foi significantes pois p<0,05; • a medida Sínfise apresentou um percentual para a condição Favorável igual ao apresentado para a condição Desfavorável, porque o valor relativo de χ o2 foi não significantes pois p>0,05. 74 C) Caracterização do grupo quanto à tendência de crescimento mandibular, a partir dos dados quantitativos obtidos experimentalmente. A aplicação do teste t-Student aos dados experimentais com a finalidade de verificação das hipóteses que estabelecem que a média da medida cefalométrica para cada grupo de respiração é igual ao respectivo padrão e as hipóteses que estabelecem que para cada medida cefalométrica a média do grupo de respiração nasal é igual à do grupo de respiração bucal, foram verificadas com o auxílio derivou a tabela 8. Tabela 8 - Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo grupo de respiração e valores t0 e de p. Medida Respi- Desvio ─Teste: Padrão Teste: Nas x ─ Buc Cefalom. ração Média Padrão t0 p< t0 p< SoGoGn Nasal 35,86 5,37 4,657 s 0,001 - 4,171 0,001 s Bucal 40,34 4,36 12,244 0,001 s FMA Nasal 23,86 4,92 - 1,506 0,140 n N.Me Eixo Y - 4,474 s Bucal 28,56 4,65 4,900 s 0,001 Nasal 119,38 7,35 3,862 s 0,001 0,702 n Bucal 117,27 18,02 0,806 n Nasal 58,74 3,18 - 0,582 61,39 3,06 5,007 s 0,484 0,425 0,564 n Bucal 0,001 - 3,907 s 0,001 s = valor significante; n = valor não significante. p<0,05 0,001 75 Gráfico 4 - Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo grupo de respiração e valores t0 e de p. Ilustração da tabela 8 140 120 100 80 60 40 20 0 N B N SoGoGn B FMA N B N.Me N B EixoY Medidas/Resiração Na tabela 8 observou-se que: 1. a medida SNGoGn apresentou, tanto para o grupo de respiração nasal quanto para o de respiração bucal, valores médios estatisticamente maiores do que o valor padrão pois os valores observados da estatística t-Student foram significantes (p < 0,05) e que o valor médio do grupo de respiração nasal foi estatisticamente menor do que o do grupo de respiração bucal; 2. a medida FMA apresentou, relativamente ao valor padrão dessa medida, valor médio estatisticamente igual porque o valor de tStudent foi não significante (p > 0,05) para o grupo de respiração nasal e valor médio estatisticamente maior porque o valor de tStudent foi significante (p < 0,05) para o grupo de respiração bucal. O valor médio para o grupo de respiração nasal foi estatisticamente menor do que o do grupo de respiração bucal porque o valor do teste de t-Student foi significante (p < 0,05); 76 3. a medida N.Me apresentou , relativamente ao valor padrão dessa medida, valor médio estatisticamente maior porque o valor de tStudent foi significante pois (p < 0,05) para o grupo de respiração nasal e valor médio estatisticamente igual, porque o valor de tStudent foi não significante (p > 0,05), para o grupo de respiração bucal. O valor médio para o grupo de respiração nasal foi estatisticamente igual ao do grupo de respiração bucal porque o valor do teste de t-Student foi não significante (p > 0,05); 4. a medida Eixo Y apresentou, relativamente ao valor padrão dessa medida, valor médio estatisticamente igual porque o valor de tStudent foi não significante (p > 0,05) para o grupo de respiração nasal e valor médio estatisticamente maior porque o valor de tStudent foi significante (p < 0,05) para o grupo de respiração bucal. O valor médio para o grupo de respiração nasal foi estatisticamente menor do que o do grupo de respiração bucal porque o valor do teste de t-Student foi significante (p < 0,05). 77 6. DISCUSSÃO A Síndrome da Respiração Bucal, por todas as alterações funcionais, estruturais, patológicas, posturais, oclusais e de comportamento que apresenta, necessita de atendimento multiprofissional. A substituição do padrão nasal de respiração pelo bucal acarreta uma série de mudanças posturais e estruturais que seguramente acarretarão distúrbios neuromusculares, esqueléticos e dentários. Portanto, uma visão ampliada dos profissionais que se relacionam à respiração é fundamental para que se consiga não só um diagnóstico correto, como um plano de tratamento adequado a cada caso. A interdisciplinalidade é, portanto, uma necessidade absoluta. O ortodontista, assim como todo cirurgião dentista, por sua própria natureza, tende a se isolar, fazendo com que o contato com outras profissões relacionadas acabe sendo minimizado. Uma avaliação básica da Síndrome da Respiração Bucal deve ser feita inicialmente por três profissionais: Médico Pediatra, Odontopediatra ou Ortodontista e Fonoaudiólogo; juntando-se a estes um Otorrinolaringologista, Fisioterapeuta, Psicólogo e às vezes um Nutricionista, que deverão definir juntos a prioridade de atendimento segundo sua urgência para cada caso em particular. O Ortodontista, por estar intimamente ligado tanto à prevenção como a correção desempenha um papel fundamental nessa equipe. Contudo é fundamental existir um respeito ético estabelecendo um limite para atuação das partes, fazendo disso uma verdadeira parceria.O diálogo além de unir esse grupo interdisciplinar, dilui dúvidas, diminui erros e enriquece cientificamente o grupo. Assim conhecer e identificar as reais alterações no crescimento e desenvolvimento craniofacial provocadas pela obstrução das vias aéreas superiores e conseqüente estabelecimento de uma respiração bucal é de extrema importância para condução e desenvolvimento de um adequado plano de tratamento. Tão importante como saber destingüir as estruturas que não são alteradas por essa função adaptativa do sistema estomatognático. Com esse 78 objetivo o presente estudo pretendeu contribuir para um melhor entendimento e análise do crescimento craniofacial, uma vez que se trata de um assunto de extrema importância para Ortodontia, especialidade que trabalha e depende do conhecimento prévio ao tratamento das tendências e direções do crescimento da face. Já no começo do século XX autores como ANGLE já se preocupavam com as modificações faciais provocadas pela obstrução das vias aéreas superiores, provocando um crescimento craniofacial anormal e desequilibrado. O estudo realizado por SICHER (1947) afirmou que o crescimento do complexo craniofacial era predeterminado geneticamente, um padrão imutável semelhante ao dos ossos longos. A partir dos anos 50, estudos evidenciaram que o crescimento facial apresentava variações individuais bem mais numerosas e importantes que apenas a predeterminação genética não poderia prever. RICKETTS (1968) considerou que o fator hereditário é o fator primário para o desenvolvimento craniofacial, mas admitiu que fatores ambientais, tais como a respiração bucal, poderiam alterar esse desenvolvimento. Autores como RUBIM (1980); TRASK; SHAPIRO; SHAPIRO (1987); compartilharam dessa teoria afirmando que apesar de muitas características faciais terem origem genética ou esquelética, podem ter sido influenciadas pelo meio ambiente e suas funções adaptativas. MOSS (1969) fundamentou a “Teoria da Matriz Funcional” que sumariamente pode ser resumida como “A função modela o órgão”, salientando o papel decisivo da respiração bucal (função) na alteração do crescimento e desenvolvimento do crânio e da face (órgão). Segundo LIMME (1993), a respiração bucal, pelo conjunto de seus componentes e devido ao seu caráter permanente pode, assim ser considerada uma verdadeira “matriz funcional” capaz de influenciar no crescimento das unidades esqueléticas. Entretanto autores como SMITH; GONZÁLES (1989) e BAUMANN; PLIKERT (1996) apesar de considerarem a respiração bucal uma importante causa de alterações no desenvolvimento facial, não descartam outras etiologias, salientado a necessidade de uma extensa avaliação clínica de cada caso para verificar a verdadeira causa da alteração. Assim a respiração nasal é a única considerada fisiológica, pois a cavidade nasal esta preparada para receber, aquecer e filtrar o ar, conduzindoo aos pulmões. Segundo GURGEL (2003), esse padrão respiratório garantirá 79 uma conformação craniofacial induzida pelo padrão morfogenético. De acordo com EMSLIE; MASSLER; ZWEMER (1952); TULLEY (1973); RICKETTS (1968); STEELE; FAIRCHILD; RICKETTS (1968) e WHITE (1979), as causas da respiração bucal são múltiplas, sendo possível salientar: hipertrofia das conchas nasais, alergias, condições climáticas, rinite e sinusite crônica, hipertrofia das adenóides, desvio de septo nasal, pólipos nasais, atresia coanal congênita,hábito residual,imitação, hábito de boca aberta,e posição dorsal da cabeça durante o sono. Se por algum motivo o indivíduo apresentar obstrução das vias aéreas superiores, irá complementar ou substituir a respiração nasal pela respiração bucal. SAADIA (1981) dividiu a etiologia das obstruções das vias aéreas superiores em congênita- hipertrofia das conchas, coanas atrésicas e narinas estreitas e adquirida ou desenvolvida, sendo as mais comuns, o desvio de septo nasal, hipertrofia dos tecidos linfóides da nasofaringe, pólipos nasais, neoplasias, traumas e rinite alérgica. LEECH (1958) estudaram 500 pacientes submetidos a tratamento pela presença de obstrução nasal verificou que desses 19% foram classificados como respiradores bucais, sendo que 2/3 deles tinham problemas com adenóides e 1/3 apresentavam problemas alérgicos. Em relação a rinite alérgica RUBIM (1980) descreveu que através do controle da ingestão de proteínas estranhas ao organismo até os primeiros 6 meses de vida da criança, seria possível minimizar os quadros alérgicos, tornando, assim suas vidas, crescimento e desenvolvimento mais saudáveis. Ainda a respeito da etiologia das obstruções das vias aéreas. Autores como MARTINS et al. (1989); LINDER-ARONSON (1970) descreveram a hipertrofia das tonsilas faringeanas (adenóides) como principal fator etiológico. JORGE; ABRÃO; CASTRO (2001) com o objetivo de avaliar a causa e o local da obstrução nasal verificaram que a hipertrofia dos cornetos estava presente em todos os pacientes avaliados e 66% desses apresentavam desvio de septo. Salientaram ainda que os fatores causadores da obstrução nasal poderiam ser múltiplos e localizados na bucofarínge, cavidade nasal ou nasofaringe. Para esse autor a hipertrofia das adenóides teria que ser muito grande para afetar a resistência da via aérea nasal. Desde o nascimento a respiração, sendo um processo vital e elementar para o ser humano, constitui um estímulo constante e ininterrupto sobre o sistema estomatognático, portanto com grande influência sobre o crescimento 80 e desenvolvimento do terço médio da face. A respiração bucal, por ser uma função adaptativa do sistema estomatognático, promove alterações e desequilíbrios dentários e esqueléticos. Desde o início do século muitos autores avaliaram e descreveram as alterações causadas pela respiração bucal. ANGLE (1907) descreveu características de indivíduos que apresentavam respiração bucal como as seguintes: rosto alongado e estreito, olhos caídos, olheiras profundas, lábios entreabertos, hipotônicos e ressecados e sulco nasolabial e nasogeniano profundos. SUBTENLY (1975) apud BIZETTO et al. (2004) e VELLINI-FERREIRA (1999) descreveram essas mesmas características nos pacientes respiradores bucais chamando o conjunto dessas características de Face Adenoideana. THUROW (1975) verificou que indivíduos com tipos faciais diferentes podem apresentar obstrução da função respiratória (respiração bucal), discordando assim da idéia de que todo paciente respirador bucal tem face adenoideana e vice-versa. ALCAZAR (2004) salientou que a respiração bucal pode levar a uma série de influências prejudiciais ao processo dinâmico de crescimento e desenvolvimento dentofacial. Essas influências são alterações compensatórias ao ajuste neuromuscular para o novo padrão respiratório. O presente estudo teve por objetivo avaliar a influência da respiração bucal na tendência de crescimento e rotação mandibular. Para analisar a tendência de crescimento facial escolhemos algumas grandezas cefalométricas que constituem parte das análises cefalométricas Padrão USP e UNICAMP (FMA, NME, SNGoGn e Eixo Y), por serem ferramentas comumente utilizadas na clínica ortodôntica. Como ressaltou VELLINI-FERREIRA (1999) os dados fornecidos pelo cefalograma dão ao Ortodontista, meios eficientes para diagnosticar as anomalias e alterações encontradas no crânio e na face, entretanto, segundo MCNAMARA JR não se pode considerar cefalometria como uma ciência exata, devendo sempre ser analisada como uma linguagem válida na identificação e descrição de um conjunto de relações. Por outro lado ANDRADE; MAYOLO (2000) afirmaram que ângulos que envolvem a base do crânio (linha SN) não seriam bons indicadores de alterações craniofaciais uma vez que apresentam grande variabilidade e por estarem distantes da área bucal, estando assim pouco sujeitos a alterações ambientais. 81 BJÖRK (1955) em seus estudos demonstrou que o corpo da mandíbula sofre rotação durante o crescimento e que o tipo de crescimento da mandíbula correlaciona-se com o sentido de crescimento além, disso o formato da mandíbula é altamente característico do tipo de crescimento condilar. Segundo INTERLANDI (1968), as tendências de crescimento da face residem especialmente na mandíbula, o osso facial ortodonticamente mais importante. Essas tendências poderão ser antecipadas com aceitável grau de predição, combinados com a Análise de BJÖRK (1969). Portanto para avaliação da tendência de rotação mandibular foi empregado nesse estudo o Método Estrutural de Björk, método esse utilizado e defendido por MAIA; SILVA FILHO (1998) em seu estudo como um método de simples execução e de resultados confiáveis para determinação da tendência de rotação mandibular. Existem na literaratura várias maneiras de se determinar o padrão respiratório dos indivíduos que constituem a amostra. PAUL; NANDA (1973) determinaram o modo respiratório utilizando uma mecha de algodão embaixo do nariz e na frente da cavidade bucal. Quando o algodão que estava embaixo do nariz se movimentava, o paciente era considerado respirador nasal, em caso contrário era considerado bucal. FIELDS et al. (1991) questionaram a falta de critério para definir o padrão respiratório. MOYERS (1987) preconizou a utilização de espelho próximo as narinas verificando assim se o espelho apresentava-se embaçados o que caracterizaria uma respiração nasal. KLEIN (1986); SIMAS-NETTA et al. (2004) e VIEIRA et al. (2005) utilizaram critérios essencialmente clínicos, tais como observação do selamento labial, além de preenchimento de um questionário respondido pelos pais, que contém informações que podem deduzir a uma respiração bucal, tais como baba noturna e ronco, método esse semelhante ao adotado na presente pesquisa, uma vez que mostrou-se ter uma aproximação clínica adequada. Porém segundo CARVALHO (2003) esses métodos tornam-se um pouco subjetivos, sendo de extrema importância uma “avaliação médica específica” para determinação do real padrão respiratório. Seguindo esse pensamento, nesse estudo todos os indivíduos considerados respiradores bucais pela anamnese, foram também submetidos a exame clínico otorrinolaringológico. Muitos autores caracterizaram a alteração da direção do crescimento craniofacial como alterações que resultam de uma disfunção naso-respiratória. 82 BOSMA (1963); LINDER-ARONSON (1970 e 1979) destacaram que indivíduos respiradores bucais, por permanecerem longos períodos de boca aberta, alteram a direção de crescimento da mandíbula, apresentando uma rotação para baixo e para trás. LINDER-ARONSON (1970 e 1979) ainda mostrou em seus estudos que a obstrução nasofaringeana influencia significantemente a inclinação do plano mandibular com relação à base do crânio (aumento do ângulo cefalométrico) e o aumento da altura facial anterior inferior (AFAI) e altura facial total (NMe). Ainda sobre esse assunto ARNOLD apud CARVALHO (2003) afirmou que amígdalas hipertrofiadas podem provocar um deslocamento anterior da língua e conseqüentemente uma posição postural mandibular deslocada para baixo. Se a obstrução permanecer por meses, a musculatura se adapta a nova relação entre as bases ósseas, promovendo o estabelecimento dessa posição. HARVOLD; VARGERVIK; CHIERICI (1973) através de uma amostra de macacos Rhesus salientaram que após nove meses de obstrução nasal, todos tornaram-se respiradores bucais e apresentavam aumento da altura facial e mudanças no formato da língua, pensamento compartilhado por WHITE (1979); RUBIM (1980); JOSEPH (1982). HARVOLD et al. (1981) induziram uma obstrução nasal em um grupo desenvolvendo assim uma respiração bucal. Com isso nesse grupo observaram-se características comuns tais como altura facial aumentada, excesso no plano mandibular e aumento do ângulo goníaco. MCNAMARA JR. (1981) verificou que a instalação de uma respiração bucal produz uma rotação no sentido horário e um aumento da divergência do plano mandibular sendo que após a eliminação da obstrução, essas alterações regrediram. Das alterações no crescimento e desenvolvimento craniofacial, autores como BRESOLIN et al. (1983); ADAMIS; SPYROPOULOS (1983); VARGEVIK et al. (1984); LINDER-ARONSON; WOODSIDE; LUNDSTROM (1986); TRASK; SHAPIRO; SHAPIRO (1987); MARTINS et al. (1989); BEHFELT; LINDERARONSON; NEANDER (1990); FRICKE et al. (1993) observaram aumento da altura facial e aumento do ângulo formado pela linha Sela-Násio e o Plano Mandibular (SNGoGn), o que representa uma maior inclinação do plano mandibular. TURNE (1990) verificou em seu estudo que alterações no padrão respiratório de nasal para bucal promove adaptações funcionais e alterações 83 no crescimento e desenvolvimento craniofacial que incluíram aumento do ângulo goníaco, da altura facial total (NMe), do plano mandibular e conseqüentemente um desenvolvimento mais vertical da face. SANTOS-PINTO (1984), através de estudo cefalométrico de 50 jovens com o objetivo de verificar alterações nasofaringeanas e craniofaciais em pacientes com adenóide hipertrófica, obteve resultados que o fizeram concluir que: as medidas SNGn e SNGoGn, medidas que representam a tendência de crescimento facial apresentavam-se aumentadas, os planos Oclusal e Mandibular apresentam uma inclinação acentuada em relação a base do crânio, divergindo de posterior para anterior, há um posicionamento mais inferior e posterior do mento e o ângulo goníaco mandibular não sofreu alterações. SINGER; MAMANDRAS; HUNTER (1987) compararam as características craniofaciais e o potencial de crescimento de um grupo de respiradores bucais e nasais. Os respiradores bucais apresentaram curvatura antegonial profunda, ângulo NSGoGn e NSGn mais direcionados verticalmente. Os resultados obtidos em nosso estudo, quanto à tendência de crescimento facial, foi similar aos dos estudos discutidos acima, pois após a análise estatística pudemos afirmar que no crescimento Vertical, a respiração bucal ocasionou um percentual estatisticamente maior do que o ocasionado pela respiração nasal. As medidas cefalométricas NSGoGn, FMA e Eixo Y assim como demonstrado em diversos estudos apresentaram valores médios maiores do que seus valores padrões nos respiradores bucais. Entretanto a altura facial total representada pela medida NMe, em nossa pesquisa se apresentou dentro dos seus valores padrões. Contrário a esses autores citados acima e aos resultados de nosso estudo, HANDELMAN; OSBORNE (1989) ao analisarem os resultados de seus estudos concluíram que a obstrução do espaço nasofaringeano parece não ter afetado o ângulo do plano mandibular. BAUMANN; PLIKERT (1996) concluíram que esse estudo não esclareceu uma correlação entre a respiração bucal, o desenvolvimento craniofacial e o tamanho da adenóide, determinando a influência dos fatores externos sobre os componentes genéticos dos indivíduos, que atuam diretamente no crescimento craniofacial. VIG (1998) considerou uma dificuldade de determinar até que ponto a respiração bucal 84 pode influenciar o desenvolvimento da face antes e após o crescimento. Apesar dos indivíduos que possuem essa obstrução apresentarem características comuns, tais como aumento da altura facial, ausência de vedamento labial, palato ogival, atresia maxilar, base do nariz e narinas estreitas, ainda são necessários, critérios que determinem uma relação estreita entre o padrão respiratório e a morfologia facial. TAKAHASHI et al. (1999) afirmou que a instalação de uma respiração bucal não poderia ser responsável por alterações no padrão de crescimento facial e que as pesquisas realizadas sobre respiradores bucais não são suficientes para determinar sua influência uma vez que apenas uma pequena porcentagem são verdadeiramente respiradores bucais totais. Seguindo a mesma linha de pensamento, MACEDO (2000) concluiu que o padrão respiratório dos indivíduos estudados, não influenciou a direção de crescimento do complexo facial, encontrando correlação com o selamento labial e a postura mandibular de repouso. FANTINI; ANDRIGHETTO (2004) após a análise dos resultados obtidos não se observou correlação significativa entre a diminuição do espaço nasofaríngeo, aumento da AFAI. SIMA NETTA et al. (2004) avaliando o ângulo goníaco, SNGoGn e o Eixo Y concluíram que a altura facial anterior é maior e o índice de altura facial é menor no grupo de respiradores bucais do que no grupo dos respiradores nasais e as demais variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, quando os grupos foram comparados de acordo com o modo respiratório ou de acordo com o gênero, para estabelecer correta relação de causa e efeito entre o modo respiratório e as alterações na morfologia craniofacial, são necessários meios mais precisos de diagnóstico do modo respiratório, bem como mais estudos longitudinais. LIMME (1993) concluiu que apesar de existir controvérsia sobre a influência da respiração bucal sobre o desenvolvimento facial inúmeros estudos comprovam alterações na direção de crescimento mandibular e aumento da altura facial ântero-inferior. RUBIM (1987) afirmou que a característica mais freqüente na Síndrome da respiração Bucal é o aumento do terço inferior da face e que isso se deve à uma rotação mandibular no sentido horário. PROFFIT (1993) relataram que para a instalação de uma respiração bucal seria necessário um abaixamento 85 da mandíbula, da língua e uma inclinação da cabeça para trás. Assim haveria um aumento da altura facial e extrusão dos dentes superiores-posteriores , fazendo com que a mandíbula girasse para trás e para baixo, pensamento defendido também por MARCHESAN; KRAKAUER (1996). Ainda sobre a rotação mandibular, TROTMAN et al. (1997) concluíram que a ausência de selamento labial é resultado da rotação mandibular no sentido horário e do aumento da altura facial anterior inferior (AFAI). SANTOS-PINTO et al. (1993) com relação aos vetores de crescimento mandibular dos respiradores bucais, representados pelos ângulos NSGoGn e NSGn, observaram que é caracterizado por uma tendência de rotação mandibular no sentido horário, confirmando a ocorrência de um padrão de crescimento facial. Com objetivo de estudar crescimento e desenvolvimento facial BORRERO; O´REILLY; CLOSE (1991) realizaram uma pesquisa para determinar uma relação entre dimensão vertical esquelética, crescimento da mandíbula, contorno da sínfise e contorno da borda mandibular em indivíduos do gênero masculino antes e depois do crescimento puberal. Foram utilizadas as seguintes medidas: altura da parte superior e inferior anterior da face, altura da sínfise, comprimento total da mandíbula, proporção entre altura e largura da sínfise e proporção entre a altura da parte superior e inferior da face. A dimensão vertical foi a única que apresentou diferença significante entre os grupos. BREMEN; PANCHEZ (2005) realizaram um estudo que teve por objetivo aplicar o método estrutural de Björk na tendência de crescimento e rotação mandibular, para responder as seguintes perguntas: (1) O crescimento craniofacial hiperdivergente ou hipodivergente pode ser caracterizado por uma morfologia mandibular específica? (2) Hiperdivergência ou hipodivergência craniofacial severa é mais comum do que crescimento equilibrado? (3) A hiperdivergência ou hipodivergêcia craniofacial apresenta-se mais freqüente em indivíduos mais velhos? Dos 135 indivíduos, 95 exibiram ângulos do plano mandibular aumentado e 40 um ângulo diminuído. Em 14% dos indivíduos com ângulo mandibular aumentado a hiperdivergência craniofacial foi verificada em todos subitens da análise de Björk, mas em 19% dos indivíduos a hiperdivergência foi verificada em menos da metade dos itens. Em 63% dos 86 indivíduos com ângulo mandibular diminuído, a hipodivergência craniofacial foi reconhecida em todos os itens, entretanto em apenas 2,5%, a hipodivergência foi identificada em menos da metade dos itens.Não houve associação entre hipo e hiperdivergência e a idade.Utilizando o método estrutural de Björk os autores verificaram que a hipodivergência foi reconhecida mais facilmente que a hiperdivergência. Utilizando também a Análise Estrutural de Björk para avaliação da tendência de rotação mandibular, pudemos verificar nessa pesquisa que a respiração bucal induziu significantemente uma tendência de rotação mandibular no sentido horário, confirmando a tendência de crescimento vertical. LAMBRECHTS et al. (1996) estudaram as diferenças dimensionais nas morfologias craniofaciais de dois grupos, que apresentavam essa curvatura, rasa e profunda. Como resultado os autores verificaram que àqueles indivíduos que apresentavam curvatura rasa demonstraram características morfológicas associadas a um padrão de crescimento horizontal e suas medidas apresentavam-se mais protruídas. Além disso, as mandíbulas com curvatura rasa demonstraram ser maiores do que as que apresentavam curvatura profunda. Na média aquelas de curvatura profunda mostraram ângulos goníacos e ramos posteriores maiores e inclinação maior do plano mandibular. altura facial total (NMe) nos pacientes com curvatura rasa foi muito menor do que aqueles com curvatura profunda, que por sua vez apresentavam maxilares mais retruídos em relação à base do crânio. Estudando também a curvatura antegonial, LOPES (2001) observou que nos respiradores bucais a curvatura antegonial e a AFAI encontram-se aumentadas. Foi verificado também uma correlação entre FMA, NsGoGn, NSGn, AFAI com a profundidade antegonial. Concordando com o resultados dessas pesquisas nesse estudo, pudemos verificar no presente estudo que entre as características mandibulares analisadas o ângulo goníaco, o paralelismo entre os planos oclusal e mandibular e a chanfradura apresentaram percentuais para a condição Favorável menores do que os apresentados para a condição Desfavorável, ou seja, ângulo goníaco aumentado, planos oclusal e mandibular divergente e chanfradura acentuada. Sobre a chanfradura LOPES (2001) observou que como forma de compensar o abaixamento mandibular forçado pela respiração 87 bucal, em algum ponto frágil da estrutura morfológica mandibular, a força que provoca a rotação no sentido horário, na mandíbula exerce sua atuação deformadora causando alteração nessa área de fragilidade. Tal fragilidade estrutural seria precisamente a curvatura antegonial, que responde ao agente causador (obstrução nasorespiratória) aprofundando a curvatura e aumentando a dimensão vertical. O ângulo interincisivo e a inclinação do côndilo mandibular apresentaram percentuais para a condição Favorável maiores do que os apresentados para a condição Desfavorável, ou seja, ângulo interincisivo diminuído e côndilo mandibular sem inclinação. Quanto à morfologia da Sínfise mandibular apresentou um percentual para a condição Favorável igual ao apresentado para a condição Desfavorável. Estudando o contorno mandibular em crianças antes e após a adenoidectomia KEER; MCWILLIAN; LINDER-ARONSON (1989) observou que o grupo experimental após a cirurgia, apresentaram um crescimento mandibular mais horizontal, uma rotação posterior, portanto uma reversão da tendência inicial. Segundo MARTINA; LAINO; MICHELOTTI (1990) as consequências das alterações causadas pela implantação de uma respiração bucal podem ser normalizadas por meio do tratamento precoce dos fatores obstrutivos. WOODSIDE et al. (1991) concluíram que após o restabelecimento da respiração nasal (pós-cirurgia de adenoidectomia) as estruturas faciais apresentaram alto grau de recuperação. De acordo com VENTILLO (1999), os processos envolvidos na respiração bucal são de máxima importância para ortodontia, uma vez que as alterações provocadas por essa anomalia, quando não bem compreendidas poderão resultar no fracasso do tratamento ortodôntico. Após essas considerações, podemos verificar que é muito importante que os profissionais envolvidos no processo da respiração, crescimento e desenvolvimento, mais precisamente o ortodontista, seja capaz de analisar seu paciente através de um método simples e costumeiramente utilizado na clínica Ortodôntica, avaliando a presença de respiração bucal e o grau de comprometimento das estruturas craniofaciais. Essa Dissertação pretendeu contribuir, de certa forma para uma melhor compreensão da influência da respiração bucal nos processos de crescimento 88 e desenvolvimento craniofacial, uma vez que essas alterações podem contribuir para o desenvolvimento de uma série de maloclusões. Além disso, o conhecimento prévio de tais alterações podem contribuir como base fundamental para o planejamento e condução do tratamento ortodôntico, fato esse que nos mostra a extrema importância do diagnóstico precoce da respiração bucal e da intervenção imediata assim que diagnosticada a alteração do padrão respiratório l. 89 7. CONCLUSÕES Após a interpretação dos resultados obtidos e sua discussão, pudemos concluir que: • A respiração Bucal interfere na tendência de crescimento e rotação mandibular; • A respiração Bucal influenciou desfavoravelmente as seguintes características mandibulares:ângulo goníaco (AG), Chanfradura (Chan) e paralelismo entre os planos Oclusal e Mandibular (PLOPLM) favorecendo uma tendência de rotação no sentido horário. 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMIS I. P.; SPYROPOULOS M. N. The effects of lymphadenoid hypertrophy on the position of the tongue, the mandible and the hyoid bone. Eur.J.Orthod,v.5,n.4,p.287-94, nov 1983. ALCAZAR N. M. P. 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Identificação do Paciente Nome: Idade: _____________________________________ * _______________________________ 1. Respira pela Boca? 2. Ronca quando dorme? 3. Costuma babar enquanto dorme? 4. Permanece costumeiramente com a boca aberta (por exemplo quando assiste televisão)? 5. Apresenta-se constantemente com os lábios ressecados ou rachados? 6. Apresenta-se freqüentemente cansado ao acordar? 7. Apresenta algum tipo de alergia? 8. Apresenta’se constantemente “resfriado”? 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